ISSN 1980-3148
no. 43
Julho/Agosto 2013 - Edição Bimestral
A revista de quem é do Banco do Nordeste
VIAGEM NO TEMPO
OESTE DA BAHIA
arquitetura de estilo medieval e VASTA COLEÇÃO DE ARMAS BRANCAS SÃO DESTAQUES DO Instituto Ricardo Brennand, NO RECIFE
um pedaço do Nordeste de colheitadeiras a todo vapor, marcadO por agronegócio E tecnologia de ponta
AUDIOVISUAL NO SERTÃO | ENCONTRO DE ADMINISTRADORES | MÓRMONS NO BNB | AÇAILÂNDIA | JARDIM DO SERIDÓ
Editorial O Encontro de Administradores 2013, abordado em artigo nesta edição, não fugiu à regra. Mais de 400 pessoas com suas opiniões, experiências, sotaques diferentes, unidas pela responsabilidade a uma grande empresa. Dispondo-se ao eterno aprendizado da vida que passa, inevitavelmente, pela arte do encontro. É nesse contexto que o Banco do Nordeste comemora seus 61 anos de história, trajetória iniciada ainda nos anos 1950 com a Agência Fortaleza-Centro, como nos conta o colega Joaquim Lucas, na crônica “De volta para o Futuro”. Não haveria clima mais apropriado para apresentar a nova campanha “Pense Positivo, Pense Banco do Nordeste”, que contagiou também os colaboradores da Conterrâneos. O que eles expressam nas fotos de assinatura a seguir é aquele otimismo saudável, que reconhece os desafios, mas sem temê-los em demasia ou subestimá-los. Esse otimismo está presente em ações que trazemos nas próximas páginas, como o projeto “Prosseguir”, que incentiva jovens e adultos de todo o Nordeste a retomarem os estudos. Ou ainda, em iniciativas como o “Paraíba Cine Senhor”, que estimula a produção audiovisual em cidades do interior, rendendo 19 videodocumentários sobre temas inerentes à cultura local. O “pensar positivo” está por trás também de exemplos de desenvolvimento, como o ciclo de crescimento experimentado pelo oeste da Bahia e o trabalho dos colegas das agências implantadas naquela região. A mesma ideia que move as equipes das cidades retratadas neste número: Açailândia (MA) e Jardim do Seridó (RN). Também nesta edição, a Conterrâneos conta como funcionários aproveitaram os jogos da Copa das Confederações no Nordeste para exercitar a cultura do voluntariado. E ainda, aproveitando o “Dia do Amigo”, comemorado em julho, contamos a história da amizade de dois funcionários, marcada por coincidências. Revisitamos o tema religiosidade com colegas membros da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias e passeamos pelo acervo riquíssimo do Instituto Ricardo Brennand, um dos pontos turísticos de Recife. E na seção de crônica, mais uma das divertidas aventuras do agente Pereirinha.
Mauricio Lima F048933 Editor Ambiente de Comunicação mauriciolima@bnb.gov.br
Cartas do Leitor Cartas do Leitor
Venho dar os parabéns pela qualidade e temas abordados na Conterrâneos. É gratificante para nós, que estamos fora da empresa em missão, receber informações dos colegas. Aproveito para sugerir que vocês preparem matéria com os funcionários cedidos. Sei que os temos nos governos estaduais (CE, SE, DF e outros) e no Governo Federal (Ministério da Integração e Sudene). É a contribuição do Banco do Nordeste para o Brasil por meio da cessão dos seus servidores. Saumíneo da Silva Nascimento – (Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Governo de Sergipe) Nota do editor: Obrigado pelos elogios, Saumíneo. A sugestão de pauta está anotada.
Errata A colega Elizabeth Christina Bastos Souza F136492, citada na matéria “Bancários por opção” (ed. 42), é formada em Educação Física, e não em Turismo como foi informado.
149 funcionários
estão presentes nesta edição da Conterrâneos.
Boa leitura. Julho/ Agosto 2013
Conterrâneos
Vinícius de Moraes já falava que a vida é a arte do encontro, mas o contrário também é verdadeiro: o encontro é uma das muitas artes da vida. Algumas vezes, de fácil apreensão; outras, de total complexidade. Um encontro, porém, é sempre um desafio, porque pressupõe o diálogo entre as diferenças. Não deixa de ser, por isso mesmo, transformador.
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Sumário
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Riquezas do Oeste
Como uma região da Bahia consegue bater recordes de colheita durante uma das piores estiagens no Nordeste
08 A terra do açaí
Cidade que nasceu às margens de rodovia é hoje exemplo de crescimento econômico
28 Ricardo Brennand
O majestoso Instituto que se tornou parada obrigatória para quem visita o Recife
14 Amizade benebeana 31 Projeto Prosseguir Trajetória de dois funcionários marcada por amizade e coincidências na vida profissional
21 Cinema no interior Colheitadeira trabalhando é um dos símbolos do agronegócio no oeste baiano, na foto de Gabriel Melo
Oficinas de cinema incentivam as artes do audiovisual em cidades do sertão da Paraíba
24 Força voluntária
Funcionários exercitam o voluntariado durante a Copa das Confederações 2013
Em várias cidades do Nordeste, iniciativa apoia jovens e adultos que desejam retomar os estudos
38 Herdeiros de Joseph
Testemunhos dos que fazem parte da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias
41 Jardim do Seridó
Cidadezinha potiguar que tem encantado seus moradores e visitantes por sua simplicidade
Ainda nesta edição Colunas: “Papo conectado” e “Tudibom” Crônicas: “A cadeia improdutiva de Santa Retirante”, “A arte do encontro” e “De volta para o futuro” Resenha: CD “O céu que me pertence”
A revista de quem é do Banco do Nordeste
Conterrâneos
Presidente: Ary Joel de Abreu Lanzarin
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Diretores: Fernando Passos,Luiz Carlos Everton de Farias, Manoel Lucena dos Santos, Nelson Antônio de Sousa, Paulo Sérgio Rebouças Ferraro e Stelio Gama Lyra Júnior.
Redação: Ambiente de Comunicação Social e Assessorias Estaduais de Comunicação. Edição: Mauricio Lima (CE 01165/JP). Diagramação: Deborha Rodrigues C007003. Revisão: Maxshwell de Oliveira F152919. Conselho Editorial: Edgar Fontenele, Eliane Brasil, Lúcia Teles, Mauricio Lima, Michelly Nunes F111236 e Danilo Lopes. Conterrâneos - Revista de comunicação interna dos funcionários do Banco do Nordeste, distribuída pelos Correios para o endereço constante do SIP. Funcionários aposentados podem solicitar assinatura gratuita através de correspondência para o Ambiente de Comunicação Social, e-mail para clienteconsulta@bnb.gov.br ou ligação para 0800 7283030. Correspondências - Cartas, sugestões de pauta e outras contribuições devem ser enviadas para a pasta institucional Revista Conterrâneos ou para o Ambiente de Comunicação Social Av. Pedro Ramalho, 5700 - Passaré - CEP 60743-902 - Fortaleza - CE. Miolo impresso em papel couche fosco 90g/m2 e capa em 170g/m2.
Maio / Junho 2013
Além dos debates sobre estratégias organizacionais, o Encontro de Administradores do Banco do Nordeste também tem se fixado como grande oportunidade de integração das equipes. Crônica
A arte do encontro
A Isabelle Bento F153184 Ambiente de Comunicação isabellebss@bnb.gov.br
fotos: júlio serra
tecnologia até que tenta, mas a melhor forma de se comunicar com o outro ainda é pelo encontro. A voz, o toque, o olhar e até o cheiro do interlocutor nos faz sentir presentes e atuantes na realidade. E para rever aquele amigo com quem a gente fala sempre, mas raramente encontra, e estabelecer uma sintonia de crenças e ações, cada gestor do Banco do Nordeste foi convidado a passar dois dias em Fortaleza em mais um Encontro de Administradores. Cada evento tem, claro, o jeito e a forma dos seus anfitriões. Esse não fugiu à regra. Falou-se em objetivos, resultados e ações. Afinal de contas, o Banco do Nordeste nunca se expandiu tanto. Somou mais de 30 agências inauguradas no último ano, com mais 75 previstas até o final de 2013. Meta ousada de uma gestão que mira no avanço e chama os seus para a conquista. Queremos, e devemos, estar mais próximos dos nossos clientes. Que o digam os canais de atendimento, que se multiplicam, e o mobile banking, integrando os serviços ao universo do nosso celular. Nada além do esperado para um banco de fomento que, orgulhosamente, chega aos 61 anos.
do dia. Luz do sol nem pensar, a não ser para aqueles que se atreviam a um breve passeio na Avenida BeiraMar depois do almoço. Nos intervalos, conversas, brincadeiras e algumas delícias no já popularizado coffe break. A equipe da organização abriu duas salas aos participantes, uma dedicada ao acervo das bibliotecas e outra aos centros culturais do Banco do Nordeste. Os espaços eram preenchidos pelos gestores que, curiosos, encontravam na cultura um fôlego para discussões de trabalho que aconteciam dentro do auditório. Visita a uma sala aqui, outra ali, era hora de retomar a programação. Se faltasse tempo para ver o estande do Instituto Nordeste e Cidadania (Inec), no intervalo seguinte daria.
Voltemos ao Encontro. A programação começava cedo e seguia até o fim
Bonecas de pano, roupas, cadernos e todas as belezas produzidas nas oficinas
Conterrâneos
Gerente de Pacajus (CE), Raimundo Neto F100307; gerente de Caxias (MA), Gleyciellen Marques F120065 e gerente de Sobral (CE), Francisco Fábio Palácio F111821
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Crônica
de arte do Inec estavam à disposição na Feira Solidária. Uma boa oportunidade para levar uma lembrança para os familiares e amigos, quem verdadeiramente inspira o nosso trabalho. Para os que pensaram em registrar o seu otimismo, o “Painel do Pensamento Positivo” estava disponível o tempo inteiro, pronto para receber o registro de anseios e entusiasmo dos colegas. Ao final, o painel, de branco, ficou azul. As expectativas são muitas. O Nordeste inteiro estava no Encontro de Administradores. Na pasta de cada gestor, uma iniciativa de sucesso (por que não copiar?) ou um entrave comum para, juntos, buscar uma solução, também a ser compartilhada. Na mesa de discussões, avanços de um Banco que não para de investir e crescer. Até o final desse ano, a meta é incrementar em 13,5% a nossa base de clientes. E, pra isso, o “Projeto de Modernização” já se encontra em andamento. Um dos tópicos contemplados é a tecnologia. Foi anunciada a modernização da rede de longa distância (rede wan) do Banco, cuja velocidade será dobrada com a garantia de duas operadoras, segundo informou o diretor de Estratégia, Administração e TI, Nelson Antônio de Souza F153168. Ainda no tópico “agilidade”, também teve destaque a implantação do Projeto ERP (Enterprise Resource Planning), novo sistema integrado que substituirá os atuais 21 sistemas existentes no Banco do Nordeste. Outro anúncio recebido com otimismo pelos gestores foi o estabelecimento de parcerias com o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal. A ideia é promover a ampliação da rede de autoatendimento do Banco. E por falar em parceria, também está em andamento uma com a rede Pague Menos
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Diretor Nelson; superintendente Isael Bernardo F107344; assessora da Presidência, Célia Rufino F095095 e presidente Ary Joel F153222
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para ampliação do limite de recebimento do boleto Crediamigo. No âmbito dos negócios, a meta de lucro para 2013 está fixada em R$ 677 milhões. Para isso, os gestores tiveram como tarefa de casa a mobilização das suas equipes no sentido de dedicação aos resultados. O diretor Fernando Passos F152935, ao apresentar o novo modelo de concessão de crédito, mostrou a importância de oferecer autonomia às unidades, reduzindo o nível de burocracia empregado na concessão de crédito. Daí a importância do envolvimento. E para atestar que estamos no caminho certo, uma das iniciativas adotadas no ano passado, a de redução de despesas, já rendeu resultados. Este ano, economizamos R$ 233 milhões em relação a 2012, cálculo realizado no período de janeiro a maio. Eficiência operacional, qualidade no atendimento, otimização de resultados. O Encontro de Administradores reuniu vários temas na mesa. Para a cereja do bolo, afinal de contas é época de aniversário, tivemos o lançamento da nova campanha publicitária “Pense Positivo. Pense Banco do Nordeste”, cuja proposta é nos levar ainda mais longe. Além de ser um banco de desenvolvimento, como fomos ao longo de seis décadas, temos agora como missão ser um banco competitivo e rentável. Para os funcionários mais antigos, é tempo de reavaliar posicionamentos, pois vivemos em uma época em que o aprendizado virou regra. Para os recém-chegados, que ainda buscam entender o Banco e a sua filosofia, vislumbramos um verdadeiro mar de oportunidades, de conhecimento, crescimento, doação. Nesse encontro de gerações, pensar positivo deixa de ser um convite. Passa a ser inerente a cada um de nós. Superintendentes Chicão F036757, Eliane Brasil F105023 e Jofran Peixoto F037109
Cr么nica
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O BNB e a cidade
Polo de desenvolvimento regional, Açailândia guarda no nome a riqueza da fruta aprecidada em todo o Brasil: o açaí ou jussara, como é mais conhecida entre os maranhenses.
