RLM nº 27
Viver é compor um mosaico de pequenas e grandes realizações.
GENTE DESIGN ESTILO IDEIAS CULTURA COMPORTAMENTO TECNOLOGIA ARQUITETURA
Realize-se em 2011.
ano 7 número 27
Veríssimo
Um papo sobre literatura, futebol, política e internet com um dos grandes nomes da cultura brasileira contemporânea
Leal Moreira
Áustria Edyr Augusto Elieni Tenório Gourmet Ipad Tatuagem
Viva o Natal. Viva o seu Leal Moreira.
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apresentam:
Nazaré ontem.
Nazaré hoje. Agre e Leal Moreira lançam um empreendimento que combina a qualidade de vida e a elegância do bairro de Nazaré. Venha fazer parte dessa história.
Av. Info CIA Belém Lançamentos Imobiliários: Rua dos Mundurucus, nº- 3100 – 20º- andar – Ed. Metropolitan Tower – Belém-PA – CRECI J-300. Diariamente, das 8h às 18h, inclusive aos sábados e domingos. Leal Moreira Imobiliária: Rua dos Mundurucus, nº- 3100 – Sala 13 – Térreo – Ed. Metropolitan Tower – Belém-PA – CRECI 305-J. Diariamente, das 8h às 18h, aos sábados e domingos no estande de vendas. Artes meramente ilustrativas. Os materiais e os acabamentos integrantes estarão devidamente descritos nos documentos de formalização de compra e venda das unidades. Plantas e perspectivas ilustrativas como sugestão de decoração. Os móveis e os acabamentos representados nas plantas não fazem parte integrante do contrato. As medidas são internas e de face a face das paredes. Memorial4 de Incorporação registrado no Cartório de Imóveis do 2º- Ofício – Comarca de Belém – R.3/10188JP, em 9/11/2010. Protocolo 184.805. Impresso em novembro de 2010.
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Lançamento
. Apartamentos de 187 m2 - 3 e 4 suítes . Terraço gourmet . Lazer completo na cobertura . Apartamentos equipados com fechadura biométrica . Controle de acesso automatizado na portaria (smart gate)
Av. Governador José Malcher, 1655 – Nazaré Informações: (91) 3033-5759
Incorporação, Planejamento e Construção:
Planejamento, Realização e Incorporação:
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editorial Caro leitor, 2010 não poderia terminar melhor para nós, que produzimos a Revista Leal Moreira. No último mês de novembro, a revista foi contemplada no Prêmio Top de Marketing, promovido pela Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil (ADVB), seção Pará. Um reconhecimento ao trabalho de todos que fazem parte da RLM e a prova de que nosso objetivo inicial, criar um produto de qualidade que estreitasse os laços da Construtora Leal Moreira com seus clientes, foi alcançado. Qualidade, aliás, é o que não falta ao trabalho do escritor Luís Fernando Veríssimo. Por meio de suas crônicas, temos nos abastecido nas últimas décadas de informação e cultura, ao mesmo tempo em que damos risadas discretas sobre praticamente tudo o que interessa. Nesta revista, temos o privilégio de apresentar um bate-papo com o escritor. Futebol, literatura, internet, e política, entre muitos outros assuntos, fazem parte da conversa, repleta da mesma sabedoria sutil encontrada em seus escritos. E com o ano que chega ao fim, é hora de fazer as listas dos fatos mais marcantes de 2010. E não há dúvidas de que a chegada do Ipad, mais novo produto da Apple, foi um deles. Abordamos o tema mostrando as razões para todo o estardalhaço em cima do novo