Ressignificar e reviver o patrimônio arquitetônico: Edifício Wilton Paes de Almeida

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ssignificar e viver

O Patrimonio Arquitetonico: Edificio Wilton Paes de Almeida Dayane Santiago Orientação:

Larissa Soares

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI - ARQUITETURA E URBANISMO

RESSIGNIFICAR E REVIVER O PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO: EDIFÍCIO WILTON PAES DE ALMEIDA

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UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI ESCOLA DE ENGENHARIA, ARQUITETURA E TECNOLOGIA ARQUITETURA E URBANISMO

DAYANE SANTIAGO

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ssignificar e viver

O Patrimonio Arquitetonico: Edificio Wilton Paes de Almeida Trabalho Final de Graduação apresentado como uma das exigências para a conclusão do curso de Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Anhembi Morumbi, sob a orientação da Prof.ª Ms. Larissa Soares Gonçalves.

São Paulo 2019


X123x

Santiago, Dayane Ressignificar e Reviver o Patrimônio Arquitetônico: Edifício Wilton Paes de Almeida / Dayane Santiago. – 2019. 100f.: il.; 20 cm. Orientador: Larissa Soares Gonçalves. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Universidade Anhembi Morumbi, São Paulo, 2019. Bibliografia: f. 94. 1. Ressignificar e Reviver Edifícios. 2. Habitação de Interesse Social. 3. Habitação de Interesse Social em áreas centrais. 4. Ressignificar espaços. 5. Reviver Edifícios em áreas centrais. I. Ressignificar e Reviver o Patrimônio Arquitetônico: Edifício Wilton Paes de Almeida XXX XXX


Banca Examinadora

Aprovado em __/__/____

_____________________________________________ Prof.ª Ms. Larissa Soares Gonçalves.

______________________________________________ Primeiro avaliador.

_______________________________________________ Segundo avaliador.


Agradecimentos Aos meus pais, Sueli e Humberto, que sempre me incentivaram e me amam incondicionalmente independente de qualquer situação. Aos meus irmãos, Victor, Guilherme e Gustavo, que espero ter mostrado algo a eles com essa jornada que percorri. Ao meu namorado, Bruno, que esteve ao meu lado nos momentos difíceis desse TFG. Ao meu amigo Felipe Takai que esteve ao meu lado em momentos decisivos no curso e nunca me deixou desistir, sempre me incentivou e me mostrou que nós podíamos e íamos nos formar juntos. Aos meus amigos que foram pacientes e compreensivos nesse momento conturbado e ao mesmo tempo gratificante. A minha orientadora, Larissa, que compartilhou seus conhecimentos, me aconselhou, se dedicou e teve muita paciência nesse período, que foi fundamental para o desenvolvimento desse trabalho e para o meu desenvolvimento pessoal. A todos os professores que contirubuiram para a minha formação acadêmica, incentivando e ensinando a desenvolver um pensamento critíco e social que irei levar para o resto da vida.


“As cidades são como as estrelas; é preciso amá-las para entendê-las” Flavio Villaça


Resumo Este trabalho irá tratar o tema de 'Habitação de Interesse Social em Áreas Centrais", sendo o cenário a Cidade de São Paulo, no bairro da República, que está localizado na centro urbano da capital. A área designada para a proposta é o local onde localizava-se o Edifício Wilton Paes de Almeida, ocupado por um movimento de luta por moradia, que em consequência de um curto circuito, incendiou e desabou em Maio de 2018. Surge a intenção de reabilitar e ressignificar a área onde existia o edifício após o entendimento dos conceitos urbanos acerca do tema, do processo histórico dos distritos centrais, do déficit habitacional do município e da contextualização dos empreendimentos verticais vazios ou subutilizados que são ocupados para se atender a demanda de familias estabelecidas em moradias ou assentamentos precários. Além de entender e contextualizar os programas governamentais em andamento, propostos e realizados na área central e os movimentos de luta por moradia, visa-se entender o histórico da discussão déficit habitacional e infraestrutura existente parcialmente ociosa. O intuito é ocupar novamente a área com as familias estabelecidas antes do incidente, ressignificar o local e dar enfâse a memória do Edifício anterior, propondo uma solução arquitetônica que estimule o uso comercial no térreo com uma área permeável e de estar nesta esquina importante para a cidade, um memorial ao edifício anterior e unidades habitacionais para atender a demanda das famílias.

PALAVRAS-CHAVES: RESSIGNIFICAR, HABITAÇÃO, ÁREAS CENTRAIS, SÃO PAULO.


Abstract This work will address the theme of 'Housing of Social Interest in Central Areas', the scenario being the City of SĂŁo Paulo, in the neighborhood of the Republic, which is located in the urban center of the capital. was located the Wilton Paes de Almeida Building, occupied by a struggle for housing that, as a consequence of a short circuit, burned down and collapsed in May 2018. The intention is to rehabilitate and re-signify the area where the building existed after understanding the urban concepts about the theme, the historical process of the central districts, the housing deficit of the municipality and the contextualization of the empty or underutilized vertical enterprises that are occupied to attend the demand of families settled in housing or precarious settlements. In addition to understanding and contextualizing the government programs under way, proposed and carried out in the central area and the struggle for housing movements, the aim is to understand the history of the housing deficit discussion and existing infrastructure that is partially idle. The intention is to re-occupy the area with the families established before the incident, to re-signify the place and emphasize the memory of the previous Building, proposing an architectural solution that stimulates the commercial use in the ground floor with a permeable area and of being in this important corner for the city, a memorial to the previous building and housing units to meet the demand of families.

KEYWORDS: RESSIGNIFICATION, HOUSING, CENTRAL AREAS, SĂƒO PAULO.


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RESUMO INTRODUÇÃO CONCEITOS URBANOS Requalificação Urbana Renovação Urbana Reabilitação Urbana Ressignificação Urbana DISCUSSÕES ACERCA DAS TEMÁTICAS O Surgimento de Novas Centralidades na Cidade de São Paulo O Esvaziamento da Região Central da Cidade de São Paulo O Program Procentro/ Renova Centro O Esvaziamento da Região Central da Cidade de São Paulo Aspectos Históricos da Ação Estatal na Questão Habitacional em São Paulo Os Movimentos de Luta pela Moradia Memória, História e Patrimônio ESTUDOS DE CASO Ocupação Mauá Ocupação Nove de Julho EDÍFICIO WILTON PAES DE ALMEIDA O Edíficio Processo de Ocupação e o Incidente Ações Públicas Pós Incidente O Projeto - Desenhos Técnicos ÁREA DE INTERVENÇÃO Localização no Entorno Terreno Legislação Urbana Estudo Viário PROJETOS DE REFERÊNCIA Habitação de Interesse Social Memorial Ressignificação PROPOSTA REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Sumário

8 10 14 14 14 14 14 19


Lista de Figuras FIGURA 1: LOCALIZAÇÃO DO ANTIGO EDIFÍCIO WILTON PAES DE ALMEIDA...........................................................................................13 FIGURA 2: PERÍMETRO PROGRAMA RENOVA CENTRO................................................................................................................................23 FIGURA 3: MAPA DO PERÍMETRO DA OPERAÇÃO URBANA CENTRO........................................................................................................24 FIGURA 4: GRÁFICO EDIFÍCIOS VAZIOS/USO OCASIONAL NOS DISTRITOS SÉ E REPÚBLICA...............................................................27 FIGURA 5: GRÁFICO EDIFÍCIOS VAZIOS/ COM USO OCASIONAL NO DISTRITO SÉ..................................................................................28 FIGURA 6: GRÁFICO EDIFÍCIOS VAZIOS/ COM USO OCASIONAL NO DISTRITO REPÚBLICA..................................................................28 FIGURA 7: MOVIMENTOS DE MORADIA DO CENTRO DE SÃO PAULO........................................................................................................30 FIGURA 8: FILIAÇÕES MOVIMENTOS DE MORADIA DO CENTRO DA CIDADE DE SÃO PAULO...............................................................31 FIGURA 9: EDIFÍCIO SANTA IGNEZ, LOCALIZADO NA RUA AURORA, 579..................................................................................................33 FIGURA 10: MUSEU DA ENERGIA DE SÃO PAULO,........................................................................................................................................34 FIGURA 11: EDIFÍCIO ASDRÚBAL E EDIFÍCIO ASDRÚBAL DO NASCIMENTO.............................................................................................35 FIGURA 12: VISTA ÁREA DA REGIÃO DA LUZ.................................................................................................................................................37 FIGURA 13: VISTA SUPERIOR DA QUADRA ONDE SE ENCONTRA A OCUPAÇÃO.....................................................................................38 FIGURA 14: FACHADA DO HOTEL SANTOS DUMONT EM 1953.....................................................................................................................38 FIGURA 15: PLANTA DO TÉRREO E DO PAVIMENTO TIPO OCUPAÇÃO MAUÁ...........................................................................................39 FIGURA 16: MONTAGEM DO ANTES E DEPOIS DA FACHADA DA OCUPAÇÃO MAUÁ...............................................................................40 FIGURA 17: FOTO DO PÁTIO INTERNO DA OCUPAÇÃO MAUÁ.....................................................................................................................41 FIGURA 18: FOTO DO PÁTIO INTERNO DA OCUPAÇÃO MAUÁ.....................................................................................................................41 FIGURA 19: LOCALIZAÇÃO OCUPAÇÃO NOVE DE JULHO...........................................................................................................................43 FIGURA 20: VISTA SUPERIOR DA QUADRA OCUPAÇÃO NOVE DE JULHO.................................................................................................43 FIGURA 21: FACHADA EDIFÍCIO IAPETC.........................................................................................................................................................44 FIGURA 22: ENTRADA EDIFÍCIO IAPETC.........................................................................................................................................................45 FIGURA 23: PLANTA TÉRREA DO INICIAL EDIFÍCIO IAPETC.........................................................................................................................46 FIGURA 24: PLANTA DO 2º E 3º ANDAR EDIFÍCIO IAPETC............................................................................................................................47 FIGURA 25: MAQUETE ELETRÔNICA EM PERSPECTIVA ISOMÉTRICA DO EDIFÍCIO IAPETC..................................................................48 FIGURA 26: IMAGEM DO EDIFÍCIO EM 2004, APÓS INCÊNDIO......................................................................................................................49 FIGURA 27: ACESSO A OCUPAÇÃO NOVE DE JULHO...................................................................................................................................50 FIGURA 28: FACHADA DA OCUPAÇÃO NA AVENIDA NOVE DE JULHO.......................................................................................................50 FIGURA 29: HORTA COMUNITÁRIA REALIZADA EM MUTIRÃO NA OCUPAÇÃO NOVE DE JULHO...........................................................51 FIGURA 30: ESPAÇO DESTINADO A BRINQUEDOTECA NA OCUPAÇÃO NOVE DE JULHO......................................................................51 FIGURA 31: ESPAÇO DESTINADO À QUADRA DE FUTEBOL NA OCUPAÇÃO NOVE DE JULHO..............................................................52 FIGURA 32: OBRAS DE ZELADORIA NA OCUPAÇÃO NOVE DE JULHO.......................................................................................................52 FIGURA 33: LOCALIZAÇÃO DO EDIFÍCIO WILTON PAES DE ALMEIDA.......................................................................................................53 FIGURA 34: FACHADA EDIFÍCIO WILTON PAES DE ALMEIDA, EM 1966......................................................................................................54 FIGURA 35: DISTRIBUIÇÃO ZEPEC..................................................................................................................................................................55


