Manejo de Pastejo e a Intensificação da produção em pasto

Page 1

15/5/2012

Manejo do pastejo e a intensificação da produção de leite em pasto

Sila Carneiro da Silva E.S.A. “Luiz de Queiroz” Universidade de São Paulo

Introdução Manejo do pastejo = alvo de interesse há muito tempo Reconhecimento eco ec e to da necessidade ecess dade de co controlar t o a o ccrescimento esc e to das plantas como forma de obter forragem de qualidade em quantidade Interesse crescente pelo “pastejo rotacionado” Benefícios iniciais (diretos e indiretos) Aumento do uso de insumos e tecnologia Conseqüências (inconsistências): 9 Colheita de grande quantidade de forragem passada 9 Acúmulo de material morto e colmos na base dos pastos 9 Dificuldade de rebaixamento e necessidade de roçada ou até mesmo uso do fogo

1


15/5/2012

2


15/5/2012

3


15/5/2012

Introdução Necessidade de se conhecer como as práticas de manejo afetam as respostas de plantas e animais e qual sua relação com a qualidade da forragem; Importância de conceitos básicos de sistemas de produção animal em pasto

Conceitos básicos A produção animal em pasto tem por objetivo transformar a energia luminosa em produto animal C Corresponde d a uma cadeia d i de d transferência t f ê i de d energia i entre t níveis í i (etapas) distintos Importância do conhecimento de como se dá o processo e como ele se organiza para que práticas de manejo possam ser idealizadas, planejadas e implementadas

4


15/5/2012

Recursos: Solo, Clima, Plantas Crescimento

Colher sempre, Colher, sempre muito bem o que se produz produz, Forragem produzida pontoinvestir de poucoNecessidade ou muito. Emde seconhecer colhendoobem, Produção/área colheitaeda forragem produzida Utilização em crescimento conversão, ou seja, adubação,

irrigação,Forragem suplementação, genética etc.. consumida Conversão

Oportunidade de manipulação

Produto Animal

Representação esquemática dos estágios de produção em ecossistemas de pastagens. Fonte: Adaptado de Hodgson (1990)

IL IAF

Interceptação de luz

Índice de área foliar

A rebrotação do pasto no pastejo rotativo:

Tempo

5


Folha

(cm/perfillho o)

90 cm Colmo

Morto

Acúmulo de co olmos

Acúmulo de folhas e senescê ência (cm/perfillho)

15/5/2012

Dinâmica do acúmulo de forragem durante a rebrotação de pastos de capim-Mombaça pastejados com 100% de interceptação luminosa e resíduo de 50 cm (Fonte: Carnevalli, 2003).

Composição morfológica (%) da massa de forragem em pré-pastejo de pastos de capim-Mombaça submetidos a regimes de desfolhação intermitente (Janeiro de 2001 a Fevereiro de 2002). Resíduo

Interceptação de luz (%)

(cm)

95

100

Média

30

70,9Aa

60,3Ab

65,6A

50

57,7Ba

57,5Aa

57,6B

Folha:

Média

64,3a

58,9b Colmo:

30 50 Média

14,7Ab 18,9Aa 16,8b

30 50 Média

13,7Bb 20,7Aa 17,2

26,4Aa 22,1Aa 24,2a

20,6 20,5

19,0Aa 18,1Aa 18,6

16,4 19,4

Morto:

Médias seguidas da mesma letra maiúscula nas colunas não são diferentes (P> 0,10) Médias seguidas da mesma letra minúscula nas linhas não são diferentes (P> 0,10) Fonte: Carnevalli (2003)

6


15/5/2012

100% IL

95% IL

Concentração de proteína bruta (PB) e digestibilidade in vitro da matéria orgânica (DIVMO) (%) da massa de forragem em pré-pastejo de pastos de capim-Mombaça submetidos a pastejo com 95 or 100% de interceptação luminosa do dossel (Janeiro de 2001 a Fevereiro de 2002). Interceptação de luz (%) Estação

95

100

Média

PB (%): Verão

11,3Aa

9,7Ab

10,5A

Outono/inverno

10,9Aa

9,0ABb

9,9AB

Primavera

11,4Aa

8,2Bb

9,8B

Média

11,2a

9,0b

Verão

59,9Ba

56,6Ab

58,3A

Outono/inverno

52,4Ca

53,0Ba

52,7B

Primavera

61,9Aa

55,3ABb

58,6A

Média

58,1a

55,0b

DIVMO (%):

Médias seguidas da mesma letra maiúscula nas colunas não são diferentes (P> 0,10) Médias seguidas da mesma letra minúscula nas linhas não são diferentes (P> 0,10) Fonte: Carnevalli (2003)

7


15/5/2012

Produção de forragem (kg MS/ha) em pastos de capim-mombaça submetidos a pastejo com 95 ou 100% de interceptação luminosa do dossel (Janeiro de 2001 a Fevereiro de 2002). Resíduo

