Projeto CrieSaber

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE – UFS CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS – CECH DEPARTAMENTO DE ARTES E COMUNICAÇÃO SOCIAL – DAC

PROJETO CRIESABER: INSERÇÃO DA EDUCOMUNICAÇÃO NO CONTEXTO HOSPITALAR INFANTIL CHRISTIANE MATOS BATISTA CRISTIANE BATISTA DA CONCEIÇÃO TARCILA BARBOSA RAMOS OLANDA

SÃO CRISTÓVAO 2009/02


UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE – UFS CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS – CECH DEPARTAMENTO DE ARTES E COMUNICAÇÃO SOCIAL – DAC

PROJETO CRIESABER: INSERÇÃO DA EDUCOMUNICAÇÃO NO CONTEXTO HOSPITALAR INFANTIL CHRISTIANE MATOS BATISTA CRISTIANE BATISTA DA CONCEIÇÃO TARCILA BARBOSA RAMOS OLANDA

Projeto Experimental Apresentado ao Curso de Comunicação Social – Habilitação Jornalismo da Universidade Federal de Sergipe, como requisito à obtenção do grau de BACHAREL EM COMUNICAÇÃO SOCIAL – HABILITAÇÃO EM JORNALISMO ORIENTADORA: Lilian Cristina Monteiro França

SÃO CRISTÓVAO 2009/02


RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo dimensionar o potencial da ação educomunicativa e a sua funcionalidade enquanto instrumento capaz de promover a cidadania entre crianças e adolescentes nas mais diversas situações e ambientes. No caso deste projeto, atuamos com base na construção coletiva de conhecimento junto a meninos e meninas hospitalizados. Através de estudos acerca do tema e do desenvolvimento de oficinas semanais com base na intervenção social, aliamos teoria e prática na construção de um projeto que unisse princípios da comunicação e da educação. Palavras-chave: Educomunicação; Intervenção social; Contexto Hospitalar Infantil.

ABSTRACT

The present paper aims to dimension the educummunicative action’s potential and its functionality as an instrument capable of promoting the citizenship among children and adolescents in many varied situations and enviroments. In this project specifically, we acted based on the collective construction of knowledge with boys and girls who were hospitalized. By carefully studying the subject and developing weekly workshops based on the social intervention we were able to put the theory and the practice together in order to build a project that could link some principles of the education and the communication. Keywords: Educommunication; Social intervention; Children hospitalization context


"O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma do homem (...), levantou no mundo as muralhas do ódio (...) e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeramnos céticos; nossa inteligência, emperdenidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas duas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido." (Charles Chaplin)


AGRADECIMENTOS Agradecemos a Deus, acima de tudo, pelo dom da vida e por ter nos concedido tamanha sensibilidade para desenvolver um projeto de humanização, que multiplicou muito mais que conhecimento, mas afeição. Ao Núcleo de Apoio Técnico e Assessoria (NATA), por ter aprovado o nosso projeto e acreditado que a Educomunicação também pode ser aplicada no ambiente hospitalar infantil, contribuindo para a formação cidadã dos meninos e meninas internados. À Direção Administrativa do Huse, equipe médica, aos representantes de técnicos, assistentes sociais, assim como todos os servidores da unidade pediátrica pela atenção concedida. Aos meninos e meninas do Ala Pediátrica, que por instantes deixaram de ser pacientes e se tornaram educandos. Também por sua receptividade e envolvimento durante as oficinas, e por ter nos ensinado o valor de um simples sorriso. À Profª. Pós-Doutora Lilian Cristina Monteiro França, pela orientação acadêmica, pela experiência transmitida e pela dedicação ao grupo. À nossa querida amiga Mayra Oliveira, em especial, por ter se doado ao projeto e pelo apoio pedagógico indispensável ao sucesso das atividades realizadas durante as oficinas. Às nossas colaboradoras Márcia Christina, Tayná Cristine, Herica França e Thissiane Matos, que dedicaram algumas horas dos seus sábados para contribuir com o desenvolvimento do projeto. Ao Instituto Recriando, pelo conhecimento proporcionado a Cristiane Batista e Tarcila Olanda durante o período em que estagiaram na instituição, principalmente por ter ampliado a visão das estudantes sobre a importância de se investir nas crianças e adolescentes como forma de construir um futuro melhor. Aos professores do Departamento de Artes e Comunicação Social (DAC) que nos acompanharam durante os quatro anos de academia e contribuíram para a nossa formação como jornalistas cidadãs. A André Chaves, por expressar a essência do CrieSaber através da criação da identidade visual do nosso projeto. A Rodrigo e Claudinho, pela edição dos programas de TV e rádio produzidos durante o projeto. A Thiago Rocha, por nos ter emprestado um pouco da sua calma e sabedoria durante os instantes finais deste trabalho. Aos nossos pais, irmãos e familiares, pelo amor e dedicação, e pelos princípios transmitidos durante toda a vida. Somos gratas ainda pelo incentivo à ação voluntária. Aos amigos, em especial, os que nos acompanharam durante os quatro anos de curso, pelo muitos momentos de alegria e pelo apoio nas horas difíceis. Por fim, agradecemos à amizade, à união e ao carinho que construímos e fortalecemos entre nós durante o desenvolvimento deste trabalho. Sem a nossa conexão e grande afinidade, nada seria possível. Construímos esse lindo projeto juntas! Somos felizes e gratas a todos!


SUMÁRIO

Introdução ................................................................................................................................. 8 1 – Revisão Teórica ................................................................................................................. 16 1.1 – Educomunicação.............................................................................................................. 16 1.2 – Pesquisa-ação .................................................................................................................. 19 1.3 – Transmissão de cidadania em hospitais ........................................................................... 21 1.3.1 – Nariz vermelho e sorriso largo ............................................................................ 22 1.3.2 – A educação no contexto hospitalar...................................................................... 24 1.4 – O Projeto CrieSaber e o seu contexto de atuação............................................................ 27 1.5 – Transmissão de cidadania no Huse.................................................................................. 29 1.5.1 – Unidade de Tratamento do Riso (U.T.r.I.s.o) ..................................................... 29 1.5.2 – Grupo Prosart de Contadores de Histórias .......................................................... 30 1.5.3 – União Evangélica a Serviço do Enfermo (UESE)............................................... 32 2 – Memoriais descritivos ...................................................................................................... 32 Oficina 1. Caixinha de surpresa................................................................................................ 32 Oficina 2. Conhecendo os meios de comunicação ................................................................... 36 Oficina 3. Produção do Jornal CrieSaber (Edição 1)................................................................ 39 Oficina 4. O olhar da criança através da fotografia.................................................................. 43 Oficina 5. O jornal mural como instrumento de promoção dos direitos infanto-juvenis ......... 47 Oficina 6. O fanzine como ferramenta para a conscientização ambiental................................ 52 Oficina 7. Desconstrução e Análise do desenho animado Bob Esponja .................................. 59 Oficina 8. Produção do Jornal CrieSaber (Edição 2)................................................................ 65 Oficina 9. A contação de histórias e seu poder de comunicar e de formar cidadãos................ 68 Oficina 10. Como é bom ser criança! ....................................................................................... 72 Oficina 11. O rádio estimulando a interação entre crianças e adolescentes ............................. 77


Conclusão ................................................................................................................................ 83 Bibliografia.............................................................................................................................. 85 Sites consultados ..................................................................................................................... 91 APÊNDICES ........................................................................................................................... 92 APÊNDICE A – Cronogramas e Roteiros de Atividades ......................................................... 93 APÊNDICE B – Questionário aplicado com os pais.............................................................. 104 APÊNDICE C – Representação dos obtidos a partir dos questionários................................. 105 APÊNDICE D – Lista de Presença......................................................................................... 108 APÊNDICE E – Perfil das crianças atendidas pelo projeto ................................................... 109 APÊNDICE F – Materiais produzidos nas oficinas ............................................................... 111 Roteiro do Jornalzinho CrieSaber - Edição 1 (Oficna 3) .............................................. 111 Fotografias tiradas pelos educandos (Oficina 4)........................................................... 112 Fanzine sobre meio ambiente (Oficina 6) ..................................................................... 114 Roteiro do Jornalzinho CrieSaber – Edição 2 (Oficina 8) ........................................... 115 Livrinho para colorir (Oficina 10)................................................................................. 117 Roteiro do Programa de Rádio ‘Conhecendo Amigos’ (Oficina 11)............................. 118 Arquivos Multimídia (Oficinas 3, 8 e 11) ..................................................................... 121 ANEXOS ............................................................................................................................... 122 Anexo 1 – Reportagem Sertão sergipano sofre com a seca e gado morre, disponível no portal Globo.com........................................................................................................... 123 Anexo 2 – Transcrição do episódio Sofri um acidente, do Bob Esponja...................... 125 Anexo 3 – Fábula: Revolução no Formigueiro, de Nye Ribeiro................................... 129 Anexo 4 – Programação da Semana da Criança da Pediatria do Huse ......................... 133 Anexo 5 – Conto: O Pobre Cocozinho.......................................................................... 134 Anexo 6 – Letra da Música: Vaza Canhão... ................................................................. 135



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INTRODUÇÃO

Assistente social da pediatria do Hospital de Urgência de Sergipe Governador João Alves Filho (HUSE) deseja ser parceira da Universidade Federal de Sergipe (UFS) na realização de apresentações e oficinas artísticas voltadas para crianças e adolescentes internados na Ala Pediátrica da unidade hospitalar. Há 10 anos, a assistente social desenvolve ações similares na instituição. Se estudantes dos cursos de Artes, Pedagogia, Educação Física, Biologia, entre outros, desejarem realizar ações para este público, serão bem recebidos. Ela se coloca à disposição para comparecer à universidade a fim de discutir com os departamentos sobre possíveis ações a serem desenvolvidas no hospital, agora no Mês da Criança e durante todo o ano. Ela avisa, ainda, que são bem vindos projetos voluntários voltados também para os pais e acompanhantes dessas crianças (Adaptado do email enviado pela Profa. Myrna F. Landim no dia 15/10/2008, através do DAA Informa).

Foi a partir deste email encaminhado via Departamento de Assuntos Acadêmicos (DAA) da universidade para a comunidade acadêmica que uma das integrantes da equipe CrieSaber, a estudante de Comunicação Social Cristiane Batista, teve a ideia de aplicar os conhecimentos em Educomunicação adquiridos enquanto estagiária do Projeto Infância em Foco do Instituto Recriando – que integra a Rede ANDI Brasil (Comunicadores pelos direitos da criança e adolescente) – por meio do desenvolvimento de um projeto voluntário que utilizasse a metodologia no contexto do ambiente hospitalar infantil. Na Organização Não-Governamental (ONG) mencionada, a estudante teve contato com a metodologia da comunicação pela educação através dos projetos “Comunicação para a Cidadania” e “Educomunicação para o Desenvolvimento”. O primeiro já atendeu 300 adolescentes de baixa renda de Aracaju com o objetivo de promover a reflexão crítica deles em relação aos conteúdos veiculados pela mídia e a diversos temas de relevância social, a exemplo da preservação do meio ambiente, do protagonismo juvenil e dos direitos humanos. O projeto teve ainda como proposta orientar os educandos quanto à confecção de produtos de comunicação. Já o segundo, promoveu a capacitação de mais de 100 adolescentes e cerca de 170 educadores do Semiárido sergipano no que se refere ao ensino de técnicas de produção


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radiofônica e de artigos midiáticos como fanzines, blogs e jornais murais, para multiplicá-las junto à comunidade escolar. Certa da viabilidade do desenvolvimento do projeto na Ala Pediátrica do Huse, a estudante logo entrou em contato com a assistente social para verificar a possibilidade de a instituição aprovar a iniciativa. Desde o princípio, a ideia da iniciativa com foco na Comunicação Social a serviço da Educação despertou o interesse da profissional, que se mostrou bastante receptiva e apostou na sua concretização. Após esse primeiro contato, em outubro de 2008, a estudante levou algum tempo para a elaboração do projeto por não contar com parceiros para isso. Somente em março deste ano, quando cursava a disciplina Elaboração de Projetos Experimentais em Jornalismo, Cristiane Batista compartilhou a sua grande vontade de desenvolver uma ação voluntária no Huse com foco na Educomunicação com as também estudantes de Comunicação Social Christiane Matos e Tarcila Olanda, além da aluna do curso de Pedagogia Mayra Oliveira. As quatro estudantes se dispuseram a investir na ideia e o grupo passou a se reunir de forma periódica para estruturar um projeto formal a ser apresentado ao Núcleo de Apoio Técnico e Assessoria (NATA) do Huse, responsável pela seleção de projetos voluntários a serem desenvolvidos na instituição. O programa de ação foi apresentado no dia 25 de abril e obteve aprovação no dia 15 de maio. A partir daí, as integrantes do grupo deram início à estruturação e preparação das oficinas que começaram a ser realizadas no dia 23 do mesmo mês. Assim, nasce o CrieSaber.


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Muito do trabalho desenvolvido pela nossa equipe teve como base os conhecimentos adquiridos tanto por Cristiane Batista como por Tarcila Olanda, então estagiárias do Instituto Recriando. A experiência profissional e acadêmica das outras integrantes também contribuiu bastante para a elaboração e execução do projeto. Em 2008, Christiane Matos estagiou como produtora do telejornal diário da Aperipê TV, emissora pública de radiodifusão filiada à TV Brasil. A atividade fez com que a estudante compreendesse a importância da produção de conteúdos de relevância socioeducativa na prática jornalística, bem como do compromisso da mídia quanto à promoção da cidadania. No início desse ano, Christiane recebeu uma bolsa de estudos para participar de um curso para formação de jovens líderes na Universidade do Tennessee, nos Estados Unidos, o que contribui para que crescesse nela a vontade de atuar como agente modificadora da realidade. Prestes a se formar em Pedagogia, Mayra Oliveira orientou a equipe quanto à abordagem pedagógica apropriada na construção e desenvolvimento de cada uma das nossas atividades. Mayra atuou por dois anos como educadora ambiental junto a crianças do município de Capela (SE), onde trabalhou em prol da preservação da Mata do Junco. A estudante também tem interesse na área de educação especial e já desenvolveu diversas atividades em escolas inclusivas durante os últimos anos. Em 2009, a estudante participou do Projeto Rondon Operação Centro-Norte, no Estado do Pará, através do qual teve a oportunidade de aprimorar os seus conhecimentos e técnicas acerca do trabalho em grupo. Dentre as perspectivas de atuação das estudantes após a realização do projeto CrieSaber, está a continuidade e aprofundamento dos estudos relacionados à metodologia da Educomunicação. Compreender a forma como os campos da comunicação e da educação convergem em nome da construção do pensamento crítico e reflexivo fez despertar nas futuras jornalistas responsáveis por este trabalho a vontade de disseminar o conceito através do


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desenvolvimento de novos estudos e do exercício da profissão de maneira mais contextualizada, atentando para os valores pregados pela metodologia aplicada no CrieSaber. A Educomunicação pode ser aplicada nos mais variados contextos e trabalhada a partir de um grande número de temáticas de relevância para a promoção da cidadania. Por tratar-se de uma metodologia que possibilita a intervenção social, a aliança entre comunicação e educação é capaz de gerar mudanças significativas onde quer que a mesma seja desenvolvida, inclusive no setor de pediatria de um hospital. O cotidiano de uma criança, dentro do convívio familiar, é rico em atividades que proporcionam a elas conhecimentos em diversos níveis. Nesse ambiente, os pequenos aprendem a ter limites, a propagar sua cultura através dos vínculos afetivos e a definir seus valores. Já na escola, existe a educação formal, que tem como principal objetivo a alfabetização e a socialização através do contato diário com outras crianças. É na fase de seis a doze anos que elas percebem que, ao interagir com o meio, são capazes de produzir, de criar. Fora desse universo, no ambiente hospitalar, a criança tende a se sentir desprotegida, insegura, solitária e limitada ao se deparar com as transformações decorrentes do processo de internação. Durante esse período, os agentes sociais, familiares e funcionários do hospital podem contribuir para uma melhor adaptação da mesma à nova realidade na qual estão inseridas, de forma a minimizar sua angústia, reforçar os vínculos afetivos e promover uma educação para a cidadania. Diante disso, percebemos que é de suma importância contribuir para uma melhor adaptação das crianças ao processo de internamento através da execução de oficinas de Educomunicação, proporcionando-lhes assim a continuidade no processo de aprendizagem, não apenas no que se refere à educação curricular, mas também no que diz respeito ao seu conhecimento de mundo e ao exercício do pensamento crítico e da cidadania.


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Reconhecendo o potencial da ação educomunicativa como instrumento capaz de atender a essas necessidades, vislumbrou-se a execução de um projeto pioneiro, no âmbito de Sergipe, que aplicasse a metodologia com crianças de seis a doze anos internadas na Ala Pediátrica do Huse. Neste caso, definiu-se como objetivo principal do projeto estimular o sentimento de autoconfiança e fomentar o desenvolvimento emocional, social e cognitivo desses meninos e meninas e, ainda, torná-los mais receptivos ao tratamento e aos profissionais que cuidam deles. A partir deste objetivo geral foram traçadas ainda as seguintes metas com base nos princípios da educomunicação: • Identificar e dimensionar a importância da Educomunicação como uma metodologia capaz de promover a formação de “cidadãos globais” (SOARES, 1999, p. 59); • Reforçar a autoestima dessas crianças e adolescentes no que diz respeito à sua capacidade ativa na construção do próprio conhecimento; • Estimular e promover a participação dos educandos no que concerne à percepção da sua função social enquanto sujeitos de direitos, despertando neles também a capacidade de atuação como agentes transformadores da realidade; • Proporcionar oportunidades para o desenvolvimento pessoal e criativo dos meninos e meninas hospitalizados, considerando o erro como parte do processo de aprendizagem; • Contribuir para atenuar o impacto causado pela internação hospitalar através do desenvolvimento de atividades lúdicas e educativas, sobretudo as que reforçam a interação entre os educandos; • Desenvolver o pensamento e a linguagem de forma a aprimorar o relacionamento social e afetivo das crianças e adolescentes através do estímulo ao trabalho em equipe, respeitando-se as diferenças e limitações de cada um; • Ser referência no que diz respeito ao desenvolvimento de ações voluntárias no ambiente hospitalar, principalmente as voltadas para a transformação social, por parte


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de estudantes universitários, bem como de toda a sociedade civil, a fim de multiplicar boas práticas.

O desenvolvimento do projeto em questão se deu através do método da pesquisa-ação, uma proposta alternativa à metodologia da pesquisa convencional que consiste na intervenção em determinados grupos e situações a fim de estabelecer uma estrutura coletiva e participativa no que diz respeito à obtenção de conhecimento e interação entre os envolvidos. A estratégia utilizada pela pesquisa-ação visa, além do melhor equacionamento dos problemas considerados centrais na situação observada, desenvolver a consciência coletiva a respeito das dificuldades que enfrentam. Nesse sentido, primeiramente optamos por realizar um diagnóstico das condições em que o projeto seria desenvolvido a fim de traçar o perfil das crianças e adolescentes que participariam da ação voluntária, bem como de conhecer as características e limitações do ambiente no qual pretendíamos trabalhar. Para isso, realizamos algumas visitas ao hospital antes de darmos início às atividades e, após esse contato prévio, partimos para o processo de intervenção. Decidimos que o projeto seria executado através da realização de oficinas durante as tardes de sábado. Cada encontro teria duração média de três horas e as atividades seriam direcionadas restritamente ao público infantil. Todas as atividades foram desenvolvidas a partir de ideias que buscavam unir comunicação e educação, a partir de cronogramas pré-estabelecidos (Apêndice A). Desse modo, as oficinas tiveram como objetivo discutir acerca dos conteúdos transmitidos pelos diversos veículos de comunicação e produzir, junto às crianças e adolescentes, artigos midiáticos, a exemplo do fanzine, do jornal mural e de programas radiofônicos e televisivos, sempre com base na realização de atividades lúdicas e pedagógicas adequadas à realidade do nosso público. O envolvimento das crianças sempre foi bastante estimulado, pois sem ele a


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metodologia não seria aplicada de forma a surtir o efeito desejado: a construção do conhecimento por parte dos próprios educandos. Durante os cinco meses dedicados ao projeto, foram realizadas onze oficinas, e 113 crianças e adolescentes participaram das atividades. Ao fim de cada encontro, buscamos coletar dados através da aplicação de questionários com os pais dos meninos e meninas (Apêndice B e C); do registro de depoimentos das crianças e da equipe de profissionais ligados ao processo de internação; de observações e anotações feitas por nós acerca do envolvimento dos educandos durante o andamento do projeto; e do preenchimento de uma lista de presença (Apêndice D) e de consultas aos prontuários, ferramentas que nos possibilitou identificar dados importantes dos educandos como idade, local de origem, causa da internação de cada um deles e tempo que levavam internados – outras informações, como o fato de as crianças e adolescentes saberem ou não ler, foram obtidas através de depoimentos dos mesmos (Apêndice E). Dentre os quadros clínicos que determinaram a internação dos meninos e meninas, as doenças respiratórias, a ocorrência de fraturas e inflamações no apêndice foram as causas mais recorrentes. No entanto, a partir dos dados obtidos, constatamos que os problemas de saúde enfrentados pelas crianças e adolescentes que participaram do CrieSaber não configuravam como o único desafio encarado por eles e também pela nossa equipe, no que se refere ao desenvolvimento do projeto. Para muitos deles, o acesso à educação é ainda limitado, pois apesar de 86% frequentarem a escola – com 92% matriculados na rede pública de ensino –, exatamente a metade (50%) de todos os participantes não sabia ler ou escrever, sendo que dentre estes, 46,4% tinha idade hábil para isso. Esse fato inviabilizou a realização de algumas das atividades entre todos os participantes, fazendo com que as crianças e adolescentes se dividissem em grupos menores quando no desenvolvimento do fazine ou dos jornais murais, por exemplo.


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Quase 70% dos meninos e meninas residiam em cidades do interior dos Estados de Sergipe, Bahia e Alagoas, alguns deles em pequenos povoados ou mesmo na zona rural, muitas vezes em condições bastante precárias, já que 69% dos pais e mães entrevistados relataram ter renda mensal inferior a um salário mínimo para o sustento de suas famílias – sendo que 37% deles afirmaram ter mais de quatro filhos. Quase 60% dos entrevistados disseram receber benefícios do governo, sendo o programa Bolsa Família a única fonte de renda da maioria deles, pois 62% dos pais ou mães declararam estar desempregados. A dificuldade para conseguir trabalho é reflexo da falta de preparo da grande maioria deles (67% não completou o ensino fundamental ou mesmo nunca frequentou a escola). Quanto ao tempo de permanência das crianças e adolescentes no hospital, verificamos que 56% delas estiveram internadas por até 15 dias, sendo que 34% levou menos de uma semana para voltar para casa. Em razão do pouco tempo em que os meninos e meninas permaneciam internados, tornou-se inviável que estabelecêssemos uma continuidade entre as oficinas. Por conta disso, todas elas tiveram como base ações pontuais, com objetivos possíveis de serem realizados durante as três horas semanais pré-estabelecidas. A alta rotatividade entre os educandos se reflete no fato de apenas 15% deles terem participado de mais de uma oficina. Para melhor compreensão do funcionamento do CrieSaber, dividimos o presente trabalho em duas partes. A primeira traça um panorama teórico, que apresenta os principais conceitos que deram sustentação ao desenvolvimento do projeto, e a segunda, traz a descrição detalhada da sua parte prática. Durante o relato das oficinas, serão realizadas novas revisões e citações bibliográficas.


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1 - Revisão Teórica

1.1. Educomunicação

Ainda que se possa e deva pôr em causa os conceitos educadores construídos para ajustarem e da adaptarem o sujeito educando a projetos de escola voltados a disponibilizar mão-de-obra para o mercado de trabalho, numa perspectiva que reduz o conhecimento a um plano quase operacional e retira da ação didático-pedagógica sua função formadora de cidadãos, é preciso repensar as práticas educadoras no interior de uma nova realidade histórica em que os sistemas e processos comunicacionais ganharam papel de principais dinamizadores da sociedade administrada. Adilson Citelli1

A aproximação entre Comunicação e Educação se destacou no início do século XX, quando segmentos da sociedade, sobretudo educadores e religiosos, começaram a se preocupar com o conteúdo transmitido pelos meios de comunicação, principalmente no que diz respeito ao rádio, veículo mais acessível ao grande público na época. Mas somente na década de 70 essa relação se estreitou através da ideologia pedagógica do educador Paulo Freire, que acreditava na necessidade de haver uma comunicação igualitária e dialogal entre educador e educando, de forma a possibilitar a produção do conhecimento (SOARES, 1999, pp. 20-23). Com a presença cada vez maior dos meios de comunicação na vida das pessoas, surge uma nova preocupação no que concerne aos conteúdos transmitidos por estes e à forma como eles são recebidos e interpretados. Constantemente, “o indivíduo reelabora os discursos da sociedade, que são muitos, produzindo outros muitos discursos” (BACCEGA, 2002, p. 17). Freire (1979) foi um dos primeiros defensores da ideia de que era insuficiente proporcionar o

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CITELLI, Adilson. Comunicação e Educação: aproximações. In: BACCEGA, Maria Aparecida. (Org.). Gestão de Processos Comunicacionais. São Paulo, 2002, v. 1, p. 101. ISBN: 01-5550.


