ARRAIOLOS

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FAUP Histテウria da Arquitectura Portuguesa Estudos do Castelo de Arraiolos e sua Vila Ana Maio テ]geles Ortega Jesica Jaramillo Patrテュcia Malhテ」o

2009 / 2010

1


Ă?NDICE 1.

Introdução. Objectivos do Trabalho

5

2. 2.1. 2.2.

Arraiolos: anålise territorial Localização Evolução Urbana da Vila de Arraiolos

7

3.

Cronologia

15

4.

SĂ­ntese histĂłrica

21

Estudo do Castelo de Arraiolos 5. 5.1. 5.2.

Levantamento Planta e cortes da Vila Desenhos de levantamento )RWRJUDÂżDV

23

6.

Comparaçþes de Castelos 5HĂ€H[mR VRE DV FRPSDUDo}HV

37

7.

ConclusĂŁo

47

%LEOLRJUDÂżD

49

3


1.

Introdução. Objectivos do Trabalho. O tema escolhido para o nosso trabalho prĂĄtico foi o estudo do Castelo de Arraiolos. Trata-se de uma pequena fortaleza, um Castelo e uma muralha que coroam o Monte de SĂŁo Pedro, em Arraiolos, cuja ordem de construção se atribui a D. Dinis VpF ;,9 8PD YH] TXH H[LVWH SRXFD LQIRUPDomR VREUH HVWD IRUWDOH]D GHFLGLPRV ID]HU paralelamente o estudo da evolução da Vila de Arraiolos, esperando assim tambĂŠm encontrar algumas pistas que nos pudessem orientar no estudo do Castelo. IniciĂĄmos o trabalho com uma anĂĄlise territorial: localizar a Vila de Arraiolos em Portugal, a sua posição relativa ao Alentejo, ao distrito de Évora, ao municĂ­pio, utilizando uma linha de vĂĄrios “zoom’sâ€?, atĂŠ isolarmos a Vila propriamente dita. Para LVVR UHFRUUHPRV D PDSDV FRP YiULDV HVFDODV H pSRFDV H D FDUWDV PLOLWDUHV D ÂżP GH fazermos um estudo hipsomĂŠtrico da regiĂŁo atravĂŠs de manchas de cor e cortes no territĂłrio. $QDOLVDGR R WHUULWyULR SURFHGHPRV FRP D FRQWH[WXDOL]DomR KLVWyULFD GR REMHFWR de estudo. Recolhemos informação sobre os primeiros registos de doação da Vila, e mais tarde da ordem de construção da muralha e do Castelo, apoiando-nos sobretudo QDV UHIHUrQFLDV GRV 5HLV HQYROYLGRV )L]HPRV WDPEpP XPD DSUR[LPDomR DR WHPD GDV linhas de castelos, tentando enquadrar o Castelo nĂŁo sĂł cronologicamente mas tambĂŠm o porquĂŞ da sua implantação naquele ponto. $VVLP DWUDYpV GD GDWDomR H ORFDOL]DomR JHRJUiÂżFD GR REMHFWR GH HVWXGR tentou--se fazer uma leitura por sucessivas “camadasâ€? de tempo do territĂłrio, o que nos permitiou lançar algumas hipĂłteses sobre qual teria sido a estratĂŠgia de implantação e GLUHFo}HV GH H[SDQVmR GD 9LOD 1XPD SULPHLUD IDVH DSRLiPR QRV GD FDUWD DUTXHROyJLFD SDUD VH GHWHUPLQDU TXDLV DV SRVVtYHLV HGLÂżFDo}HV TXH H[LVWLULDP QR WRSR GR PRQWH (onde surgiu a primeira vila), e depois analisar a Vila a partir do momento em que ela abandona a cerca e se estende pela encosta. Estudada a Vila, e a sua evolução, debruçåmo-nos sobre o Castelo propriamente GLWR 2V YHVWtJLRV DUTXHROyJLFRV UHYHODP TXH SURYDYHOPHQWH H[LVWLULD RXWUR WLSR GH construção no sĂ­tio onde se ergueu o Castelo. O estado de ruĂ­na, os sucessivos UHDSURYHLWDPHQWRV GDV FRQVWUXo}HV H PDLV WDUGH DV SUySULDV LQWHUYHQo}HV GD '*(01 descaracterizaram o que poderia ter sido o castelo na sua traça original, e atĂŠ mesmo TXDLV SRGHULDP WHU VLGR DV FRQVWUXo}HV SUp H[LVWHQWHV DR &DVWHOR 8PD YH] PDLV UHFRUUHQGR j FDUWD DUTXHROyJLFD Âż]HPRV XPD HVWUDWLÂżFDomR GRV YHVWtJLRV por ĂŠpocas, comparando-os com outros elementos e edifĂ­cios coevos, lançåmos algumas hipĂłteses de como uma suposta construção de carĂĄcter mais palaciano, ou de alguma simbologia de poder (que supomos que houvesse), poderia evoluir atĂŠ Ă construção do Castelo e da muralha. Por Ăşltimo, faremos uma pequena abordagem da relação social que o Castelo tem/mantĂŠm com a Vila. Desde elemento histĂłrico, a elemento de paisagem, com todas as suas tradiçþes, lendas e romarias.

