Revista Compasso

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Compasso

DANÇA

do VENTRE



Sumรกrio

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EDITORIAL

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EVENTOS

MUNDO

Foto: Carolina Leal

FIGURINO

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CINEDANร A

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ENTREVISTA

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Editorial

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H

á alguns dias, estávamos conversando sobre dança nos Estados do Brasil. Sem qualquer pretensão estatística, nossas ideias seguiam para tentar identificar características da dança em alguns locais, seu comportamento, sua força de cada região. Há muita gente séria tentando levar a dança aos mais diversos lugares do País, mais importante, com a intenção de profissionalização. Dois exemplos nos chamam atenção neste mês na Revista. Em Minas Gerais, o Grupo de Dança Primeiro Ato comemora trinta anos de existência com uma marca muito própria, o exercício da colaboração. Muito antes de ser moda, Suely Machado, sua diretora, já cuidava para que a condução fosse entre muitos. Ainda de BH, a cidade ganha mais um grupo profissional, o Sesc abriu inscrição e fez sua primeira audição para a companhia de repertório que pretende criar ainda este ano. Cobrimos a primeira etapa e, em breve, o resultado deve ser divulgado pela instituição. Fomos também até o Amazonas para nos aproximar ainda mais do que acreditamos ser uma das riquezas da dança, profissionais que usam as referências locais para transformar sua pesquisas e suas histórias em arte. Começamos nosso mergulho com a companhia Indios.com. Nessa mesma conversa de dança, também fizemos as contas e ficamos bem felizes, mais duzentas matérias já foram produzidas e postadas ao longo de pouco mais de sete meses de vida de Revista de Dança. Mais do que qualquer número, a investigação e as vozes da dança nacional falaram mais alto e estão disponíveis gratuitamente a todos que nos acessarem. Todos os dias, uma matéria especial, feita por jornalistas e especialistas em dança. A dança pede passagem e mostra que tem assunto de sobra, é só ficar atento. Querem mais? Não percam ainda este mês uma matéria sugerida por nossos consultores, Dançar, e depois? Fomos falar com artistas da dança para saber como se recolocar no mercado depois do tempo da cena. Fiquem de olho e boa leitura!

Compasso


“Noite em Dança” no Teatro Bruno Kiefer 30 de março / 20h30 Teatro Bruno Kiefer Rua do Teatro, 3030 - Rio de Janeiro R$20 A montagem é composta por coreografias de diversos estilos de dança árabe, que vão do moderno ao mais puro folclore. O evento conta com a participação especial de Mahaila Escola de Dança by Vanessa Raithz, Ahlem Cia de Dança do Ventre by Hannyah, Cia de Dança Árabe Michele Pletsch e Lisa Dornelles.

Foto: Carolina Leal

Encontro De Belly Dancers 3 de abril / 14h Marco Zero Em frente à escultura do nome da cidade - Recife

Foto: Carolina Leal

Workshop de Roupa de Dança do Ventre com Fátima Leite 17 e 18 de junho / 14h - 18h Espaço de Eventos Rua Pindamoiangaba da Silva, 145- Paraíba R$100 Foto: Carolina Leal

Festival De Dança Oriental 1 de julho / 19h Centro de Convenções Av. Agamenom Magalhães, 825 - Olinda R$50 inteira, R$25 meia

Foto: Carolina Leal

Eventos

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Mundo

Imagem: Wikipedia

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Mulheres dançam enquanto homens tocam instrumentos

Dança do Ventre Origem e atualidade por Natália Madeira

“A dança do ventre é uma expressão poética do corpo cheia de gestos e significados. É uma celebração a feminilidade, desenvolvida por mulheres e para mulheres.” Rhamza Alli. O que se conhece por dança do ventre hoje em dia, no mundo ocidental, é a dança árabe (Oriente Médio e Norte da África) miscigenada com e influenciada por várias outras culturas, compilada em seus movimentos mais populares, adicionada de um breve ocidentalismo (véus, meia-ponta), muito bem vestida com lantejoulas e franjas e transformada em espetáculo.