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acesso de crianças e adolescentes aos meios, e de que era preciso torná-los aptos a entender esses processos comunicativos, para que então pudessem relacionar os conteúdos transmitidos e aplicá-los de maneira positiva ao contexto no qual estão inseridos. O especialista em Educomunicação Ismar Soares (1999, p. 66) entende que o impacto social causado em torno da produção de conteúdo pelos meios de comunicação e do uso que se faz destes propicia o surgimento de um novo campo que reconhece a especificidade da comunicação educativa e o papel do seu agente, o educomunicador. Nesse sentido, ele acredita que a Educomunicação pode ser definida como “toda ação comunicativa no espaço educativo, realizada com o objetivo de produzir e desenvolver ecossistemas comunicativos”. Independente do contexto aplicado, a metodologia deve ser norteada pela construção da cidadania, a partir do pressuposto básico do exercício do direito de todos à expressão e à comunicação. A existência desses ecossistemas nos espaços educativos proporciona uma relação equilibrada entre as pessoas, além do uso adequado das tecnologias da informação por parte de todos. Para Soares, a Educomunicação deve ser introduzida nos espaços educativos a partir das condições específicas que caracterizam os diferentes ambientes. Ao referirmo-nos a espaços educativos, nele [sic.] incluímos, tanto a comunidade virtual que se cria entre um meio massivo e seus receptores, a partir da ação educativa promovida por uma emissora de televisão ou de rádio, tendo em conta sempre o emprego democrático e criativo dos processos e tecnologias da comunicação, quanto as comunidades presenciais, possíveis de formar-se num colégio, num centro cultural, ou mesmo numa empresa. Nesse caso, gestão comunicativa visa garantir, mediante o compromisso e a criatividade de todos os envolvidos e sob a liderança de profissionais qualificados, o uso adequado dos recursos tecnológicos e o exercício pleno da comunicação entre as pessoas que constituem a comunidade, assim como esta e os demais setores da comunidade (Op. cit., p. 41).

Assim como nos espaços educativos, os ambientes que se propõem a aplicar a Educomunicação devem priorizar ecossistemas que permitam o diálogo e o exercício da


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criatividade, de forma a romper a hierarquia na distribuição do saber através do reconhecimento de que todas as pessoas envolvidas no fluxo da informação são produtoras ativas do próprio conhecimento, independentemente de sua função social. Nesse sentido, é de suma importância que os agentes sociais enfatizem a capacidade de expressão das pessoas como indivíduos e como grupo. Sendo assim, “o que se espera do novo desenho educativo formal é o compromisso com um ensino em diálogo crítico com as realidades comunicacionais e tecnológicas, preocupado em fazer o aluno aprender a aprender” (CITELLI, 2002, p. 109). Dentro desse contexto, o educomunicador é o responsável pela mediação participativa e democrática da comunicação, de forma a facilitar o uso dos processos, recursos e tecnologias da informação: “isto inclui tanto o desenvolvimento e o emprego das tecnologias para a otimização das práticas educativas, quanto a capacitação dos educandos para o seu manejo, assim como a recepção organizada, ativa e crítica das mensagens massivas” (SOARES, 1999, p. 41). No sentido de democratizar o acesso à informação, a conduta profissional do educomunicador, segundo Ismar, deve ser um meio para a formação de “valores solidários” e de transformação do ambiente em que os educandos vivem. Em suma, os objetivos da Educomunicação podem ser relacionados aos quatro pilares do conhecimento e da formação continuada, defendidos por Jacques Delors (1998, pp. 90101). Aprender a conhecer - Prazer de compreender, descobrir, construir e reconstruir o conhecimento, curiosidade, autonomia, atenção. Aprender a conhecer é mais do que aprender a aprender. Não basta aprender a conhecer. É preciso aprender a pensar, a pensar a realidade e não apenas "pensar pensamentos", pensar o já dito, o já feito, reproduzir o pensamento. É preciso pensar também o novo, reinventar o pensar, pensar e reinventar o futuro. Aprender a fazer - É indissociável do aprender a conhecer. A substituição de certas atividades humanas por máquinas acentuou o caráter cognitivo do fazer. O fazer deixou de ser puramente instrumental. Nesse sentido, vale mais hoje a competência pessoal que torna a pessoa apta a enfrentar novas situações de emprego, mais apta a trabalhar em equipe, do que a pura qualificação profissional. Hoje, o importante na formação do trabalhador,


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também do trabalhador em educação, é saber trabalhar coletivamente, ter iniciativa, gostar do risco, ter intuição, saber comunicar-se, saber resolver conflitos, ter estabilidade emocional. Aprender a viver juntos - Compreender o outro, desenvolver a percepção da interdependência, da não-violência, administrar conflitos. Descobrir o outro, participar em projetos comuns. Ter prazer no esforço comum. Participar de projetos de cooperação. Essa é a tendência. Aprender a ser - Desenvolvimento integral da pessoa: inteligência, sensibilidade, sentido ético e estético, responsabilidade pessoal, espiritualidade, pensamento autônomo e crítico, imaginação, criatividade, iniciativa. Para isso não se deve negligenciar nenhuma das potencialidades de cada indivíduo. A aprendizagem não pode ser apenas lógico-matemática e linguística. Precisa ser integral.

Não há mais como pensar Comunicação e Educação enquanto campos independentes. Através da aliança entre as duas áreas, a aprendizagem acontece não apenas de maneira informativa (com foco nos conteúdos), mas também é estabelecida por meio de valores formativos (ligados à cidadania e ao desenvolvimento do senso crítico). Sendo assim, a Educomunicação pode ser aplicada de maneira transversal, atuando como ferramenta capaz de promover a melhoria do aprendizado através do estímulo à busca por novos conhecimentos.

1.2. Pesquisa-ação

A pesquisa-ação é um método de investigação científica que foge aos padrões convencionais por se dar através da inserção do pesquisador no ambiente ou no grupo a ser estudado. Essa metodologia visa a estabelecer uma participação colaborativa entre os envolvidos a fim de que todos obtenham conhecimento e se tornem capazes de resolver os problemas relevantes dentro da situação social em que se encontram. Para isso, a pesquisaação, ao contrário das pesquisas convencionais, permite ao observador conviver por mais tempo no ambiente ou com o grupo investigado, o que possibilita a elaboração de ações concretas na busca pelas transformações desejadas (THIOLLENT, 1996, pp. 7-8). Um dos principais objetivos dessa proposta consiste em dar aos pesquisadores e grupos de participantes os meios de se tornarem capazes de


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responder com maior eficiência os problemas da situação em que vivem, em particular sob forma de diretrizes de ação transformadora (Op. cit, p.8).

A pesquisa-ação pode ainda ser considerada uma forma de experimentação em situação real na qual os pesquisadores interferem conscientemente e da qual não podem ser desvinculados os conhecimentos teóricos. Durante o seu desenvolvimento, deve haver uma compreensão da situação analisada, a fim de que se alcance a aprendizagem dos participantes, facilitada através da contribuição dos investigadores. Nessa linha de pesquisa, os estudiosos desempenham um papel importante no que se refere ao acompanhamento e avaliação das ações desenvolvidas durante a intervenção. A atuação deles deve ser apenas participativa, devendo se limitar a escutar e orientar os agentes da situação sem impor em momento algum as próprias concepções. Além disso, as atitudes dos pesquisadores não podem substituir as atividades e iniciativas desencadeadas pelos grupos em questão (Op. cit., p. 15). Em relação à coleta dos dados, a pesquisa-ação evita técnicas usadas em investigações convencionais, a exemplo dos questionários e entrevistas individuais cujo elenco de perguntas se restringe a fornecer informações quantitativas. A metodologia utiliza-se das técnicas da entrevista coletiva e da entrevista individual mais aprofundada, que traz questionamentos referentes às temáticas discutidas, além de técnicas antropológicas da observação participante e dos relatos (Op. cit., p. 64). As principais áreas de aplicação desta metodologia são a educação, a comunicação social, a organização e a tecnologia. No que diz respeito especificamente à comunicação, os principais aspectos discutidos estão relacionados não só aos temas que possibilitam reflexões – como a dominação e manipulação dos meios –, mas também à participação dos grupos investigados em ações comunicativas – como a confecção de um jornal ou a produção de um


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programa de rádio –, tomando sempre como base a realidade dos grupos pesquisados (Op. cit., p.78).

1.3. Transmissão de cidadania em hospitais

Lidar com a aceitação da doença e da internação não é algo fácil, principalmente quando se trata de crianças. Adequar-se à situação pressupõe bastante paciência para que sejam aceitas as regras estabelecidas no hospital (a exemplo dos horários de medicação, de alimentação e de visitas) e incorporadas inúmeras privações em nome de uma boa e rápida recuperação. Apesar da sua necessidade, no entanto, essas adaptações acabam por deixar os pacientes fragilizados tanto física como emocionalmente, surgindo espaço para o medo, o desconforto e a insegurança. Muitas vezes, a rudeza no tratamento, os procedimentos evasivos e as situações encontradas no hospital favorecem um afastamento do universo infanto-juvenil. Os pacientes ficam presos as suas patologias, a um ambiente que não é o seu e a um destino incerto. A internação parece trazer uma ruptura das pessoas com o mundo externo. É como se existisse uma pausa de um mundo natural e construção de um outro mundo no hospital, cerceado por algumas paredes, muros, regras e interações (PAULA, 2007, p. 4).

As crianças precisam ainda contar com o apoio e a dedicação dos pais, o que nem sempre acontece da forma ideal. Por questões financeiras ou sociais, alguns dos responsáveis pelos pequenos pacientes demonstram certa rejeição ao internamento e alegam não poder manter os filhos internados por falta de tempo, por condições de saúde, pelo fato de terem outros filhos em casa etc. A internação interfere, portanto, em toda a estrutura familiar. Dialogar com os pais sobre o estado de saúde dos seus filhos e a evolução do seu quadro clínico também pode configurar uma situação complicada. No Huse, grande parcela dos pacientes não tem acesso a uma educação de qualidade, o que dificulta o seu entendimento acerca de orientações básicas feitas pelos médicos, enfermeiros e assistentes sociais. O mais grave problema é que, também pelo fato de não terem tido acesso a uma


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educação de qualidade, ou pelo menos a uma orientação adequada, muitos dos familiares acabam contraindo as doenças das crianças. A médica pediatra Juliana Teixeira, por exemplo, que integrava a equipe da Ala Pediátrica do Huse havia cerca de um ano no momento da realização do trabalho, acredita, com base na sua experiência, que muitos dos problemas do país – inclusive os referentes à saúde – poderiam ser resolvidos se houvesse mais investimentos em educação. Em depoimento para a equipe CrieSaber, a médica afirma que “se você não tem educação, você não consegue lutar pelos seus direitos, não tem qualidade de vida, não tem higiene, e fica doente”. A inserção de projetos recreativos e educacionais em hospitais contribui bastante para que sejam atenuados os impactos decorrentes da internação. Levar alegria através da arte do palhaço ou levar conhecimento por meio de atividades como as classes hospitalares quebram a monotonia de uma rotina que não combina com o espírito leve e descontraído de qualquer criança.

1.3.1. Nariz vermelho e sorriso largo Dentre os projetos que atuam em pediatrias pelo mundo afora, aqueles que adotam a arte do palhaço merecem destaque. Este tipo de abordagem foi realizado pela primeira vez pelo palhaço americano Michael Christensen quando, em 1986, foi convidado a fazer uma apresentação para crianças internadas em um hospital de Nova Iorque. No momento do convite, Christensen lembrou-se de uma maleta de médico dada a ele por seu irmão como presente pouco antes de este descobrir que tinha câncer – o que o levou à morte no ano de 1985 –, e a partir do assessório, o artista criou o personagem Doctor Stubs (que numa tradução livre poderia ser algo como “Doutor Pitoco”). A performance foi tão bem recebida pelas crianças que a acompanharam no auditório da instituição, que o ator decidiu repeti-la na


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Ala de Internação para aqueles que não puderam sair do leito e ir conferir a apresentação do doutor-palhaço. A partir daí, nasceu The Big Apple Clown Care Unit (Unidade de Tratamento com Palhaços de Nova York), uma companhia de formação de atores especializados na arte do palhaço aplicada no contexto hospitalar, iniciativa inovadora e que influenciou grupos de pessoas de diversas partes do globo (NEIVA, 2007, p.1). A arte do palhaço em hospitais ganhou maior força a partir de 1998, ano em que foi lançado o filme “Patch Adams - O amor é contagioso”, direção de Tom Shadyac e roteiro de Steve Oedekerk. O longa tornou pública a trajetória do americano Hunter Patch Adams, um homem que decidiu tornar-se médico aos 40 anos de idade e que, vestido como palhaço, tem levado sorrisos a pessoas internadas em hospitais desde então. Em entrevista concedida ao Programa Roda Viva2, o médico afirma que a princípio sentiu-se constrangido em relação à produção “hollywoodiana”, pois acredita tratar-se de uma versão bastante simplista e menos politizada do seu trabalho (cuja ideologia busca pregar a paz e a justiça no mundo, atuando também em zonas de guerra e de conflitos, bem como lutando por causas como a gratuidade dos serviços médicos nos Estados Unidos). Ainda que não concorde com a forma como a sua história foi retratada no cinema, Adams reconhece os méritos do filme e atribui a ele o fato de grupos de palhaços do mundo inteiro passarem a visitar hospitais, tendo influenciado três mil projetos ao redor do planeta. No Brasil, os Doutores da Alegria são referência quanto a trabalhos baseados na arte do palhaço desenvolvidos em hospitais. A história dos Doutores tem início em setembro de 1991, quando o ator e palhaço Wellington Nogueira volta ao Brasil após integrar por três anos a trupe norte-americana criada por Christensen. Aos poucos, Nogueira foi conseguindo parceiros e o “Doutores da Alegria” (uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos)

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Programa exibido em 05 de novembro de 2007, e disponível online no acervo Memória Roda Viva, um site mantido pela Fundação Padre Anchieta, pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).


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foi se estruturando. Hoje, o projeto realiza 75 mil visitas por ano a crianças internadas em hospitais de São Paulo, Recife e Belo Horizonte. O programa de atuação em hospitais é o principal trabalho desenvolvido pelos “besteirologistas” – maneira como são chamados os atores-palhaços que brincam de ser médicos para interagir com os pacientes – que, em duplas, vão aos hospitais duas vezes por semana e levam sorrisos a crianças hospitalizadas, leito a leito, estando elas internadas em centros de terapia intensiva ou em procedimentos ambulatoriais. As visitas duram aproximadamente seis horas, e as duplas devem trocar de hospital a cada seis meses. Em São Paulo, sede do projeto, a ONG conta com um elenco de 29 palhaços distribuídos em oito hospitais locais. A filosofia de trabalho dos Doutores da Alegria se difundiu por todo o país, e vários grupos aderiram à ideia do uso do nariz vermelho para humanizar o dia-a-dia de pacientes hospitalizados. Em Maceió, o Sorriso de Plantão, projeto de extensão da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), é desenvolvido desde o ano de 2002 no Hospital Universitário e conta com a participação de 40 estudantes da universidade e de instituições parceiras. Há ainda o Projeto Sorriso, que está presente em cidades do Vale do Itajaí e da região Oeste do Estado de Santa Catarina, e que atende a dez instituições entre hospitais, centros de inclusão social e casas de apoio. A iniciativa partiu da dedicação de apenas três estudantes, e hoje somam-se 25 voluntários envolvidos no projeto. O Plantão Sorriso, com sede em Londrina, no Paraná, foi criado no ano de 1996 e atua em sete hospitais da região, tendo realizado 200 mil atendimentos entre crianças, pais e acompanhantes, além de profissionais da saúde.

1.3.2. A educação no contexto hospitalar É inegável a importância dos trabalhos que buscam levar ao ambiente hospitalar a alegria e o bom humor. Através da arte de fazer rir, grupos de palhaços, como os Doutores da


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Alegria, contribuem para humanizar o processo de internação e para estimular o que há de bom e de saudável em cada paciente, sem que haja, no entanto, negação da doença (CAMPOS, 2003, p. 28). A mesma importância é atribuída a projetos que têm como objetivo fomentar a educação entre as crianças que, internadas no hospital, ficam impossibilitadas de frequentar a escola. A realização de classes hospitalares é a principal forma encontrada para atender ao direito – garantido por lei – à educação para crianças e adolescentes internados. A atividade é uma modalidade da Educação Especial, desenvolvida a partir do reconhecimento da necessidade do cumprimento deste direito descrito nos artigos número 197, 198, 205 e 214 da Constituição Federal; nos artigos número 5 (§ 5), 23 e 59 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional; no artigo número 2, de 11 de novembro de 2001, da Resolução do Conselho Nacional da Educação; no artigo 3º do Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA; entre outros. A partir da experiência relatada por Ribeiro e Sousa (2002) no Hospital Infantil Lucídio Portela, no Piauí, percebe-se que as classes hospitalares consistem no acompanhamento pedagógico da criança internada tendo como princípio o fato de que esta (...) precisa ser estimulada a criar, a desenvolver-se mesmo em meio a situações adversas, pois somente assim poderá enfrentar melhor suas dificuldades independente de seu quadro clínico, construindo um mundo novo de perspectivas, de significados, que possa lhes dar ânimo a cada dia, contribuindo para que, em momento oportuno, venham a se reintegrar à escola e à sua vida social (RIBEIRO; SOUSA, 2002, p.3).

O programa de classes hospitalares foi instituído no Hospital Lucídio Portela em maio de 2002 e conta com um processo gradativo para a adesão do paciente. Após entrevista com o (a) acompanhante da criança sobre a evolução do quadro clínico dela e a sua vida escolar, o educador a convida a desenvolver atividades pontuais (recorte e colagem, pinturas e desenhos livres) capazes de avaliar as suas condições cognitivas e sócio-afetivas. Já num segundo momento, tendo o educador verificado o grau de instrução escolar e de disposição psicológica


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das crianças no que se refere à aprendizagem, este as convida a realizar novas atividades que se adaptam às suas necessidades e limitações (Op. cit.). As autoras Ramalho, Ribeiro e Teixeira (2007) analisam a aplicação das classes hospitalares no Hospital Universitário Júlio Müller (HUJM), em Cuiabá, e destacam a importância do projeto ao fato de este atingir os seguintes objetivos: melhoria da qualidade de vida das crianças e adolescentes hospitalizados; continuidade no exercício das atividades escolares; integração entre os pacientes social e emocionalmente; inibição de problemas futuros como a evasão e a repetência escolar, bem como a exclusão social; e redução do tempo de internação através do resgate da auto-estima das crianças e adolescentes internados. O programa de classes hospitalares do HUJM adota uma linha estratégica de multi e interdisciplinaridade e, somado a outros projetos de humanização do setor de pediatria do hospital, desenvolve trabalhos dirigidos a áreas relacionadas à educação. Dentre os projetos, o EIC-Hospitais ganha destaque por levar a Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) até as crianças e adolescentes internados não apenas no HUJM, como em outros hospitais públicos. A iniciativa se baseia na implantação de Escolas de Informática e Cidadania (EICs) em unidades pediátricas para que seja trabalhada a inclusão digital, de forma a promover a interatividade entre as crianças de diferentes hospitais e o senso de cidadania (RAMALHO et al, 2002). Os projetos realizados em hospitais que têm como base a contação de histórias também contribuem bastante para o fomento da educação no contexto hospitalar. A Associação Viva e Deixe Viver atua desde 1997 e tem a missão de promover entretenimento, cultura e informação educacional através da leitura e do brincar. Os voluntários da organização realizam visitas periódicas (mínino de duas horas semanais) a hospitais localizados em oito Estados brasileiros e no Distrito Federal.


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Por fim, outro grupo que merece destaque é o Griots, atuante em hospitais de Campinas e região. O nome faz referência a antigos contadores e cantadores de histórias africanos que levavam alegria e cultura por onde passavam. “Plantar sorrisos” é o objetivo da entidade, que atende, no período de um mês, a uma média de 3.200 crianças através da contação de cerca de 750 histórias.

1.4. O Projeto CrieSaber e o seu contexto de atuação

Inaugurado em 07 de novembro de 1986, o Hospital de Urgência Governador João Alves Filho (Huse), começou a funcionar no dia 2 de fevereiro do ano seguinte. A princípio, a equipe da unidade de saúde era formada por cerca de 500 profissionais, entre os quais 112 médicos, 30 enfermeiros, 96 auxiliares de enfermagem e 200 funcionários de apoio. Após diversas ampliações, o hospital passou a contar com um quadro funcional composto por cerca de 2,8 mil servidores, entre efetivos, terceirizados e contratados. A unidade de saúde realiza atendimentos em caráter de urgência e emergência de média e alta complexidade através do Sistema Único de Saúde (SUS), além de atendimentos em especialidades, como clínica e cirurgia geral, pediatria, ortopedia, oftalmologia, cardiologia, oncologia, endocrinologia, gastroenterologia e infectologia. Além disso, o hospital conta também com Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), Centro de Tratamento Intensivo Pediátrico (CTI Pediátrica), Tomografia Computadorizada, Centro Cirúrgico e Pronto-Socorro Infantil. Somente nos setores de Urgência e Emergência, o Huse recebe, em média, 14 mil pacientes por mês, oriundos dos 75 municípios sergipanos e de outros Estados do nordeste, a exemplo da Bahia e Alagoas. Atualmente, a unidade de saúde dispõe de 421 leitos e 13 alas de internação.


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Na pediatria do Huse há exatamente 52 leitos, sendo dois deles destinados a pacientes com necessidade de isolamento, e além disso, há também uma CTI Pediátrica, com capacidade para sete crianças. Gerenciado pela médica pediatra Edda Machado Teixeira, o serviço pediátrico conta com uma equipe multidisciplinar, formada por enfermeiros, auxiliares e técnicos de enfermagem, um nutricionista, três fisioterapeutas, dois psicólogos, um assistente social, e um pedagogo, além de dois oficiais administrativos e dois zeladores por turno. A pediatria disponibiliza tratamentos para infecções de um modo geral, queimaduras, traumas e doenças infecto-contagiosas. Por conta das obras do novo Pronto Socorro (PS) Adulto no prédio do Huse, o setor pediátrico foi transferido no dia 8 de junho deste ano para a Maternidade Hildete Falcão Baptista. A conclusão das obras está prevista para o primeiro semestre de 2010, quando a pediatria voltará a funcionar no Hospital Infantil que será construído no Huse. Com a mudança, a equipe CrieSaber também teve que se adaptar ao novo ambiente. Apenas as duas primeiras oficinas (experimentais) foram realizadas nas instalações do Huse, que dispunha de uma sala de recreação para o desenvolvimento de atividades lúdicas e educativas direcionadas às crianças e adolescentes internados. O espaço com decoração infantil contava com mesas e cadeiras adequadas para a aplicação de ações voltadas aos meninos e meninas. Além disso, o espaço também dispunha de um aparelho televisor e de um baú com brinquedos e materiais educativos. As oficinas seguintes foram realizadas no único espaço disponível para as iniciativas voluntárias, a área de recreação da Maternidade Hildete Falcão. Apesar de proporcionar o contato dos meninos e meninas com o ambiente externo, o local aberto expunha as crianças às variações climáticas, o que prejudicava o desenvolvimento das atividades em dias de chuva, por exemplo. Além disso, o local facilitava a dispersão das crianças devido ao grande fluxo de


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funcionários, ambulâncias e visitas. Os ruídos externos à maternidade também chamavam a atenção dos meninos, que por instantes se desligavam das atividades.