FIGURA 36: AMBIENTE INTERNO DO EDIFÍCIO WILTON PAES DE ALMEIDA EM 2015...............................................................................56 FIGURA 37: FACHADA EDIFÍCIO WILTON PAES DE ALMEIDA EM 2010 E 2011...........................................................................................57 FIGURA 38: FACHADA EDIFÍCIO WILTON PAES DE ALMEIDA EM 2014 E 2016...........................................................................................58 FIGURA 39: FACHADA EDIFÍCIO WILTON PAES DE ALMEIDA EM 2017 E 2018...........................................................................................58 FIGURA 40: TÉRREO E OS PRIMEIROS ANDARES DO EDIFÍCIO WILTON PAES DE ALMEIDA..................................................................59 FIGURA 41: EDIFÍCIO WILTON PAES DE ALMEIDA EM CHAMAS..................................................................................................................60 FIGURA 42: ESCOMBROS DO EDIFÍCIO WILTON PAES DE ALMEIDA...........................................................................................................60 FIGURA 43: LOCAL DO EDIFÍCIO WILTON PAES DE ALMEIDA EM 2010, 2017 E 2018................................................................................61 FIGURA 44: LOCAL DO INCIDENTE INTERDITADO PELO CORPO DE BOMBEIROS...................................................................................61 FIGURA 45: LOCAL DO INCIDENTE COM PROTESTO...................................................................................................................................62 FIGURA 46: FRASE “OCUPAR E RE-EXISTIR SEMPRE! ” NO LOCAL DO INCIDENTE................................................................................62 FIGURA 47: INFOGRÁFICO ELABORADO PELA PREFEITURA DE SÃO PAULO..........................................................................................63 FIGURA 48: INFOGRÁFICO ELABORADO PELA PREFEITURA DE SÃO PAULO..........................................................................................64 FIGURA 49: IMPLANTAÇÃO...............................................................................................................................................................................66 FIGURA 50: PLANTAS SUBSOLO, TÉRREO, MEZANINO E PRIMEIRO PAVIMENTO....................................................................................67 FIGURA 51: PLANTAS DO SEGUNDO PAVIMENTO AO 22 SEGUNDO E CORTE LONGITUDINAL..............................................................68 FIGURA 52: ILUSTRAÇÃO SISTEMA CONSTRUTIVO......................................................................................................................................69 FIGURA 53: MAQUETE VOLUMÉTRICA, VISTA LATERAL...............................................................................................................................70 FIGURA 55: IMAGEM ESCADA DE ACESSO AO MEZANINO..........................................................................................................................71 FIGURA 56: IMAGEM COM DETALHES DA FACHADA.....................................................................................................................................72 FIGURA 57: IMAGEM DA FACHADA NOS ANOS 60.........................................................................................................................................73 FIGURA 58: ÁREA DE INTERVENÇÃO DESTACADA.......................................................................................................................................74 FIGURA 59: ÁREA DE INTERVENÇÃO DESTACADA E VIAS PRINCIPAIS.....................................................................................................75 FIGURA 60: QUADRA DA ÁREA DE INTERVENÇÃO DESTACADA E VIAS PRINCIPAIS..............................................................................76 FIGURA 61: ÁREA DE INTERVENÇÃO DESTACADA E SEU ZONEAMENTO.................................................................................................77 FIGURA 62: ÁREA DE INTERVENÇÃO DESTACADA E VIAS PRINCIPAIS NA ÁREA ENVOLTÓRIA............................................................80 FIGURA 63: ÁREA DE INTERVENÇÃO E PONTOS MODAIS NA ÁREA ENVOLTÓRIA..................................................................................81 FIGURA 64: ÁREA DE INTERVENÇÃO E VIAS ENVOLTÓRIAS.......................................................................................................................82 FIGURA 65: IMPLANTAÇÃO...............................................................................................................................................................................83 FIGURA 66: PLANTA UNIDADES HABITACIONAIS CARRÉ LUMIÉRE...........................................................................................................84 FIGURA 67: VISTA FRONTAL CARRÉ LUMIÉRE...............................................................................................................................................85 FIGURA 68: MAQUETE VOLUMÉTRICA CARRÉ LUMIÉRE.............................................................................................................................85 FIGURA 69: FACHADA CARRÉ LUMIÉRE.........................................................................................................................................................86 FIGURA 70: IMAGEM FACHADA CARRÉ LUMIÉRE.........................................................................................................................................86 FIGURA 71: CORTE ESQUEMÁTICO DA DISTRIBUIÇÃO DO PROGRAMA MUSEU......................................................................................87 FIGURA 72: FACHADA MUSEU PAVILHÃO.......................................................................................................................................................88


FIGURA 73: FACHADA MUSEU PAVILHÃO.......................................................................................................................................................88 FIGURA 74: VISTA AÉREA DO CONJUNTO DE MEMORIAL AO 11 DE SETEMBRO......................................................................................89 FIGURA 75: VISTA AÉREA DO CONJUNTO DE MEMORIAL AO 11 DE SETEMBRO......................................................................................89 FIGURA 76: IMPLANTAÇÃO PARQUE DA JUVENTUDE..................................................................................................................................90 FIGURA 77: VISTA AÉREA DO PARQUE DA JUVENTUDE EM SUAS TRÊS FASES......................................................................................91 FIGURA 78: BIBLIOTECA PARQUE DA JUVENTUDE.......................................................................................................................................92 FIGURA 79: BIBLIOTECA PARQUE DA JUVENTUDE.......................................................................................................................................92 FIGURA 80: ETEC PARQUE DA JUVENTUDE...................................................................................................................................................93 FIGURA 81: ESTUDO DE MASSAS PROPOSTA...............................................................................................................................................94

Lista de Quadros e Tabelas TABELA 1: OCUPAÇÕES DOS MOVIMENTOS DE MORADIA E SEM-TETO DE SÃO PAULO.......................................................................32 TABELA 2: IMÓVEIS OCUPADOS PELOS MOVIMENTOS DE MORADIA NO CENTRO.................................................................................33 TABELA 3: USOS RECOMENDADOS ZC...........................................................................................................................................................78 TABELA 4: DIMENSIONAMENTO, OCUPAÇÃO E RECUOS DOS LOTES EM ZC...........................................................................................79 TABELA 5: DIMENSIONAMENTO, OCUPAÇÃO E RECUOS DOS LOTES EM ZEIS-2....................................................................................79 TABELA 6: QUADRO DE USOS PROPOSTA.....................................................................................................................................................94


Introdução


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om o propósito de reviver o patrimônio arquitetônico e contribuir para a diminuição do déficit habitacional no município de São Paulo, este trabalho tem o intuito de reabilitar a área onde localizava-se o edifício Wilton Paes de Almeida, na área central da cidade, que incendiou após um curto circuito.

vimentos de moradia e o comportamento dos atuais usuários, a fim de entender mudanças necessárias para que a proposta se adapte ao uso, ou atenda ás necessidades dos moradores. Através deste estudo visa-se compreender o histórico da discussão déficit habitacional e infraestrutura existente parcialmente ociosa. Almeja-se que o resultado do estudo seja um projeto que auxilie no planejamento para casos semelhantes, buscando a viabilidade e benefícios de reabilitação de edifícios e ressignificação de espaços.

Ao longo dos anos, o município de São Paulo tem sido referência pela alteração do simbolismo e relevância da área central sobre o O local selecionado para a implantação do edifício é contexto da cidade e pelo crescente declínio, degradação e abandono na Avenida Rio Branco na esquina com a Rua Antônio de Godos empreendimentos verticais localizados na área. doy, adjacente ao Largo do Paissandu, no centro da cidade de De acordo com o Censo Demográfico do IBGE (Instituto Bra- São Paulo, onde se localizava o edifício Wilton Paes de Almeisileiro de Geografia e Estatística) do ano de 2010, os distritos Sé e da, projetado no ano de 1961, pelo arquiteto Roger Zmekohl. República, localizados no Centro da Cidade de São Paulo, apresentam 14.482 unidades habitacionais desocupadas, com uso ocasional ou subutilizadas. Os empreendimentos verticais foram desocupados gradativamente a partir do final dos anos 50, e assim muitos permanecem até hoje, em consequência da divisão espacial do centro, segregação de classes sociais e o surgimento de novas centralidades. Devido a estes fatores surge a intenção de reabilitar e ressignificar a área onde existia o edifício buscando preservar os moradores e lhes possibilitar um novo olhar sobre o contexto. Para que o centro histórico do município de São Paulo caracterize-se como um local heterogêneo e multifuncional que se adapte as necessidades da cidade e acompanhe suas metamorfoses, ao invés de um local destinado ao comércio para camadas populares, este trabalho tem como objetivo projetar um edifício multifuncional, sendo um misto de memorial, habitacional e comercial, proposto na área anteriormente ocupada pelo edifício Wilton Paes de Almeida, a fim de verificar a possibilidade de reabilita-la e ressignifica-la. Para tanto, busca-se estudar os edifícios ocupados pelos moRESSIGNIFICAR E REVIVER O PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO: EDIFÍCIO WILTON PAES DE ALMEIDA

Figura 1: Localização do Antigo Edifício Wilton Paes de Almeida. Fonte: Mapa Digital da Cidade, 2015. 14


Para o desenvolvimento desse estudo, faz-se necessária a comOs projetos referenciais mostrados apontam suas potenciapreensão das reais causas e efeitos que levaram o desuso, declínio e a lidades e fragilidades. Finaliza-se esta pesquisa com a proposta de degradação do edifício Wilton Paes de Almeida. Para isto, realiza-se intervenção detalhada, tal como dados demográficos, localização, uma revisão bibliográfica para contextualizar a problemática a ser terreno e vias adjacentes. abordada na pesquisa. Posteriormente, desenvolvem mapeamentos   do distrito da República, análises e levantamentos fotográficos do local de implantação do edifício e sua área envoltória. Analisa-se, estuda-se e se contextualizam as técnicas utilizadas nos projetos de estudos de caso. Após o entendimento deste contexto e o processo histórico em que os distritos da área central do munícipio passaram, contextualiza-se a importância da utilização de empreendimentos verticais vazios ou subutilizados para se atender a demanda de famílias estabelecidas em moradias ou assentamentos precários e com a compreensão do exorbitante déficit habitacional entende-se a problemática da ocupação desordenada de prédios desocupados a fim de contribuir nacionalmente. Para realização deste estudo, o texto foi estruturado da seguinte forma: primeiro estuda-se, o surgimento de novas centralidades na cidade de São Paulo, aborda-se o esvaziamento da região central da cidade assim como programas governamentais, com o intuito de ocupar novamente esta área, visando contextualizar historicamente o leitor. Na sequência prossegue-se com o problema de habitação nacional, e os movimentos de luta por moradia que surgiram em decorrência do mesmo. O terceiro capítulo mostra estudos de caso corroborando a demanda do uso habitacional e as ocupações atuais, assim como ver sua dinâmica. No quarto capítulo, demonstra-se dados demográficos, como localização, terreno, viário e informações legislativas. O quinto capítulo, detalha o edifício Wilton Paes de Almeida, o projeto, o processo de ocupação, o incidente que provocou o desabamento e análises projetuais através de desenhos técnicos.

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1. Conceitos Urbanos


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om o decorrer dos anos o centro da cidade de São 1.2 Renovação Urbana Paulo, perdeu seu destaque e concedeu espaço a novas centralidades que surgiram em decorrência de diversos fatores, como: a locomoção das elites para “O conceito da renovação urbana é marcado pela ideia outras áreas e a obsolescência tecnológica e de sua infraestrutura. de demolição do edificado e consequente substituição Em consequência da perca desse destaque em relação à cidade, a por construção nova, geralmente com características área transformou-se em um local para as camadas de baixa renda morfológicas e tipológicas diferentes, e/ou com novas e para o comércio voltado a elas. Devido a este fato observou-se a atividades econômicas adaptadas ao processo de munecessidade de lhe dar novas funções e em decorrência delas condança urbana”. (MOURA, GUERRA, SEIXAS e FREIforme citam Moura, Guerra, Seixas e Freitas (2006, p. 18) “Surgem, TAS, 2006, p. 18) assim, conceitos que, embora nem todos bem definidos, contêm simultaneamente uma ideia (teórica) e uma proposta de ação sobre a cidade. É o caso dos conceitos de renovação urbana, reabilitação, Além disso, estes efeitos sociais implicam na promoção do requalificação.” uso de atividades econômicas de ponta, como escritórios de multiAbaixo relaciona-se estes conceitos com a propos- nacionais e a expulsão de parte da função residencial dos centros das ta de intervenção, relacionando com a requalificação urba- cidades. na, e renovação e encerra-se com reabilitação e ressignificação.

