Livro . Arte . Criança.

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ARTE-EDUCAÇÃO E UM DOS SEUS MEIOS DE EDUCAR: O LIVRO DE ARTE PARA CRIANÇA Dayla Gonçalves Duarte Universidade de Brasília – UnB daylagd@gmail.com http://lattes.cnpq.br/2210267439520038 RESUMO: Este artigo é uma investigação introdutória, direcionada à pesquisa de livros que tenham por tema as artes visuais/plásticas e se voltem para as crianças. Por meio de seleção de vasta bibliografia, navegações na internet, discussões em grupo e visitas as livrarias, investiga-se, o significado do livro na contemporaneidade, o mesmo como objeto, sua expansão e as alterações no seu significado, passando a pensar nas características dos livros para as crianças, no que tange sua identificação, classificação, história e direcionamento a público específico. Por fim, se explora a associação entre aspectos pedagógicos e literários por um viés histórico, que se apoia em duas outras histórias – a do livro e a da criança – instigando demais reflexões, com o intuito de incentivar o uso do livro de arte para a criança, como objeto criativo que é em seu todo, na fruição da vivência da arte-educação. Palavras-Chave: Arte-Educação, Criança, Livro.

ABSTRACT: This article is the beginning of an investigation, directed to a research on books that have the visual/plastic art for children as subject. Through the selection of a wide source on literature, internet, group discussions and visits to bookstores, investigates the significance of the book in contemporary times, as an object, its expansion and changes in its meaning, starting to think through the characteristics of books for children, regarding their identification, classification, history, targeting a specific audience. Finally, we explore the association between educational and literary aspects by a historical bias, which relies on two other stories - the book and the childhood - prompting other reflections, in order to encourage the use of the art book for children as an entirety object that is creative in itself, in the living fruition of the experience of art education. Key words: Art-education, children, book.

Temos acesso à informação por vários meios. Informações relativas à arte estão em todos eles. O livro, que é um dos meios mais populares e antigos, está vivendo adaptações, mas ainda nos é um suporte importante para se compartilhar conhecimentos de arte e sobre arte. Porém, pensar em livro hoje, não é somente __________________________________________________________________ Federação de Arte Educadores do Brasil / FAEB Site: http://xxiiconfaeb2012.blogspot.com.br/ - e-mail: xxiiconfaeb2012@gmail.com


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imaginar a ideia mais comum: um conteúdo impresso em folhas e encadernado, guardado numa estante. O livro, assim como outros meios, passou por adaptações, sofreu expansão da sua pluralidade já existente e está disponível, impresso, online, em kindles, ipads e demais suportes. A compreensão que se tem hoje sobre o que são as crianças e a especificidade de livros destinados a elas também são reflexos de mudanças históricas. Com a ascensão da classe burguesa no séc. XVIII, que altera o “ser” criança e a responsabilidade da família em relação a ela, modifica-se a relação entre o ensino, o objeto livro e seu conteúdo. Consequentemente, altera-se a percepção do livro para criança, da literatura Infantil. Assim, esta vem sendo percebida mais pelas suas especificidades do que pelo caráter generalista usado para denominar e classificar qualquer livro que seja para a criança. Entre culturas impressas e digitais e suas combinações, partindo da investigação sobre o que é o livro na contemporaneidade, essa pesquisa se volta para os livros que tem como tema a arte e são direcionados às crianças. Propõe-se a investigar, consultando exemplares impressos, disponíveis no mercado editorial, algumas das características que permitem a classificação desses livros como literatura/livro para criança, assim como seu vínculo à ideia de ensino, destacando sua importância como possibilidade geradora de conhecimento em e de educação em arte. Livro Esse objeto tão corriqueiro e que pode, nas mais extremistas hipóteses, vir a desaparecer, já vem sofrendo modificações em sua tecnologia e matéria há aproximadamente seis mil anos e, antes de ter o papel manufaturado como principal suporte, utilizou-se de matérias-primas oriundas de diversas plantas e animais — folha de palmeira e pele de carneiro, por exemplo. Hoje, pode-se pensar nas conexões que associamos ao objeto livro: palavras como pdf, kindles, ipad, e-book, livros virtuais, já começam a se incorporar e a se popularizar em nosso vocabulário, não nos restringindo somente ao papel como matéria-prima.