1.5. Transmissão de cidadania no Huse

1.5.1. Unidade de Tratamento do Riso (U.T.r.I.s.o) A Unidade de Tratamento do Riso (U.T.rIso) foi criada em agosto de 1999 por iniciativa da administradora hospitalar do Huse, poeta e arteterapeuta Fátima Basto. A ideia de desenvolver o projeto surgiu após Basto ler uma matéria publicada em uma revista médica sobre o grupo paulistano Doutores da Alegria. Ao perceber na ação a oportunidade de promover transformações positivas na vida das crianças internadas, a servidora levou a ideia ao setor de ações humanísticas da unidade de saúde. Ela convidou um grupo de amigos, que atuava no Huse uma vez ao ano, geralmente no período de natal, e o projeto teve início. Desde então, a U.T.rIso atua de uma a duas vezes por semana na Ala Pediátrica e na Oncologia Infantil e é composta por quatro atores profissionais: o chargista e músico Ewerton Batista (Dr. Cyballeno); o diretor de teatro Flávio Porto (Dr. Gasturinha); a professora universitária Mariana Salerno (Dra. Mariluca) e a própria Fátima Basto (Dra. Risoleta). Com o objetivo de interagir com a criança hospitalizada levando a essência da alegria, o grupo utiliza recursos como música, mágica e humor, que, associados à experiência artística e à criatividade, permitem o surgimento de situações novas a partir de ferramentas proporcionadas, na maioria das vezes, pela própria criança, que se torna protagonista da história. “Durante as atividades, a criatividade é o recurso principal. Temos algumas brincadeiras na “mala”, que são retiradas a depender da demanda da criança”, conta Fátima Basto. Além dos meninos e meninas, os integrantes da U.T.rIso também interagem com os pais e/ou responsáveis por elas e com os profissionais de saúde com a intenção de levar


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alegria a todos que estão no universo hospitalar. Segundo Basto, o envolvimento dos pequenos é intenso. “Poucas crianças demonstram rejeição à figura do palhaço. Elas correm atrás e não querem perder a oportunidade de brincar. Além disso, passam a adotar a figura do palhaço como a de alguém da família, ou um amigo muito próximo”. Em dez anos de atuação, a U.T.rIso já visitou mais 75 mil crianças e adolescentes, com idades entre um e 15 anos. Além dos pequenos, o grupo também visita pacientes com idade próxima aos 20 anos que continuam o tratamento e, esporadicamente, com alguns adultos do setor de Oncologia (quimioterapia e internamento). Atualmente, as visitas ao hospital estão acontecendo somente uma vez por semana por falta de apoio financeiro, já que a equipe necessita pagar impostos enquanto associação sem fins lucrativos firmada juridicamente.

1.5.2 Grupo Prosart de Contadores de Histórias Criado em abril de 2004 por iniciativa do auditor tributário aposentado José Antenor Aguiar, o Grupo Prosart de Contadores de Histórias iniciou suas atividades atuando voluntariamente em creches públicas de Aracaju. Hoje, o grupo promove a contação de histórias em asilos, orfanatos, escolas públicas, bibliotecas e na Oncologia Infantil do Huse todas as terças-feiras a partir das 14 horas. O Prosart também já desenvolveu atividades na Ala Pediátrica do Huse antes da mudança do atendimento para o prédio da Maternidade Hildete Falcão. A equipe, composta por seis voluntários, visitava as crianças todas as terças-feiras e passava, em média, duas horas contando histórias de apoio e sustentação ao momento pelo qual elas estavam passando, a internação hospitalar. Apesar de ter atuado algumas vezes no novo espaço, o Prosart deixou de desenvolver as atividades na Ala Pediátrica por conta da falta de uma estrutura adequada para a contação de histórias, pois a única área disponível é aberta e concentra um grande fluxo de pessoas, o que, segundo Antenor, dispersava a atenção das crianças.


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Com o objetivo de minimizar o impacto da internação através da transmissão de amor, carinho e fraternidade para os meninos e meninas inseridos no ambiente hospitalar, a equipe utilizava fantasias e músicas da literatura infantil tocadas com instrumentos musicais para contar as histórias, que variavam de acordo com a idade dos pacientes e com o que eles estavam precisando no momento. Para isso, antes das apresentações, os integrantes do Prosart se reuniam com as enfermeiras para saber sobre as necessidades de cada um. Além de atenuar o impacto sentido pelas crianças durante a internação, o grupo pretendia humanizar todas as pessoas que se encontravam no ambiente hospitalar – as que estavam a trabalho e os acompanhantes –, além de incentivar a leitura entre o público infantojuvenil. “Formar leitores é um dos nossos objetivos. É fazer com que eles se sintam estimulados a ler, ler e ler! Porque só assim é possível ter uma visão mais crítica da nossa realidade”, diz Antenor. Sobre a escolha das histórias, ele conta: Se chegávamos lá e encontrávamos muitas crianças pequenas, escolhíamos uma história como O Patinho Feio. Se as crianças eram maiores, contávamos histórias mais profundas, como contos da literatura infantil e popular. Já para os jovens, eram escolhidos textos que versavam sobre os sentimentos que eles estavam vivendo. Tudo dependia do ambiente e da necessidade de cada um.

A respeito da metodologia, o presidente do Prosart explica que a arte de contar histórias exige algumas técnicas relacionadas ao trabalho com a voz, o olhar e a emoção. Acredita ainda que é importante amar a história para passá-la com entusiasmo e naturalidade. E como forma de atenuar a tensão dos meninos e meninas, os integrantes do grupo também usavam jalecos coloridos, que serviam para quebrar o tabu de que a veste significa sofrimento e dor. A participação das crianças durante as contações era intensa. “Se a história era daquelas de provocar interação, eles interagiam tranquilamente. Se fosse só de ouvir, eles ouviam. E se fosse pra rir, eles riam”, lembra Antenor. Durante as contações, os pais também


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eram expectadores assíduos. “Muitas vezes eles participavam mais que as crianças para atenuar suas tensões, já que muitos estavam preocupados com outras coisas que deixaram fora do hospital, a exemplo do trabalho, da casa e dos filhos”. A participação dos funcionários também era notória, principalmente das enfermeiras e técnicas, que apesar de demonstrarem certa desconfiança no início das atividades, se sensibilizaram, e, com o tempo, passaram a respeitar o trabalho do grupo. Algumas delas até dedicavam atenção para ouvir as histórias.

1.5.3. União Evangélica a Serviço do Enfermo (UESE) A União Evangélica a Serviço do Enfermo (UESE) atua todos os dias pela manhã na Ala Pediátrica, oferecendo apoio religioso e serviços de higienização básica às crianças e seus acompanhantes. A iniciativa, que chegou ao hospital há 18 anos através da secretária do Serviço Social Rosália Pinheiro, visa a promover a fé entre as crianças que estão internadas, além de atender a suas necessidades básicas e de suas famílias através da oferta de serviços, como corte de cabelo e da doação de roupas e produtos de higiene básica.

2 - Memorial Descritivo

Oficina 1. Caixinha de surpresa *Oficina experimental Tema: Dia da Língua Nacional (21 de maio)

Hora de colocar o projeto em prática. Chegamos ao hospital ainda pouco seguras de como proceder naquela tarde de sábado em que o CrieSaber finalmente teria início – depois de esperarmos por cerca de um mês pela sua aprovação. Fomos até a Ala Pediátrica e nos aproximamos de duas meninas que se encontravam no corredor. Elas logo nos perguntaram o porquê de estarmos ali, e ao darmos a resposta de que iríamos fazer algumas atividades


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educacionais e recreativas com elas, as duas se mostraram entusiasmadas e alegres porque perceberam que o dia não seria como todos os outros no hospital. De pronto, entendemos o valor que teriam aquele e os outros sábados que se seguiriam tanto para as crianças como para as integrantes do projeto. Definimos que a primeira oficina teria um caráter experimental e que seriam realizadas atividades mais simples, ainda sem muito embasamento metodológico. Os objetivos daquele encontro foram, na verdade, conhecer o ambiente em que o projeto seria desenvolvido e estabelecer a forma mais adequada de lidar com as crianças, compreendendo melhor a sua situação e o próprio processo de internamento. Nos dividimos de modo que algumas de nós fossem de quarto em quarto convidar as crianças e adolescentes a participar da oficina enquanto que as outras organizavam o ambiente onde a mesma seria realizada – assim procedemos durante todos os sábados. À medida que os meninos e meninas entravam na sala, fomos buscando conhecer o universo de cada um, perguntando o seu nome, idade, local de origem, o que gostavam de fazer durante o tempo em que estavam no hospital e como era o dia-a-dia deles fora dali, principalmente se atendo ao fato de eles frequentarem ou não a escola. Não demorou e a sala estava cheia. Onze crianças e adolescentes, sete deles com idade entre seis e doze anos, participaram das atividades, todos eles acompanhados sob os olhos atentos de algumas das mães. Assim que todos se acomodaram, demos início à oficina com a dinâmica de apresentação – momento que, em círculo, todos os participantes deveriam dizer o seu nome e apelido, caso o tivessem. Após a identificação de cada uma das integrantes da equipe CrieSaber e dos educandos, algumas canções infantis foram introduzidas para que houvesse uma maior interação entre todos. E exatamente desta mesma forma procedemos em todas as outras oficinas, primeiro com a apresentação de cada um dos participantes para, em


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seguida, cantarmos juntos três ou quatro músicas, sempre conduzidas com muita animação por parte das integrantes do projeto. Elegemos como tema para a primeira oficina o Dia da Língua Nacional, comemorado em 21 de maio. Tomando como base a data comemorativa, falamos da importância de um idioma enquanto elemento capaz de conferir identidade e unidade a um povo, destacamos a sua importância para o estabelecimento da comunicação e reforçamos o valor da leitura e da escrita para a construção da cidadania. No que se refere à língua portuguesa, relatamos um pouco da sua história e apresentamos algumas curiosidades sobre ela ao citarmos exemplos dos diversos vocábulos e sotaques que são praticados em diferentes partes do Brasil.

Crianças aprendem e se divertem durante dinâmica Foto: Cristiane Batista

Caixinha de palavras Foto: Christiane Matos

A palavra foi o objeto central das atividades desenvolvidas na oficina. A primeira delas baseou-se numa dinâmica em que uma caixinha que continha inúmeros vocábulos era passada de mão em mão entre as crianças e adolescentes para que cada um retirasse uma das fichas e, através de mímicas, fizesse com que os demais adivinhassem o que estava escrito nela. As palavras estavam divididas em quatro grupos: bichos, brinquedos, alimentos e virtudes. Este último especificamente, definimos como uma categoria especial, e nela constavam palavras como cidadania, solidariedade, amizade, amor, igualdade e união. Todas as mímicas foram adivinhadas com sucesso e as crianças se divertiram bastante durante a brincadeira. “Achei muito bom porque ficamos alegres, e já tem muito tempo que a gente está


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aqui. Gostamos porque vocês fizeram a gente ficar alegre, a gente se divertir”, F.S. (12 anos), internado no hospital havia dois meses.

A palavra vira desenho a partir da imaginação das crianças Foto: Christiane Matos

R.S. desenha com bastante atenção Foto: Cristiane Batista

Após a dinâmica, distribuímos folhas de papel para que os meninos e meninas pudessem fazer desenhos relacionados à palavra que eles haviam retirado da caixinha. Todos desenvolveram a atividade com grande interesse e concentração, atentos à regra de desenhar algo que estivesse relacionado com o vocábulo selecionado ao acaso. Diante do empenho dos meninos e meninas em participar da melhor forma possível da atividade, o fato de se tratarem de crianças hospitalizadas era ofuscado. A certeza de que o nosso trabalho era algo válido e capaz de transformar realidades veio logo na primeira oficina, quando o pequeno A.S., de apenas 5 anos – e que já havia recebido alta quando nossa equipe chegou ao hospital –, pediu para a sua mãe que o levasse para lá no sábado seguinte para que ele pudesse participar novamente do projeto CrieSaber. Neste mesmo momento, o carro da prefeitura do município onde residiam os esperava para lavá-los para casa, mas o menino pediu à sua mãe para ficar até que ele terminasse o desenho. A primeira oficina foi, de fato, uma ‘caixinha de surpresa’. Fomos ao hospital naquele dia com a proposta de experimentar, de conhecer melhor a realidade em que o projeto seria desenvolvido. E saímos de lá certas de que não havia grandes segredos para que os nossos


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objetivos fossem alcançados, de que a nossa vontade de contribuir para que os meninos e meninas hospitalizados tivessem acesso a educação e entretenimento durante a internação era extremamente compatível com o anseio deles por aprender e não deixar que o estado de saúde interferisse na sua sede por novos conhecimentos.

Oficina 2. Conhecendo os meios de comunicação *Oficina experimental

Da mesma forma que a oficina anterior, esta também teve caráter experimental. Naquele encontro, buscamos entender o universo em que se encontravam as crianças para que pudéssemos traçar a forma mais adequada de agir com elas durante o projeto. Deste modo, optamos por ainda não adotar completamente a metodologia da educomunicação, pois acreditamos que assim poderíamos nos centrar melhor no entendimento do processo de internação hospitalar e da reação das crianças em relação à nossa presença, e também teríamos a oportunidade de identificar com mais atenção o perfil dos educandos quanto à sua capacidade cognitiva e evolução escolar. Nesta oficina, portanto, decidimos pela aplicação metodológica de forma sutil. Após a dinâmica de apresentação e a introdução das canções infantis, fizemos uma exposição sobre alguns dos instrumentos pelos quais a comunicação é estabelecida (televisão, rádio, celular, jornal, revista, internet etc.). O primeiro passo foi extrair dos quatorze participantes da oficina – com idades que variavam de quatro a doze anos – o conhecimento que eles tinham acerca do tema. Os meninos e meninas demonstraram entender muito pouco sobre a história e o funcionamento dos principais media, contudo, se mostraram conscientes do grau de participação dos mesmos no cotidiano de todos nós. Dentre os meios apresentados, a televisão, o rádio e o celular figuravam entre os mais conhecidos pelos educandos. Ao contar um pouco da história de cada um deles, discutimos algumas das suas potencialidades e desvantagens a partir do uso de uma linguagem adequada ao universo infantil.


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Centrando-nos na televisão, propusemos uma reflexão sobre a forte influência exercida por ela graças à sua grande capacidade de alcance e à sua vasta e diversificada audiência. Falamos sobre como a TV nos possibilita conhecer melhor a sociedade em que estamos inseridos, bem como outras realidades às quais não temos acesso. Para exemplificar a afirmação, optamos por exibir uma reportagem produzida pela emissora local filiada à Rede Globo (TV Sergipe) que foi ao ar no dia 16 de março deste ano no Jornal Nacional (Ver Anexo 1). A matéria, que relata as condições em que vivem os sertanejos durante o período de seca no sertão sergipano, enfatizou os problemas enfrentados por eles e destacou a morte do gado por falta de água e de comida, remetendo a uma ideia de vida pobre, de miséria e de sofrimento. A partir do vídeo, fizemos uma breve reflexão sobre a abordagem negativa com que, muitas vezes, o nordeste é retratado na mídia, o que acaba por associar a região a um lugar atrasado em relação a outras partes do Brasil. Logo após o início da discussão, percebemos que de alguma forma ela pudesse não ser muito apropriada, tendo em vista a situação em que naturalmente se encontra o nosso público. Apesar do grande interesse despertado pelos pequenos durante a exibição do vídeo e da pertinência do tema retratado pela matéria, o enfoque pessimista dado à reportagem pareceu desanimar um pouco os participantes, que já têm que lidar com sérios problemas de saúde e com o fato de estarem internados em um hospital. Constatamos, então, que precisávamos orientar a discussão sob uma ótica mais leve e otimista. Para tanto, perguntamos às crianças e adolescentes quais os lugares legais que existem na cidade ou no bairro em que eles vivem que poderiam ser retratados na TV. A maioria falou sobre as praças em que brincam ou sobre a escola onde estudam, mas ainda sem muito entusiasmo. Encerramos a discussão e continuamos a oficina com uma atividade mais leve e descontraída. Com os meninos e meninas reunidos em círculo, fizemos a distribuição de desenhos de alguns dos meios de comunicação apresentados por nós antes da exibição do


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vídeo. Todos ficaram livres para escolher a imagem que quisessem e para colorir da forma que desejassem. Devido à doença e ao estado de fragilidade (física e emocional) em que se encontram as crianças e adolescentes internados, há uma série de limitações que precisamos levar em consideração ao elaborar e desenvolver cada oficina. Desse modo, concluímos que as atividades que se baseiam em desenhar e colorir estão entre as mais adequadas, pois exigem pouco esforço, estimulam a criatividade e não excluem aqueles que não sabem ler ou escrever.

Mural exibe alguns dos meios de comunicação Foto: Christiane Matos

No fim das contas, os desenhos foram coloridos com bastante ânimo e dedicação, e o empenho de todos resultou na confecção de um mural muito bonito. O objetivo deste era não somente fazer com que as pessoas que passassem por ali conhecessem alguns dos meios de comunicação e os vissem representados sob o olhar das crianças e adolescentes internados no hospital, mas principalmente elevar a autoestima dos meninos e meninas que participaram da oficina ao deixar registrado na parede da sala de brinquedos o que eles aprenderam e produziram na tarde daquele sábado. A menina N.L. (10 anos), adorou a ideia de confeccionar um mural junto com os colegas e participou bastante de todas as atividades desenvolvidas, opinando sobre tudo, inclusive sobre o local onde o mural deveria ser colocado. Ela, que também havia participado da oficina anterior, disse ter esperado ansiosa pela nossa chegada. “Eu me diverti muito na semana passada e hoje também foi bem legal”.


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Oficina 3. Produção do Jornal CrieSaber (Edição 1)

A comunicação não é simplesmente um recurso ou uma ferramenta a serviço da didática; além de ser uma geradora de conhecimento, é uma condição essencial e inerente ao processo educativo (SOARES, online a). Ademais, os meios de comunicação e informação, em especial o rádio e a televisão, também são importantes para a socialização do indivíduo, visto que fomentam o debate, principalmente quando associados a dinâmicas de discussão (Cartilha, online b). Foi a partir dessa visão que a equipe CrieSaber decidiu promover uma oficina com foco nesse importante viés da comunicação, que são os meios audiovisuais. Na oficina do dia 15 de agosto, a televisão foi o assunto que direcionou todas as atividades realizadas com as treze crianças, com idades entre dois e onze anos, internadas na Ala Pediátrica. Além de proporcionar um maior conhecimento acerca desse meio de comunicação com o qual todas elas disseram ter contato todos os dias, a oficina teve o objetivo de trabalhar a TV como um importante facilitador no processo de aprendizagem.

Qualquer filme, vídeo ou programa de TV pode ser trabalhado de forma educativa. De fato o que é educativo é o processo educomunicativo que se estabelece a partir da projeção do material audiovisual. É a conversa gerada pela fruição compartilhada de um produto, que aciona todas as sensibilidades da turma e que pode levar à compreensão de um assunto (FRANCO, online c).

Com a finalidade de torná-los conhecedores da história da televisão e aptos a discutir nos locais que frequentam – a exemplo da escola –, sobre esse veículo tão utilizado por eles, achamos importante iniciar a oficina com uma explanação sobre o surgimento, as características e a evolução desse meio de comunicação. Atrás de uma televisão colorida feita de cartolina e utilizando um microfone de brinquedo, uma das integrantes da equipe CrieSaber contou como se deu o surgimento da TV no século XIX, de onde veem as imagens transmitidas por ela e quando foram ao ar as primeiras transmissões em cores e ao vivo, além


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de mostrar a evolução dos aparelhos de TV através de fotografias, o que causou surpresa e comentários entre as crianças.

Equipe apresenta história da televisão aos educandos Foto: Cristiane Batista

A estratégia de transmitir esses conhecimentos através de uma telinha de cartolina colorida serviu para manter a maioria dos meninos e meninas atentos às explicações, como se assistissem a um programa de TV de verdade. A inquietação de alguns foi inevitável diante do espaço disponível para realizar a oficina, que apesar de colocá-los em contato com o ambiente externo ao hospital, facilitava a dispersão de alguns devido ao fluxo de pessoas no local, já que a atividade casualmente coincidiu com o horário do lanche, e também por conta dos procedimentos clínicos corriqueiros. A televisão é um meio que estabelece uma relação sensível com o telespectador através da linguagem audiovisual, que trabalha com elementos capazes de aguçar os aparelhos perceptivos do ser humano, em especial, a visão e a audição (FRANCO, online c). Com base nessa premissa, consideramos importante explicar às crianças e aos adolescentes, mesmo que teoricamente – devido à falta de recursos apropriados –, quais são os elementos responsáveis por tornar as imagens transmitidas pela televisão tão atrativas aos nossos sentidos. Diante disso, explicamos, de forma acessível ao entendimento de crianças na idade deles, sobre os planos de enquadramento de objetos e assuntos que pretendem ser evidenciados, sobre a


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necessidade de se ter uma iluminação adequada ao ambiente e, ainda, sobre a importância dos movimentos da câmera durante a gravação de determinadas cenas. Em seguida, partimos para um dos elementos essenciais para se produzir um bom conteúdo televisivo, em especial o jornalístico. Nesse momento da oficina, os meninos e meninas aprenderam sobre os princípios que devem nortear a escolha de uma informação para que ela se torne notícia. Para isso, apresentamos os critérios de noticiabilidade – dentre eles a novidade, a proximidade, a relevância, a clareza e a surpresa –, e falamos ainda sobre a construção da pauta, sobre como fazer uma entrevista e sobre os tipos de fontes (oficiais, não oficiais e documentais). No que tange à produção da notícia, os educandos foram também orientados no que diz respeito à importância de dizer sempre a verdade e de serem objetivos na hora de informar os acontecimentos. Enquanto aprendiam sobre a forma como o profissional de comunicação deve se portar diante das câmeras durante as filmagens, as crianças e adolescentes continuavam atentas; no entanto, não apresentaram questionamentos acerca das informações que lhes eram transmitidas. O semblante de surpresa surgiu apenas quando os educandos souberam que passariam a segurar o microfone e ocupariam o nosso lugar atrás da telinha. A maioria deles se recusou a participar e, dos treze meninos e meninas, apenas J.C (9 anos), I.A. (5 anos) e I.M (4 anos) aceitaram partir para a prática e produzir a 1ª edição do Jornalzinho CrieSaber. O roteiro para a gravação do telejornal foi levado pronto pela equipe, que considerou importante produzir um programa de conteúdo jornalístico e que tratasse de um assunto da atualidade, atendendo aos critérios de noticiabilidade explicados no início da oficina para as crianças e adolescentes. Diante disso, optou-se por apresentar no telejornal dicas de como se proteger do vírus H1N1, mais conhecido como a “Gripe Suína”, fato bastante noticiado à época pelos meios de comunicação e de grande importância para os meninos e meninas


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inseridos no contexto hospitalar, já que estavam mais suscetíveis a contrair o vírus (Ver roteiro e vídeo no Apêndice F).

I. A. mostra figura do vírus da Gripe Suína Foto: Cristiane Batista

Associar a teoria à prática foi um dos aspectos que decidimos priorizar durante as gravações. Enquanto demonstrávamos qual a melhor posição para segurar o microfone e a entonação correta para os textos, sempre nos referíamos aos jornais da realidade, fazendo com que os educandos associassem o que estavam fazendo aos programas transmitidos pela televisão real. Como em alguns momentos era necessário gravar o mesmo texto várias vezes, sempre nos remetíamos ao fato de que os repórteres dos programas de TV veiculados nos meios de comunicação também erram algumas vezes antes de obterem o produto final.

J.C. apresenta o Jornalzinho CrieSaber Foto: Cristiane Batista

I.M se diverte durante a gravação do programa Foto: Cristiane Batista


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Ao contrário do que aconteceu em outras oficinas, a exemplo das de Jornal Mural e Fanzine, nas quais as crianças e adolescentes puderam ver o resultado da sua participação ao final da confecção, na oficina de TV não foi possível apresentar o resultado do trabalho desenvolvido por elas, ou seja, o telejornal pronto. Isso se deu, obviamente, porque o processo de edição não poderia ser feito de maneira concomitante com a oficina, e também por conta da rotatividade das crianças e adolescentes no hospital – afinal, no sábado seguinte os educandos J.C., I.A e I.M. já teriam recebido alta e voltado pra casa.

Oficina 4. O olhar da criança através da fotografia

As fotografias são “resíduos que narram modos de ver e conceber o mundo, a partir dos cenários, poses, recortes. São, portanto, portadoras de sentidos. Falam, interrogam, informam, comunicam. A fotografia é um texto relacional” (DANTAS, online d). Com base no entendimento da fotografia enquanto instrumento passível de ser usado para a aquisição e a disseminação de novos conhecimentos, elaboramos uma oficina com o objetivo de abordar a comunicação através do olhar fotográfico. Para cumprir com este objetivo, decidimos, primeiramente, levar às crianças um breve histórico da arte de fotografar. Passeamos pelas diversas formas de captação de imagens que foram desenvolvidas no decorrer do tempo através da exposição dos aparelhos utilizados para tirar fotos, desde a invenção da técnica, no início do século XIX. A primeira fotografia oficial de que se tem notícia é de autoria do francês Joseph Niépce, e foi captada em meados de 1826. Niépce passou mais de trinta anos realizando experimentos fotográficos até conseguir obter uma imagem permanente. Esse processo, que levava cerca de oito horas para ser concluído, resultou no registro da mais antiga fotografia do mundo.


