Virtualidade Trans-Sensorial: Game Design

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“Universidade Estadual Paulista ‘Júlio de Mesquita Filho’ – Unesp” – Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação – Campus Bauru

David Lucas Desidério

Virtualidade Trans-Sensorial: Game Design

Bauru/2003


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David Lucas Desidério

Virtualidade Trans-Sensorial: Game Design

Trabalho de Conclusão de Curso para a obtenção do grau de Bacharel em Desenho Industrial, com habilitação em Programação Visual pela Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação, na área de Desenho Industrial, Programação Visual; sob orientação Prof. Dr. Dorival Campos Rossi do Departamento de Desenho Industrial e Co-orientação da Profa. Dra. Salete da Silva Alberti do Departamento de Ciências Humanas.

Bauru/2003


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Dedicatória do meu singelo trabalho, in memorian a um mestre. Mestres na vida são difíceis de se encontrar; eu nem imaginava que ia conhecer um, tão especial e importante para mim como este. Tive a chance de ter contato com uma sabedoria e caráter que considero superiores. Este mestre querido que me aguçou o senso de pesquisador e o gosto pelas leituras. Um mestre que eu escutava sem me cansar e adorava ouvir seus “casos”, sempre pesquisados por ele próprio em sua vida dedicada a qual terei sempre como exemplo. Conheci-o no ano 2000 e tive a humilde chance de rapidamente poder contribuir com ele e acima de tudo, aprender MUITO. Infelizmente, para nós, se foi para o plano espiritual em 2003. Mas a Consciência Cósmica demarcou um tempo de vida física para cada um de nós e o nosso corpo cessa quando esse tempo chega. Mas nem por isso a verdadeira vida cessa, aliás, aprendi com esse mestre a ter a mais firme convicção, (sem com isso significar crença), com base em evidências que aceitei como provas da existência do Espírito e da sobrevivência após a morte do corpo físico. Ao senhor querido Dr. Hernani Guimarães Andrade, que além de mestre era amigo, dedico este trabalho, que são apenas pequenos passos nas suas grandes pegadas deixadas para que nós trilhássemos. Com muito amor que tive a oportunidade de declarar ao senhor e à nossa querida Suzuko, em um daqueles inesquecíveis dias que vocês me trouxeram em casa de carro, após uma tarde de muito trabalho e aprendizado. Espero reencontrá-lo na luz do fim do túnel também.

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Agradecimentos afetivos A conquista deste trabalho foi como um mosaico, ou quebra-cabeças; tive que juntar as peças e fazer as relações, como numa investigação, mas não fiz isso sozinho. Pois se cheguei até aqui foi pelo apoio incondicional das pessoas que me são mais próximas e que fazem grande parte da minha vida. Por isso agradeço a todas essas pessoas que estiveram comigo, Familiares com suas familiaridades, Namorada com seu amor, Professores com seus ensinamentos, Amigos com sua amizade, Colegas com seu coleguismo, Companheiros com seu companheirismo, Irmãos com sua fraternidade. Agradeço, pois, afetivamente: A meus pais, Maria Aparecida Lopes Barreto Desidério e Nelson Donizeti Desidério por terem me dado a chance de reencarnar para aprender muito e evoluir trilhando meu caminho de vida e, com muito apoio de vocês (apoio moral e financeiro), vencerei! Aos meus genitores, todo amor filial do seu rebento! Ao meu irmão Fabiano Desidério por ter me agüentado tanto em casa e fora dela, mas sabemos que o nosso amor fraternal aumentou muito; saiba que eu tenho muita fé em você, sei que você já é e sempre será um vencedor para mim. Amo muito você querido Fá! À Fabiana C. Marcelino, minha namorada tão especial que neste mundo não há outra. Que me ensinou a ser menos rude e que também aprendeu a compreender meu ritmo. Que me ajudou com apoio moral, e sua capacidade de síntese. Esteve comigo nos momentos mais críticos. Que faz tudo de bom para mim, e sem ela, eu não seria quem sou. Pois com ela me fiz em pessoa e em caráter, me espelhando em sua determinação e tenacidade. Enfim, por admirar tanto sua personalidade, Amo-te de verdade, pois só com o amor é que podemos nos reencontrar pela eternidade! Querida Fabiana, espero que possamos crescer espiritualmente sempre juntos, em uma troca recíproca de ensinamentos e experiências de vida. Com todo meu amor a você, muito obrigado, minha linda.


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Agradecimentos Especiais Pessoas especiais nos são colocadas no caminho para que saibamos considerar o valor da vida e a alegria que pode advir dela. Agradeço: A meu orientador (desde 1999), Prof. Dr. Dorival Rossi, que soube me ouvir e respeitar minhas opiniões sempre aceitando o que era coerente e criticando o que era necessário. Falou-me tanto sobre o Uno, que acabei colocando no trabalho, e me fortaleceu essa busca pessoal pela Unidade. Obrigado por me ensinar a ENXERGAR e a entender o Virtual. À minha co-orientadora Profa. Dra. Salete Alberti, pelo infinito carinho e ternura para comigo (que veio até minha casa “para cuidar do filho”), e pelo seu rigor CientíficoFilosófico, mostrando-me os caminhos da Academia. Obrigado por me ensinar a PENSAR, apesar da minha resistência. Ao Prof. Dr. João Winck, por que foi ele quem me indicou os caminhos (desde 2001). Obrigado pelos primeiros PASSOS para o primeiro FILE. À Profa. Dra. Solange Bigal sempre crítica, mas de uma maneira construtiva, me ensinando as bases do ser crítico, bem como à Profa. Dra. Maria Antônia Soares, minha inspiradora nas questões de cunho sócio-político. Ao meu orientador de Iniciação Científica Prof. Dr. Pablo A. Venegas, e ao meu co-orientador Prof. Dr. Aguinaldo R. Souza, pelo trabalho na área de EDUCAÇÃO em FÍSICA QUÂNTICA, mesmo com minha dificuldade com números. Aos meus amigos próximos, bem como os outros amigos (de quem me distanciei por motivos da vida, mas estão próximos no coração); agradeço notadamente a meus irmãos por consideração Alexandre Mendes, Andréa Kulpas e Ricardo Martins, nestes cinco anos de faculdade. Agradeço aos queridos amigos e companheiros de ideal, Professor Carlos Luz, e Professora Suzuko Hashizume, que sempre foram tão atenciosos e pacientes comigo ao me ensinarem tantas coisas, confiando em mim e me proporcionando momentos da mais pura alegria na minha vida. Obrigado pelos chocolates que me eram dados no IBPP, meu “combustível”.


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Obrigado a meu professor de computação, Fabrício Odassi, que ganhou minha amizade sem muito esforço, pela afinidade. Aos pais da minha namorada que sempre estiveram prontos a me atender, especialmente quando torci a perna e precisei engessá-la: obrigado pelo carinho, D. Maria José Marcelino e Sr. Roberto Marcelino. A todos os aspectos da minha própria vida, meus gostos e desgostos, meus prazeres e dissabores, pois tudo que sou, também dependeu desses fatores que eu mesmo pude (ou não) direcionar e escolher por mim mesmo. Agradeço também ao criador do seriado de ficção Arquivo-X, Chris Carter, ao David Duchovny e à Gillian Anderson, (Fox Mulder e Dana Scully) e toda equipe do seriado. A todos os videogames que joguei na minha vida, pois esses jogos estavam tão arraigados dentro de mim que não consegui evitar terminar o curso sem produzir o meu próprio. Eles me acompanharam por todo meu trabalho, me inspirando e me ensinando “como fazer”. O jogo simplesmente começou a tomar forma e saiu. Uma conseqüência de mim mesmo. Agradeço a Deus, causa primária de todas as coisas, Consciência Cósmica Universal, que se concretiza em nós, seres humanos. Pois permite que pensemos que somos separados, porém, só precisamos de algum esforço próprio para poder entrar em contato e percebermos que Somos Todos Um, desde a mais ínfima partícula subatômica até os infinitos universos que possam existir em infinitas dimensões que o homem jamais pode imaginar. Agradeço a Jesus também, por ser o mais perfeito guia e modelo da humanidade que tentamos tanto seguir, mas não conseguimos, por nossa tamanha ignorância para com as coisas espirituais. Mas sei que estamos predestinados à perfeição divina, portanto, estou certo de que um dia chegaremos lá, no infinito, onde a mentalidade terrena dos homens não alcança ainda. Que assim seja.


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RESUMO

Relações entre teorias da Ufologia, estudos antropológicos dos labirintos, de Filosofias e Espiritualismo Orientais e Ocidentais, da Física Quântica e das teorias do Virtual; para buscar uma visualização de questões Transcendentais, por meio do Game Design e da interação em um jogo que utiliza uma tecnologia de realidade virtual não imersiva.

Palavras-chave: Game Design, Ufologia, Labirinto, Filosofia, Espiritualismo Oriental, Realidade Virtual.


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ABSTRACT

Relationship between Ufology theories, anthropological studies of Labyrinths, Philosophies, Eastern and Western Spiritualism, Quantum Physics and Theories of the Virtual; in an attempt to visualize Transcendental issues, by means of a Game Design and of interaction in a game that utilizes a non-immersive technology of Virtual Reality.

Keywords: Game Design, Ufology, Labyrinth, Philosophy, Eastern Spiritualism, Virtual Reality.


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SUMÁRIO 1 NOTA INTRODUTÓRIA::...............................................................9 1.1 Considerações sobre a Integração entre Ciência e Espiritualidade::..11 1.2 O Jogo Virtualidade Trans-Sensorial::....................................................17 1.3 Requisitos Computacionais mínimos do Sistema::...............................25 1.4 UFOS / ÓVNIS::..........................................................................................26 1.5 Círculos Ingleses::....................................................................................30 1.6 Geometria Sagrada::.................................................................................33 1.7 Mandalas::..................................................................................................36 1.8 Labirintos::.................................................................................................41 1.9 Relações entre mandalas e labirintos::...................................................49 1.10 Os Labirintos e as Dobras::...................................................................51 1.11 O Atomismo Grego::...............................................................................52 1.12 A Unidade, A ilusão de Maya e o deus Shiva::.....................................54

2 CONSIDERAÇÕES FINAIS::................................................................59 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS::....................................................61 APÊNDICE::..................................................................................................64 Legendas das imagens mais intrigantes do mundo virtual HyperCube::........................................................................................64


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1 NOTA INTRODUTÓRIA

Todas as palavras ressaltadas com negrito são de iniciativa do aluno, servindo para demarcar as linhas de relações entre as mesmas e, com isso, a conseqüente semiose, então, todos os negritos são nossos. Gostaria de ressaltar também que não há verdades absolutas, mas infinitas possibilidades de verdades relativas e, portanto, ninguém pode dizer que a ciência materialista está sempre com toda razão, com todas as explicações e com todas as provas que possam, porventura, constituir algum tipo de verdade. “O conceito de verdade não está na prova, e sim na evidência dos fatos.” 1 As provas só se tornam provas para quem aceita as evidências apresentadas. Por isso, “nem tudo o que é provado deve ser obrigatoriamente verdadeiro; e nem tudo o que é verdadeiro pode ser definitivamente provado.” 2 Existem evidências de que este velho paradigma científico preconizado por Descartes e desenvolvido por Newton, não atende a todos os fenômenos que ocorrem no mundo, por isso se faz necessário buscar outras respostas alhures, em outros paradigmas e outras hipóteses; e a Física Quântica tem contribuído para isso, pois ela, por si só já derruba toda uma ontologia materialista. E felizmente, pode-se encontrar respostas em outro paradigma, o paradigma de uma ciência não-materialista, que não diz que o ser humano é um monte de carne que se move ou uma máquina apenas, e que o universo não é sem propósito ou se fez por si só. Em um paradigma espiritualista, a ciência está aberta a essas questões que o materialismo não explica, por isso as nega veementemente. E é nesse paradigma espiritualista, que coisas tomadas como epifenômenos (fenômenos secundários) da matéria, como a consciência, mudam de lugar, e passam a ser a 1

ANDRADE, Hernani G. Morte, uma luz no fim do túnel: Evidências da sobrevivência após a morte. São Paulo: F.E., 2000, p. 7. 2 Ibidem, p. 6.


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base, o princípio e a essência de tudo, portanto, abre espaço para uma integração entre ciência e espiritualidade que já começou e que toma o espaço do materialismo que constitui o status quo ou establishment científico atual, (sem, contudo refutá-lo, pelo contrário, toma-o como parte das explicações), tudo isso segundo evidências que vão sendo passo a passo desveladas pela Física do séc. XX. É sob este paradigma transdisciplinar e espiritualista e com uma mente aberta, que deve ser visto e analisado este trabalho, que é constituído por uma compilação de citações de autores que apóiam as idéias que pretendo relacionar entre si. Mas, os céticos, estes nunca poderão ser contentados por julgarem que todos os experimentos e idéias devem se adequar aos seus gostos e vontades, por isso mesmo nunca serão atendidos; a eles, resta-lhes apenas sua própria incredulidade em si mesmos, portanto, na Natureza.