coelho tirado da cartola de Steve Jobs, assinalando prós e contras desta primeira versão, além de seu impacto no Brasil e no mundo. Impacto que o primeiro ser humano que gravou imagens no próprio corpo talvez não imaginasse causar. Do Egito Antigo até hoje, a tatuagem está aí, sendo usada para os fins mais diversos e imagináveis. Para homenagear entes queridos ou reforçar as próprias preferências, ela atravessa os séculos como legítima forma de expressão. Nesta edição, contamos alguns causos de quem resolveu escrever na própria pele um pouco de história. A obra da artista plástica Elieni Tenório, o convidativo verão nos alpes austríacos, os brasileiros que decidem casar no exterior, um perfil de Dácio Campos, ex-tenista e fundador da SportTV, boas dicas para decoração de pequenos apartamentos, estão disponíveis nesta 27ª edição da Revista Leal Moreira, que você tem à disposição a partir de agora. Um grande abraço e boa leitura. André Moreira
expediente Representante comercial | Rede Holms
Revista Leal Moreira
João Balbi, 167. Belém - Pará f: [91] 4005-6800 www.lealmoreira.com.br
Construtora Leal Moreira Diretor Presidente: Carlos Moreira Diretor Financeiro: João Carlos Leal Moreira Diretor de Novos Negócios: Maurício Moreira Diretor de Marketing: André Leal Moreira Diretor Executivo: Paulo Fernando Machado Diretor Técnico: José Antonio Rei Moreira Gerente Financeiro: Dayse Ana Batista Santos Gerente de Marketing: Ana Paula Guedes Gerente de Clientividade: Murilo Nascimento
Criação e coordenação Double M Comunicação Realização Publicarte Editora Diretor editorial André Leal Moreira Diretor executivo Hilbert Nascimento (Binho) Diretor comercial Juan Diego Correa Diretor de criação e projeto gráfico André Loreto Editor-chefe Elvis Rocha Produção editorial Tyara de La-Rocque Ilustrações e design Gabriel “Gabiru” Cavalcante Fotografia Luiza Cavalcante Reportagem Alan Bordallo, Arthur Nogueira, Camila Barbalho, Dayse Freitas, Catarina Barbosa, Leonardo Aquino. Colunistas Arthur Dapieve, Celso Eluan, Edyr Proença, Nara Oliveira e Saulo Sisnando. Revisão José Rangel e André Melo
Gráfica Delta Tiragem 12 mil exemplares Comercial Belém Emília Rodrigues F. 55 91 3221-6870 comercial@editorapublicarte.com.br
Fale conosco: (91) 3321-6869 editorapublicarte@gmail.com Leal Moreira é uma publicação trimestral da Publicarte Editora para a Construtora Leal Moreira. Os textos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião da revista. É proibida a reprodução total ou parcial de textos, fotos e ilustrações, por qualquer meio, sem autorização.
São Paulo Rua Geraldo Flausino Gomes, 78 – cjto.33/34 Brooklin Novo – São Paulo – SP – CEP.04575-060 F.11-3464-6464 Sócio Diretor: Antonio Manuel Silva manoel@holms.com.br Diretor Comercial: Isidro de Nobrega nobrega@holms.com.br F. 11 3464 – 6464 Cel: 11 8288 – 6489 Brasília SQN – 305 – BLOCO “L” – APTº.208 – 2ºANDAR ASA NORTE – Brasília – DF – CEP 70737-120 F.61 – 3328 – 2644 Diretor Comercial: Odair Carneiro brasília@holms.com.br Rio de Janeiro Rua Voluntários do Pátria 292/602 Botafogo Rio de Janeiro RJ – CEP 22270-010 Diretor Comercial: Maurilo Senna rio@holms.com.br Tiragem e distribuição auditadas por
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Planej Plan ejad ado o para seus dias. Penssad Pe ado para sua vida.