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Ao expor imagens dos diversos mecanismos já utilizados pelos fotógrafos desde a invenção da técnica – começando pelas enormes caixas pretas e seguindo até a captação de imagens por pequenos aparelhos celulares –, apresentamos às crianças a evolução desta atividade até a forma como a conhecemos hoje. Nenhuma das crianças revelou ter uma máquina fotográfica em casa, mas a maioria delas disse já ter fotografado através do celular de seus pais. Com isso, demonstra-se que a fotografia é algo bastante acessível a todos, o que determina a sua viabilidade de uso como forma de aprendizagem, podendo ser utilizada tanto no ambiente escolar como em qualquer outro local. Depois de relatar sobre o surgimento e sobre a evolução da arte de tirar fotos, apontamos alguns dos seus gêneros para que elas entendessem as diferentes percepções que se pode obter através da sua prática. Evidenciamos o seu uso para fins artísticos, publicitários, científicos, sociais, táticos etc., mas foi a sua utilização no jornalismo que exploramos com maior detalhamento. O fotojornalismo é praticado pelos veículos de comunicação da mídia impressa, bem como por aqueles que adotam a internet como suporte, e tem como princípio a capacidade de narrar os fatos e dar legitimidade aos acontecimentos relatados (Manual de fotografia, online e). Essa modalidade fotográfica deve seguir premissas éticas e funcionais que potencializam o seu uso enquanto ferramenta para a promoção da educação e da cidadania. Por isso, a importância da oficina estava não somente em levar a oportunidade do exercício do olhar fotográfico às onze crianças que participaram das atividades, mas principalmente em relacionar e fazer com elas entendessem a função da fotografia enquanto instrumento capaz de contextualizar devidamente a narrativa ou mesmo de narrar os fatos. Para que todos compreendessem a função informativa da fotografia, fizemos uma atividade simples, que os ajudou significativamente a entender o porquê de matérias publicadas na mídia impressa, por exemplo, utilizarem-se tanto desse recurso. Então,


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mostramos às crianças e adolescentes algumas fotografias publicadas no Jornal Contexto3 sem que disséssemos do que se tratavam as reportagens às quais elas estavam relacionadas. Apenas pela observação das imagens, os educandos foram questionados em relação às informações transmitidas por elas, decifrando assim o tema e as principais informações divulgadas em cada matéria. A ética e o compromisso com a verdade também foram bastante enfatizados por nós quando na realização de fotografias de teor informativo. Falamos sobre a importância de se registrar os fatos da forma como eles realmente aconteceram, como resultado de uma ação natural, sem manipulações. Alguns exemplos foram colocados para facilitar o entendimento das crianças e adolescentes em relação a isso. Durante a exposição, uma das integrantes do projeto disse não gostar de jogar futebol e nunca praticar o esporte. A partir disso, perguntamos às crianças sobre a validade de uma fotografia da mesma fazendo embaixadinhas com uma bola de futebol. Eles entenderam o questionamento e de pronto responderam que a foto não correspondia à realidade e que a sua legitimidade era duvidosa. Claro que se trata de um exemplo bastante simples, e outras coisas poderiam ter sido ponderadas para que se obtivesse a resposta para a questão, mas o que levamos em conta foi a adequação pedagógica no sentido de transmitir a informação ao universo dos meninos e meninas com os quais trabalhamos. Outra lição que não podíamos deixar de passar para eles é a de que as imagens não podem comprometer as pessoas fotografadas, destacando a importância do uso responsável da imagem. Esse conceito foi bastante útil durante o momento em que os participantes fizeram as suas próprias fotografias, pois eles teriam que ter cuidado para não registrar situações em que outras pessoas aparecessem de maneira inadequada. Por fim, reafirmamos a responsabilidade 3

O Contexto é o jornal laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Federal de Sergipe. A utilização do material se justifica pelo fato de este ser um jornal de cunho educativo, sem sensacionalismos ou conteúdos inapropriados para o público com que trabalhamos, bem como pelo fato de ter sido a nossa turma a responsável pela produção da edição apresentada na oficina (ano 7, n. 21-22, de junho/agosto 2009), sendo nós responsáveis também pela linha editorial do periódico em questão.


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do fotógrafo em relação às imagens feitas e divulgadas por ele ou pelos veículos de comunicação. Para isso, relatamos que a autoria das fotos deve ser sempre informada, a exemplo do jornal que tínhamos em mãos, cujas fotos identificavam o nome do autor.

I.B. recebe instruções de como usar a máquina fotográfica Foto: Cristiane Batista

R.P. opta por fotografar as plantas e o gramado Foto: Cristiane Batista

Após a apresentação e discussão de conceitos importantes referentes à fotografia e mais especificamente ao fotojornalismo, as crianças receberam instruções básicas sobre o uso da máquina fotográfica e, sob a orientação de duas das integrantes do projeto, saíram uma por uma a fotografar pelo hospital. Não fizemos restrições quanto ao tema das fotos captadas por eles, deixando-os à vontade para que pudessem exercitar livremente o olhar fotográfico, seguindo, no entanto, os princípios éticos pautados anteriormente (Ver fotos no Apêndice F).

E.S. escolheu retratar o trabalho da Equipe CrieSaber Foto: Cristiane Batista

Fotografia feita por E.S. durante a oficina

Todas as crianças e adolescentes que participaram da oficina mostraram muito entusiasmo no momento do passeio fotográfico. “Eu já tinha tirado fotos antes, e gostei muito


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de tirar fotos hoje. Foi uma experiência boa, diferente”, afirmou E.S. (11 anos), que estava no hospital havia cinco dias. R.P. viu na atividade uma ótima oportunidade para se distrair e aproveitar o tempo durante a internação: “Eu já tirei fotos outras vezes, mas gostei muito de tirar foto aqui no hospital também”, declarou o menino de 9 anos, que encontrava-se internado no hospital havia 10 dias. Em meio à realização das fotografias as crianças se sentiram livres para experimentar ângulos, perspectivas e recortes dos mais diversos. Toda a atividade foi desenvolvida sem a nossa interferência, sendo a única condição imposta a de que cada participante registrasse entre três e cinco fotos. A maioria preferiu realizar todo o trabalho na área externa do prédio onde o projeto CrieSaber é realizado. Apenas quatro educandos se dirigiram à Ala Pediátrica para capturar as imagens. Achamos interessante pedir às crianças que escrevessem pequenos textos para identificar suas fotografias. No entanto, isso não foi possível porque além de o passeio fotográfico ter levado mais tempo que o esperado, poucas eram as crianças e adolescentes que sabiam ler e escrever – dentre os oito educandos com idade entre seis e doze anos, apenas três eram alfabetizados. A oficina foi aprovada não só pelas crianças, mas também por alguns dos pais e mães que acompanharam as atividades. Edivânia Costa, mãe de um dos meninos que receberam as nossas orientações naquele sábado, acredita que esse tipo de iniciativa é algo muito positivo: “É bom porque eles estão doentinhos e isso incentiva muito eles, levanta mais o astral”.

Oficina 5. O jornal mural como instrumento de promoção dos direitos infanto-juvenis É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. Art. 4º do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)


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Os direitos da criança e do adolescente figuram em diversos documentos de validade nacional e internacional, como a Constituição Federal, a Declaração Universal dos Direitos Humanos4, a Convenção sobre os Direitos da Criança5 e, o mais recente, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)6. Porém, para que esses direitos sejam assegurados de forma efetiva, é preciso que todos façam a sua parte, inclusive a sociedade civil. Foi com essa intenção que a equipe CrieSaber decidiu dedicar uma oficina especial ao tema.

Cartaz sobre os direitos assegurados pelo ECA Foto: Cristiane Batista

Além de disseminar os direitos garantidos por lei entre os doze educandos, com idades entre dois e onze anos, que participaram da oficina do dia 29 de agosto, tínhamos a finalidade de multiplicá-los para todos os meninos e meninas que estavam ou que passariam pela Ala Pediátrica, além de suas famílias. Para que todos recebessem essas informações com facilidade, decidimos confeccionar um jornal mural que transmitisse o conteúdo de maneira sucinta e adaptada ao público-alvo. Iniciamos a oficina com uma explanação sobre os direitos da infância. Para saber sobre o nível de conhecimento deles acerca do assunto, fomentamos uma breve conversa

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Adotada e proclamada pela Assembléia Geral das Nações Unidas (resolução 217 A III) em 10 de dezembro 1948. Disponível em: http://www.mj.gov.br/sedh/ct/legis_intern/ddh_bib_inter_universal.htm. Acessado em nov. de 2009. 5 Considerada a Carta Magna para as crianças de todo o mundo, foi adotada e proclamada pela Assembléia Geral das Nações Unidas em 20 de novembro de 1989. No ano seguinte, o documento foi oficializado como lei internacional. Ratificado por 193 países, é o instrumento de direitos humanos mais aceito na história universal. Disponível em: <http://www.onu-brasil.org.br/doc_crianca.php>. Acessado em nov. de 2009.


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sobre o que cada um entendia por “Direitos da Criança e do Adolescente”. Praticamente todos os presentes ficaram silenciosos diante do questionamento, fato que revela o desconhecimento acerca dos seus próprios direitos. Após algumas dicas das integrantes do CrieSaber, os meninos e meninas começaram a arriscar alguns palpites como “direito a brincar” e “direito a estudar”. Neste momento, apresentamos a eles os direitos assegurados pelo ECA através do cartaz “Mais Brasil para Crianças e Adolescentes”, produzido por entidades que trabalham pela garantia dos direitos infanto-juvenis, e versamos sobre a importância de se ter direitos e de se exigir o seu cumprimento. Depois de serem informados sobre os seus direitos, os meninos e meninas foram apresentados ao jornal mural como um instrumento de comunicação capaz de dar visibilidade e multiplicar o que aprenderam entre todos os que frequentam o ambiente hospitalar. Para que as crianças e adolescentes tivessem um melhor entendimento desse produto de comunicação, também foi exposta um pouco da sua história e das suas características. A principal referência que se tem sobre a criação e concepção do jornal mural como ferramenta educativa é o educador francês Celestin Freinet (1896-1966), cujo método pedagógico tinha como base a experiência de vida dos educandos. Com raízes no movimento da Escola Ativa7, ele prezava por uma educação através da qual a própria criança pudesse desenvolver seu julgamento e criatividade, construindo assim a sua autonomia. Ágil e breve, o jornal mural ocupa um espaço privilegiado entre os veículos de comunicação. Suas mensagens são sucintas, dirigidas a um público selecionado. Sempre afixado em locais estratégicos, atinge de forma eficaz o público a quem se destina. Comumente, não é necessário mais que um exemplar do jornal para alcançar seu objetivo, ou alguns poucos exemplares, sendo seu custo/benefício compensador por seu alcance, praticidade e economia (Blog Mídiautoral, online f).

Antes de ir à prática, os educandos receberam orientações sobre o aspecto visual do jornal (ilustrações, cores e fontes). Explicamos que as fontes, por exemplo, devem ser grandes 7

A proposta da Escola Ativa é estruturada levando em conta estratégias vivenciais que objetivam a aprendizagem a participação através do estimulo a hábitos de colaboração, companheirismo, solidariedade, participação na gestão da escola pelos alunos e melhoria da atuação dos professores em sala. Fonte: Wikipédia.


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para que o texto seja lido com facilidade a uma distância de, em média, 50 centímetros. Já o conteúdo, deve ser objetivo e de leitura rápida, e os textos e imagens devem ser dispostos de forma harmoniosa. Também versamos sobre a importância dos espaços em branco para dar leveza ao mural; a escolha do local em que ele deve ser exposto; e a necessidade de se conhecer as características do público, bem como a linguagem a ser utilizada nesse produto de comunicação. Optamos pela confecção de um jornal mural simples, que atingisse o objetivo de oferecer informações relevantes sem a exigência de textos bem elaborados. A produção deveria respeitar os limites dos educandos no que diz respeito ao domínio da leitura e escrita, como também à debilitação física. Por isso, selecionamos ilustrações e frases objetivas que apresentavam os direitos da criança e do adolescente de forma simples e acessível a todos os que veriam o jornal mural. A produção, que contou com a participação de alguns educandos, teve início com a escolha e pintura dos desenhos, que vinham acompanhados de frases que falavam sobre os direitos das crianças e adolescentes. Cada um escolheu um “direito” para colorir. Com os desenhos prontos, os meninos e meninas se dividiram para recortar e colar as figuras no mural. Nesse momento, a equipe CrieSaber teve que ajudá-los por conta das limitações de cada um.

Educandos confeccionam jornal mural e apreciam o trabalho pronto Fotos: Cristiane Batista

Com o jornal mural pronto, é chegada a hora de escolher onde colocá-lo. Reforçamos que ele deveria ser afixado em local de grande fluxo de pessoas, a exemplo de paredes e


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quadros de aviso, de modo que estivesse visível a todos. Os educandos escolheram o quadro de avisos do corredor da pediatria para colar o jornal mural. Foi possível perceber que a atividade fomentou o trabalho em equipe através da cooperação entre os meninos e meninas, além de ter reforçado a ligação com os pais, funcionários e as outras crianças do hospital, já que o produto de comunicação ficaria exposto para todos. A experiência também fortaleceu a autoestima dos educandos. Para o menino E.H. (10 anos), internado no hospital havia apenas um dia, a atividade foi muito boa. Apesar de não saber ler, ele foi um dos mais assíduos durante a oficina. No seu quinto dia de internação, J.S. (11 anos), também contou que a atividade foi “legal”. Questionada sobre o que mais gostou, ela disse: “dos desenhos”. T.G. (7 anos), internada havia quatro dias, também gostou muito das atividades. Ela ainda não sabia ler e afirmou ter gostado muito de desenhar.

Educando colore desenho ao final da oficina Foto: Cristiane Batista

J.S lê revista direcionada ao publico infanto-juvenil Foto: Cristiane Batista

Além do entusiasmo dos participantes por terem confeccionado um produto de comunicação que seria visto por todos que estavam no hospital, a oficina também atraiu a atenção de alguns acompanhantes. Ao final das atividades, a aposentada Maria Augusta dos Santos, avó da menina T.G, aproveitou para elogiar a iniciativa. “Gostei da atividade de vocês porque eles estão internados, e a coisa mais triste é a solidão. Tudo isso que vocês fazem anima e distrai as crianças, e a família se sente feliz por isso. Eu achei maravilhoso”, disse.


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Glaucia Suzane dos Santos, mãe do menino S.X. (5 anos), que estava no hospital havia um dia, também aproveitou a oportunidade para manifestar sua avaliação sobre a oficina. Ela contou que a atividade foi muito importante porque ensinou várias coisas diferentes às crianças. José Roberto Santos, pai de R.S. (2 anos), internado havia dois dias, também se mostrou muito satisfeito com a tarde de atividades. “Hoje eu gostei de tudo. Principalmente porque as crianças que estavam tristes puderam brincar e ficar alegres. A atividade trouxe esse sorriso maravilhoso para elas”.

Oficina 6. O fanzine como ferramenta para a conscientização ambiental

A primeira ideia que se tem ao folhear um fanzine é que qualquer pessoa pode criar o seu, bastando para isso ter interesse e disposição. Henrique Magalhães

A Educomunicação pode ser aplicada de maneira transversal a diversos temas de relevância social, com o objetivo de reforçar "valores educativos" que promovam a formação de crianças e adolescentes aptos a exercer seu papel como cidadão global (SOARES, 1999, p. 59). Tendo em vista o potencial da ação educomunicativa para a sensibilização de meninos e meninas sobre questões importantes para o desenvolvimento sustentável da sociedade contemporânea, a oficina do dia 12 de setembro utilizou a confecção de uma revista alternativa e de baixo custo – o fanzine –, como ferramenta para a promoção da conscientização ambiental. Cada vez mais em pauta, as problemáticas relacionadas ao meio ambiente têm protagonizado discussões a nível mundial entre autoridades, sociedade civil e organizações não governamentais (ONGs), e está inserida em diversos documentos que visam à promoção


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da sustentabilidade das nações. Um deles é a Agenda 218, que firma um compromisso para mudanças no padrão de desenvolvimento sustentável a partir de um processo de planejamento participativo entre diversos atores sociais a fim de analisar a situação atual de cada país através da discussão e planejamento de ações sustentáveis. De acordo com a União das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), a solução para um futuro mais sustentável em termos da integridade ambiental, da viabilidade econômica, e de uma sociedade justa para a geração atual e para as que virão, depende diretamente da integração dos princípios, valores e práticas do desenvolvimento sustentável em todos os aspectos da educação e da aprendizagem. Dentre os objetivos desta educação ambiental proposta pela Unesco está a conscientização e a sensibilização para os problemas ambientais e a aquisição de conhecimentos, valores e atitudes voltados à melhoria do meio ambiente. Nesse sentido, as atividades da oficina “O fanzine como ferramenta para a conscientização ambiental” tiveram como objetivo transformar as quatorze crianças e adolescentes inseridas no contexto hospitalar infantil em produtores e multiplicadores de conhecimentos acerca da preservação do meio ambiente. Além disso, visou-se também a transmitir para os educandos as técnicas necessárias para que eles possam ver a si mesmos como agentes de transformação social com poder de intervenção em suas realidades através da produção de uma ferramenta alternativa e eficiente de comunicação. A escolha do fanzine, fruto da junção das palavras fan (aficcionado) e zine (revista), para trabalhar a temática ambiental foi devido principalmente: à sua flexibilidade para abordar variados temas; ao seu formato simples e fácil de produzir; ao baixo custo; à praticidade; à linguagem acessível; ao seu visual leve; e à sua estética criativa. Papel, caneta, cola, alguns 8

A Agenda 21 foi um dos principais resultados da conferência Eco-92, ocorrida no Rio de Janeiro em 1992. É um documento que estabeleceu a importância de cada país a se comprometer a refletir, global e localmente, sobre a forma pela qual governos, empresas, organizações não-governamentais e todos os setores da sociedade poderiam cooperar no estudo de soluções para os problemas socioambientais. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Agenda_21>.


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recortes, criatividade e vontade são o suficiente para confeccionar um fanzine. Criada na década de 209, com a publicação de histórias de ficção científica, a revistinha alternativa ganhou repercussão a partir da década de 50, com os festivais de rock. Na época, os fãs produziam fanzines para a troca de informações sobre seus ídolos. Com o tempo, as revistinhas

transformaram-se

em

publicação

de

imprensa

alternativa,

produzida

artesanalmente, quase sempre por jovens. Hoje, a publicação de apaixonados por um assunto específico aparece como proposta de comunicação na escola, nos grêmios estudantis, na comunidade, nos movimentos culturais e em diversas organizações da sociedade civil. No contexto escolar ou na comunidade, esta ferramenta alternativa visa a promover e a garantir um espaço de comunicação aos adolescentes, jovens e adultos, além de contribuir, por meio de informações, com sua formação, autoestima e senso crítico, a fim de promover o exercício da cidadania e do protagonismo juvenil. Dentro desses espaços, os fanzines têm um papel social muito importante no sentido de conscientizar e sensibilizar aqueles que produzem as informações, os próprios jovens. As atividades da oficina de fanzine tiveram início com a explanação sobre o surgimento do 1ª jornal no Brasil, a Gazeta do Rio de Janeiro, que circulou pela primeira vez em 10 de setembro de 1808. Logo após, as crianças e adolescentes da Ala Pediátrica puderam fazer um comparativo, através de imagens, do primeiro periódico impresso do Brasil com os jornais que circulam atualmente. Na oportunidade, dois jornais impressos foram apresentados: o Contexto, jornal laboratório confeccionado pelos alunos do Curso de Jornalismo da Universidade Federal de Sergipe (UFS) e o Cinform, periódico semanal sergipano. Através da exposição dos dois exemplares, os meninos e meninas também aprenderam sobre os tipos e formatos de jornais – standart (Cinform), e tablóide (Contexto). 9

O primeiro fanzine, Amazing Stories, foi lançado em 1926 por Hugo Gernsback, com publicações de histórias inéditas de ficção científica. (Manual do Fanzine. Agência Uga-Uga de Comunicação. Amazonas, 2002)


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Apresentação dos jornais impressos às crianças e adolescentes Foto: Cristiane Batista

Após a familiarização dos educandos com a mídia impressa, eles foram apresentados às peculiaridades do processo de produção das notícias. De forma legível ao público infantojuvenil, a equipe CrieSaber versou sobre os critérios de noticiabilidade (novidade, proximidade, relevância, amplitude, clareza, surpresa); a pauta; a entrevista; como começar a escrever uma notícia (o lead); a edição; e sobre os tipos de fontes (oficiais, não oficiais e documentais). Íntimos com a linguagem impressa, os educandos conheceram a história e as características da mídia alternativa, com enfoque para o fanzine, além das técnicas utilizadas na sua produção. Na ocasião, alguns fanzines foram distribuídos para que eles se familiarizassem com o tipo de publicação. A sensibilização dos participantes em relação à conscientização ambiental se deu a partir da explanação sobre a necessidade de cada um fazer a sua parte para a preservação do meio ambiente através de pequenas atitudes cotidianas – dentro de casa, na escola e na comunidade –, com o intuito de fazê-los (re)conhecer atitudes corretas e errôneas em seu diaa-dia.


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Equipe versa sobre as boas práticas para cuidar do meio ambiente Foto: Cristiane Batista

Educandos assistem a vídeo educativo Foto: Christiane Matos

Em seguida, foi exibido o vídeo educativo “O caso dos servidores públicos que ouviam vozes”, produzido pela Comissão Gestora da Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P)10, do Ministério do Meio Ambiente. De maneira divertida, a produção audiovisual chama a atenção para o uso racional da água, da energia, de copos descartáveis, do papel e, ainda, para a importância da separação do lixo. O objetivo da mostra foi estimular a reflexão dos educandos sobre possíveis aspectos ambientais negativos decorrentes de suas ações, além da adoção de novos métodos de consumo diário que incluam critérios ambientais. A parte prática da oficina, a confecção do fanzine, não contou com a participação de todos. Alguns deles, os mais novos e não alfabetizados, foram orientados a desenvolver outras atividades pedagógicas e recreativas, e outros se dissiparam para tomar o lanche da tarde ou a medicação. A produção da 1ª edição do Fanzine CrieSaber contou com a presença de quatro jovens: E.G. (12 anos), T.M. (12 anos), A.S. (12 anos) e B. (idade não declarada). O contato com o meio de comunicação tratado foi uma novidade para todos, com excessão da estudante E.G, que já havia tido a oportunidade de produzir conteúdos impressos na escola onde estuda através de fanzines e também de jornais murais. Durante a confecção da revistinha alternativa, a adolescente mostrou habilidade com o produto de comunicação. 10

A A3P é um programa do Ministério do Meio Ambiente que visa estimular a inserção da dimensão ambiental na gestão pública dos órgãos governamentais para estimular a reflexão sobre possíveis aspectos ambientais negativos decorrentes de suas ações e buscar a adoção de novos métodos, que incluam critérios ambientais. O vídeo está disponível em: http://www.mma.gov.br/a3p.


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E.G já teve a oportunidade de produzir conteúdos impressos na escola onde estuda Foto: Cristiane Batista

Crianças e adolescentes dividem as tarefas para a confecção do fanzine CrieSaber Foto: Christiane Matos

Para facilitar a confecção do fanzine, decidimos levar um tema pronto: Meio Ambiente. Como todo o processo seria desenvolvido num único encontro, todos os materiais necessários, a exemplo dos textos, imagens e letras de músicas, estavam em uma caixinha, de onde os meninos e meninas elencariam, de acordo com os seus “critérios de noticiabilidade”, o que iriam informar ao seu público-alvo, ou seja, as outras crianças internadas na Ala Pediátrica. A produção se baseou em informações cotidianas das crianças inseridas no ambiente hospitalar infantil, pois os encontros são semanais, e o tempo de internação das crianças e adolescentes não permitia uma atividade continuada, com a realização de entrevistas e a produção de textos mais elaborados.