As riquezas da terra do açaí
Juliene Almeida F153214 Super-MA jullieneag@bnb.gov.br
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fotos: arquivo agência
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ocalizada na região oeste do Maranhão, a 600 quilômetros da capital São Luís, Açailândia desenvolveu-se a partir da construção da BR 14, hoje BR-010 ou Belém-Brasília. Na época, a Rodobrás, órgão responsável pelos trabalhos, instalou acampamento no local garantindo a estadia e posterior fixação de trabalhadores e famílias inteiras. O responsável pela obra era João Neves de Oliveira, vulgo João Mariquinha, um dos principais exploradores do território.
O povoamento da região foi influenciado pela chegada de habitantes oriundos de outros estados do Nordeste, principalmente Bahia, que buscavam terras para desenvolver a agropecuária. Mais tarde, foi a vez do extrativismo vegetal, da indústria e do comércio se transformarem nas principais atividades responsáveis pela povoação e crescimento socioeconômico da área, o que se consolidou ainda mais com a construção da BR-222, ligando o povoado de Santa Luzia a São Luís.
Com o rápido desenvolvimento, a emancipação do povoado veio em 06 de junho de 1981, quando Açailândia se desmembrou de Imperatriz e foi elevada à categoria de município. Hoje, depois de 31 anos, o município tem uma população estimada de 110 mil habitantes, dos quais cerca de 25% residem na zona rural. A cidade é a 3ª mais importante do Maranhão.
Potencial turístico Açailândia destaca-se mais por seus potenciais econômicos do que
O calendário de eventos de Açailândia também é um dos atrativos na região. Um deles é a Feira Agropecuária Comercial e Industrial de Açailândia (Expoaçailândia), de caráter nacional e que conta com o apoio do Banco do Nordeste. O objetivo é mostrar as potencialidades do município, prospectando novas tecnologias e investimentos voltados para o desenvolvimento do agronegócio de toda a região. Já o Açaí-Folia acontece em junho, mês de comemoração do aniversário da cidade. A micareta, que atrai pessoas de todo o Maranhão e estados vizinhos, é considerada o maior carnaval fora de época da região, contribuindo para movimentar a economia do município.
Economia Açailândia tem sua economia sustentada pela produção industrial, o que lhe garante o 3º maior PIB do estado e crescimento médio de 108,6%, nos últimos cinco anos.
A renda per capita é superior a R$ 12,8 mil, a maior do Maranhão, segundo dados do Censo de 2010 do IBGE. Os açailandenses também possuem o maior rebanho de gado do estado, com registro de mais de 300 mil cabeças, e o maior polo de extração de ferro-gusa da Região Norte/Nordeste, com cinco siderúrgicas.
O BNB e a cidade
turísticos. Mesmo assim, existem alguns pontos conhecidos por reunir a população local e turistas nos fins de tarde e noite como, por exemplo, as praças da Bíblia e do Pioneiro. A primeira, inaugurada em 2000, é um dos lugares preferidos pelos açailandenses para a prática de atividades físicas, exatamente por ser composta por jardins e ter uma boa iluminação. Passeios na Praça do Pioneiro, por sua vez, já viraram tradição. Inaugurado em 1981, o lugar conserva várias palmeiras de açaí, fruta símbolo da cidade. Por ser tão conhecida e conservada por toda a população, a praça é considerada patrimônio municipal.
Sua força industrial fez Açailândia se estabelecer como micropolo regional, formado por mais oito municípios vizinhos: Bom Jesus das Selvas, Buriticupu, Cidelândia, Itinga do Maranhão, São Francisco do Brejão, São Pedro da Água Branca e Vila Nova dos Martírios, que juntos concentram população total de 270 mil habitantes.
O Banco na cidade O Banco do Nordeste chegou à Açailândia há 28 anos, tempo suficiente para fazer história no município. Foram R$ 1,05 bilhões já contratados, com um ativo total de R$ 403 milhões, distribuídos em mais de 32 mil operações. Um desempenho importante no apoio financeiro aos principais empreendimentos da região. Tudo é resultado do trabalho de uma equipe de força e dedicação. Recém-empossado como gerente da Agência do Banco na cidade, o funcionário Isaque do Nascimento F142166 é o responsável por capitanear uma equipe composta por 44 colaboradores, entre funcionários, bolsistas e assessores do Crediamigo e do Agroamigo.
Comércio no centro de Açailândia
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Praça do Pioneiro, com várias palmeiras de açaí
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O BNB e a cidade
O empenho do grupo tem garantido financiamento aos principais empreendimentos da cidade e região. Atualmente, a Agência está financiando a instalação do primeiro shopping center da cidade, para o qual foi disponibilizado R$ 29,8 milhões, com recursos do FNE-Serviços. Apenas na primeira fase do projeto, serão construídas 152 lojas, além de seis salas de cinema, praça de alimentação, área de jogos e estacionamento com 1.374 vagas. A expectativa é de que sejam criados mais de 1.000 empregosimediatos, incluindo os funcionários das lojas locatárias. Um impacto importante na geração de renda, emprego e desenvolvimento para a cidade.
Polo de desenvolvimento Reforçando o potencial industrial da região, a Aciaria Gusa é outro empreendimento que recebeu recentemente apoio do Banco do Nordeste. Com aporte de R$ 193 milhões, o projeto deverá ser um grande gerador de empregos tanto no processo industrial como no florestal. A usina conta atualmente com 236 empregados e a previsão é de que sejam criados, ao todo, 622 postos de trabalho. No cenário da agricultura familiar, a Agência se destaca em relação às metas propostas. Só em 2012, foram contratadas cerca de 1600 operações com as linhas Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf ), auxiliando o miniprodutor rural a manter e expandir suas atividades.
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Aciaria Gusa é um dos empreendimentos que receberam finaciamento da Agência de Açailândia
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O comércio é outro setor que contribui bastante para o crescimento econômico da região. Com um centro comercial bem diversificado, a cidade forma, junto a Balsas, Imperatriz, Caxias, Timon e a capital São Luís, um dos maiores centros econômicos do estado. Todas essas atividades somadas ao incremento produtivo, subsidiado principalmente pelo Banco do Nordeste, tornam a Agência de Açailândia um dos maiores polos de desenvolvimento da região, gerando cada vez mais emprego e renda.
Cidade privilegiada “Açailândia possibilita que a Agência tenha grande atuação no segmento da pecuária, pois a cidade possui o maior rebanho do estado, além da agricultura. Isso sem contar com todo o potencial reunido no município e nas cidades vizinhas, como a indústria siderúrgica, de aço (em construção), comércio diversificado, que brevemente será incrementado com um shopping center”, afirmou o gerente da Agência, Isaque do Nascimento. Para ele, os recursos existentes em Açailândia, como vegetação rica, águas abundantes, solo fértil e duas importantes rodovias cortando a cidade, a tornam um dos lugares mais privilegiados para se trabalhar. “Todo esse potencial faz que tenhamos um desafio prazeroso à frente dessa Unidade, que se fortalece ainda mais por ter uma equipe guerreira, amiga, comprometida e pronta para buscar o melhor para o Banco e para o desenvolvimento”, destacou o gestor.
O BNB e a cidade Banco do Nordeste está presente na cidade há 28 anos
Equipe
Francisco de Assis QUEIROZ JUNIOR F156116
ISAQUE Costa do Nascimento F142166 - Gerente VENICIUS Elo Macedo Lima F120367 CARLOS ERICSSON Carvalho Cavalcante F127922 NELIANA Gusmão Lima F145963 LAYONES Silva Feitosa F144770 WASHINGTON dos Santos Lima F127965 ALBERTO CALDAS de Mendonça Neto F147192 Antonio Pereira de BRITO F152242 Autogamis CARVALHO Noleto F152021 EDNAND Lima Oliveira F152226
Francisco Ferreira PONTES Filho F152102 IVONE Mateus Monteiro F091103 JAIRO Bandeira Ribeiro F083585 Jose Nobrega Rocha F059293 MARCELLA Bandeira Rocha Brandao F156124 MICHAEL da Costa Lima F141780 PATRICIA Franco Sousa F152137 THIAGO RONALD Almeida Duarte F151424 VALDENIA Costa Ribeiro F152129
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José ROBERTO Sales Silva F156108
Equipe da Agência é composta por 44 colaboradores
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Crônica
A cadeia improdutiva de Santa Retirante
O Adstoni Lopes F044970 Ambiente de Políticas Territoriais, Ambientais e de Inovação adstoni@bnb.gov.br Ilustração: Ronildo Sampaio
s agentes de fomento Pereirinha e Setembrino dividiam o trabalho na jurisdição da agência de Nova Siriema. As muitas adversidades locais e o tratamento diferenciado do gerente Taborda, que simpatizava mais com o jeitão do segundo, não ajudavam para que tivessem um melhor entrosamento.
Na divisão dos oito municípios, ficou com o novato Setembrino o mais complicado. Era difícil trabalhar em Santa Retirante por vários aspectos. Conta uma lenda que o nome do município deveu-se a uma santa que apareceu durante preces sofridas de ancestrais sertanejos em meio a uma seca braba. Ela olhou em volta, balançou a cabeça e foi a primeira a arrumar o matulão e sair em retirada, com os pezinhos descalços, pelo chão esturricado. Outro problema era a forma arredia com que o prefeito Chico de Odete tratava qualquer demanda relacionada ao banco onde Pereirinha e Setembrino trabalhavam. Só depois de muito tempo Pereirinha descobriu que essa má vontade tinha origem no fato do banco ter botado uma vez a mãe do prefeito no pau. A mulher não gostava de pagar a ninguém vivo e o protesto foi inevitável.
Conterrâneos
Quando Pereirinha era ainda o agente de Santa Retirante, articulou uma reunião com o prefeito, sua mãe e o gerente da agência, José Taborda. A ideia era apaziguar os ânimos, buscar reaver pelo menos parte do dinheiro devido por Dona Odete e, de sobra, tentar conseguir
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um local para o funcionamento do Escritório Volante, uma espécie de ponto de atendimento, naquele distante município. Durante a árdua reunião o alcaide assumiu a dívida da mãe, os ânimos foram apaziguados e ele cedeu um prédio inaugurado há dois anos e que estava ainda sem uso. Era a Cadeia Pública Municipal. Com pouco mais de mil pacatos habitantes, Santa Retirante não tinha gerado demanda suficiente para que o equipamento carcerário fosse utilizado. Era o que se podia chamar de uma cadeia improdutiva. -“Mas se algum meliante for preso durante nosso trabalho?”, questionou Pereirinha. -“Improvável. Em dois anos só apareceu um bêbado fazendo arruaça na festa da padroeira e mesmo assim ele só fez dormir por lá uma noite”, ponderou o prefeito. Taborda e Pereirinha foram conhecer o local e concluíram que as instalações atendiam as necessidades de funcionamento. Era um prédio bem conservado e quase vizinho à prefeitura.
Terminado o almoço Setembrino resolveu voltar para o escritório e descansar um pouco, pois teria ainda quarenta minutos até começar a oficina. Pegou um colchonete no depósito, retirou o plástico e o estendeu no corredor, tirou os sapatos, a camisa, colocou o relógio de pulso para despertar às 13h30min (naquele tempo ainda não havia celular) e deitouse para tirar uma breve madorna. Acontece que, durante o sono de nosso prezado agente, uma comitiva dos Correios, escoltada pela polícia militar, passou por Santa Retirante entregando na prefeitura o malote de dinheiro que seria utilizado no pagamento da aposentadoria de produtores rurais. Antes de o comboio partir para o município seguinte, um dos policiais resolveu vistoriar as imediações e passou bem em frente ao prédio onde nosso agente dormia. Até hoje ninguém sabe direito o que passou pela cabeça dele, mas quando viu aquele sujeito
Quando Setembrino acordou e viu que estava preso começou a gritar para quem passava do lado de fora. Como ninguém sabia das chaves, começou a se formar uma aglomeração na frente do prédio. Setembrino, injuriado, pedia para que chamassem o prefeito, que teria que dar uma solução para aquela presepada. Ninguém localizava o prefeito nem as chaves. No meio da tarde a notícia já havia chegado à agência de Nova Siriema.
Crônica
Numa manhã calorenta, após atender dezenas de clientes, Setembrino fechou o escritório ao meio dia e foi almoçar no Peba’s Grill, como sempre fazia quando estava em Santa Retirante. Para a tarde daquele mesmo dia, estava agendada uma oficina do Holofote do Progresso.
tosco dormindo sem camisa dentro da cadeia, ele entrou sorrateiramente, pegou um robusto cadeado que estava aberto na gaveta do único birô e trancafiou Setembrino, que roncava inocentemente.