Si
CIA Belém Lançamentos Imobiliários. Rua dos Mundurucus, nº 3100, 20° andar - Ed. Metropolitan Tower - Belém - PA - CRECI J-300. Diariamente das 08h às 18h, inclusive sábados e domingos. Leal Moreira Imobiliária. Rua dos Mundurucus, nº 3100, Sala 13 - Ed. Metropolitan Tower - Belém - PA CRECI 305-J. Diariamente das 8h às 18h, sábados e domingos no estande de vendas. Os materiais e os acabamentos integrantes estarão devidamente descritos nos documentos de formalização de compra e venda das unidades. Plantas e perspectivas ilustrativas como sugestão de decoração. Os móveis e o acabamento representados nas plantas não fazem parte integrante do contrato. As medidas são internas e de face a face das paredes. Registro de Imóveis do 1º Ofício Belém –PA - Livro 2FA folhas 245, sob o número R-2/47345 - De 21/09/2010. Veiculado em dezembro de 2010.
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Double/Longplay
Simulação da v is
ta da baía do Guajará a partir do Torres Liberto.
Incorporação, Planejamento e Construção:
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Planejamento, Realização e Incorporação:
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índice
Um papo sobre literatura, futebol, política e internet com um dos grandes nomes da cultura brasileira contemporânea
entrevista
Veríssimo
O escritor Luís Fernando Veríssimo pode ser considerado uma das poucas unanimidades brasileiras. Com suas histórias recheadas de bom humor e inteligência, conquistou leitores de Norte a Sul e, aqui, fala de futebol, literatura, internet e muito mais.
comportamento
ano 7 número 27
Dizem que os antigos egípcios já deixavam na pele a marca de suas crenças e experiências. De lá pra cá, a tatuagem se eternizou como uma legítima forma de expressão na qual tudo, da religiosidade às pequenas histórias de cada um, é permitido.
Áustria Edyr Proença Elieni Tenório Gourmet Ipad Tatuagem
O universo feminino, a sensualidade e a temática do desejo sempre fizeram parte do trabalho da artista plástica Elieni Tenório. Aos 56 anos, a amapaense - “esposa, mãe e avó”, como costuma salientar - vive entre pinturas, esculturas e novas ideias para representar, sob uma ótica muito particular, o ser mulher no século XXI.
galeria
Viena, estações de esqui e, provavelmente, muito frio. São estas as primeiras referências que vêm à cabeça quando o assunto é a Áustria. Pois saiba que o verão na terra de Mozart pode revelar boas surpresas para os que curtem paisagens ensolaradas e esportes de aventura.
destino
capa Veríssimo Fotografado por Rodolfo Braga
tecnologia Steve Jobs nunca está para brincadeira. Ao lançar o Ipad, no início deste ano, o dono da Apple sabia que estava lançando no mercado muito mais do que um produto. Agora, o mundo que se adeque ao brinquedinho que promete transformar, mais uma vez, o universo da comunicação.
dicas
pg 12
perfil
pg 18
Edyr Proença
pg 24
Celso Eluan
pg 32
especial
horas vagas
pg 50
Foi-se o tempo em que uma cerimônia tradicional satisfazia a todos os pombinhos dispostos a unir as escovas de dentes. Nos novos tempos, muitos casais juntam espírito de aventura e romantismo para ganhar o mundo para dizer o “sim” de um jeito bem diferente.
Arthur Dapieve
pg 56
confraria
pg 64
enquanto isso
pg 71
decor
tech
pg 78
Pequenos cuidados na hora de mobiliar e decorar um ambiente podem transformar aquele apartamento reduzido em um espaço muito mais agradável e aconchegante. Saiba algumas boas dicas, já que o ambiente pode ser pequeno, mas o desejo de morar bem, não.
gourmet
pg 84
institucional
pg 91
sex & sábado
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belém
Pizzaria Vitória
Em Belém, no bairro de Nazaré, foi inaugurado um aconchegante cantinho para os amantes de pizza: a “Pizzaria Vitória”. A massa e o molho das pizzas são elaborados num forno a lenha. As especialidades da casa são as tradicionais Margherita e Calabresa, além dos sabores criados, como a “Vitória”, feita com palmito e alho, e a “Brasil”, com pirarucu defumado, destaque em São Paulo na “Copa Brasileira de Pizzarias”. Para criar um ambiente ainda mais agradável, música ao vivo com atrações nos estilos jazz, instrumental e MPB. O local tem capacidade para receber 80 pessoas, e a varanda é ótima para um happy hour com os amigos. Na parte de cima da pizzaria, um salão para eventos, além de uma charmosa adega. Para a criançada, um ambiente especial: a brinquedoteca e uma fábrica de pizzas mirim, onde a meninada pode “fazer” a própria pizza.