1.1 Requalificação Urbana A requalificação urbana é a “(...) melhoria da qualidade de vida da população, promovendo a construção e recuperação de equipamentos e infraestruturas e a valorização do espaço público com medidas de dinamização social e econômica, através de melhorias (...)” (MOURA, GUERRA, SEIXAS e FREITAS, 2006, p. 20)

Conforme citado acima está voltada a recuperação de equipamentos e infraestruturas urbanas e a valorização do espaço público, sua intervenção abrange uma área mais ampla atuando na infraestrutura da cidade, diante disso não se enquadra na área de intervenção. RESSIGNIFICAR E REVIVER O PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO: EDIFÍCIO WILTON PAES DE ALMEIDA

Ainda, em relação ao patrimônio arquitetônico o tecido antigo é considerado caduco, insalubre, sem valor patrimonial e impeditivo da modernização, propondo-se a sua demolição ou renovação. (MOURA, GUERRA, SEIXAS e FREITAS, 2006, p. 18) “A ideia de renovação atinge, sobretudo, as intervenções de larga escala (...)” (MOURA, GUERRA, SEIXAS e FREITAS, 2006, p. 18). Visa áreas que se destacam posteriormente pela alteração na área urbana, intervém no tecido urbano socialmente e urbanisticamente, ou reorganizam a rede viária. Dado isso, este conceito não se enquadra na área de intervenção.

1.3 Reabilitação Urbana Conceitualmente a reabilitação urbana:

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[...] não representa a destruição do tecido (urbano), mas a sua “habilitação”, a readaptação a novas situações em termos de funcionalidade urbana. Trata-se de readequar o tecido urbano degradado, dando ênfase ao seu carácter residencial [...] (MOURA, GUERRA, SEIXAS e FREITAS, 2006, p. 18)

Nesse sentido, esta proposta tem como objetivo dar ênfase ao uso residencial e projetar para este uso o terreno onde localizava-se o edifício Wilton Paes de Almeida, promovem a dinâmica do local e buscam de reviver o patrimônio arquitetônico.

Visto como hoje as relações de ocupação em patrimônios arquitetônicos ou prédios históricos localizados em áreas centrais não são pesquisadas e analisadas para a realização de melhorias e são de suma importância. Deste modo, busca-se investigar os usos anteriores do edifício Wilton Paes de Almeida, promovendo a adequação da proposta ao uso anterior do terreno, analisando e viabilizando as necessidades urbanas da área de intervenção.

O intuito de reviver a dinâmica do local visa reabilitar e ressignificar a área, preserva os moradores e lhes possibilita um novo olhar sobre o contexto e sobre a relação desta área com outras da cidade.

1.4 Ressignificação Urbana A relação dos espaços urbanos com os indivíduos acontece, em partes, pelo contexto histórico da sociedade e por sua representatividade, como citado por Prosser abaixo. Cada sujeito percebe, vivencia e ordena um espaço, paisagem ou lugar de acordo com a sua própria vivência, o que gera uma superposição de territorialidades, de representações e de significações. Como as superfícies mudam constantemente, quer pela ação do tempo quer pela ação de pessoas, e como cada indivíduo as guarda na memória em um tempo diverso, torna-se claro porque há descontentamentos quando alguém interfere sobre a paisagem, alterando-a, ressignificando-a. (Prosser, 2009, p.81) RESSIGNIFICAR E REVIVER O PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO: EDIFÍCIO WILTON PAES DE ALMEIDA

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2. Discussões Acerca das Temáticas


2.1 Aspectos Históricos da Ação Estatal de Habitação (1964) e as Companhias Metropolitanas de Habitação (Cohabs). na Questão Habitacional em São Paulo Com o desenvolvimento de políticas públicas para a cidade, com benefícios ao centro, as camadas de baixa renda foram afastao período entre 1886 a 1900 São Paulo passa por um das para a periferia. período de intenso crescimento populacional, a popuA partir, sobretudo, da década de 1930, o Plano de Avelação se quintuplica, alterando-se de 44.030 mil hanidas de Prestes Maia, a expansão e a versatilidade do bitantes em 1886, para 239.820 mil habitantes em 1900. Conforme transporte público para outros pontos da cidade e a Rolnik (1981) “São Paulo explode” devido a esse alto crescimento.

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Com o crescimento exorbitante da população surgiram problemas habitacionais, sanitários e de infraestrutura como: transportes, saneamento e etc.. Nesse momento desencadeia-se a primeira crise habitacional, devido ao crescimento desordenado da população. A partir do final do século XIX com a crise habitacional, a concentração de trabalhadores e a intensificação da segregação da elite paulista, que usufruía de áreas exclusivas e beneficiadas pelos investimentos públicos, as camadas mais populares buscaram alternativas de moradia entre elas, as mais difundidas foram o cortiço-corredor, o cortiço-casa de cômodos, os vários tipos de vilas e correr de casas geminadas. Estas moradias não possuíam condições sanitárias, provocando diversos surtos epidêmicos. Os cortiços tornaram-se a melhor opção para as camadas populares devido à localização pois, estavam próximos as fábricas, e seu baixo custo que podia ser pago pelos trabalhadores. A intervenção estatal voltada para a questão habitacional não incluiu os cortiços, pois não tinha o intuito de manter a população na área central e sim de construir novas unidades habitacionais distantes da mesma.

dispersão da atividade industrial, somados a lei do inquilinato e à difusão do processo de autoconstrução da casa própria permitiram que os trabalhadores pobres fossem empurrados para as longínquas e carentes de infraestrutura periferias da cidade, nas quais passaram, eles próprios a construírem suas casas unifamiliares. (Neuhold, 2009, p.32)

Nesse processo histórico as camadas de alta renda migraram para a região sudoeste da cidade, as camadas de baixa renda afastaram-se para a periferia e sucedeu o crescimento de empreendimentos verticais vazios, com uso ocasional e ou subutilizados, apenas pelo comércio e/ou serviços. Além desse processo de migração, agregou-se o fácil acesso a região através do transporte coletivo de alta capacidade, o metrô, e o reforço do de média capacidade, os terminais de ônibus, como Parque Dom Pedro II e Praça da Bandeira.

Em decorrência desse processo, observou-se a desvalorização imobiliária ligada a queda do número de novos lançamentos na área Após o crescimento populacional das camadas de baixa renda, e a degradação dos empreendimentos atuais. Neste momento, a resurge a necessidade de criar estruturas administrativas que tinham o lação do centro com a população transmitia outro significado que intuito de viabilizar empreendimentos destinados a estas camadas, não estava ligado ao anterior, que era um local frequentado pelas elisendo estas a Fundação da Casa Popular (1946), o Banco Nacional tes, com comércios e empreendimentos administrativos de grandes empresas. A área central estava envolvida por outro cenário, sendo RESSIGNIFICAR E REVIVER O PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO: EDIFÍCIO WILTON PAES DE ALMEIDA

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este um local atrelado a sensação de insegurança. O esvaziamento populacional da região é notado de forma expressiva e corrobora-se através de dados do Censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) que informam que em 1991, a área referente aos distritos da Sé e República abrigava cerca de 84.983 habitantes, alterando-se para 67.833 no ano de 2000. Com os incentivos governamentais visando à requalificação da área observaram-se resultados expressivos no Censo do IBGE do ano de 2010, que apresenta dados com um índice de retorno da população, apresentando cerca de 80.632 habitantes. No entanto, o número de edifícios vazios, com uso ocasional ou subutilizados cresceu, como pode ser observado abaixo na figura 2. No distrito da Sé, houve queda do número de edifícios nesta condição, enquanto no distrito da República houve aumento, como observa-se na figura 3 e 4.

Figura 2: Gráfico edifícios vazios/ com uso ocasional nos distritos Sé e República. Fonte: Censo IBGE 2000 e 2010.

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Figura 3: Gráfico edifícios vazios/ com uso ocasional no distrito Sé. Fonte: Censo IBGE 2000 e 2010.

Figura 4: Gráfico edifícios vazios/ com uso ocasional no distrito República. Fonte: Censo IBGE 2000 e 2010. 21


É uma região urbana totalmente consolidada, que possui toda a infraestrutura necessária, como saneamento básico, energia elétrica e serviços de telecomunicações. Parte desse investimento em infraestrutura encontra-se ocioso, uma vez que o espaço fica desabitado integralmente ou parcialmente durante a noite, deste ponto de vista reforça-se a importância da ocupação residencial. A ocupação residencial é fundamental para atrair novos moradores e contribuir para o desenvolvimento da área. A atual situação dos distritos da Sé e República, são imóveis vazios ou subutilizados, em uma área que com o surgimento de novas oportunidades sua população residente afastou-se. Com grande potencial de desenvolvimento e infraestrutura, tornou-se um local com baixo custo de empreendimento, em virtude da baixa demanda. Visando este atual cenário, a implantação de moradia contribui para que a população residente se intensifique e cresça na região, diminuindo o número de empreendimentos vazios ou subutilizados e contribuindo na redução do déficit habitacional paulista e no processo de uso em diversos horários, contribuindo contra a desertificação após o horário comercial.

2.2 O tralidades

Surgimento na cidade

de de

Com estes territórios, a atratividade do predecessor diminuiu expressivamente, o investimento de empreendimentos verticais destinados a escritórios e sedes de grandes empresas nacionais e internacionais os buscavam e não se instalavam na outra área, que se tornava obsoleta. Na década de 80 e 90, surgiram novas alternativas de polos administrativos na capital, a Av. Luiz Carlos Berrini e a região da Marginal do Rio Pinheiros, concorrendo diretamente com a Av. Paulista e a Av. Faria Lima. Distribuídos pela cidade, os empreendimentos verticais administrativos, não se concentravam em determinadas áreas eram polos desarticulados, devido a isto, encontravam-se próximos ao uso residencial possuindo uma dinâmica diferenciada do antigo centro.

2.3 O Esvaziamento da Região Central da Cidade de São Paulo

novas cenO processo de esvaziamento dos distritos iniciou-se pelo São Paulo abandono das áreas pelas elites citadinas que, inicialmente esta-

Nos anos 60 e 70 iniciam-se o surgimento de novas centralidades na cidade, mas diferentemente da área inicial, estas encontravam-se dispersas pela cidade, pois, tinham seu desenvolvimento impulsionado pelas obras viárias, como é citado por Silva. “Num primeiro momento foi a Rua Augusta que roubou ao centro as funções de prestígio e de vanguarda. Entre 1965 e 1968 foi aberta a Av. Faria Lima, na verdade um alargamento da antiga Rua Iguatemi. Entre 1970 e 74, a Av. Paulista foi objeto de um projeto de reurbanização, a Nova Paulista”. (Silva, 2005, p. 3)

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vam espalhadas em torno do centro, mas, na metade do século XIX concentraram-se no bairro de Campos Elíseos. As camadas de alta renda visavam segregar-se em bairros destinados as mesmas, portanto, no fim do século migraram para territórios que almejavam ser exclusivos. Concomitantemente, um processo de intervenção e reestruturação urbana intensificou o movimento e corroborou com a segregação. Os empreendimentos verticais existentes foram desocupados gradativamente a partir do final dos anos 50, e assim muitos permanecem até hoje, em consequência da divisão espacial, segregação de classes e do surgimento de novas possibilidades.