O gerente Taborda passou a tratar do assunto pessoalmente pelo telefone. Parecia até alguém negociando a libertação de vítima de sequestro em filme americano. O tempo passava e o nervosismo aumentava. Até que Taborda autorizou que quebrassem o cadeado com uma marreta e libertassem logo o agente, pois senão ele teria que dormir no município e a agência pagaria uma diária desnecessariamente. Sairia mais em conta pagar um cadeado novo. Setembrino saiu do prédio bufando de raiva. Teve que adiar a realização da oficina e até hoje desconfia que tudo não passou de uma armação do prefeito, visando de certa forma se vingar daqueles que um dia tiveram a petulância de “sujar o nome” da mãe dele. Julho / Agosto 2013
Conterrâneos
Passaram-se meses tranquilos e produtivos, com Pereirinha e depois com Setembrino, que o substituiu no município, trabalhando satisfeitos e atendendo clientes nesse inusitado Escritório Volante. Até que um dia aconteceu o primeiro e definitivo incidente...
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Comportamento
Diretor Ferraro F143340 e chefe do Gapre, Zilana Melo F048528, prestigiaram as posses conjuntas de Carlos, Josafá e Wesley Maciel F113670
Além de relações profissionais, uma empresa também é o ambiente propício para o surgimento de amizades duradouras, como aconteceu com os colegas Josafá e Carlos.
Amigos pelo Banco do nordeste
J Ulisses Silva Vasconcelos F155179 Super-MG/ES ulissesvasconcelos @bnb.gov.br Fotos: Arquivo pessoal
osafá Araújo Fernandes F100242, potiguar de Caicó, 28 anos de Banco do Nordeste. Carlos Nunes Coelho Júnior F109711, mineiro de Governador Valadares, na empresa desde 2000. Os dois tomaram posse, no mesmo evento, como gerentes das agências de Montes Claros e Montes ClarosHonorato Alves, respectivamente. Não foi a única coincidência na vida dos dois. Como ocorre às vezes, os encontros da vida profissional acabaram por transformar um relacionamento entre colegas em amizade forte e duradoura. De origens distantes e trajetórias diferentes, Josafá Araújo e Carlos Júnior se conheceram em 2001, quando Carlos saiu de Camaçari (BA) para trabalhar em Montes Claros (MG). Na nova agência, o então trainee foi designado para acompanhar os agentes de desenvolvimento. Josafá era um deles. A sistemática adotada pelo Banco na época exigia reuniões bimestrais em cada um dos 41 municípios da jurisdição, o que acabou por aproximar os dois bancários.
Os amigos Célio, Carlos, Josafá e Antônio Carlos, da Agência de Montes Claros-Honorato Alves
Entre ônibus e hotéis, a amizade foi sendo cons truída pouco a pouco.
Conterrâneos
Carlos acompanhava Josafá em suas viagens às localidades atendidas, entre terças e sextas-feiras. Os encontros originavam atas, que acabaram dando novo impulso à convivência entre os colegas. “Eu sempre tive muita facilidade para escrever, tanto do ponto de vista de organizar ideias como do ponto de vista gramatical, e tenho uma digitação muito boa”, conta Carlos, responsável por registrar as reuniões na época.
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Tão bem feitas e elogiadas eram as atas que logo o trabalho do novo trainee passou a ser disputado pelos demais agentes de desenvolvimento. “Os agentes se preocupavam em garantir a minha ida com eles por causa das atas, mas o Josafá saía na frente porque era o que marcava as viagens primeiro. Com isso, a gente passava a semana junto”, lembra. Entre ônibus e hotéis, a amizade foi sendo construída pouco a pouco. Porém,
Quando o período de trainee terminou, Carlos Júnior voltou a Medeiros Neto, agora como gerente de negócios. Antes, porém, tirou férias e, partindo de sua cidade natal, precisou passar outra vez por Montes Claros. Aproveitou a oportunidade para rever seu amigo, mas este estava atendendo clientes em Serro (MG), a 313 quilômetros de distância. Ao saber da visita de Carlos, no entanto, Josafá, que estava com a família em viagem de férias, entregou as chaves de seu apartamento ao amigo fazendo questão que ele se hospedasse lá.
Comportamento
não sem ser favorecida por uma série de coincidências que marcariam a trajetória profissional dos dois.
Em 2001, o trainee Carlos, o agente de desenvolvimento Josafá e o exfuncionário Djalma Alves, em Diamantina (MG)
A troca
“O bacana disso é que, em função da nossa amizade, conversávamos muito sobre as realidades das agências, sobre os pontos fortes e as dificuldades de trabalho etc. Ou seja, com a troca, acabamos chegando às novas unidades já com um bom conhecimento sobre a realidade delas”, completou Carlos.
“Inquilinos” Em 2009, na época em que os dois permutaram as gerência das unidades de Pirapora e Teófilo Otoni. Josafá foi o primeiro a se mudar e, por isso, ele e Carlos tiveram a oportunidade de trabalhar, por alguns dias, outra vez como colegas de mesma unidade. Quando Carlos Júnior apresentou o sucessor aos clientes e imprensa, já estava prestes a tirar férias. Foi a hora de retribuir e oferecer estadia de seu apartamento ao amigo.
Lúbia e Carlos, com os pequenos Miguel e Gabrie e os hóspedes Vartanus, Josafá e as filhas Isabella e Hayla
Carlos e o hoje gerente do Agroamigo de Montes Claros Célio de Oliveira, Josafá e o irmão de Carlos, Felipe Soares
Conterrâneos
No início de 2005, Josafá assumiu a gerência da Agência de Teófilo Otoni (MG). Seis meses depois, Carlos foi empossado como gerente geral em Pirapora (MG). Em 2009, houve rodízio de gestores e quis o destino que os dois amigos trocassem de unidades. “Foi uma experiência muito interessante, pois pudemos compartilhar informações que nos ajudaram na solução dos problemas”, analisa Josafá.
Amigos e suas famílias reunidas em Montes Claros.
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Comportamento
A relação de “inquilinos” não parou por aí. Já em 2013, quando se mudou para assumir a gerência da Agência de Montes ClarosHonorato Alves, Carlos esteve outra vez hospedado na casa do amigo, dessa vez acompanhado de sua família, enquanto buscava sua residência definitiva. Curiosa também foi a escolha do novo lar. “Procurei apartamentos por mais de uma semana. Olhei mais de 40 imóveis e rodei uns 350 quilômetros para acabar optando por um apartamento a três ruas da casa do Josafá, menos de quinhentos metros. Com certeza, a convivência favorável das nossas famílias pesou muito na decisão”, pontuou.
A fatura do cartão Se a amizade é de verdade, não faltam boas histórias. Uma delas se deu ainda em 2009, na época da troca das gerências de Pirapora e Teófilo Otoni. Em Pirapora, no apartamento que era de Carlos, Josafá recebeu do amigo a incumbência de avisá-lo caso chegasse correspondências em seu nome. Logo na manhã no primeiro dia de trabalho em Teófilo Otoni, Carlos recebe telefonema de Josafá o avisando do recebimento da fatura de um cartão de crédito. O valor, no entanto, era extremamente alto, inabitual para o padrão de consumo da família. A conta acabou caindo para a esposa de Carlos, apontada por ele como a responsável por tantas compras. Lúbia partiu para a defesa, afirmando que não tinha gastado tanto, e estava armada a confusão. Acabaram contestando a fatura junto a operadora do cartão. Foi quando, no fim da tarde, Carlos recebeu outra ligação de Josafá, perguntando se ele tinha realmente
Conterrâneos
Colega Célio faz o som para os casais na casa de Josafá, em Diamantina
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acreditado na história. Não havia envelope, nem fatura. Era apenas uma brincadeira de primeiro de abril, o Dia da Mentira. Ao saber da confusão causada, Josafá logo tratou de se desculpar com o casal. A amizade entre as esposas ainda lhe rendeu umas broncas de sua mulher, Vatarnus. Hoje, felizmente, o episódio é motivo somente de boas risadas.
Profecia No começo de 2013, as trajetórias profissionais de Josafá e Carlos se encontraram em uma nova oportunidade: a etapa final da concorrência para superintendente estadual do Norte de Minas e Espírito Santo, vencida ao final pelo também amigo Wesley Mácio Gonçalves Maciel F113670.
A amizade foi favorecida por uma série de coincidências na vida profissional Antes do anúncio do resultado, Carlos conta que, durante um jantar dos três candidatos, em Fortaleza, ele previu a situação em que os três sairiam vencedores, com Wesley na superintendência, Josafá na Agência de Montes Claros e ele como gestor da Unidade de Montes Claros-Honorato Alves. Não deu outra e ele acertou em cheio a profecia. E, com isso, o destino juntou os três amigos na mesma cidade.
Resenha
Resenha Sem medo de mesóclises Há quanto tempo você não escuta um disco completo? Em tempos de consumo desenfreado de música, a questão é pertinente. Nesse contexto, “O céu que me pertence”, álbum de estreia da colega Rosanne Rocha F135631, surge como um convite franco aos que apreciam um trabalho musical de boa qualidade, com coesão e autenticidade.
O céu que me pertence CD - Rosanne Rocha Programa Cultra da Gente 12 faixas
Longe de um amontoado de faixas desconexas, “O céu que me pertence” aposta em uma atmosfera suave que perpassa todo o disco, marcando sua identidade sonora. Baladas românticas seguem uma após outra flertando com ritmos marcantes como samba e jazz, a exemplo do chorinho de cavaco em “Posse” ou do piano marcante da canção que dá nome à obra. Por outro lado, o trabalho não foge à crítica social, evidente na interpretação mais agressiva, acompanhada dos rasgantes solos de guitarra presentes em “Surdo-mudo”. No repertório, músicas de autoria da própria Rosanne Rocha, elaboradas em parcerias, ou gentilmente cedidas por compositores de Alagoas e de outros estados. A carga poética das letras apoia-se com frequência em elementos da natureza, denunciando os tempos bons vividos por Rosanne em sua terra natal, Alagoas. A inspiração vem de grandes nomes da música nacional e internacional, como Gilberto Gil, Marina Lima, Sarah McLachlan, Diana Krall e, claro, do conterrâneo Djavan. O mesmo vento que já embalou grandes poetas como Manuel Bandeira (“Vamos viver de brisa, Anarina”), embala também duas faixas do disco de Rosanne Rocha: “Canção do Vento” (E quando o vento toca teu cabelo, / Vento me ensina como te tocar) e “Pacto com o vento” (Eu estou fazendo pacto com o vento / Pra trazer você aqui pra mim).
*Por Maxshwell de Oliveira F152919
Tão importante quanto as músicas é a apresentação de um disco (que o digam os saudosistas do velho vinil!). Nesse ponto, vale a pena destacar também a produção impecável do encarte, feito a partir de um belíssimo ensaio fotográfico com inspiração paradoxal, mesclando os estilos contemporâneo e vintage. As fotos foram feitas em locação emprestada pela colega Ana Margareth L. de Oliveira F066443. Lá, a artista divide a cena com peças de antiquário, objetos e veículos antigos.
Ambiente de Comunicação max.oliveira@bnb.gov.br
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Conterrâneos
Toda a concepção do álbum casa bem com a interpretação de Rosanne, que não desafina nem mesmo diante de mesóclises na faixa, já ao fim disco, “Ser-te-ei teu”, da dupla Ricardo Cabús e Junior Almeida.
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Bruno Fortes F111589
Seção Coluna Social
brunogf@bnb.gov.br
M
ais uma tudibom compartilhando momentos especiais dos nossos colegas, seja naquela viagem inesquecível, na superação pelo esporte ou simplesmente na foto com quem amamos. Abraço e até a próxima.
Abrimos com mais uma da Seleção Benebeana, com craques espalhados por todo esse Nordeste. A primeira de hoje é da turma de Irecê (BA), antes de mais um de seus jogos
O clique agora é com o funcionário Emanuel Moreira Ferreira F117900, da Agência João PessoaEpitácio Pessoa, que curtiu viagem a Orlando, nos Estados Unidos, com a esposa.
Em homenagem ao Dia dos Pais: o colega Bráulio José F138053, da Agência de Paulo Afonso (BA) e sua esposa, Fabiana Moura, no aniversário de três aninhos da filhota Fernanda.
Férias de julho com viagem ao Chile. Tudibom, né? Quem aproveitou foi o colega Lucas de Carvalho F135267, de Mundo Novo (BA), com a esposa Juliane e os amigos Levi e Wanessa.
Futebol é integração, união, tudibom. Que o diga as equipes das agências de Santa Maria da Vitória e Bom Jesus da Lapa, que fizeram aquela farra. Resultado: 4 x 3 para os lapenses.
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tudibom
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Coluna Social
o lugar da nossa gente
Beatles do Passaré! Os colegas Luis Araújo F087378 (Pronaf-BA), Cleuber Borges F060828 (Maceió Farol-AL), Jacinto de Souza F094803 (Parnamirim-RN) e Danilo de Moraes F052094 (Garanhuns-PE) foram clicados pelo fotógrafo Júlio Serra em homenagem à famosa capa do disco Abbey Road.
Mais uma da série “Pai Coruja”. Essa foi enviada pelo colega Marcelo Delgado F139378, que nos mandou o filhão João Pedro, só sorriso, durante as gravações do filme “Cine Holliúdy”, com o humorista Falcão.
De volta ao esporte, recebemos a colaboração de Cledy Cavalcante B818615, na recém-inaugurada Arena Pernambuco, durante o jogo entre Itália e Japão, pela Copa das Confederações. Julho / Agosto 2013
Conterrâneos
Casal que corre unido, permanece unido. O exemplo vem do Piauí, com a funcionária Veralúcia de Barros F102466 (Teresina-João XXIII) e seu esposo José Adail Ferreira, que participaram da 2ª Corrida dos Advogados.