Benjamin Constant, 1535 • entre Braz de Aguiar e Gentil Bittencourt, Nazaré • (91) 3242.4141
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Orégano Orégano é a mais nova creperia e lanchonete da Braz de Aguiar. No cardápio, deliciosos crepes salgados, como filé com queijo, frango com catupiry e camarão com jambu. No menu dos crepes doces, morangos cobertos com nutella e goiaba com queijo. A construção do Orégano foi feita com a utilização de ecomateriais, como proposta de respeito ao meio ambiente.
Avenida Braz de Aguiar, 581 • entre Quintino Bocaiúva e Rui Barbosa, Nazaré • (91) 3230.4673
Saint Tropez
Rua João Balbi, 35, Nazaré • (91) 4141.8834 Inspirado no clima praiano da cidade de Saint Tropez, ao sul da França, o bar Saint Tropez, em Belém, é um espaço para quem gosta de aliar agito e sofisticação. As cores vivas na decoração, que mistura o moderno e o rústico, dão um toque diferenciado e glamouroso ao ambiente. Em pouco tempo, o Saint Tropez já conquistou os amantes da noite paraense..
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brasil
O restaurante japonês Jam, na famosa Bela Cintra, no Jardins, em São Paulo, traz um cardápio que valoriza o experimentalismo, com pratos e combinações autorais diversificados. A casa tem traços rústicos e belos pés de manacá-de-serra, paredes repletas de arte, elementos que dão um toque especial na decoração requintada do restaurante. Além disso, todos os dias o Jam oferece música ao vivo, sempre com atrações de diferentes estilos musicais. No menu de bebidas, drinques como Sakerambola (saquê, carambola e manjericão), Ivo Jima (shochu, manga, manjericão e gengibre), Especial Jam (saquê, lichia e licor de melão), além de cartas de vinhos, shochus e saquês para acompanhar as refeições.
Jam Jardins
Rua Bela Cintra, 1929 • São Paulo, Jardins • (11) 3473 3273/ http://www.jam.com.br/
General Prime Burger O General Prime Burger oferece uma nova proposta ao cardápio de hamburguerias em São Paulo. Com ingredientes de primeira e versões surpreendentes e irreverentes para sanduíches, a casa conquistou rapidamente o posto de uma das melhores do gênero na capital paulista, com direito a premiações em publicações especializadas, como as revistas Gula e Veja São Paulo e o jornal Folha de
S. Paulo. Uma das suas filiais está localizada numa das ruas mais charmosas de São Paulo, a Oscar Freire. Além da unidade nos Jardins, a General Prime Burger conta com as lojas em Itaim Bibi e Shopping Market Place e, em breve, inaugura a primeira filial em Campinas, interior de São Paulo. Para fãs de hambúrger, a General Prime Burger é parada obrigatória!