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Embora a tentativa de retirar da área central os habitantes pertencentes a baixa renda, a mesma continuou com a expansão do uso comercial destinado a esta camada e consequentemente com o declínio de uso residencial pela elite. Na década de 60, com o advento de outras áreas destinadas as classes de alta renda, estabeleceu-se uma nova relação da região com a cidade, a região transformou-se em um único Centro velho, decadente, destinado a uso comercial.

TRO. Apesar de resultados pouco expressivos o programa entregou até o fim da década de criação, a Sala São Paulo, uma sala de concerto inaugurada após uma conversão de parte da Estação Júlio Prestes. O programa foi retomado no ano de 2003, na gestão de Marta Suplicy, através do Decreto Municipal nº 44.089, de 10 de novembro de 2003 que instituiu o Fórum de Desenvolvimento Social e Econômico do Centro de São Paulo e a Coordenação Executiva Ação Centro. De início a principal intervenção consistia basicamente na Nesse processo histórico não foi incentivado o uso residenreforma do calçamento, reordenamento do mobiliário urbano, das cial, ou seja, à moradia destinada as camadas populares, com o fachadas particulares e anúncios comerciais, assim como o controle crescimento de empreendimentos verticais subutilizados, apenas do comércio ambulante, que pode ser notado na Rua Barão de Itapelo comércio e/ou serviços. As mesmas características se mantipetininga. veram até os dias atuais. Parte da população frequentadora atualmente são consumidores de camadas populares e trabalhadores. O Programa Habitacional Renova Centro, foi criado em 4 de fevereiro de 2010, com o intuito de requalificar 53 imóveis degradados, subutilizados e/ou abandonados, sendo estes selecionados pela 2.4 Programa Procentro/ Renova Centro Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo (COHAB-SP), o objetivo era adapta-los ao uso residencial para moradores de baiApós o processo de transformação sucedido nos bairros que xa renda. Como transcrito na lei a implementação do Programa Reconstituíam o centro da cidade de São Paulo, devido ao abandono nova Centro, dará efetivo cumprimento ao disposto no Estatuto da da elite citado anteriormente, o território estava claramente dividi- Cidade, mais especificadamente no que concerne ao cumprimento do, pelo vale do Anhangabaú, em duas partes. De acordo com Silva da função social da cidade e da propriedade urbana. Concomitante(2005, p.13) “Durante os anos 1980 a principal intervenção na área mente a regulamentação, instaurou-se como denominado por Costa central foi à reurbanização do Vale do Anhangabaú (...) que possi- (2017, p. 3) a tríade de instrumentos indutores da função social, citabilitou a reabilitação desse espaço estratégico entre o Centro Novo do abaixo, com o propósito de incentivar a ocupação e utilização dos e o Centro Velho”. No início da década de 90, iniciou-se o proces- edifícios localizados na área central. so de investimento público, buscando retomar o uso e incentivar a O Estatuto, dentre outras disposições, regulamentou qualidade de vida nesta área. Em 1991 foi criada a Associação Viva o o artigo 182, que trata dos instrumentos indutores da Centro, através de uma iniciativa da sociedade com o intuito de criar função social da propriedade, estabelecendo o que aqui uma série de iniciativas e propostas para estabelecer ações locais de se chama tríade de instrumentos indutores da função zeladoria em benefício dos moradores e visitantes. Em 1993, em resposta ás ações da sociedade, foi criado através do Decreto Municipal nº 33.389/1993 o Programa de Requalificação Urbana e Funcional do Centro de São Paulo – PROCENTRO e através do Decreto Municipal nº 33.390/1993 a criação da Comissão PROCENRESSIGNIFICAR E REVIVER O PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO: EDIFÍCIO WILTON PAES DE ALMEIDA

social, a serem aplicados sequencialmente com o Parcelamento, edificação e utilização compulsórios (PEUC), o IPTU progressivo no tempo e a Desapropriação com o pagamento em títulos da dívida pública. (Costa, 2017, p.3)

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De acordo com a apresentação elaborada pela COHAB-SP (Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo) para o programa Renova Centro em 2009, desenvolveram propostas para o perímetro que compreende 13 distritos do município de São Paulo, sendo estes: Sé, República, B om Retiro, Santa Cecília, Consolação, Bela Vista, Liberdade. Cambuci, Brás, Pari, Mooca, Belém e Barra Funda, observado nafigura 5 abaixo.

Figura 5: Perímetro Programa Renova Centro. Fonte: COHAB-SP, 2013 RESSIGNIFICAR E REVIVER O PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO: EDIFÍCIO WILTON PAES DE ALMEIDA

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Um dos maiores desafios é viabilizar habitação para a baixa renda em áreas que rapidamente se valorizam, como as áreas centrais. Mesmo com os desafios, ainda em andamento segundo a Secretaria de Habitação o programa conseguiu requalificar apenas 7 edifícios dos 53 analisados, mas segue com os seus objetivos que visam reabilitar edifícios vazios ou subutilizados, localizados no perímetro determinado na figura 2 acima, incentivar a moradia residencial na região e desestimular, através da aplicação da tríade de instrumentos indutores da função social, a ociosidade de edifícios localizados nesta área. Empenhando-se em reverter o processo de deterioração do Centro, por meio da Lei 12.349 de 6 de junho de 1997 criou-se a Operação Urbana Centro, que de acordo com a apresentação elaborada pela SP Urbanismo (Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento da Prefeitura da Cidade de São Paulo) em 2016, tinha o objetivo de promover a melhoria e a revalorização da área central, para atrair investimentos imobiliários, turísticos e culturais e reverter o processo de deterioração do Centro. O programa abrange as regiões dos chamados Centro Velho e Centro Novo, bem como parte de bairros históricos como Glicério, Brás, Bexiga, Vila Buarque e Santa Ifigênia, como pode se observar na figura 6 abaixo.

Figura 6: Mapa do Perímetro da Operação Urbana Centro. Fonte: EMURB, 1996. RESSIGNIFICAR E REVIVER O PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO: EDIFÍCIO WILTON PAES DE ALMEIDA

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Através da criação do PDE (Plano Diretor Estratégico) em 2014, as operações urbanas dispuseram de incentivo e embasamento para sua instauração. (2016)

De acordo com a apresentação elaborada pela SP Urbanismo “O PDE de 2014, em seu §2º do art. 382, determinou que a Lei da Operação Urbana Centro fosse revista, uma vez que não está adequada às diretrizes previstas no Estatuto da Cidade (Lei Federal nº 10.257/2001) para as Operações Urbanas Consorciadas (...)”

Visando modificar esse cenário e manter os moradores na área central da cidade, surgem movimentos de luta em locais pontuais da cidade, a fim de reivindicar os diretos dos moradores e condições sanitárias, que não existiam nos cortiços. Na década de 80 eclode um movimento que ficou conhecido como “Movimento dos Quintais da Mooca” composto por moradores de cortiços, em sua maioria mulheres, que organizavam-se afim de reivindicar melhores condições de moradia. Suas primeiras conquistas ocorreram por volta de 1990, desencadeando o desejo de unificarem os grupos de luta pela moradia, que posteriormente formou a ULC (Unificação das Lutas de Cortiços)

Na década de 90, após a fundação da ULC (Unificação das Lutas de Cortiços) os movimentos de luta por moradia ganharam mais força, mas infelizmente a ULC, com o passar dos anos, desA operação não dispõe de planos de intervenção, apenas de membrou-se por dissidências em relação a questões políticas. Essa diretrizes urbanísticas que abrangem as áreas de ambiente urbano, ruptura deu origem a outros movimentos de moradia e sem teto, que uso e ocupação do solo, patrimônio histórico, áreas verdes e drena- buscavam atuar na região central da cidade de São Paulo. gem, mobilidade e atratividade para a área. Em 1993 alguns membros desvincularam-se da ULC para forAinda em andamento, a mesma aguarda a adequação as le- mar o Fórum de Cortiços e Sem-Teto. Posteriormente a essa divisão gislações atuais e compreende a necessidade de adequar-se à nova inicial, outras discordâncias entre os grupos surgiram formando as realidade da área central de São Paulo, diferente do cenário de 1997, divisões descritas abaixo e exemplificadas na figura 7. ano em que a operação foi proposta. Visto que ela também não está adequada a LPUOS (Lei de Parcelamento Uso e Ocupação do Solo) /2016.

2.5 Os Movimentos de Luta por Moradia Os movimentos de luta por moradia surgiram com o intuito de reivindicar políticas públicas habitacionais para a classe de baixa renda na área central do município de São Paulo. Observamos que as primeiras moradias destinadas à população de baixa renda que surgiram na área central foram os cortiços, sendo esses, locais multifamiliares, insalubres e com baixas condições de saneamento.

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Em 1997, uma nova dissidência da ULC deu origem ao Movimento de Moradia do Centro, o MMC. Em 1998, foi a vez do Fórum de Cortiços e Sem-Teto dividir-se originando o Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto da Região Central, o MTSTRC. No ano seguinte, nasceu o Movimento Sem-Teto do Centro, o MSTC, também do Fórum de Cortiços. Em 2003, cerca de 150 famílias desligaram-se do Movimento de Moradia do Centro (MMC) e criaram o Movimento de Moradia Região Centro (MMRC). (Neuhold, 2009, p. 46)

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Figura 7: Formação e divisões dos movimentos de moradia e sem-teto do centro da cidade de São Paulo. Fonte: Neuhold, 2009. Com o intuito de fortalecer ainda mais as lutas pela moradia, os movimentos ligaram-se a outras entidades de luta em níveis regionais, municipais e nacionais. Nesse contexto, eles estavam ligados a União dos Movimentos de Moradia de São Paulo (UMMSP), fundada na década de 80 com proposito de reunir todos os movimentos de luta por moradia do Estado de São Paulo, a Frente de Luta por Moradia (FLM), fundada em 2004 pelo MSTC, MMRC, MTSTRC e outros movimentos da cidade e da Região Metropolitana, e em âmbito nacional, a União Nacional dos Movimentos Populares (UNMP) e a Central dos Movimentos Populares (CMP). Essas filiações podem ser observadas na figura 8 abaixo.

Figura 8: Filiações dos movimentos de moradia e sem-teto do centro da cidade de São Paulo. Fonte: Neuhold, 2009. RESSIGNIFICAR E REVIVER O PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO: EDIFÍCIO WILTON PAES DE ALMEIDA

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Diante da adversidade e das frustrações das expectativas dos movimentos em construir unidades habitacionais para baixa renda na região central os mesmos ,a fim de reivindicar o direito à moradia, iniciaram as ocupações em imóveis abandonados na área central no ano de 1997, visto que as os debates sobre as políticas habitacionais com o poder público não avançaram, a principal estratégia de pressão foi a ocupação.Conforme Neuhold (2009) em um período de 10 anos, que compreende de 1997 a 2007, os movimentos de luta por moradia ocuparam 63 imóveis localizados na região central do município de São Paulo, em sua pesquisa foram mapeadas 72 ocupações, mas totalizam apenas 63 imóveis, pois alguns foram ocupados repetidamente. Destas 72 ocupações, 33 são imóveis de propriedade pública, 31 privada e 8 sem informações, como pode-se observar na tabela 1 abaixo. ANO 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Total

PROPRIEDADE PÚBLICA PRIVADA 5 0 1 2 8 9 0 1 2 1 3 4 0 5 4 4 6 1 2 2 2 2 33 31

TOTAL S/ INF. 0 0 1 0 0 1 0 5 0 1 0 8

5 3 18 1 3 8 5 13 7 5 4 72

Tabela 1: Ocupações dos movimentos de moradia e sem-teto do centro da cidade de São Paulo entre 1997 e 2007. Fonte: Neuhold, 2009. RESSIGNIFICAR E REVIVER O PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO: EDIFÍCIO WILTON PAES DE ALMEIDA

Os movimentos de luta por moradia na área central progrediram com as ocupações realizadas, a fim de pressionar o poder público a destinar um uso a esses empreendimentos que estavam desocupados e não estavam cumprindo a função social da propriedade, conforme dados coletados por Neuhold (2009) 21 imóveis dos ocupados pelos movimentos de moradia no período estudado foram reintegrados e encontram-se ocupados com diferentes usos, 3 deles possuem projetos para construção de unidades habitacionais e 1 foi demolido, como pode-se observar na tabela 2.