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Gabriela Ribeiro F152331
Seção Tecnologia
Ambiente de Comunicação gabrielagr@bnb.gov.br
Papo conectado
Protesto em rede: Recentemente vimos no país uma série de protestos originados por diferentes razões. Entretanto, todos eles tinham em comum o fato de terem sido organizados por meio de redes sociais. Esse fenômeno não é novidade. Em 2011, grandes manifestações, como o Occupy Wall Street, nos Estados Unidos, foram planejadas desse modo. Tanto lá quanto aqui, os protestos atraíram grupos heterogêneos, com reivindicações diferentes. Mesmo nos EUA, onde a ideia principal era opor-se ao poderio do 1% mais rico da sociedade, as reclamações abordavam pautas como desigualdade social, melhores condições de vida e democratização da comunicação. No Brasil, os manifestos começaram com o aumento da tarifa de ônibus de São Paulo. Após a noite de violência da polícia contra os protestantes no dia 13 de junho, muitas pessoas organizaram-se, pelas redes sociais, e realizaram grandes passeatas, no episódio ficou conhecido como a “Revolta do Vinagre” .
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O fato é que todos esses movimentos nasceram e ganharam força na esfera online, demonstrando o poder que elas têm ao facilitar a propagação de informações, a organização de grandes movimentos e a promoção de abaixo assinados. Elas facilitam o ativismo das causas mais diversas, ajudando a unir os simpatizantes de diferentes setores da sociedade.
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Por outro lado, as redes sociais também ajudam a unir grupos que possuem as mesmas crenças e opiniões, o que acabou por fortalecer as passeatas. Outro fator é a grande facilidade Julho / Agosto 2013
Agência Brasil
Como as mídias sociais influenciaram as manifestações no Brasil de comunicação. Por meio de um simples aplicativo de celular, por exemplo, é possível mandar mensagens instantâneas para um grande número de contatos, propagando informações com apenas um clique.
Além de possibilitar uma sociedade mais atuante politicamente, as novas mídias surgem como alternativas aos veículos tradicionais de comunicação, trazendo reportagens que mostram “o outro lado” dos fatos. Um desses grupos é o Mídia Ninja (Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação), seguido no Facebook por quase 80 mil pessoas. Valendo-se de smartphones conectados a redes 3G e 4G, os jornalistas do Ninja transmitem os protestos ao vivo. A cobertura, mais dinâmica do que a das emissoras de TV, acabou por agradar o público ao mostrar as manifestações sob outra perspectiva. Apesar do potencial, as redes sociais apresentam grande restrição quanto à capacidade informativa, já que é difícil confirmar a veracidade de grande parte das informações compartilhadas. Um exemplo foi a grande “greve geral” agendada para 1º de julho, criada por um usuário do Facebook. Mais de 150 mil confirmaram a participação na página, mas, no dia marcado, nada aconteceu. As redes sociais, assim, contribuem no fortalecimento dos movimentos, além de ajudarem na democratização da informação. No entanto, não há nenhum mecanismo de controle da veracidade dos fatos, como há na mídia tradicional, o que enfraquece, em parte, a credibilidade desses meios.
Cultura
Créditos da Foto
Patrocinado pelo Banco do Nordeste, um projeto leva, desde 2007, conhecimentos e técnicas de audiovisual para comunidades no interior paraibano.
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iver, ver e respirar cinema. Esse é o lema do projeto Paraíba Cine Senhor, instituído em 2007 com o apoio do Banco do Nordeste. Idealizado pelo jornalista Orlando Júnior a partir de um trabalho acadêmico, a iniciativa tem como objetivo democratizar a o conhecimento e a produção cinematográfica no interior do estado.
Super-PB dalana4@hotmail.com Fotos: Arquivo projeto
Sousa, no sertão paraibano, foi a primeira cidade a receber a expedição onde foram ministradas, durante uma semana, oficinas de cinematografia. Ao final do minicurso, os alunos puderam colocar em prática tudo que aprenderam. Ao todo, foram produzidos quatro vídeos. No ano seguinte, 2008, o projeto se consolidou. O Paraíba Cine Senhor colocou novamente o pé na estrada, dessa vez seguindo o caminho de cinco cidades: Monteiro, Areia, Taperoá, Cabaceiras e Bananeiras. O percurso durou cinco semanas, uma destinada para cada localidade. O conhecimento audiovisual repassado nos minicursos gerou mais 19 videodocumentários feitos pelos próprios alunos. Em 2009 e 2010, o projeto continuou fazendo história por onde passou, proporcionando a realização de mais de vinte oficinas. Com muitos vídeos
produzidos, inclusive em formatos de minimídias digitais, o Paraíba Cine Senhor tornou-se um dos maiores projetos do tipo na Paraíba. Apesar do foco na valorização da sétima arte, a iniciativa também se destaca por seu papel de formação cidadã ao fortalecer a cultura regional por meio dos minicursos oferecidos aos alunos. Com isso, eles resgatam histórias da cultura local, abordando em seus vídeos personagens ou fatos que enalteçam os valores de sua comunidade. O projeto é vinculado à Universidade Federal da Paraíba como atividade de extensão universitária. Universitários de 12 cursos da instituição são selecionados para serem monitores e integrantes da equipe técnica, contribuindo para a formação técnica e de crítica audiovisual dos alunos participantes das oficinas. Julho / Agosto 2013
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Dalana Lima B819565
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Seção Cultura
Oficina de maquiagem ministrada por Williams Muniz, em Sousa, 2007
Oficina de Fotografia para Audiovisual, ministr por João Carlos Beltrão, São José de Espinhara
Os temas trabalhados durante o curso são: “Noções de Cinema Brasileiro”, “A Ética no Audiovisual”, “Como Elaborar Projetos Audiovisuais”, “Fotografia para Cinema e Vídeo”, “Noções de Câmera”, “Maquiagem”, “Cinema e Problemática Social”, “Direito Autoral”, “Som”, “Introdução ao Audiovisual”, “Produção”, “Minimídias Digitais”, “Direção de Atores”, “Como Divulgar Meu Projeto na Mídia”, “Trilha Sonora”, “Continuidade”, “Direção de Arte e Figurino”, “Roteiro”, “Direção” e “Edição”.
Mostras Audiovisuais Aula prática de câmera. Areia, 2008
A proposta do Paraíba Cine Senhor engloba duas mostras audiovisuais: a Mostra Paraíba Cine Senhor, que exibe os trabalhos realizados nas cidades visitadas pelo projeto; e a Mostra Paraíba de Produções Audiovisuais, que leva a recente produção do estado para ser discutida entre a comunidade e seus realizadores. Ao resgatar, nas cidades por onde passa, histórias muitas vezes desconhecidas por seus moradores, o projeto reforça sua estratégia de valorização da cultura regional. “Exibimos filmes que condizem com a cultura local, realizamos campanhas sociais que esclarecem problemas. Enfim, valorizamos a cultura local quando nos dispomos a realizar oficinas e conectar essas
Gravações do vídeo “A Memória Popular”. Monteiro, 2008
Cultura Oficina de Fotografia para Audiovisual, Bananeiras, 2010
oficinas à realidade regional dessas cidades”, ressaltou o criador e coordenador geral do projeto, Orlando Júnior. Em 2013, as cidades visitadas pela caravana do Paraíba Cine Senhor foram Itabaiana (de 7 a 22 de abril) e Aparecida (de 19 de maio a 2 de junho). Durante duas semanas, as cidades tiveram o cotidiano modificado por atividades que compreendem 22 oficinas de realização audiovisual, quatro campanhas socioeducativas e três mostras audiovisuais. Na edição deste ano, foram incluídas ainda duas outras oficinas: “Storyboard” e “Como Criar e Manter Cine Clubes”, além de mais quatro campanhas socioeducativas que abordam os temas drogas, trânsito, plantio de árvores e arrecadação de alimentos. Entre os ministrantes das oficinas, estão nomes conhecidos do audiovisual paraibano como João Carlos Beltrão, Mercicleide Ramos, André da Costa Pinto, Gian Orsine, Adeildo Vieira e Wiliams Muniz. “O projeto continua dinâmico, mudando a cada edição para ficar cada vez mais completo, além de se preocupar com temas sociais, pois não enxergamos o audiovisual como algo isolado, intocável. Ele se completa e fica muito mais forte quando agregado a outros temas e assuntos”, comentou Orlando Júnior.
É aproveitando a arte e magia do audiovisual como elementos multiplicadores da informação e do autoconhecimento, o Paraíba Cine Senhor segue pelo interior paraibano como mais uma possibilidade de redescoberta das tradições culturais e o pleno exercício da cidadania.
Apoio do Banco A iniciativa conta com apoio do Programa de Cultura Banco do Nordeste-BNDES, que objetiva a ampliação das possibilidades de recepção das artes e de outras manifestações culturais, privilegiando a educação para e pelas artes. “O fato de o projeto ter a marca do Banco nos abre portas, nos dá credibilidade e nos habilita a fazer um trabalho de qualidade”, acrescentou Orlando Júnior. O Paraíba Cine Senhor é apoiado também pela Empresa de Serviços Culturais, Associação Castelo Audiovisual, prefeituras das cidades de Itabaiana e Aparecida, Governo do Estado, por meio do Detran e Polícia Militar. Também colaboram com o projeto o Jornal da Paraíba, Projeto Cinema BR em Movimento, Jornal A União, Ponto de Cultura Cantiga de Ninar e Acauã Produções Culturais. Mais informações no site www.escritalivre.com.br. Julho / Agosto 2013
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rada as, 2010
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Comportamento
A copa dos voluntários Afora dribles e gols, a Copa das Confederações foi marcada por outro espetáculo: a participação dos voluntários, experiência compartilhada por vários funcionários do Banco.
Arena Castelão, em Fortaleza, durante partida entre Brasil e México pela Copa das Confederações 2013
Maxshwell de Oliveira F152919 Ambiente de Comunicação max.oliveira@bnb.gov.br
Fotos: Arquivo pessoal
Para fazer bonito, no entanto, o Brasil deve antes encarar o grande desafio que é a gestão de grandes eventos, iniciativas que geralmente envolvem altos investimentos e, por conseguinte, riscos maiores. Nesse ponto, mão de obra qualificada é um dos quesitos essenciais para se garantir o sucesso de um projeto, principalmente no que se refere ao atendimento ao público. Atentos a esta demanda, o Governo Federal e a Federação Internacional de Futebol (Fifa) coordenam programas de voluntariado para a
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O
Brasil está com a bola toda. Pelo menos, no que diz respeito aos grandes eventos internacionais. Com a Copa das Confederações de 2013, a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, o Brasil tem a chance de firmar sua imagem positiva no cenário mundial, capitalizando essa vantagem para atrair ainda mais turistas e outros eventos de caráter global.
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Copa das Confederações e a Copa do Mundo. Somente para esta primeira, foram capacitados mais de 7 mil voluntários em todo o país. A expectativa é que esse número chegue a 50 mil nos jogos de 2014. O programa tem objetivo de auxiliar não só aos torcedores que comparece aos estádios durante os jogos, mas também à população em geral, aos turistas e à imprensa não credenciada em aeroportos, áreas de fluxo, pontos turísticos, festas públicas e Fan Fests, eventos realizados pela Fifa nas cidades-sede dos jogos.
Funcionária do Ambiente de Gestão de Pessoas, lotada na Superintendência Estadual de Pernambuco, Ericka Campos de Oliveira Lima F152480, foi uma das voluntárias na partida entre Itália e Japão, realizada em Recife, na recém-inaugurada Arena Pernambuco. O jogo, que valia vaga na semifinal da Copa das Confederações, contou com público de mais de 40 mil pessoas. Ericka trabalhou prestando informações na Estação Central do Metrô. Lá atendeu um grupo de japoneses, que não sabia falar inglês, muito menos português.
Quem deseja ser voluntário, deve atender a alguns requisitos básicos: ter, no mínimo, 18 anos; morar próximo à cidade-sede em que deseja atuar; ter disponibilidade de horário. Fluência em idiomas, experiências anteriores com voluntariado, formação acadêmica e habilidades específicas são também pontos que contam a favor. Para Ericka, há outro requisito igualmente indispensável: a vontade de ajudar. “Ser voluntário é se doar, no sentido mais amplo da palavra. Não é só tempo, força de trabalho. Precisa ter muito
O voluntariado tupiniquim - 1 em cada 4 brasileiros faz ou já fez algum tipo de trabalho voluntário; - A maioria utiliza tecnologias de comunicação para se informar (87% tem celular, 64% computador; 62% usa internet, 53% redes sociais); - A maioria (67%) trabalha, sendo 51% com expediente integral; - 49% realiza serviços voluntários em instituições religiosas e 25% em organizações de assistência social; - Aproximadamente metade presta serviço voluntário com regularidade definida (mais de uma vez ao ano);
- Em média, os voluntários se dedicam 3,6 vezes por mês, com 4,6 horas, ao serviço voluntário; - No Nordeste, essa média é superior: são 5 vezes de 6 horas por mês; - Uma das principais atividades desenvolvidas é a captação de recursos; - 67% tem como principal motivação ajudar os outros, 32% fazer diferença e melhorar o mundo e 32% princípios religiosos.