5


2. 2.1.

Arraiolos: anålise territorial Localização

“Essa população que, nos primeiros tempos, se acolhia ao cimo da colina que D. Dinis mandou cercar de muros, veio a preferir o arrabalde como local de residĂŞncia. 5HOHJDGDV DV QHFHVVLGDGHV GH GHIHVD SDUD VHJXQGR SODQR D iUHD H[WUD PXURV RIHUHFLD condiçþes mais favorĂĄveis para habitação, por ser um espaço mais amplo, onde se poGLDP FRQVWUXLU FDVDV PDLRUHV FRP TXLQWDLV PHQRV H[tJXRV (UD WDPEpP XP ORFDO PDLV abrigado de intempĂŠries e, sobretudo, mais acessĂ­vel para quem vivia da terra ou de actividades dependentes do trĂĄfego regional e inter-regional. Por isso pouco a pouco, as habitaçþes da cerca foram abandonadas e demolidas e o arrabalde crescendo em seu detrimento.â€? O Foral Manuelino de Arraiolos, Jorge Fonseca

Mapa da PenĂ­nsula IbĂŠrica, (1823)

7


Mapa de Portugal, (1823)

8

Mapa das provĂ­ncias, Estremadura e Alto Alentejo, (1846)


6 Léguas 8 Léguas

3,5 Léguas

Localização feita através do texto, “real academia de la historia, tomo XXVIII”, abaixo referido.

Mapa das províncias, Estremadura e Alto Alentejo, (actual)

1 Légua = 6,600 metros

Mapa da Vila de Arraiolos

9


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4

5

6

7

Évora Évora 291 m 0

3

10

3

2

Memorial HistĂłrico EspaĂąol colecciĂłn de documentos, opĂşsculos y antiguedades que publica la real academia de la historia, tomo XXVIII, Madrid, 1897