Usos Habitação popular empreendimentos privados Habitação popular empreendimentos públicos Projeto Habitação popular Biblioteca Espaço Cultural Museu Universidade Órgão Público Estacionamento Demolido Total

Total 8 3 3 1 1 2 1 4 1 1 25

Tabela 2: Imóveis ocupados pelos movimentos de moradia no Centro da Cidade de São Paulo, que foram reintegrados e ganharam um uso após as ocupações. Fonte: Neuhold ,2009.

Abaixo imagens de dois desses imóveis com usos distintos nas figuras 9 e 10. 28


Figura 9: Edifício Santa Ignez, localizado na Rua Aurora, 579, República, ocupado em 2003, após ser reintegrado foi reformado pela iniciativa privada para uso residencial. Fonte: Neuhold ,2009 e G1, 2010, respectivamente.

Ao longo dos anos os movimentos de luta por moradia ganharam visibilidade, incentivaram e impulsionaram a aplicação de recursos públicos em unidades habitações na área central, mesmo com o alto déficit habitacional na capital paulista, alguns imóveis foram restaurados pela prefeitura de São Paulo e a COHAB-SP (Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo) com seu uso destinado a moradia popular e localizados na região central, seus projetos de restauração derivam do programa Renova Centro. Um desses projetos é o Edifício Asdrúbal, localizado na Rua Asdrúbal do Nascimento, 264 no bairro da Bela vista, inaugurado em 2009 com 40 unidades habitacionais destinadas a população de baixa renda, abaixo pode-se observar na figura 11 o empreendimento ao lado esquerdo. Adjacente ao edifício Asdrúbal localiza-se o edifício que inicialmente iria chamar-se Mário de Andrade, mas teve seu nome adotado como Asdrúbal do Nascimento, pois se encontra no número 268 e foi considerado como uma extensão do edifício Asdrúbal existente, inaugurado no dia 05 de novembro de 2018 com 34 unidades habitacionais destinadas a ex-moradores em situação de rua. Abaixo pode-se observar na figura 11 o empreendimento ao lado direito.

Figura 11: Edifício Asdrúbal e Edifício Asdrúbal do Nascimento, restaurado pela COHAB-SP para uso residencial. Fonte: COHAB-SP, 2018. Figura 10: Museu da Energia de São Paulo, antigo Casarão Dumont, ocupado de 1983 até 2001, após ser reintegrado foi restaurado pela iniciativa da Fundação Energia e Saneamento para uso institucional. Fonte: Folha de São Paulo, 2018. RESSIGNIFICAR E REVIVER O PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO: EDIFÍCIO WILTON PAES DE ALMEIDA

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O incentivo do poder público em moradias para as camadas de baixa renda na área central ampliou-se a partir do ano de 2004 e perdura até hoje, com a intensificação da elaboração de programas habitacionais e o desenvolvimento de parcerias, sendo elas até público-privadas. O fato é que mesmo ainda um pouco inibidas as ações estão sendo implementadas na área central a fim de requalifica-la. O Edifício Wilton Paes de Almeida, objeto desta pesquisa, desabou em consequência de um incêndio provocado por um curto-circuito, estava ocupado pelo MLSM (Movimento de Luta Social por Moradia), movimento este que não estava cadastrado em nenhum programa social relacionado a moradia e não participava de debates sobre políticas públicas habitacionais, desta forma não realizava atuações junto ao poder público na luta pela moradia. O MLSM destacou-se em 2014, por uma série de ocupações realizadas na área central, estima-se que atualmente ele seja responsável por 7 ocupações.

vidualizada para a mesma situação, existem diversas memórias de diversos indivíduos sobre um fato, mas para a história existe apenas uma, sendo ela singular, atrelada a fatos e cronológica representando somente o passado. Buscando atrelar-se a este lado afetuoso, visa-se que a memória afetiva do edifício não pode ser desconsiderada, o intuito é reviver tal memória recuperando sentimentos e situações vividas no local por antigos usuários do edifício através de um memorial e contribuir para o patrimônio histórico e arquitetônico da cidade.

Em consequência do desabamento do edifício Wilton Paes de Almeida extinguiu-se um imóvel histórico. Sua fachada contínua em vidro considerada entre as pioneiras na cidade de São Paulo era de suma importância para o patrimônio histórico e arquitetônico da cidade. O patrimônio arquitetônico está vinculado não somente a importação visual do edifício para a cidade e o conjunto que ele fazia parte no local, mas a sua memória agregada, sendo ela responsável por caracterizar e adquirir tal importância ao patrimônio arquitetônico. Segundo Nora (1993) memória e história são opostas, pois, a memória está atrelada a vida, ela é sempre carregada por grupos vivos, está em constante evolução podendo ser esquecida ou relembrada. Já a história é a reconstrução problemática e incompleta do que já não existe mais. Nora corrobora o discurso referindo-se à memória como um fenômeno atual, um elo com o passado vivido no presente, ela é afetiva e mágica, não se acomoda a detalhes e sim a lembranças, existindo de forma múltipla, coletiva, plural e indiRESSIGNIFICAR E REVIVER O PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO: EDIFÍCIO WILTON PAES DE ALMEIDA

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3. Estudos de Caso


3.1 Ocupação Mauá

S

ituada na Rua Mauá, 340, no bairro do Bom Retiro, a ocupação está próxima à praça e a estação ferroviária da Luz, local com grande acesso a mobilidade urbana ,conforme figura 12 abaixo.

Figura 13: Vista superior da quadra onde se encontra a ocupação, que está destacada na cor verde. Fonte: Google Earth, 2018.

Figura 12: Vista área da região da Luz, ocupação destacada na cor verde. Fonte: Google Earth, 2018.

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O prédio foi inaugurado em 1953, o empreendimento foi lançado em virtude do aniversário de 400 anos de São Paulo que aconteceria em 1954, e abrigava o Hotel Santos Dummont, destinado a hospedar os comerciantes que vinham fazer compras na região central da cidade. Abaixo na figura 14, observamos a fachada do hotel em 1953, após seu lançamento. O hotel foi desativado no fim da década de 70, e seguiu desocupado até 2003.

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Figura 14: Fachada do Hotel Santos Dumont em 1953. Fonte: Gabriel Zellaui, 1953. Em 2003 o prédio foi ocupado pelo MSTC (Movimento Sem-Teto do Centro), mas a reintegração de posse ocorreu dois meses depois. Segundo o Dossiê produzido para FLM (Frente de Luta por Moradia) (2013, p.6) “Em 2007, o prédio foi ocupado novamente, dessa vez por três movimentos: o MSTC (Movimento Sem-Teto do Figura 15: Planta do térreo e do pavimento tipo do prédio Centro), o MMRC (Movimento de Moradia da Região Centro) e a onde se encontra a ocupação. Fonte: Projeto Mauá 340, 2012. ASTC-SP (Associação Sem-Teto da Cidade de São Paulo). Até a preNo ano de 2013, o prédio passou por melhorias devido a uma sente data a ocupação permanece. ” parceria com estudantes da USP, houve mudanças na fachada, obO prédio possui 6 andares, e área construída de aproxima- serva-se na figura 16 abaixo, na portaria e nos corredores. Ocorreram damente 5600 m2 e estima-se que atualmente residam 248 famílias também melhorias na elétrica e na hidráulica do prédio atenuando na ocupação. Abaixo na figura 15 pode-se observar a planta atual do os riscos para os moradores. Estas melhorias são realizadas de acortérreo e do pavimento tipo, respectivamente. do com a verba disponibilizada pelos moradores e suas prioridades são definidas via assembleia. Mas ainda há necessidade de diversas melhorias, como pode-se observar na figura 17 e 18 que são imagens do pátio interno, pois o prédio permaneceu abandonado por décadas. RESSIGNIFICAR E REVIVER O PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO: EDIFÍCIO WILTON PAES DE ALMEIDA

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Figura 16: Montagem do antes e depois da fachada da ocupação Mauá. Fonte: Piero Locatelli, Carta Capital, 2013.

Figura 18: Foto do pátio interno da ocupação Mauá. Fonte: Projeto Mauá 340, 2014. Figura 17: Foto do pátio interno da ocupação Mauá. Fonte: UOL, 2017.

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Em 2011, o perímetro onde se encontra a ocupação foi inserido no Projeto Nova Luz como área de cultura e entretenimento, propondo a demolição de alguns edifícios que se encontravam naquela quadra para a construção de equipamentos de cultura, os moradores conseguiram revogar a inclusão do edifício na lista e imóveis a serem 34


demolidos. Em junho de 2011 o movimento providenciou a elaboração de um estudo de viabilidade para a transformação do edifício em um condomínio de habitação de interesse social, que viabilizava a adaptação de 160 unidades habitacionais no local a fim de receber através de financiamento, recursos do programa Minha Casa Minha Vida para as obras de melhorias e habitabilidade do imóvel. Segundo o site oficial do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) de acordo com o arquiteto Waldir Cesar Ribeiro, responsável pelo estudo, o projeto está parado, por causa da demora na conclusão do processo de reintegração de posse.

3.2 Ocupacao Nove de Julho Localizada na Avenida Nove de Julho, 584, no bairro da Bela Vista, entre os viadutos Júlio de Mesquita Filho e Nove de Julho, a ocupação tem acesso pela Rua Álvaro de Carvalho, 427, que se encontra nos fundos do edifício. Como se pode observar na figura 19 e 20 abaixo.

Em novembro de 2017, após um longo processo o imóvel foi vendido a R$20,1 milhões para a COHAB-SP (Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo). O destino do imóvel ainda é incerto, pois de acordo com a SEHAB (Secretaria Municipal de Habitação) ele não se encontra na lista de imóveis na área central que foram selecionados para projetos de retrofit. A SEHAB aguarda a expedição de mandado judicial para a reintegração de posse e seu agendamento, outro problema vivido pelas famílias que ocupam o edifício é que caso a reintegração de posse aconteça e um projeto de habitação de interesse social seja destinado a ocupação, os moradores atuais não serão os residentes do imóvel, pois a prefeitura da cidade irá seguir a ordem de cadastro de moradia para contemplar os futuros moradores.

Figura 19: Localização Ocupação Nove de Julho, que está destacada na cor amarela. Fonte: Google Earth, 2018.

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Figura 20: Vista superior da quadra onde se encontra a Ocupação Nove de Julho, que está destacada na cor amarelo. Fonte: Google Earth, 2018

Inaugurado em 1943, o edifício possui 14 andares e foi projetado pelo arquiteto Jayme Fonseca Rodrigues para abrigar a sede do IAPETC (Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Empregados em Transportes e Cargas), fundado em 1938 que em 1966 passou a se denominar INPS (Instituto Nacional de Previdência Social) e por fim na década de 90 se denominou INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) perdurando até hoje. Abaixo na figura 21 pode-se observar a fachada do edifício na época de inauguração, 1943, e na figura 22 a entrada do edifício, ambas oriundas da extinta revista Acrópole.

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Figura 21: Fachada edifício IAPETC, 1943. Fonte: Revista Acrópole, OCT 1943 - ANO 6 - N° 66. 36


Figura 22: Entrada edifício IAPETC, 1943. Fonte: Revista Acrópole, OCT 1943 - ANO 6 - N° 66.

O projeto inicial possuía um programa que contemplava serviços e apartamentos destinados a locação. O Térreo possui parte do espaço destinado ao público e a outra parte destinada a serviços como tesouraria, benefícios e outros. Podemos observar a planta térrea na figura 23 abaixo.