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1.1 Considerações sobre a Integração entre Ciência e Espiritualidade

Desde que a Ciência sai da observação material dos fatos, e trata de apreciar e de explicar esses fatos, o campo está aberto às conjecturas. Cada um traz seu pequeno sistema, que quer fazer prevalecer, e o sustenta com obstinação. Não vemos todos os dias as opiniões mais divergentes alternativamente preconizadas e rejeitadas, logo repelidas como erros absurdos, depois proclamadas como verdades incontestáveis? Os fatos, eis o verdadeiro critério dos nossos julgamentos, o argumento sem réplica. Na ausência de fatos, a dúvida é a opinião do sábio. Para as coisas notórias, a opinião dos sábios faz fé a justo título, porque eles sabem mais e melhor que o vulgo; mas em fatos de princípios novos, de coisas desconhecidas, sua maneira de ver não é sempre senão hipotética, porque não são mais que os outros isentos de preconceitos. Eu diria mesmo que o sábio, talvez, tem mais preconceito que qualquer outro, porque uma propensão natural o leva a tudo subordinar ao ponto de vista que ele aprofundou: o matemático não vê prova senão numa demonstração algébrica, o químico relaciona tudo com a ação dos elementos, etc. Todo homem que faz uma especialidade, a ela subordina todas as suas idéias; tiraio de lá e, freqüentemente, ele desarrazoa, porque quer submeter tudo ao mesmo crivo: é uma conseqüência da fraqueza humana.3

A maior parte da biologia e da psicologia, assim como virtualmente todas as nossas ciências sociais, são praticadas sobre uma base newtoniana. A ciência newtoniana nos deu alguns preconceitos resistentes – como o determinismo, a objetividade forte e o materialismo –, que são adequados quando investigamos a ordem do mundo exterior. Mas o propósito da espiritualidade e da religião é investigar nossa realidade interior, é pôr em ordem nossa vida interior [...]. Como a espiritualidade exige que a consciência desempenhe um papel fundamental, é difícil, se não impossível, encontrar um lugar para a espiritualidade numa ciência objetiva e materialista.4

De início, um diálogo entre ciência e religião parece um tanto improvável. Tanto a ciência como a religião se empenham na busca da verdade. As duas se baseiam na intuição de que a verdade é única, e não pluralista. O problema é que, mesmo quando não avançamos o bastante em nossa busca, nós tentamos impor nossa limitada verdade aos outros. É o que várias religiões exotéricas5 fazem tradicionalmente; hoje, a ciência faz a mesma coisa, o que levou à atual polarização entre ciência e religião.6

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KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Salvador Gentile. Araras: IDE, 131a. ed, 2000, p. 22-23. GOSWAMI, Amit. A Janela Visionária: Um guia para a iluminação por um Físico Quântico. Tradução de Paulo Salles. São Paulo: Cultrix, 2003, p. 19-20. 5 Ver definição de “esotérico” e “exotérico” à página 49. 6 GOSWAMI, 2003, p. 21. 4


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Além disso, a metodologia oferecida pelas religiões – a fé – é diametralmente oposta à metodologia desenvolvida pela ciência. O método científico é baseado em tentativa e erro [...]. Elabore uma teoria e verifiquea. O enorme sucesso da ciência comprova a eficácia da sua metodologia. Em comparação, somente algumas pessoas afirmaram ter atingido a transformação por meio da fé, e muitos desses relatos são discutíveis aos olhos da ciência.7

Como pode haver um diálogo, uma comunicação dotada de sentido, entre uma tradição científica que ridiculariza concepções “não-científicas” como os milagres ou a teleologia e uma tradição religiosa que abomina o “cientificismo” (ciência praticada como religião, em vez do uso de argumentos estritamente científicos contra Deus)? O debate, no Ocidente, não conseguiu superar esse impasse.8

A história intelectual do Oriente pode ser vista como um longo debate entre três “ismos” filosóficos – dualismo, idealismo monista e realismo materialista. Os dualistas orientais, como os dualistas do Ocidente, acreditam que Deus e o mundo – Deus e nós – são separados. Quando estamos com Deus, somos felizes; por isso, os dualistas nos fornecem práticas devocionais e éticas para nos ajudar a estar com Deus, mais ou menos como faz o cristianismo exotérico no Ocidente. Os partidários do idealismo monista salientam que sua filosofia baseia-se na investigação, que a consciência pode ser conhecida diretamente, em toda sua essência abrangente, porque “nós somos Isso”. Quando transcendemos o dualismo do eu e do mundo, pelo conhecimento direto, quando descobrimos nossa plenitude, nós nos tornamos felizes, porque nossa verdadeira natureza é a felicidade. [...]. E os dogmas do realismo materialista – argumentam os idealistas – são pura especulação, ou resultam igualmente de investigações incompletas. A isso, os realistas materialistas opõem que é uma tolice basear nossa metafísica em experiências subjetivas. E os dualistas ridicularizam a idéia de que a separação entre Deus e o mundo seja produto de maya9.10

Mas, como diz Wilber (1996 apud GOSWAMI, 2003, p. 30), corretamente, a realidade não é dualística; a realidade é uma integração monística do imanente no transcendente. [...]. Muitos cientistas, experimentando uma outra via de integração, procuram [...] explicar a metade subjetiva do mundo: a consciência, o eu, a espiritualidade e os valores morais. Para esses cientistas, explicar a consciência é uma questão de compreender como o cérebro se comporta como uma complexa máquina material. A consciência é um epifenômeno da matéria. Esses cientistas indagam: o que na complexidade do cérebro, o torna consciente, ou torna a ética importante? É possível que um epifenômeno da matéria tenha uma aparência de eficácia causal, e mesmo de criatividade e espiritualidade? 11 7

GOSWAMI, 2003, p. 24. Ibidem, p. 25. 9 Uma definição de maya se encontra à página 55. 10 GOSWAMI, 2003, p. 28. 11 Ibidem, p. 30. 8


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Talvez o ponto de partida do epifenomenalismo possa ser duvidoso, contudo, não se pode negar que é uma busca empreendida pela ciência materialista e que ainda não encontrou resposta alguma. Wilber (1996a) discute a insensatez de se fundamentar a espiritualidade em noções científicas. A ciência, acentua ele, é uma empreitada em evolução. Surgem novas teorias que invalidam as mais antigas. Uma filosofia perene não pode se basear em concepções efêmeras, como uma teoria da consciência emergente do cérebro. E voltamos ao nosso impasse. É possível um diálogo, e eventualmente uma reconciliação, entre ciência e espiritualidade? Wilber tem razão. Enquanto nos apegarmos a uma ontologia de base materialista, não haverá espaço para um diálogo real, para não falar em reconciliação, pelo simples motivo de que a ciência trata de fenômenos, enquanto a espiritualidade se ocupa daquilo que está além dos fenômenos. A questão crucial é: a metafísica da ciência precisa se basear no realismo materialista? O atual paradigma da física, na verdade, superou a ciência newtoniana e a substituiu pela física quântica. A física quântica se baseia no conceito de quanta – quantidades discretas de energia e de outros atributos da matéria, como o momentum angular. As conseqüências dessa física, para a descrição da matéria, são profundas e inesperadas. A matéria é descrita, por exemplo, como ondas de possibilidade. A física quântica calcula os eventos possíveis para os elétrons e a probabilidade de cada um desses eventos possíveis, mas não é capaz de prever o evento real, único, que uma determinada observação vai precipitar. Portanto, [...] para utilizar o jargão favorito dos físicos, quem ou o que provoca o “colapso” da onda de possibilidade no elétron real, no espaço e tempo reais, num caso real de observação? [...] a idéia básica é extremamente simples: o agente que transforma a possibilidade em ato é a consciência12. É um fato que, sempre que observamos um objeto, nós vemos um ato único, e não o espectro inteiro de possibilidades. Assim, a observação consciente é uma condição suficiente para o colapso da onda de possibilidade. [...] Para que se inicie o colapso, é necessário um agente que esteja fora da jurisdição da mecânica quântica. Para o von Neumann (1955 apud GOSWAMI, 2003, p. 32), só existe um agente nessas condições: a consciência. [...] No materialismo ocidental, a idéia de uma consciência causando o colapso de uma onda de possibilidade é um paradoxo, porque a consciência, sendo um epifenômeno da matéria (do cérebro), não tem eficácia causal; como ela poderia causar o colapso de uma onda de possibilidade quântica? 13

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A discussão da transformação da potência em ato (atualização e realização) é a mesma das teorias do Virtual encontradas em: LEVY, Pierre. O que é o Virtual?. São Paulo: Editora 34, 1996, p.136-145, e em DELEUZE, Gilles. A Dobra: Leibniz e o Barroco. Tradução de Luiz B. L. Orlandi. Campinas: Papirus, 1991, p.157: “O mundo é uma virtualidade que se atualiza nas mônadas ou nas almas, mas também é uma possibilidade que deve realizar-se nas matérias ou nos corpos.” 13 GOSWAMI, 2003, p. 31-32.


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Como foi dito, a consciência pode causar o colapso de uma função de onda, fazendo então com que o elétron se “materialize” nesta realidade, tão somente porque ela não faz parte da ordem materialista da realidade. Deve ser óbvio, portanto, que a consciência deve funcionar fora do mundo material. Em outras palavras, a consciência deve ser transcendente – nãolocal. [...] O famoso neurocirurgião canadense Wilder Penfield (1955 apud GOSWAMI, 1998, p. 125-126) ficou identicamente confuso ao pensar na perspectiva de realizar em si mesmo uma cirurgia no cérebro: “Onde está o sujeito e onde está o objeto, se você está operando seu próprio cérebro?” [...] Este argumento é transmitido bem pela expressão ‘O que estamos procurando é aquilo que procura’. A consciência implica uma autoreferência paradoxal, uma capacidade, aceita como natural, de referirmo-nos a nós mesmos como separados do ambiente.14

Porém, sabe-se que essa sensação de separatividade é ilusória, segundo as mais antigas tradições Orientais. O único problema é presumir que só a ciência tenha o “Poder Absoluto da Verdade”, quando na melhor das hipóteses, a ciência é apenas um meio de se alcançar esta verdade tão almejada pelos homens, enquanto que o misticismo, a religião, ou a espiritualidade, o são também: meios de se alcançar a mesma coisa. Afinal, as formas de conhecimento humano, quais sejam: a Arte, a Religião, a Ciência, a Filosofia, (e até mesmo a Loucura, por que não?), deveriam ter seguido na mesma direção, pois assim era desde a Antigüidade, quando não se faziam distinções de qualquer tipo entre essas. Sendo o homem incapaz – àquela época, salvo magníficas exceções – de compreender a Unidade de todas as coisas em todas as suas formas e manifestações, este resolveu separar, classificar e categorizar, chegando a uma pormenorização tamanha, a ponto de enxergar-se separado do meio em que vive. Decorrem daí várias conseqüências, que vão desde as guerras, ao desrespeito para com a natureza, portanto, para consigo próprio e com os outros. Porém, a Humanidade se encontra em eterna evolução, vendo por este ângulo, torna-se

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GOSWAMI, Amit. O universo autoconsciente: Como a consciência cria o mundo material. Tradução de Ruy Jungman. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 1998, p. 124-126.


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razoável a compreensão de que a categorização e separação das coisas eram necessárias àquela época, porquanto ainda a Humanidade dava seus primeiros passos no descobrimento de si própria e do mundo que a cercava. E já que as formas de conhecimento não seguiram na mesma direção, então que seja dada a mesma importância a cada uma delas, pois saíram da mesma fonte. Nenhuma em detrimento da outra; todas podem servir para se adquirir o conhecimento, tanto de qualquer aspecto da realidade, como do que se supõe e do que nem se imagina existir. Nota-se, nesses tempos, que a separação não se justifica mais, por isso falase tanto em multi, inter e transdisciplinaridade. Aceitando tudo que ainda é “desconhecido” , e investigando, simplesmente pela mesma vontade de se descobrir a verdade, que em si, já não é absoluta. Somos todos relativos perante verdades relativas. Segundo as religiões, cogita-se uma “Verdade Última” que é um atributo da Transcendência, da Divindade, e que, segundo a ciência, enquanto humanos em eterna busca, ainda não se pode alcançar (até a isso se pode contra-argumentar, vide os grandes místicos da Humanidade). Mas, assim mesmo, há que se olhar para todas as coisas e inclusive ter a coragem de ousar, propondo teses que um mundo cheio de preconceitos atacaria. E aí está uma delas: Se adotarmos a consciência como a base do ser, transcendente, una, autoreferente em nós – e é o que os mestres espirituais de todo o mundo ensinam –, é possível apaziguar o debate sobre o quantum e resolver os paradoxos. [...] Postular a consciência como a base do ser traz à tona uma mudança de paradigma, de uma ciência materialista para uma ciência baseada no primado da consciência. A matéria, nessa ciência, possui eficácia causal, mas apenas a ponto de determinar possibilidades e probabilidades. É a consciência, em última análise, quem cria a realidade, porque a escolha do que se converte em ato, evento por evento, é sempre uma atribuição da consciência.15 Portanto, é possível que a consciência impregne a realidade com seu propósito criador, e ela realmente o faz, como já intuíram vários teólogos cristãos [...]16.O mundo é apenas aparentemente contínuo, newtoniano e material. Na verdade ele é descontínuo, quântico e consciente. O mais importante é que essa ciência conduz a uma verdadeira reconciliação com as tradições espirituais, porque não pede à espiritualidade que se baseie na ciência, mas à ciência que se baseie na noção de espírito eterno. A 15 16

A este respeito, ver a nota de número 12 ao final da página 14. A escolha da consciência transformando o que é potência em ato, implica em uma mudança descontínua.


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metafísica espiritual jamais entra em questão. O foco, em vez disso, está na cosmologia – como surge o mundo dos fenômenos. A nova ciência pode incluir tanto a subjetividade como a objetividade, tanto assuntos espirituais como os assuntos materiais. A essa nova ciência dou o nome de ciência dentro da consciência, ou ciência idealista.17

A metodologia da religião é a fé, enquanto o método científico é “tente e veja o resultado”. Essa enorme barreira parece impossível de ultrapassar. No entanto, se levarmos em conta as tradições religiosas esotéricas, a barreira entre as metodologias da religião e da ciência não é [...] tão grande assim. Existem paralelos evidentes, na verdade. Embora experienciais e subjetivas, as tradições esotéricas, tanto do Oriente como do Ocidente, também adotam o método científico do “tente e veja por si mesmo”. Elas não definem a busca espiritual como uma questão de aceitar um dogma. A fé é reinterpretada, não como crença cega neste ou naquele sistema de conhecimento, mas como intuição a ser seguida por meio de um compromisso de observar, de investigar. A ciência dentro da consciência nos permite ver como nem as tradições científicas nem as tradições espirituais enfatizam um importante aspecto de seus esforços. Quando enfatizamos esse componente oculto, torna-se claro que a ciência e a espiritualidade sempre utilizaram o mesmo método. Qual é esse componente não reconhecido? É a criatividade – a descoberta ou revelação de um novo sentido, num contexto velho ou novo (GOSWAMI, 1996 apud GOSWAMI, 2003, p. 34). Até recentemente, os cientistas se excederam na ênfase aos processos racionais e contínuos da investigação científica. Mas a criatividade é não-racional e descontínua. E a ciência exige a criatividade de modo crucial. “Eu não descobri a relatividade só com o pensamento racional”, disse o imortal Einstein. [...]. As tradições espirituais sempre souberam da importância do não-racional – por exemplo, da intuição que se torna fé18 –, mas também não enfatizaram universalmente a instantaneidade e a descontinuidade das revelações espirituais. A ciência dentro da consciência nos permite desenvolver uma teoria da criatividade na qual a ciência resulta de uma investigação criativa no domínio exterior, e a espiritualidade resulta de uma investigação criativa no domínio interior. [...] Portanto, não é apenas possível haver um diálogo; defendo que o desenvolvimento da ciência dentro da consciência pode nos dar uma integração da ciência e da religião – uma integração das metafísicas, das cosmologias e das metodologias19.