A história da dança do ventre é tão antiga quanto a história do homem, ou melhor, da mulher. É a primeira dança feminina de que se tem registro. Enquanto as outras danças eram executadas pelos homens e claramente ligadas à sobrevivência (chuva, caça, etc), desenhos em cavernas de mulheres dançando, mostram-nas com ventre em evidência. Os movimentos de contração, ondulação e vibração foram desenvolvidos pelas mulheres e para as mulheres em função de aliviar dores menstruais e preparar os músculos para a sustentação da gestação e o trabalho de parto, também como um culto à Grande Deusa (natureza) em prol da fertilidade - do ventre e da terra.


Pintura egípcia retratando a dança oriental

te, não o considero impróprio, pois ao meu ver, a dança é sim do ventre em todos os sentidos: fisicamente, já que se baseia na movimentação rotatória, ondulatória, vibratória e de impacto do tronco e dos quadris o que movimenta intensamente todo o abdômen, além dos próprios movimentos de abdômen; e histórica e simbolicamente já que a dança é a representação da fertilidade e do nascimento. Mas, afinal de contas, o que é a dança do ventre? O único e verdadeiro significado desta dança, é o poder de criação incutido nela, a fertilidade, a gestação, a maternidade. Ela é dançada pelas mulheres árabes durante o trabalho de parto - tanto pela parturiente que repete os movimentos de contração e vibração de abdômen, como pelas outras mulheres que, junto com a parteira, assistem o parto formando um círculo em volta da futura mamãe, dançando e cantando uma ladainha para purificar o ambiente e estreitar o contato com o divino. Este ritual é executado tanto nos países do Oriente Médio como nos africanos até os dias de hoje. Uma dança mais festiva e alegre é dançada quando uma menina menstrua, quando se sabe da gravidez de uma mulher, no batizado das crianças, enfim, tudo que for ligado à criação de uma nova vida.

Mundo

Do norte da Índia, originam-se os ciganos que, como nômades, espalharam-se pelo mundo levando consigo sua cultura e modo de vida. Avançaram cada vez mais em direção ao ocidente, passando pela Pérsia, Mesopotâmia, Turquia, Norte da África, chegando ao sul da Europa. Usavam seus dotes artísticos como forma de sobrevivência, cantando e dançando em feiras; sua cultura e estilo iam se misturando e aos costumes locais e novas manifestações, resultado dessas miscigenações, foram surgindo. A dança que chegou ao conhecimento ocidental foi através do contato com povos como os Gawazee - ciganos provenientes do norte da Índia - que se instalaram no Cairo e os Ouled Nail que habitam a Argélia. Os Gawazee mantiveram-se a parte da sociedade e preservaram suas tradições e história de forma oral através de uma língua própria e única. Sua dança, viva até hoje, é caracterizada por contínua vibração dos quadris. Os Ouled Nail se mantiveram confinados em suas tribos. As mulheres saiam delas apenas para dançarem nos centros urbanos. Em sua vestimenta carregavam o dinheiro obtido com a dança: enormes coroas e cintos com moedas, jóias, pedrarias, correntes e pingentes. Muitos símbolos identificados como vindos de Fenícia, Cartago e Babilônia. Sua dança inclui rolamentos dos músculos abdominais que começam lentos e pouco a pouco vão se acelerando e acrescentando movimentos de pés, quadris, braços e ombros. Quando os ocidentais chegaram ao Cairo (final do séc. IXX) em busca de safáris e tesouros ficaram extasiados com o exotismo da dança e suas dançarinas. Elas, por sua vez, trataram de adaptar a dança e as vestimentas ao gosto ocidental e trocaram a rua pelos clubes noturnos e cassinos. Algumas dançarinas foram levadas à Europa e Estados Unidos aonde puderam refinar sua dança e sua vestimenta. Em contato com o balé clássico e contemporâneo, incorporaram braços delicados, pés na meia-ponta ou em saltos, véus esvoaçantes e roupas de duas peças cheia de brilhos e franjas. Transformada assim em espetáculo, a dança do ventre pode ganhar os grandes teatros, casas de show e telas do cinema. Apesar das antipatias ao termo “dança do ventre” - que muitos julgam pejorativo, eu, particularmen-