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Créditos da Foto
Vontade de ajudar
“Mesmo assim, para eles tudo era festa. Isso me fez pensar nas adversidades do dia a dia. Às vezes, estamos tão atribulados, meio perdidos (como eles!), que esquecemos de rir e de levar a vida com mais leveza”, afirma.
Comportamento
Além da recepção do público, os voluntários também colaboram no suporte a atividades administrativas e de gestão de todo o ciclo das duas Copas.
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Comportamento
amor no coração, se desprender de preconceitos, de estereótipos. E sem essa de dizer que voluntário não quer nada em troca. Quer sim. Um sorriso, um ‘muito obrigado’, um abraço, um aperto de mão. Pra gente se alimentar e ter a certeza de que não está sendo em vão”, assevera.
Cultura do voluntariado Outra que compartilha os aprendizados de voluntária na Copa das Confederações é a funcionária da Universidade Corporativa Banco do Nordeste, Laurindaluiza Soares de Macedo F109282. “A experiência foi marcante não apenas por eu nunca ter entrado em um estádio de futebol, já que não sou tão fã do esporte assim, mas sim por poder conhecer os detalhes da logística de cada jogo e poder acompanhar os resultados do trabalho”, destaca.
Conterrâneos
Laurindaluiza trabalhou durante a partida entre Brasil e México, realizada no dia 20 de junho, em Fortaleza (2 a 0 para o Brasil, com gols de Neymar e Jô). Para ela, além do engradecimento pessoal, a oportunidade serviu também para aperfeiçoar as competências profissionais. A ideia era aprender mais sobre a metodologia de gestão de voluntários, assunto com que ela mesma já lida dentro de uma organização não governamental.
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não é requisito excludente, mas sim um fator diferencial no momento da seleção. “É o que poderia render a oportunidade de trabalhar com atendimento ao público, já que há a necessidade de se comunicar e atender bem as pessoas de todos os lugares do mundo”, ressalta. Outro ponto enfatizado por Laurindaluiza é a importância da cultura do voluntariado, que não tem aqui a mesma força com que se mostra em outras partes do mundo. “O trabalho voluntário é uma maneira de adquirirmos experiências diferenciadas, que agregam muito à vida pessoal e, principalmente, à vida profissional. Graças a ele, pude agregar ao meu currículo, dentre outras competências, a fluência em alguns idiomas, vivência internacional, gestão e desenvolvimento de voluntariado”, conta.
Aquisição de experiências Funcionário da Universidade Corporativa, Ádamo Zerílio Lopes F116874, assim como a colega Laurindaluiza, também colaborou para a organização da partida entre brasileiros e mexicanos na moderna Arena
“Meu interesse era conhecer como funciona uma megaoperação daquelas, que contou com, aproximadamente, 800 voluntários de diversas áreas, como marketing, transporte e atendimento ao público”, comenta.
1. Ericka Campos (com chapéu): requisito indispensável é a vontade de ajudar
Segundo ela, ao contrário do que muitos imaginam, a fluência em idioma estrangeiro
3. Adamo espera repetir a experiência como voluntário na Copa do Mundo 2014
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2. Para Laurindaluiza (à esquerda), evento serviu para aperfeiçoar competências
“O evento é grandioso, envolve muita gente e muitos recursos, mas ainda assim, o voluntário sente que sua participação contribui efetivamente para que cada jogo seja uma festa”, afirmou.
Para ele, além da disponibilidade de tempo e dedicação, um dos principais requisitos para ser voluntário é a capacidade de trabalhar em equipe, habilidade para lidar com o público e facilidade a adaptar-se rapidamente a novas situações. “Qualquer um pode ser voluntário, existem muitas oportunidades para engajamento. Basta ter vontade e encontrar o trabalho que o motive e que lhe dê prazer”, enfatiza.
Comportamento
Castelão. Ele ressaltou a importância da experiência, apesar de algumas dificuldades como cansaço, receio de protestos e mesmo a falta de apoio de amigos.
Foi o primeiro trabalho de Ádamo como voluntário, mas ele espera repetir a participação nos próximos grandes eventos esportivos no país, a Copa do Mundo e as Olímpiadas. “É uma chance de ver toda a construção do evento por dentro, conhecer como funciona sua estrutura (ou pelo menos parte dela) e poder contribuir para que ele seja um sucesso”, disse. Airton Fontenele apresenta seu livro ao coordenador técnico e ex-técnico da Seleção, Carlos Alberto Parreira
O Brasil na Copa das Confederações
Autor de diversos clássicos sobre futebol no Brasil, Airton Fontenele é conhecido por possuir o mais completo acervo do país sobre o assunto. Em sua casa, em Fortaleza, o colecionador, hoje com 85 anos, guarda fotos, livros, revistas, álbuns e um gama de material que conseguiu reunir por conta própria, conciliando o trabalho com sua carreira no Banco do Nordeste. A nova obra de Airton Fontenele somase agora a outros títulos de sua autoria: “Futebol – Seleções de Seleções”, “O Brasil na Copa América” (livro oficial da CBF por
ocasião da Copa América no Brasil), “O Brasil nas 15 Copas” (lançado à época da Copa do Mundo de 1998), “O Brasil em Todas as Copas História, Curiosidades, Estatísticas – 1930/98” e “O Brasil na Rota da Alemanha” (lançado à época da Copa do Mundo de 2006). Em “O Brasil na Copa das Confederações 19922013”, o pesquisador traz um visão ampla e detalhada da competição, resgatando dados desde a sua criação, em 1992, na Arábia Saudita, ainda sob o nome de “Copa do Rei Fahd”. “Deixaremos os desportistas devidamente informados com o certame, a campanha dos 29 países participantes, os resultados dos 108 jogos de 1992 e 2009, dados técnicos dos 28 jogos do Brasil, os 85 jogadores brasileiros atuantes em seis certames, os 48 clubes que forneceram esses atletas, análise da campanha do Brasil e uma série de curiosidades e estatísticas”, adianta no prefácio da obra. O livro já está à venda nas principais livrarias. Julho / Agosto 2013
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Além de oportunidade para exercitar o trabalho voluntário, a Copa das Confederações de 2013 também marcou o lançamento do livro “O Brasil na Copa das Confederações 1992-2013”, de autoria do funcionário aposentado e pesquisador cearense Airton Fontenele. Lançado em maio deste ano, a obra resgata a participação da não só da Seleção, mas de todos os países participantes das oito edições do torneio.
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Cultura
O castelo medieval encravado no território urbano é o cenário perfeito para instigar a imaginação dos que visitam o Instituto Ricardo Brennand, no Recife .
O castelo de Brennand
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Viviane Souza B821683 Super-PE b821683@correio. intra.bnb
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Diferente de um museu convencional, o Instituto Ricardo Brennand é formado por um complexo arquitetônico que remete a um castelo medieval, criando a ambientação perfeita para instigar mais ainda a imersão do visitante na História. “Quando Ricardo decidiu construir o Instituto, ele não queria expor as obras em um prédio moderno. Queria criar um cenário próprio para sua coleção”, explica o historiador e coordenador de pesquisa do Instituto, Leonardo Dantas Silva. Inaugurado há pouco mais de uma década, hoje o museu é um
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foto: viviane souza
Fotos do instituto: luiz filipe leão
ma viagem no tempo, com roteiro que inclui passagens pela Baixa Idade Média, Brasil Colônia e Brasil Holandês, tudo por meio da beleza das mais diversas obras histórico-artísticas do Instituto Ricardo Brennand, organização sem fins lucrativos localizada no Recife. Fundada em 2002 por Ricardo Brennand, empresário e colecionador de ascendência inglesa, a instituição cultural é passagem obrigatória para quem visita a capital pernambucana.
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dos destino mais procurado por turistas que vão ao Recife. O museu recebe em torno de 9,5 mil pessoas por ano, que se encantam com a variedade e qualidade do acervo cultural disponível à visitação. O Instituto também oferece cursos de História da Arte, programas de capacitação voltados para estudantes e professores e atividades culturais para o público em geral. Para Leonardo Dantas Silva¹, muito mais do que um chamariz para os turistas, o Instituto Ricardo Brennand é um centro de formação educacional. “Trata-se do maior centro do Norte-Nordeste de educação pela arte. Várias obras de grandes artistas, que antes só eram possíveis de conhecer em museus da Europa, hoje estão acessíveis ao público nesse espaço”, afirma.
A arquitetura do museu, no entanto, é que de fato impressiona: o Castelo de São João, a pinacoteca e a galeria, todo o complexo de edifícios foi construído no estilo gótico Tudor, arquitetura da dinastia britânica que reinou entre 1485 e 1603. A técnica em segurança no trabalho da Superintendência do Estado de Pernambuco, Ericka Campos F152480, foi uma das primeiras visitantes do Instituto, após sua inauguração. Ela relembra a emoção que sentiu ao visitar o espaço pela primeira vez.
Salão abriga cerca de 6 mil armas brancas do período medieval
Cultura
Mesmo antes de se adentrar o Instituto, a sensação que se tem é de transporte imediato para outra época. O caminho de dois quilômetros que leva até o castelo é cercado por palmeiras imperiais que conduzem os visitantes até a entrada principal. O cenário é complementado com a paisagem de natureza exuberante que circunda toda a construção: o lago contornado por um bambuzal, as árvores repletas de garças brancas e a grama, cuidada impecavelmente.
“Foi uma experiência de encher os olhos, pois Recife naquela época não dispunha de espaços como esse, e o Instituto veio para trazer mais uma opção de cultura para a cidade. A gente se projeta na época das obras, é como se você tivesse vivendo Pernambuco na época da ocupação holandesa, tamanha é a riqueza de detalhes das obras. É uma verdadeira viagem cultural”, conta.
“Quando Ricardo decidiu cons truir o Ins ti tu to, ele não queria expor as obras em um prédio moderno, queria criar um cenário para sua coleção”. Coleção de armaduras chama atenção pela beleza e imponência
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Passeio pela arte
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Grandes exposições
Cultura
Outro grande atrativo que o Instituto oferece são as exposições, realizadas na galeria, espaço especialmente dedicado esse tipo de programação. A primeira a ser exibida foi “Albert Eckhout volta ao Brasil”, também montada na Pinacoteca do Estado de São Paulo, no Conjunto Cultural da Caixa de Brasília e no Paço Imperial do Rio de Janeiro. Foi a primeira vez que o público brasileiro teve oportunidade de conferir as pinturas de Eckhout, pertencentes ao Museu Nacional da Dinamarca. Castelo de São João impressiona pela arquitetura de estilo gótico
Jardins do Instituto também são adornados com obras de arte
No ano seguinte, foi a vez da inauguração da exposição permanente “Frans Post e o Brasil holandês”, localizada no castelo principal. A coleção é composta por obras e documentos do período da ocupação nordestina pela Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, ainda no século XVII. “Durante boa parte desse período, o nobre alemão João Maurício de Nassau dirigiu o Brasil, e trouxe para cá artistas e cientistas, entre eles o pintor Frans Post. O Instituto possui hoje a maior coleção do artista conhecida no mundo atualmente. Para se ter uma ideia, em toda Holanda só estão 18 quadros de Post, ao passo que aqui estão expostos 20”, conta Leonardo Dantas Silva. Além dessas obras, a exposição também reúne tapetes pintados por Albert Eckhout, com motivos brasileiros e africanos; gravuras feitas para o livro de Caspar Barlaeus, espécie de relatório de viagem de Nassau; e uma quantidade expressiva de livros e mapas do séc. XVII, aliados aos quadros dos paisagistas que pintaram o Brasil no séc. XIX, peças de arte sacra, armas brancas medievais, mobiliário e uma biblioteca de cerca de 60 mil itens catalogados.
O acervo conta com mais de 500 esculturas
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Serviços
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Instituto Ricardo Brennand é aberto a visitas de terça a domingo, de 13h às 18h. A entrada custa R$ 18, sendo aceita meia-entrada para estudantes, professores e idosos. Visitas de grupos podem ser agendadas nas manhãs de terça-feira pelo número (81) 2121-0352. Julho / Agosto 2013
O importante é Prosseguir
Ambiente de Comunicação saulofreitas@gmail.com
Fotos: Arquivo do INEC
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m várias partes do país, tanto em áreas urbanas como rurais, muitos jovens e adultos encontram obstáculos para dar continuidade aos seus estudos, como a cearense Francisca Andréa Rodrigues. Ela concluiu o Ensino Médio no ano 2000, parou de estudar e retornou com o apoio do Instituto Nordeste Cidadania (Inec), organização social de interesse público, fundada e mantida por funcionários do Banco do Nordeste.