Com base nestas idéias acima expostas é que se iniciarão as relações entre os vários referenciais teóricos pesquisados para a concretização deste trabalho, que foram utilizados na concepção de um jogo.

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GOSWAMI, 2003, p. 32. Em algumas circunstâncias, a intuição e a fé não passam pela razão, vide o fanatismo religioso (não é o caso desta citação). Aqui, provavelmente o autor se refere a uma intuição ou insight que irrompem sem antes terem passado pelo crivo da razão e que podem ser manifestos pela fé, ou por uma crença sem questionamento, simplesmente aceita como verdade inquestionável, como um dogma ou “mistério”. 19 GOSWAMI, 2003, p. 34-35, (grifo nosso). 18


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1.2 O Jogo Virtualidade Trans-Sensorial Com base em teorias e relações entre elas, desenvolveu-se o jogo Virtualidade Trans-Sensorial. Aqui se faz uma analogia com a palavra “Realidade Virtual”, porém com uma outra conotação. Virtualidade neste caso significa a própria constituição da Transcendência, que já é por si só, inapreensível, aos órgãos dos sentidos, (transcende-os) e envolve outros tipos de percepção. A Transcendência não é Virtual, mas é formada por miríades de virtualidades não convertidas em ato, e possibilidades não realizadas. Sendo a Transcendência, a Realidade Última, segundo as filosofias Orientais, tirase daí que a destinação final e original do ser espiritual que possui um corpo atualmente, seja a Transcendência, que então passa a ser o Real Absoluto – desconsiderando somente neste momento, as diferenciações entre virtual, atual, possível e real, feitas por Pierre Levy20 – (pois este Real é eterno, sem começo nem fim, e não-manifesto, e a realidade onde estamos inseridos é ilusória, material, manifesta e passageira)21. É dessa Transcendência, que tudo é originado, ou seja, atualizado ou criado; portanto tudo deve existir virtualmente na Transcendência (e de fato, reconsiderando Pierre Levy, o virtual existe, e tanto a virtualização como a atualização, são da ordem da criação22; pode-se extrapolar que estes são movimentos “divinos” e sabe-se que todos possuem essa divindade dentro de si, pois o Homem também cria). Por isso Virtualidade Trans-Sensorial. O jogo é mais uma das virtualidades da Transcendência que escapam aos sentidos físicos; a sua compreensão enquanto conceito requer transcender os receptores sensórios e a mentalidade materialista impregnada e condicionada à realidade manifesta.

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LEVY, Pierre. O que é o Virtual? São Paulo: Editora 34, 1996, p.138. A linguagem não dá conta de abordar esses assuntos, e a desconsideração temporária da conceituação do autor acima se faz necessária, pois cada cultura e cada sistema utilizam terminologias próprias, causando uma confusão natural. 22 Ibidem, op.cit., p. 140. 21


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A relação entre a Transcendência e o Virtual, pode ser justificada segundo citações da Física Quântica e da teoria do Virtual. Segundo Goswami: O elétron, segundo Bohr, jamais poderá ocupar qualquer posição entre órbitas. Dessa maneira, quando salta, deve, de alguma maneira, transferir-se diretamente para outra órbita. [...] o elétron dá o salto sem jamais passar pelo espaço entre eles [os orbitais eletrônicos, ou “degraus”]. Em vez disso, parece que desaparece em um degrau e reaparece no outro – de forma inteiramente descontínua [o chamado salto quântico].23 [...] para onde vai o elétron entre os saltos? [...] Podemos atribuir ao elétron qualquer realidade manifesta no espaço e tempo, entre observações? De acordo com a interpretação de Copenhague da mecânica quântica, a resposta é não. Entre observações, o elétron espalha-se de acordo com a equação de Schrödinger, mas probabilisticamente, em potentia, disse Heisenberg, que adotou a palavra potentia usada por Aristóteles. Onde é que existe essa potentia? Uma vez que a onda de elétron entra imediatamente em colapso quando a observamos, a potentia não poderia existir no domínio material do espaço-tempo. [...] o domínio da potentia deve situar-se fora do espaçotempo. A potentia existe em um domínio transcendente da realidade. Entre observações o elétron existe como uma forma de possibilidade, tal como um arquétipo platônico, no domínio transcendente da potentia.24

Pierre Levy diz que: “A palavra virtual vem do latim medieval virtualis, derivado por sua vez de virtus, força, potência. Na filosofia escolástica, é virtual o que existe em potência e não em ato. [...] O virtual, com muita freqüência, ‘não está presente’.” 25 Essas idéias relacionadas sugerem que as “coisas” são virtuais na Transcendência. “Coisas” que podem ser compreendidas como não-coisas, na medida em que sendo virtuais, não possuem uma manifestação no espaço-tempo. Não significando que sua existência seja negada. Uma explicação de Buda, sobre a referência à consciência como o não-ser, pode elucidar a questão: Há o Não-nascido, o Não-originado, o Não-criado, o Não-formado. Se não houvesse esse Não-nascido, esse Não-originado, esse Não-criado, esse Nãoformado, escapar o mundo do nascido, do originado, do criado e do formado, não seria possível. Mas desde que há um Não-nascido, Não-originado, Nãocriado, Não-formado, é possível também transcender o mundo do nascido, do originado, do criado, do formado.26

23

GOSWAMI, 1998, p. 50-52. Ibidem, p. 83-84. 25 LEVY, Pierre. O que é o Virtual? São Paulo: Editora 34, 1996, p.15, 19. 26 GOSWAMI, 1998, p. 76. 24


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O jogo Virtualidade Trans-Sensorial foi inicialmente concebido a partir do fenômeno dos Círculos Ingleses. Seu design foi elaborado conforme as cicularidades que estes grandes desenhos nas plantações mostram. O próprio labirinto que é a estrutura principal do jogo é circular; um misto de Círculos Ingleses, mandalas e labirintos. Portanto, o fenômeno dos Círculos Ingleses que é um fenômeno Ufológico, foi utilizado como uma das várias temáticas que serviram como base para a concepção do jogo, sendo esta concepção, o Game Design. Game Design é o nome que se dá à atividade de se projetar jogos, mais comumente utilizada no projeto de videojogos eletrônicos. O design se encontra na relação que é estabelecida entre o jogador e o jogo, ou seja, na interface entre o homem e a máquina (a interface é o intermediador das relações), bem como na pesquisa, nos estudos e relações entre os conceitos envolvidos e na construção do próprio jogo. Como estes jogos sempre utilizam tanto recursos sonoros como gráficos, torna-se claro que são audiovisuais, porém com um recurso a mais: a interatividade, onde uma ação do usuário causa uma reação no sistema e o sistema, por sua vez, “responde” ao usuário ou jogador, através de outro estímulo auditivo ou visual. No jogo também é importante a questão da dificuldade em se alcançar o objetivo, pois sem isso, não seria um jogo. Basicamente, são essas características que constituem um videojogo eletrônico (ou jogo), comumente chamado de videogame (ou game). O jogo é do tipo “exploração”, e constitui-se de um labirinto (no sentido de “maze”) em que o jogador deve chegar ao centro para alcançar um outro estágio, ou o “Andar de Cima”. No “Andar de Baixo” , ele precisa passar por fases onde tem que abrir e fechar portas para que consiga chegar ao centro. Pela natureza dos mazes torna-se um pouco complicado de alcançar esse objetivo, porém não impossível. Esse jogo, no seu nível superior, o “Andar de Cima” servirá como um portal para outras fases desconhecidas e para outros “universos” e mundos virtuais de outros autores inclusive. Esse sistema será iniciado a partir


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da divulgação do jogo na Internet. Seria feito contato com desenvolvedores de mundos virtuais correlatos com características próximas às deste jogo, para que seus mundos fossem ligados ao jogo e que o jogo fosse divulgado em seus sites, com o intuito de formar uma rede de mundos virtuais. O jogo Virtualidade Trans-Sensorial é composto por dois estágios principais constituídos por fases a serem transpostas e acessadas. O Primeiro Estágio é o “Andar de Baixo”, um labirinto (maze) contínuo e linear, com o objetivo de se alcançar o centro, porém com caminhos confusos e ilusórios além de vórtices que teletransportam o usuário para alhures. Suas fases são baseadas nas idéias de Platão sobre os átomos. Entre as fases, existem “ante-salas de decisão” que são muito importantes para o jogo. Nelas, o jogador precisa abrir ou fechar as portas que darão acesso às fases pelas quais ele precisa passar para chegar ao centro. Existe um menu que tem seis esferas que vão mudando de cor ao mesmo tempo, fazendo com que as esferas sejam iguais. Ao clicar nas esferas externas, pode ser que abra ou feche as portas das primeiras quatro fases, e clicando na esfera do centro, abrem-se as portas que dão acesso à Quinta Fase, além de átomos que aparecem indicando um caminho possível a ser seguido. As fases são baseadas também na idéia de maya que faz a fase parecer “real” pelas texturas, mas que apesar disso, possuem algo de ilusório. As fases também possuem luzes com as cores usadas nas mandalas. A Primeira Fase do Primeiro estágio é a Terra Cúbica, onde é preciso desenterrar a porta e o cubo que a abre. É iluminada com a cor amarela. A Segunda Fase é o Ar Octaédrico, na qual, para ser mais rápido que o vento é preciso apanhar o ar em movimento. É iluminada com a cor branca. A Terceira Fase é o Fogo Tetraédrico, em que se queima para depois tocar o fogo. É iluminada com a cor vermelha.


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A Quarta Fase é a Água Icosaédrica, onde é preciso se molhar para pegar a gota d’água. É iluminada com a cor azul. A Quinta e última Fase do Primeiro Estágio, é a Alma Esférica, onde se pode escolher, após encarar a multiplicidade, encontrar-se na Unidade ou perder-se na ilusão material. É iluminada com a cor verde. Pode ser que o jogador se perca no maze, ou então, acabe fechando portas que não deveria, nestes casos, existem vórtices (ou portais) que ao se entrar por eles o usuário é teletransportado para as “ante-salas de decisão”, onde pode reabrir as portas que precisa para continuar sua jornada ao centro do labirinto. Na a Quinta Fase, a Alma Esférica, o jogador alcançou o centro, e ele pode neste local, partir para o Segundo Estágio, que é o “ Andar de Cima” , ou voltar para o labirinto. Neste ponto, todas as interpretações metafísicas dos labirintos e das mandalas convergem. Inclusive as veias do mármore que compõe as redobras da matéria e as dobras na alma, segundo Gilles Deleuze. O “Andar de Cima”, ou Segundo Estágio, não possui suas próprias fases, é um espaço de navegação livre onde o usuário não tem colisões com as paredes e pode flutuar e percorrer todos os espaços. Pode até ver o andar de baixo, porém, não pode reentrar nele por fora depois que já se “libertou”. É o local das mônadas ou almas. Neste ambiente, o usuário pode encontrar um tubo de luz que contém esferas que o levarão a outros mundos virtuais. Um deles é um “buraco de minhoca”, termo da Física contemporânea que descreve o hipotético local dentro de um buraco negro, que ao ser atravessado, transporta para uma outra dimensão. Neste “túnel” é possível também escolher outros mundos virtuais e inclusive voltar para o “Andar de Cima”. Os mundos virtuais que estarão primeiramente disponíveis na Internet e que poderão ser acessados pelo “Andar de Cima” são quatro:


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O mundo HyperCube (hipercubo), que explicita por meio de imagens em faces de cubos, as referências imagéticas e o desenvolvimento das idéias deste trabalho. O mundo CaosOrdem, que é uma viagem por um grande octaedro fractal e que fica caótico com a navegação do usuário, que pode produzir um caos tanto gráfico quanto sonoro. O mundo SpockTrek, uma referência direta ao mais famoso seriado de ficção científica e uma homenagem ao Sr. Spock, o alienígena imortalizado pelo ator Leonard Nimoy, na criação original de Gene Rodenberry, Star Trek (Jornada nas Estrelas). O túnel “Buraco de Minhoca” que também leva a outros mundos. Serão acrescentados outros posteriormente para que esse portal continue em expansão, e também com links para mundos de outros autores (designers, artistas, arquitetos virtuais e etc). O objetivo de fazer este jogo estar em constante atualização, será alcançado a partir do momento que este for disponibilizado ou publicado na Internet. Isto será feito da seguinte maneira: Será construída uma homepage, para este jogo, ou seja, uma página de internet onde este jogo estará disponibilizado para download. Estará disponível no site: http://web.1asphost.com/transvirtual . Deste modo o usuário que se interessar, poderá gravar o jogo para si e jogar a partir do seu computador. Ele poderá apenas baixar o Primeiro Estágio, ou o “Andar de Baixo”. Quando a pessoa tiver alcançado o centro do labirinto, ao clicar na esfera correta o jogo automaticamente levará a pessoa ao site do jogo na Internet. E estará pronto para jogar o “Andar de Cima” on-line. Ou seja, a partir da Internet, sem a necessidade de baixar (download) o jogo, pois, neste Estágio o jogador acessará outros mundos pela World Wide Web e por isso existe a necessidade de estar conectado à Internet no momento que estiver jogando o Primeiro Estágio em casa.