Imagem: Wikipedia

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Imagem: Wikipedia

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As pin-ups da danรงa do ventre


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Ocasiões festivas como casamentos, colheitas, aniversários, festas religiosas, bênçãos, curas, afazeres do dia-a-dia, enfim, tudo que faz parte da vida é comemorado com música e dança por esse povo, cada região, cada tribo, com suas tradições e particularidades, mas sempre honorando à vida. A Dança do Ventre consiste em alguns movimentos de vibrações, impacto, ondulações e rotações que envolvem todo o corpo. O shimmy (vibração) de quadris é o movimento mais conhecido, mas, na realidade, o fundamento da dança do ventre é o controle abdominal e o isolamento das partes do corpo. Uma vez que se atinge estes dois princípios básicos, os movimentos acima citados estendem-se às outras partes do corpo: quadris, torso, ombros, braços, cabeça e pescoço isolados ou em diversas combinações. Uma dança do ventre tradicional inclui movimentos lateralizados e retos de pescoço, quadris e torso, ondulações de braços e mãos, tremidas suaves e rápidas de ombros, seios e quadris, movimentos circulares do torso com caídas e acentuações emendadas com ondulações de peito e abdômen. Movimentos vibratórios de extensão e contração dos músculos abdominais isolados ou combinados com os pélvicos. As figuras “círculo” (início da vida) e “oito” (infinidade da vida) são amplamente usadas em diversas dimensões, também isoladas ou em combinações. Não raro a bailarina sustenta o shimmy de quadris e trabalha as outras partes do corpo em uma dinâ-

mica diferente, ou apresenta uma vibração generalizada e bem controlada de todo o corpo enquanto cabeça, mãos e quadris acompanham a dramaticidade e acentuações da música. Além de todos os movimentos básicos, a dança deve aflorar e ser acrescida de giros, cambrées, espirais, trabalho de chão. Apesar do nome dança do ventre, podemos chamá-la de Dança do Corpo, pois movimenta todo o corpo por dentro e por fora. As pernas e pés, são usados, entretanto apenas para a sustentação e o deslocamento da bailarina, sem ênfase em seus movimentos como se a bailarina fosse uma serpente.

Foto: Matheus Sales


Mundo

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Benefícios Psicológicos/emocionais/sociais: - Resgatar da auto -estima; - Aprender a se sensualizar sem se vulgarizar; - Perceber os valores ligados ao ser humano e a natureza e não à aparência; - Despertar interesse por música, ritmos e cultura orientais; - Proporcionar o relaxamento mental/ diversão; - Promover a boa convivência com amigos, colegas e familiares; - Incentivar a boa convivência com a natureza; - Conscientizar sobre a responsabilidade social de cada mulher (como educadoras da nova geração).

Gráfico: Daniel Valença

Físicos: - Preparação para ao parto; - Recuperação do tônus muscular pós -parto; - Combate a problemas relacionados ao abdômen como: TPM, cólicas, constipação intestinal e dores renais; - Alongamento geral do corpo sem riscos de lesões, distensões ou contraturas (obviamente, através de exercícios bem administrados); - Tonificação da musculatura de forma gradual e “de dentro para fora”; - Fortalecimento dos órgãos localizados no abdômen, tornando -os mais eficientes e ativos; - Postura correta e confortável; - Equilíbrio e energização; - Respiração correta; - Auxílio em dietas de perda e ganho de peso;

Infográfico com o gasto calórico de diferentes tipos de dança


Figurino

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Dança dos Sete Véus A bailarina começa a dança com sete véus amarrados no corpo, cada um de uma cor, correspondendo aos sete chakras. À medida que a bailarina dança, os véus vão sendo desamarrados um a um representando a abertura de cada chakra, a começar pelo chakra básico ou sexual e terminando no chakra coronário. Originalmente a dança dos Sete Véus, por ser ritual, era dançada vestindo-se apenas os véus. Porém atualmente se usa por baixo uma roupa comum de dança do ventre, de preferência branca ou lilás, simbolizando a transmutação.