O resultado: fanzine CrieSaber Foto: Cristiane Batista


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Para começar, nos reunimos e provocamos a reflexão sobre o que os educandos desejariam dizer para os seus leitores, os temas que eles queriam abordar, o formato da publicação e a quantidade de páginas que ela teria. Logo depois, dividimos as tarefas de acordo com as habilidades e limitações de cada um. Alguns tinham agilidade com a escrita, outros com as ilustrações. Já os que não podiam utilizar as mãos ou não sabiam escrever, contribuíam com as ideias; e aqueles que sabiam escrever e podiam utilizar as mãos, contribuíam com os textos, recortes e colagens. E assim, aos poucos, o Fanzine CrieSaber foi ganhando a forma que os educandos idealizaram. O resultado foi uma publicação simples, dinâmica e acessível às crianças da Ala Pediátrica (Ver fanzine no Apêndice F). A equipe CrieSaber achou conveniente não editar o conteúdo a fim de que o resultado fosse autêntico e tivesse a “cara” das crianças. Como a diagramação do fanzine pode ser um pouco mais “ousada” que a dos jornais e revistas, os meninos decidiram misturar fontes, imagens e utilizar espaços de maneira alternativa. Também foram utilizados recortes de periódicos para a confecção dos nomes dos participantes da oficina, além de imagens da internet, de jornais e de revistas. Empolgada com a atividade, a adolescente T.M. (12 anos) conta que a oficina foi muito importante para que ela e os seus colegas aprendessem a preservar o meio ambiente. “Outra coisa que eu gostei muito de fazer foi o fanzine. Ele é muito interessante porque é fácil de fazer e ensina à gente uma maneira fácil de informar. Eu estou pensando até em pedir à professora pra fazer um na escola que eu estudo”, diz. Confeccionar um produto de comunicação impresso no ambiente hospitalar não é tarefa fácil, pois as crianças inseridas neste local têm diversas limitações que devem ser respeitadas. Mesmo assim, foi possível perceber que, durante a atividade, além da conscientização acerca da preservação do meio ambiente e da aprendizagem e domínio das técnicas de confecção de um fanzine, as crianças e adolescentes passaram a valorizar uma


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atividade voltada para a formação cidadã, a exemplo do trabalho em equipe – respeitando as diferenças do outro e valorizando o erro como parte do processo de aprendizagem. Na avaliação de José Menezes, pai de M. C. (7 anos), as atividades da oficina foram muito importantes porque tranquilizaram as crianças. “Essas atividades trazem alegria, lazer, e é um momento do dia que faz com que elas se esqueçam da dor que sentem, da solidão e do sofrimento que é estar num hospital”, revela.

Oficina 7. Desconstrução e Análise do desenho animado Bob Esponja

O papel da televisão enquanto principal meio de comunicação coletiva reflete um grande paradoxo social apontado por Dominique Wolton (2003, p. 61), pois ao mesmo tempo em que ela tem como ponto forte o seu sucesso popular, carrega também como ponto fraco a falta de legitimidade junto às elites culturais. Ainda que exista uma enorme insatisfação quanto à sua programação, a TV é um poderoso instrumento utilizado por todos para distração e para uma melhor compreensão do mundo. Isso não deve ser ignorado pelos educadores, que devem “considerar a televisão uma oportunidade para a cultura de massa” e não “uma máquina a influenciar as mentes e a ‘baixar o nível cultural’”, como defendem os mais pessimistas. A influência da TV é um constante objeto de discussão tanto no meio acadêmico como na sociedade em geral. No que se refere à educação infantil, existe uma grande preocupação em torno do que é apreendido pelas crianças enquanto receptoras de conteúdos televisionados. Tendo em vista essa inquietação há muito discutida entre pais, professores e especialistas, surgiram novas abordagens de pesquisa centradas tanto nos efeitos cognitivos e emocionais da mídia como nas possibilidades técnicas e educacionais que podem ser levadas às crianças através da televisão (GAITAN, 1996, p. 48-49).


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Esses novos estudos propõem a aliança entre o universo midiático e os parâmetros educacionais em prol da construção do pensamento crítico e do fortalecimento da cidadania, eliminando assim a relação de manipulação da TV diante de uma audiência passiva e construindo um perfil de espectador ativo, capaz de reconhecer dentre as informações recebidas tudo o que pode ou não contribuir para o seu enriquecimento cultural. Educar para os meios de comunicação é uma das perspectivas de abordagem da Educomunicação, segundo a qual deve-se ter como foco os processos de recepção das mensagens. Em entrevista concedida à Comunicação e Educação11, o Professor Doutor Guillermo Orozco Gómez, renomado pesquisador no campo dos processos de recepção dos meios de comunicação e da inter-relação comunicação/educação, defende estar no receptor a definição do termo ‘educativo’ e acredita que este esteja relacionado a qualquer coisa de onde se possam extrair significados, considerando o conteúdo televisivo – independente se educativo ou comercial –, um dos principais meios de aprendizagem. Muitos [professores] creem que o educativo é somente o que se ensina, o que todos dizem que vale a pena ser ensinado às novas gerações. Acreditam que somente o instrutivo é educativo, sentem-se em competição com a televisão, porque a televisão não tem pretensão de ensinar e, apesar disso, está ensinando coisas boas e ruins também. As crianças, muitas vezes, aprendem mais com a televisão do que com os próprios métodos da escola (OROZCO in FÍGARO, 1998, p. 83).

Ao centrar-nos nos conteúdos televisivos infantis, elaboramos uma oficina capaz de possibilitar às doze crianças que participaram de suas atividades uma reflexão crítica acerca do que elas aprendem a partir de conteúdos transmitidos pela TV. Para tanto, optamos pela utilização de um dos episódios da série de desenhos animados Bob Esponja como objeto de análise e de discussão entre todos os participantes da oficina (Ver Anexo 2).

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Revista do Curso Gestão de Processos Comunicacionais, do Departamento de Comunicações e Artes da ECAUSP. Integrante da Rede Ibero-Americana de Revistas de Comunicação e Cultura. Indexada no PORTCOM/Portdata (Brasil), Portal Infoamerica (Espanha) e Rebeca (ECA/USP).


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Num primeiro momento, apresentamos aos participantes figuras em papel dos personagens que compõem o desenho para que pudéssemos verificar o grau de familiaridade que eles tinham com o mesmo. Notamos um rápido reconhecimento dos personagens entre as crianças, e embora poucas soubessem dizer os seus nomes e características, praticamente todas demonstraram conhecê-los. Logo

após

a

identificação

dos

personagens,

o

episódio

intitulado

“Sofri um acidente” foi apresentado sem interrupção para que pudéssemos observar a maneira como os participantes se comportariam diante da exibição do desenho. Verificamos que a maioria aceitou cada uma das ações transmitidas sem que houvesse reações diante da narrativa. Quase a totalidade das crianças adotou uma postura apática durante o decorrer do programa e pareceram mostrar pouco interesse diante do que lhes foi exposto, ainda que permanecessem concentradas, acompanhando cada uma das cenas.

Apresentação dos personagens às crianças Foto: Tarcila Olanda

Exibição do desenho ‘Bob Esponja’ Foto: Cristiane Batista

A escolha do desenho foi determinada pelo grau de familiaridade que acreditamos terem as crianças em relação ao desenho animado infantil Bob Esponja, pois o mesmo é exibido todas as manhãs (exceto aos domingos) pelo programa infantil da Rede Globo, TV Globinho. O Bob Esponja foi criado pelo ex-professor de Biologia Marinha Stephen Hillenburg, em 1998, e é uma produção do canal norte-americano Nickelodeon. À exceção da


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personagem Sandy (uma esquila), todos são animais aquáticos e se relacionam em torno do personagem que dá nome ao desenho, uma esponja do mar. O episódio apresentado na oficina é composto ainda por Patrick, estrela do mar que figura como melhor amigo do personagem central, e o Lula Molusco, o sempre mal-humorado colega de trabalho e vizinho de Bob Esponja. A razão pela qual selecionamos o episódio exibido está relacionada ao contexto em que se encontram as crianças para quem o projeto é voltado. “Sofri um acidente” narra o dia em que Bob Esponja se acidenta ao se distrair durante a prática de um esporte arriscado, o sandboarding. Após passar por um “processo cirúrgico” demorado, Bob Esponja é aconselhado pelo médico a tomar mais cuidado e a ser mais cauteloso para evitar outros acidentes de tamanha gravidade. O conselho gera um sentimento de insegurança no personagem, que opta por passar o resto dos seus dias em casa para que assim ele esteja sempre livre dos perigos da vida lá fora. Diante da decisão tomada por ele, Sandy e Patrick resolvem tentar de tudo para encorajar o amigo a sair de casa e ver o quanto a vida pode ser divertida. As crianças permaneceram atentas durante a exibição integral do desenho animado, e embora tenha havido dificuldades para que todos pudessem acompanhar a apresentação do vídeo devido à inapropriação do equipamento utilizado para a sua transmissão, a maioria das crianças assistiu ao desenho até o final. O uso do notebook, único recurso ao qual pudemos recorrer, impossibilitou o alcance da imagem e do áudio por todos os presentes, que acabaram por se dispersar um pouco, principalmente os pais que haviam decidido acompanhar as atividades. Após a exibição integral do episódio, nós o reapresentamos, dessa vez, realizando diversas pausas entre as cenas para que as crianças pudessem refletir sobre questionamentos propostos por nós em relação às coisas boas e ruins que se pode aprender ao assistir a um


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desenho animado, a exemplo do apresentado. Para o desenvolvimento da atividade, utilizamos como foco de discussão e análise os diálogos e as relações de amizade entre os personagens. Propomos uma reflexão sobre a forma como eles se tratam, e nos referimos, por exemplo, ao fato de eles demonstrarem carinho e preocupação um pelo outro e, ao mesmo tempo, se chamarem de “idiotas” ou usarem da violência ou da mentira entre eles.

Crianças e acompanhantes assistem ao desenho ‘Bob Esponja’ sob a análise da Equipe CrieSaber Foto: Cristiane Batista

Em meio às pausas, as crianças eram levadas a refletir e a falar sobre a forma como os personagens se relacionavam e se dirigiam um ou outro. Com isso, elas foram estimuladas a desenvolver o senso crítico e se tornaram mais aptas a discutir a produção midiática (não só no que diz respeito a desenhos animados, como a quaisquer outros programas) entre elas mesmas. “O vídeo e a discussão ajudaram a ver que os desenhos tem um lado bom e um lado ruim, e que muitas vezes eles podem ensinar coisas erradas para as crianças”, T.S. (de 9 anos), no seu quarto dia de internação por motivo de uma cirurgia de apendicite. Como resultado das percepções e reflexões construídas pelas crianças durante a análise do desenho animado, foi confeccionado um jornal mural para que fosse possível repartir os conhecimentos adquiridos durante a oficina entre outras crianças e todos os que têm acesso ao corredor da Ala Pediátrica. O material teve como finalidade expor de forma objetiva e direta os principais aspetos positivos e negativos identificados, sem que fossem atribuídos juízos de valor ao nosso objeto de estudo, ou seja, em nenhum momento


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questionamos se o desenho em si é bom ou prejudicial para a educação das crianças, simplesmente o utilizamos como meio para aquisição de novos conhecimentos e para a formação crítica daqueles que analisaram o episódio. O importante é ter em vista que independentemente do que é mostrado nos desenhos – ou em qualquer programa a que as crianças tenham acesso – elas aprendem com eles, e isso não pode ser ignorado. Apesar de dez das doze crianças que participaram da oficina terem de seis a doze anos de idade – dentre as quais apenas duas não frequentavam a escola –, somente duas meninas demonstraram interesse em confeccionar o mural informativo sobre as percepções adquiridas em relação aos aspectos positivos e negativos do desenho do Bob Esponja. Dessa maneira, as crianças aprenderam não só a analisar criticamente os conteúdos produzidos pela televisão, mas também a multiplicar conhecimentos através da confecção de materiais informativos, neste caso, de um jornal mural. “Eu não sabia como fazer um jornal mural. Gostei sim de aprender a fazer. Quero ver se dá pra fazer um com os meus colegas na escola”, diz T.S..

Crianças confeccionam jornal mural Foto: Cristiane Batista

Jornal mural exposto no corredor da Ala Pediátrica Foto: Tarcila Olanda

Enquanto aspectos positivos referentes ao que aprenderam com o episódio do desenho animado analisado, as crianças listaram os seguintes pontos: brincadeiras entre amigos; valor da amizade verdadeira; e princípios como o amor, o carinho e a solidariedade. Já quanto aos


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aspectos negativos, foram observados: brincadeiras de risco; o uso da mentira entre amigos; e cenas de maus-tratos. A oficina buscou reafirmar o pensamento traçado por Wolton (Op. cit., p. 62-63) em relação à atitude que devemos ter diante da televisão e do seu papel de “facilitar o acesso à cultura sem deixar de ser um entretenimento”. Não se pode ignorar o seu caráter espetacular e muito menos esperar que a mesma seja “uma escola com imagens”, sendo a criação de espaços para debates e reflexões sobre os conteúdos produzidos pela televisão uma das saídas para aliar as potencialidades da TV ao fomento da educação.

Oficina 8. Produção do Jornal CrieSaber (Edição 2)

Grande parte das crianças e dos adolescentes brasileiros tem a televisão como principal fonte de informação e entretenimento. Então, podemos considerar que esse meio de comunicação é parte integrante do cotidiano do público infanto-juvenil e que, enquanto telespectadores assíduos, frequentam uma “escola paralela, onde o mundo mágico das imagens em movimento – com sons fantásticos, cores vibrantes, emoções e aventuras – pode ser mais do que simples divertimento” (PACHECO, 2000, p. 114). Em frente ao aparelho de TV, assistindo a um programa voltado para a diversão, o telespectador infantil absorve o conhecimento proporcionado por esse conteúdo, sofrendo interferências no seu processo de desenvolvimento. Tendo em vista esse impacto causado pela televisão, realizamos no dia 26 de setembro uma oficina com a intenção de despertar nos treze educandos, com idade entre um e doze anos, uma reflexão acerca da qualidade do conhecimento oferecido por esse veículo de comunicação a crianças e adolescentes. Além disso, buscamos estimular os meninos e meninas a produzir conhecimento a partir do seu próprio cotidiano.


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Para alcançar esses objetivos, entendemos que primeiro seria preciso familiarizar os educandos com a história desse meio de comunicação tão presente em suas vidas e colocá-los em contato com os aspectos que compõem a TV. Por trás da moldura colorida de uma televisão de cartolina e segurando um microfone de brinquedo, uma das integrantes da equipe CrieSaber explanou sobre o surgimento da televisão e a primeira transmissão em cores e ao vivo, além de mostrar, através de fotografias, a evolução dos aparelhos de TV. Ainda como se estivessem assistindo a um programa, as crianças e adolescentes acompanharam atentamente as explicações relacionadas ao conteúdo e às técnicas de produção televisiva, a linguagem e postura mais adequadas para utilizar nesse meio audiovisual e sobre a necessidade de se usar frases curtas e diretas, que sejam acessíveis ao público.

Educandos conhecem a história da TV e aprendem técnicas de produção televisiva Fotos: Cristiane Batista e Mayra Oliveira

Em seguida, discutimos sobre o forte vínculo que existe entre a população infantojuvenil e a televisão, além de como lidar com essa relação. Na ocasião, abrimos espaço para que os educandos dissessem o que gostam de assistir na TV como forma de provocar uma reflexão acerca dos conteúdos transmitidos pelos programas apontados por eles. O esforço em discutir a temática foi interessante porque aproveitamos para conversar sobre a possibilidade de as próprias crianças e adolescentes produzirem o conteúdo a ser discutido na escola e em outros lugares que frequentam. No seu primeiro dia no hospital, T.C (8 anos) diz que não costuma discutir sobre o que vê nas telinhas. “Minha professora nunca tinha falado sobre


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televisão pra mim. Eu sempre assisto televisão com meu pai, minha mãe e minha irmã. Mas não conversamos, só assistimos”. Dessa forma, buscamos ainda mostrar para os meninos e meninas que é possível produzir conhecimento a partir das próprias preferências, associando os temas que eles mais gostam de conversar à realidade da qual fazem parte. Já que nem sempre é possível fazer essa contextualização a partir dos temas propostos pela televisão, (...) essas informações chegam aos receptores de forma aleatória, o que dificulta sua seleção, sua análise e sua inserção em um contexto mais amplo e acaba por naturalizar os acontecimentos, ou seja, apagar as origens das informações (Cartilha, online b).

Como alternativa para tornar possível o acesso a informações mais próximas da realidade de crianças e adolescentes, apontamos a “apropriação criativa” dos meios de comunicação, que pode ser colocada em prática através do uso diferenciado do jornal impresso, do rádio e da TV. No caso específico da televisão, essa apropriação pode se dar através da criação de vídeos a partir de temas escolhidos pelos educandos. Esse seria um meio interessante para divulgar e discutir assuntos de interesse da população infanto-juvenil e abordar temas que envolvem a escola, a exemplo da produção de um vídeo para divulgar um evento ou para fazer reivindicações da comunidade estudantil (Cartilha, online b). Depois de terem aprendido sobre a importância de produzir o próprio conhecimento e a forma adequada de aplicar as técnicas de produção de um programa televisivo, os meninos e meninas foram convidados a participar da produção do Jornalzinho CrieSaber – Edição 2. Apenas os educandos T.C. (8 anos) e D.S. (12 anos), mostraram interesse em produzir o telejornal, cujo objetivo foi transmitir dicas de alimentação, esporte e higiene, necessárias para ser uma criança saudável e feliz. Enquanto o programa era produzido, os outros educandos se distraiam ao desenhar e colorir em folhas de papel, uma oportunidade para que eles materializassem seus desejos e exercitassem a imaginação.


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Apesar de termos discutido a importância de as crianças e adolescentes escolherem o tema que mais lhes interessa para a confecção de um material de comunicação, levamos o tema e o roteiro do programa de TV prontos devido ao pouco tempo disponível para realização da oficina. A produção do vídeo foi bastante proveitosa porque as crianças e adolescentes foram orientados a adotar hábitos saudáveis no dia a dia (Ver roteiro e vídeo no Apêndice F). “Aprendemos que uma criança saudável toma banho e escova os dentes”, disse D.S. Além disso, acompanhamos a gravação dos educandos fazendo comparativos com a realidade da produção televisiva nos veículos de comunicação. Eles se divertiram muito e gostaram de saber o que acontece atrás das câmeras.

Oficina 9. A contação de histórias e seu poder de comunicar e de formar cidadãos Subtema: Dia Mundial dos Animais (04 de outubro)

Conforme registra Regatieri (2008, p. 35), “ouvir e contar histórias compete hoje com os meios de comunicação de massa, indústria que alimenta a ansiedade da atualidade, do ter e não do ser”. Através da televisão, da internet, de video-games e de outros suportes tecnológicos, as crianças experimentam uma realidade cada vez menos vivenciada e mais apreendida. O resgate por atividades lúdicas, como a contação de histórias, algo bastante representativo da infância de tempos passados, é uma excelente oportunidade para que meninos e meninas possam viver, entre outras coisas, a construção do seu próprio conhecimento. “Ao ouvirmos um conto fazemos nosso próprio filme, criamos nossas próprias imagens, construímos, alicerçados em nossa experiência de vida, os cenários, as personagens e o ritmo dos acontecimentos” (SOUZA, 2004, p. 3).


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A partir dessa premissa, buscamos elaborar uma oficina que unisse a técnica de contação de histórias e a maneira como as crianças conhecem o mundo a partir da televisão, levando-se em conta a grande participação dos programas de TV, principalmente dos desenhos animados, na vida delas. A construção da oficina também tomou como referência o Dia Mundial dos Animais – celebrado no dia 4 de outubro –, e para tanto, determinamos que a atividade de contação de história seria desenvolvida a partir de uma fábula (contos infantis que têm animais como personagens e que buscam sempre passar uma lição de moral). Também tentamos fazer uma relação entre o conhecimento adquirido no primeiro momento da oficina e a forma como alguns animais são apresentados na televisão. A oralidade sempre foi um dos elementos mais importantes da comunicação, “ouvir uma história, contá-la e recontá-la durante muitos anos foi a maneira de preservar os valores e a coesão da sociedade” (Op. Cit.). Neste caso, portanto, é incontestável o valor da contação de histórias enquanto mecanismo de reforço social e de aprendizagem, papel também desempenhado pelas reportagens jornalísticas, que se baseiam no ato de relatar um fato de suposta relevância para a sociedade como forma de reafirmar os valores sociais e estabelecer novos conhecimentos. No caso específico da fábula, além do estímulo à imaginação e ao conhecimento inerente às histórias infantis, a mesma cede espaço ainda para questionamentos e reflexões – característica que nem sempre está presente nas matérias veiculadas pela mídiade maneira geral.

Livro de história utilizado na oficina

Momento da contação da fábula Foto: Cristiane Batista


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“Revolução no Formigueiro”, de Nye Ribeiro, narra a história de Sofia, uma formiguinha inquieta que tem sede por conhecimento e por novas descobertas (Ver Anexo 3). Ela, uma formiga-operária, não aceita que a vida seja um mero cumprimento de regras e contesta a pertiência das mesmas, pois acredita que as coisas precisam ser mais flexíveis e menos determinadas. Ao se relacionar com outros insetos e animais da floresta, Sofia descobre como é a vida fora do formigueiro e se enche de coragem para convencer as demais formigas, inclusive a rainha, de que é preciso sair da rotina de vez em quando e explorar diferentes realidades, tanto como forma de entretenimento como para aquisição de novos saberes. Durante o transcorrer da narrativa, as dez crianças e adolescentes que participaram da oficina, dentre as quais apenas três tinham idade inferior a seis anos, iam sendo postas a refletir sobre a situação da formiga Sofia. Apesar da dispersão e da pouca interação por parte de praticamente todos os integrantes, a contadora da história buscou estimular a participação deles e solicitava, a todo momento, que eles opinassem quanto às atitudes da formiguinha. Todos os participantes estavam na Ala Pediátrica havia no mínimo uma semana – alguns deles já levavam mais de um mês internados –, e assim como Sofia, tiveram que se adaptar às regras do hospital; por isso, consideramos interessante levá-los a refletir sobre o mundo fora dali, sobre tudo o que eles desejavam conhecer, viver ou mesmo reviver. No nosso entendimento, estimular esses pensamentos os levaria a ter mais vontade de se recuperar e de voltar para a casa. Poucos se manifestaram diante das reflexões propostas pela contadora da história, e dentre os participantes da oficina, o caso que mais nos chamou a atenção foi o de J.S. (10 anos). No momento, ele estava internado havia quase três semanas, depois de passar por um processo de recuperação bastante demorado decorrente de várias complicações após ter sido atropelado – a principal delas referente a um estreitamento na região das cordas vocais, o que


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lhe gerava dificudades para falar. J.S. relatou que adora brincar no mato entre as plantas e os bichos e que estava com muita vontade de voltar a fazer essas coisas. Disse, inclusive, ter tentado pular o muro da unidade hospitar para sair do local – informação confirmada por sua tia, que o acompanhava durante a internação. Demos continuidade às atividades do dia traçando uma breve contextualização sobre o tema da oficina. Para isso, relatamos um pouco sobre o surgimento e as características da fábula, apresentando o seu criador – um escravo que viveu na Grécia antiga no século sexto a.C. chamado Esopo –, e aqueles que contribuíram de maneira decisiva para a popularização do gênero literário: os alemães Jacob e Wilhelm Grimm. Mais conhecidos como os irmãos Grimm, estes dois são os criadores de famosas histórias infantis como Chapeuzinho Vermelho, João e Maria, Rapunzel, Cinderela e Branca de Neve.

Integrantes contextualizam o tema da oficina Fotos: Cristiane Batista

Após a explanação sobre as fábulas e histórias infantis em geral, buscamos fazer um paralelo sobre como são apresentados os animais em outras mídias, principalmente na televisão, através dos desenhos animados. Para contribuir com o andamento da discussão, levamos imagens de alguns personagens do mundo infantil transmitido pela TV, dentre eles o Mickey Mouse e sua turma e o Garfield. Essa atitude não surtiu muito efeito, pois as crianças demonstraram não conhecer a maioria dos personagens apresentados por nós, e por isso a


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discussão ficou comprometida, embora muitos tenham apresentado opiniões quando optamos por direcionar a análise a personagens mais populares, a exemplo do Pica-Pau. Percebemos então que podíamos ter adequado melhor a construção das atividades em relação ao universo do nosso público. Como percebido em outras oficinas, as crianças pareciam fragilizadas e pouco motivadas a participar das atividades daquela tarde de sábado, principalmente no que se refere à análise crítica proposta por nós. Diante disso, optamos pela não produção de um material de comunicação com as crianças, pois acreditamos que a atividade não iria render o suficiente e poderia deixá-las cansadas. Para que elas se animassem e se sentissem mais dispostas, preferimos deixá-las livres para colorir desenhos dos personagens das histórias infantis citadas por nós durante a oficina, já que esta é uma das suas distrações favoritas e que não causa cansaço algum.

