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SARAH GONÇALVES SARAH GONÇALVES

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JULIANA FREITAS

JULIANA FREITAS

Como você descobriu sua paixão pelo patins e o que te motivou a se tornar um atleta profissional nesse esporte?

Eu acredito que esse divisor de águas de um hobby de um lazer para um esporte levado um pouco mais a sério, tipo vou levar um pouco mais com o coração, eu acho que foi quando eu comecei a patinar na RUA. Quando eu comecei a olhar o patins com uma outra ótica, me dando a possibilidade de ressignificar a arquitetura da cidade, então acho que aí, eu encontrei a essência disso, sabe?! Então eu acho que eu encontrei paixão em fazer isso. E como eu acho que essa vertente do patins de estar patinando na rua exige um pouco mais de técnica, um pouco mais de coragem, isso foi como um pontapé para mim. Foi um incentivo que eu precisava para elevar o meu rolê a outro nível, para poder estar patinando na RUA, para poder estar patinando em qualquer lugar que não fosse uma skatepark, mas sim um corrimão no meio de uma escada, uma quina na porta de um prédio, qualquer coisa desse tipo, qualquer coisa que não fosse feita para manobrar. E foi nesse desejo, foi nessa busca que houve uma evolução drástica.

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Quais foram os principais desafios que você enfrentou ao longo de sua jornada como atleta profissional de patins e como você os superou?

Eu acredito que desde o início, o mais difícil era a escassez de patins, de peças, de dinheiro. Eu era uma criança de 12 anos que não podia trabalhar e vinha de uma família humilde, então meus pais não tinham condição de dar o suporte que eu precisava para me dedicar de corpo e alma ao esporte. Então acho que a maior dificuldade sempre foi a questão financeira. Passaram-se alguns anos e arrumei um emprego, mas ficava entre trabalho, escola e treino. A partir daí, a maior dificuldade passou a ser arrumar tempo para poder treinar. Dos 19 até os 22 anos, fiquei afastado do esporte porque não conseguia mais conciliar trabalho, família e patins. A partir dos meus 22 anos, consegui manejar melhor isso e dedicar mais tempo ao patins, e isso foi graças às pessoas que estavam ao meu lado, que me apoiaram, tiveram fé em mim e acreditaram tanto no meu sonho quanto eu.

Quais são os lugares mais extraordinários que você já teve a oportunidade de explorar e praticar patins? Existe algum local em particular que você sonha em conhecer e andar de patins?

Quando penso em um lugar extraordinário para patinar, me vem São Paulo à cabeça. É um lugar com uma arquitetura incrível, pico por todos os lugares. Na minha última passagem por lá, gravando para o profile "SEM PATROCÍNIO", guiado por Rage Marco, fui até o cano do berimbau no Tatuapé, cano da Bresser e Patriarca, que são picos clássicos. A rua me encanta, sou suspeito pra falar. Também já patinei em lugares como a praça 29 de março, no centro do Vale do Anhangabaú, que pra mim é um lugar onde tem as melhores quinas, no pátio da alfândega de Florianópolis, cano branco do centro cívico, entre outros que também têm um lugar especial na minha memória.

Você já participou de competições ou eventos relacionados ao patins?

Se sim, poderia contar-nos sobre alguma experiência marcante?

Eu acho que tem um marco na minha trajetória como patinador que foi na minha primeira competição, o "Tarde Nebulosa" realizado pela Killer Street em Curitiba, na Praça 29 de março. Foi um dia muito especial, estava tudo bem lotado e tinha patinadores de toda a parte do sul do estado, então, querendo ou não, era uma competição bem disputada. Nesse dia, eu consegui andar muito e soltar todas as manobras que eu tinha no pé, até ganhar o prêmio de atleta revelação. Para mim, isso foi muito especial, fiquei muito feliz. Foi um dia muito marcante, foi minha primeira competição, então estrear assim pra mim foi extraordinário.

Além das manobras mais técnicas, qual é a manobra que você considera a mais emocionante e que proporciona uma experiência única ao praticar patins?

Tá aí uma coisa que é bem difícil de responder, até porque eu acho que cada manobra traz uma sensação diferente, uma sensação boa. Mas hoje eu diria que tem uma assim, uma que eu gosto muito e gosto de fazer em todo pico que eu vou, é o BS SAVANA.

Como você equilibra a pressão de competir em eventos de alto nível com a necessidade de se divertir e manter a paixão pelo patins?

Eu tento sempre fugir dessa ideia de ser uma competição, de ser uma disputa, mas sem perder o foco. Tem algo que eu gosto de lembrar que um amigo meu me disse uma vez, Caio Reno: "Estar em uma competição é semelhante a uma exposição de arte, você está lá para mostrar a tua arte, você não está para ser melhor que ninguém." Pensando sobre isso, eu só quero mostrar minha arte com amor e o melhor que eu posso dar, sem a pressão de ser o número 1. Mas isso não me livra do friozinho na barriga das competições!

Quais são os principais patrocinadores e apoios que têm contribuído para o seu desenvolvimento como atleta profissional de patins? Como essa parceria tem impactado sua carreira?

INVULGAR SKATE CO. é uma marca que de fato me protege, contribuindo para minha segurança com equipamento de proteção. Acessória Esportiva tem contribuído para meu desenvolvimento físico. GO Roller Skateshop é uma parceira que tem sido extraordinária.