Os anos foram passando e a vida escolar de Andréa foi sendo deixada de lado. A rotina de dona de casa e mãe de cinco filhos tomava cada vez mais tempo. Ela, porém, não tinha desistido de seus sonhos. A família de Andréa começou a ser assistida pela instituição não governamental Centro de Apoio à Criança, onde ela fazia parte de um grupo de artesanato. Foi lá que ela conheceu o Prosseguir, projeto promovido pelo Inec desde 2003. Mais que um curso preparatório, o Prosseguir vale-se de atividades cidadãs para despertar nos alunos uma visão integrada de mundo. Assim, cada estudante deve oferecer algum serviço à comunidade em contrapartida às aulas. No caso de Andréa, foram oficinas de artesanato que serviram de contrapartida, já que ela tinha
Grupos de estudo reforçam conteúdo discutido em aulas semanais com professores
Cada estudante deve prestar serviço à sociedade como contrapartida domínio e práticas desse tipo de trabalho. Era 2009 e a vida de Andréa começava a mudar. Para acompanhar os estudos, ela passou a deixar seus filhos sob os cuidados do marido e da sogra. Mesmo sendo a mais velha da turma, ela também não pensou em desistir e fez da sua experiência um incentivo a mais. Foram duas tentativas e dois anos de dedicação intensa com um único foco: passar na seleção da Universidade Estadual do Ceará, no campus Quixadá, o município mais próximo de sua casa. Foi somente na segunda
Atividades complementares contribuem para despertar visão integrada de mundo nos jovens
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Conterrâneos
Saulo Lobo B817414
Responsabilidade Social
No mundo globalizado, onde o conhecimento tem cada vez mais valor, um projeto serve de estímulo para quem se deixou demorar nas estradas da vida.
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Responsabilidade Social
Programação envolve diversas atividades lúdicas, como rodas de contação de histórias
Para os pequenos, brinquedos educativos servem como ferramentas de aprendizagem
a construção coletiva do conhecimento, relacionando-o aos assuntos da vida cotidiana e aliando-o às relações interpessoais e sociais dos estudantes.
Apesar do foco em concludentes do Ensino Médio, iniciativa também beneficia pessoas que querem voltar a estudar
tentativa que Andréa obteve êxito e foi aprovada para o curso de Letras/Português. A distância entre os municípios Itapiúna e Quixadá é de quase 50 quilômetros. Em ônibus disponibilizado pela Prefeitura, Andréa e outros estudantes saem de Itapiúna às 17 horas e só retornam às 23 horas. Esse é seu trajeto há exatos dois anos. Atualmente, ela está cursando o quinto semestre e já leciona na educação infantil da escola Padre Miguel de Jesus Alves, no distrito de Barra Nova, em sua cidade. “Para mim, o Prosseguir é um realizador de sonhos. Além de me proporcionar um benefício para a retomada dos meus estudos, também me dá oportunidade de repassar isso para quem necessita. Isso é gratificante!”, afirmou Andréa. Ela frisa que não quer parar por aí e pensa em se especializar em literatura infantil, a sua paixão.
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Metodologia
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Baseando-se em uma metodologia diferenciada, a proposta pedagógica do projeto Prosseguir tem como referência Julho / Agosto 2013
Em cada município em que o Prosseguir é realizado, o Inec mobiliza parceiros locais buscando fortalecer a autonomia dos grupos e promover a descentralização da gestão, tornando-a mais participativa. Assim, incentiva-se ações de mobilização social na comunidade e a formação de multiplicadores do projeto. O público-alvo são jovens concludentes do Ensino Médio, mas a iniciativa também beneficia pessoas (jovens ou adultas) que tenham interesse em voltar a estudar. As atividades acontecem em espaços cedidos pela comunidade e o material didático é fornecido gratuitamente aos estudantes, com apostilas impressas pelo Banco do Nordeste. A remuneração do corpo docente é custeada pelo Inec e órgãos parceiros. Outros critérios para seleção são: renda familiar mensal (de até dois salários mínimos), bom desempenho escolar, residência no município de realização do projeto e disponibilidade para realizar atividades voluntárias em horário complementar. Os participantes reúnem-se todos os dias e estudam em grupo, de forma interativa, o que favorece o ingresso dos alunos no ensino superior e, posteriormente, no mercado de trabalho. Essas reuniões são realizadas a partir de uma abordagem colaborativa, onde o aluno que sabe mais sobre determinado assunto ajuda o colega que tem dificuldades.
Responsabilidade Social Aulas de campo permitem aos jovens vivenciar conhecimentos adquiridos em sala de aula
Com aulas de teatro, projeto investe na formação artística dos estudantes beneficiados
As dúvidas são esclarecidas durante aulas semanais com professores, geralmente aos sábados.
A estudante de Engenharia Florestal Christiene Karine Ferreira foi uma das alunas aprovadas do Prosseguir realizado no Espaço Nordeste de Serro, em Minas Gerais. Ela estuda na Universidade Federal dos Vales de Jequitinhonha e Mucuri e conta como foi sua experiência. “Com o Prosseguir pude conhecer um pouco mais da realidade do mercado de trabalho. Lá fiz novas amizades e aprendi a ter mais responsabilidade e determinação. Todos foram muito importantes para a realização do meu sonho”, relembrou. Para a assessora técnica social do Instituto Nordeste Cidadania, Virginia Conde, a realização do projeto é resultado do esforço e da energia de cada pessoa envolvida. “Sempre digo que o mérito é dos jovens que assumem o compromisso com sua própria vida. Aproveito ainda, para agradecer cada assessor e parceiro que torna o projeto vivo, pulsante e transformador”, ressaltou.
Resultados De 2003 a 2011, já se somam 186 aprovações em 27 turmas realizadas, com média de 663 participantes. E em 2012, a marca foi de 124 aprovações, com 18 turmas realizadas, que beneficiaram 540 participantes. Com mais de uma década de atuação, o projeto já atendeu a 25 municípios, entre eles Tabuleiro do Norte (Itaiçaba/CE), Canto da Cruz (Palhano/CE), Escola Danízio Correa (Barreira/CE), Instituto Dica (Pacatuba/CE) e Cobec (Lavras da Mangabeira/CE). Os demais locais onde o Inec atua ainda continuam sendo atendidos e, em 2013, as ações foram ampliadas em 32 municípios da área de atuação do Instituto. Para o presidente do Inec, Getúlio Alves, o Prosseguir é o projeto social mais includente, cujos resultados são objetivamente mensurados e se revela como uma verdadeira transformação no caminho dos jovens. “A nossa intenção é investir ainda mais nesses tipos de projetos que apresentam resultados sociais tão positivos”, concluiu. Julho / Agosto 2013
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Em contrapartida, os estudantes também devem assumir o compromisso de realizar ações em prol de sua comunidade.
Brincadeiras com crianças da comunidade são utilizadas como estratégia para fortalecer laços sociais
Créditos da Foto
Para garantir maior integração com a sociedade e ampliar a vivência de mundo dos alunos, são realizadas ainda exibição de filmes com rodas de conversa, aulas de campo, palestras com profissionais de diversas áreas, saraus de poesia e espetáculos teatrais.
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Créditos da Foto
Foto: Foto: ERICKSON ERICKSON BRITTO BRITTO
Desenvolvimento
Algodão é a segunda cultura de destaque do Oeste da Bahia e responde por 2% da demanda mundial
Nem mesmo a seca de 2012 impediu a região de alcançar novos recordes de colheita
Imensos pivôs de irrigação, aviões agrícolas sobrevoando os céus, máquinas colheitadeiras a todo vapor – essse é o cenário de pujança econômica do oeste baiano.
Oásis do Cerrado Gabriel Melo F113999 Super-BA gabrielms@bnb.gov.br Fotos: GABRIEL MELO
A região conta com 39 municípios atendidos pelo Banco do Nordeste por meio de cinco agências: Bom Jesus da Lapa, Barreiras, Correntina, Luís Eduardo Magalhães e Santa Maria da Vitória. Modelo brasileiro de crescimento de produção agrícola, o oeste baiano mais que dobrou, nas últimas duas décadas, sua produtividade em culturas como a soja e milho (107% e 106% de aumento, respectivamente). Segundo dados da Associação de Agricultores Irrigantes da Bahia (Aiba), em 2011, o Cerrado baiano superou o restante do Brasil, e mesmo os Estados Unidos, com rendimento médio de 56 sacos de soja e 163 sacas de milho por hectare. No algodão, os números cravaram 270 arrobas por
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oeste da Bahia tem se destacado nos últimos anos pelos projetos de agronegócio com alto nível de organização, empreendedorismo e utilização de tecnologias que impressionam olhos do mundo inteiro. A região, que conta com um milhão de habitantes, situa-se à margem esquerda do São Francisco, sendo banhada pelas bacias do Grande, Preto, Corrente, Carinhanha e mais outros 29 rios perenes. É a riqueza de recursos hídricos que garante infraestrutura básica para a produção agropecuária.
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hectare, o que representa cerca de 30% de toda a fibra produzida no País e mais de 2% da oferta do produto em todo o mundo. Em 2012, nem mesmo a seca impediu que se alcançassem novos recordes. A produção aumentou 7%, resultando em 7,3 milhões de toneladas e receita de R$ 6 bilhões. São dois milhões de hectares de exploração agrícola, podendo ser expandidos em mais 1,3 milhão de hectares. As culturas variam entre algodão, milho, café, arroz, feijão, capim, sorgo e soja, responsável sozinha por R$ 2,36 bilhões de Valor Bruto da Produção.
Crescimento O crescimento econômico tem atraído investimentos nacionais e
Dsenvolvimento Tecnologia de ponta é o principal diferencial da produção do oeste baiano
estrangeiros. Segundo o superintendente estadual Jorge Antônio Bagdêve F045756, a região tem demandado atualmente do Banco do Nordeste cerca de R$ 500 milhões em custeio por ano, além dos R$ 4 bilhões investidos pelos próprios produtores, fornecedores de insumos, outras instituições financeiras, além do trade e da indústria da soja. Puxado pela produção do oeste, o PIB do agronegócio na Bahia teve incremento de 9,8% em 2011, quando toda economia do Estado cresceu apenas 2%, o país 2,7% e o agronegócio brasileiro 5,7%. O presidente da Aiba, Júlio Busato, destaca que o foco agora é o que ele chama de “verticalização da produção”, ou seja, a agregação de valor através da indústria. Segundo ele, vários projetos estão em andamento, como por exemplo, uma unidade de beneficiamento de milho com vários subprodutos para alimentação humana. “Temos um projeto de implantação de uma indústria de fiação do algodão, a expansão
Cidade de Barreiras é polo de serviços da região, que conta com 39 municípios
da área destinada à instalação de novas indústrias, o chamado Centro Industrial do Cerrado (CIC), em Luís Eduardo Magalhães. Temos também o maior confinamento de bois para corte do Norte-Nordeste, com capacidade para 100 mil animais, e dois frigoríficos em funcionamento, um para aves e outro para bovinos”, complementa. Quase toda produção do oeste da Bahia é exportada, principalmente para Ásia, por meio de portos do litoral leste. A produção chega por via rodoviária, fato que eleva os custos dos produtos, comprometendo sua competitividade frente o mercado internacional. A expectativa é de que haja redução significativa no custo de transporte com a construção da Ferrovia da Integração Oeste-Leste, com 1,5 mil quilômetros de extensão. Orçada em R$ 7,43 bilhões, a obra deverá ser concluída no final de 2015.
O início O cenário de pujança econômica começou a se desenhar no final dos anos 80, quando um grupo de produtores rurais oriundos do
União de gestores contribui para trazer desenvolvimento
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Estande montado para realização de negócios na Bahia Farm Show
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Desenvolvimento Foto: prefeitura municipal
Cachoeira do Redondo uma das inúmeras belezas naturais da região
Passarela Santa Maria da Vitória
Soja é a principal cultura da região
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Arquípelago das sete ilhas em Correntina atração turística para toda família
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fornecedores de insumos agrícolas, empresas de venda e assistência técnica.
O município de Luís Eduardo Magalhães, hoje com um PIB de cerca de R$ 2,1 bilhões, é exemplo claro das transformações por que passa a região. Há 14 anos, era apenas um distrito da cidade de Barreiras e levava o nome de um posto de gasolina, Mimoso do Oeste, que ainda encontra-se em funcionamento. Naquela época, o distrito tinha apenas 18 mil habitantes, número que cresceu 5 vezes em uma década, chegando a 60 mil habitantes no último censo (2010).