Oficina 10. Como é bom ser criança! É bom ser criança, ter amigos de montão. Fazer cross saltando, tirando as rodas do chão. Soltar pipas lá no céu, deslizar sobre patins. Bem que isso podia nunca mais ter fim. Toquinho

Toda criança em sua condição especial de cidadão em desenvolvimento tem o direito a brincar. Através das brincadeiras, os meninos e meninas adquirem e testam novos conhecimentos, representam situações que observam no seu dia-a-dia, expressam suas angústias, medos, necessidades, prazeres e fantasias. E para que as brincadeiras cumpram com esse papel, elas devem respeitar o desenvolvimento infantil, seguindo as características de cada faixa etária (SILVA, Ana Maria, online g). Brincar é um processo que também ensina à criança limites entre a realidade e o imaginário, funcionando como um fator de extravasamento de emoções que pode inclusive, prevenir a violência na fase adulta. Quem brinca é a mãe ou a pessoa que cuida da criança, transmitindo-lhe


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afetividade e estabelecendo vínculos importantes para o seu crescimento. (Infância sem brincadeiras pode criar adulto violento – entrevista com a orientadora educacional Ana Maria F. Borges Silva, publicada no Diário Oficial do Município de Santos, em 28 de Maio de 1999).

O Dia das Crianças, festejado em 12 de outubro, estava chegando, e a equipe CrieSaber não poderia deixar de comemorar a data com as crianças da Ala Pediátrica. Como parte da programação da Semana da Criança na Pediatria do Huse, divulgada no site da Secretaria de Estado da Saúde de Sergipe (SES), decidimos dedicar a oficina do dia 10 de outubro para celebrar com elas esse dia tão especial (Ver Anexo 4). Preparamos uma oficina que utilizou elementos da educomunicação através de atividades lúdicas e recreativas. A intenção era elevar a autoestima dos educandos e mostrar que, mesmo no ambiente hospitalar, todos podem brincar e se divertir.

Crianças se divertem com as músicas infantis Foto: Thissiane Matos

Chegamos ao hospital com um figurino mais colorido e fomos recebidos com muita animação pelas crianças, que pareciam já esperar por algo ‘diferente’ para aquela tarde de sábado. Como de costume, fomos de leito em leito chamá-las para participar das atividades. Quatorze crianças e adolescentes, com idade entre três e doze anos, foram chegando pouco a pouco e ocupando o espaço da pracinha externa da pediatria. Enquanto isso, enfeitávamos o local com bolas de assopro coloridas. Após todos se acomodarem, demos início à nossa “dinâmica de apresentação”, a fim de que educandos e integrantes do CrieSaber se


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conhecessem. O objetivo da atividade era que as crianças perdessem a ‘timidez’ e se comunicassem. Após esse momento, a equipe cantou algumas músicas infantis. Todos se divertiram muito com as canções. Logo depois, realizamos a “dinâmica dos balões”, que se dava da seguinte forma: enchíamos bolas de assopro e colocávamos um papel contendo perguntas e ‘prendas’ em cada uma delas, como dar um beijo, dar um abraço, dizer as vogais, fazer careta e dar um sorriso. Cantávamos uma música e íamos passando a bola de mão em mão. Assim que a música parava, quem estava com a bola tinha que estourá-la e ‘pagar a prenda’. Durante a dinâmica, as crianças que não sabiam ler contaram com o auxílio da equipe CrieSaber para interpretar o que estava escrito no papel. A brincadeira divertiu a todos, que deixaram a timidez de lado e participaram intensamente.

Equipe CrieSaber se diverte junto com as crianças durante dinâmica com bolas de assopro Fotos: Thissiane Matos

Dando continuidade à programação de brincadeiras e apresentações, teve início a contação de história. Optamos por fazer um teatrinho sobre o conto “O Pobre Cocozinho...”, que versa sobre um cocozinho que era ignorado por todos por ser feio e fedorento. Certo dia, ele foi encontrado por um jardineiro, que o utilizou como adubo em uma roseira. Em pouco tempo, nasceu uma linda rosa e o cocozinho percebeu o seu valor (Ver Anexo 5). A intenção da equipe CrieSaber ao expor a história foi mostrar que todos devemos enxergar as pessoas além das aparências, pois só assim é possível conhecer o potencial de cada uma.


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Historinha do ‘Pobre Cocozinho’ é retratada a parir de técnicas teatrais Fotos: Thissiane Matos

Após as dinâmicas e apresentações, a equipe introduziu o tema da oficina de uma forma diferente, através de três fantoches feitos com o aproveitamento de resíduos sólidos, como jornal, garrafa PET, tecidos, etc. Pedimos que as crianças escolhessem um entre os personagens que estavam na sacola (uma vovozinha, um surfista e um sapo) para falar sobre o tema da oficina. O sapo foi escolhido por unanimidade. Primeiro, o bichinho fomentou um diálogo sobre o que cada uma gostava de fazer para se divertir. Todos interagiram com o sapinho como se ele fosse um amigo íntimo e contaram sobre suas brincadeiras preferidas. Logo depois, o surfista entrou na conversa e também falou sobre o que mais gostava de brincar.

Fantoches conversam com as crianças e apresentam o mural Foto: Cristiane Batista

Depois do bate-papo descontraído com as crianças, a vovozinha chegou para falar sobre o que elas produziriam em poucos instantes: um mural. Na oportunidade, a ‘senhorinha’


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falou sobre a sua importância como instrumento de comunicação em diversos ambientes, a exemplo da escola e do hospital. Versou ainda sobre o seu potencial enquanto multiplicador de mensagens que promovem valores, ideias, hábitos, tradições e sonhos considerados importantes para aqueles que o produzem. As características desse produto de comunicação de baixo custo também foram expostas aos educandos, a exemplo da linguagem simples, informações que prezam pela novidade e conteúdo voltado para um público dirigido.

Hora de produzir: crianças preparam desenhos para a confecção do mural, que é montado logo em seguida Fotos: Cristiane Batista

Familiarizados com o mural e suas peculiaridades, é chegada a hora de produzir. Os educandos foram convidados pela vovozinha a confeccionar o mural “Como é bom ser criança!”, e todos aceitaram o convite prontamente. Para começar, distribuímos lápis e folhas de papel e pedimos que todos desenhassem livremente o que mais gostam de fazer enquanto crianças. Em alguns minutos, os desenhos ganharam forma. Com as ilustrações prontas, pedimos que os educandos que soubessem escrever colocassem os seus nomes nas imagens – aqueles que não sabiam contaram com a ajuda da equipe CrieSaber e de algumas das mães que acompanhavam a oficina. A organização e colagem de todos os desenhos ficaram a cargo do educando E.J. (11 anos). Com o mural pronto, convidamos os meninos e meninas a escolher o local onde o mesmo seria exposto. Orientamos que deveria ser em um ambiente de grande fluxo de pessoas, e logo eles escolheram o corredor da pediatria, onde ficam expostos os quadros


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informativos. O educando J.D. (10 anos), internado havia 94 dias, fez questão de ajudar a equipe CrieSaber a afixar o mural no local escolhido.

Equipe CrieSaber e educando afixam mural no corredor da pediatria Foto: Thissiane Matos

Durante as oficinas anteriores, pudemos perceber que as crianças gostavam muito de desenhar e colorir. Por isso, preparamos um presente especial do Dia das Crianças. Distribuímos entre os pequenos um kit que continha um livrinho para colorir, uma caixinha de giz de cera – mais apropriado que o lápis de cor por ser mais macio e exigir menos esforço –, e um marcador de texto com um poema homenageando as crianças. Todas elas gostaram muito do presente, pois se sentiram agraciadas e queridas. Logo que recebeu o livrinho, o menino C.G (5 anos), internado havia seis dias, começou a pintar. Ele disse que os desenhos iriam distraí-lo durante a semana (Ver livrinho no Apêndice F).

Oficina 11. O rádio estimulando a interação entre crianças e adolescentes

A Educomunicação é um conjunto de ações destinadas a criar e rever as relações de comunicação nas escolas entre alunos, professores e direção e também entre esses espaços educativos e a comunidade, criando ambientes abertos e democráticos. Por ser um veículo de comunicação versátil e popular, o rádio é considerado um recurso facilitador nesse processo de socialização e aprendizagem, já que pode ser utilizado por alunos, professores e membros da comunidade como um eficiente meio de expressão (SOARES, online h).


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Foi pensando em fomentar a participação das crianças e adolescentes no processo de produção, recepção e troca de conhecimento e informação, que optamos por trabalhar o rádio como uma ferramenta capaz de proporcionar o aumento do diálogo e a interação entre os educandos. Diante disso, a oficina do dia 17 de outubro teve como objetivo fazer com que os onze meninos e meninas, com idade entre cinco e doze anos, percebessem a dimensão participativa desse meio de comunicação e desenvolvessem uma consciência crítica acerca do que é transmitido por ele. Para familiarizar ainda mais os participantes com essa mídia, a oficina teve início com a explanação sobre a chegada do rádio ao Brasil, sua programação e suas principais utilidades do na época. Além disso, também informamos a respeito das peculiaridades que fazem do rádio um meio de comunicação tão popular, a exemplo da simplicidade e naturalidade com que são transmitidos os conteúdos do seu grande alcance da facilidade de interagir com os ouvintes, e do compromisso com a agilidade. Também demos bastante ênfase às propriedades da linguagem utilizada no rádio, especificando, entre outras coisas, a possibilidade que este meio tem de despertar em nós a capacidade de imaginar os fatos. O rádio é o melhor meio para estimular a imaginação. O ouvinte é sempre levado a imaginar o que ouve e o que está sendo descrito. As imagens são emocionais (...), não se limitam ao tamanho da tela. Elas têm o tamanho que você quiser (CHANTLER; HARRIS, 1998, p. 21).

O tema agradou a todos os participantes da oficina e fez surgir uma conversa sobre o que eles mais gostam de ouvir no rádio. No decorrer do bate-papo, foi possível perceber que a música está entre os conteúdos que mais aproximam as crianças e adolescentes dos veículos radiofônicos e que o ‘pedido musical’ é um dos principais canais de interação entre eles, enquanto ouvintes, e o rádio.


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Equipe CrieSaber falam sobre o rádio para os educandos Foto: Cristiane Batista

Aproveitamos a oportunidade para explicar sobre outros tipos de programas interessantes transmitidos por este meio, como as dicas de serviço, as radionovelas, os debates, entrevistas, noticiários e reportagens. Além de esclarecer e exemplificar, através de áudios, sobre os gêneros radiofônicos, a exemplo do cordel e do quiz (todos com temáticas voltadas para o universo infanto-juvenil), e o spot, um dos elementos do rádio que deixa a programação mais dinâmica e atraente. A técnica de associar as informações a exemplos retirados de programações reais de emissoras deu certo e manteve os educandos/ouvintes bastante concentrados. Ao explicar sobre a produção de conteúdo jornalístico voltado para o rádio, fizemos questão de destacar a importância de exercitar o que se chama de “linguagem radiofônica”, por esta permitir o resgate da oralidade e da coloquialidade – que aproximam ainda mais o locutor do ouvinte. No que concerne às técnicas de entrevista, eles aprenderam que para se obter uma boa entrevista é preciso ter uma conversa prévia com o entrevistado, conhecer bem o assunto e elaborar as perguntas com antecedência. A entrevista em rádio tem o poder de transmitir o que o jornalismo impresso nem sempre consegue: a emoção. Esta se manifesta tanto no entrevistado como no entrevistador. Boas entrevistas são as que revelam novos conhecimentos, esclarecem fatos e marcam opiniões. (BARBEIRO; LIMA, 2003, p. 59).

Em seguida, apresentamos a rádio-escola como um produto de comunicação alternativo e importante para propiciar a abertura de um espaço de participação, diálogo e


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discussão acerca dos assuntos que envolvem a comunidade escolar e a sociedade como um todo. Versamos ainda sobre a importância da opinião das crianças e dos adolescentes no que diz respeito ao processo de criação do conteúdo a ser discutido na sala de aula e em outros espaços de aprendizagem que frequentam. “A participação gera uma mudança de atitude e de representação dos sujeitos. Se antes os jovens se reconheciam apenas como alunos em suas escolas, com a rádio-escola podem ser autores de suas histórias” (GOHN in ARAÚJO, online i). A oficina também tratou de suscitar entre as crianças e adolescentes uma reflexão crítica acerca da qualidade da informação transmitida pelas músicas tão ouvidas nas estações de rádio. Antes de desenvolver a dinâmica da “qualidade musical”, conversamos com os educandos sobre o tipo de canção que cada um gosta de ouvir e, logo depois, tocamos a música “Vaza Canhão” para que eles fizessem o reconhecimento de todas as palavras transmitidas pela mesma (Ver Anexo 6). Após a recepção inicial da música, uma das integrantes da equipe CrieSaber fez uma leitura crítica e pausada da canção e os questionou acerca dos significados passados pela letra musical – que ridiculariza a mulher através do uso de termos pejorativos e ofensivos. Na oportunidade, os meninos e meninas conseguiram identificar alguns termos inadequados presentes na canção e reconheceram a necessidade de analisar as letras das músicas que ouvimos no dia-a-dia. A fim de aguçar os sentidos dos educandos, propomos uma atividade conhecida como “escuta criativa”. Nessa dinâmica, eles tiveram que ouvir atenciosamente diversos sons (porta abrindo, buzina, helicóptero, sirene de ambulância e de polícia, galinha, torcida de futebol etc.) com o propósito de identificá-los. As crianças e adolescentes participaram ativamente da brincadeira, chegando a disputar a quantidade de sons que acertariam.


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Educandos colocam em prática as técnicas de entrevista Fotos: Cristiane Batista

Após a familiarização com o rádio através das dinâmicas, os meninos e meninas foram convidados a produzir o programa de entrevistas “Conhecendo Amigos”. Eles se dispuseram a participar e as funções foram divididas de maneira que todos exercessem os papéis de entrevistador e entrevistado. O roteiro, elaborado previamente pela equipe CrieSaber, continha algumas sugestões de perguntas que eles poderiam fazer um ao outro – algumas questões também foram criadas por eles durante a atividade – com intuito de incentivar a troca de informações e possibilitar a aproximação entre eles. Utilizando um gravador de voz e divididos em duplas, as crianças realizaram as entrevistas com base nas orientações dadas anteriormente, todas elas comprometidas com o bom desenvolvimento do programa de rádio e bastante atentos ao processo de gravação. Houve, inclusive, uma conversa prévia entre as duplas, que fizeram uma espécie de simulação do que seria gravado em seguida. A improvisação, tão comum nos programas de rádio reais, deu espaço para a comemoração do aniversário de um dos educandos presente na oficina (Ver roteiro e áudio no Apêndice F). Durante a condução das entrevistas os meninos e meninas seguiram as orientações no que diz respeito à identificação do entrevistador e do entrevistado a fim de situar o ouvinte. “Eu primeiro digo o meu nome, minha idade, e depois o nome do entrevistado e a idade”, disse P.A. (11 anos), que mostrou ter entendido bem o processo de gravação. Finalizadas as


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entrevistas, as crianças e adolescentes se reuniram em torno do aparelho de som e ouviram atenciosamente suas vozes.

Educandos ouvem atentamente ao resultado das entrevistas Foto: Cristiane Batista

Não foi possível apresentar para os educandos o programa editado, o que seria interessante para que percebessem a semelhança do que eles produziram com o que é transmitido nas emissoras de rádio reais. Mesmo assim, o exercício foi um momento de diversão e aprendizado, além de uma oportunidade de saber um pouco mais sobre a família, os anseios e preferências dos colegas com quem estão convivendo temporariamente.


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CONCLUSÃO

Apesar de este se tratar de um trabalho de conclusão de curso, cuja proposta baseia-se na apresentação e correlação de conteúdos assimilados durante os quatro anos dedicados ao estudo da comunicação e das técnicas do jornalismo, podemos afirmar que com a construção e o desenvolvimento do projeto CrieSaber abordamos muito mais que os princípios da Educomunicação e a sua aplicação para o fomento da aprendizagem e da cidadania. A realização do projeto nos fez entender, na prática, o que a metodologia oferece de melhor: o valor da construção compartilhada de conhecimentos. Com isso, reafirmamos a importância da Educomunicação e defendemos a disseminação do conceito nos mais diversos ambientes, pois, através dela, a educação ganha um contexto maior do que o professoral, em que os conteúdos são transmitidos de forma unidirecional, e se estabelece enquanto via dupla difusora de saberes, onde educadores e educandos relacionam-se mais abertamente e, comunicando-se, são capazes de trocar e discutir informações e valores sociais. Durante a execução do projeto, foi preciso que nos adaptássemos a uma série de obstáculos decorrentes das condições em que o mesmo foi desenvolvido. Tivemos que aprender, por exemplo, a lidar com as fragilidades e limitações do nosso público e com a inadequação do espaço disponível para a realização das oficinas. E, embora a Educomunicação pressuponha planejamento, algumas vezes nos deparamos com situações em que foram determinantes ajustes nos cronogramas das oficinas para que houvesse melhor aproveitamento das atividades. Uma maior participação dos pais e mães das crianças e adolescentes durante a realização do nosso trabalho também teria sido de grande valia, pois os poucos que acompanharam o desenvolvimento do projeto contribuíram bastante para que os meninos e meninas tivessem uma participação mais atuante e engajada.


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Ao somarmos os sorrisos e manifestações de carinho que vimos nascer a partir da vontade e do empenho de todos que participaram de cada uma das oficinas (incluindo, nesta conta, os nossos próprios) dimensionamos a importância do trabalho realizado com as crianças e os adolescentes hospitalizados e percebemos que, em meio aos desafios e conquistas vivenciados em cada uma das etapas do projeto, obtivemos uma experiência ímpar, que nos possibilitou atuar enquanto agentes transformadores da realidade e adquirir maior apreço pela condição de aprendiz. Dentro de todas as limitações que surgiram durante o desenvolvimento do projeto, consideramos que o CrieSaber atingiu os seus objetivos da melhor forma possível, atentando para a importância do desenvolvimento das atividades em conjunto, e, principalmente, para o fato de que o estímulo para a criação do saber deve partir de todos os envolvidos no processo de aprendizagem. A adoção dessas premissas possibilitou tanto aos meninos e meninas hospitalizados como às autoras deste projeto a oportunidade de vivenciar e de dialogar com uma nova realidade, extraindo dela novos conhecimentos e percepções.


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APÊNDICES


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APÊNDICE A – CRONOGRAMAS DAS OFICINAS Cronograma - Oficina 1 (23/05/2009) Tema: Dia da Língua Nacional (21 de maio) *Oficina experimental 15h Dinâmica de apresentação com os meninos e meninas Momento em que integrantes do projeto e participantes da oficina se apresentam e interagem entre si através de canções infantis. Responsável: Mayra Cristina Participação: todas as integrantes do grupo 15h45 Introdução ao tema da oficina História e curiosidades sobre a língua nacional Responsável: Cristiane Batista 16h Dinâmica da caixinha Em uma caixa, foram colocadas palavras que remetem ao universo infantil, a exemplo de brinquedos, alimentos, cidadania, entre outros. Cada criança era orientada a retirar uma palavra e, através de mímicas, fazer com que as outras a adivinhassem. Responsável: Christiane Matos 16h30 Confecção de desenhos relacionados às palavras retiradas da caixinha Responsáveis: todas as integrantes do grupo Atividades aleatórias: Monitoramento Responsável: Tarcila Olanda *Preencher lista de presença; *Registro de atividades (relatório) e fotografias; *Coleta de depoimentos das crianças que se mostrarem mais envolvidas com a oficina e dos pais mais participativos; Materiais necessários *Chamequinho – Tarcila Olanda *MP3 – Tarcila Olanda *Tesouras sem ponta – todas *Lápis de cor e canetinhas – todas *Cola – todas *Material para dinâmica da caixinha– Christiane Matos *Lista de presença – Cristiane Batista *Músicas – Mayra Cristina


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Cronograma - Oficina 2 (30/05/2009) *Oficina experimental Tema: Os meios de comunicação Roteiro de Atividades 15h Dinâmica de apresentação com os meninos e meninas Momento em que integrantes do projeto e participantes da oficina se apresentam e interagem entre si através de canções infantis. Responsável: Mayra Cristina Participação: todas as integrantes do grupo 15h30 Introdução ao tema da oficina Apresentação dos meios de comunicação, contando um pouco da história de cada um desde a sua invenção até hoje. Também foi discutida a relação que as crianças têm com esses meios em seu cotidiano. Responsável: Tarcila Olanda 16h Exibição de vídeo para análise Reportagem sobre a seca no sertão sergipano produzida pela TV Sergipe (emissora local filiada à Rede Globo) e veiculada no Jornal Nacional no dia 16 de março de 2009 Discussão sobre a impressão deles a respeito do vídeo. Reflexão sobre a abordagem negativa dada à reportagem (maneira como o nordeste é retratado na mídia – ideia de seca; vida pobre; miséria; pessoas feias e sofridas). Responsável: Cristiane Batista Participação: todas as integrantes do grupo 16h30 Confecção de um mural com imagens dos meios de comunicação coloridos pelas crianças Responsáveis: todas as integrantes do grupo

Atividades aleatórias: Monitoramento Responsável: Christiane Matos *Preencher lista de presença; *Registro de atividades (relatório) e fotografias; *Coleta de depoimentos das crianças que se mostrarem mais envolvidas com a oficina e dos pais mais participativos; *Coleta de dados dos prontuários das crianças que estão presentes.