Oscar Freire, 450 • São Paulo, Jardins • (11) 3060 3334 / http://www.primeburger.com.br/
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mundo
Ayza Wine & Chocolate Bar
No meio da efervescência de Nova York, a poucas quadras do icônico Empire State Building, o Ayza Wine and Chocolate Bar parece um oásis de sofisticação. Elegante e com uma atmosfera romântica, o lugar tem uma adega com 90 títulos de vinhos do mundo todo, chocolates artesanais variados e culinária mediterrânea, inspirada na Riviera Francesa. A decoração é suntuosa e conta com um espaço para sentar-se ao ar livre – seguindo a tendência dos points mais concorridos de Manhattan. A casa acomoda grupos de todos os tamanhos e tem ainda duas salas privadas para grupos de até cem convidados. As noites do jazz, às segundas, e o dia dos casais aos domingos são as programações mais concorridas. 11 West 31st Street (Bet. 5th Ave. & Broadway) | New York, NY 10001/ (212) 714-2992 http://www.ayzanyc.com/contact_us.html
Rocco Instalado em uma construção do século XIX, em Berlim, o Rocco representa um lugar perfeito para saborear o melhor da cozinha alemã e internacional, além de uma infinidade de coquetéis. O local é um point disputado por alemães e turistas que buscam conforto e bom atendimento.Tanto no verão quanto no inverno é possível encontrar um lugar aconchegante no local, pois o restaurante dispõe de uma ótima infraestrutura para receber clientes em qualquer época do ano. Para quem optar por uma hospedagem nas redondezas, vale a pena saborear o café da manhã servido no estabelecimento.
Am Zwirngraben (S-Bahnbögen 6 & 7) - Mitte-Berlim http://www.rocco-berlin.de
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perfil
DĂĄcio Campos foi tenista profissional, comentarista e, agora como empresĂĄrio, viaja pelo paĂs para popularizar ainda mais o esporte
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Alan Bordallo
Luiza Cavalcante
Aristocrático,
que nada Dácio Campos defende que, ao contrário do que diz o senso comum, tênis é o esporte que mais promove a inclusão social no Brasil
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uando se viu dividindo uma casa em Londres com mais 20 tenistas brasileiros, Dácio Campos deixou, quase acidentalmente, aflorar seu lado empreendedor. Com faro de produtor jornalístico, consultou a lista telefônica inglesa e encontrou o endereço da TV Globo no país. Não teve dúvidas: bateu à porta da emissora, onde encontrou os então repórteres Carlos Dorneles e Pedro Bial, e seu futuro sócio, Armando Augusto Nogueira. O objetivo era vender uma pauta: como viviam 20 tenistas brasileiros que não conseguiam nem treinar às vésperas do tradicional torneio de Wimbledon? A matéria ganhou incríveis sete minutos no Fantástico, e Dácio, além de contatos, ganhou 100 libras de um incrédulo tenista, que apostou duvidando que tenistas em Londres “vendessem jornal”. Dácio, que se diz um apaixonado por “falar, tênis e televisão”, alinhavou o que seria sua vida após o tênis: em sociedade com Nogueira, foi co-fundador do canal TopSports, hoje SporTV, onde comenta os principais torneios do aristocrático mas “principal esporte no que diz respeito à inserção social” - esporte. Para ele, Guga foi um fenômeno, e dificilmente o Brasil voltará a ter um atleta no seu nível, assim como Roger Federer