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Dentre as definições do que é livro, não se nega o objeto, sua função de registro e propagação de conhecimento. Sobre o aspecto de ser um objeto, ele ainda o é, não perdeu essa característica, mas é preciso falar de sua mutação e da expansão do seu conceito e de sua materialidade. É necessário, portanto, pensar nas alterações da maneira como o livro é atualmente concebido, publicado e lido, indo além do impresso. O historiador Roger Chartier, em seu livro “A aventura do livro: do leitor ao navegador”, diz que o objeto-livro hoje é “a tela sobre a qual o texto eletrônico é lido” e chama a atenção para as diferenças de sua relação com o leitor, “a revolução do livro eletrônico é uma revolução nas estruturas do suporte material do escrito assim como nas maneiras de ler.“ (CHARTIER, 1999, p.13). Outro fato que explica as novas atribuições de sentido ao livro em suas diferentes modalidades são as terminologias associadas à imagem-objeto-livro, as quais permanecem predominantemente baseadas nas estruturas fundamentais do códex. Essa terminologia (página, índice/menu, capítulo etc.) são tão fortes e enraizadas que transferimos as palavras relacionadas ao seu vocabulário para as novas tecnologias e modalidades de publicação, criando uma extensão e modificando o significado do que é o livro como objeto e não criando e redefinindo um novo vocabulário para as novas tecnologias. Giselle Beiguelman remete este fato a um problema epistemológico: “A identificação do conteúdo online com a página reitera a linearidade de uma história sobre o mesmo que se faz pelo apaziguamento das instabilidades.” (Beiguelman, 2003, p.11). Já Chartier vê o fato como defasagem e domesticação, no sentido de que se modifica a estrutura e elementos de algo (nesse caso, o livro impresso) que já nos era familiar e, paralelamente, de forma consciente ou inconsciente, faz-se um esforço para continuar impondo os critérios e estruturas do universo do livro impresso para o texto eletrônico. Ele identifica tal fato como uma dificuldade, “de perceber a inovação como inovação” e então há a tentativa de limitar por meio “de nossa terminologia ou de nossos costumes”.

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Como

um

exemplo

desse

mutualismo

e

simbiose

das

diferentes

possibilidades e especificidades que ambos universos (impresso e eletrônico) permitem, podemos citar os livros virtuais. Estes se utilizam de recursos disponibilizados por sites, blogs, wordpress, tumblrs e afins, bem como da possibilidade que esses permitem de que haja interferência direta em seus códigos. Os livros virtuais, assim entendidos, evidenciam uma prática de leitura e de escrita multimídia e hipertextual na cibercultura: “publicar um livro, (...) pode ser simplesmente transformar um weblog, que tenha características conceituais de livro, em um website.” (BARROSO, 2011, p.7). Independente de reflexões e discussões sobre ser necessário ou não a redefinição do livro eletrônico, a realidade é que se expandiu e se redirecionou o seu sentido. Livros impressos e eletrônicos ainda partilham do mesmo “nome” e estão sendo vivenciadas as relações entre superfície e interface. Em virtude disso, hoje se admite o uso da palavra livro para identificar: Projetos criativos que têm como denominador comum o fato de expandirem e redirecionarem o sentido objetivo do livro, permitindo pensar experiências de leitura pautadas pela hibridização das mídias e cibridização dos espaços (on line e off line). (BEIGUELMAN, 2003 pp.10-11).

A partir dessa compreensão acerca do livro na contemporaneidade, podemos seguir na investigação sobre o mesmo, mais especificamente como um suporte destinado a crianças. Isso tornará possível descobrir as relações que se estabelecem entre algumas de suas características e sua potencialidade em artes visuais. Características dos livros para criança Temos hoje diversas classificações para os assuntos aos quais se referem os livros, sendo uma delas, por exemplo, os livros sobre arte e, entre esses, os que são destinados às crianças. Quem ou o que determina que esses livros sejam para crianças? Engraçado perceber que mesmo sem nos dar conta, sabemos fazer essa distinção, e isso implica a percepção de que há uma estética e uma linguagem características, que nos fazem criar essa separação de modo quase “inconsciente”. __________________________________________________________________ Federação de Arte Educadores do Brasil / FAEB Site: http://xxiiconfaeb2012.blogspot.com.br/ - e-mail: xxiiconfaeb2012@gmail.com