Guilherme Monteiro

FOTÓGRAFA : ERICH GNETO - @ERICHGNETO

Como a sua família tem sido um suporte para você durante sua carreira no patins? Eles sempre acreditaram no seu potencial desde o início?

Sendo uma criança que brincava com um patins no pé, minha família, sem ter noção nenhuma do que era realmente o esporte, até todos entenderem que era mais do que só uma brincadeira de criança, demorou um pouco. Acredito que nem eles não acreditavam, nem eu mesmo acreditava que poderia tomar dimensão de tudo que tomou, mas logo em seguida sempre me apoiaram, sempre estiveram comigo lado a lado.

Além do patins, quais outras atividades ou esportes você pratica para aprimorar suas habilidades e complementar seu desempenho no patins?

No momento presente, eu tenho me dedicado à Yoga, que me trouxe ótimos resultados de fortalecimento, assim fazendo com que meu corpo fique mais forte, mais resistente a lesões ou contusões. Eu sou um amante da natureza e adoro pedalar pelas trilhas da região. Levo isso como um treino de cárdio, um treino para a mente, que me ajuda a manter o físico em dia.

Qual foi o momento mais gratificante da sua carreira até agora? Existe alguma conquista em particular que você considera como um marco na sua trajetória como atleta profissional de patins?

Para mim, o mais gratificante é a família que eu encontrei dentro do patins street! Para mim, na minha carreira, isso é o que mais tenho de valioso!

Quais são seus planos e metas futuras como atleta profissional de patins? Existem competições específicas que você deseja participar ou conquistas que você ainda busca alcançar?

Eu vejo como meta poder explorar um pouco mais dos estados brasileiros com o plano de gravar e poder mostrar um pouco mais da cultura local desses lugares com o meu patins na bolsa, manobrando em todos os lugares. Esse ano ainda vai rolar um tour em Porto Alegre, RS. Acredito que todo patinador gostaria de portar o cinturão do SUPER RIVAL. Dito isso, essa seria uma boa conquista. (risadas)

Como você lida com a adversidade e os obstáculos durante os treinamentos e competições? Existe alguma estratégia mental que você utiliza para se manter focado e superar os desafios?

Fazer com amor é o ingrediente principal da receita, não há obstáculo ou adversidade que resista à força de vontade. Eu tento sempre lembrar o porquê eu escutei fazendo isso, quando eu estou em um pico difícil, um corrimão de frente para uma escada, e me vem o medo, o receio, eu acalmo minha mente, confio na minha técnica e lembro que amo fazer isso e é pura diversão, é brincadeira.

Como você vê o futuro do esporte de patins profissionalmente?

Quais são as oportunidades e tendências que você enxerga para o crescimento e reconhecimento do esporte?

É legal falar sobre isso, o país vem criando prodígios no esporte, as crianças têm vindo com um talento sobrenatural, então isso faz com que a gente olhe para o futuro com a esperança de grandes atletas. A cena tem se movimentado de uma maneira que o reconhecimento e o crescimento do esporte têm sido absurdos! Acredito em um futuro próspero para a cena do patins. A Decs está aí para provar! Acredito que as competições têm se tornado comuns em todo o Brasil, e isso faz com que a galera tenha a oportunidade de mostrar seu rolê, que tenha a oportunidade de chegar a outros lugares. Campeonatos bem elaborados e bem apoiados têm sido um pontapé para o esporte. Quais conselhos você daria para jovens aspirantes a atletas profissionais de patins que desejam seguir seus passos? Quais são os aspectos fundamentais para se destacar nesse esporte? Nunca desistam dos seus sonhos, disciplinem-se para buscá-los, treinem, cuidem do corpo e da mente. E lembrem-se que mais do que competição, isso é diversão. Como você encontra o equilíbrio entre sua vida pessoal e a carreira no patins? Como você se dedica aos treinamentos intensos, viagens e competições, ao mesmo tempo em que mantém relacionamentos saudáveis e tempo para si mesmo?

Realmente é muito difícil equilibrar tudo isso. Eu fico dividido entre trabalho, família e patins. Eu procuro selecionar as competições de que mais gosto e me programar para estar nelas, com espaços de alguns meses onde eu possa me dividir entre trabalho e família!

Quais são seus planos e ambições para o futuro como atleta profissional de patins? Existe algum projeto especial em que você esteja trabalhando atualmente?

Sem uma data específica, mas com o plano de produzir um documentário de patins street nas ruas, mostrando a real essência de patinar fora das pistas e como é a vida do skatista. Quero inspirar mais pessoas a fazerem isso. Minha maior ambição é levar o esporte para todas as pessoas!

Por fim, qual mensagem você gostaria de transmitir para seus fãs e para aqueles que se inspiram em sua jornada como atleta profissional de patins?

Nunca desistam de seus sonhos, façam isso com amor, dedicação e disciplina. Não existe forma de dar errado, não existe talento, existe esforço e dedicação.

Muito obrigado por compartilhar sua história e experiências conosco. Desejamos a você muito sucesso em sua carreira no patins!

Eu fico muito grato pela oportunidade de poder falar um pouco sobre essa arte que é o patins street. Muito obrigado.

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