Dança do Bastão Antigamente, todo fazendeiro do Alto Egito tinha um bastão. Com ele, dançavam nas festas, com movimentos bem másculos que mais pareciam uma luta que uma dança. De brincadeira, as mulheres começaram a dançar satirizando os homens. Com o tempo, a dança do bastão feminina se consolidou. Por ter origem na dança masculina, não utiliza passos muito sutis ou femininos. É dançada em um ritmo chamado said. Said significa alegre, feliz. A bailarina deve dançar sorrindo muito e transmitindo muita alegria a quem estiver assistindo. O traje típico para a dança do bastão é um vestido justo com lenço amarrado na cintura, onde podem ser penduradas moedas. Porém, não é um traje obrigatório. A dança do bastão é a dança mais esperada nas festas árabes. Foto: Matheus Sales


Foto: Matheus Sales

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Snuj

Foto: Bianca de Lima

O snuj é formado de quatro peças de metal tipo castanholas. São também conhecidos como finger, címbalos e sagat. O snuj é um instrumento muito antigo. Tem mais ou menos 3.000 anos e era usado pelas sacerdotisas. Atualmente pode ser usado tanto pela bailarina que faz um solo como por um músico que a acompanha com seu conjunto. Existem vários tipos de snujs: grandes, pequenos, altos e baixos. Os baixos são considerados os melhores e fixam melhor nos dedos. Hoje, no Brasil, existem snujs com duas entradas para elástico que dão mais firmeza e permitem toques mais rápidos. Os snujs são tocados nas pontas dos dedos, com o elástico colocado na base da unha. Este instrumento requer muita prática e habilidade, principalmente quando a bailarina se propõe a tocar enquanto dança, e deve ser batido delicada mas rapidamente, para que o som saia claro e limpo.

Dança da Espada

Foto: Bianca de Lima

Existem duas teorias. A primeira, conta que, na antiguidade, as mulheres roubavam as espadas dos guardiões do rei para dançar, no intuito de mostrar que a espada era muito mais útil na dança do que parada na cintura deles ou fazendo mortos e feridos. A segunda diz que, na época, quando um rei achava que tinha muitos escravos, dava a cada um uma espada para equilibrar na cabeça e dançar com ela. Assim, deveria provar que tinha muitas habilidades. Do contrário, o rei mandaria matá-lo. O certo é que, nesta dança, a bailarina deve saber equilibrar com graça a espada na cabeça, no peito e na cintura. É importante também escolher a música certa, que deve transmitir um certo mistério. Jamais se dançaria um solo de Derbak com a espada.


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O Ritmo do Cinema

Cenas que marcaram a dança do ventre na Sétima Arte por Andressa Ricco

Cena do filme Whatever Lola Wants

A sétima arte tem o dom de nos fazer viajar para

outros universos, viver outras vidas e conhecer novas culturas. E um dos universos que encanta o povo ocidental é o mundo árabe, sobretudo a dança do ventre que traz toda uma bagagem cultural, além de ser uma arte milenar. Mas será que as retratações da dança do ventre no cinema ocidental correspondem ao que a dança realmente representa? A professora e bailarina de dança do ventre, também é atriz, formada em Artes Cênicas pela UFMG (Belo Horizonte-MG) e estudante de pós gradu-

ação em Dança e Consciência Corporal pela Universidade Gama Filho – UGF, Carol Malaguth, em entrevista ao Cinema com Pequi falou sobre sua opinião sobre o assunto e como vê esse cenário nas telonas dos cinemas tanto ocidental, como oriental. “A pergunta talvez queira saber se a dança do ventre é sempre retratada com caráter erótico em filmes de uma forma geral. Pela minha breve pesquisa, eu diria que não, nem sempre. Em filmes como Moscou contra 007 (From Russia with love), Jogos do Poder (Charles Wilson’s war – 2007), Vanity Fair, The Man W Bogart’s Face, O Ladrão de


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Cena do filme Mignight at the Oasis