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De acordo com as investigações de Jesualdo Sosa (1978), no que diz respeito às características que distinguem uma literatura infantil, quatro elementos se destacam. Os primeiros traços da literatura infantil a caracterizam como uma atividade feliz e fácil, com um final feliz. Feliz e fácil no que diz respeito a toda a dedicação e o esforço que são recompensados. A segunda característica é o uso da imaginação, que a criança usa para se projetar na exploração de seu próprio drama, “O drama é importante para a criança como tradução de seus movimentos interiores e quanto o pequeno leitor, nele, se sente viver.” (SOSA, 1978, p.39). Os dois outros elementos seriam a técnica do desenvolvimento, isto é, a maneira como se apresenta a invenção, e a linguagem, o instrumento utilizado no desenvolvimento do drama. Na técnica, nos seria dado admirar e analisar o modo como o autor desenvolve o entrecho dos acontecimentos ante o suposto desejo do leitor, a maneira que distribui os elementos imprescindíveis, reais ou ilusórios, para o desenvolvimento do assunto. Já na linguagem, pode-se perceber a habilidade do criador: “Quanto mais depurada a expressão, quanto mais simples e bela a entonação da linguagem, mais a criança apreciará a leitura, para a qual se sentirá mais atraída” (SOSA, 1978, p.39). Regina Zilberman também apresenta algumas características particulares do gênero. Para ela, a literatura infantil está estritamente direcionada a certo tipo de leitor: a criança. Além disso, todos os meios empregados pela autora para estabelecer uma comunicação com o leitor infantil podem ser resumidos sob a denominação de adaptação estrutural: assunto, forma, estilo e meio. (ZILBERMAN, 1987, pp. 50-52). Temos assim, de modo resumido, o seguinte: — Adaptação de assunto: não excluindo que não existam histórias originais, admite-se que sempre há a preocupação de se pressupor a compreensão de mundo do receptor e por isso há uma restrição no tratamento de certos temas, ou seja, o seu uso visa não colher ou identificar a opinião do leitor, mas formar suas opiniões (Hunt, 2011, p.85), quem escreve são adultos e, portanto se percebe controle, decisões morais.

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— Adaptação da forma: leva-se em consideração a percepção do leitor sobre o real. O enredo, na maioria das vezes, se dá de forma linear; os personagens são pensados para motivar identificação; há uso de flashbacks ou se interrompe o andamento da história para introduzir conceitos e ensinamentos morais, ou ainda, o autor, para manter a atenção, evita trechos muito longos e adota mecanismos de suspense, intensificando a ação da aventura. — Adaptação de estilo: refere-se ao vocabulário, morfologia e formulação sintática. Na literatura infantil, temos frases e elos frasais relativamente curtos, poucas orações subordinadas, geralmente de primeiro grau, utilização mínima da voz passiva e do discurso indireto, pouco uso de atributos e designações mais elaboradas e falta quase total de compostos nominais mais complexos. Como exemplos, podemos destacar a puerilidade, que se percebe principalmente pelo uso de diminutivos, ou de palavras ou termos infantilizados, e na presença de marcações do discurso oral (Hunt, 2011, p.160): “Na nossa rua tem uma casa vermelha, cor de xangô (...) Ele morava sozinho – mas acompanhado de muitos livros e fotos que ele mesmo havia tirado. Ah, e também tinha dois gatos...” (LÜHNING, 2011, p.7); “Era uma vez um país chamado Brasil” (FIGUEIREDO, 2011, p.11); “Eu gostava muito de visitar minha Tia Tarsila.(...) Ela foi, muito, muito famosa, você deve conhecer algumas pinturas que ela fez.” (AMARAL, 2011, contracapa) — Adaptação do meio: presença de ilustrações e demais referências visuais, que são características antecipatórias. Às vezes, é somente por elas — nem chegando a ler o texto do livro ou saber da editora responsável pela publicação —, que muitos classificam os livros para criança. Entram aqui elementos de paratexto: formato do livro, fonte tipográfica, título, capa, guardas, frontispício, quantidade de páginas, gramatura do papel, cor etc. Como escreveu Regina Zilberman, pode-se considerar a existência de uma literatura infantil, com características bem definidas referentes aos aspectos editoriais. Livros para criança como meio de ensino