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A tecnologia empregada para codificação deste jogo foi uma linguagem de programação de mundos em realidade virtual não imersiva (VRML). Não imersiva, pois, tecnicamente, a sua visualização acontece em monitores (computador ou televisão). Seria imersiva, se a visualização utilizasse outros dispositivos chamados “não convencionais” do tipo, luvas eletrônicas, capacetes de visualização, sensores óticos e de posição e/ou outro tipo de projeção tridimensional, onde o usuário pudesse se sentir imerso no ambiente.27 VRML é a abreviação de ‘Virtual Reality Modeling Language’, ou Linguagem para Modelagem em Realidade Virtual. É uma linguagem independente de plataforma que permite a criação de cenários 3D, por onde se pode passear, visualizar objetos por ângulos diferentes e interagir com eles. A linguagem foi concebida para descrever simulações interativas de múltiplos participantes, em mundos virtuais disponibilizados na Internet, [...], mas a primeira versão da linguagem não possibilitou muita interação do usuário com o mundo virtual. Nas versões futuras seriam acrescentadas características como animação, movimentos de corpos, som e interação entre múltiplos usuários em tempo real.28

A linguagem VRML é baseada no sistema cartesiano tridimensório. Os eixos são X, Y, Z, a unidade de medida para distâncias é o metro e para ângulos é o radiano. A linguagem, na sua versão 1.0, trabalha com geometria 3D, permitindo a elaboração de objetos baseados em polígonos, possui alguns objetos prédefinidos como cubo, cone, cilindro e esfera, suporta transformações como rotação, translação e escala, permite a aplicação de texturas, luz, sombreamento, etc. Outra característica importante da linguagem é o Nível de Detalhe (LOD, ‘level of detail’), que permite o ajustamento da complexidade dos objetos, dependendo da distância do observador. [...] Também se pode colocar, em um mundo, objetos que estão localizados remotamente em outros lugares na Internet, além de links que levam a outros homeworlds ou homepages. 29

Foi utilizada a versão 2.0 para o desenvolvimento deste jogo, pois possui melhores recursos de multimídia, e de animação, bem como maior interatividade com o usuário, que pode ser feita através de Scripts, que necessitam de uma programação mais avançada com a inclusão de funções matemáticas.

27 28 29

http://www.realidadevirtual.com.br/publicacoes/apostila_rv_disp_aplicacoes/apostila_rv.htm http://www.realidadevirtual.com.br/publicacoes/tutorial_rv/tutrv.htm

Ibidem, loc. cit.


24

Como esta é uma linguagem independente de plataforma, ou seja, é universal, podendo ser visualizada de qualquer computador, desde que esteja equipado e preparado com o hardware e software necessários, ela se torna acessível a qualquer usuário que esteja disposto a aprender a sintaxe para codificar seus próprios ambientes e mundos virtuais. Para se programar um ambiente desses, com a linguagem VRML, é necessário apenas um editor de textos simples como o “bloco de notas” e tutoriais que são amplamente distribuídos pela Internet. Para a visualização, são necessários outros requisitos que podem ser adquiridos facilmente também pela Internet. Por exemplo, é preciso ter um browser, que é o programa no qual as páginas convencionais da Internet são visualizadas, e um plug-in para VRML, que é um software adicionado ao browser que permite que o código digitado no editor de textos seja visualizado como um ambiente de navegação tridimensional. Este plug-in será utilizado para interpretar o código e passará a entendê-los como cálculos matemáticos, a partir daí, apresentando uma cena tridimensória. Quanto ao hardware, é necessário uma placa aceleradora de gráficos tridimensionais, que permitirá animações mais suaves em ambientes muito complexos que geram mais cálculos. Também é preciso uma placa de som com bons recursos sonoros para que a experiência seja autenticamente audiovisual. A linguagem VRML, dependendo do plug-in que se está utilizando, pode ser de fácil visualização para o usuário. Porém, como foi citado anteriormente, são necessários conhecimentos mais aprofundados da linguagem para que o usuário se torne também um desenvolvedor de mundos virtuais.

*


25

As trilhas e efeitos sonoros do jogo foram retirados dos seguintes artistas – músicas: Bi-polar – Night Air; Toucan Zabir – Himalayan Mountain Spy; Dead Can Dance – Arabian Gothic; Dead Can Dance – Mantra – Organics; Vangelis – Tales of the Future; Vangelis – Damask Rose; Akalbeth – Tao.xm; Trilha Sonora original do seriado Star Trek; Trilha Sonora do filme Contatos Imediatos de Terceiro Grau. * 1.3 Requisitos Computacionais mínimos do Sistema (Somente para PC) Hardware ou Equipamentos necessários: •

Processador Pentium 4, 1.2 Mhz ou AMD Athlon XP, 1.4 Mhz;

128 MB de memória RAM;

Placa de som compatível com Sound Blaster e DirectX 8;

Placa de FAX/MODEM para conexão com a Internet;

50 MB de espaço livre em disco rígido;

Placa de vídeo aceleradora gráfica 3D com 32 MB compatível com Direct3D e OpenGL.

Software ou Programas necessários: •

Windows 98/NT com Service Pack 3 ou Windows XP;

Internet Explorer 5 ou superior;

Plug-in para visualização de VRML: Cosmo Player (http://www.ca.com/cosmo), ou CORTONA VRML Client. (http://parallelgraphics.com/products)

OBS.: O Cosmo Player para Windows 98/NT. O CORTONA VRML Client para Windows XP.

* A seguir, estarão descritas, as teorias que foram pesquisadas e relacionadas entre si para a concepção do jogo.


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1.4 UFOS / ÓVNIS Ufologia é a ciência que estuda o fenômeno U.F.O. (ou fenômenos ufológicos) e é baseada no pressuposto da existência de vida em outros planetas, ou seja, extraterrestre. As teorias que explicam os fenômenos podem ser materialistas ou espiritualistas. Os termos que descrevem os meios de transporte (naves) dos seres Extraterrestres (E.T.) segundo a Ufologia são: U.F.O. – Unknown Flying Object. O.V.N.I. – Objeto Voador Não identificado. (tradução literal para o português). O termo “discovoador” é genérico e é devido à forma discóide comumente relatada nos casos de avistamentos de ÓVNIS. Porém existem, segundo outros casos ufológicos, variados formatos de naves, que podem ser cilíndricas, triangulares, esféricas, piramidais e etc. É comum a referência aos fatos ufológicos como sendo “casos”, no sentido de uma investigação de uma ocorrência ou relato dessa natureza. Os casos geralmente são de Contatos Imediatos de pessoas com E.T.s, que podem ser de vários graus, desde simples avistamentos de naves a longas distâncias (1o.grau) a contatos físicos com E.B.E.s, ou seja, entidades biológicas extraterrestres (3o.grau), passando por abduções (raptos de pessoas), experiências fora do corpo, viagens interplanetárias e assim por diante, aumentando os graus segundo a natureza do contato. A história da Ufologia possui vários casos que foram importantes para o seu desenvolvimento. Serão resumidos o primeiro caso mais importante da Ufologia, e posteriormente outro caso que possui estreita relação com o tema central deste trabalho.


27

O Caso Roswell Em 8 de julho de 1947, o porta voz da base das forças Aéreas NorteAmericanas em Roswell (Roswell Army Air Field, RAAF) havia divulgado a notícia mais importante do século: “O Exército encontra um disco voador em um rancho do Novo México.” O ocorrido foi devido a uma queda e explosão de um OVNI em meio a uma tempestade que aconteceu em 2 de junho de 1947. A notícia foi divulgada ao meio-dia, hora do Novo México. Porém, devido aos diferentes fusos horários nos EUA, a notícia chegou tarde na maioria dos jornais matinais, apenas aparecendo em algumas edições vespertinas. A nota de imprensa inicial foi divulgada pela base aérea, e tanto a delegacia como os jornais locais, foram assediados por uma ansiosa opinião pública. Rapidamente, em meio a tanta expectativa, o Exército mudou sua versão [...]. As manchetes do dia seguinte davam por encerrada a história: “A notícia sobre os discos voadores perde interesse; o ‘disco’ do Novo México é apenas um balão meteorológico.” 30

Durante os trinta anos seguintes nunca mais se falou sobre o incidente. Foi este o primeiro fato ufológico que ganhou maior atenção da mídia. Desde então o Governo Norte-Americano, assim como outros Governos, inclusive do Brasil, procuram esconder as evidências da existência de seres extraterrestres, apesar de vários avistamentos ocorrerem pelo mundo inteiro, bem como por várias épocas da história da Humanidade.

30

Fator X. São Paulo: Planeta, 1998. N.4. pp.71


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O Caso do “Ninho de Tully” Os “discos-voadores” parecem ser particularmente atraídos pela pequena e pitoresca cidade de Tully, ao norte de Queensland, Austrália. A cerca de 180km ao sul de Cairns com uma população de cerca de 3.400 habitantes, Tully é bem famosa apesar do tamanho. A mais interessante razão da fama de Tully, é que ela é o Quartel General OVNI da Austrália, com centenas de avistamentos todo ano. Moradores mais velhos como o fazendeiro de cana de 82 anos, Albert Pennisi, concordam. “Todos que moram em Tully sabem sobre os OVNIS daqui” 31, diz Pennisi. Foi na fazenda de 83 hectares de Albert Penisi que aconteceu o mais famoso avistamento de Tully. Na manhã de 19 de janeiro de 1966, o vizinho de Pennisi, George Pedley estava dirigindo seu trator em sua plantação de bananas quando ele ouviu um som estranho e sibilante. Em um primeiro momento, Pedley pensou que o som sibilante viesse dos pneus do seu trator, mas Pennisi diz que o som, na verdade, vinha de um lago com forma de ferradura em sua propriedade, o lago “ Horseshoe” . George Pedley relatou ter visto um grande objeto cinza-azulado em forma de discos convexos na base e no topo. “De repente, George viu essa máquina levantar do nosso lago uns 30 ou 40 pés (10 – 12 metros) de altura e então virou para o outro lado e partiu” 32, disse Pennisi. Mas Pennisi e outros que visitaram o local acreditaram que aquilo tinha deixado uma lembrança de sua visita.

George foi direto para o lago e viu a água ainda girando, ainda se agitando circularmente. Eu acho que isso o assustou, e ele veio me buscar, mas eu não estava. Mais tarde quando eu voltei, nós fomos juntos ao lago e, então, eu que fiquei mais assustado ainda.33

31

http://www.circlemakers.org/tully.html (tradução nossa) Ibidem, loc. cit. 33 Ibid., loc. cit. 32


29

Flutuando no lago de Pennisi, estava um “ ninho” de OVNI, uma massa circular de junco com 9 metros, fibras naturais firmemente torcidas em um intrincado desenho espiralado em sentido horário e tão forte, que, segundo Pennisi, poderia facilmente suportar o peso de 10 homens. O avistamento do disco azul-acinzentado por Pedley nunca se repetiu, mas o que quer que tenha feito aquele primeiro “ninho” no açude de Pennisi, continuou fazendo-os. “Eles voltaram em 1972, 1975, 1980, 1982 e 1987. Sempre havia um círculo grande, mas nós também vimos uns 22 círculos menores e, o mais estranho é que, enquanto o maior era sempre no sentido horário, os outros eram sempre no sentido anti-horário.” 34 Determinado a explicar o fenômeno, Pennisi pôs-se a observar o lago a noite toda. “Eu nunca descobri porque eles vieram para minha fazenda ou porque eles pararam de vir repentinamente, mas eu apenas faço idéia.” 35 Pennisi acredita que o interesse no seu lago, mais a atenção da polícia e da força aérea, podem ter feito o que quer que seja ou quem quer que seja que estivesse visitando sua fazenda, recuar. “Nós tínhamos pessoas do mundo inteiro chegando: pesquisadores de ÓVNIS, policiais, os investigadores da força aérea ficavam observando a gente 24 horas por dia.” 36 Depois de uma extensiva investigação da polícia e da RAAF, um relatório de 1966 da Commonwealth Aerial Phenomena Investigation Organization (CAPIO), concluiu que o fenômeno poderia estar associado à secas, ‘willy willies’ ou descarga de águas, que se sabe ocorrerem na área norte de Queensland. Pennisi riuse da explicação. Eles também tentaram me dizer que foi um helicóptero voando baixo, um mini tornado, até mesmo um crocodilo. Mas qualquer um que viu isso dirá que o que quer que tenha feito isso não é desse mundo, meu amigo. Antes disso acontecer comigo, eu era cético também, mas as coisas mudam quando você vê as coisas com seus próprios olhos.37

34

http://www.circlemakers.org/tully.html (tradução nossa) Ibidem, loc. cit. 36 Ibid., loc. cit. 37 Ibid., loc. cit. 35


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1.5 Círculos Ingleses Anualmente o “Fenômeno dos Círculos Ingleses” ressurge cada vez mais ousado e numeroso, no verão do hemisfério norte – principalmente na Inglaterra – e em outras localidades esparsas do mundo. Porém esse fenômeno agora difundido entre artistas europeus, teve um início inusitado na Austrália, em uma fazenda perto da cidade de Tully em 19 de janeiro de 1966. A ocorrência de que um disco-voador teria pousado numa fazenda, deixando marcas, ganhou publicidade e então a propriedade passou a ser assediada por curiosos, cientistas (os que estudam os círculos são chamados de “cerealogistas”), militares e entusiastas da ufologia38. Esse sucesso perdurou por vários anos. Ao tomarem conhecimento desta ocorrência, em 1978 dois ingleses – Doug Bower e Dave Chorley – resolveram espalhar essa idéia pela Inglaterra com o propósito de fazerem as pessoas pensarem que tinham sido produzidas por discos voadores extraterrestres39. As marcas feitas pelos dois tiveram média repercussão entre as pessoas e a mídia, enquanto secretamente, outros “enganadores” simpatizavam com a idéia de desenhar “misteriosos” círculos nas plantações de cereais. Os círculos eram (e ainda são) feitos à noite e aparecem “repentinamente” na manhã seguinte. Em 1991 os dois “pioneiros” declararam à mídia serem os autores dos desenhos. Mas nesse momento, o fenômeno já estava sendo tão “cultuado” que ninguém deu crédito. Os padrões gráficos, de simples e apenas circulares no começo, foram sofrendo modificações com o tempo, e com maior quantidades de grupos de pessoas passando a reproduzir o fenômeno a cada ano, tornaram-se cada vez mais complexos e mais “incríveis”, até mesmo com desenhos produzidos matematicamente por computador.

