UnB - Universidade de Brasília IdA - Instituto de Artes Arte e Tecnologia III
Corpo e Comunicação O corpo nas mídias e o corpo como sintoma da cultura Darley Cardoso
Brasília, 31 de outubro de 2014
@darleycardoso
Fernanda MagalhĂŁes
“A incerteza existencial é a marca do propriamente
humano” Edgar Morin
O corpo nas mídias As noções de indivíduo, sujeito e subjetividade quanto a “idéia do Eu”, vem sendo descartadas desde a metade do século XIX. A partir de Nietzche, Foucault, Deleuze, Derrida, dentre outros filósofos que discutem a multiplicidade, instabilidade e a dinâmica complexa, bioideológica pela qual o sujeito é marcado. Na teoria do “ator-rede” de Michel Serres, este sujeito recupera o papel do tecnológico, dos objetos, do natural, nas explicações sobre questões de relações de poder, dinâmicas institucionais e constituição de subjetividades.
O corpo nas mídias Segundo Lúcia Santaella, ao longo do século XX, as tecnologias utilizadas pela propaganda por meio de representações nas mídias seguem em direção contrária ao pensamento filosófico que expõem as contradições e inadequações das definiões acabadas do eu, pois as mídias geralmente trabalham para a preservação da “idéia do Eu”. “A sedução narcísica vincula-se, a partir de então, por objetos, por gestos, por um jogo de marcas e de signos. Esse neo-narcisismo está ligado à manipulação do corpo como valor.”
Lying Figure in a Mirror, Francis Bacon
O corpo como sintoma da cultura Em uma cultura caracterizada pela hegemonia da ciência e da tecnologia, regulada pela força do mercado e do lucro, um mercado que promete ilusoriamente a realização de qualquer tipo de desejo, e que nas sociedades periféricas do capitalismo globalizado busca fisgar nas suas redes até mesmo o consumidor classe E, a concepção de mercadoria como fetiche torna os objetos, serviços e os signos que os propagam, acumuladores de sensações, onde as coisas são consumidas como pretexto, e serão ininterruptamente substituídas por novas tentações.
Cabeza, Jean-Michel Basquiat
“O organismo não é corpo, mas um estrato sobre o Corpo sem Orgãos, quer dizer, um fenômeno de acumulação, de coagulação, de sedimentação que lhe impõe formas, funções, ligações, organizações dominantes e hierarquizadas, transcendências organizadas para extrair trabalho útil.” Deleuze
Untitle (Fallen Angel), Jean-Michel Basquiat
“Seria preciso dizer: vamos mais longe, não encontramos ainda nosso CsO, não desfizemos ainda suficientemente nosso eu. Substituir a anamnese pelo esquecimento, a interpretação pela experimentação. Encontre seu corpo sem órgãos, saiba fazêlo, é uma questão de vida ou de morte, de juventude e de velhice, de tristeza e de alegria. É aí que tudo se decide.” Deleuze
Construção mole com feijões cozidos, Salvador Dali
“Colocando-o de novo, pela última vez, na mesa de autópsia para refazer sua anatomia. Eu digo, para refazer sua anatomia. O homem é enfermo porque é mal construído. É preciso desnudá-lo para raspar esse animalúnculo que o corrói mortalmente, deus e juntamente com deus os seus órgãos Pois, amarrem-me se quiserem, mas não existe coisa mais inútil que um órgão. Quando tiverem Conseguido fazer um corpo sem órgãos, então o terão libertado dos seus automatismos e devolvido sua verdadeira liberdade. Então o terão ensinado a dançar às avessas como no delírio dos bailes populares e esse avesso será seu verdadeiro lugar." Antonin Artaud
Construa o seu CsO
Obrigado Darley Cardoso darley.art.br n4f.blog.br @darleycardoso @darleycardos