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Historicamente, sabemos que a criança e a infância nem sempre foram tratadas com a especificidade que são hoje. Por meio de várias mudanças indiretas e diretas, progressivas, somente durante o século XVII a palavra infância ganha um sentido semelhante ao atual (ARIÈS, 1981). No século XVIII, posteriormente à ascensão das famílias burguesas, a criança e a escola sofreram alterações em como são e eram vistas socialmente. A família passa a ser responsável pela formação social e pela educação de seus membros. É basicamente nesse cenário que educadores vêem a possibilidade de usar a literatura como tática pedagógica. Há divergências sobre a origem da literatura infantil e seu significado atual. Alguns pesquisadores, como Regina Zilberman e Maria Lúcia Amaral, por exemplo, aceitam a origem associada aos aspectos pedagógicos, cujo aparecimento se estabelece em meados do século XVIII. Porém, há pesquisadores, como Lúcia Pimentel Góes, que questionam e propõem que é no século XVIII que ocorre o surgimento do livro infantil, mas que a literatura infantil tem origem na idade oral do mito. Da mesma forma, Cecília Meireles nos escreve que a literatura, na pluralidade de seus gêneros, tem sua origem na oralidade, é, portanto, muito anterior ao surgimento da escrita e do livro, e que “literatura infantil”, tal como é entendida na contemporaneidade, configurasse como uma especialização literária visando particularmente os pequenos leitores. Para a poetisa, a Literatura Infantil “em lugar de ser a que se escreve para as crianças, seria a que as crianças lêem com agrado” (MEIRELES, 1979, p. 77). Independente

de

algumas

divergências,

a

relação

entre

aspectos

pedagógicos e literatura no século XVIII é aceita entre alguns teóricos (PERROTTI, 1986) para entender o início do uso de um meio, o livro para criança, como recurso para alcançar objetivos de ensino, objetivos educacionais. Então, o livro para criança oscila desse modo, entre a elaboração literária, detentora de uma capacidade estética que o aproxima da arte, e a formação pedagógica e moral (livros didáticos, de não ficção, e paradidáticos), e cujas funções são amplas e talvez indispensáveis ao ensino. O livro de arte para crianças __________________________________________________________________ Federação de Arte Educadores do Brasil / FAEB Site: http://xxiiconfaeb2012.blogspot.com.br/ - e-mail: xxiiconfaeb2012@gmail.com


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Os livros impressos nos são apresentados desde a infância cronológica como objetos relacionados ao ato de brincar, de aprender, como estímulo à imaginação, à aquisição da linguagem e à ascensão intelectual, seja no ambiente familiar ou escolar. Embora a leitura não seja algo vital, ela é essencial para a sobrevivência em nossa cultura e é vivenciada, aprendida, ensinada, em diversos aspectos e não somente na alfabetização do ABC. Ela é vivenciada na aprendizagem do ler e escrever, que vai além do reconhecimento de determinadas imagens que se associam a sons e a uma grafia. Mediante isso, o incentivo à leitura em sua plural abrangência pode e deve ser associado à educação do olhar, ao despertar da fruição e à arte-educação. Desde tenra idade o livro de arte para criança ajuda muito bem em todas essas instâncias. No texto de Ana Mae Barbosa, Arte Educação não é mero exercício escolar, do livro “A imagem no ensino da arte: anos oitenta e novos tempos” (2008), a autora nos leva a refletir sobre a necessidade da arte para o ser humano no momento da alfabetização. Algumas características dessa importante relação seriam o fato de que alfabetização não se faz apenas juntando letras, o que lembra a fala de outro exímio educador, Paulo Freire, que nos deixou escrito que a “leitura do mundo precede sempre a leitura da palavra”; e há então, uma alfabetização cultural que é essencial para significação da letra, “A leitura social, cultural e estética do meio ambiente vai dar sentido ao mundo da leitura verbal” (BARBOSA, 2008, p.28). Nesse sentido, a arte facilita o desenvolvimento psicomotor sem podar o processo criador, ativa, assim, uma visualidade que auxilia a diferenciar os aspectos gestálticos e visuais das palavras. Tal diferenciação é uma capacidade básica para apreensão do código verbal, que também é visual. A pesquisadora Maria Isabel Ferraz Pereira Leite, em seu artigo – Livros de arte para crianças: um desafio na apropriação de imagens e ampliação de olhares (2005), também compartilha sua ideia de que ter acesso a fotografias de pinturas, ou a qualquer forma de registro de obra de arte por meio dos livros não substitui a experiência de estar diante de uma obra na sua dimensão real, na sua materialidade, mas é inegável que “todas as experiências do olhar fazem parte de __________________________________________________________________ Federação de Arte Educadores do Brasil / FAEB Site: http://xxiiconfaeb2012.blogspot.com.br/ - e-mail: xxiiconfaeb2012@gmail.com


