entrevista ana mametto
por davi carneiro FOTOS ivan baldivieso
Com a e d a forç á j n a Iem A cantora Ana Mametto, que já trabalhou com nomes como Carlinhos Brown, Daniela Mercury e Claudia Leitte, vive uma fase especial em sua carreira. No Rio Vermelho, a Let’s Go conversou sobre seu momento atual, os planos para o futuro e o sucesso da banda Mametto
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A tarde caía serena e tranquila no bairro do Rio Vermelho. Abençoado pela natureza, o local exibe um pôr-do-sol que, sem cerimônia, descortina-se ao lado do Morro da Sereia. É um espetáculo à parte, reforçado pelo mar convidativo, pincelado por embarcações que descansam à beira da praia. Um grupo de senhores jogava dominó, impassíveis, debaixo de uma frondosa amendoeira. A escolha do espaço para a entrevista – a colônia de pescadores, tão famosa pela festa de 2 de fevereiro – partiu da própria Ana Mametto. “Esse é um lugar especial. Sou filha de Iemanjá e tenho uma relação muito forte como mar”, revelou.
O empurr達o para virar vocalista e investir em um trabalho solo foi dado em grande parte por Claudinha Leitte
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“Se a música é verdadeira e toca as pessoas, tanto faz qual o estilo. Não importa se somos afro pop ou ritmos latinos ou axé afro” ana MaMetto, cantOra
envergando um leve vestidinho claro com estampas tropicais, bem ao estilo baiano, a cantora aparece pontualmente, acompanhada do marido: o músico Yacoce simões. é ele, com uma vasta experiência no cenário musical brasileiro, quem produz e dirige musicalmente a Banda mametto. sorridente, ela atrai a atenção dos pescadores, que lhe assistem tirar as sandálias, colocar os pés na areia e subir nas pedras à beira-mar. Parte desse interesse é pelo seu porte elegante e sensual. Parte por achar aquele rosto familiar. em ambas as situações, têm razão. desde o lançamento da banda mametto, em outubro de 2010, a cantora vem se acostumando com a crescente fama. “assumi de vez meu lado solista e estou apaixonada por esse momento. Ver o resultado disso não tem preço”, afirma. depois de embalar o público com grandes shows no Pelourinho, ana foi indicada como uma das cantoras revelação do troféu dodô e Osmar, considerado o Oscar da folia em salvador. “muita coisa boa vem acontecendo. é gravação de clipe, do dVd, os novos shows no Pelô. a banda mametto chegou para ficar”, ressalta.
FOtO divulgação
a energia do local , onde milhões de pessoas agradecem à rainha do mar, somada com a beleza da vista, faz tudo valer a pena. entre sorrisos e gargalhadas – ao perceber um assunto familiar, um meio sorriso surge; ao se empolgar com uma resposta, gargalha até perder o fôlego –, a cantora revela à let’s go um retrato de como se encontra em 2011: serena, radiante e com a confiança de que o sucesso é consequência de um trabalho bem feito.
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Let’s Go - Ao longo da sua carreira, você já trabalhou com artistas como Carlos Santana, Black Eyed Peas, Scorpions, Carlinhos Brown, Sergio Mendes e Daniela Mercury. Como nasceu sua relação com a música? Ana Mametto - Iniciei meu trabalho como profissional aos 14 anos e tive o privilégio de fazer coro para grandes artistas. Um dos momentos mais incríveis foi fazer parte do grupo de Brown, com o qual tive a oportunidade de conhecer boa parte da Europa e da América Latina. Dividi o palco com Carlos Santana, fui dirigida em estúdio pelo Will.I.Am, participei da gravação do último disco do incrível Sérgio Mendes, que nos representa tão bem lá fora. A minha fase como backing vocal foi incrível e levo ela para sempre no meu coração.
parte pela Claudinha Leitte. Meu último trabalho antes da Mametto foi com ela, que é uma amiga queridíssima e de longa data. O meu momento de cantora e de solista veio quando me sentia mais preparada e madura profissionalmente. Eu acho que o grande segredo não é apenas querer cantar, mas saber qual tipo de música realmente combina com a minha personalidade e verdade interior. Canto aquilo que me emociona e eu sinto que passo esse sentimento ao público. LG - Como surgiu a banda?
backing vocal para vocalista principal?
AM - O embrião da Mametto começou em 2008 quando estávamos viajando pela Europa, Yacoce fazendo um trabalho independente na Alemanha e eu, na Espanha. Por sorte nossa, ele estava fazendo uma turnê com grandes artistas como Bule-Bule, Raimundo Sodré, Riachão, Mateus Aleluia e aproveitamos esse encontro de ícones para começar o processo de composição e criação do nosso conceito. E a Mametto começou ali.
AM - O empurrão para virar vocalista e investir em um trabalho solo foi dado em grande
LG - O que significa o Mametto?
LG - E como foi essa transição de
AM - Quem me deu esse nome foi o Mateus Aleluia. Trabalhamos nas filmagens de O Milagre do Candeal, produzido por Fernando Trueba na Espanha, e como eu era única mulher do grupo, ele dizia que era a mãezona que cuidava de todos. Mametto significa exatamente isso, em dialeto angolano: “Mãe que cuida, mãe de todos”. Foi ai que nasceu o nome Ana Mametto. LG - O show da banda Mametto é bastante cênico, com muita vibração e energia. Como vocês definem o som de vocês? AM - As pessoas fazem questão de nos colocar em prateleiras, mas fazemos de tudo para evitar rótulos. O inicio da nossa jornada como Mametto, a “mãe de todos”, é a pluralidade. Se a música é verdadeira e toca as pessoas, tanto faz qual o estilo. Não importa se somos afro pop ou ritmos latinos ou axé afro. Queremos nos dar o luxo de ser tudo isso e ao mesmo tempo não ser nada. Temos traços da cultura em que vivemos, com a força da música baiana, dos tambores e dessa beleza que é única e tão mágica.
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LG - Quais os planos para o verão? AM - Desde o primeiro show da Mametto – em outubro do ano passado, com a presença de Bule-Bule e Matheus Aleluia – muita coisa boa vem acontecendo. Tanto que foi desse show que surgiu o projeto Tudo Vira Som, o nosso clipe e DVD. Estamos apostando na música Nanaê, que fala da orixá Nanã, uma música bem dançante e com a cara do verão. Vamos voltar com os shows no Pelourinho, além de fazer uma homenagem a Clara Nunes no carnaval. LG - Como você define essa sua nova fase? Você está feliz? AM - Cada show que faço me dá mais energia para continuar. O carinho das pessoas, a forma com que me abordam no camarim depois do espetáculo, saber que estão emocionadas, tudo isso não tem preço. Tocamos aquilo que amamos, que nos faz felizes, e o sucesso é consequência disso. A banda Mametto chegou para ficar.
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