Figura 23: Planta térrea do inicial edifício IAPETC, 1943. Fonte: Revista Acrópole, OCT 1943 - ANO 6 - N° 66

O primeiro pavimento continha a sala do delegado, sala de reuniões, carteira predial e diversos salões destinados aos serviços RESSIGNIFICAR E REVIVER O PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO: EDIFÍCIO WILTON PAES DE ALMEIDA

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administrativos. No 2º e no 3º pavimento localizava-se uma ampla estrutura médica destinada a atender diariamente os associados, composta por 46 salas destinadas a atender diversas especialidades médicas. Abaixo, na figura 24, observamos sua planta e na figura 25 uma maquete eletrônica em perspectiva isométrica do edifício. Do 4º ao 14º pavimento localizavam-se cerca de 67 unidades habitacionais de diferentes dimensões destinadas a locação.

Figura 25: Maquete eletrônica em perspectiva isométrica do edifício IAPETC. Fonte: Centro Histórico SP – Mackenzie Em 1975, o imóvel foi desocupado com o intuito de transformá-lo em um empreendimento de escritórios, mas isso não ocorreu e o prédio permaneceu vazio, até sua primeira ocupação em 1997, quando cerca de 2.500 pessoas de distintos movimentos de moradia ocuparam o prédio, após a ocupação inicial restaram apenas 133 famílias, cerca de mil pessoas, que permaneceram no prédio por um Figura 24: Planta do 2º e 3º andar edifício IAPETC, 1943. período de 7 anos, em 2004 em decorrência de um incêndio as famíFonte: Revista Acrópole, OCT 1943 - ANO 6 - N° 66 lias foram retiradas e realocadas. RESSIGNIFICAR E REVIVER O PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO: EDIFÍCIO WILTON PAES DE ALMEIDA

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Figura 27: Acesso a ocupação Nove de Julho. Fonte: Archdaily, 2018. Figura 26: Imagem do edifício em 2004, após incêndio. Fonte: São Paulo Antiga. Em 2006 o governo federal anunciou um programa de habitação para o edifício, mas a ideia não prosseguiu. Em 2009, em virtude de o imóvel permanecer desocupado por mais 5 anos, 253 famílias o reocuparam mas permaneceram por apenas 4 meses até serem reintegradas. Em outubro de 2016 o prédio foi reocupado pelo MSTC/FLM e segue atualmente. O intuito da ocupação é promover ações de zeladoria, criando condições de habitabilidade e salubridade no imóvel, também são promovidas ações para que a sociedade visite a ocupação, dentre elas estão: almoço comunitário, exposições, festivais e etc. A ocupação visa que a sociedade conheça e entenda os objetivos dos movimentos de luta por moradia e entenda o dia-a-dia nas ocupações por meio da socialização, da atuação de projetos sociais na ocupação e de atividades abertas promovidas ao público em geral.

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Figura 28: Fachada da ocupação na Avenida Nove de Julho. Fonte: São Paulo Antiga. 39


Figura 29: Horta Comunitária realizada em mutirão na ocupação Nove de Julho. Fonte: Projeto Social Atados, 2018.

Figura 31: Espaço destinado à quadra de futebol na ocupação Nove de Julho. Fonte: Projeto Social Atados, 2018.

Figura 30: Espaço destinado a brinquedoteca na ocupação Nove de Julho. Fonte: Projeto Social Atados, 2018.

Figura 32: Obras de zeladoria na ocupação Nove de Julho. Fonte: MTST, Arq. Jeroen Stevens.

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O imóvel foi repassado pelo INSS em 2015 para a Prefeitura de São Paulo como forma de quitação de dívidas com o município. Até o momento o imóvel não está inserido em nenhum projeto de reabilitação ou readequação para a construção de moradia popular e não se encontra em processo de reintegração de posse.

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4. EdifĂ­cio Wilton Paes de Almeida


Foi um projeto da escola moderna paulista, com grande influência da obra de Mies van der Rohe, o edifício destacava-se por ser um arranha-céu de mais de 20 andares com o uso da fachada edifício Wilton Paes de Almeida projetado no ano de contínua de vidro, o famoso “curtain wall”, assemelhando-se com 1961, pelo arquiteto Roger Zmekohl localizava-se na o Edifício Seagram, localizado em Nova York foi projetado em 1954 Avenida Rio Branco, paralelo a Rua Antônio de Godoi por Mies van der e adjacente ao Largo do Paissandu, no distrito da República na cidaRohe. O uso da fachada contínua em vidro, destaque do prode de São Paulo. Abaixo pode-se observar na figura 33, a localização jeto, foi estratégica pois, o projeto foi encomendado pela Companhia do edifício que está destacado em vermelho. Comercial de Vidros Brasil (Pertencente à família Paes de Almeida,

4.1 O Edificio

O

origem do nome do edifício), que visava destacar o uso do material.

Projetado em um terreno de 650 m², com 24 andares, fachada envidraçada, estrutura metálica e lajes em concreto que totalizavam 12.000 m², um espaço inovador para a época. Observa-se na figura 34, abaixo, a fachada do edifício na época de sua inauguração.

Figura 33: Localização do Edifício Wilton Paes de Almeida. Fonte: Mapa Digital da Cidade, 2015.

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Figura 34: Fachada Edifício Wilton Paes de Almeida, em 1966. Fonte: Arquivo Arq., 2017. 43


O edifício foi adquirido pela União Federal, em forma de pagamento de dívidas da Companhia Comercial de Vidros Brasil, abrigou até o ano de 2002 a sede da Polícia Federal e, após esta data, entre 2007 e 2010, o INSS (Instituto Nacional da Previdência Social). De acordo com a LPUOS (Legislação de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo) em 2015 o imóvel se encontrava em ZEPEC-BIR (Zona de Preservação Cultural - Bens Imóveis Representativos) e em 1992 por meio da Resolução 37/92, do CONPRESP (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo), foi tombado com proteção de nível 3, que assegurava a preservação integral da fachada em virtude de sua icônica fachada “curtain-wall”, que não podia ser alterada. Abaixo, na figura 35 observa-se, destacado na cor amarelo, a distribuição da ZEPEC (Zona Especial de Preservação Cultural) na área envoltória ao edifício.

Conforme reportagem da Folha de São Paulo em 2012, o prédio foi cedido para a UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo) pela Secretaria de Patrimônio da União para instalar o Instituto de Ciências Jurídicas, mas não se concretizou nenhum projeto, assim como também não foi concretizado para a transformação do local em espaço cultural em parceria com o SESC (Serviço Social do Comércio).

Figura 35: Distribuição ZEPEC na área envoltória ao Edifício Wilton Paes de Almeida. Fonte: Mapa Digital da Cidade, 2015.

Figura 36: Ambiente interno do Edifício Wilton Paes de Almeida em 2015. Fonte: BBC News Brasil, 2018.

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4.2 O processo de Ocupacao e o Incidente Em dezembro de 2013, após estar desocupado por cerca de 3 anos, o edifício foi ocupado por 455 pessoas, cerca de 171 famílias lideradas pelo MLSM (Movimento de Luta Social por Moradia). Os moradores da ocupação viviam em um ambiente vulnerável, insalubre e em condições precárias. A energia elétrica disponibilizada no imóvel era obtida a partir de semáforos da região e a instalação hidráulica estava em condições precárias. Abaixo pode-se observar na figura 36, disponibilizada em reportagem da BBC News Brasil, o ambiente interno da ocupação.

44


De acordo com reportagem da Folha de São Paulo em 2015 houve tentativa, sem interesse, de leilão do edifício com estimativa de valor venal em R$21,5 milhões. O prédio seguiu ocupado pelo movimento de moradia, sem projeto de transformação em algum uso e sem interesse de compradores. De sua inauguração até 2010, simbolizava um marco na arquitetura moderna brasileira. Observa-se na figura 37, abaixo, a fachada do edifício nos períodos de 2010, ainda ocupado pelo INSS e em 2011, desocupado.

Figura 38: Fachada Edifício Wilton Paes de Almeida em 2014 e 2016. Fonte: Google Street View, 2018.

Figura 37: Fachada Edifício Wilton Paes de Almeida em 2010 e 2011. Fonte: Google Street View, 2018. De 2013 até o início de 2018 simbolizava um dos prédios que foram abandonados pelo poder público, ocupados pelos movimentos de moradia e se encontravam degradados no centro da cidade. Pode-se observar abaixo nas figuras 38, 39 e 40 a transformação da fachada do edifício ao longo dos anos. RESSIGNIFICAR E REVIVER O PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO: EDIFÍCIO WILTON PAES DE ALMEIDA

Figura 39: Fachada Edifício Wilton Paes de Almeida em 2017 e no início de 2018. Fonte: Google Street View, 2018. 45


2018.

Figura 40: Térreo e os primeiros andares do edifício Wilton Paes de Almeida em 2010 e no início de 2018. Fonte: Google Street View,

Conforme reportagem do jornal O Globo em maio de 2018, a Secretaria do Patrimônio da União (SPU), havia cedido em caráter provisório o imóvel em 2017 para à prefeitura de São Paulo, que pretendia utiliza-lo para acomodar a Secretaria de Educação e Cultura de São Paulo. Após a cessão provisória ambas as instituições deveriam entrar com pedido de reintegração de posse, fato que não ocorreu. Na madrugada do dia 1º de maio de 2018 o edifício Wilton Paes de Almeida incendiou, de acordo com o secretário de Segurança PúRESSIGNIFICAR E REVIVER O PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO: EDIFÍCIO WILTON PAES DE ALMEIDA

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blica, Mágino Alves em declaração para o jornal Folha de São Paulo por volta das 1:30 da manhã, um curto-circuito numa tomada provocou uma explosão no 5º andar e está foi a causa inicial do incêndio, como se pode observar abaixo na figura 41. Em decorrência das altas temperaturas a estrutura do edifício fragilizou-se e o mesmo desabou por volta da 2:50 da manhã, como se pode observar na figura 42.

Figura 42: Escombros do edifício Wilton Paes de Almeida. Fonte: El País, 2018.

Figura 41: Edifício Wilton Paes de Almeida em chamas. Fonte: Estadão Conteúdo, 2018.

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A tragédia resultou em 7 mortos e o desabamento parcial da Igreja Evangélica Luterana de São Paulo com sua construção datada em 1908. Atualmente o local simboliza um desastre que ocorreu em um dos prédios ocupados e degradados do centro da cidade de São Paulo, fato esse que poderia ter sido evitado com atuação governamental. Pode se observar abaixo na figura 43 uma espécie de linha do tempo do local, onde se apresentam três períodos distintos. O local segue interditado pelo Corpo de Bombeiros por tapumes, como podemos observar na figura 44 abaixo. 47


Figura 43: Local do edifício Wilton Paes de Almeida em 2010, 2017 e 2018. Fonte: Google Street View e Fotos Públicas, 2018.

Figura 44: Ao lado local do incidente interditado pelo Corpo de Bombeiros. Fonte: G1, 2018.

Conforme reportagem do jornal O Globo de maio deste ano, o Ministério do planejamento afirma que a Secretaria do Patrimônio da União (SPU) estava atuando em parceria com a Secretaria de Habitação de São Paulo (SEHAB-SP) para reintegração amigável do edifício. Os ocupantes, estimados em 400 pessoas reunidas em cerca de 150 famílias, já haviam sido cadastrados pela SEHAB e após o incidente foram acolhidos pela prefeitura inicialmente em abrigos provisórios e após com o recebimento de bolsa-aluguel.

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Em memória aos mortos na tragédia e em forma de protesto, foram colados cartazes com suas fotos e citações da constituição em relação ao direito à moradia e no centro da estrutura de tapumes foi escrito a frase “Ocupar e Re-existir Sempre! ”, visto na figura 45 e 46 abaixo.

