A vez das Mulheres

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matéria 02  A Dama do Samba, Dona Ivone Lara, que assinou o samba enredo “Os Cinco Bailes da História do Rio” em 1965 The First Lady of Samba, Dona Ivone Lara, who composed the samba-theme “The Five Balls in Rio’s History” in 1965

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Antonio Nery / Agência O Globo

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Paulo Moreira / Agência O Globo

the women’s turn  From being an inspiration for themes to samba school directors, women have left their mark on all sectors of the Rio Carnival Chiquinha Gonzaga, composer of the first carnival march for the cordão Rosa de Ouro in 1899, already predicted: “Ô abre alas que eu quero passar, eu sou da lira, não posso negar...” The female presence in the carnival world and, consequently, in the samba schools was here to stay. At that time, Bahia-born Tia Ciata, living near the Praça Onze, in the neighborhood known as “Little Africa”, sowed the seeds that combined African religion, good food and drumbeats: the samba backyard venue. The celebration involved abundant food, strong arms to play the drums and strong legs to dance. This led to the creation of the samba schools, vast quantities of vegetables, meat, beans, herbs and spices served from the pots of the Bahian women who fed the samba contingent. The black bean dish of Tia Vicentina (sister of the legendary Natal of Portela) is immortalized in the verses of the song “Pagode de Vavá” by Portela composer Paulinho da Viola. In praise of the wonderful cooks of tasty tidbits, owners of typical voices of the chorus, such as, for example Tias Doca, Surica and Eunice  ‣.

André Durão / Agência O Globo

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Chiquinha Gonzaga, autora da primeira marcha carnavalesca para o cordão Rosa de Ouro, em 1899, já avisava: “Ô abre alas que eu quero passar, eu sou da lira, não posso negar...” A presença feminina no universo carnavalesco e, consequentemente, nas escolas de samba, vinha para ficar. Naquele tempo, a baiana Tia Ciata, nos lados da Praça Onze, na região conhecida como “Pequena África”, lançava as sementes que uniam religião africana, comida e batuque: o samba acontecia no fundo dos quintais. A celebração passava pela fartura no prato, força nos braços para tocar e pernas para dançar. Daí para a criação das escolas de samba, muitos legumes, carnes, feijão e temperos cozinharam nas panelas das baianas, responsáveis por alimentar o povo do samba. O feijão da Tia Vicentina (irmã do lendário Natal da Portela) é imortalizado nos versos do “Pagode de Vavá”, do portelense Paulinho da Viola. Reverência às quituteiras, donas dos timbres típicos das pastoras, como as Tias Doca, Surica e Eunice. Dona Neuma, da Mangueira, é a criadora da primeira Ala das Baianas no modelo atual. Tia Nilda, da Mocidade Independente de Padre Miguel uma de suas representantes emblemáticas. A tradição se perpetua.  ‣

Ao lado, Dona Zica e Dona Neuma, figuras femininas expressivas de Mangueira. Abaixo, Rosa Magalhães, maior colecionadora de campeonatos no Sambódromo carioca Right, Dona Zica and Dona Neuma, impressive female figures from Mangueira. Below, Rosa Magalhães, winner of largest number of championships on the Rio Samba Avenue

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Arquivo / Agência O Globo

À esquerda, Vilma Nascimento, porta-bandeira da Portela, conhecida como o Cisne da Passarela. À direita: Chica da Silva foi o primeiro enredo inspirado numa mulher a vencer um carnaval carioca Left, Vilma Nascimento, Portela’s standard-bearer, known as the Swan of the Samba Avenue. Right, Chica da Silva, the first theme inspired by a woman to be Rio carnival champion

Arquivo Liesa

Mulheres batem ponto em todos os segmentos das escolas de samba, inclusive nas baterias, um reduto tradicionalmente masculino

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Natural que o pavilhão da escola de samba, seu símbolo máximo, passasse a ser apresentado e conduzido por mulheres como as inesquecíveis Vilma Nascimento, porta-bandeira da Portela, e Neide, parceira de Delegado, mestre-Sala da Mangueira. Em outros setores, elas também deixaram suas marcas. Chica da Silva, escrava amasiada com um rico contratador português e sacudiu a sociedade de Diamantina, Minas Gerais, no século XVIII, foi o primeiro enredo inspirado numa mulher a vencer um carnaval carioca. Criação do carnavalesco Arlindo Rodrigues, no Salgueiro, em 1963. Dois anos depois, em 1965, a Dama do Samba, Dona Ivone Lara, quebraria outro paradigma ao assinar, com Silas de Oliveira e Antônio Domingues de Oliveira, o Bacalhau, o samba enredo “Os Cinco Bailes da História do Rio”, do Império Serrano. A cantora Elza Soares, deixa sua marca em 1969, no Salgueiro, ao puxar o samba enredo campeão “Bahia de Todos os Deuses”.  ‣