Turismo
Ciente do potencial da cidade, o Banco do Nordeste inaugurou agência no município em 2004, financiando principalmente projetos de agronegócio. Atualmente, Luís Eduardo Magalhães é um grande canteiro de obras, com inúmeras avenidas em pavimentação, edifícios, shoppings e bairros inteiros em construção. O desenvolvimento deverá intensificar-se ainda mais com a duplicação da BR 242, obra que atende ao grande fluxo de caminhões da rodovia, que corta o município ao meio com destino à Brasília. A 110 quilômetros de Luís Eduardo Magalhães está situada Barreiras, polo de serviços da região. É neste município que se concentra a sede da maioria das empresas, escritórios de serviços públicos (Previdência Social, Receita Federal, Tribunais de Justiça), bancos, faculdades, hospitais, além de
Nem só de riquezas econômicas se faz o oeste da Bahia. A região também é conhecida por suas riquezas naturais devido a existência de importante bacia hidrográfica. O Rio de Ondas, por exemplo, que corta o município de Barreiras com suas águas cristalinas e forte correnteza, é bastante propício para a prática de esportes radicais. Ele e outros rios conferem a toda a região um perfil para o turismo aventureiro, com destaque para a prática de rafting e canoagem. Quem gosta de rapel ou escalada, pode visitar ainda cachoeira de nome sugestivo “Acaba Vida”, com 36 metros de queda livre. Correntina é outro exemplo. A cidade é cortada pelo Rio Correntina que passa bem pelo seu centro. Descendo um quilômetro pelo seu leito, é possível visitar o famoso arquipélago das Sete Ilhas que surpreende todos os turistas. Logo adiante, encontrase o município de Santa Maria da Vitória, banhado pelo rio Corrente, com sua moderna passarela separando-a de São Félix do Coribe, considerada marco arquitetônico. Viajando ainda mais a leste do estado, chega-se às margens do Rio São Francisco e à cidade de Bom Jesus da Lapa, conhecida pelas romarias que atraem mais de um milhão de visitantes por ano. Por esses e outros motivos, o oeste tem atraído o interesse de quem deseja conhecer essa parte do Brasil, realizar negócios ou mesmo estabelecer morada definitiva. As projeções indicam que a antiga Mimoso do Oeste, por exemplo, possa atingir população de 200 mil pessoas nos próximos 10 anos, ficando o desafio para as lideranças políticas da região de planejar o crescimento e infraestrutura nesse rincão do País. Julho / Agosto 2013
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“O cenário de pujança começou a se desenhar no final dos anos 80”
Barreiras fica a 907 quilômetros de Salvador, contudo conta com aeroporto de onde partem voos diários não só para a capital baiana, mas também para Brasília, São Paulo, Campinas e Ribeirão Preto. A população da cidade é de 141 mil habitantes e o Banco do Nordeste iniciou suas atividades em 23 de outubro de 1978.
Dsenvolvimento
sul do país procurava terras para expandir suas atividades. Foram atraídos pelos baixos preços das propriedades baianas, incentivos fiscais, oferta de linhas de financiamento e a disponibilidade de água. Era a oportunidade de transformar o campo vermelho das terras do oeste da Bahia em uma imensidão verde de produtividade, com direito a imensos pivôs de irrigação, aviões agrícolas sobrevoando os céus e máquinas colheitadeiras a todo vapor.
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Comportamento
A religiosidade dos colegas já foi pauta em outras edições da Conterrâneos. Desta vez, conversamos com benebeanos membros da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, que congrega mais de 1 milhão de pessoas no Brasil.
Do Lago Salgado para o mundo
F
“
Bruna Evangelista B821551 Super-RN brunaevangelista1@ gmail.com
fotos: arquivo pessoal
oi fantástico o sentimento que tive, quando então, em pensamento, fiz minha oração. Pena que não posso descrever a paz e alegria que eu senti naquele dia e tive, então, a certeza da verdade daquele evangelho e da Igreja”, conta Gilson Pereira da Silva F144673, gerente executivo da Agência de Currais Novos, interior do Rio Grande do Norte.
Gilson1, 28 anos, conheceu a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias há quatro anos, enquanto passeava com sua esposa e filho. Foi quando os élderes – como são chamados os missionários Santos dos Últimos Dias (SUD) – os abordaram.
“Eu e minha família sempre fomos muito religiosos, inclusive pertencíamos, na época, à Igreja Assembleia de Deus. Do primeiro contato ao batismo, foram quatro meses de muita paciência Gilson e sua famíla conheceram a Igreja deles, principalmente há quatro anos por meio de missionários comigo. A todo instante eles orientavam a orar com fé e pedir uma resposta, pois só assim, com essa experiência, eu iria adquirir o testemunho e tomar a decisão correta”, lembra. O gerente e sua família fazem parte dos mais de 14 milhões de pessoas convertidas à religião em todo o mundo, sendo mais de um milhão de membros no Brasil. Com o crescimento, o número de brasileiros filiados promete ultrapassar o México – segundo país em quantidade de
mórmons no mundo – em até cinco anos. Os Estados Unidos são a nação com maior quantidade de integrantes. Os números devem-se ao tipo de “pregação” realizada pelos membros. Os rapazes de camisa branca, calça preta, sapato social e uma “plaquetinha” no bolso são os élderes, jovens que, a partir dos 18 anos, servem à missão. Durante o período em que se dedicam a propagar o evangelho, eles ficam longe do contato da família e dos amigos. São enviados para lugares distantes de suas casas, obedecendo rigorosa rotina para cumprir o preceito de “levar o evangelho a toda a criatura”. Marco Antônio Cavalcanti F063223, gerente da Agência de Santa Rita (PB), serviu na Missão São Paulo Sul, nos anos de 1983 e 1984. “Foi maravilhoso, pois toda a minha base de liderança que uso até hoje aprendi na minha missão. Sempre falo para todos que tenho oportunidade o que aprendi com essa experiência”, relembra. Com toda família no evangelho desde 1969, Marco se orgulha em falar do histórico missionário de seus parentes. “Meus pais e meus irmãos serviram missão, temos quatro sobrinhos servindo no campo e meu filho vai servir também em 2014”, conta.
Um dos arrebanhados foi o agente de desenvolvimento da Agência de Ilhéus, na Bahia, Nivaldo Trindade dos Santos F045322. Enquanto fazia o Curso de Habilitação Bancária em Salvador, Trindade – como gosta de ser chamado – manteve contato com a família Cavalcanti, muito amiga de seus pais e acabou convertendo-se à Igreja. Trindade também serviu na Missão Brasil Porto Alegre no período de 1984 a 1986. Hoje, exerce a função de especialista de empregos (atividade que busca oportunidades de trabalho para os membros), na Bahia, ele destaca a
Entre as ações realizadas, Trindade destaca o período que serviu como voluntário no sul do país, treinando uma equipe de 130 pessoas com reuniões e conferências, chegando a ministrar mais de mil palestras à população local. Fonte: jesuscristo.org
Nivaldo Trindade ao lado de esposa e filhas
“As atividades voluntárias em meu currículo solidificam a certeza de que os princípios aprendidos na Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias permitem que nos aproximemos mais de Deus. E vemos isso na medida em que pomos em prática a caridade, que é uma das quatro missões do evangelho restaurado”, afirma.
Comportamento
importância de um dos maiores preceitos da religião SUD: a caridade.
História da Igreja Em 1820, Joseph Smith, então com 14 anos, vivenciou o episódio que ficou conhecido como “A Primeira Visão”, quando afirmou ter visto Deus e Jesus Cristo enquanto orava em um bosque.
Joseph Smith as traduziu, dando origem ao Livro de Mórmon, obra que faz parte das escrituras oficiais da Igreja juntamente com a Bíblia, Doutrina e Convênios e Pérola de Grande Valor. Todos os livros são tratados como escritos divinos e têm igual importância para os mórmons. A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias cresceu rapidamente, o que provocou a ira de muitas pessoas na época. Joseph Smith, o profeta revelador, foi assassinado por pessoas contrárias aos avanços dos SUD. Mesmo com sua morte, a Igreja permaneceu. Na época chamada pelos mórmons de “Era Pioneira”,
os membros SUD fugiram de uma ordem de extermínio decretada no estado do Missouri. O profeta na época, Brigham Young, liderou os membros em uma viagem pelos Estados Unidos em busca de um novo lar. Aquela que foi a maior migração forçada dos EUA, encerrou-se com a chegada ao Vale do Lago Salgado, ou em inglês Salt Lake City, que seria o “lugar para o descanso dos mórmons”. Após toda a dificuldade enfrentada, hoje a Igreja de Jesus Cristo cresce. Ela está presente em mais de 170 países, totalizando mais de 14 milhões de membros. São mais de 100 templos nos quatro continentes, sendo cinco deles no Brasil (dois no estado de São Paulo, um no Paraná, um no Rio Grande do Sul e um em Pernambuco). Julho / Agosto 2013
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Depois disso, ele teria recebido ainda a visita do anjo Moroni, que lhe falou sobre placas de ouro com gravações de povos antigos das Américas e que continham “a plenitude do evangelho”.
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Comportamento
Outra oportunidade dos membros ajudarem sua comunidade é o Programa Mãos que Ajudam, com ações que acontecem em datas pré-determinadas pela Igreja. Limpeza e reforma de escolas, doação de agasalhos ou até mesmo de sangue são exemplos. De acordo com o site do Programa, as atividades são realizadas por meio de serviço altruísta, com doação de tempo para levar esperança onde existe aflição, alívio onde há dor e amor onde há desprezo.
foto: blog do calheira
Essas ações são refletidas em outros momentos da vida dos membros, mesmo no
Regras de Fé No ano de 1842, George Barstow escrevia a história do estado americano de New Hampshire. Nela, o autor desejou incluir um capítulo sobre os SUD que lá viviam. Em resposta a isso, Joseph Smith escreveu uma carta a John Wentworth, dono de um jornal de Chicago, onde falou um pouco sobre a história da Igreja e listou os ensinamentos essenciais do evangelho em 13 pontos, hoje, chamados de Regras de Fé.
Conterrâneos
Marco Antônio corrobora com o pensamento e conta que, mesmo os rigorosos padrões – não trabalhar ou fazer compras no domingo, não tomar café etc. – nunca foram empecilho, ensinando antes a lidar com as diferenças. “Os princípios que aprendemos, como ajudar o desenvolvimento do próximo e, principalmente, respeitar suas decisões sempre foram meu lema de vida”, comenta. Recém-chegado ao Banco, o analista bancário Emiliano Castor de Araújo Neto F155047, lotado na Agência de Alagoa Grande (PB), converteu-se à Igreja de Jesus Cristo em 1976. Ele também acredita que ser SUD não atrapalha em seus afazeres na Instituição. “Até o momento não há nenhuma incompatibilidade, nem acredito que venha a ter, uma vez que os ensinamentos só me estimulam a dar sempre o meu melhor em minhas atividades”, concluiu.
Templo de Recife, o primeiro no Nordeste do Brasil
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trabalho. “Todos os ensinamentos de manter a espiritualidade me ajudam bastante a ter um bom desempenho e relacionamento na empresa”, afirma Gilson Pereira.
No entanto, os princípios nunca foram publicados na história de New Hampishire ou no jornal de Wentworth, mas foram publicadas em um jornal da Igreja em 1842. Em 1880, os membros, na conferência geral de outubro, apoiaram que as Regras de Fé fossem tratadas como escritura. Estão atualmente incluídas no livro Pérola de Grande Valor. Julho/ Agosto 2013
Algumas Regras de Fé são: 1. Cremos em Deus, o Pai Eterno, e em Seu Filho, Jesus Cristo e no Espírito Santo. 2. Cremos que os homens serão punidos pelos seus próprios pecados e não pela transgressão de Adão. 3. Cremos que, por meio do sacrifício expiatório de Cristo, toda a humanidade pode ser salva pela obediência às leis e ordenanças do Evangelho. 4. Cremos que os primeiros princípios e ordenanças do Evangelho são: primeiro, fé no Senhor Jesus Cristo; segundo, arrependimento; terceiro, batismo por imersão para a remissão dos pecados; quarto, imposição das mãos para o dom do Espírito Santo. 5. Cremos que um homem deve ser chamado por Deus, pela profecia e pela imposição das mãos, por quem possua autoridade para pregar o Evangelho e administrar as suas ordenanças.
Encravada no interior potiguar, Jardim do Seridó tem encantado moradores e visitantes desde antigos tempos. O escritor Mário de Andrade foi um dos que reconheceu as belezas do lugar.
À “
Super-RN B820156@correio. intra.bnb
fotos: prefeitura da cidade
s 9h cortamos o lugar, uma cidadezinha de Tarsila, toda colorida limpa e reta. Catita por demais, lembrando Araraquara por isso. Cidade para inglês ver. Não tenho dúvida que é um dos momentos de cor mais lindos que já tive neste aprendizado para turista”, relatava Mário de Andrade em uma de suas obras mais importantes, “O Turista Aprendiz”.
A história da “cidadezinha de Tarsila” – em referência a Tarsila do Amaral, pintora modernista brasileira – que tanto encantara o escritor paulista, teve início ainda no século XVII, de maneira não muito romântica. Foram os portugueses que primeiro colonizaram a terra, a fim de impedir a volta dos índios Cariris, que haviam sido expulsos dali anos antes.
Com a emancipação, a cidade cresceu mais ordenada. As ruas passaram a seguir padrões instituídos e já se tomava as primeiras iniciativas de planejamento urbanístico. O espaço começava a ganhar elementos distintos do rural, já que o município dedicava-se a atividades agrárias. As primeiras décadas do século XX inspiravam transformação e efervescência cultural. O prefeito da época, Heráclio Pires Fernandes, trazia as modernas ideias dos tempos de estudo em Recife, que influenciariam a vida de toda a cidade. As mudanças implantadas na infraestrutura do município representavam o desejo de tornar o lugar na “Veneza Seridoense”. Apesar dos ímpetos de modernização, a cidade preserva sua rotina tranquila até hoje, só quebrada em dias de festas ou de feiras. As ruas continuam sem muita movimentação de pessoas e sem muito barulho de carros. Por ali, prevalece o ritmo calmo e constante.