2

1

Âł 2LWR OpJXDV D 3RHQWH GH 9LOODYLFLRVD WUrV H PHLD D 1RUWH GD FLGDGH GH eYRUD e seis da villa de Estremoz, no caminho Real de Lisboa, em terreno elevado e sano, encontra-se fundada a villa de Arrayolos, que Vasconcelos e outros autores portugueses portugueses querem, por uma inscrição achada no seu termo, que se teria chamado antigamente Calantia, nome desconhecido pelos autores geĂłgrafos; mas sem deter-se mesta opiniĂŁo e na que os sabinos, tusculanos e albanos anteriores Ă Sertorio foram os que fundaram esta cidade, e que pelo nome do seu capitĂŁo, Rayeo, colocaram-lhe Rayolis, que com o tempo passou a Arrayolos , como conta Carvalho, disse que tal nome proveio por estar situado entre dois arroyos, dos quais um ĂŠ o Ovidor, que nasce nas vinhas de Évora, e o outro o da Pontega, que mais tarde se unem, e que estragada (a YLOD FRP FRQWtQXDV JXHUUDV UHHGLÂżFRX D R 5H\ ' 'LRQLVLR H IRUWLÂżFRX FRP XP FDVWHOR de seis torres, onde haviam algumas casas, que foram queimadaspelos castellanos TXDQGR D FLGDGH GH eYRUD IRL WRPDGD 'XUDQWH R GLD HVWD YLOOD QmR WHP IRUWLÂżFDo}HV H compĂľem-se por duas ruas que se cruzam em ângulos rectos, e sĂł de uma igreja dediFDGD j 1RVVD 6HQKRUD GRV 0iUWLUHV VLWXDGD GHQWUR GR FDVWHOR H GD TXDO VmR 3ULRUHV RV $UFHELVSRV GH eYRUD TXH S}HP QHOD XP 5HFWRU H 3DGUH FRP TXDWUR %HQHÂżFLDGRV H QD que hĂĄ 461 vizinhos. Tem tambĂŠm casa da MisericĂłrdia, Hospital y vĂĄrias ermitĂŁs; um Convento de religiosos da Ordem Terceira de SĂŁo Francisco, fundado em 1633 e duma boa fĂĄbrica, e outro de canonigos seculares da congregação de SĂŁo JoĂŁo Evangelista, GHGLFDGR D 1RVVD 6HQKRUD GD $VVXQomR H IXQGDGR HP QD VXD TXLQWD GH 9DOIHUmoso por JoĂŁo Garces, hidalgo da Casa de D. Alonso o V.â€?

1

0

1,0 km

2,0 km

3,0 km

0,5 lĂŠguas

4,0 km

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1 lĂŠgua

2 lĂŠguas

3 lĂŠguas

4 lĂŠguas

8


)RWRJUD¿D $pUHD GD 9LOD H &DVWHOR GH $UUDLRORV

11


Arraiolos no SĂŠc. XIV ([LVWrQFLD GR &DVWHOR PXUDOKDGR ,JUHMD GH 6 6DOYDGRU H YHVWtJLRV ,VOkPLFRV

Arraiolos no SÊc. XV Surgimento de vias e construçþes jå fora da muralha, nomeadamente o Hospital que data de 1409.

QuarteirĂľes mais recentes perifĂŠricos ao centro da Vila. Possivel via Principais Vias da Vila

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QuarteirĂľes do Centro histĂłrico, provavelmente cuevos aos edĂ­ficos datados pelo IHRU. EdĂ­ficos datados pelo IHRU.


2.2.

Evolução Urbana da Vila de Arraiolos

Arraiolos no SĂŠc. XVI 1HVWD IDVH Mi H[LVWH XP GHVHQKR XUEDQR GHÂżQLGR SHODV SULQFLSDLV YLDV H VXSRVWRV TXDUWHLU}HV TXH ODGHLDP DOJXQV HGtÂżFRV GDWDGRV GHVWH VpFXOR

Arraiolos no SĂŠc. XVII atĂŠ Ă actualidade )DVH ÂżQDO HP TXH D YLOD VH YDL GHVHQYROYHQGR FRQIRUPH D WRSRJUDÂżD R SHUPLWH

“ A Vila de Arraiolos organiza-se por bairros de lotes estreitos e profundos, que sĂŁo delimitados por ruas longitudinais paralelas e por um sistema de transversais, que convergem em forma de leque contra a colinaâ€? Gonçalo Byrne

13


4.

Síntese Histórica

Itinerários Régios - Sancho I (1154 / 1211)

Itinerários Régios - Afonso III (1210 / 1279)

Itinerários Régios - D. Dinis (1261 / 1325)

Itinerários Régios e obras - D. Dinis (1261 / 1325)

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Planta e Cortes da Vila

C

D

4 E3

E32

303.2

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N

303.2 E32

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317.6 320.0

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E1

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371.0 369.7 369.4

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1 5 2 N E

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Rua Cinco

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E38

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E41

B

Escola C+S de Arraiolos

Pelourinho

ARRAIOLOS

412,546

NU 35 399,350

C.R.Civil Predial Camara Municipal Arraiolos

A

NU 13

B'