38 39

http://ufos.about.com/library/weekly/aa112398.htm (tradução nossa) http://www.circlemakers.org/case_history.html (tradução nossa)


31

Antigamente, a “inesperada aparição” de círculos em plantações causava “sustos” e reações de “estranhamento” nas pessoas. Atualmente a complexidade dos designs, atiça nas pessoas a idéia do “misterioso” ou do “místico”, fazendo-as realmente acreditar que são extraterrestres. Os grupos de pessoas que produzem os círculos nas plantações são conhecidos pela designação de “ circlemakers” , ou fazedores de círculos. Atualmente estes possuem razoável divulgação na mídia, porém sempre escondem seus rostos, pois desenham ilegalmente nas plantações alheias. Ultimamente têm feito logotipos gigantescos para promover empresas, contrariando os princípios do projeto a que se propuseram, ou seja, o fenômeno artístico que havia se caracterizado, transformou-se em “fonte de renda” para seus principais divulgadores na atualidade, John Lundberg e Rod Dickinson, que mantêm um site sobre suas atividades40. Porém, existem casos de pousos de naves no mundo inteiro, mas as marcas são diferentes, e fica um impasse, os círculos são extraterrestres ou feitos pelos fazedores de círculos “circlemakers”? A resposta pode ser: um e outro. Com precisão, só as investigações poderão dizer.

40

http://www.circlemakers.org/


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NOTA DE IMPRENSA PELOS FAZEDORES DE CÍRCULOS NAS PLANTAÇÕES 41 Por John Lundberg & Rod Dickinson FORMAÇÕES DAS PLANTAÇÕES DE 1997: NÓS SOMOS ARTISTAS, ESTAS SÃO NOSSAS OBRAS! Nós publicamos esta nota de imprensa para esclarecer a recente especulação da mídia Britânica sobre as formações circulares nas plantações em 1997. Incluindo os jornais e as rádios: The Guardian, 14 de agosto, p8. The Independent no Domingo, 10 de agosto, p7. GLR Radio, 10 de agosto, 10h30min. The People, 10 de agosto, p12. The Daily Mail, 04 de agosto, p16. The Independent, 02 de agosto, p14-15. * Como a temporada de círculos nas plantações de 1997 está chegando ao fim, nosso trabalho para este ano está quase terminado. * Formações nas plantações não são fraudes. São obras de arte construídas anonimamente sob a escuridão noturna por pequenos grupos de artistas experientes e talentosos. * O ofício de “fazer círculos” requer designs cuidadosamente planejados, ferramentas acuradas de medição (utilizando geometrias sagradas) e ferramentas simples de aplanamento. * Muitos dos designs de 1997 utilizam geometrias de seis dobras na sua estrutura subjacente, isto é, a divisão de um círculo em seis ou três seções. * Nossos anos de experiência nos habilitam a construir formações nas plantações de uma escala e complexidade as quais levam muitas pessoas a acreditar que elas são além do esforço humano. * Esses designs são grandes testes de Rorschach aplainados nos campos de Wiltshire, decifrados de acordo com os sistemas de crença de quem os vê. * Nossas obras de arte estão situadas em Wiltshire particularmente na área de Avebury – uma paisagem neolítica – ela própria sendo uma rede de linhas, sítios e geometrias, ainda vibrante de mistério. * Nossas formações nas plantações pretendem funcionar como locais sagrados temporários nesta paisagem. * Enquanto construímos as formações nos campos de plantações nós temos experimentado uma série de anomalias aéreas incluindo: pequenas esferas de luz, colunas de luz e flashes ofuscantes. Todas aparentemente direcionadas a nós ou nossas formações nas plantações. * Nós não nos surpreendemos com os numerosos visitantes que têm relatado um diverso conjunto de anomalias associadas com nossas obras. Elas incluem efeitos fisiológicos, como dores de cabeça e náusea. Efeitos de cura como um relato de cura de osteoporose aguda. Efeitos físicos como falhas em câmeras e outros equipamentos eletrônicos. * Nós estamos certos de que nossas obras são objetos da atenção de forças paranormais que agem como catalisadoras de outros eventos paranormais. 41

http://www.circlemakers.org/press.html (tradução nossa)


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1.6 Geometria Sagrada A Geometria Sagrada muitas vezes utilizada na construção dos Círculos Ingleses pode ser definida como “o estudo das ligações entre as proporções e formas contidos no microcosmo e no macrocosmo com o propósito de compreender a Unidade que permeia toda a Vida.” 42 Desde a Antigüidade, os egípcios, os gregos, os maias, os arquitetos das catedrais góticas, artistas como Leonardo da Vinci ou o pintor Georges Seurat; todos reconheciam na natureza formas e proporções especiais, que traduziam uma harmonia e unidade em si. Essas relações de forma e proporções consideradas sagradas na geometria e na arquitetura, também ocorrem de forma idêntica em outras áreas da expressão humana, como na Música. A mesma harmonia nos sons, nas formas, nas cores e etc, também se encontra na natureza, do microcosmo ao macrocosmo. A Geometria Sagrada seria a linguagem mais próxima da Criação. A partir do seu estudo, fica clara a ligação, a Unidade de todas as coisas, e que a vida floresce de uma mesma fonte: a força criativa inteligente e incondicionalmente amorosa que alguns chamam de “Deus”.43

A perfeição inerente a templos da Antigüidade ou a uma pintura de Da Vinci, ou nas mandalas orientais se dá simplesmente porque as proporções harmônicas contidas no seu design estão ligadas às leis da Geometria Sagrada, a qual é a própria incorporação das ondas harmônicas de energia, melodia e proporção universal. Os nossos sentidos respondem às harmonias proporcionais e às formas de ondas criadas pela aplicação da Geometria Sagrada. Não há certeza do local de origem terrestre deste conhecimento, mas suas formas estão evidentes através dos yantras e mandalas das artes Hinduístas, Tibetanas e Budistas, entalhes Celtas e adornos de livros, até mesmo nas pinturas de areia dos nativos Norte-Americanos. Os mais antigos proprietários conhecidos da Geometria Sagrada foram os Egípcios. Apesar dessas pessoas iluminadas utilizarem a geometria para todos os modos de aplicação terrestres – por isso a palavra ‘geo-metria’ ou ‘medida da terra’ – o propósito era metafísico em sua essência. Porque a Geometria Sagrada reflete o universo, suas formas puras e equilíbrios dinâmicos têm um propósito maior: a obtenção de uma totalidade espiritual através da auto-reflexão, dando insights estruturais nos trabalhos do self interior. 44 42

http://www.flordavida.com.br/HTML/geometria.html Ibidem, loc. cit. 44 http://www.lovely.clara.net/crop_circles_sacredgeo.html (tradução nossa) 43


34

Parece que a “sacralização” da geometria também ocorreu com Pitágoras (580-500 a.C. aproximadamente), que construiu uma espécie de “religiosidade” em torno de seus ensinamentos de matemática e geometria. Há uma variedade de designs de círculos nas plantações onde se pode notar temas recorrentes que são em sua maior parte gerados dentro de uma forma circular e continuam, através de uma expansão proporcional, se desenvolvendo além dos limites do design original.

Isso é consistente com o princípio da Geometria Sagrada onde o círculo é o principal elemento já que ali jaz o coração do princípio criativo. É a representação da vida cósmica, do menor átomo ao maior planeta. É, portanto, o símbolo do incognoscível, do espírito e do céu. O oposto simbólico do círculo é o quadrado que é considerado material e da terra. Ambas as formas em áreas iguais e superpostas, se tornam um símbolo da fusão entre a Humanidade e o Universo, de espírito e matéria.45

45

http://www.lovely.clara.net/crop_circles_sacredgeo.html (tradução nossa)


35

“Homem Universal”

Pitágoras

Sólidos primeiramente estudados pelos Pitagóricos, considerados Sagrados

Utilização da Geometria Sagrada nas formações de círculos nas plantações.


36

1.7 Mandalas A palavra mandala pode ter diversos significados. No sentido mais amplo, significa círculo. É também um diagrama simbólico de uma mansão sagrada, o palácio de Buddha, a dimensão pura da mente iluminada. É um arranjo harmonioso em torno de um ponto central, um símbolo da harmonia e integração dos diferentes níveis e aspectos de nosso ser. Pode ser definida também como designs geométricos pretendendo simbolizar o universo. Sua utilização é referida nas práticas Budistas e Hinduístas. [...] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literatura associada, a mandala é o nome de um capítulo, uma coleção de mantras ou hinos em verso cantados nas cerimônias Védicas, talvez advindo o senso de cíclico, como num ciclo de canções. Acreditava-se que o universo se originava desses hinos, cujos sons sagrados continham padrões genéticos de seres e coisas, então há um sentido claro da mandala como um modelo do mundo. A palavra em si é derivada da raiz manda, que significa ‘essência’, à que o sufixo la, significando ‘que contém’, foi adicionado, dando uma conotação óbvia de que a mandala contém a essência. [...] A origem da mandala é o centro, um ponto. É um símbolo aparentemente livre de dimensões. Significa uma ‘semente’, ‘esperma’, ‘gota’, o ponto saliente inicial. É do centro que as energias são projetadas para fora, e no ato dessa projeção das forças, as próprias forças do devoto se desdobram e também são projetadas. Deste modo ela representa o espaço interior e exterior. Seu propósito é remover a dicotomia sujeito-objeto. No processo a mandala é consagrada a uma deidade. Na sua criação, uma linha se faz de um ponto. Outras linhas são desenhadas até se intersectarem, criando padrões geométricos triangulares. O círculo desenhado em volta representa a consciência dinâmica do iniciado. O quadrado extrínseco simboliza o mundo limitado em quatro direções, representado por quatro portões; a área central é a residência da deidade. Dessa maneira o centro é visualizado como a essência e a circunferência como compreensão, fazendo a mandala significar no seu desenho completo, a compreensão da essência.46

Geralmente, as mandalas são pintadas (em tibetano, thangkas), representadas tridimensionalmente em madeira ou metal, simbolizadas por montes de arroz, ou construídas com areia colorida sobre uma plataforma. Neste último caso, a mandala é desfeita após algumas cerimônias e a areia é jogada em um rio próximo, para que as bênçãos se espalhem. A dissolução de uma mandala serve também como exemplo da impermanência.47

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www.exoticindiaart.com/article/mandala (tradução nossa) http://www.dharmanet.com.br/listas/vajrayana/


37

Antes de se permitir que um monge trabalhe na construção de uma mandala ele deve passar por um longo período de treino de técnica artística e memorização, aprendendo como desenhar todos os vários símbolos e estudando os conceitos filosóficos relacionados. No monastério Namgyal (o monastério pessoal do Dalai Lama), [...], este período é de três anos. [...] Tradicionalmente, a mandala é dividida em quatro quadrantes e um monge é designado para cada quadrante. No ponto em que os monges aplicam as cores, um assistente se junta a cada um dos quatro. Trabalhando cooperativamente, os assistentes ajudam a preencher as áreas de cor enquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes. [...] É importante notar que a mandala é explicitamente baseada nas Escrituras Sagradas. No final de cada sessão de trabalho, os monges dedicam qualquer mérito artístico ou espiritual acumulado dessa atividade ao benefício de outros. [...] A preparação da mandala é um empenho artístico, mas ao mesmo tempo é um ato de adoração. Nesta forma de adoração, conceitos e formas são criados nas quais as mais profundas intuições são cristalizadas e expressas como arte espiritual. O design, no qual é geralmente meditado, é um continuum de experiências espaciais, a essência que precede sua existência, que significa que o conceito precede a forma.48

O esquema básico da mandala contém cinco formas simbólicas (Buddhas e Boddhisattwas, seres ‘iluminados’ e ‘anjos’), organizadas em um padrão específico: um no centro e quatro nos pontos cardeais.

Em todos estes mandalas o símbolo central, o arquétipo central representa a própria realidade, ou é a própria realidade [a Realidade Última, ou a deidade]. E as outras quatro formas simbólicas distribuídas nos quatro pontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade, ou os quatro aspectos principais nos quais ela é ‘dividida’ [...].49

Na sua forma mais comum, a mandala aparece como uma série de círculos concêntricos. Contém uma estrutura quadrada concêntrica aos círculos onde reside a deidade. Sua forma quadrada perfeita indica que o espaço absoluto da sabedoria é livre de aberrações. Esta estrutura quadrada possui quatro portões elaborados. Essas quatro portas simbolizam juntas os quatro pensamentos sem limites, a saber: benevolência amorosa, compaixão, simpatia, e equanimidade. [...]. Esta estrutura quadrada define a arquitetura da mandala descrita como um palácio de quatro lados ou templo. [...].

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As séries de círculos ao redor do palácio central seguem uma intensa estrutura simbólica. Começando pelos círculos exteriores, pode-se encontrar um anel de fogo, freqüentemente um ornato em forma de arabescos estilizado. Isso simboliza o processo de transformação que os seres humanos comuns têm que passar antes de adentrar o território sagrado interior. Isso é seguido por um anel de raios e trovões ou cetros de diamante (vajra), indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituais da mandala.50

Finalmente, ao centro, jaz a deidade, com a qual a mandala é identificada. É da força dessa deidade que a mandala está investida.