está para Suíça. Campos esteve em Belém para ministrar uma clínica de tênis na Assembleia Paraense, e, entre uma instrução e outra para os participantes, recebeu a reportagem da revista Leal Moreira. Como começou sua paixão pelo tênis? Filho de tenista... Meu pai desde muito cedo me levava para o clube e me apaixonei logo. Desde que me lembro como gente, lembro da quadra. Venho de uma família de tenistas. Quanto tempo levou sua carreira e quais foram suas grandes realizações no esporte? Joguei até os 29 ou 30 anos como profissional. Cheguei a ser número 1 do Brasil, estive entre os 100 melhores do mundo em simples e duplas, joguei Copa Davis três anos pelo Brasil, joguei seis anos Wimbledon, seis anos Roland Garros, sete anos o US Open... Joguei profissionalmente na Alemanha, nos Estados Unidos, joguei tênis universitário, três anos e meio. Acho que tive uma carreira que durou o tempo suficiente para o meu desempenho ter sido compatível com a minha vontade. Quando perdi a vontade, naturalmente parei de me interessar por competir e viajar. »»»
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Dácio esteve em Belém para participar de um projeto da Assembleia Paraense. Ele acredita que a capacidade de inclusão social do tênis é subestimada
O que falta para o tênis nacional voltar para o topo como já esteve? Eu acho que o tênis brasileiro nunca foi melhor do que é hoje. Ele teve um jogador que excedeu qualquer expectativa de qualquer nação. Então se você avaliar que o maior tenista de todos os tempos é o (Roger) Federer, comparando Suíça com Brasil, pode chegar à conclusão de que o Federer, parando, vai demorar muito tempo pra que a Suíça tenha outro do mesmo nível. Uma coisa é você ter uma escola de um país em determinada modalidade, outra é ter um fenômeno que nasceu naquele país. O Brasil teve um fenômeno e sempre teve uma escola compatível com o que temos hoje. E o Guga acabou sendo muito maior que a escola, apesar de que a escola brasileira vem melhorando muito, porque atualmente os órgãos têm mais credibilidade, a gente trabalha com mais dinheiro e tem mais condições de melhorar no tênis. Mas o Guga ficou muito grande para o Brasil. Ainda neste ano, em uma visita à favela do Pavão-Pavãozinho, no Rio de janeiro, o presidente Lula e o governador fluminense Sérgio Cabral respondem a um garoto que queria uma quadra de tênis na favela que “tênis é esporte de burguês”. O pensamento preconceituoso ainda existe e atrapalha a evolução do esporte?
Pior que o preconceito é a falta completa de conhecimento do esporte. O presidente Lula tem sido um excelente presidente. Ele foi o presidente que mais fez pelo esporte brasileiro, trazendo Olimpíadas, aprovando a Lei de Incentivo ao Esporte, mas o forte do nosso presidente nunca foi falar, né? Então eu dou esse desconto pra ele. E só para poder dar um suporte ao que eu estou dizendo: o tênis é o esporte que mais insere socialmente no Brasil. Por quê? Porque 90% dos nossos professores eram pegadores de bola. E esses pegadores de bola são filhos de pais que ganham R$ 500 por mês. E eles, por sua vez, sem muita instrução, apenas por estarem vivendo dentro do mundo do tênis, ganham 10 vezes mais que seus pais. No entanto, se você pegar a natação, que foi o esporte que ele disse que o garoto deveria praticar, eu te pergunto: quantos brasileiros foram inseridos de uma classe social menos privilegiada na natação? Nenhum. O basquete não insere ninguém. Por quê? Porque o cidadão pra ser técnico de basquete tem que ser formado, pós-graduado, tem que ter um conhecimento muito grande. No entanto, se você olhar aqui, em volta de nós mesmos (aponta para as quadras de tênis e mostra os boleiros trabalhando ao redor), 90% desses garotos que estão me ajudando na clínica, vieram das camadas menos favorecidas da sociedade. Então, se o presidente Lula olhasse ao redor dele,
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O tênis brasileiro nunca foi melhor do que é hoje