Bagdad, ou na famosa cena de Rita Hayworth como Salomé, a dança aparece com um ar de sedução e até erótico, eu diria. Não são em todos eles que se fale em “dança do ventre” propriamente, porém ela é nitidamente a base de onde tiram a coreografia e caracterização das bailarinas para a cena e, claro, é o que vai construindo o imaginário do público que assiste a esses filmes a respeito da dança. E podemos dizer que esses são filmes tipicamente ocidentais ou hollywoodianos” ressalta. Já em outros filmes, como aqueles que seriam “árabes-ocidentais” ou o citado filme chinês, por exemplo, Carol Malaguth afirma que a forma de retratar a dança do ventre não é pelo erotismo. Ela vê então a dança do ventre retratada de formas muito diferentes pelo cinema, e que talvez a forma erótica incomode às bailarinas de dança do ventre enquanto praticantes dessa arte, pelo fato dela não representar a verdadeira essência da dança, Nagwa Fouad, 1959

nem de suas inúmeras praticantes pelo mundo a fora. Ao falar especificamente sobre a exploração do lado sensual da mulher envolvendo a dança do ventre, a bailarina disse que se trata da repetição de um clichê que não representa mesmo a dança do ventre, nem suas praticantes. “Não é uma questão de querer negar que a dança trabalhe aspectos da sensualidade feminina, mas retratá-la somente por esse aspecto é muito limitado e infiel à realidade. Mas sabemos que o mercado do erotismo é muito lucrativo, mesmo que esse erotismo esteja diluído em cenas em um filme comercial. E sabe-


CineDança

14 mos também que o objetivo dessas cenas não é mostrar a dança. O risco que corremos é de que essa imagem da dança que traz certo lucro para quem trabalha com o mercado do erotismo, pode também afastar pessoas que se interessariam pelos aspectos reais de trabalho da feminilidade que a dança do ventre promove” afirma. Em relação ao nível técnico apresentado pelas bailarinas de dança do ventre no cinema Carol Malaguth disse que sua resposta poderia assustar a princípio, mas que há uma explicação. “A dança que eu já vi no cinema é exemplar, tecnicamente falando, porém em técnica de dança ocidental. Em 6 cenas/filmes dos que pesquisei, a dança apresentada está muito mais próxima do balé moderno, da dança contemporânea, do jazz, desse tipo de dança dançada por cantoras pop e até mesmo do strip-tease” declara.

De acordo com ela Hollywood, especificamente, tem uma qualidade técnica impecável e não se vê coreografias simples, nem bailarinos mal treinados em seus filmes. Porém não é a verdadeira dança do ventre, que talvez seja pouco sexy para os objetivos cinematográficos. Carol afirmou ainda que das seis cenas que analisou, a do filme 007 é a que mais tem fidelidade com a dança e música árabe, mesmo a bailarina tendo atitudes que não vemos em uma apresentação típica de dança do ventre. “Então, eu não diria que deixa a desejar, mas que não se trata de dança do ventre e sim de uma dança estilizada, bem coreografada e bem executada seguindo regras de outras danças” ressalta. Quando perguntada sobre bons filmes sobre o tema que poderia indicar Carol afirmou que Nem todos serão encontrados facilmente. Segundo ela para

Charlie Wilson’s War

ver uma dança de primeira, indica os filmes da “Era de Ouro” do cinema Egípcio, e que neles é possível ver números de dança maravilhosos com bailarinas/atrizes que são mitos da dança do ventre e que influenciam a dança até hoje, como Naima Akef, Taheya Carioca, Souhair Zaki, Samia Gamal e muitas outras. “Eu gostei do Whatever Lola wants. É bem água com açúcar, muito fantasioso, mas é um filme leve e com boa dança. Há uma cena com a personagem da bela atriz libanesa Gre-

ta Lebbos ensinando a Lola a dançar que é realmente emocionante para quem pratica a dança do ventre. Eu estou louca para ver o My mother is a bellydancer e Just like a woman, mas ainda não consegui encontrá-los” comenta. Carol disse ao final da entrevista, que o documentário egípcio In the night, they dance, não exibe uma boa qualidade em dança, mas mostra uma realidade egípcia contemporânea muito bem retratada.