Interceptação de luz (%)

(cm)

95

100

Média

30

26900

24900

25900A

50

17920

20280

19100B

Média

22410

22590

22500

Médias seguidas da mesma letra maiúscula nas colunas não são diferentes (P> 0,10) 0 10)

Fonte: Carnevalli (2003)

Perdas totais de forragem (kg MS/ha) durante o pastejo de capimmombaça realizado com 95 ou 100% de interceptação luminosa do dossel (Janeiro de 2001 a Fevereiro de 2002). Resíduo

Interceptação de luz (%)

(cm)

95

100

Média

30

3120Bb

5810Aa

4470

50

5000Aa

5900Aa

5450

Média

4060b

5860a

4960

Médias seguidas g da mesma letra maiúscula nas colunas não são diferentes ((P> 0,10) , ) Médias seguidas da mesma letra minúscula nas linhas não são diferentes (P> 0,10)

Fonte: Carnevalli (2003)

8


15/5/2012

Produção diária de leite (kg/vaca.dia) em pastos de capimmombaça pastejados a 90 ou 140 cm de altura pré-pastejo. Altura do pasto (cm) Mês

90

140

Janeiro

15,7

12,1

Fevereiro

12,3

9,5

Média

14,0a

10,8b

Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si (P > 0,05)

1,4

0,6 0,2 0

60

80

100

120

(bocados/min)

1,0

40 y = 9,054 x – 184,98 R2 = 0,81

Taxa de bocados

(g MS)

Massa do bocado

Hack (2004)

10 0

y = - 0,188 x + 42,938 R2 = 0,77

60

80

100

120

140

2,5 1,5 60

80

100

120

(g MS/kg peso.min)

0,14 y = 0,023 x + 0,399 R2 = 0,68

Taxa de consumo

(segundos)

Te empo por bocado

20

140

4,5 3,5

30

0,10 0,06 y = - 0,00002 0 00002 x2 + 0,004 0 004 x – 0,123 0 123 R2 = 0,67

0,02

140

0

60

80

100

120

140

Altura do pasto (cm)

Comportamento ingestivo de novilhas leiteiras da raça Holandês Preto e Branco em pastos de capim-mombaça sob pastejo rotacionado (Adaptado de Silva, 2004).

18

9


15/5/2012

Composição da forragem consumida durante o rebaixamento dos pastos Mulato 9 Lâminas foliares na extrusa (%)

Forragem contendo de 14 a 18% de PB e 65 a 70% de digestibilidade Souza Júnior (2010)

30 cm

95% IL

10


210 180 150 120 90 60 30 0

30

70 cm 95% LI

24 18 12 6 0

63,2

91,1

95,9

Alongamento d de colmos Stem accum mulation (cm/perfil ho) (cm/tille er)

Alongam mento de folhas Leaf accu umulation and e senescên (cm/perfilho) nce (cm/tiller) senescencia

15/5/2012

99,1

Sw ard light interception (%) Interceptação de luz (%)

3,2

2,0

IAF

4,1

6,0

62,0 73,7 Altura do pasto (cm) 04/01 28/12 (27) (20) Data (dias)

49,0 08/12

87,0 14/01 (37)

Dinâmica do acúmulo de forragem durante a rebrotação de pastos de capim-Tanzânia pastejados com 100% de interceptação luminosa e resíduo de 50 cm (Fonte: Barbosa, 2004).

Produção de forragem (kg MS/ha) em pastos de capim-Tanzânia submetidos a pastejo com 90, 95 ou 100% de interceptação luminosa do dossel (Julho de 2003 a Maio de 2004). Resíduo

Interceptação de luz (%)

(cm)

90

95

100

Média

25

11740Ab

15120Aa

11620Ab

12830A

50

9440Bb

11940Ba

12710Aa

11360B

13530a

12170a

12100

Média

10590b

Médias seguidas da mesma letra maiúscula nas colunas não são diferentes (P> 0,10) Médias seguidas da mesma letra minúscula nas linhas não são diferentes (P> 0.10)

Fonte: Barbosa (2004)

11


15/5/2012

Produção de folhas (kg MS/ha) em pastos de capim-Tanzânia submetidos a pastejo com 90, 95 ou 100% de interceptação luminosa do dossel (Julho de 2003 a Maio de 2004). Resíduo

Interceptação de luz (%)

(cm)

90

95

25

9000Ab

10600Aa

100 8030Ab

Média 9210A

50

8360Aa

8060Ba

6750Bb

7720B

Média

8680a

9330a

7390b

8740

Médias seguidas da mesma letra maiúscula nas colunas não são diferentes (P> 0,10) Médias seguidas da mesma letra minúscula nas linhas não são diferentes (P> 0.10)

