Universidade Federal de Santa Catarina Centro de Comunicação e Expressão Departamento de Jornalismo Comunicação Institucional Plano Estratégico em Comunicação Coletivo Jornalismo sem Machismo
Débora Nazário, Isabele Reusing Orientação de Daiane Bertasso
Apresentação
É fundamental para uma organização tomar posicionamentos e pensar a partir dos acontecimentos como a violência, crise financeira, direitos humanos, epidemias, entre outros tantos agentes da sociedade. De acordo com Margarida Kunsch, é necessário situar as organizações dentro da coletividade, pois elas exercem grande influência no desenvolvimento econômico e social e consecutivamente nas transformações do mundo contemporâneo. Precisam ser vistas como fatores importantes na dinâmica da história social, política e econômica. É uma realidade incontestável o poder que a comunicação, em suas mais variadas vertentes e tipologias, bem como os meios massivos tradicionais e as mídias sociais da era digital, exerce na sociedade contemporânea. É preciso levar em conta, da mesma forma, toda a conversão midiática da atualidade e usála a favor das organizações. Vivendo na sociedade em rede, dominada pelo poder da internet, a qual é grande responsável pela construção da estrutura social atual. A comunicação dentro de uma empresa ou organização é essencial e deve ser considerada prioridade por toda a equipe que na empresa trabalha ou organização que participa. É fundamental que os aspectos formais dessas organizações sejam comunicados, informados, entendidos, aceitos e implementados por todos que a integram, segundo a definição de Paulo Nassar. As empresas ou organizações, reconheceram a importância da comunicação organizacional e perceberam a necessidade de mostrar a sua identidade nos seus produtos finais e isso se reflete também na imagem que os funcionários tem do lugar que trabalham ou pessoas que compõem uma organização sem fins lucrativos, que pode ser boa ou ruim. É através de estratégias de comunicação que a orgaização vai stabelecer diálogos com seus públicos a respeito das suas ações, vai informar organizar e reconhecer os seus públicos de interesse, vai legitimar a sua existência e vai ainda trabalhar para uma melhora no ambiente de convivência dos que participam. A comunicação integrada é resultado de modalidades comunicacionais, a comunicação institucional (responsável pela construção e formação de uma imagem e identidade
corporativas fortes e positivas de uma organização, mostra também a missão, a visão, os valores e a filosofia da organização), a comunicação interna (interação entre a organização e seus empregados) e a comunicação administrativa (funções administrativas que tornam viável o sistema organizacional), segundo conceitos propostos por Margarida Maria Krohling Kunsch. A junção dessas modalidades comunicacionais deve ter um horizonte claro, deve servir para que a empresa tenha como objetivo cumprir a sua missão e visão, com cultivo de valores, e para isso necessita de uma política global com coerência, com uma linguagem e um discurso comum a todos os setores e de um comportamento organizacional homogêneo. Para que isso se concretize na prática é muito importante um planejamento estratégico da comunicação integrada para direcionar com eficácia as ações de comunicação na organização. Dessa maneira, se faz necessário, um planejamento estatégico em comunicação do Coletivo Jornalismo sem Machismo, para que o mesmo consiga se comunicar com o seu público principal e principalmente se faça presente no cotidiano das estudantes de Jornalismo da UFSC e de outras instituições, as profissionais já formadas da área e meninas que não estudam comunicação mas se identificam com a causa pela qual o Coletivo luta. Durante o seu primeiro ano de existência, o CJSM organizou rodas de conversa, promoveu ações expondo e problematizando situações que ocorriam a muito tempo dentro do curso e que não eram discutidas e problematizadas. Desde o princípio o CJSM foi muito transparente em suas ações, convidando a todas para participar das reuniões e sempre colocando as atas das mesmas no grupo do facebook, para assim atingir um maior envolvimento. Porém, apesar de o grupo contar com 187 membros atualmente, as reuniões raramente chegam a ter mais de 20 participantes. O plano de comunicação do CJSM deverá incluir ações que atinjam todas as participantes do grupo. Essa aproximação poderá ocorrer após o levantamento sobre quais atividades poderiam ser realizadas para aproximar ainda mais meninas do curso