Materiais necessários: *Pasta de materiais Criesaber – Christiane Matos *MP3 – Tarcila Olanda *Cola – Christiane Matos *Lista de presença – Cristiane Batista *Notebook – Cristiane Batista *1 cartolina – Cristiane Batista


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Cronograma - Oficina 3 (15/08/2009) Tema: Produção do Jornalzinho CrieSaber - Edição 1 Subtema: Dicas para se proteger da Gripe Suína Roteiro de Atividades 14h30 – Arrumar ambiente 15h Dinâmica de apresentação com os meninos e meninas Momento em que integrantes do projeto e participantes da oficina se apresentam e interagem entre si através de canções infantis. Responsável: Christiane Matos Participação: todas as integrantes do grupo 15h20 Introdução ao tema da oficina História, funcionamento e curiosidades sobre a televisão. Responsável: Tarcila Olanda 15h40 Apresentação dos critérios de noticiabilidade e das técnicas para produção de uma reportagem televisiva (princípio da verdade e objetividade, enquadramentos, postura do profissional de TV) Responsáveis: Christiane Matos e Cristiane Batista 16h Produção do Jornalzinho CrieSaber – Edição 1 Responsáveis: todas as integrantes do grupo 16h50 - Arrumar o ambiente Atividades aleatórias: Monitoramento Responsável: Cristiane Batista *Preencher lista de presença; *Aplicar questionários com os pais; *Registro de atividades (relatório) e fotografias; *Coleta de depoimentos das crianças que se mostrarem mais envolvidas com a oficina e dos pais mais participativos; *Coleta de dados dos prontuários das crianças que estão presentes. Materiais necessários *Pasta de materiais Criesaber – Christiane Matos *MP3 – Tarcila Olanda *Microfone e televisão – Christiane Matos *Lista de presença – Cristiane Batista *Câmera digital – Cristiane Batista *Roteiro do programa – Cristiane Batista


96

Cronograma - Oficina 4 (22/08/2009) Tema: O olhar da criança através da fotografia Roteiro de Atividades 14h30 – Arrumar ambiente 15h Dinâmica de apresentação com os meninos e meninas Momento em que integrantes do projeto e participantes da oficina se apresentam e interagem entre si através de canções infantis. Responsável: Mayra Cristina Participação: todas as integrantes do grupo 15h20 Introdução ao tema da oficina Exposição teórica sobre o surgimento e a evolução da fotografia e das câmeras fotográficas, tipos de fotografia, gêneros da fotografia, sobretudo o fotojornalismo (explanação acerca da importância da ética, do respeito e do uso correto das imagens) Responsáveis: Christiane Matos e Tarcila Olanda 16h Passeio fotográfico pelo ambiente hospitalar. As crianças registraram suas percepções sobre o ambiente em que estão inseridas através de fotografias. Responsável: Cristiane Batista e Mayra Cristina 16h50 - Arrumar o ambiente Atividades aleatórias: Monitoramento Responsável: Cristiane Batista *Preencher lista de presença; *Aplicar questionários com os pais; *Registro de atividades (relatório) e fotografias; *Coleta de depoimentos das crianças que se mostrarem mais envolvidas com a oficina e dos pais mais participativos; *Coleta de dados dos prontuários das crianças que estão presentes. Materiais necessários *Câmeras fotográficas: Cristiane Batista e Mayra Cristina *Pilhas recarregáveis: Tarcila Olanda e Mayra Cristina *Gravador: Cristiane Batista *Jornal Contexto: Cristiane Batista *Pasta de materiais Criesaber: Christiane Matos *Lista de presença, relatórios: Cristiane Batista


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Cronograma - Oficina 5 (29/08/2009) Tema: O jornal mural como instrumento de promoção dos direitos infanto-juvenis Roteiro de Atividades 14h30 – Arrumar ambiente 15h Dinâmica de apresentação com os meninos e meninas Momento em que integrantes do projeto e participantes da oficina se apresentam e interagem entre si através de canções infantis. Responsável: Mayra Cristina Participação: todas as integrantes do grupo 15h20 Introdução ao tema da oficina Explanação sobre os Direitos da Infância e sobre a importância do jornal mural e sua utilização como instrumento de comunicação na escola Responsável: Mayra Cristina e Tarcila Olanda 15h40 Responsável: Christiane Matos e Mayra Cristina Confecção de jornal mural com a temática ‘Direitos da Infância’ 16h50 - Arrumar o ambiente

Atividades aleatórias: Monitoramento Responsável: Cristiane Batista e Tarcila Olanda *Preencher lista de presença; *Aplicar questionários com os pais; *Registro de atividades (relatório) e fotografias; *Coleta de depoimentos das crianças que se mostrarem mais envolvidas com a oficina e dos pais mais participativos; *Coleta de dados dos prontuários das crianças que estão presentes. Materiais necessários *Câmera fotográfica e celular – Cristiane Batista *Textos para Mayra sobre direitos da infância – Tarcila Olanda *Pasta de materiais Criesaber – Christiane Matos *Lista de presença – Cristiane Batista *Imprimir e levar desenhos/frases sobre direitos para a confecção do jornal mural – Tarcila Olanda


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Cronograma - Oficina 6 (12/09/2009) Tema: O fanzine como ferramenta para a conscientização ambiental Subtemas: Fundação do 1º Jornal do Brasil (10 de setembro) e Preservação do Meio ambiente 14h30 – Arrumar ambiente 15h Dinâmica de apresentação com os meninos e meninas Momento em que integrantes do projeto e participantes da oficina se apresentam e interagem entre si através de canções infantis. Responsável: Mayra Cristina Participação: todas as integrantes do grupo 15h20 Introdução ao tema da oficina Explanação sobre o surgimento do 1ª jornal no mundo e no Brasil; critérios de noticiabilidade. Também foram expostas a história e as características da mídia alternativa, com enfoque para o fanzine. Apresentação das técnicas de produção do fanzine. Responsável: Tarcila Olanda 15h40 Exibição e analise crítica do vídeo “Agenda Ambiental da Administração Pública” Responsáveis: Cristiane Batista e Christiane Matos 16h Confecção de um fanzine sobre a preservação do meio ambiente Responsáveis: Christiane Matos, Cristiane Batista e Mayra Cristina 16h50 - Arrumar o ambiente Atividades aleatórias: Monitoramento Responsável: Tarcila Olanda *Preencher lista de presença; *Aplicar questionários com os pais; *Registro de atividades (relatório) e fotografias; *Coleta de depoimentos das crianças que se mostrarem mais envolvidas com a oficina e dos pais mais participativos; *Coleta de dados dos prontuários das crianças que estão presentes. Materiais necessários *Câmera fotográfica – Cristiane Batista *Pasta de materiais Criesaber – Cristiane Batista *Lista de presença– Cristiane Batista *Questionários – Christiane Matos *Músicas que versam sobre o meio ambiente – Tarcila Olanda *Notebook e vídeos – Cristiane Batista


99

Cronograma - Oficina 7 (19/09/2009) Tema: Desconstrução e analise do desenho animado Bob Esponja Roteiro de Atividades 14h30 – Arrumar ambiente 15h Dinâmica de apresentação com os meninos e meninas Momento em que integrantes do projeto e participantes da oficina se apresentam e interagem entre si através de canções infantis. Responsáveis: Cristiane Batista e Christiane Matos Participação: todas as integrantes do grupo 15h20 Introdução ao tema da oficina Apresentação dos personagens que compõem o desenho animado Bob Esponja. Responsáveis: Christiane Matos e Cristiane Batista 15h50 Exibição e análise do episódio do desenho animado Bob Esponja – ‘Sofri um Acidente’. Responsáveis: Christiane Matos e Cristiane Batista 16h20 Confecção do jornal mural com aspectos positivos e negativos que as crianças observaram no vídeo apresentado. Responsáveis: Christiane Matos e Cristiane Batista 16h50 - Arrumar o ambiente Atividades aleatórias: Monitoramento Responsável: Tarcila Olanda *Preencher lista de presença; *Aplicar questionários com os pais; *Registro de atividades (relatório) e fotografias; *Coleta de depoimentos das crianças que se mostrarem mais envolvidas com a oficina e dos pais mais participativos; *Coleta de dados dos prontuários das crianças que estão presentes. Materiais necessários *Câmera fotográfica e celular – Cristiane Batista *Vídeo do Bob Esponja – Christiane Matos *Pasta de materiais Criesaber – Cristiane Batista *Lista de presença – Cristiane Batista *Questionários – Tarcila Olanda


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Cronograma - Oficina 8 (26/09/2009) Tema: Produção do Jornalzinho CrieSaber - Edição 2 Subtema: Dicas para ser uma criança saudável Roteiro de Atividades 14h30 – Arrumar ambiente 15h Dinâmica de apresentação com os meninos e meninas Momento em que integrantes do projeto e participantes da oficina se apresentam e interagem entre si através de canções infantis. Responsável: Mayra Cristina Participação: todas as integrantes do grupo 15h20 Introdução ao tema da oficina História, funcionamento e curiosidades sobre a televisão. Análise do conteúdo televisivo/ Discussão sobre a relação dos educandos com a TV Apresentação de técnicas de reportagem para a televisão (linguagem, princípios da verdade e objetividade e postura do profissional de TV). Responsável: Tarcila Olanda 16h Produção do Jornalzinho CrieSaber – Edição 2 Responsáveis: Cristiane Batista e Tarcila Olanda 16h50 - Arrumar o ambiente Atividades aleatórias: Monitoramento Responsável: Christiane Matos *Preencher lista de presença; *Aplicar questionários com os pais; *Registro de atividades (relatório) e fotografias; *Coleta de depoimentos das crianças que se mostrarem mais envolvidas com a oficina e dos pais mais participativos; *Coleta de dados dos prontuários das crianças que estão presentes. Materiais necessários *Câmera fotográfica – Cristiane Batista *Pasta de materiais Criesaber – Cristiane Batista *Lista de presença – Cristiane Batista *Roteiro do programa – Cristiane Batista e Tarcila Olanda *Televisão e microfone da Criesaber TV – Christiane Matos


101

Cronograma - Oficina 9 (03/10/2009) Tema: A contação de histórias e seu poder de comunicar e de formar cidadãos Subtema: Dia Mundial dos Animais (04 de outubro) Roteiro de atividades 14h30 – Arrumar o ambiente 15h Dinâmica de apresentação com os meninos e meninas Momento em que integrantes do projeto e participantes da oficina se apresentam e interagem entre si através de canções infantis. Responsável: Mayra Cristina Participação: todas as integrantes do grupo 15h20 Contação da fábula “Revolução no formigueiro”, de Nye Ribeiro Responsáveis: Mayra Cristina e Tarcila Olanda 15h50 Explanação sobre o surgimento das fábulas, comparação entre os animais reais e os retratados nas histórias infantis e nos desenhos animados. Distribuição de desenhos de animais do mundo fictício para colorir. Responsável: Christiane Matos e Tarcila Olanda 16h50 - Arrumar o ambiente Atividades aleatórias: Monitoramento Responsável: Cristiane Batista *Preencher lista de presença; *Aplicar questionários com os pais; *Registro de atividades (relatório) e fotografias; *Coleta de depoimentos das crianças que se mostrarem mais envolvidas com a oficina e dos pais mais participativos; *Coleta de dados dos prontuários das crianças que estão presentes. Materiais necessários *Câmera fotográfica: Cristiane Batista *Pasta de materiais Criesaber – Cristiane Batista *Lista de presença – Cristiane Batista *Livro de história infantil – Tarcila Olanda *Imagens de personagens de desenhos animados – Cristiane Batista


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Cronograma - Oficina 10 (10/10/2009) Tema: Como é bom ser criança! – Dia da Criança (12 de outubro) Roteiro de atividades 14h30 – Arrumar o ambiente 15h Dinâmica de apresentação com os meninos e meninas Momento em que integrantes do projeto e participantes da oficina se apresentam e interagem entre si através de canções infantis. Dinâmica com as bolas de assopro Responsável: Mayra Cristina Participação: todas as integrantes do grupo 15h40 Contação de História Responsáveis: Christiane Matos e Mayra Cristina 16h Introdução ao tema da oficina Teatro de fantoches e explanação sobre a importância do jornal mural e sua utilização como instrumento de comunicação na escola. Responsável: Tarcila Olanda 16h20 Jornal mural especial ‘Como é bom ser criança’ Responsáveis: Christiane Matos, Cristiane Batista e Tarcila Olanda 17h - Distribuição dos presentes. Atividades aleatórias: Monitoramento Responsável: Tarcila Olanda *Preencher lista de presença; *Aplicar questionários com os pais; *Registro de atividades (relatório) e fotografias; *Coleta de depoimentos das crianças que se mostrarem mais envolvidas com a oficina e dos pais mais participativos; *Coleta de dados dos prontuários das crianças que estão presentes. Materiais necessários *Pasta com materiais Criesaber – Christiane Matos *Listas de presença e questionários – Tarcila Olanda *Presentes das Crianças – Cristiane Batista *Mensagem de homenagem às crianças – Tarcila Olanda *Teatrinho e contação de história – Mayra Cristina


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Cronograma - Oficina 11 (17/10/2009) Tema: Produção do programa de rádio “Conhecendo Amigos” Roteiro de Atividades 14h30 – Arrumar o ambiente 15h Dinâmica de apresentação com os meninos e meninas Momento em que integrantes do projeto e participantes da oficina se apresentam e interagem entre si através de canções infantis. Responsável: Mayra Cristina Participação: todas as integrantes do grupo 15h15 Introdução ao tema da oficina Apresentação da história e características do rádio Elementos e Gêneros radiofônicos (apresentação de áudios de spot, rádio novela, reportagem; cordel; quis, entrevista e receita) Explanação sobre as técnicas e linguagem radiofônica A entrevista no rádio Apresentação da rádio-escola como um produto de comunicação alternativo Responsáveis: todas as integrantes 15h45 Dinâmica de qualidade musical e reflexão sobre a erotização da música Responsável: Tarcila Olanda 16h Exercício de escuta criativa (execução de sons diversos para serem identificados pelas crianças) Responsável: Cristiane Batista 16h15 Produção do Programa “Conhecendo Amigos” (programa de entrevistas) Responsável: Todas as integrantes Atividades aleatórias: Monitoramento Responsável: Christiane Matos *Preencher lista de presença; *Aplicar questionários com os pais; *Registro de atividades (relatório) e fotografias; *Coleta de depoimentos das crianças que se mostrarem mais envolvidas com a oficina e dos pais mais participativos; *Coleta de dados dos prontuários das crianças que estão presentes.

Materiais necessários *Câmera fotográfica – Cristiane Batista *Pasta com materiais Criesaber Christiane Matos *Listas de presença – Cristiane Batista *Extensão – Tarcila Olanda *Microsystem – Mayra Cristina *Gravador digital – Christiane Matos

-


104

APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO APLICADO JUNTO AOS RESPONSÁVEIS PELAS CRIANÇAS DA ALA PEDIÁTRICA DO HUSE Somos Universitárias e esta pesquisa integra o Projeto Criesaber, que tem como foco a criança internada na ala pediátrica do HUSE e suas reais condições do ambiente em que ela está inserida, como também as suas relações sociais. Para isso, precisamos da sua colaboração no sentido de responder às questões que seguem, a fim de que possamos, a partir de suas informações, desenvolver a pesquisa. Agradecemos desde já sua compreensão e colaboração. 1-Sexo: ( ) F

( )M

2-Faixa etária: ( ) até 20 anos ( ) 31 a 35

( ) 21 e 25

( ) 26 a 30 anos

( ) acima de 35 anos

3- Você acha que é: ( ) branco ( ) negro ( ) pardo ( ) amarelo ( ) indígena 4- Qual a renda mensal de sua família: ( ) até 1 SM ( ) entre 2 e 4 SM ( ) entre 5 e 7 SM

( ) acima de 7 SM

5- Quantos filhos você tem: ( ) 1 6-Estado Civil: ( ) solteiro

( )2

( )3

( ) casado

( )4

( ) viúvo

( ) 5 ou mais

( ) mora junto

( ) separado, divorciado 7-Mora com: ( ) Família (pais e irmãos)

( ) Sozinho

( ) com companheiro(a)/marido/esposa

( ) Com parentes

( ) Em república/dividi apartamento

8-Em qual bairro você mora? ________________________________ 9- Se tem alguma religião qual é: ___________________________ 10- Qual a sua escolaridade: ( ) ensino fundamental incompleto

( ) ensino fundamental completo

( ) ensino médio incompleto

( ) ensino médio completo

( ) ensino superior incompleto

( ) ensino superior completo

11- Seu filho estuda? ( )Sim

( )Não

12-Quantos anos ele (ela) tem? _________ 13-Qual a série escolar do seu filho?__________________________ 14- Seu filho estuda em que tipo de escola? ( ) pública ( ) privada 15-Qual turno o seu filho estuda? ( ) diurno ( ) vespertino 16- Atualmente você está trabalhando: ( ) Sim ( ) Não 17Se você está trabalhando _______________________________

qual

é

sua

profissão/ocupação?

18- Nesse seu trabalho você tem carteira assinada? ( ) Sim ( ) Não 19-Recebe algum tipo de benefício do Governo?

( )S

( )N

Qual: _________________


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APÊNDICE C – DADOS OBTIDOS A PARTIR DA APLICAÇÃO DOS QUESTIONÁRIOS COM AS FAMÍLIAS


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107

INFORMAÇÕES SOBRE AS CRIANÇAS OBTIDAS ATRAVÉS DOS PAIS


108

APÊNDICE D – LISTA DE PRESENÇA APLICADA ANTES DE CADA OFICINA


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APÊNDICE E – PERFIL DAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES QUE PARTICIPARAM DO PROJETO CRIESABER

Média de idade das crianças 4%

29%

Até 6 anos De 6 a 12 anos Não declarado

67%

Índice de alfabetização 14% 36%

Sabe ler Não sabe ler Não declarada

50%

Local de origem 1% 9% 22%

10%

Aracaju Sergipe (interior) Bahia Alagoas

58%

Não declarado


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Doenças mais recorrentes Complicações respiratórias

19%

Fraturas

20%

Apendicite Neuropatias 12%

Abcessos Complicações renais

27% 10% 4% 4%

4%

Outros Não identificado pela equipe CrieSaber

Tempo médio de internação Inferior a uma semana 27%

34%

Entre uma e duas semanas Entre duas e três semanas Entre três e quatro semanas

4% 3%

Superior a quatro semanas

10% 22%

Não identificado pela equipe CrieSaber

Número de oficinas que participou 15% Uma oficina Mais de uma oficina 85%


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APÊNDICE F – ROTEIRO JORNALZINHO CRIESABER - EDIÇÃO 1 (OFICINA 3)

Roteiro do Jornalzinho CrieSaber Edição ‘Dicas para se prevenir da Gripe Suína’

Técnica

Texto / Loc.

Rodar vinheta com o nome do programa (créditos) Desce o som Apresentação José Clayton (MOV00168)

Boa tarde, meu nome é Clayton e estamos começando o Jornalzinho Criesaber. E hoje vamos aprender a se proteger da Gripe Suína com os nossos repórteres! Aí vão as dicas:

Repórter Iris Andrade (MOV00208)

Esse é o bichinho da Gripe Suína

(MOV00169)

Não divida alimento com ninguém

Repórter Isabela Maria (MOV00205)

Lave as mãos depois de tossir ou espirar

Finalização (MOV00211)

José Clayton: Se perceber os sintomas, procure uma unidade médica imediatamente.

Assinatura

Esse programa é resultado da oficina de TV desenvolvida no dia 15 de agosto de 2009 pelo projeto CrieSaber, uma ação voluntária que tem como objetivo aplicar a metodologia da Educomunicação através da realização de oficinas com crianças internadas na pediatria do Hospital de Urgência de Sergipe. A equipe CrieSaber é formada pelas estudantes de Jornalismo Chris Matos, Cristiane Batista e Tarcila Olanda, e também pela estudante de pedagogia Mayra Oliveira.


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APÊNDICE F – FOTOGARFIAS TIRADAS PELOS EDUCANDOS (OFICINA 4)

Foto: E.S. (11 anos)

Foto: E.S. (11 anos)

Foto: R.P. (9 anos)

Foto: G.H. (10 anos)

Foto: S.S. (11 anos)

Foto: S.S. (11 anos)


113

Foto: V.E. (8 anos)

Foto: J.O. (12 anos)


114

APÊNDICE F – FANZINE SOBRE MEIO AMBIENTE (OFICINA 6)


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APÊNDICE F – ROTEIRO JORNALZINHO CRIESABER - EDIÇÃO 2 (OFICINA 8)

Roteiro do Jornalzinho CrieSaber Edição ‘Dicas para ser uma criança saudável’

Técnica

Texto / Loc.

Rodar vinheta com o nome do programa Desce o som Apresentação (MOV01987)

Apresentador (David dos Santos) Boa tarde, meu nome é David e estamos começando o Jornalzinho Criesaber. No programa de hoje você conhecerá todos os cuidados básicos para ser uma criança saudável. Aí vão as dicas:

Repórter Thiago Cardoso

(MOV01990) (MOV01991) (MOV01992)

(MOV01993)

Quem se alimenta bem tem uma vida mais saudável e feliz. Coma sempre na hora certa e não pule nenhuma refeição. Evite comer alimentos muito doces e gordurosos.

(MOV01994)

Coma sempre frutas e verduras em todas as refeições. Mastigue bem os alimentos e coma devagar.

(MOV01995)

Evite bebidas alcoólicas e refrigerantes.

(MOV01996)

Beba água todos os dias para hidratar o organismo.

(MOV01998)

A água será sempre nossa amiga na hora de cuidar da limpeza do corpo.

(MOV01999)

Usamos a água todos os dias para:

(MOV02000)

Tomar aquele banho delicioso

(MOV02001)

Lavar as mãos antes de comer

(MOV02002)

Lavar as mãos depois de usar o banheiro

(MOV02003)

Escovar os dentes três vezes ao dia

(MOV02004)

E não esqueça: Preserve os hábitos de higiene


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Repórter Thiago Cardoso

(MOV02006)

Para ser saudável toda criança tem que praticar esporte

(MOV02007)

A natação faz bem para a respiração

(MOV02008)

O futebol ajuda na integração

(MOV02009)

A dança desenvolve o equilíbrio

(MOV02011)

A corrida desenvolve a força muscular

Finalização (MOV00666)

David: Agora que você já tem todas as dicas, vamos repassar para todos os amiguinhos! O Jornalzinho Criesaber de hoje fica por aqui. Até a próxima pessoal!

Assinatura (Tarcila)

Esse programa é resultado da oficina de TV desenvolvida no dia 26 de setembro de 2009 pelo projeto CrieSaber, uma ação voluntária que tem como objetivo aplicar a metodologia da Educomunicação na pediatria do Hospital de Urgência de Sergipe. A equipe CrieSaber é formada pelas estudantes de Jornalismo Chris Matos, Cris Batista e Tarcila Olanda, e a estudante de pedagogia Mayra Oliveira.


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APÊNDICE F – LIVRINHO PARA COLORIR DISTRIBUÍDO NO DIA DAS CRIANÇAS (OFICINA 10)


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APÊNDICE F – ROTEIRO DO PROGRAMA DE RÁDIO ‘CONHECENDO AMIGOS’ (OFICINA 11)

Roteiro do Programa ‘Conhecendo Amigos’

Técnica

Texto / Loc.

Rodar vinheta do programa Apresentação (V011 – 00:39-01:14)

Pedro Afonso: Boa tarde, hoje é dia 17 de outubro de 2009. Estamos na Maternidade Hildete Falcão, na oficina do projeto CrieSaber. Estamos começando o programa ‘Conhecendo Amigos’.

Inserir cortina Entrevistas V002

Pedro Afonso – Ketilly

Pedro

Meu nome é Pedro, tenho 11 anos e tenho duas irmãs. E a entrevistada, o nome dela é Ketilly, tem oito anos e um irmão. Agora vamos para a entrevista. Qual a primeira coisa que você quer fazer quando voltar para casa? brincar O que você mais gosta de comer? Lasanha Qual a sua brincadeira favorita? Cola e descola Qual é a sua cor favorita? Rosa Agora vamos passar a entrevista para Arnaldo e Daniele.

Ketilly Pedro Ketilly Pedro Ketilly Pedro Ketilly Pedro

Inserir cortina V003 Arnaldo

Daniele Arnaldo Daniele Arnaldo Daniele Arnaldo

Arnaldo – Daniele Jesus Oi, meu nome é Arnaldo, tenho 11 anos. Agora eu vou entrevistar Daniele, ela tem 10 anos e dois irmãos. Por que você veio para o hospital? Porque eu não agüentava andar e não falava Quem está no hospital com você? Minha mãe Quais são as coisas que você faz aqui no hospital? Brinco, converso. Bem, agora eu vou passar a entrevista para Uedeson e Davi.


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Inserir cortina V004 Uedeson

Davi Uedeson Davi Uedeson Davi Uedeson

V006 Davi

Uedeson Davi Uedeson Davi Uedeson

Uedeson – Davi Olá, boa tarde. Meu nome é Uedeson, tenho 11 anos e tenho um irmão. Agora nos vamos entrevistar Davi, que tem 12 anos, três irmãos. Você ouve rádio? Sim O que você costuma ouvir no rádio? Música Quem são os seus cantores favoritos? Bruno e Marrone Agora nós vamos passar a entrevista para Davi. Davi – Uedeson Boa tarde, meu nome é Davi, tenho 12 anos e três irmãs e vou entrevistar Uedeson que tem um irmão e 11 anos. Você ouve rádio? Sim O que você costuma ouvir no rádio? Música Quem são os seus cantores favoritos? Joelma e Chimbinha. Porque minha mãe gosta e eu gosto também. Você está completando anos? Então vamos cantar os parabéns! (todos cantam parabéns)

Inserir cortina V007 Davidson

Daniele Davidson Daniele Davidson Daniele

Davison – Daniele Silva Olá, boa tarde. Meu nome é Davidson, tenho sete anos, Daniela eu vou entrevistar. Você frequenta a escola? Sim O que você mais gosta de fazer na escola? Brincar Qual é a sua matéria favorita? Português

Inserir cortina V008 Daniele

Davison Daniele Davison Daniele Davison Daniele Davison

Daniele Silva – Davison Ariel Olá, meu nome é Daniele, eu tenho sete anos, eu vou entrevistar Ariel. Quantos anos você tem? Sete Gosta de fazer o que na escola? Estudar Qual matéria você gosta? Inglês Qual a fruta você mais gosta? Maçã

Inserir cortina V010 Ketilly

Ketilly – Pedro Afonso Oi, meu nome é Ketilly, eu tenho oito anos, tenho um irmão. E agora nos vamos entrevistar o Pedro. Ele tem 11 anos e ele


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Pedro Ketilly Pedro Ketilly Pedro Ketilly Pedro Ketilly Pedro Ketilly Pedro

tem duas irmãs, quinta série. Pedro, o que você gosta de fazer? Jogar bola Pedro, qual é a comida preferida? Galinha assada O Pedro, você gosta de sorvete? Sim Qual é a sua cor preferida? Vermelho Você gosta mais de português matemática? Português Que time de futebol você torce? Flamengo

ou

Inserir cortina Inserir vinheta programa Desce o som Finalização (V010 – 02:19-02:58)

Ketilly: Obrigada pela sua audiência. Estamos encerrando o programa ‘Conhecendo Amigos’. Um beijo e até amanhã!

Sobe o som Desce o som Assinatura (Christiane)

Esse programa é resultado da oficina de rádio desenvolvida pelo projeto CrieSaber, uma ação voluntária que tem como objetivo aplicar a metodologia da Educomunicação através da realização de oficinas com crianças internadas na pediatria do Hospital de Urgência de Sergipe. A equipe CrieSaber é formada pelas estudantes de Jornalismo Chris Matos, Cristiane Batista e Tarcila Olanda, e também pela estudante de pedagogia Mayra Oliveira.