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As cores também são cruciais para a mandala. Os quadrantes da mandala-palácio são tipicamente divididos em triângulos isósceles coloridos, incluindo quatro das seguintes cinco cores: branco, amarelo, vermelho, verde e azul escuro. Cada uma dessas cores está associada a um dos cinco Buddhas transcendentais, posteriormente associadas às cinco ilusões da natureza humana. Essas ilusões obscurecem a verdadeira natureza do ser humano, mas através da prática espiritual elas podem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivos, especificamente: Branco – Vairocana: A ilusão da ignorância se torna a sabedoria da realidade. Amarelo – Ratnasambhava: A ilusão do orgulho se torna a sabedoria da uniformidade. Vermelho – Amitabha: A ilusão do apego se torna a sabedoria do discernimento. Verde – Amoghasiddhi: A ilusão da inveja se torna a sabedoria da realização. Azul – Akshobhya: A ilusão da raiva se torna a sabedoria espelhada.51

Para se meditar sobre uma mandala, o praticante deve sentar-se confortavelmente, e observá-la durante longo tempo, limpando a mente de todos os pensamentos. O objetivo é preencher a mente com a imagem da mandala, construindo-a dentro de si. Deve-se fixar o olhar para o centro do mandala, e dirigir a atenção para os detalhes que a visão periférica capta. Aos poucos, o intelecto se cala, o diálogo interior cessa, e a intuição assume o comando, criando condições para o autoconhecimento. Existem várias tradições orientais associadas à meditação com a mandala [...], por exemplo: deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitais: uma vela (representando o fogo), um cristal (terra), um copo de água com uma haste de cobre dentro (água) e um incenso de aroma sutil (representando o ar), fazendo um altar com estes elementos cercando a mandala. Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam: treine diariamente, com os olhos abertos, sem piscar, iluminando a mandala com uma vela. Deve-se treinar até conseguir ficar uma hora em meditação, sem piscar os olhos. Eles acreditam que a longa meditação com os olhos abertos faz a pessoa lacrimejar até “perder as lágrimas”, e quando os olhos secam, é possível ver a aura das pessoas, ou então ter uma visão a respeito de si mesmo.52

Ao meditar sobre uma mandala a pessoa “dobra-se” para dentro de si própria, e chegando a centro da mandala, pode perceber que ela não é mais uma parte separada do universo, mas sim o Próprio Todo.

51 52

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A visualização e concretização do conceito da mandala são algumas das maiores contribuições do Budismo para a psicologia religiosa, e que foi muito estudada por Carl Gustav Jung.

As mandalas são vistas como locais sagrados, as quais pela própria presença no mundo, lembram o observador da imanência da santidade no universo e seu potencial em si mesmo. No contexto do caminho Budista o propósito da mandala é colocar um fim ao sofrimento humano, obter a ‘iluminação’ e obter uma visão correta da Realidade. É um meio de descobrir a Divindade pela percepção de que Ela reside dentro do self de cada um.53

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1.8 Labirintos Mitologicamente, o Labirinto, como nos é conhecido hoje, é atribuído a Dédalo (pai de Ícaro), o maior artista ateniense, considerado o “pai” dos arquitetos. Segundo a história mitológica, foi construído na capital da ilha de Creta, Knossos, durante um exílio a que Dédalo teve que se submeter, quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei Minos.54 [...] o termo ‘labirinto’ tem três diferentes significados. É mais freqüentemente utilizado como uma metáfora, uma referência a uma situação difícil, não clara e confusa. Esse sentido figurativo, proverbial, tem sido usado desde a Antigüidade tardia (Século três d.C.) e pode ser retomado do conceito de ‘maze’55, uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhante muitos caminhos, alguns dos quais levam a becos sem saída. Esta noção particular de labirinto [...] (neste contexto, um maze) é empregada como motivo literário. [...]. Como uma figura linear ou um gráfico, um labirinto é mais bem definido primeiramente em termos de forma. Sua forma circular ou retangular faz sentido somente quando visto de cima, como a planta de uma construção. Visto como tal, as linhas aparecem delineando as paredes e o espaço entre elas como o caminho, o lendário ‘Fio de Ariadne’. As paredes em si não são importantes. Sua única função é marcar o caminho, definir coreograficamente, como era, o padrão fixo do movimento. O caminho começa com uma pequena abertura no perímetro e leva ao centro dirigindose de forma circular por todo o labirinto. Oposto a um maze, o caminho do labirinto não é intersectado por outros caminhos. Não existem escolhas a serem feitas, e o caminho leva inevitavelmente, a finalizar, no centro. Portanto, o único beco sem saída em um labirinto é no seu centro. Uma vez lá o caminhante deve dar meia volta e 56 retornar pelo mesmo caminho para fora.

Forma O desenho do caminho pode assumir numerosas formas, e constitui um labirinto somente se o caminho não é intersectado, ou seja, se não requer do caminhante nenhuma escolha e se: • dobra-se de volta em si mesmo, continuamente mudando de direção, • preenche o espaço interior inteiramente direcionando seu caminho da forma mais circular possível, • repetidamente leva o visitante a passar perto do centro, • inevitavelmente termina no centro, e 57 • tem um único caminho de volta à entrada. 54

STEPHANIDES, I & M. Dédalo e Ícaro. Rio de Janeiro: Tecnoprint. 1984. Série-B, v.11, p. 25. Em Inglês, o termo ‘labyrinth’ é diferente do termo ‘maze’ (lê-se, ‘meize’), contudo os dois possuem a mesma tradução para o Português: ‘labirinto’; as diferenças serão explicadas adiante, porém quando for encontrada a tradução ‘labirinto’ esta se referirá ao termo ‘labyrinth’. E ‘maze’ permanecerá sem tradução. 56 KERN, Herman. Through the Labyrinth: Designs and meanings over 5,000 years. Munich: Prestel, 2000, p.23. (tradução nossa) 57 Ibidem, loc.cit. (tradução nossa) 55


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Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a mão direita na parede, é muito provável que se possa alcançar o centro e voltar ao início.

Construção O tipo mais antigo de labirinto, chamado “Cretense” por sua presumida origem, apesar de ter existido como uma forma labiríntica básica na Índia e América, tem sete circuitos, não arrumados consecutivamente.58 Há muitos princípios de construção relativos aos labirintos, que podem ser usados em várias combinações, algumas básicas variações que podem ser aplicadas ao tipo Cretense. Para começar, coloque quatro ângulos retos entre os braços de uma cruz central, e insira quatro pontos nesses ângulos. Então, conecte o topo da cruz com o braço vertical do ângulo superior esquerdo. Agora, coloque sua caneta no ponto desse ângulo reto. Daqui desenhe – na direção oposta – um arco conectando o braço vertical do ângulo superior direito. Começando no ponto desse ângulo reto, desenhe um arco até o final do braço horizontal do ângulo superior esquerdo. Uma vez que os outros finais tenham sido conectados da mesma maneira, o labirinto Cretense de sete circuitos estará completo.59

Baseado nas formas que compõem a construção de um labirinto do tipo Cretense, pode-se chegar a duas conclusões:

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KERN, 2000, p. 24. (tradução nossa) Ibidem, loc.cit. (tradução nossa)


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[...] um quadrado é claramente transformado em um círculo. A cruz central e os pontos colocados em um padrão quadrado, juntamente com as linhas conectoras semicirculares, são os elementos constitutivos do labirinto. O resultado desta soma orgânica de vetores, em termos de forma, é um círculo [...] incompleto. É impossível negligenciar o fenômeno de enquadrar um círculo (isto é, realizar o impossível) – não como um problema matemático, mas como um ponto de vista cosmológico antigo. O quadrado (cujas coordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o círculo (a circunferência ou a área da superfície) representam duas visões de mundo básicas. Ambas as formas revelam uma tentativa de orientação básica, ou a determinação de uma posição. Ambas as formas são inerentes ao labirinto, e vão mais longe do que determinar sua forma própria. Elas sublinham o fato de que o labirinto é uma ‘figura de orientação’ quintessenciada, uma entidade com um caminho claro, representando uma visão de mundo. Este é um tema que também pertence aos mazes, mas de uma forma negativa, pois nos mazes o caminho se resume à falta de orientação. Baseado na interpretação do círculo como um símbolo dos céus (e do caminho do sol) e do quadrado como um símbolo da terra, pode-se inferir que o enquadramento de um círculo [...] representa um tipo de reconciliação, uma união de ambos. [...]. O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaços de fios, que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassem apenas uma vez, com os quatro finais demarcando os cantos de um quadrado espiritual, e delineando um direcionamento característico do caminho, que não é intersectado por outros caminhos. [figura da construção do labirinto].60

História A história do conceito de labirinto não é difícil de ser traçada. As referências literárias mais antigas levam a assumir-se que o termo ‘labirinto’ significava uma notável estrutura (de pedra). O que é provavelmente a primeira menção a um labirinto aparece em uma pequena tabuleta de barro Micena achada em Knossos, datando de 1400 a.C. [...]. Também é possível que a palavra significasse uma superfície de dança marcando padrão labiríntico correspondente ao desenho na aproximadamente contemporânea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200 a.C.). A próxima menção conhecida apareceu no trabalho agora perdido do arquiteto de Samos, Theodorus, o Heraeum, que ele construiu em Samos no século sexto. Em um tributo de auto-exaltação, ele se comparou a Dédalo [...]. [...] Os mazes não são mencionados em nenhum desses relatos e não parecem estar associados a labirintos. [...] É possível que a palavra [‘labyrinthos’] tenha sido emprestada de fontes Minóicas e/ou orientais. O local do labirinto original de Creta está sugerido na descrição de Homero de uma dança labiríntica em Knossos (Ilíada 18.590) e da aventura Cretense de Teseu [...].61 Já que a etimologia da palavra é desconhecida e as mais antigas referências literárias obviamente denotam um significado derivativo e secundário,

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KERN, 2000, p. 24-25. (tradução nossa) Ibidem, p.25. (tradução nossa)


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somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente. [...]. Se as tradições literárias, visuais e de dança devem ser traçadas a uma fonte comum, esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetípico. Há muito a ser dito sobre a hipótese de que o conceito de labirinto primeiramente se manifestou como uma dança em grupo, e que uma fila de dançarinos seguia um caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos e nos petróglifos correspondentes à Idade do Bronze da Bacia do Mediterrâneo. [...]. Esse design de labirinto tinha uma função coreográfica; ele determinava o caminho da dança do labirinto.62

“Esses caminhos da dança eram provavelmente marcados na superfície de dança com muita antecedência, portanto, as duas manifestações, a dança e a versão gráfica, coincidiram uma com a outra.” 63 Isso parece apoiar a teoria de que o termo “labyrinthos” originalmente denotava uma dança cujo caminho era determinado pelo padrão gráfico. [...]. Além do mais, essa superfície de dança que Dédalo ‘astuciosamente trabalhou’ para Ariadne, segundo Homero (Ilíada 18.592), certamente tinha marcas perfuradas deste caminho – possivelmente incrustado em mármore – que permitiram à fila de dançarinos executar seus movimentos labirínticos, também descritos por Homero. Este “estágio” elaborado, [...] deve ter servido como modelo para o já mencionado conceito de labirinto: uma “notável estrutura (de pedra)”. Agora é possível reconstruir o conceito original de labirinto a partir desta concordância das tradições literárias, visuais e de dança.64

A origem do “Maze” Ainda não se sabe como a palavra denotando este design simples, que não tem intersecções, veio a ser usada como um sinônimo de ‘maze’. A explicação mais provável é baseada na suposição de que – na era Helenística tardia – o caminho desenhado da dança não era mais entendido, que a tradição tinha morrido ou se modificado, e que os movimentos prescritos eram tidos como confusos e difíceis de compreender, mesmo quando era feito corretamente. Esta confusão era presumivelmente pretendida como sendo uma das características fundamentais da dança. Uma vez que a dança não era mais compreendida nem pelos dançarinos nem pela audiência, o senso de confusão foi posteriormente intensificado. Parece ter sido o caso, aproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [...]. [...]. Se a natureza imprevisível da dança do labirinto for vista sob a luz da idéia mencionada anteriormente [...] do labirinto como uma estrutura notável, engenhosa e complexa, o resultado é um maze fechado em uma construção. 62

KERN, 2000, p. 25. (tradução nossa) Ibidem, p. 27. (tradução nossa) 64 Ibid., p. 25-26. (tradução nossa) 63


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Combinando esses dois conceitos, cada um chamado de ‘labirinto’, uma terceira idéia emerge, que não tem nada em comum com o conceito original de labirinto, a não ser o nome.65

Mais adiante, a interpretação moralmente depreciativa do labirinto como um local pecaminoso e enganoso, evidente em muitas representações de labirintos em manuscritos medievais, é um outro exemplo do design simples do labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literário maze. O único novo aspecto dessa interpretação Cristã é o juízo de valor moral negativo associado a ele. A suposição declarada anteriormente – de que o motivo literário maze da Antigüidade ocorreu graças a uma concepção erroneamente interpretada do labirinto – é também relevante a este exemplo, que ecoa o fato de as danças do labirinto cessarem por não serem compreendidas, e como resultado, serem vistas como desesperadamente confusas. Finalmente, deve-se notar que os verdadeiros labirintos, em contraste aos mazes, são praticamente impossíveis de se verbalizar; portanto, não é surpresa que as metáforas do labirinto geralmente se refiram a mazes.66

Assim, tem-se as duas mais importantes formulações do conceito de labirinto, que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes. Tipos de Maze

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KERN, 2000, p. 26. (tradução nossa) Ibidem, p. 30. (tradução nossa)


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Princípios e Interpretações A evidência mais antiga da existência do design do labirinto [...] é conhecida na Creta Minóica, no segundo, ou possivelmente no terceiro milênio a.C. [...] O que se tem certeza é que o design não é Paleolítico, mas, o mais tardar, Neolítico. Os aspectos astrais e cosmológicos de labirintos apóiam isto. Observação celestial, o conhecimento derivativo do calendário, e a habilidade de medir o tempo não eram do interesse dos caçadores e coletores nômades do Paleolítico, mas eram dos fazendeiros Neolíticos que precisavam colher suas plantações em certos períodos do ano. Outra indicação do labirinto ter sido criado no período Neolítico é a relação próxima entre a morte e a esperança de reencarnação, que é impressionantemente documentada pelos túmulos megalíticos do período Neolítico.67

