especial
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julho 2015
Viver bem é o negócio
A história de duas amigas que decidiram investir no sonho de uma vida regada a viagens, aventuras, aprendizados e amizades pelo mundo afora Por Andressa Giro • Fotos Rodrigo de Paula
B
runa Villegas, 28, é publicitária. Evelyn Diogo, 26, é admi-
gica, atingido por uma bala perdida, e tive
nistradora. A amizade, que nasceu há pouco mais de um
que amadurecer rápido. Vivi com minha mãe
ano, é considerada, por ambas, um encontro de almas.
e um irmão mais novo. Então, comecei a traba-
Juntas engataram um rumo complemente diferente
lhar cedo, com eventos. Fui recepcionista tam-
para a vida e ainda inspiram outras pessoas a fazerem o mesmo.
bém. Paguei minha faculdade e, aos 23 anos, fiz
Viagens, aventuras, esportes, amizades e muita aprendiza-
a minha primeira viagem de avião para o México.
gem são os lemas dessa dupla, que mora no Tatuapé. E foi
Depois disso, não parei mais. Passei a juntar grana
assim, do desejo latente e em comum de explorar o mundo,
para viajar”, conta.
que surgiu o projeto Vestindo a Alma, em março de 2014, um
O destino também ajudou. Apaixonada por
blog que traz o olhar de Bruna e Evelyn sobre viagens, es-
água e praia, Bruna aproveitou a oportunidade de
portes, treinamentos, alimentação, pessoas, valorização da
emprego no marketing de uma empresa de turis-
natureza e tudo que elas acreditam que caiba no universo
mo para colecionar carimbos no passaporte. “Esse
de uma vida feliz.
trabalho foi essencial para chegar ao caminho que
O projeto é a realização de um sonho antigo, especialmente de Bruna. “Aos 11 anos perdi meu pai de forma trá-
estou trilhando. Devo muito também às pessoas que conheci através dele”, diz. julho 2015
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Fotos Reprodução/Vestindo a Alma
Para ela, viajar é sair da zona de conforto e se atirar em algo novo. “É olhar para dentro, sem máscaras. Desperta sentimentos que não sabíamos que existiam, ou seja, é um autoconhecimento incrível, que te obriga a amadurecer e criar novas atitudes. Aliás, são elas que vão determinar cada próximo passo em uma viagem”, diz. Formada em Comércio Exterior graças a uma bolsa de estudos, Evelyn também batalhou desde cedo para conquistar seu lugar ao sol – literalmente. Ligada aos esportes e à natureza, a jovem pegou gosto de explorar lugares diferentes depois de uma viagem de formatura. “Não tinha condições de bancar, então participei da organização para ganhar a ‘trip’. Peguei gosto. Minha primeira viagem sozinha foi para o Canadá”, conta. E continua: “como entrei muito cedo no meio corporativo, descobri que viajar era uma forma de conseguir equilíbrio para não pirar”. O encontro das duas não poderia ter sido melhor. “Não nos conhecemos em viagens ou passeios, e sim estudando no Método DeRose, que é uma proposta
Bruna e Evelyn durante algumas de suas viagens
de alta performance física e qualidade de vida. A
A primeira viagem que fizeram juntas foi decisiva para o
identificação foi imediata quando descobrimos as
Vestindo a Alma ganhar forma e se concretizar. “Fomos pas-
afinidades. Nossa amizade é diferente de qualquer
sar um final de semana no litoral norte de São Paulo e tudo
outra. Existe uma sintonia sem igual e graças a ela
aconteceu. Conhecemos ilhas incríveis e pessoas sensacio-
nasceu nosso projeto. Estamos juntas o tempo todo,
nais. Conversamos muito sobre como levar uma vida plena
então construímos e lapidamos nossa amizade com
todos os dias, fazendo algo em que realmente acreditásse-
cuidado redobrado”, conta Bruna.
mos, e a sementinha do projeto foi plantada”, lembra Evelyn.
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O EMPREENDIMENTO Os convites para divulgação de marcas, produtos, aplicativos, eventos e lugares são fundamentais para o sucesso do Vestindo a Alma. “Dividimos momentos mágicos, de maneira sutil, com o público. As propostas são analisadas para ver se atendem ao nosso estilo de vida. Mas só falamos daquilo que vivemos e aprovamos. Não teríamos credibilidade se não fosse assim. Queremos inspirar as pessoas através das nossas próprias experiências. A intenção é mostrar que nem sempre é preciso seguir um molde de regras imposto pela sociedade. Existem alternativas para fazermos algo que amamos e viver a vida plenamente”, acredita Bruna. Livre da rotina de trânsito, escritório, obrigações e horários, Bruna se dedica exclusivamente ao projeto há cerca de um ano, enquanto Evelyn ainda mantém o trabalho no ambiente corporativo e espera o momento ideal para fazer a transição. “Por enquanto, o Vestindo a Alma ainda não dá lucros. Estamos na fase de rentabilizar o projeto. Uma alternativa para isso foi a criação da nossa marca de roupas e acessórios. Porém, mais para frente, serão dois cenários diferentes. A ideia é que ele se sustente através dos anunciantes e parceiros, mas sem perder a essência”, diz Evelyn. Segundo elas, a parte mais difícil é conquistar apoio para rentabilizar as viagens. “Mas todo trabalho tem os dois lados, basta saber o que pesa mais. Nosso hobby é o nosso trabalho”, diz Bruna.
As amigas querem tornar o Vestindo a Alma rentável a ponto de conseguir partir para projetos sociais e ambientais
Fernando de Noronha”. E para quem sonha em se “libertar do terno e vestir a alma”,
Além de querer conquistar mais parceiros, a
mas falta sorte ou coragem, a dupla deixa um recado: “Viver bem
dupla dedica seus esforços para tornar o Ves-
é estar em sintonia com o corpo e mente para viver e valorizar o
tindo a Alma rentável a ponto de conseguir par-
momento presente, que é o mais importante de tudo. Por isso, se
tir para projetos sociais e ambientais. “Quere-
existe algo que realmente faz seu coração palpitar, é naquilo que
mos nos afiliar a projetos sustentáveis, comprar
você deve direcionar sua energia, persistir, investir seu tempo e
um trailer, explorar a Ásia, o Havaí e conhecer
criar oportunidades para que aquilo aconteça”.
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