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APÊNDICE F – ARQUIVOS MULTIMÍDIA (OFICINAS 3, 8 E 11)


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ANEXOS


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ANEXO 1 – REPORTAGEM SOBRE A SECA NO SERTÃO SERGIPANO PRODUZIZA PELA TV SERGIPE E VEICULA EM REDE NACIONAL (OFICINA 2)


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ANEXO 2 – TRANSCRIÇÃO DOS DIÁLOGOS DO EPISÓDIO “SOFRI UM ACIDENTE”, DO BOB ESPONJA (OFICINA 7) Personagens: P – Patrick S – Sandy B – Bob Esponja L – Lula Molusco M – Médico P2 – Paciente no hospital P3 – Pedestre F – Jogador de futebol americano C – Conhecido na rua C2 – Outro conhecido na rua V – Velhinho G – Gorila J – Jorge

Na montanha de areia. P – Ah, eu morri de novo! Esse jogo é uma droga. S – Viu? É preciso sempre prestar atenção na montanha. B – É! Eu estou te ouvindo, montanha. B – Vê se não come muita areia. P – Tá certo! Não vou esquecer! B – Ei, Sandy! Olha só o rabugento do Lula Molusco. L – Hora de fazer umas regras pra mim. B – “Todo mundo aqui é idiota, exceto eu.” L – É verdade! S – Bob Esponja, cuidado com a árvore! B – Não se preocupem, pessoal! Está tudo sob o controle, porque eu estou prestando atenção. Que engrado! Alguém virou a montanha de ponta cabeça! S – Bob Esponja, vire e fica de traseiro pra baixo. Use a calça de para-quedas! B – Desse jeito? P – Não, use o traseiro! S – Não quer bancar o idiota em outro lugar? P – Por enquanto, não. S – Au! Deve ter doído. P – Faz de novo! Eu não tava olhando. No hospital. M – Me parece que o seu glúteo vai levar alguns dias até ir se recuperando. B – O meu o quê? Pode demorar quanto? M – O seu traseiro aqui. Foi realmente incrível. Levou 20 horas pra pôr tudo de volta no lugar. Até acabaram os grampos e tivemos que usar cola. É! Foi muita, muita, muita, muita, muita, muita sorte! De agora em diante, é melhor tomar mais cuidado. Mais um acidente como esse e você pode acabar como aquela pobre criatura ali, com o traseiro de ferro.


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P2 – Puxa, vida! Preferia uma cadeira. A caminho de casa. B – Você ouviu o médico, Bob Esponja. Mais um acidente como aquele e vai ser um ‘traseiro de ferro’. Eu fui descuidado aqui atrás, mas de agora em diante vou ficar o tempo todo patrulhando as costas. Ei, fique longe das minhas costas. Eu vou avisando... P3 – Qual é o seu problema? B – Uh! Essa foi por pouco! F – Ei, Bob Esponja! Por que não joga também? Tá faltando um jogador. Bela pegada! C – Ei, Bob Esponja! Junte-se a nós, cara! Finalmente, conseguimos gente para um túnel de tapas de dez quilômetros! Ai, ai, ai... C2 – Próximo! B – Ai!!! L – É aqui o começo da fila? Em casa. B – Meu traseiro em perigo na rua! Só aqui dentro é seguro. A caminho da casa de Bob Esponja. S – É! Eu sou a cowboy! P – He,He,He,He. Na casa de Bob Esponja. S – Oi, Bob Esponja! P – Foi divertido [o passeio até a casa de Bob]. S – Oi, Bob Esponja! Está pronto para esquiar na areia de novo? Bob Esponja? B – Olá, amigos! Estão se divertindo no mundo lá fora? S – O que está fazendo sentado no meio da casa desse jeito? B – Estou passando o resto da minha vida em segurança. Se vocês fossem inteligentes, se juntariam a mim. Aquele acidente me fez perceber que é perigoso lá fora. É que eu tive muita sorte. Eu sobrevivi! E tomei a brilhante decisão de nunca mais sair de casa. S – Isso é conversa de doido! P – Não é conversa de doido. Isso é conversa de doido [põe a língua para fora e começa a fazer barulho com a boca até que Sandy o golpeia na cabeça para ele parar]. P – Desculpe. B – O Patrick está certo, Sandy. Você viu o que aconteceu comigo. E, na próxima vez, ao invés do traseiro, vai ser a minha axila ou a minha testa. P – Ou a sua outra axila! B – Foi um erro meu ir de encontro à natureza. Eu sou uma esponja. O que eu estava pensando? Andar? O meu povo é sedentário. S – E vai ficar sentado em casa? Você não vai sentir solidão? B – Eu não vou sentir solidão. Eu tenho os amigos que preciso aqui: esse é o tostão, essa é a fritinha e digam oi para o guardanapo usado! S – Como é que vai manter o emprego no Siri Cascudo? B – Sem problemas! Com uma espátula bem comprida! S – Mas e pra comer? B – Eu sou uma esponja. Eu filtro alimento.


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S – Bob Esponja, mais cedo ou mais tarde, você vai ter que sair. B – Escute, eu já disse que nunca mais vou sair de casa. P – Nunca mais? B – Nunca mais quer dizer nunca mais. P – Nunca mais, nunca mais para todo o sempre? B – Nunca mais, nunquinha, nunca mais, nunca mais. P – Nunca, nunca, nunca, nunca, nunca mais? B - Nunca mais, nunca mais, nunca mais, nunquinha, nunca mais, nunca mais... P – Nunca mais? Nunca mais? Nunca mais? S – Já chega, Patrick. Já chega. Fritinha, mostre a saída para esses dois. P – Brigada, Fritinha. P – Acho que preciso encontrar outro melhor amigo. O Lula Molusco!!! L – NÃO! S – Não se preocupe, Patrick. Vamos fazer o Bob Esponja sair e ele vai ver que não tem motivo pra ter medo. P – É pra isso que eu tou treinando, certo? S – Oba! Olha só quanta água viva! Pena que o Bob Esponja esteja perdendo essa diversão! P – Eu peguei uma! B – Olha só! Aqueles dois idiotas arriscando a vida caçando água viva! Meus novos hábitos são muito mais seguros, não é Fritinha? Eu caço poeira! Acho que peguei uma! S – Nós temos que tentar outra cosia! P e S – Felicidades pelo aniversário, Bob Esponja! Parabéns pra você! Agora você tem que soprar a vela e fazer um desejo. B – Eu não preciso de um desejo, Tostão. Tudo o que eu poderia querer está bem aqui. Na verdade, vou cantar a minha própria canção sobre curtir a vida em casa. “Eu conheço um lugar onde você nunca se machuca. É um lugar mágico com cheiros mágicos. Dentro de casa, dentro de casa, dentro de casa...” Que beleza, hein Tostão? P – Aquele Tostão tem uma voz muito bonita. S – Chegou no limite, Calça Quadrada. Vamos achar uma coisa tão divertida que não vai aguentar e vai sair daqui! S – Pulos de alegria! P – Sorvete! S – Surfar em baixo d’água. P – Dois sorvetes! S – Roda gigante! P – Eram dois sorvetes. S – Abrir ostras! P – Dar banho nos mais necessitados. S – Patrick, isso é divertido? V – Pra mim, é sim! S – Não deu nada certo. P – O que nós vamos fazer? V – Eu sugiro tomar um banho. S – O quê? Quer ir embora daqui? S – Não esqueça! Só vai sair daqui quando eu der o sinal.


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P – Tá legal. S – Tudo bem, Bob Esponja. Você venceu. Vai ficar em casa pra sempre, a sua vontade é mesmo de ferro. Agora! P – Huuu... S – Ai, um gorila! Me salve, Bob Esponja. B – Tá legal, pessoal. Essa foi a tentativa mais fraca de todas. Todo mundo sabe que o Patrick se vestiu de gorila no Halloween do ano passado. S – Não, é sério. Você tem que me salvar. P – Sandy, quem é o seu amigo? S – Mas era pra você estar disfarçado de gorila. P – Mas estou disfarçado de gorila. Eu pensei que estivesse indo bem. S – Se você é o Patrick, então quem é ele? S – Ah! Um gorila de verdade! [gritos] B – Cacilda! Isso não pode estar acontecendo! Era justamente desse tipo de perigo que eu estava falando. Hum... eles bem que mereceram. Afinal, eu avisei sobre os perigos que existem lá fora. Bem, Fritinha, eu sei que são os meus dois melhores amigos do mundo, mas eu disse pra eles que não ia sair em hipótese nenhuma. Não precisava me criticar, ouviu? Muito obrigado, Guardanapo Usado. É, Fritinha, eu sei que se eu tivesse lá fora apanhando o Patrick e a Sandy arriscariam tudo para me salvar. Eu tenho que fazer o mesmo por eles. Se eu não voltar, Fritinha, cuide muito bem do Gary. Bom, lá vou eu. Da segurança da minha casa para o mundo lá fora. Tenho que dar o primeiro passo. Por enquanto, tudo bem. Acho que eu vou conseguir. Ai! Me largue agora. Socorro, socorro! Ainda estou vivo! Muito bem, eu consegui sair! Nada mais pode me deter. É tarde demais pra entrar agora. É tarde demais. Patrick? Sandy? P e S – Sim, Bob Esponja. B – Lamento ter causado tudo isso. Agora eu não tenho mais medo de sair, mas tenho pavor de gorila. S – Tudo bem, Bob Esponja. Nós também. B – Sabe o que eu não estou entendendo? O que um gorila está fazendo embaixo da água pra começar? G – Engraçado! Quer dizer que... Jorge, ele tem razão. J – Vamos dar um fora daqui. [11’24” – Fim]


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ANEXO 3 – FÁBULA: REVOLUÇÃO NO FORMIGUEIRO, DE NYE RIBEIRO (OFICINA 9)

Revolução no Formigueiro, de Nye Ribeiro (Editora do Brasil) Sofia era uma formiguinha, de cintura fina e bundinha redonda, que morava em um grande formigueiro na Floresta dos Jatobás. Ali, havia sempre muita comida, e todas as formigas eram gordinhas. Para quem, de longe, olhava aquela fila enorme de formiguinhas, Sofia era bem parecida com as outras formigas. Mas bastava conhecê-la melhor para perceber a diferença. Sofia tinha a estranha mania de querer saber o porquê disso, e o porquê daquilo... Fazia muitas perguntas e nunca de contentava com as respostas. Seu amigos, viviam tentando ajudá-la a entender as regras do formigueiro. - Por que temos que andar enfileiradas? - Ora, Sofia, para não nos perdermos no caminho... - Por que temos que trabalhar todos os dias? - Ora, Sofia, porque somos formigas operárias... - E por que não podemos sair para passear, brincar e conhecer o mundo? - Psiu!!! Fala baixo, Sofia. Já pensou se a formiga-rainha escuta voce dizer uma coisa dessas...?! - Cada formigueiro tem suas regras – explicou uma formiga mais velha. E voce já está bem grandinha para aprender as regras do nosso formigueiro! Sofia resolveu, então, ler o manual do formigueiro: Regra I: Cada formiga deve conhecer as suas obrigações e saber de cor as regras do formigueiro. Regra II: Desde cedo, as formigas operárias precisam trabalhar para ganhar seu sustento. Regra III: No formigueiro da Floresta dos Jatobás não se pode desperdiçar tempo com conversas ou pensamentos inúteis.


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Regra IV: No formigueiro da Floresta dos Jatobás não se pode cantar nem fazer barulho. Regra V: Todas as formigas devem estar atentas às ordens da rainha. Regra VI: Ao sair para buscar comida, as formigas devem andar enfileiradas, sem olhar para cima, nem para os lados. Regra VII: Se alguma formiga não trouxer sua folhinha naquele dia, no dia seguinte deverá pagar dobrado sua ração de comida. Regra VIII: Ninguém deve se afastar do formigueiro, nem usar outro caminho se não aquele marcado no chão. Regra IX: Ninguém deve ter ideias diferentes, nem questionar as regras da rainha. Regra X: Todas as formigas estão proibidas de falar com estranhos. Mesmo lendo o manual diversas vezes, Sofia não conseguia decorar todas aquelas regras. E ficava pensando: - Mas, por que não podemos experimentar outros caminhos...? E por que não podemos ter ideias diferentes...? E por que não podemos conversar com estranhos...? Sofia gostava mesmo era de ler histórias. E na sua cabecinha brotavam ideias e mais ideias. - Eu acho que o mundo lá fora é bem maior do que nós imaginamos. Devem existir outros caminhos que levem a outros lugares diferentes... Devem existir outros formigueiros, com muitas formigas... Devem existir outros bichos de cores e tamanhos diferentes... Ah! Um dia eu juro que vou conhecer o mundo...! O tempo passou e Sofia já tinha idade para aprender o ofício das formigas operárias: sair enfileirada, junto com outras formigas, para buscar comida. Todos os dias, de manhã bem cedinho, a formiga-rainha tocava o sino para acordar as operárias. Depois, organizava a fila, por ordem de tamanho, e mandava-as para fora do formigueiro, atrás de comida. Na volta, esperava na porta, junto com as formigas-sentinelas, para receber as folhinhas que traziam. Cada dia que passava, um monte de folhas ia ficando maior. Numa manhã, quando as formigas saiam enfileiradas, um barulhinho chamou a atenção de Sofia. A formiguinha se afastou um pouco, só para ver o que era aquilo. - Quem é você? – Perguntou. - Sou uma cigarra. - E o que você faz? - Eu canto, canto muito. E você, quem é? - Meu nome é Sofia, sou uma formiga. - Venha comigo, Sofia! Venha conhecer a minha família! - Bem que eu gostaria, mas preciso voltar para minha fila. Sou uma operária e ando o dia todo atrás de comida. - Que pena! – disse a cigarra. No final da tarde, quando as formigas voltavam apressadinhas, Sofia correu e entrou de novo na fila. A formiga-rainha esperava na porta do formigueiro, para conferir as folhinhas. - Onde está a sua folha, Sofia? – E antes que ela dissesse qualquer coisa: - Bem... amanhã você me deve duas folhinhas. À noite, Sofia custou a pegar no sono. Seu coração batia acelerado ao se lembrar da cigarra. - Ah! Como eu gostaria de aprender a cantar, como as cigarras...! No dia seguinte, saíram novamente as formigas enfileiradas. No caminho, alguma coisa chamou a atenção de Sofia. - Que lindo! O que será aquilo? Sofia foi até lá para ver aquele bando colorido, voando de um lado para o outro. - Quem são vocês? - Somos borboletas! - E o que fazem? - Voamos, passeamos muito, pousamos nos canteiros de flores... E você, quem é?


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- Meu nome é Sofia. Sou uma formiga... - Venha passear conosco, Sofia. - Bem que eu gostaria, mas preciso voltar depressa para minha fila. Sou uma operária e ando o dia todo atrás de comida. - Que pena! – disseram as borboletas. No final da tarde, as formigas voltavam apressadinhas. Sofia correu e entrou de novo na fila. A formiga-rainha esperava na porta do formigueiro. - Onde estão suas folhas, Sofia? – E antes que ela dissesse qualquer coisa: - Bem... amanhã voce me deve três folhinhas. À noite, Sofia custou a pegar no sono. Seu coração batia acelerado ao se lembrar daquele bando colorido de borboletas. No outro dia, logo de manhãzinha, saíram as formigas, enfileiradas. No caminho, outro barulhinho... - Quem é você? - Eu sou um grilo. - O que você faz? - Eu pulo, me escondo na grama e brinco de esconde-esconde com os meus amigos. - Meu nome é Sofia. Sou uma formiga. - Venha brincar comigo, Sofia! - Bem que eu gostaria, mas preciso voltar para minha fila. - Que pena...! disse o grilo. No final da tarde, Sofia correu e entrou de novo na fila. A formiga-rainha esperava na porta do formigueiro, para conferir as folhinhas. - Onde estão suas folhas, Sofia? – E antes que ela dissesse qualquer coisa: - Bem... amanhã você me deve quatro folhinhas. À noite, Sofia custou a pegar no sono. Se coração batia acelerado ao se lembrar do grilo. Imaginava-se pulando de um lado para o outro brincando de esconde-esconde... Na manhã seguinte o que chamou a atenção de Sofia foi alguma coisa que morava lá no alto. Olhou para cima e ficou encantada com o que descobriu. - Quem é você? - Eu sou um pássaro, um bem-te-vi. - E o que você faz? - Voo até o alto das árvores, brinco com os meus amigos, canto “bem-te-vi”...”bem-tevi”! E você, quem é? - Meu nome é Sofia, sou uma formiga. - Venha conhecer meus amigos. - Bem que eu gostaria, mas preciso voltar depressa para minha fila. Sou uma formiga operária e ando o dia todo atrás de comida. - Que pena! – disse o bem-te-vi. No final da tarde Sofia correu e entrou de novo na fila. A formiga-rainha esperava na porta do formigueiro. - Onde estão as suas folhas, Sofia? - Bem... amanhã você me deve cinco folhinhas. À noite, Sofia custou a pegar no sono. Seu coração batia acelerado ao se lembrar do bem-tevi. Imaginava-se voando, cantando... E assim, a cada dia Sofia ia descobrindo novas surpresas: uma minhoca, um caracol, uma joaninha, um joão-de-barro... À noite, ao deitar, tinha lindos sonhos! Mas sua dívida ia aumentando cada vez mais. Agora, já devia sete folhinhas. Depois oito, depois nove, depois dez ... Aí, então, a formiga-rainha perdeu a paciência:


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- Sofia, você já me deve dez folhinhas. Amanhã, sem falta, você vai me trazer todas, de uma só vez. E se não trouxer as dez folhinhas que está devendo, terá que deixar o nosso formigueiro. No dia seguinte, Sofia saiu do formigueiro muito triste. Não sabia o que fazer e passou o dia todo pensando... À tarde, quando as formigas voltavam enfileiradas, Sofia juntou-se à elas. Não trazia nem uma folhinha, mas por dentro estava cheia de coragem! Ao chegar na porta do formigueiro, foi dizendo logo, bem alto, para todas as formigas escutarem: - Estive pensando. A vida das formigas-operárias é tão sem graça! Todos os dias são sempre iguais. Andamos de cabeça baixa, olhando para o chão, uma atrás da outra, só em busca de comida. Vocês não imaginam como é lindo o mundo lá fora...! Foi uma confusão! Num estante, as formigas se espalharam pelos corredores do formigueiro e, alvoroçadas, começaram a discutir a questão. As mais rabugentas diziam: - Prendam a Formiga Sofia! Ela desobedeceu as regras do formigueiro. –As mais invejosas diziam: - Deixem a Sofia sem água e sem comida por uma semana! – As mais amigas, aquelas que gostavam de verdade da Sofia, diziam: - Esperem, Sofia descobriu coisas muito importantes. Primeiro vamos ouvir o que ela tem para dizer. A formiga-rainha chamou todas as formigas guerreiras, colocando-as em prontidão. - Agora, não quero ouvir nem mais uma palavra! Cada um deve ir para o seu aposento e permanecer em silencio até a segunda ordem! Depois, chamou Sofia e fez uma porção de perguntas. Durante a noite, a formigarainha não consegui pregar o olho. Preocupada, andava de um lado para o outro. - O que fazer? Como resolver essa situação? E passou a noite toda pensando. No dia seguinte, as formigas foram convocadas para uma assembleia muito importante. A formiga rainha combinou que todas teriam direito à palavra, porém, uma de cada vez. A reunião foi demorada e, depois de muita discussão, a formiga-rainha resolveu fazer uma proposta: - Estive pensando... A formiga Sofia infringiu algumas regras do formigueiro. Por ser uma formiga operária terá que pagar todas as folhinhas que deve. Mas... por causa da sua coragem, Sofia acabou descobrindo coisas muito importantes sobre a vida que existe do lado de fora. Coisas que nos também precisamos conhecer. Por isso, a partir de hoje, vamos nos revezar: um dia metade das formigas do formigueiro vai trabalhar e as outras vão sair por aí para descobrir o mundo. No outro dia, as que estavam trabalhando vão passar e as outras vão trabalhar. As formigas gostaram da ideia e aplaudiram contentes. Desde esse dia, mudou um pouco a história daquele formigueiro... Lá dentro, a comida já não é tão farta e as formigas já não são tão gordinhas... Mas quando chega o inverno, é uma verdadeira festa! Tantos sonhos, tantas emoções, tantas histórias para contar...! E hoje, eu posso até dizer que esse é o formigueiro mais alegre de toda a Floresta dos Jatobás.


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ANEXO 4 – PROGRAMAÇÃO DA SEMANA DA CRIANÇA NA PEDIATRIA DO HUSE - OUTUBRO/2009 (OFICINA 10)

Portal da Saúde

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Semana da Criança na Pediatria do Huse EVENTO: Semana da Criança QUANDO: De 8 a 13 de outubro PARA QUEM: Pacientes da pediatria LOCAL: Pediatria do Huse, atualmente em funcionamento na Maternidade Hildete Falcão Batista PROGRAMAÇÃO: DIA 8 (QUINTA-FEIRA) 9h recreação com cama elástica 15h Cine Pipoca DIA 9 (SEXTA-FEIRA) 15h teatro de fantoches, karaokê e distribuição de presentes DIA 10 (SÁBADO) 15h contos e teatro com o grupo Crie saber DIA 12 (SEGUNDA-FEIRA) 9h artista circense "Íris e Colores" 10h distribuição de brinquedos e lanches 16h grupo de dança mirim da UESE DIA 13 (TERÇA-FEIRA) 9h contos infantis com o grupo PROSARTE e distribuição de livros 15h apresentação dos grupos teatrais "CIRCOLATE e SOS ALEGRIA" 16h lanches

http://www.ses.se.gov.br/index.php?act=imprimir&codigo=4672

10/11/2009


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ANEXO 5 – HISTORINHA DO POBRE COCOZINHO (OFICINA 10)

O Pobre Cocozinho... Era uma vez um cocô. Um cocozinho feio e fedidinho, jogado no pasto de uma fazenda. Coitado cocô! Desde que veio ao mundo, ele vinha tentando conversar com alguém, fazer amigos, mas quem passava por ali não queria saber dele: - Hum! Que coisa fedida! - diziam as crianças. - Cuidado! Não encostem na sujeira! - avisavam os adultos. E o cocozinho, sozinho, passava o tempo cantando, triste:

do

Sou um pobre cocozinho Tão feinho, fedidinho Eu não sirvo para nada Ninguém quer saber de mim... De vez em quando ele via uma criança e torcia para que ela chegasse perto dele, mas era sempre a mesma coisa: - Olha a porcaria! - repetiam todos. Não restava nada para o cocô fazer, a não ser cantar baixinho: Sou um pobre cocozinho Tão feinho, fedidinho... Um dia ele viu que um homem se aproximava; já imaginando o que ia acontecer, o cocozinho se encolheu. "Mais um que vai me xingar", pensou. Mas... Oh! Surpresa! O homem foi chegando, abrindo um sorriso, e seu rosto se iluminou: - Mas que maravilha! Que belo cocô! Era exatamente disso que eu precisava. O cocô nem acreditava no que estava ouvindo. Maravilha, ele? Precisando? Aquele homem devia ser maluco!Pois aquele homem não era maluco, não. Era um jardineiro. E, usando uma pá, com todo o cuidado, ele levou o cocozinho para um lindo jardim. Ali, acomodou-o na terra, ao pé de uma roseira. E, depois de alguns dias, o cocozinho percebeu, feliz e orgulhoso, que, graças a sua força, a roseira tinha feito brotar uma magnífica rosa vermelha, bela e perfumada. Quem é quem? Rosane Pamplona, autora deste conto, foi professora de Língua Portuguesa em várias escolas e universidades. Atualmente escreve livros, conta histórias e forma professores. Biry Sarkis faz ilustrações há 16 anos e já publicou dez livros. Trabalha regularmente para a revista Recreio, da Editora Abril.

Texto disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/praticapedagogica/pobre-cocozinho-423449.shtml>. Acessado em: nov. de 2009.


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ANEXO 6 – LETRA DA MÚSICA VAZA CANHÀO (OFICINA 11)

Vaza canhão Black Style (Composição: Robyson) Eu conheci uma menina na Internet Ela me disse que era um verdadeiro avião Eu marquei um encontro com ela na avenida Sete E quando eu vi a menina pirei o cabeção Ela tem cara de jaca Nariz de xulapo Estria nas pernas Bunda de peteca Perna de alicate Cabelo de asolã Ela é caolha Tem unha encravada Boca de desdentada Barriga dobrada Tirando a camisa o peito batia no chão Ela é corcunda, Desengonçada Cintura de ovo Com a cara manchada E quando ela fala o bafo é de leão Tem um caroço nas costa Com a voz grossa A cara torta Minha resposta na hora Foi cantar esse refrão E o refrão é assim Vaza canhão (4x) E ela tinha um testão Tinha um zoião Não era mulher Era uma assombração E ela tinha uma papada Parecia um urubu Tinha uma impigem na cara E coçava uu..uhhhh Vaza canhão (4x)


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