Iniciação, Morte, o Mundo Subterrâneo, e Reencarnação O labirinto pode ser visto como a representação perfeita para rituais de iniciação e passagem. Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente, percebe-se que este é um espaço interior isolado dos arredores. Uma parede externa envolve-o e existe somente uma pequena entrada. O espaço interior lembra um plano ou planta arquitetônica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhada. Um certo nível de maturidade é requerido para se entender sua forma, bem como tomar a decisão de se aventurar dentro de um labirinto. [...]. Uma vez passada a entrada o ‘princípio do caminho tortuoso’ tem efeito. O espaço interior é preenchido com o maior número possível de voltas e guinadas – significando a maior perda de tempo e maior empenho físico para o caminhante na sua jornada para o centro.[...]. No centro, o sujeito está sozinho, encontrando com ele mesmo – ou um princípio divino, um Minotauro, ou qualquer coisa que represente este ‘centro’. Em qualquer caso, deve ser o lugar onde se tem a oportunidade de se descobrir algo tão básico de modo que isso demande uma fundamental mudança de direção. Para deixar um labirinto, o caminhante deve se virar e retraçar seus passos. Uma mudança de direção de 180 graus significa distanciar-se do seu próprio passado o quanto for possível. [...]. Portanto virar-se no centro não significa somente desistir de uma existência prévia; mas também marca um novo começo. Um caminhante deixando o labirinto não é a mesma pessoa que entrou, e renasceu em uma nova fase ou nível de existência; o centro é onde a morte e o renascimento ocorrem. [...] este é um dos mais importantes ritos de passagem. [...] Não é por acaso que alguns dos mais antigos labirintos – petróglifos da Idade do Bronze – estão associados tanto com túmulos como com minas, isto é, aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta ao útero da Mãe Terra, a “rainha do mundo subterrâneo.” 68

67 68

KERN, 2000, p. 27. (tradução nossa) Ibidem, p. 30. (tradução nossa)


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Também não é por acaso que labirintos sejam associados às voltas das entranhas; que é similar ao pensamento de que, na Índia o labirinto magicamente facilitaria o nascimento [...]. Iniciação significa morte e renascimento simbólicos. Ainda, a morte física pode também ser vista como a transformação de uma existência prévia e como uma passagem para outra nova. Portanto, se o labirinto simboliza morte e reencarnação como descrito acima, então se deve encontrar labirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma pós-vida. 69

União Sagrada Discutiu-se o labirinto como um útero e a “penetração no ventre da Mãe Terra”. Se esta idéia fosse considerada por um nível menos metafórico, seria justificável apontar as óbvias conotações sexuais que estão associadas com a penetração da totalidade organóide do labirinto e com a estreiteza e forma do seu caminho. [...] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades do labirinto aumentavam a fecundidade dos campos, por restabelecer a União Sagrada (hierogamia) cósmica, a união do (Pai) Céu e da (Mãe) Terra que gera a vida. 70

Simbolismo Cosmológico e Astral Existem indicações [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da dança labiríntica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneira mais geral. A razão para este tipo de imitação poderia ter sido para manter a harmonia do mundo e do céu por meio de mágica simpática. 71

“A idéia Pitagórica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante para os labirintos [nesta interpretação].” 72

[...] a idéia da harmonia das esferas emergiu em 400 a.C., depois de ter sido descoberto que a Terra era redonda e o “espaço para as órbitas circulares e concêntricas dos planetas foi criado”. Antes dessa descoberta, os planetas tinham o nome genérico (“estrelas andantes”); e já que não se sabia que seus movimentos são governados por leis naturais, os planetas teriam sido ligados – se foram – ao caminho do labirinto (já provado ser muito mais antigo) em um senso mais genérico e metafórico.73

69

KERN, 2000, p. 31. (tradução nossa) Ibidem, loc.cit. (tradução nossa) 71 Ibid., p. 32. (tradução nossa) 72 Ibid., p. 33. (tradução nossa) 73 Ibid., p. 32-33. (tradução nossa) 70


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“In a labyrinth, one does not lose oneself In a labyrinth, one finds oneself In a labyrinth, one does not encounter the Minotaur In a labyrinth, one encounters oneself”74

Num labirinto, a pessoa não se perde Num labirinto, a pessoa se acha Num labirinto, a pessoa não encontra o Minotauro Num labirinto, a pessoa se encontra

74

KERN, 2000, p. 23.


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1.9 Relações entre mandalas e labirintos Diante das interpretações dos labirintos como um dos melhores símbolos para ritos de iniciação, sabe-se que essas relações entre o rito de iniciação e o iniciado ocorrem freqüentemente nas religiões. Nesse sentido, o iniciado teria que “percorrer um labirinto”, metaforicamente, para alcançar os segredos esotéricos mais profundos e guardados de certas religiões. O que é esotérico, diz respeito aos conhecimentos diretamente adquiridos pela experiência do mestre “místico” que são ensinadas apenas aos iniciados, ou seja, toda religião, no seu âmago, ou em seus ensinamentos mais íntimos e profundos, possuem um caráter “místico”. Mas quando o conhecimento se torna exotérico, significa que este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual, geralmente após sua morte e transformaram-no em uma religião propriamente dita, ou seja, simplificada, para que pudesse ser repassada às grandes massas, ou os não iniciados, que não possuem a tenacidade necessária para “percorrer o labirinto” e conhecer os ensinamentos mais profundamente, e possivelmente alcançar a “iluminação” ou “graça”, assim como o mestre fez.75, 76 Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto, então concluirá sua iniciação, ou seu rito de passagem, que pode ser simbolizado, como também já foi dito, pelas passagens da morte e da reencarnação. [...] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso àqueles que não estão qualificados, o intruso que pode violar o sagrado, a intimidade das relações com o divino. O acesso só é permitido àqueles que conhecem os planos divinos, aos iniciados.77

Esta seria a finalidade do labirinto relacionado à mandala. Cair no labirinto é como cair no ciclo das experiências na matéria e vagar a esmo, confusamente, entre mil desvios e incertezas [...], em meio aos inumeráveis rumos das sensações, da dúvida, dos pensamentos e das emoções, [...] [até que, concentrado em si mesmo, quando, metaforicamente atinge o centro do labirinto], o caminhante é tomado pela luz da intuição 75

GOSWAMI, 1998, p. 74-81. ANDRADE, Hernani G. Você e a reencarnação. Bauru: CEAC, 2002. pp.30, 86 77 http://www.antares.com.br/~sbr/Cho-Ku-Rei3-2.htm 76


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pura e volta à luz da verdadeira ressurreição espiritual, da vitória do espiritual sobre o material, do eterno sobre o perecível, da inteligência sobre o instinto, da compaixão sobre a insensibilidade do coração, da doçura contra a força cega, da síntese sobre a multiplicidade, do saber sobre a sombra da ignorância [avidya] escravizante. Quanto mais penosa a caminhada e árduos os obstáculos a serem vencidos, mais o viajante se transforma. Alcançado o centro do labirinto, o viajante cumpriu a meta, consagrou-se, alcançou a graça (revelação) dos mistérios divinos, [re]ligouse à Luz pelo segredo.78

Esse é o objetivo da meditação sobre uma mandala, e a estreita relação entre o labirinto e a mandala, que muitas vezes possui uma configuração labiríntica. Assim como no labirinto, é necessário con[C]ENTRAR-se, sobre a mandala.

Como o labirinto, a mandala contém um espaço sagrado central. Interiorizada, constitui a caverna do coração. Enquanto no labirinto o caminhante se encontra no mundo material, mas numa busca iniciatória do transcendente, a mandala representa o universo material (seus quadrados) e o universo espiritual (seus círculos). É uma projeção visível de um mundo divino, a imagem e a propulsora da ascensão espiritual. Da mesma forma que encontrar o centro do labirinto, a contemplação de uma mandala inspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essência, seu sentido, sua razão. 79

78 79

http://www.antares.com.br/~sbr/Cho-Ku-Rei3-2.htm Ibidem, loc.cit.


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1.10 Os Labirintos e as Dobras Assim como as mandalas, os labirintos (no sentido de maze) são todos compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas. Diz-se que um labirinto é múltiplo, etimologicamente, porque tem muitas dobras. O múltiplo é não só o que tem muitas partes, mas o que é dobrado de muitas maneiras. Um labirinto corresponde precisamente a cada andar: o labirinto do contínuo, na matéria e em suas partes, e o labirinto da liberdade, na alma e em seus predicados.80

É certo dizer que os dois andares se comunicam (razão pela qual o contínuo remonta à alma). Há almas embaixo, sensitivas, animais, ou até mesmo um andar de baixo nas almas, e estas estão rodeadas, envolvidas pelas redobras da matéria. Quando aprendemos que as almas não podem ter janela que dê para fora, devemos compreender isso, pelo menos inicialmente, em relação às almas de cima, racionais, que ascenderam ao outro andar (“elevação”).81

[...] Leibniz afirmará sempre: uma correspondência e mesmo uma comunicação entre os dois andares, entre os dois labirintos entre as redobras da matéria e as dobras na alma. Uma dobra entre duas dobras? E a mesma imagem, a das veias de mármore, aplica-se às duas, sob condições diferentes: ora as veias são as redobras da matéria que rodeiam os viventes agarrados na massa, de modo que a placa de mármore é como um lago ondulante de peixe, ora as veias são as idéias inatas na alma, como as figuras dobradas ou as estátuas em potência presas no bloco de mármore. A matéria é marmoreada e a alma é marmoreada, mas de duas maneiras diferentes.82

Sabe-se que nome dará Leibniz à alma ou ao sujeito como ponto metafísico: mônada. Ele encontra esse nome entre os neoplatônicos, os quais se serviam dele para designar um estado do Uno: a unidade, uma vez que envolve uma multiplicidade, que por sua vez, desenvolve o Uno à maneira de uma “série”.83

80

DELEUZE, Gilles. A Dobra: Leibniz e o Barroco. Tradução de Luiz B. L. Orlandi. Campinas: Papirus, 1991, cap.1, passim. 81 Ibidem, loc.cit. 82 Ibid., loc.cit. 83 Ibid., loc.cit.


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1.11 O Atomismo Grego Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista. Eles construíram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexões filosóficas lógicas. Os Eleatas, a cuja escola pertencia Empédocles, criaram sérias dificuldades para a conciliação entre a razão e os sentidos. De um lado ensinavam um monismo corporalista, negavam a existência do vazio e afirmavam a impossibilidade do movimento, como decorrência lógica dessas proposições. Por outro lado, eram obrigados, pelos sentidos, a observar a existência de um pluralismo, ainda que aparente, e a realidade física do movimento. [...] Empédocles [no século V a.C. (490 a 430 a.C.)], procurou harmonizá-los, propondo a substituição do monismo corporalista por um pluralismo em que o Universo compreenderia quatro raízes ou elementos: a água, o ar, a terra e o fogo .84

Estes elementos seriam eternos e imutáveis, e, combinados em diferentes proporções (misturados pelo Amor e separados pelo Ódio85), gerariam todas as coisas. Zenon de Eléia (aproximadamente 504 a.C.) concordava com os Eleatas, às vezes chegando a não condizer com a realidade observável. Zenon parece ter sido um dos mestres de Leucipo, a quem é atribuída a criação do atomismo grego, posteriormente desenvolvida por Demócrito, seu discípulo. Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de 500-430 a.C. Já Demócrito de Abdera (460-370 a.C.) ajudou-o a desenvolver suas idéias. Leucipo e seu discípulo Demócrito formularam uma teoria conciliatória. Não refutaram existência do ser como um cheio absoluto – o “plenum” – porém admitiram que o ser não era uno, mas sim múltiplo, constituindo-se em um número infinito de átomos, invisíveis e indivisíveis, movimentando-se no vácuo. Para eles, o cheio e o vazio são elementos. Ao primeiro, deram o nome de ser; ao segundo, não-ser; o ser é pleno e sólido; o não-ser é vazio e inconsistente. Desta forma Leucipo e Demócrito resolveram, também, o problema da geração e da destruição das coisas, assim como o do movimento. As coisas formam-se pela união dos átomos e estes podem combinar-se de inúmeras maneiras, originando assim a incomensurável variedade dos objetos. Estes, por sua vez podem mover-se devido à presença do vazio.86

84

ANDRADE, Hernani G. PSI Quântico: Uma extensão dos conceitos quânticos e atômicos à idéia do Espírito. Votuporanga: Didier, 2001, p.27. 85 Ibidem, p.28. 86 Ibid., p.24.