Foto: Arquivo Egípcio de Cinema

Entrevista

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Taheya Carioca Também conhecida comoTaheya Karioka ou Taheya Mohamed. Aqui você lê a transcrição de rara entrevista com a dançarina conduzida por Mona Gaabr em vídeo de 1974


Foto: Arquivo Egípcio de Cinema

Entrevista

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Mona: Conte-me sobre Tahia a pessoa. Tahia: Quando estou no palco eu sou Tahia o artista, mas quando eu tiro minha maquiagem, uso minhas roupas normais, vou para o moulid, misturo-me com as pessoas que vêm para o mouled e divido a comida com eles, me sinto muito feliz. Mona: Quem você acha que tem o casamento mais feliz do negócio do entretenimento? E nós vamos lançar o mau-olhado sobre eles! Mona: Não, eu não vou! Tahia: Fouad el Mohandes e Faten Hamama el... [Nota: no momento da entrevista, o casal estava se separando.] Mona: (rindo) Tahia: Porque eles não são casados, é claro!

Mona: Na sua opinião o que faz com que o amor acabar? Tahia: Casamento! Mona: Sua língua é como o seu cavalo. Se você cuidar dele, ele vai cuidar de você. [Provérbio

Eu parei de dançar aproximadamente com a sua idade. árabe que significa que, se você prestar atenção ao que você diz que não faz mal vai voltar para você, o significado oculto é falar educadamente]. Mona: Parece que suas respostas que seguiram este provérbio. Tahia: Muita gente acha que eu sou mal educada, mas eu não sou...


Eu sou direta. Eu digo na cara, como se costuma dizer. Mona: Qual provérbio você acha que é correto? Tahia: Aqueles que nasceram no ano passado, estão nos dizendo o que fazer este ano. O significado oculto desse provérbio é que pessoas com pouca experiência impõem sua opinião. Mona: E qual provérbio que você acredita que não é correto? Tahia: O que eu não acredito é “Se você levar o seu tempo, você estará seguro, e se você se apressar você vai se arrepender.” Mona: O último filme que você viu e gostou. Tahia: O Poderoso Chefão. Mona: Último jogo. Tahia: El A’sharah el Tayibah...Saaid Darwish.

Mona: Na sua opinião quem você acha que é a maior estrela teatral? Tahia: Essa coisa sobre as estrelas...É muito grande. Nós somos muito generoso com títulos. Talvez Safa’a e Neilee. Não é uma estrela como uma estrela é muito grande. Mona: Você prefere ver um dançarino usar músicas famosas/ populares ou músicas compostas especialmente para eles? Tahia: Basta deixá-los dançar. Dançarem bem, mesmo que eles tenham de fazer música apenas com a sua boca. Só dançar. Mona: Você pode me dizer, Tahia, a diferença entre a dança em um Hafla, em uma boate e em um casamento? Tahia: Todos eles são piores do que os outros! Eu nunca tentei. Eu só dançava no teatro e se eu fiz dança em um casamento que era principalmente para os meus amigos...amigos ou parentes.

Mona: Antigamente a dança era acompanhada por uma música. Qual é a música mais famosa que você já dançou? Tahia: A música mais famosa...há muitas entre Fared Allah Yarhamh e Abed el Aziz Mahmoud e Karem... demasiadas. Eu parei de dançar aproximadamente com a sua idade. Mona: Não existe uma música específica? Tahia: Não, mas há Moual em um dos filmes de Fared. Fared Allah Yarhamh e Abed el Aziz Mahmoud. A música de Fared era realmente...

Entrevista

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Diretoria-Geral Débora Escudeiro

Redação Google Ponto Com

Projeto gráfico e diagramação Débora Escudeiro

Assistente de arte Denise Escudeiro

Impressão Copy Mais

Distribuição Publific Publicações Fictícias

Compasso É uma publicação bimestral da Editora Moi Edifício Aqui Mesmo, 3569, sala 302 Bairro do Recife - Recife - PE CEP 43300-250 Tel: (81) 3338-8333

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