Fonte: Barbosa (2004)

(Panicum maximum cv Aruana) Entrada = 40 cm e Saída = 10 cm

Proces ssos (resultado cumulativo – cm)

30 cm 60,0

95% IL Total

50 0 50,0 40,0 Folha

30,0 20,0 Colmo

10 0 10,0 Morto

0,0 12,0

15,9

23,5 29,3 Altura do pasto (cm)

32,5

41,9

Sbrissia (2008)

12


15/5/2012

700 700

600 600

Hastes Colmo 500 500

M. morto morto Material Kg MS/ha

kg MS/ha

400 400

300 300

200 200

100 100

00 0,4

0,45

45

0,5

0,55

55

0,6

0,65

65

0,7

0,75

75

Interceptação Luminosa

0,8

0,85

85

0,9

0,95

95

1

100

Interceptação de luz do dossel (%) Acúmulo de colmo e material morto durante a rebrotação de cultivares de Panicum maximum (Tobiatã, Tanzânia, Mombaça, Massai e Atlas) submetidos a regimes de corte (Fonte: Moreno, 2004).

Acúmulo de colmos e material morto durante a rebrotação de cultivares de Brachiaria (Basilisk, Marandu, Xaraés, Arapoti e Capiporã) submetidos a regimes de corte (Lara, 2007).

13


15/5/2012

Produção diária de leite1 (kg/vaca.dia) em pastos de capimelefante pastejados a 95% de IL ou 27 dias de intervalo entre pastejos. Altura do pasto (cm) Resposta

100 (95% IL)

120 (27 d)

Diferença

2006: kg leite/vaca.dia

17,6

14,9

+18,1%

UA/ha

8,3

5,8

+43,1%

75,0

+52,0%

kg leite/ha.dia

114,0 2007:

kg leite/vaca.dia

13,0

11,0

+18,2%

UA/ha

9,2

6,7

+37,3%

kg leite/ha.dia

83,5

57,0

+46,5%

Fonte: Voltolini (2006) e Carareto (2007)

27

ESALQ: Teor de PB no concentrado Composição dos concentrados experimentais Ingredientes Milho moído fino Farelo de soja Mineral

% MS Total

T1 95,4 0,0 4,6

T2 83,8 11,6 4,6

T3 72,2 23,2 4,6

Composição do concentrado PB (% MS)

8,7

13,4

18,1

Danés (2010)

14


15/5/2012

T1 (8,7% PB)

T2 (13,4% PB)

T3 (18,1% PB)

467

460

458

171

136

176

Consumo de concentrado (kg/dia)

6,8

6,8

6,8

Leite

19,5

19,2

19,6

Variável analisada Peso das vacas DEL médio

(kg)

(dias)

(kg/dia)

Gordura

(%)

3,53

3,47

3,43

Proteína

(%)

3,22

3,26

3,35

Caseína (%)

2,59

2,61

2,67

NUL

8,43c

10,45b

13,05a

(mg/dL)

Médias seguidas da mesma letra minúscula nas linhas não são diferentes (P> 0.05)

Danés (2010)

15


15/5/2012

Considerações Finais O pastejo pode ser controlado a partir de metas simples de condição do pasto (e.g. altura do dossel), desde que geradas de maneira apropriada (intensificação pela colheita eficiente)

Implicações práticas Valores de altura válidos desde que o Pastos ser adaptados ao novo mínimo precisam de fertilidade de solo requerido Planta forrageira Altura de entrada (cm) Altura de saída manejo a ejo – pode levar e a até umgarantido u ano! a o (cm). pela planta forrageira seja garantido.

Pastejo rotativo:

Mombaça

90

30 a 50

Tanzânia

70

30 a 50

Elefante (Cameroon)

100

40 a 50

Marandu

25

X é Xaraés

30

Mulato

30

15 a 20

Tifton-85

25

10 a 15

Coastcross e Florakirk

30

10 a 15

95% de IL

10 a 15 15 a 20

40 a 60% da altura de entrada

16


15/5/2012

Considerações Finais Intensificação do processo produtivo por meio da colheita eficiente da forragem produzida Necessidade de aceitar o uso de taxas de lotação e períodos de descanso e de ocupação variáveis, respeitando o ritmo de crescimento das plantas Uma vez assegurada a colheita eficiente da forragem produzida, os próximos passos seriam adubação com nitrogênio, suplementação e irrigação Sintonia S f fina das atuais práticas á de manejo utilizadas Necessidade de mudança de atitude - monitoramento freqüente dos pastos “É o olho do dono que controla o pasto que, por sua vez, engorda o gado”

www.forragicultura.com.br

USP/ESALQ Departamento de Zootecnia Avenida Pádua Dias, 11 13418-900 Piracicaba, SP scdsilva@esalq.usp.br

17


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.