UEPB Universidade Estadual da Paraíba-UEPB DECOM -Departamento de Comunicação Social Docente: Bruno Gaudêncio Componente Curricular: Jornalismo e Literatura Discentes: Dayara Sousa Samara Maciel 3º Período – Manhã
O ÚLTIMO ROMANCISTA REGIONALISTA
Campina Grande - PB 03 de Dezembro 2014
EfigĂŞnio Moura
O ÚLTIMO ROMANCISTA REGIONALISTA Efigênio Texeira de Moura, ou simplesmente Zezinho, como gosta de ser chamado, é um nordestino apaixonado por sua cultura. Escreve seus causos no mais perfeito “nordestinês”. Ou seja, com a linguagem usada no dia-a-dia do nordestino. “Oxente!”, “armaria” e “eita gota!”, expressões que aparecem com frequência em suas obras, são tidas por ele como necessária. Na Paraíba esse jeito típico de contar estórias é aceito, mas fora dela há quem critique. Dizem que Efigênio ensina a falar errado. Moura rebate as acusações perguntando “por que não criticaram Graciliano Ramos, Monteiro Lobato ou até mesmo Luiz Gonzaga? e o pessoal do sul, que tem o próprio dialeto, o próprio falar? Então por que a fazem a pergunta a mim? será que é por que eu sou Efigênio Moura, nordestino e raposeiro? Eu não ensino errado, esse é o dialeto do meu povo”. D e scendentes de alagoanos por parte de pai, e de pernambucanas por parte de mãe, o monteirense diz não abrir mão de retratar as estórias do povo de sua terra e é assim que tem feito, prova disso, são as suas obras Eita gota!, Ciço de Luzia e Santana do Congo. Raposeiro doente, ele abomina o número Treze e não esconde o amor pelo seu time do coração, o Campinense, mesmo quando tem uma boa atuação, é sempre destaque em suas conversas com os amigos. Formado em Marketing estratégico, Zezinho revela que no âmbito das produções literárias isso em nada influência, mas partindo para a parte de divulgação, o auxilio bastante porque proporciona uma melhor organização das ideias para a exposição das obras. Ele também é radialista, vive de rádio, sim esse veículo de comunicação conhecido por despertar a imaginação de seus ouvintes, não por acaso, Efigênio vive disso, mas não gosta da rotina de produção que o rádio já lhe impôs, preferi ficar mais livre e ter mais espaço para criar. Sabemos que escritor no Brasil tem que ter outro emprego para se sustentar, sobre isso ele diz “eu vivo de arte, mas de arte não se vive”. Com essas palavras, revela que tentou
outros caminhos para melhorar a renda, como por exemplo, se inscrever em concursos públicos, um deles foi o da CHESF (Companhia Hidro Elétrica do São Francisco), no entanto, No meio da prova, foi chamado por uma tal de Zefa, ela lhe roubou o pensamento e o atormentou até que ele fosse obrigado a se retirar da sala, entregar a prova e ir para o carro escrever sua estória. Zefa e muitos outros personagens estarão em seu novo livro, que ainda não tem previsão de lançamento. “Eu fiquei estupefato!”. Estupefato, palavra chique, difícil e até bonita, mas que é incomum saindo da boca de Efigênio, foi assim que ele resumiu sua reação em saber que um de seus livros – Ciço de Luzia - tinha sido adotado no vestibular da UEPB. Com a escrita baseada na oralidade regional, ele viu sua obra alçar voos altos, quando foi discutido e estudado em outras regiões do Brasil. Foi debatido em Brasília, por alunos do ensino fundamental, por dois anos consecutivos. No Espirito Santo em Foz do Iguaçu, onde foi estudada e vendida, sem que ele recebesse nenhum valor por isso, ele virou bestxerox. Conta esse caso de forma bem humorada, como sempre e diz que não se sentiu enganado, apesar de ser um “caba besta da gota”, como ele mesmo diz. Mas foi no estado de Pernambuco, na cidade santa Cruz do Capibaribe, que sua obra exaltada, porque virou livro paradidático. Zezinho não viu, porém, sua obra “acontecendo” como deveria na Paraíba, sua terra natal. O que Efigênio espera de suas obras? “...que seja agaroba, que sustenta a si próprio”, diz ele. Assim, relata que ainda está colhendo os frutos de se “pomar”. Moura recebeu recentemente propostas de produtos pensados a partir dos seus livros, como por exemplo, a um jogo para celulares com sistema Android, baseado em Ciço de Luzia, embora diga “não sei que molesta é isso, mas o cara disse que era bom, que dava dinheiro”. Também recebeu uma proposta para criar uma estória em quadrinhos derivada novamente do mesmo livro. Mantendo uma
boa relação no meio literário, Zezinho revela que os escritores nunca se debatem suas obras, pois todos têm o ego grande e um quer ser melhor que o outro. Na verdade, existem duas exceções a essa regra na lista de Efigênio, elas são Misael Nóbrega e Marco de Aurélio, dois nomes de peso para ele. Misael Nóbrega é formado em Jornalismo pela UEPB e autor de livros como Colcha de Retalhos, O Fantoche e Cinzas das Horas, ele foi o responsável pelo prefacio do livro Ciço de Luzia, hoje é professor da FIP(Faculdada Integrada de Patos). Já Marco de Aurélio, a quem chama de padrinho, fez o primeiro prefácio do livro Eita Gota. Como amigoem Campina Grande, ele tem o escritor, historiador e professor Bruno Gaudêncio, a quem se refere como passarinho que canta as melhores canções. “Acho que ele tem pacto com o diabo, porque escreve muito.” A obra de Bruno mais admiradapor Efigênio é o poema A Carpideira. Como referências em suas produções têm Jessier Quirino e Ariano Suassuna. eles aparecem para ele como
incentivadores brancos, que são aqueles que incentivam a partir do que fazem produzem. Quando está em fase de produção evita se aproximar das obras deles, para evitar ser influenciado pela escrita desses escritores. Admira também, outros nomes de peso da literatura campinense, como Mabel Amorim, Pedro Nunes e Fidélia, com quem tem uma convivência “pacífica”. Zezinho tem planos para o futuro, quer escrever mais cinco livros, e “ficar rico!”, seja retratando o nordeste, ou seja, pela loteria. Ele quer que a coletânea que vai lançar, seja Best Seller, para isso quer elaborar um plano de mídia mais arrojado para invadir o sul também. O que é o mais difícil para os escritores nordestinos, ser escritor na Paraíba é muito difícil, quase não existe incentivo por parte do governo, tanto estadual quanto federal. Fazer-se ouvir, na verdade ler, é um desafio, não só de Efigênio, mas de todos os escritores, especialmente os da Paraíba. Efigênio Moura resisti em ser nordestino, em amar aquilo que é do seu povo, é em ser o que é
“Eu vivo a arte, mas da arte não se vive”