as parceiras lya luft o nome de lya luft tem sido conhecido até agora como cronista - escreve para os jornais de porto alegre, gaúcha que é -, poeta, professora de lingüística e literatura, e tradutora. entre seus trabalhos mais significativos, destacam-se as versões para nossa língua de os cadernos de malte laurids brigge, de rainer maria rilke, e o quarto de jacob, de virginia woolf, ambos publicados pela nova fronteira. as parceiras representam sua primeira incursão no campo da ficção. trata-se de uma novela narrada na primeira pessoa do singular e escrita em forma de diário, no correr de uma semana. no entanto, o que a narradora faz não é anotar a experiência por que passa no momento em que escreve. a situação presente serve-lhe apenas de cenário, onde o que interessa é mergulhar no passado, tratá-lo a tona, enfrentá-lo com a coragem e a verdade que só o próprio ato de escrever possibilita. assim, o enredo que vai nascendo - e envolvendo o leitor - é a história da vida de uma mulher que, de repente, ao se pôr a transformar sua experiência em palavras,. descobre que até ali toda a sua existencia - íntima, pessoal, moral e social - foi construída sobre preconceitos e mentiras. como obra de estréia, as parceiras surpreende tanto pela imaginação quanto pela linguagem, que, sendo simples e despojada, revela momentos de rara densidade poética. #© 1980 by lya luft direitos adquiridos para a língua portuguesa pela editora nova fronteira s.a. rua maria angélica, 168 - lagoa - cep 22461 - tel.: 246-8066 endereço telegráfico: neofront rio de janeiro - rj capa jader marques diagramação gustavo meyer revisão jorge aguinalro uranga ficha catalogrÁfica cip-brasil. catalogação-na-fonte sindicato nacional dos editores de livros, rj. luft, lia. l975p as parceiras / lya luft. - rio de janeiro : nova fronteira, 1980. 1. romance brasileiro i. título para rachel jardim cdd - 869.93 80-0306 cdu - 869(81)-31 #sumário domingo, -9 segunda-feira, 41 terça-feira, 57 quarta-feira, 85 quinta-feira, 109 sextafeira, 127 sábado, 145 #catarina tinha catorze anos quando casou, penso, enquanto seguro a balaustrada, me debruço para aspirar melhor a maresia, e deparo com a mulher postada no morro a minha direita. bem na pedra saliente, onde a rocha cai na vertical até as águas inquietas. catorze, recém-feitos. jogaram com ela um jogo sujo. não podia mesmo agüentar. - podia, bernardo? - pergunfo em voz alta. ele faz cara de que não podia.