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É importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os “pedaços indivisíveis de matéria” e foi Demócrito quem os nomeou de “átomos” (que significa “nãocortável”), e ao último também é atribuída a declaração de que “a alma se constitui de átomos esféricos”, segundo Aristóteles87. No século IV, Aristóteles (384-322 a.C.) acrescentou um quinto elemento, o éter, à teoria dos elementos de Empédocles. Este seria a matéria constitutiva dos corpos celestes, (o sol, a lua, as estrelas e planetas). Posteriormente, Platão deu sua explicação sobre a composição da matéria no diálogo “Timaeus”. Ele combinou idéias próximas do atomismo com o descobrimento dos sólidos regulares feito pelos Pitagóricos e também com os elementos de Empédocles. Ele comparou as menores partes do elemento terra com o cubo, do ar com o octaedro, do fogo com o tetraedro, e da água com o icosaedro.88

Ao dodecaedro, conclui-se que correspondia o éter, pois Platão disse: “havia ainda uma quinta combinação que Deus usou na delineação do universo.” 89

87

ANDRADE, 2001, p.94. HEISENBERG, Werner. Physics and Philosophy: The revolutions in modern Science. New York: Harper Torchbooks, 1958. p.68 (tradução nossa) 89 Ibidem, loc. cit. 88


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1.12 A Unidade, A ilusão de Maya e o deus Shiva O físico Amit Goswami, sugere uma filosofia idealista monista para a interpretação da física quântica que, sendo analisada sob a ótica do realismo materialista, se perde em meio a paradoxos insolúveis. Essa filosofia idealista monista, além de acabar com os paradoxos da física quântica, ainda abre espaço para a integração entre ciência e espiritualidade. Diz ele: De acordo com o idealismo monista, a consciência do sujeito em uma experiência sujeito-objeto é a mesma que constitui o fundamento de todo ser. Por conseguinte, a consciência é unitiva. Só há um sujeito-consciência, e somos essa consciência. “Tu és isso!”, dizem os livros sagrados hindus, conhecidos coletivamente como Upanishads. Porque, então, em nossa experiência comum, nós nos sentimos tão separados? A separatividade, insiste o místico, é uma ilusão. Se meditarmos sobre a verdadeira natureza de nosso ser, descobriremos, como descobriram os místicos de muitas eras e tempos, que só há uma consciência por trás de toda diversidade. Esta consciência/sujeito/ser recebe numerosos nomes.90

Os místicos são testemunhas dessa realidade fundamental única e essas evidências ocorreram em diferentes épocas e culturas por todo o mundo. Como exemplo, pode-se citar referências do Hinduísmo e do Cristianismo a essa unidade: Shankara, místico hindu do século VIII, expressou exuberantemente essa iluminação: “Eu sou a realidade sem começo, sem igual. Não participo da ilusão ‘Eu’ e ‘Vós’, ‘Isto’ e ‘Aquilo’. Eu sou Brahman, o primeiro sem segundo, a bem-aventurança sem fim, a verdade eterna, imutável... Eu resido em todos os seres como a alma, a consciência pura, o fundamento de todos os fenômenos, internos e externos. Eu sou o que desfruta e o que é desfrutado. Nos dias da minha ignorância, eu costumava pensar nessas coisas como separadas de mim. Agora, sei que sou Tudo.” E finalmente, Jesus de Nazaré declarou: “Eu e o Pai somos um.” 91

Mas também Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam: “Sois deuses”, àqueles a quem a palavra de Deus foi dirigida.92

90

GOSWAMI, 1998, p. 75. Ibidem, p. 77. 92 JOÃO, cap. X, v. de 30 a 35 91


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Uma resposta tradicional, dada por idealistas, como Shankara, é que o self individual [e a separatividade] é ilusório, tal como o resto do mundo imanente. Faz parte daquilo que, em sânscrito, é denominado de maya, o mundo da ilusão. Em uma veia semelhante, Platão descreveu o mundo como um espetáculo de sombras [a alegoria da caverna].93 A base da instrução espiritual [...] de todo o Hinduísmo, consiste na idéia de que as coisas e eventos que nos cercam nada mais são, em sua grande parte variedade, que manifestações diversas de uma mesma realidade última. Essa realidade, chamada Brahman, é o conceito unificador que confere ao Hinduísmo o seu caráter essencialmente monístico, não obstante a adoração de numerosos deuses e deusas. Brahman, a realidade última, é entendida como sendo a “alma” ou essência interna de todas as coisas. Ela é infinita e está além de todos os conceitos. Ela não pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita em palavras [...]. Contudo, as pessoas querem falar acerca dessa realidade e os sábios hindus, com sua propensão característica para o mito, representaram Brahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitológica. Os diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inúmeros deuses adorados pelos hindus, mas os textos deixam bem claro que todos esses deuses são apenas reflexos da realidade última. [...]. A manifestação de Brahman na alma humana é chamada Atman, e a idéia de que Atman e Brahman, a realidade individual e a realidade última, são Um constitui a essência dos Upanishads. 94

Na mitologia hindu a criação do mundo se dá pelo auto-sacrifício de Deus. Sacrifício, no sentido de “ fazer o sagrado”, no qual Deus se torna o mundo e, depois, o mundo torna-se Deus novamente. Essa criação é chamada de lila a peça divina, cujo palco é o mundo.

Brahman é o grande mago que se transforma no mundo e desempenha sua façanha com seu ‘poder criativo mágico’, que é o significado original de maya no Rig Veda. A palavra maya – um dos termos mais importantes na filosofia da Índia – teve seu significado alterado ao longo dos séculos. De ‘poder’ do agente mágico divino, veio a significar o estado psicológico de um ser humano sob o encantamento da peça mágica. Na medida em que confundimos a miríade de formas da divina lila com a realidade, sem perceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas, continuaremos sob o encanto de maya. Maya, então, não significa que o mundo é uma ilusão, como erradamente se afirma com freqüência. A ilusão reside meramente em nosso ponto de vista, se pensarmos que as formas e estruturas, coisas e fatos existentes em torno de nós são realidades da natureza, em vez de percebermos que são apenas conceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a medição e a categorização. Maya é a ilusão de tomar tais conceitos pela realidade, de confundir o mapa com o território. 93

GOSWAMI, 1998, p. 196. CAPRA, Fritjof. O Tao da física: um paralelo entre a física moderna e o misticismo oriental. Tradução de José Fernandes Dias. São Paulo: Cultrix, 1999. pp. 72.

94


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Na concepção hinduística da natureza, todas as formas são relativas, fluidas, maya em eterna mutação, conjuradas pelo grande mago da peça divina [que é rítmica e dinâmica]. A força dinâmica da peça é karma, um outro conceito fundamental do pensamento indiano. Karma significa ‘ação’. É o princípio ativo da peça, a totalidade do universo em ação, onde tudo se acha dinamicamente vinculado a tudo o mais. [...]. O significado de karma, como o de maya, tem sido reduzido de seu nível cósmico original ao nível humano, onde adquiriu um sentido psicológico. Na medida em que nossa concepção do mundo permanece fragmentada, na medida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estar separados do meio que nos cerca, podendo agir independentemente, achamonos atados pelo karma. Libertar-se desse laço significa compreender a unidade e harmonia de toda a natureza, inclusive nós mesmos, e agir de acordo com esse entendimento.95

A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiví[duo], mostra que este ainda está preso na ilusão que engloba as dualidades. (o indiví[duo] já é dual; isso é uma ilusão e um paradoxo, pois acha que é um, sendo indivi[dual], mas se vê como separado, pois pensa que são dois, ele e o mundo externo). Então, o “mundo imanente não é maya; nem mesmo o ego o é. A verdadeira maya é a separatividade. Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo, eis a ilusão.” 96 Libertar-se do encantamento de maya, romper os laços do karma significa compreender que todos os fenômenos que percebemos com nossos sentidos constituem parte da mesma realidade. Significa experimentar concreta e pessoalmente, o fato de que tudo, inclusive nosso próprio ser, é Brahman. Essa experiência é denominada moksha ou “libertação”, na filosofia hinduísta e constitui a essência mesma do Hinduísmo. O Hinduísmo sustenta que existem inúmeros caminhos para a libertação. Não se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam se aproximar do Divino de idêntica forma, razão pela qual o Hinduísmo proporciona diferentes conceitos, rituais e exercícios espirituais para as diversas modalidades de consciência. [...]. Para o hindu comum, a forma mais popular de se aproximar do Divino consiste em adorá-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal. A fértil imaginação indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecem em inúmeras manifestações. [...].97

95

CAPRA, 1999, p. 73. GOSWAMI, 1998, p. 232. 97 CAPRA, op. cit., p.74. 96


57

Uma delas é o deus Shiva. É “um dos mais antigos deuses indianos e pode assumir muitas formas.[...]. Sua aparição mais celebrada corresponde a Nataraja, o Rei dos Dançarinos.” 98

Segundo a crença hindu, todas as vidas são parte de um grande processo rítmico de criação e destruição, de morte e renascimento e a dança de Shiva simboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclos intermináveis. [...]. A dança de Shiva [como Nataraja] simboliza não apenas os ciclos cósmicos de criação e destruição, mas também o ritmo diário de nascimento e morte, visto no misticismo indiano como a base da existência. Ao mesmo tempo, Shiva lembra-nos que as múltiplas formas do mundo são maya – não fundamentais, mas ilusórias e em permanente mudança – na medida em que segue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua dança. [...]. Os artistas indianos dos séculos X e XII representaram a dança cósmica de Shiva em magníficas esculturas de bronze de figuras dançantes com quatro braços, cujos gestos soberbamente equilibrados e, não obstante, dinâmicos expressam o ritmo e a unidade da Vida. Os diversos significados da dança são transmitidos pelos detalhes dessas figuras através de uma complexa alegoria pictórica. A mão direita superior do deus segura um tambor que simboliza o som primordial da criação; a mão esquerda superior sustenta uma língua de chama, o elemento de destruição. O equilíbrio das duas mãos representa o equilíbrio dinâmico entre a criação e a destruição no mundo, acentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Dançarino no centro das duas mãos, no qual a polaridade ente criação e destruição é dissolvida e transcendida. A segunda mão direita ergue-se num gesto que significa “não tenha medo”, expressando manutenção, proteção e paz; por sua vez, a mão esquerda remanescente aponta para baixo, para o pé erguido e que simboliza a libertação da fascinação de maya. O deus é representado dançando sobre o corpo de um demônio, símbolo da ignorância do homem e que deve ser conquistado antes que seja alcançada a libertação. [...]. A dança de Shiva é o universo que dança, o fluxo incessante de energia que permeia uma variedade infinita de padrões que se fundem uns nos outros.99

98 99

CAPRA, 1999, p. 74. Ibidem, p. 183-184.


58

“Nem de, nem para; no ponto imóvel, aí está a dança, Mas não parada nem em movimento. E não chame de imobilidade O local onde passado e futuro se encontram... ...Se não houvesse o ponto, o ponto imóvel, Não haveria dança, e só há a dança.” 100

T.S. Eliot

100

GOSWAMI, 1998, p. 232.


59

2 CONSIDERAÇÕES FINAIS Este trabalho proporcionou três insights principais: O paradoxo da indivi[dualidade], que se resolve quando se compreende que não existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente; a necessidade de con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a própria [Uni]dade no [Uni]verso. Considera-se finalmente que se levarmos em consideração apenas uma visão de mundo que não é capaz de explicar satisfatoriamente – metafisicamente e metodologicamente – todos os fenômenos existentes na natureza, torna-se muito difícil pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por métodos que se presumem “corretos” apenas porque deram resultados “positivos”. Estes antolhos científicos são como dogmas, que não permitem enxergar que para questões espirituais não se pode utilizar os mesmos métodos de investigação que são utilizados para pesquisas no âmbito material. É preciso olhar para outras metodologias já consagradas pelas grandes tradições filosóficas milenares – e são muitas– que basicamente possuem outras características, quais sejam, a intuição e a criatividade usadas como método, que não passam pelo pensamento racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano, como um salto quântico. Aliás, surgem como um insight, que não é nada menos do que um salto quântico da mente. Tais características não são mensuráveis, ponderáveis, ou quantificáveis. É interessante perceber que a ciência também se utiliza destas mesmas características quando quer descobrir algo, e o mais interessante, é que isso pode ser encarado como a relação de integração entre a ciência e a espiritualidade. Apenas com uma pequena diferença: após a ciência ter trabalhado com todas estas características não-quantificáveis, ela aplica a razão posteriormente para que isso possa “servir” a propósitos quaisquer, tirando a primeiridade da experiência. Ou seja, saindo do “esoterismo” científico, e transformando-o em “ exoterismo” científico; neste sentido, as


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descobertas científicas são apenas aceitas pelas pessoas, pois não foram elas que as pesquisaram e descobriram. A divulgação científica é aceita assim como os dogmas religiosos (exotéricos) o são pelos que têm fé. E note-se que este é o mesmo método com relação às filosofias “místicas” Orientais e Ocidentais, o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensão da dimensão do Transcendente, e chega, quando percebe a Unidade que existe entre o primeiro e o Último. Isso pode caracterizar-se como uma conclusão científica, pois, é este resultado que os místicos encontraram em seus experimentos, constituindo assim a universalidade dos achados, que é um método científico. Se, após vários experimentos chegase ao mesmo resultado, pode-se generalizar este resultado para o resto da população; simples método indutivo. Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas são interligadas e não separadas. Aí se pode ter mais paz interior, pois as pessoas podem ser Unas, elas mesmas sem divisão com a Unidade de tudo no Universo. É preciso ter coragem para mudar os métodos, encarar a irracionalidade das experiências e perceber esses paralelos que existem nas metodologias, metafísicas e tudo que envolve a ciência, a religião, as artes, a filosofia e a loucura. A humanidade caminha para a integração, é inevitável e natural. E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de integração. É preciso utilizar-se do VIRTUAL. Por meio do Virtual as coisas e as não-coisas não se diferenciam mais. É como o ponto imóvel, o ponto de convergência, o ponto de mutação, é onde tudo ainda será, não é, sendo, é Isso, o Virtual, que está no Transcendente. Essa concretização, atualização, realização, colapso de ondas quânticas, só depende de nós, aliás, da nossa base essencial de seres humanos, que é a Consciência/Espírito.


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APÊNDICE Legendas das imagens mais intrigantes do mundo virtual HyperCube Calendário Asteca http://members.tripod.com/~agentwilson/mexico5.html

O deus Shiva manifesto como Nataraja. http://www.fh-lueneburg.de/u1/gym03/expo/jonatur/auffassu/weltreli/shiva.jpg

Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador. Note que parece estar vestindo roupas espaciais. Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo. (Tradução nossa) http://www.ufoartwork.com/

A imagem vem de uma tradução Tibetana do texto em Sânscrito “Prajnaparamita Sutra”, guardado em um museu Japonês. Na marcação pode-se ver dois objetos que parecem chapéus, mas por que eles estão flutuando no meio do ar? Também um deles parece ter aberturas de portas ou janelas. Textos Védicos Indianos estão cheios de descrições de “Vimanas”. O “Ramayana” descreve os “Vimanas” como uma aeronave circular ou cilíndrica, com dois andares, janelas e um domo. Voava com “a velocidade do vento” e soava um “som melódico”. (Tradução nossa) http://www.ufoartwork.com/

Esta é uma ilustração do livro “ Ume No Chiri” (Poeira de Albricoque) publicado em 1803. Uma nau estrangeira e tripulação testemunharam este estranho objeto em Haratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Província de Ibaragi), Japão. De acordo com a explicação no desenho, a casca externa era feita de ferro e vidro, e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da nave. http://www.ufoartwork.com/

Formação incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O círculo à direita contém informações em código binário. http://www.circlemakers.org/totc2002.html


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