veria que o tênis é o esporte que mais insere pessoas desfavorecidas dentro de todos os esportes. Como foi para você trabalhar na imprensa fazendo comentários especializados sobre tênis? Eu sempre gostei muito de falar, de tênis e de televisão. Sou apaixonado por essas três modalidades. Quando tinha 24 anos, a gente jogava Wimbledon - os brasileiros - e ficava em Londres cinco semanas numa casa que era mantida pela embaixada, chamada Casa do Brasil. Nós éramos 20 tenistas que ficavam o dia inteiro juntos, e um já começava a tirar com as diferenças dos outros etc. E chegou um dia, eu olhei e percebi: “Pô, isso aqui é uma matéria. Esse monte de malucos aqui, querendo treinar e não dá”. Aí eu peguei a lista telefônica e vi lá: TV Globo, Londres. Cheguei pra um amigo meu e disse que iria lá e que aquilo iria virar uma matéria. Ele falou: “Você tá maluco, cara, não vai dar nada”. Aí eu falei: “Pô, não tenho nada pra fazer mesmo, ‘vamo’ apostar 100 pounds?”. Ele topou. Aí peguei o metrô, cheguei na TV Globo, toquei a campainha e o cara abriu a porta e disse: “Fala aí”. E me apresentei: “Meu nome é Dácio, somos do Brasil, estamos jogando Wimbledon, blá blá blá”, e o cara disse para eu entrar. Me levou numa sala, na época o Cílio Bocanera era o diretor geral da Globo lá e ele falou “Cílio, o Bial está ali jogando dominó com o Dorneles, não tem nada acontecendo aqui. Vamos fazer uma matéria de tênis?”, e o Cílio “‘Vambora’!”. Peguei o Dorneles e o Orlando, cinegrafista da Globo lá há muitos anos, fizemos a matéria e pusemos sete minutos no Fantástico. Foi a minha estreia. Esse cara que abriu a porta virou um grande amigo meu. Nos cinco anos subsequentes, eu ficava na casa dele em Londres e ele ficava em Paris comigo durante Roland Garros. Alguns anos depois o Collor entrou de presidente e o pai desse meu amigo era diretor geral da Globo, o Armando Nogueira. Ele, em solidariedade ao pai, saiu,
voltou para o Brasil e montou um canal chamado Top Sport. Eu tinha acabado de parar de jogar e ele me ligava dizendo para eu ir para o Rio, pra gente fazer umas matérias. Ia para o Rio no fim de semana, pegava umas fitas, a gente fazia umas edições malucas e inauguramos o canal, Top Sport, que dois anos depois virou SporTV e isso já faz 18 anos. Foi assim que entrei. Fui bater na porta e... acabei me dando bem. E o que conhece do tênis do Pará? Pra ser sincero conhecia pouco do tênis do Pará, nunca tinha vindo aqui, mas nesses dois, três dias que cheguei, percebi que o paraense é extremamente político, competitivo, e a atenção das pessoas ao treinamento é muito grande porque todos têm essa capacidade monstruosa de competir. Têm suas diferenças e essas diferenças fazem com que sejam extremamente aplicados nos treinamentos. Para depois o cara jogar com o cunhado, com a mulher e poder dar aquela sacaneada tradicional. Ouvi muito pouco se falar de dinheiro, o que nós, paulistas, estamos acostumados. Em São Paulo fala-se pouco de política e muito de grana. Aqui é muito político e competitivo. E o tênis nada mais é que um esporte político e competitivo. Então acho que está no sangue do paraense poder fazer com que a modalidade se expanda. E pelas pessoas que conheci aqui, que são grandes empresários, acho que onde puder ajudar pra fazermos projetos, provavelmente com captação de incentivo fiscal do governo federal pra que empresas possam destinar parte dos seus impostos de renda na organização desse grande mundo do tênis aqui. Acho que a lei de incentivo ao esporte vai ser o grande carro-chefe pra trazer cada vez mais grandes professores motivacionais, para que o tênis possa crescer e ter cada vez mais uma prestação de serviço adequada aos praticantes e interessados.