das atividades do Coletivo. A comunicação deve possibilitar espaços de opiniões e questionamentos, deve ser aberta para sugestões já que o próprio Coletivo é mutável. Perfil O Coletivo Jornalismo Sem Machismo é um coletivo de mulheres, em sua maioria, graduandas do curso de Jornalismo da UFSC, mestrandas, uma professora, além de alunas já formadas que agora atuam no mercado de trabalho. No início de novembro de 2014, em uma reunião de avaliação da gestão do CALJ (Centro Academico Livre de Jornalismo Adelmo Genro Filho), Joana Zanotto, ainda aluna do curso, sugeriu uma conversa apenas com meninas para que fossem discutidas as atitudes machistas de professores e colegas de curso. No dia 18 de novembro de 2014, mais de trinta mulheres se reuniram no Centro Acadêmico para conversar sobre situações vivenciadas no curso. Após essa conversa, as meninas escreveram algumas frases machistas, sexistas e misógenas que ouviram de professores e colegas e colaram pelos corredores do Departamento de Jornalismo da UFSC. A próxima ação, foi criar um grupo no Facebook. Hoje esse grupo tem 187 participantes e lá são postados links de matérias, artigos ou até mesmo situações vividas pelas meninas. Nesses momentos ocorrem discussões, trocas de opiniões e vivência. O CJSM não é uma instituição que se encaixa nos padrões de orgãos representativos de estudantes, como o CALJ ou a Associação Atlética Graus Bons. Mas apesar disso, o Coletivo é um “ambiente” para acolher qualquer aluna que queira conversar sobre alguma situação vivida em qualquer espaço, seja dentro da universidade ou fora dela. Não é preciso necessariamente fazer parte do curso de Jornalismo para participar de conversas ou discussões juntamente com o restante do Coletivo. O CJSM já foi chamado para somar lutas de mulheres, como o ato contra a PL 5.069/2013, a recepção dos calouros de design e rodas de conversas com outros coletivos da UFSC como o DIGA! e o MiGRE.
Reuniões:
Ficou estabelecido que as reuniões aconteceriam a cada duas semanas, sendo seu dia e horário colocados em votação no grupo do Facebook, para possibilitar maior comparecimento. Porém as datas sofrem forte interferência do calendário acadêmico do curso e da Universidade, o que compromete a peridiocidade das mesmas. Nesses momentos são discutidas as pautas de acordo com as demandas
Formulação de atividades No início de cada semestre, o Coletivo é apresentado para as novas alunas
ingressantes no curso, onde essas são convidadas a participar de reuniões e dos grupos nas redes sociais. É importante nesse período realizar atividades que integrem as calouras para que as mesmas se sintam a vontade
Organização de festas As festas são realizadas com o intuito de arrecadar fundos para as ações do
Coletivo, tais como trazer convidadas para mesas na Semana do Jornalismo. A organização é discutida em reuniões e nos grupos do Whatsapp e Facebook . Foi criada também uma tabela online com as funções antes, durante e depois das festas, onde cada pessoa vai acrescentando informações sobre Público O público alvo consiste principalmente em mulheres, que atuem no ramo jornalístico já que as discussões permeiam essa profissão, a faixa etária dessas mulheres é de 17 à 50 anos e também mulheres de outras áreas e homens que se identificam com a causa do Coletivo.
Filosofia Incentivo a discussão para combater e lutar contra práticas machistas dentro do curso e na profissão, além disso criar consciência crítica para que tais situações não voltem a ocorrer. Políticas Acolher as estudantes quando elas procurarem o CJSM depois de alguma situação vivenciada. E quando possível, tomar medidas, como a elaboração e divulgação carta de repúdio, procurar a ouvidoria da UFSC ou até mesmo a coordenação do curso. Problematizar e questionar posições e publicações dos meios de comunicação, sejam eles impressos, televisivos, radiofônicos ou online. Objetivos ● Contribuir para a construção de espaços mais igualitários ● Dialogar com os professores sobre o estudo de obras e reportagens de jornalistas mulheres ● Requisitar disciplinas que discutam as questões de gênero em sua ementa ● Promover a desconstrução de ideologias, pensamentos enraizados da cultura machista
Missão Criar um espaço confortável onde as estudantes possam expor situações de machismo sofridas dentro e fora do curso. Permitir a valorização da mulher no jornalismo, profissionalmente e academicamente. Refletir e criticar o modo de fazer jornalístico que é essencialmente masculino, pressuposto apresentado por Marcia Veiga na sua dissertação. Se identifica nos meios de comunicação uma contribuição importante nas transformações sociais e redução de desigualdades. Muito mais rapidamente do que em qualquer outro tempo, os costumes vêm mudando, e certamente um dos lugares por onde mais mais percebemos é nos produtos midiáticos. Mas, no que diz respeito às relações de gênero e poder, muitos discursos são enraizados e ainda reproduzidos. Visão As decisões devem ser tomadas sempre de forma coletiva e horizontal, se necessário por meio de votações, onde todas devem se sentir livres para opinar e propor soluções. Integrar a luta feminista nos ambientes Universitários, mantendo a imagem de uma organização comprometida acima de tudo com uma sociedade mais igualitária. Interferir nos espaços acadêmicos e nas redações, para que as mulheres não sejam mais silenciadas e oprimidas.