Dona Neuma, from Mangueira, is founder of the first Bahian ladies section as it is today. Tia Nilda of Mocidade Independente de Padre Miguel is one of its iconic representatives. The tradition lives on. Very natural then that the standard, maximum symbol of the samba school, is presented and carried by women such as the unforgettable Vilma Nascimento, Portela’s standard bearer, and Neide, partner to Delegado, her escort in Mangueira. In other sectors women have also left their mark. Chica da Silva, a freed slave, lover of a wealthy Portuguese administrator, that shook the foundations of Diamantina society in Minas Gerais State, in the 18th century, was the first female-inspired theme to win a Rio Carnival. Created by carnival artist Arlindo Rodrigues of Salgueiro in 1963. Two years later in 1965, the First Lady of Samba, Dona Ivone Lara, was to challenge another paradigm when she composed, jointly with Silas de Oliveira and Antonio  ‣ Rio Samba e carnaval  85


Jorge Marinho / Agência O Globo

Em 1982, a carnavalesca Rosa Magalhães, com Lícia Lacerda, ganha seu primeiro título com o enredo imperiano “Bum Bum, Paticumbum Prugurundum”. É dela a maior coleção de campeonatos no Sambódromo carioca. Ainda havia outros campos a serem conquistados. Carmelita Brasil é a primeira mulher a dirigir uma escola de samba, a Unidos da Ponte, em 1957. Lícia Maria Maciel Caniné, a Ruça, preside a Vila Isabel em 1988, no campeonato de “Kizomba”, na Sapucaí. No carnaval 2016 veremos a estreia de uma terceira geração. A filha de Nésio Nascimento, neta de Natal da Portela, Raphaela, de 23 anos, herdou do pai o comando da Tradição. Mulheres batem ponto em todos os segmentos das escolas de samba, inclusive nas baterias (reduto tradicionalmente masculino), desde que Dagmar, nora de Natal, começou a tocar cuíca.  ‣

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Domingues de Oliveira [aka Bacalhau, or cod in English], the samba theme “The Five Balls in Rio’s History”, for Império Serrano. Singer Elza Soares left her mark in 1969 on Salgueiro, when she led the winning samba theme “Bahia de Todos os Deuses” [Bahia of All the Gods]. In 1982, carnival artist Rosa Magalhães, together with Lícia Lacerda, won her first championship with the Império theme “Bum Bum, Paticumbum Prugurundum”. She has also won most championships in the Rio Sambadrome. Other fields were also conquered. Carmelita Brasil was the first woman to direct a samba school, Unidos da Ponte, in 1957. Lícia Maria Maciel Caniné, aka Ruça, was president of Vila Isabel in 1988, winning with “Kizomba” on Sapucaí. The 2016 Carnival will be the debut of a third generation. Raphaela, 23-year old daughter of Nésio Nascimento, granddaughter of Natal da Portela, has inherited from  ‣

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Ruça presidiu a Vila Isabel em 1988, no campeonato de “Kizomba”, na Sapucaí Ruça was president of Vila Isabel in 1988, when it was champion with “Kizomba” on Sapucaí

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Rafaela Bastos, musa da Mangueira, é geógrafa e sócia da Nova Guarda, empresa de gestão de carnaval e meio ambiente Rafaela Bastos, Mangueira’s muse, is a geographer and partner of the carnival and environment management company Nova Guarda

Agora, chegaram a “diretoria”. Temos uma “mestre” para chamar da nossa! Thalita Santos fez parte da comissão da bateria da Viradouro em seu desfile do Grupo Especial, em 2015. Mesmo as passistas, estereótipos da mulher no carnaval, objetos de desejo e ícones da folia, extrapolam e ressignificam seus papeis. Rafaela Bastos, musa da Mangueira é geógrafa, sócia da Nova Guarda, empresa de gestão de carnaval e meio ambiente, e uma das vencedoras do prêmio Shell de Inciativa Jovem de Negócio Sustentável. Você tem alguma dúvida de que é sempre hora das mulheres quando é a vez do carnaval?  ★

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Roberto Moreyra / EXTRA / Agência O Globo

her father the command of the Tradição school. Women are active in every segment of samba schools, including the drummer sections (traditionally a male stronghold), when Dagmar, Natal’s daughter-inlaw, began to play the cuíca drum. Today, women have reached “director” status. There is even a female “maestro”! Thalita Santos was at the front of Viradouro’s drummers when she joined its parade in the Special Group in 2015. Even the samba dancers, female stereotypes at Carnival time, objects of desire and icons of the revelry, extrapolate and reinvent their roles. Rafaela Bastos, muse of Mangueira, is a geographer, partner in Nova Guarda, a carnival and environmental management company, and one of the winners of the Shell LiveWIRE Smarter Future award. Is there any doubt that it’s now and forever women’s time in Carnival?  ★

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