Figura 45: Local do incidente interditado pelo Corpo de Bombeiros, com protesto. Fonte: G1, 2018.

Figura 46: Frase “Ocupar e Re-existir Sempre! ” No Local do incidente. Fonte: G1, 2018.

4.3 Ações Públicas Pós Incidente Em decorrência do incidente com o edifício a Prefeitura de São Paulo analisou os imóveis ocupados, foram visitados 75 imóveis por 5 equipes técnicas, formadas por representantes do poder público, de movimentos de moradia e sem-teto, do Ministério Público, do Tribunal de Contas e civis. No período de 45 dias depois de inspecionados os 75 imóveis considerados ocupados na capital paulista, apenas 51 encontravam-se ocupados. Segundo a Prefeitura de São Paulo (2018) o principal objetivo das visitas aos imóveis é apresentar um panorama geral, a partir da consolidação dos dados apurados, para apontar estratégias e ações de mitigação de risco e segurança das famílias residentes nessas ocupações e nos casos de imóveis privados empenhar-se a estabelecer articulação entre proprietário e poder público. Abaixo, na figura 47, pode-se observar os resultados da análise realizada pela prefeitura. RESSIGNIFICAR E REVIVER O PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO: EDIFÍCIO WILTON PAES DE ALMEIDA

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Figura 47: Infográfico elaborado pela Prefeitura de São Paulo através de dados obtidos sobre as ocupações. Fonte: Prefeitura de São Paulo, Secretaria de Habitação, 2018. Após a etapa de visitas e análise de dados obtidos, criou-se um grupo de trabalho permanente designado a elaborar medidas que reduzam ou atenuem os impactos no ambiente precário em que os moradores dos imóveis se encontram. Baseado nos resultados adquiridos pela análise, em decorrência das inspeções aos imóveis ocupados, constatou-se que dos 51 imóveis ocupados, 16 são propriedades públicas e 35 são propriedades privadas, visto que o processo de identificação desses imóveis vazios, a cobrança do IPTU progressivo e outras providências realizadas pela Prefeitura da Cidade de São Paulo é burocrática e lenta para a liberação desses imóveis para habitação social ou até mesmo para uso institucional pela mesma. Averiguou-se que dá somatória dos imóveis, 11 possuem proposta municipal de intervenção para uso habitacional ou institucional, 10 encontram-se em ações judiciais com reintegração de posse prevista para este ano, 3 estão em processo de interdição, pois devido a análise não se encontravam em condições de habitabilidade e 27 terão um plano de ação municipal elaborado Figura 48: Infográfico elaborado pela Prefeitura de São Paulo pelo grupo de trabalho permanente para que se reduza ou atenue os sobre as ocupações. Fonte: Prefeitura de São Paulo, Secretaria de impactos no ambiente precário atual e que haja adaptações de segu- Habitação, 2018. rança contra incêndio. Estes dados podem ser observados na figura 48 ao lado. RESSIGNIFICAR E REVIVER O PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO: EDIFÍCIO WILTON PAES DE ALMEIDA

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De acordo com a Prefeitura de São Paulo diversos planos á cerca de habitação e de revitalização na área central estão sendo viabilizados e elaborados com o propósito de reduzir o déficit habitacional no município e atrair novas atividades para o centro. A assistência aos moradores de ocupações também priorizada a fim de que outros imóveis não tenham o destino do Edifício Wilton Paes de Almeida.

Recuos: Apenas nos andares tipo, fachada oeste 4 m e fachada leste 5,5m Tombamento: Resolução 37/92 – CONPRESP – Proteção nível 3, preservação das características externas.

IMPLANTAÇÃO

4.4 O Projeto – Desenhos Tecnicos FICHA TÉCNICA Informações Gerais Arquiteto: Roger Zmekohl Ano: 1961 Uso: Comercial Endereço: Rua Antônio Godói, 22 Propriedade: União Federal Tipo do Edifício: Lâmina Área Terreno: 650 m2 Área Construída: aproximadamente 12.000 m2 Andares: 24 Andares Estrutura: Metálica com Lajes em Concreto. Fachada: Curtain-wall de vidro Coeficiente de Aproveitamento: 17.4 Taxa de Permeabilidade: 0% RESSIGNIFICAR E REVIVER O PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO: EDIFÍCIO WILTON PAES DE ALMEIDA

Figura 49: Implantação. Fonte: TFG Sistemas de Habitabilidade | Novas Formas de Reabilitação no Centro de São Paulo, Mariana Bavoso, 2015. 51


PLANTAS

Figura 50: Plantas subsolo, térreo, mezanino e primeiro pavimento. Fonte: TFG Sistemas de Habitabilidade | Novas Formas de Reabilitação no Centro de São Paulo, Mariana Bavoso, 2015. RESSIGNIFICAR E REVIVER O PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO: EDIFÍCIO WILTON PAES DE ALMEIDA

PLANTAS E CORTE

Figura 51: Plantas do segundo pavimento ao 22 segundo e corte longitudinal. Fonte: TFG Sistemas de Habitabilidade | Novas Formas de Reabilitação no Centro de São Paulo, Mariana Bavoso, 2015. 52


SISTEMA CONSTRUTIVO

MAQUETE VOLUMÉTRICA

Figura 52: Ilustração sistema construtivo. Fonte: Revista Figura 53: Maquete volumétrica, vista lateral, Projeto Ana Acrópole, nº 323, p 36, nov. 1965. Mendes, 2015. Fonte: Pinterest. RESSIGNIFICAR E REVIVER O PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO: EDIFÍCIO WILTON PAES DE ALMEIDA

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IMAGENS DE DETALHES DO PROJETO

Figura 55: Imagem escada de acesso ao mezanino. Fonte: Revista Acrópole, nº 323, p 37, nov. 1965.

Figura 56: Imagem com detalhes da fachada. Fonte: Revista Figura 54: Maquete volumétrica, vista frontal, Projeto Ana Acrópole, nº 323, p 35, nov. 1965. Mendes, 2015.Fonte: Pinterest. RESSIGNIFICAR E REVIVER O PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO: EDIFÍCIO WILTON PAES DE ALMEIDA

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Figura 57: Imagem da fachada nos anos 60. Fonte: Revista Acrópole, nº 323, p 34, nov. 1965. RESSIGNIFICAR E REVIVER O PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO: EDIFÍCIO WILTON PAES DE ALMEIDA

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5. Área de Intervenção


5.1 Localizacao no Entorno

L

ocalizado no centro da cidade de São Paulo, no distrito da República, sendo o bairro um local de grande importância e influência na Região Metropolitana de São Paulo, devido à grande infraestrutura, oferta de comércios e serviços e seus empregos advindos. Sua relação com outros municípios de São Paulo pode se observar na figura 58.

Figura 58: Área de intervenção destacada, localizada em relação a outros municípios de São Paulo Fonte: MDC, 2018. RESSIGNIFICAR E REVIVER O PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO: EDIFÍCIO WILTON PAES DE ALMEIDA

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A área de intervenção encontra-se na esquina da Avenida Rio Branco com a Rua Antônio de Godói, sendo está o terreno onde localizava-se o edifício Wilton Paes de Almeida. A área envoltória possui grande infraestrutura e vias principais no perímetro como a Av. São João, Av. Ipiranga e Rua Santa Ifigênia. Abaixo pode se observar na figura 59 e 60 a área de intervenção destacada e sua relação com as vias principais em seu entorno.

Figura 59: Área de intervenção destacada e vias principais na área envoltória. Fonte: MDC, 2018. RESSIGNIFICAR E REVIVER O PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO: EDIFÍCIO WILTON PAES DE ALMEIDA

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do Solo) decretada pela Lei 16.102/16 o terreno encontra-se em ZC Zona de Centralidade, que conforme a própria lei no art. 9º é descrita como porções do território localizadas na Macrozona de Estruturação e Qualificação Urbana com atividades de abrangência regional; voltadas à promoção de atividades típicas de áreas centrais ou de subcentros regionais ou de bairros, destinadas principalmente aos usos não residenciais, com densidades construtivas e demográfica médias, à manutenção das atividades comerciais e de serviços existentes e à promoção da qualificação dos espaços públicos. Abaixo na figura 61 pode-se observar a área do terreno destacada e os terrenos próximos com seus respectivos zoneamentos, na figura 62 uma área envoltória maior.

Figura 60: Área de intervenção destacada e vias principais na área envoltória. Fonte: MDC, 2018.

5.2 Terreno Com uma área de aproximadamente 650 m2, o terreno encontrava-se em ZEPEC-BIR (Zona de Preservação Cultural - Bens Imóveis Representativos) após edifício desabar não há imóvel representativo a ser preservado no local. Conforme a LPUOS (Lei de Parcelamento Uso e Ocupação RESSIGNIFICAR E REVIVER O PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO: EDIFÍCIO WILTON PAES DE ALMEIDA

Figura 61: Área de intervenção destacada e o uso do solo dos terrenos envoltórios. Fonte: Mapa Digital da Cidade/ Lei de Zoneamento 16.102/16. 59


Residencial

Comercial/ Industrial/ Institucional Uma unidade habitacional Permitido todos os tipos de Comérpor lote cio Casas Geminadas Confecções

Figura 62: Área de intervenção destacada e o uso do solo dos terrenos envoltórios. Fonte: Mapa Digital da Cidade/ Lei de Zoneamento 16.102/16.

5.3 Legislação Urbana

Casas superpostas Conj. Residencial Horizontal HMP – Habitação de Mercado Popular HIS – Habitação de Interesse Social Conjunto Vertical com mais de duas unidades habitacionais e com até 20.000 m2 de área construída

Fábricas Serviços de Saúde de Grande Porte Serviços de Educação de Grande Porte

Tabela 3: Usos recomendados para a área em ZC (Zona de A área de intervenção como citado anteriormente se encontra ZC (Zona de Centralidade) abaixo na tabela 3 pode-se observar os Centralidade). Fonte: Lei 16.102/16. usos recomendados para a área de acordo com a Lei de Parcelamento e Ocupação do Solo 16.102/16 e na tabela 4 observa-se as características de dimensionamento, ocupação e recuos dos lotes. Na figura 63, observa-se o novo uso.