Valores ● Lutar pela garantia de uma participação maior de mulheres em redações de todos os meios (rádio, televisão e internet) ● Combater a opressão contra as mulheres de toda e qualquer forma ● Refletir como o papel de jornalistas pode ajudar a combater o machismo ● Valorizar a arte feminina Diagnóstico dos problemas de Comunicação O Coletivo Jornalismo sem Machismo, é uma organização que atua sobretudo na militância estudantil. Assim como no restante da sociedade, o machismo ainda está muito enraizado na cultura universitária, sendo necessário desconstruíla com o propósito de formar cidadãos mais justos e críticos. Para isso é necessário o envolvimento de todas, de forma a abarcar todos tipos de pensamentos, culturas e problematização de discursos opressores. O CJSM conta atualmente com 187 membros em seu grupo do Facebook. No entanto, são poucas meninas que participam efetivamente. Por isso é necessário estratégias de aproximação de mais pessoas para construir as atividades, rodas de conversa e discussões (no grupo do Facebook e fora dele). A comunicação interna acontece principalmente via Facebook, as estudantes utilizam a rede social para definir atividades internas, discutir os pontos de pauta das reuniões e transmitir informações em geral, assim como as atas das reuniões que são postados. Foi criado também um grupo no Whatsapp, com o objetivo de agilizar a comunicação. No entanto, a comunicação feita somente de forma online acaba fazendo com que muitas informações passem despercebidas ou sejam ignoradas. Estratégias Gerais e Metas
Comissões É fundamental a criação de comissões para atividades especificas como comissão de festas (geralmente são feitas para financiar algum evento, como a mesa da 14ª Semana Academica de Jornalismo), comissão de comunicação (uma escala de pessoas para postar conteúdos na página, que muitas vezes fica um tempo grande sem nenhuma postagem). Comunicação na internet A comunicação interna através dos grupos deve ser mais efetiva, como por exemplo, colocando antes dos assuntos palavraschaves entre colchetes. Além disso separando os assuntos mais permanentes em publicações fixadas mantidas no grupo do Facebook, enquanto os assuntos do momento no grupo do WhatsApp, lembrando sempre que nesse meio há grande possibilidade de que as mensagens sejam ignoradas pelas receptoras. Quanto a comunicação externa, é impreterível a criação de uma conta de email do Coletivo para possibilitar uma interação mais formal com outras organizações e instituições. Utilizando esta conta, deverá também ser criado um canal no YouTube para postagem dos vídeos produzidos por integrantes do Coletivo e também para monitorar o acesso e as visualizações dos mesmos. A página tem um alcance médio de 4000 visualizações semanais e por isso é essencial mantêla alimentada constantemente. Como já foi testada uma escala de postagens em tabela e esta não funcionou, sugerimos mais comprometimento das atuais gestoras com as publicações. Assim como convites abertos a cada semestre para que novas integrantes disponhamse a publicar os conteúdos.
Aumentar interação com outros coletivos Promover atividades em conjunto, como rodas de conversa, festas e formações. E também, apoiar manifestações de outros coletivos depois de análise e aprovação da maioria das meninas. Eventos Para que as discussões que o CJSM faz possam ser externalizadas a ele, é necessário a realização de rodas de conversa principalmente com outros coletivos que discutem a mesma temática, opressões de gênero, classe e raça. É importante que nas próximas Semanas Acadêmicas do curso outras mesas sejam viabilizadas, mesas essas que discutam um jornalismo mais igualitário, sem distinção de gênero e reprodutor de discursos problemáticos e preconceituosos. A realização de reuniões periódicas também devem ser mantidas, sempre divulgadas de preferência com antecedência no Whatsapp e Facebook para que mais pessoas participem. O campus da UFSC é mal iluminado e pouco movimentado no período da noite. Uma maneira de ocupar o campus e deixálo menos perigoso, é a realização de festas e eventos culturais (exposições de arte e saraus). O coletivo como entidade pode elaborar e organizar eventos como estes. Referências Bibliográficas KUNSCH, Margarida M. Krohling. Comunicação Organizacional: contextos, paradigmas e abrangência conceitual [p. 3561]. In: MATRIZes, revista. V. 8. Nº 2 jul./dez. 2014. São Paulo: USP, 2014 KUNSCH, Margarida M. Krohling. Relações públicas e a filosofia da comunicação integrada [p.149202]. In: KUNSCH, Margarida M. K. Planejamento de Relações Públicas na Comunicação Integrada. 3ª Edição. São Paulo: Summus, 2003.
SILVA, Márcia Veiga da. Masculino, o gênero do Jornalismo: um estudo sobre os modos de produções [p.16]. In: https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/25629/000753018.pdf?sequence=1