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nossa educação visual” (LEITE, 2005, p.6) e de que a arte nos dá acesso a diferentes verdades e realidades: Uma coisa é ver a obra a partir do que ela me faz pensar. A obra me remete a quê? São aspectos que acionam afetividade, desejos, uma descarga maior de subjetividade, imponderabilidade – desafios interessantes para a construção de um olhar crítico e curioso. (LEITE, 2005, p.7)

E é nessa perspectiva de fazer usufruto da arte, da educação, da literatura, da infância, tudo junto e misturado, se explorando as diversas conexões e maneiras de uso das mesmas, para se ampliar e instigar ainda mais o desenvolvimento e participação na criação e uso de alternativas na prática do arte-educar, que essa pesquisa segue, no caminho de reconhecer e valorizar esse objeto criativo — o livro de arte para crianças — independentemente de seu suporte, impresso ou eletrônico, para estimular o hábito de se ler um universo que anseia por ser lido e nos proporciona em sua pluralidade diversas leituras. Referências AMARAL, Tarsila do. O Anel Mágico de Tia Tarsila. Cia. das Letrinhas, 2011.

ARIES, Philippe. História Social da Criança e da Família. Rio de Janeiro: LTC, 1981.

BARBOSA, Ana Mae Tavares Bastos. A imagem no ensino da arte: anos oitenta e novos tempos. São Paulo: Perspectiva, 2008.

BARROSO, Ana Beatriz. Arte, conhecimento e livros virtuais. In: #10.ART, 2011, Brasília. Anais #10.ART, 2011.

BEIGUELMAN, Giselle. O livro depois do livro. São Paulo: Peirópolis, 2003.

CALDEIRA, Cinderela. Do papiro ao papel manufaturado. Disponível em __________________________________________________________________ Federação de Arte Educadores do Brasil / FAEB Site: http://xxiiconfaeb2012.blogspot.com.br/ - e-mail: xxiiconfaeb2012@gmail.com


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FIGUEIREDO, Lenita Miranda de. História da Arte para Criança. Cengage, 2010.

GÓES, Luciana Pimentel. Introdução à Literatura Infantil e Juvenil. São Paulo: Pioneira, 1984.

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MEIRELES, Cecília. Problemas da Literatura Infantil. São Paulo: Sumus, 1979.

PERROTTI, Edmir. O texto sedutor na literatura infantil. São Paulo: Ícone Editora, 1986.

SOSA, Jesualdo. A literatura Infantil: ensaio sobre a ética, a estética e a psicopedagogia da literatura infantil. São Paulo: Cultrix: Ed. Da Universidade de São Paulo, 1978.

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Dayla Gonçalves Duarte Estudantes de Artes Plásticas - licenciatura da Universidade de Brasília. Tecnóloga em produção publicitária pelas Faculdades Integradas - ICESP. Integrante do grupo de iniciação cientifica em livros virtuais, coordenado pela professora Dra. Ana Beatriz Barroso (VIS/UnB). Pesquisadora em arte-educação, literatura e ilustração, direcionadas a criança e a infância.

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