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Coeficiente de Aproveitamento – CA CA mínimo CA básico CA máximo 0,3 1 2 Taxa de Ocupação – TO TO máx. (%) lotes < TO (%) lotes > 500 m2 500 m2 0,85 0,7 Taxa de Permeabilidade – TO TP (%) para lotes < TP (%) para lotes > 500 m2 500 m2 0,15 0,25 Tamanho Lote e Gabarito Lote área mínima Frente mínima (m) Gabarito máximo (m2) (m) 125 5 48 Recuo Recuo de Fundo e Laterais Frente (m) Edifícios até 10 m Edifícios com mais de 10m 5 Não exigido 3 Tabela 4: Dimensionamento, ocupação e recuos dos lotes em ZC (Zona de Centralidade). Fonte: Lei 16.102/16

Coeficiente de Aproveitamento – CA CA mínimo CA básico CA máximo 0,5 1 4 Taxa de Ocupação – TO TO máx. (%) TO (%) lotes > 500 m2 lotes < 500 m2 0,85 0,7 Taxa de Permeabilidade – TO TP (%) para TP (%) para lotes > 500 m2 lotes < 500 m2 0,15 0,25 Tamanho Lote e Gabarito Lote área míFrente míniGabarito mánima (m2) ma (m) ximo (m) 125 5 Não exigido Recuo Recuo de Fundo e Laterais Frente (m) Edifícios até Edifícios com 10 m mais de 10m 5 Não exigido 3 Tabela 5: Dimensionamento, ocupação e recuos dos lotes em ZEIS-2 (Zona Especial de Interesse Social). Fonte: Lei 16.102/16

Com o incidente que ocorreu no edifício Wilton Paes de Almeida, a área encontra-se vazia podendo enquadrar-se no zoneamento respectivo a ZEIS 2 (Zona Especial de Interesse Social) que são áreas vazias ou subutilizadas destinadas à produção de Empreendimentos de Habitação de Interesse Social – EHIS, sendo assim seu coeficiente de aproveitamento seria 4 e seu gabarito de altura não seria exigido, possibilitando uma maior verticalização e um maior número de unidades habitacionais. Como se pode observar na tabela 5 abaixo RESSIGNIFICAR E REVIVER O PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO: EDIFÍCIO WILTON PAES DE ALMEIDA

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Figura 63: Área de intervenção destacada e o uso dos terrenos envoltórios. Fonte: Mapa Digital da Cidade/ Lei de Zoneamento 16.102/16. RESSIGNIFICAR E REVIVER O PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO: EDIFÍCIO WILTON PAES DE ALMEIDA

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5.4 Estudo Viario Localizado em uma área com grande infraestrutura o terreno possui em sua área envoltória diversas vias estruturais que interligam a área a diversos pontos da cidade, como a Av. Prestes Maia, que se interliga a Avenida Tiradentes possibilitando o acesso à zona norte, a Avenida Senador Queirós que se interliga a Avenida do Estado, possibilitando o acesso à zona norte e a região do Abc, a Av. Nove de Julho e a Avenida 23 de maio, acesso à zona sul, a Av. Rangel Pestana e a Av. Radial Leste, acesso à zona leste e a Rua da Consolação e a Av. São João, que possibilitam o acesso à zona sudeste. As principais vias paralelas à área são as Avenidas Ipiranga e Duque de Caxias ambas possibilitam o acesso ao Elevado Presidente Arthur da Costa e Silva, conhecido como Minhocão, interligando-a a zona sudeste. Pode se observar essas possíveis interligações com as outras áreas da cidade na figura 64 abaixo.

Figura 64: Área de intervenção destacada e vias principais na área envoltória. Fonte: Google Earth, 2018. RESSIGNIFICAR E REVIVER O PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO: EDIFÍCIO WILTON PAES DE ALMEIDA

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No perímetro destacam-se ícones da cidade como a Praça da Sé, a Praça da República, a Praça da Luz, o Parque Dom Pedro, o Vale do Anhangabaú, a Praça Princesa Isabel e a Praça Júlio Prestes, ícones estes que interligam a cidade em diferentes modais de transporte. Abaixo na figura 65, pode se observar a relação dos pontos citados com o local de intervenção.

Figura 65: Área de intervenção e pontos modais na área envoltória. Fonte: MDC, 2018.

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No perímetro imediato, com relação direta com a quadra, encontram-se as avenidas Avenida Rio Branco e a Avenida Ipiranga, abaixo na figura 66, destacamos o terreno e suas vias envoltórias.

Figura 66: Área de intervenção destacada e as vias envoltórias. Fonte: Mapa Digital da Cidade/ Classificação Viária Lei de Zoneamento 13.885/04.

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6. Projetos de ReferĂŞncia


6.1 Habitacao de Interesse Social

O

PLANTA

projeto do Conjunto Habitacional Carré Lumiére, se localiza na cidade de Bordeaux na França; de autoria do escritório LAN Architecture projetado em 2015 com 79 unidades habitacionais distribuídas em dois edifícios, foi um projeto para a indústria privada que demoliu torres ociosas do distrito. O projeto destaca-se pela modularidade e flexibilidade de usos das unidades, do misto entre espaços privados e coletivos e da alteração do gabarito de altura criando espaços livres de uso comum no terraço. Podemos observar o projeto abaixo nas entre as figuras 67 a 72.

IMPLANTAÇÃO

Figura 68: Planta Unidades Habitacionais Carré Lumiére. Fonte: ArchDaily, 2016. VISTA FRONTAL

2016.

Figura 67: Implantação Carré Lumiére. Fonte: ArchDaily,

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FOTOS FACHADA

2016.

Figura 69: Vista Frontal Carré Lumiére. Fonte: ArchDaily, MAQUETE VOLUMÉTRICA Figura 71: Imagem Fachada Carré Lumiére. Fonte: ArchDaily,2016.

Figura 70: Maquete Volumétrica Carré Lumiére. Fonte: ArchDaily, 2016.

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Figura 72: Imagem Fachada Carré Lumiére. Fonte: ArchDaily, 2016. 68


6.2 Memorial Com o intuito de homenagear as vítimas do ataque terrorista que ocorreu em Nova York no dia 11 de setembro de 2001, foram projetados a praça com espelhos d’água, o Museu Pavilhão, projetado por Snohetta e o Museu Nacional de 11 de setembro projetado pelo arquiteto Davis Brody Bond. O projeto da praça conta com dois extensos e profundos espelhos d’água que estão localizados onde se encontravam as torres gêmeas, o museu pavilhão inicia o percurso que após abrange o museu subterrâneo com área de aproximadamente 38 mil m2, abaixo na figura 73 a localização das atividades.

Figura 74: Fachada Museu Pavilhão. Fonte: Snohetta, 2014

Figura 73: Corte esquemático da distribuição do programa. Fonte: ArchDaily, 2012.

Figura 75: Fachada Museu Pavilhão. Fonte: Snohetta, 2014 RESSIGNIFICAR E REVIVER O PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO: EDIFÍCIO WILTON PAES DE ALMEIDA

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6.3 Ressignificação

Figura 76: Vista aérea do conjunto de memorial ao 11 de setembro. Fonte: Vitruvius, 2010

Figura 77: Vista aérea do conjunto de memorial ao 11 de setembro. Fonte: Vitruvius, 2010 RESSIGNIFICAR E REVIVER O PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO: EDIFÍCIO WILTON PAES DE ALMEIDA

O Parque da Juventude é um projeto de ressignificação de espaço do antigo Complexo Penitenciário do Carandiru, localizado na zona norte de São Paulo no bairro de Santana. Com cerca de 240 mil metros quadrados a área abrigou até 2002 o complexo penitenciário, sendo este o local de um massacre em 1992 que culminou em 111 mortes. Com o intuito de ressignificar a área de dar um uso ao complexo desativado que se tornou um vazio urbano em meio à cidade, em 1999 um concurso público deu origem ao projeto do parque. Projetado pela arquiteta paisagista Rosa Kliass conjuntamente ao escritório Aflalo & Gasperini. Abaixo na figura 78 se pode observar a implantação do parque.

Figura 78: Implantação Parque da Juventude. Fonte: Archdaily, 2017 70


O projeto contou com três etapas como se pode observar na figura 79 abaixo. A primeira etapa da obra foi dedicada à área esportiva, a segunda etapa estruturou os espaços por meio do paisagismo criando área contemplativas e a terceira etapa inseriu a área institucional, composta pelo prédio da biblioteca, figura 80 e 81, e pela ETEC (Escola Técnica), figura 82.

Figura 80: Biblioteca Parque da Juventude. Fonte: Archdaily, 2017

Figura 79: Vista aérea do Parque da Juventude em suas três fases. Fonte: Archdaily, 2017 RESSIGNIFICAR E REVIVER O PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO: EDIFÍCIO WILTON PAES DE ALMEIDA

Figura 81: Biblioteca Parque da Juventude. Fonte: Archdaily, 2017 71


Figura 82: ETEC Parque da Juventude. Fonte: Archdaily, 2017

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7. Proposta


7. Proposta

A

proposta de intervenção visa ressignificar e reviver a área onde localizava-se o edifício Wilton Paes de Almeida, que desabou em consequência de um incêndio provocado por curto-circuito. A tragédia resultou em 7 mortos, sendo hoje o local um espaço que representa o incidente e o descaso com a luta por moradia no centro da Cidade São Paulo. A proposta visa inserir no local um edifício com o térreo com seu uso parcial destinado ao comércio, o primeiro pavimento destinado a um memorial para o edifício localizado anteriormente na área e para as lutas por moradia e os demais pavimentos destinados a uso residencial, totalizando uma área de 8074 m2, para atender 155 famílias de camadas populares. Abaixo, na tabela 6 segue quadro de usos e áreas. Nas figuras de 83 á 85 o fluxograma e na figura 86 o estudo de massas.

Tabela 6: Quadro de áreas da proposta inicial e seus usos.

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Fluxograma Geral

Fluxograma Institucional

Figura 83: Fluxograma Geral. Fonte: Elaborado pela autora, 2018. Fluxograma Residencial

Figura 85: Fluxograma Institucional. Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

Figura 84: Fluxograma Residencial. Fonte: Elaborado pela autora, 2018 RESSIGNIFICAR E REVIVER O PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO: EDIFÍCIO WILTON PAES DE ALMEIDA

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Estudo de Massas

Quadro de Áreas e Estudo de Massas Final

Ambiente Salão Comercial Sanitários Sala de Estoque

Ambiente Studio PNE PNE 1 Dorm PNE 1 Dorm PNE 1 Dorm Área Social Studio Ap 1 Dorm Ap 1 Dorm Ap 1 Dorm Ap 1 Dorm Ap 1 Dorm

Área Comercial Qtd Área (m2) Subtotal 3 5 3

48,6 5,2 11,6

146 26 35

Área Residencial Qtd Área (m2) Subtotal 18 12 6 6 2 15 30 15 15 15 15

Unid.Habitacionais

34 32 35 39 372 24 31 33 35 39 41

Total m2 207

Total m2

612 384 210 234 744 360 930 495 525 585 615

5.694

147 Unid.

4.950

Figura 86: Estudo de Massas. Fonte: Elaborado pela autora, 2018. RESSIGNIFICAR E REVIVER O PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO: EDIFÍCIO WILTON PAES DE ALMEIDA

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Ambiente Espaço público Espaço privado

Ambiente Recepção Café Área Expositiva Sanitários Apoio Almoxarifado Gerência/ RH Segurança/ CFTV

Área Permeável Qtd Área (m2) Subtotal 1 1

422 75

10 9 146 14 14 6 11 5

Resumo de Áreas Setor Área Comercial Residencial Permeável Institucional Total Parcial Áreas Total de andares Circulação Total

N

497

422 75

Área Institucional Qtd Área (m2) Subtotal 1 1 1 3 1 1 1 1

Total m2

Total m2 241

10 9 146 40 14 6 11 5

Área (m2) 207 5694 497 241 6.639 25 2149 8788

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N

1

PLANTA DE SITUAÇÃO

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N

2

IMPLANTAÇÃO

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80


D

C

N

A

A

1 B

3

TÉRREO

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2

D

C

B

81


D

C

N

A

A

1 B

4

1º PAVIMENTO MEMORIAL

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2

D

C

B

82


D

C

N

A

A

.50 Ø1

Ø1

.50

1 Ø1.50

Ø1.50

B

B

.50

5

2

D

C

Ø1

2º, 4º E 6º PAVIMENTO - AP. PNE

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83


D

C

N

A

A

.50 Ø1

Ø1

.50

1 Ø1.50

Ø1.50

B

B

.50

6

2

D

C

Ø1

3º, 5º E 7º PAVIMENTO - AP. PNE

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D

C

N

A

A

1 B

C

D

B

7

2

8º PAVIMENTO - ANDAR SOCIAL

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D

C

N

A

A

1 B

C

D

B

8

2

18º PAVIMENTO - ANDAR SOCIAL

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D

C

N

A

A

1 B

9

2

D

C

B

9º AO 25º PAVIMENTO - ANDARES ÍMPARES

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D

C

N

A

A

1 B

10

2

D

C

B

10º AO 24º PAVIMENTO - ANDARES PARES

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11

CORTE E FACHADAS

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TÍTULO:

12

CORTE

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CORTES E ELEVAÇÕES ORIENTADORA:

LARISSA SOARES INSTITUIÇÃO:

AUTOR:

DAYANE SANTIAGO

90

UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI

CURSO:

ARQUITETURA E URBANISMO

DATA:

24/05/2019 FOLHA:

11/11


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