322,240

Tribunal

Estacao Tratamento de aguas Cine-Teatro

A'

Lar N.S.da Conceicao

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10

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4)

Bombeiros Voluntarios de Arraiolos Biblioteca Municipal

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326,59

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Hospital da Santa Casa da Misericordia de Arraiolos

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Caixeiro

Jardim Infantil da Santa Casa da Misericordia de Arraiolos

Bombeiros

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Km 64

Reparticao de Financas

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Complexo Turistico da Manizola Ru a

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IC 10

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Rua

5.1.

Levantamento

E4 3

5.

EN 0 37

C'

23


24

Corte AA'

Esc. 1:3000

Corte BB'

Esc. 1:3000

Corte CC'

Esc. 1:3000

Corte DD'

Esc. 1:3000


Desenhos de Levantamento

!"#$%&'$#(!#"(%)(!"#$%&*#(+$%&,*'-#($+(,%*#$+./

5.2.

Esc. 1/100

Esc. 1/200

25

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2

3

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3

4

26


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27


5.3.

Fotografias

29


17 43 Pelourinho

ARRAIOLOS

412,546

42

NU 35 399,350

37 C.R.Civil Predial Camara Municipal Arraiolos

40

Tribunal

Esc. 1:20.000

Cine-Teatro

33

34

Lar N.S.da

Bombeiros Voluntarios de Arraiolos Biblioteca Municipal

41 35

38

29 Convento

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6.

Comparaçþes de Castelos

“ (...) De igual modo, as cidades mais importantes necessitavam, para alĂŠm do seu prĂłprio reduto amuralhado, da protecção de outras guardas avançadas que as defenderiam de qualquer ataque sĂşbito, dando-lhes tempo a organizarem a sua prĂłpria defesa. Por isso, a partir do reinado de D. Dinis, quando a fronteira terrestre do Reino se estabelece de XPD IRUPD SUDWLFDPHQWH GHÂżQLWLYD D SUHRFXSDomR IXQGDPHQWDO p D GH SRYRDU WRGD D OLQKD de separação com a Espanha com castelos fronteiriços, sucessivamente restaurados, VREUHWXGR HP pSRFDV TXH VH DGLYLQKDYDP GH FRQĂ€LWR LPLQHQWH Âł Portugal no Mundo: histĂłria das fortificaçþes portuguesas no mundo, Rafael Moreira

37


38


39


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Os castelos de Amieira do Tejo e de Alvito são exemplos de Paços transformados no período de estabilidade em Portugal, quando já não há necessidades de defesa militar e sendo-lhes atribuída uma função claramente habitacional. Um pouco à semelhança dos Ribats, o recinto militar é transformado em espaço habitacional, organizando o Paço em torno do pátio de armas. Sabendo que Arraiolos era uma fortaleza de segunda linha, muito provavelmente terá sofrido esta transformação. Por outro lado, este é também denominado “Paço dos Alcaides”, havendo registo da permanência de D. Nuno Álvares Pereira neste mesmo Paço, pelo que nos leva a crer que terão existido reformas nesta fortaleza, de modo a torna-la habitável durante um período de tempo mais prolongado. Por este motivo, achamos pertinente relacionar estes castelos com o de Arraiolos, uma vez que se tratam de Paços consolidados, com uso claramente habitacional. Na análise dos Paços, podemos identificar, mais uma vez, alas de habitação organizadas em redor de um pátio. A sua localização e dimensão aproximam-se muito à do Castelo de Arraiolos. Por outro lado, a dimensão dos pátios em torno dos quais se organiza a habitação é também muito semelhante. O Castelo de Alvito é aquele que parece ter mais semelhanças com Arraiolos. É muito clara a sua herança do modelo dos Ribats, com as células habitacionais a contornar todo o pátio e as suas torres semicirculares. Apesar de em Arraiolos as alas de habitação não rodearem o pátio por todos os lados, as suas dimensões são bastante próximas, Tal como o espaço de Pátio.

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