Vista aérea de Jardim do Seridó, no interior potiguar
O marco desse período é a chegada de Antônio Azevedo Maia, em 1770, que comprou um grande lote de terra, ao qual deu nome de Fazenda Conceição. A fazenda virou vila e a vila, município independente, seguindo a ordem natural de ocupação. O nome Jardim do Seridó veio de um jardim cultivado por um importante capitão da época.
Cultura seridoense Desde sua criação, Jardim do Seridó apresentou vocação para a cultura. Em 1859, por exemplo, foi criada a Sociedade Musical da Vila da Conceição, em referência ao nome antigo da cidade. A sociedade é mantida hoje pelo poder público com o nome de Banda Musical Euterpe Jardinense, em homenagem à deusa grega da música. Julho / Agosto 2013
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Rita Paulino B820156
O BNB e a cidade
Cidadezinha de Tarsila
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O BNB e a cidade
Atualmente, a vida cultural da cidade é movimentada, principalmente, pelos projetos realizados na Casa de Cultura Popular Palácio Poeta Antônio Antídio de Azevedo. Lá funciona museu, biblioteca e auditório para eventos culturais. As artes visuais também são destaque no município. Dois escultores são conhecidos pelas produções de peças em madeira: seu Neném de Chicó, conhecido pelas obras inusitadas e bem humoradas, e o artista Geissifran, famoso por suas bandinhas de música em miniatura. A influência negra é bastante presente no cotidiano graças à Irmandade dos Negros do Rosário, importante expoente da expressividade religiosa e cultural da cidade desde 1771. Inicialmente tendo a religião como elemento principal, a instituição acabou expandindo sua atuação para outras áreas. Hoje, os festejos realizados pelo
Além do legado negro, Jardim do Seridó ainda guarda alguns costumes herdados de seu passado indígena. Apesar disso, os índios que ocupavam a região foram praticamente extintos, prevalencendo a miscigenação com outros grupos étnicos.
Jardim turístico Jardim do Seridó oferece roteiros para quem gosta de história, arquitetura e tranquilidade. A Igreja de Nossa Senhora da Conceição, por exemplo, construída pelos descendentes do fundador, é parada obrigatória aos visitantes. O prédio de estilo colonial foi inaugurado em 1824 e está localizado onde a primeira capela foi construída. Na igreja, existe uma imagem da padroeira, Nossa Senhora da Conceição, em tamanho natural. As torres imponentes são marcadas pelas
Foto: Diego marinho
Santuário do Sagrado Coração de Jesus, construído em 1892
grupo, em particular a “Dança do Espontão”, originária no período da escravidão, são apresentações que despertam bastante admiração da população local.
Irmandade dos Negros do Rosário, importante grupo cultural da cidade
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Ponte da Pedra Lavrada, construída em 1925
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Outro espaço religioso é o Santuário do Sagrado Coração de Jesus, localizado no posto mais alto, de onde se tem visão panorâmica do município. Construído em 1892 em estilo gótico, sua torre abriga relógio que impressiona pela elegância e imponência. É lá que acontece, todos os anos, celebrações do Sagrado Coração de Jesus, com apresentações culturais, quermesse e feirinha. O Museu Histórico Antônio de Azevedo Maia, abrigado na Casa de Cultura, oferece outra oportunidade para os visitantes conhecerem mais sobre os costumes da região. Inaugurado em 1992, conta com um acervo de peças de arte sacra e do cotidiano regional, além de programação constante para turistas e moradores. Para quem prefere o turismo histórico, a cidade possui dois sítios arqueológicos. O mais conhecido é o Sítio Tanques, que apesar do acesso difícil, garante ótima visita ao explorador mais aventureiro.
tornou-se ponto turístico. O cenário fica ainda mais bonito no período das cheias. Carros não são mais permitidos, mas o trajeto pode ser livremente feito a pé.
Economia diversificada A economia da cidade está se diversificando. A agricultura e a pesca, tradicionais na cidade, vêm perdendo espaço, restringindose ao mercado interno. O município vive hoje momento de instalação de várias indústrias, com fábricas dedicadas à produção de cerâmica, móveis, calçados e caixas de papelão.
O BNB e a cidade
bandeiras metálicas da santa e das armas dos tempos do Brasil Império. A festa em homenagem à Virgem é um dos principais eventos sociais, culturais e religiosos da cidade, atraindo fieis de toda a região para as comemorações.
O segmento mais dinâmico e representativo é o do vestuário, com sete empresas atuantes, embora o comércio seja outro destaque. O aumento no número de empregos no setor industrial também tem impulsionado pequenos negócios, como padarias, supermercados e lojas. Outro aspecto interessante sobre a economia de Jardim do Seridó é o desenvolvimento da meliponicultura, que é a produção de mel com criação de abelhas sem ferrão. A cidade conta com um dos mais importantes meliponários do país.
O Banco e a cidade
A Ponte da Pedra Lavrada, construída em 1925, é outro lugar bastante visitado. A obra localizada no sitio Catururé, nos arredores do município, já foi uma dos mais importantes acessos a Jardim do Seridó.
A Agência de Jardim do Seridó é a mais antiga da Superintendência do Rio Grande do Norte na região seridoense, tendo iniciado suas atividades em maio de 1964. Atualmente, a Unidade conta, em sua equipe, com 12 funcionários.
A ponte, que passa por sobre as águas do Rio Seridó, importante afluente da região,
Os principais negócios da Agência são relacionados ao setor industrial,
Conterrâneos
Poço da Moça é um dos atrativos do município
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A gerente Dalvanise Maria de Medeiros Santos F081264 ressalta que a Unidade tem conseguido excelentes resultados. “Há 50 anos a Agência contribui de forma sustentável com o desenvolvimento da região. Trabalhamos com zelo para que a aplicação dos recursos do Banco do Nordeste gere mais emprego e renda, melhorando a qualidade de vida das populações urbana e rural”, disse.
fotos: arquivo agência
O BNB e a cidade
especialmente às atividades ceramista, vestuário e comércio com micro e pequenas empresas. Os negócios com MPEs somaram mais de R$ 26,7 milhões em 2012.
Inauguração da Agência, uma das mais antigas do Banco na região
A jurisdição da Agência é composta por seis municípios: Carnaúba dos Dantas, Parelhas, Equador, Santana do Seridó, Ouro Branco e Jardim do Seridó. Em 2012, a equipe contratou um volume de R$ 57 milhões em negócios. A expectativa é de um resultado ainda melhor em 2013. Para Dalvanise Maria, o bom desempenho deve-se ao empenho da equipe. “Nosso grupo tem contribuído permanentemente para o desenvolvimento da nossa jurisdição. Nosso objetivo é atuar para o crescimento econômico, de forma ética e eficaz”, concluiu.
Jardim de Seridó conta com equipe de 12 funcionários
Equipe Dalvanise Maria de Medeiros Santos F081264 - Gerente Djalma da Silva Barros Júnior F116211 Francisco Tavares de Lima Neto F146226 Genar Felipe de Lucena Neto F154105 Jaelson Edivan dos Santos F136956 Janielio Maia dos Santos F151840 Jozinaldo de Macedo Dantas F144622 Louraci Cunha da Silva F076406 Lucimar Meira da Cunha F076554
Conterrâneos
Maria do Carmo Tavares Duarte F145939
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Nelson Andrade Junior F136948 Ravel Mendonça de Matos Lima F155039 Julho / Agosto 2013
Crônica fotos: arquivo banco do nordeste
Em 1954, o Banco do Nordeste apresentou-se à sociedade com a inauguração da Agência Fortaleza-Centro
De volta para o futuro
Agência Fortaleza-Centro lucasjunior@bnb. gov.br
Fiz questão de chegar cedinho no desejo de abrir a Automação Bancária, sabedor de que o titular estaria exausto e que provavelmente se atrasaria. Para minha surpresa, o sistema estava aberto, os cashes abastecidos, computadores funcionando (assim como os caixas), o ar condicionado congelando, tudo resultado de um trabalho que mobilizou vários ambientes e superintendências. Meses de reforma e de negociações que não desestimularam os bravos benebeanos. Novinho, o prédio foi entregue graças ao empenho de colegas como João Robério de Messias F056685 e Cláudia Brígido F060135 (Superintendência do Ceará); Marcílio Silva F048283, Gerência de Agência, e seu substituto no mês de julho, Cléber Monteiro F141909; do superintendente de Logística, Jefferson Albuquerque F061638, ao lado do “trator” Joaquim Barros F039640; Rose Raulino F106232,
Altamir Moura F058890 e Luiz Célio Silva F083607, da Gestão de Patrimônio; Ricardo Nakakura F132047 (Segurança Corporativa); Andrade Costa F100315, superintendente de Tecnologia; José Macedo Barbosa F107816, superintendente de Gestão de Riscos; Natália Menezes F111619 (Marketing) e Edson Greominiano F139351, da Infraestrutura. Não esqueçamos da agilidade dos competentes arquivistas Manoel Sousa Filho F090972 e Elenira Barros C001648, dos contratados Sueli Santiago C000530(Administração CAPGV), Aline Castelo Branco, Geison Toledo F114340 (Pronaf ), toda a turma do Crediamigo (Severino F040908 e Andréia A000334) e dos incansáveis da área de serviços da Agência. Raimundo Nonato de Azevedo F026956 deu o “bom dia conterrâneo” aparentando cansaço, diante de quatro dias de mudança, Julho / Agosto 2013
Conterrâneos
Lucas Júnior F136557
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5 minutos de segunda-feira, 15 de julho de 2013. Os gerentes executivos Alberto Oliveira e Itérbio Gomes F044407 adentram as novas instalações de saudoso prédio no Centro de Fortaleza. Uma dezena de vigilantes atentos acompanha os testes finais para o início das operações mais tarde, às sete da manhã. A Agência FortalezaCentro estava de volta ao Edifício Horácio Lafer, na rua Major Facundo, 372, espiando para a Praça do Ferreira.
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Crônica
adentrando meio desconfiado. Ele tomou posse no Banco no dia 3 de maio de 1968 exatamente ali, naquele imóvel. “Sei não, esse negócio de voltar pela mesma porta que entrei e saí...”. Motivo para descontrair os colegas, ainda meio perdidos num lugar diferente de onde vieram. Deixar o Edifício Raul Barbosa (Edirb) foi doloroso. As imagens do majestoso prédio estão na lembrança dos mais experientes. O conforto, o luxo, a magnitude da agência bancária mais linda do Ceará opõem-se à negociação com a Justiça Federal na gestão de Byron Queiroz. Sua inauguração transcorreu em meio às festividades, que incluíram shows na Praça Murilo Borges, e agradecimentos ao presidente Camilo Calazans, que contou com o apoio do Ministro do Interior, Mário Andreazza. Com a criação do CAPGV, no Passaré, porém, parte da agência foi desativada, de modo que, após a conclusão da venda, ela se resumiu a dois andares. Enfim, tristes e conformados com a realidade, arrumamos os materiais e partimos para mais uma etapa. O nome Horácio Lafer foi uma homenagem ao Ministro da Fazenda do Governo Getúlio Vargas. Em 1951, ele fez questão de acompanhar in loco o drama da seca no Ceará e no semiárido nordestino. Com seu consentimento, o Senado aprovou, em 24/06/1952, a criação do Banco do Nordeste, que ocorreu em 13/07/1952, sob a presidência de Raul Barbosa.
Já o aposentado José Alberto de Sousa, que costumeiramente está nos corredores revendo os amigos, relembra o subsolo (onde ficava o setor de serviços administrativos, tudo à base de máquinas de datilografar), o elevador, a cantina (que vendia sanduíche com refrigerante), os vários caixas e os companheiros que se foram, todos dedicados às atribuições. Ao se transferir para o Edirb, a Agência do Horácio Lafer passou a Metro Fortaleza, que mais tarde foi transferido para o bairro da Aldeota e o prédio, fechado. Com o crescimento natural, o Crediamigo e Agroamigo trouxeram muitos clientes para o Banco, por isso a preocupação com a necessidade de ambientes mais espaçosos para os dois. Entretanto existe o problema das filas nos caixas em dias de liberação. O prédio, enfim, comportou todos. Continuemos a missão colaboradora para o desenvolvimento do Nordeste, independente de onde estejamos. Ainda que voltemos para a antiga casa é bom estar de volta. De volta para o futuro.
Conterrâneos
foto: júlio serra
Na Agência, oportunidades seduziam jovens à carreira bancária, como o Curso de Aprendizagem Básica (CAB), extinto em
1967 e substituído pelo Curso de Habilitação Bancária (CHB), cuja conclusão, em três anos, formava executivos estagiários, escriturários, ou seja, funcionários. Um deles foi Néviton Bezerra F035750, que entrou no Banco em dezembro de 1974, na primeira turma do segundo CHB, ainda trabalhando. Lembro de vários colegas, como o seu chefe Elomar Lázaro, Messias Salviano F035513, Ivan Magalhães F035599, Ana Altina, Roberto Brasil F035637 e de Mirtes Arrais.
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Fortaleza-Centro retornou à rua Major Facundo, onde funcionava antes de ser instalada no Edifício Raul Barbosa
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