A Tardinha - O sentido do olfato

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SALVADOR, SÁBADO, 8 DE MARÇO DE 2014

O sentido de

CHEIRAR

O cheiro que chega até o nariz pode lembrar alguém ou até não ser sentido. Saiba por que é tão importante perceber o aroma das coisas DARLAN CAIRES

Feche os olhos e tente sentir o cheiro de tudo ao seu redor. Se o dia estiver quente, vai ser mais fácil adivinhar o que está em volta. Se estiver frio, vai ser mais difícil. Uma pesquisa do Monell Chemical Senses Center mostrou que o ar frio é diferente do ar quente. Com o calor, as moléculas espalham-se mais rápido, e perceber o que é o que pelo nariz acontece com menos esforço. O olfato é um dos sentidos mais antigos explorados pelo ser humano. Foi pelo cheiro que nossos ancestrais decidiram se alimentar de plantas e é por meio dele que, hoje, percebemos o ar poluído, a água suja, o gás que vaza do fogão. Além da comida, já reparou que é também por ele que reconhecemos as pessoas e relembramos alguns momentos? Quando esse processo acontece, é porque moléculas do ar estão atingindo o “teto” do seu nariz e enviando mensagens para o cérebro por meio dos nervos olfatórios. Agora, imagine tentar sentir o cheiro de um objeto e não conseguir captá-lo totalmente? Pode acontecer. Mas, calma! Ainda está muito cedo para isso. É que isso só acontece quando a gente vai envelhecendo. A produtividade do nosso organismo vai diminuindo com o passar dos anos, e isso afeta a capacidade do olfato. Isso acontece a uma taxa aproximada de 1% ao ano, sendo esse efeito menor nas mulheres do que nos homens. A gripe e a alergia são dois obstáculos que impedem o funcionamento do olfato. Se você já esteve gripado, deve ter percebido que seu nariz deixou de funcionar bem e sua voz ficou anasalada – e engraçada! O que atrapalha a respiração, nesses casos, são as secreções nasais, também conhecidas como melecas (eca!) ou as lesões nos receptores olfatórios, que são responsáveis por capturar as moléculas da atmosfera para o nariz.

O cheiro também cuida Aromaterapia. O nome já diz: é a terapia dos aromas. O tratamento busca cuidar de problemas de saúde por meio dos cheiros. Não substitui a consulta ao médico, mas ajuda na prevenção. Os aromas são extraídos de óleos de plantas. Entre os seus efeitos estão o de cicatrizar, ser analgésico e sedativo. Qualquer um pode fazer o tratamento, mas, antes, é necessário consultar um aromaterapeuta sobre os óleos utilizados e suas restrições.

Meu perfume dura mais Você nem imagina, mas, quando passa o seu perfume preferido, ele pode fixar na pele de 8 a 24 horas. O que define o tempo de permanência é a quantidade de óleos essenciais na fragrância: quanto maior, mais duradouro será. De acordo com a perfumista da Natura Verônica Kato, os melhores lugares para se passar perfume são onde a circulação sanguínea é maior. Na nuca, nos pulsos, no pescoço e na dobra do braço.

Espalhadas pelo ar A sensação do cheiro vem quando acontece a interação de alguma substância com uma ou mais áreas responsáveis pela recepção no nariz. O corpo humano possui cerca de um milhão e meio desses receptores, e, para que os cheiros cheguem até eles, é preciso que as substâncias do objeto estejam no ar que respiramos, e, por isso, elas precisam ser voláteis. Segundo a química Nídia Roque, a volatilidade é a capacidade de as moléculas de uma substância se desprenderem de um líquido ou de um sólido e passarem para o estado de vapor na atmosfera.

Para lembrar Não é à toa que o cheiro de alguns objetos lembra lugares, pessoas ou momentos. O olfato está relacionado diretamente à memória, pois tem uma relação direta com o sistema límbico – área responsável pelas emoções e pelos comportamentos sociais em nosso cérebro. Isso explica por que alguns cheiros lembram a casa da avó ou um dia importante na vida. Os cinco sentidos são olfato, paladar, tato, visão e audição. Cada um deles tem a sua função separadamente, mas eles também trabalham em conjunto, um por todos e todos por um. Se um deles faltar, os outros tentam compensar a ausência de alguma maneira. O médico otorrinolaringologista Miguel Andrade explica que, quando perdemos o olfato, por exemplo, experimentamos também uma perda do paladar. Quando ficamos gripados, dá para comprovar bem essa sensação. Por outro lado, quando se perde a visão, dá para treinar uma audição mais aguçada por meio de um processo de adaptação.

4e5 Pelo nariz Arthur Nestrovski escreveu e Marcelo Cipis desenhou. A ideia de Pelo Nariz, livro que fala sobre o cheiro das coisas, surgiu de uma parceria entre os dois em uma tentativa de fazer uma coleção de livros que falem sobre os cinco sentidos. Pelo Nariz é o terceiro deles. Vai dar para pensar no cheiro de tudo. Cheiro de livro novo, cheiro de madeira, cheiro de último dia de aula. O livro atiça a memória, faz perceber e relembrar muito cheirinho esquecido por aí. Marcelo contou que a ilustração mais fácil de fazer foi o cheiro da grama molhada. E a mais difícil foi o cheiro do(a) namorado(a).

Dando nomes Anosmia, hiposmia, hiperosmia. São três nomes complicados que mais parecem trava-línguas. Esta é a forma como são chamadas as doenças relacionadas ao olfato. Entenda o que é o quê: Anosmia – Ausência completa do olfato. Não se sente o cheiro de nada. Hiposmia – Ausência parcial do olfato. Pode ser causada por poluentes do ar, uso de medicamentos, rinite alérgica. Hiperosmia – Ligada à supersensibilidade aos cheiros. É uma doença rara e questionável. Os cientistas ainda não têm evidências concretas com relação a essa anormalidade. Será que ela existe?

[ leia ] Pelo Nariz Autor: Arthur Nestrovski Ilustrador: Marcelo Cipis Editora: Cosac Naify, 2013 Páginas: 48 Preço: R$ 39,90

*QUEM DEU AS INFORMAÇÕES: OTORRINOLARINGOLOGISTA MIGUEL ANDRADE, AROMATERAPEUTA TELMA INSUELO, PERFUMISTA VERÔNICA KATO, QUÍMICA NÍDIA ROQUE


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