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perfil
O super
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Adalberto Gomes, desde criança, gostou de ler gibis, principalmente com aventuras de super-heróis. A facilidade veio por conta do pai, proprietário de banca de revistas em esquina de grande movimento. O pai envelheceu, o filho assumiu suas funções e freguesia. Entre uma venda e outra, Adalberto ou “Dal”, como era chamado, tinha muito tempo para conversar, seja com aqueles habitués que cercam toda banca, seja com clientes das mais variadas faixas de idade e finanças. Jovens hipnotizados pelas capas de revistas pornográficas, senhores que comentavam as notícias políticas, econômicas e policiais. Dal tinha uma predileção, depois dos gibis de super-heróis, por páginas policiais. Ficava revoltado com os casos. Com a lentidão da Justiça. A falta de equipamento da Polícia. Jovem de corpo atlético, além do futebol de fim de semana, também malhava em Academia, variando entre corrida, boxe e jiu-jitsu, chegando a conquistar alguns troféus. Havia uma motivação secreta, algo que lentamente foi ganhando corpo em sua mente, mas que tinha receio de externar por acreditar que podia ser mal compreendido. Algo que o convenceu a partir do momento em que alguns dos super-heróis dos quais era fã nos gibis, tiveram aventuras transformadas em filmes de grande sucesso mundial. De todos, com seus super-poderes, seu preferido foi justamente aquele que usava apenas poderes absolutamente huma-
nos para resolver os casos: Batman. Dal sonhava em ser um super-herói em Belém. Sim, uma coisa era o que estava nos gibis e telas e outra a vida real. Nem ele era o milionário Bruce Wayne, nem tinha mordomo. Dinheiro, bem contado, trabalho duro na banca. A vontade de defender a sociedade foi maior. Dal intensificou seus exercícios. Era importante estar absolutamente em forma. Também não podia usar armas. Seria complicado e suspeito tentar porte. Instalaria na banca um rádio na frequência da Polícia, que ouviria em fone de ouvido, para não chamar a atenção de ninguém. Também sabia que a maioria dos delitos realmente importantes acontecia à noite. Havia um auxiliar na banca para as ocorrências diurnas. Bastaria inventar uma desculpa e sairia, voltando rápido. Mas como deslocar-se rapidamente na direção dos acontecimentos? Tinha apenas um Palio, com mais de três anos de uso. Não era um batmóvel, mas quebrava um galho. Levou para um amigo ali na Marquês dar um grau. Gastaria mais combustível, mas seria rápido. Precisava pensar em outra possibilidade, um veículo mais ágil, uma motocicleta por exemplo. Suas finanças não permitiam altos voos. Então comprou, para pagar a perder de vista, uma moto Dafra 6200 CG. Alugou, próximo à banca, uma kitnet e vaga de garagem. Já em plenos preparativos, terminou o namoro com Glaucirene. Foi duro, mas não podia deixar pistas, tampouco permitir que
alguém sofresse qualquer consequencia de seus atos. Seu velho pai agora pouco ia à banca. A mãe morreu alguns anos atrás. Estava pronto para entrar em ação. E a roupa? Não, seria muito ridículo inventar essas fantasias de um Homem-Aranha, Batman, Capitão América. Muito louco. Pena, porque tinha admiração pelos trajes. No fundo, talvez se imaginasse vestido daquela maneira, sendo recebido por autoridades, como Batman e o Comissário Gordon. Acorda, Dal, isso é Belém e sua tarefa de grande importância e seriedade. Madrugada de terça para quarta. Estava de vigília, ouvindo o radio da Polícia. Somente coisas de pouca monta. Não. Marginais assaltaram casal na Doca e estão fugindo na direção do Telégrafo. Num instante estava ao volante do Palio, cruzando ruas em velocidade, obedecendo às instruções que ouvia no rádio. Estava quase chegando a uma distância de poder encontrá-los, passou pela Ferreira Pena feito bala e de repente, freios fortes. Uma blitz. Documentos do carro e do motorista. Seu guarda, tenho muita pressa. Aqui não tem pressa. Documentos. Dal aguardou enquanto o guarda analisava seus documentos. Por favor, encoste e saia do carro. O que foi? IPVA atrasado. O carro vai ficar retido. Olha o guincho aqui, por favor! Mas seu guarda. O senhor por favor desce do carro. Dal desceu. Todos ficaram surpresos com suas roupas. Gorro, camisa gola rolê escura, calça de couro colada e
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Edyr Augusto escritor
botas. É alguma fantasia? Não, senhor. O senhor vai desculpar, mas isso não é roupa de dia a dia. Dal pensou em dar uma ponta para o guarda. Não, não podia fazer isso. Era um herói, um defensor da sociedade. Não podia começar subornando a autoridade. Então eles ouviram o rádio da Polícia. Acho que o senhor vai ficar aqui e prestar esclarecimentos. Porra, mas vai logo esquecer de pagar o IPVA! Aquela noite o deixou deprimido. Teve prejuízo em retirar o carro do curral, pagar o imposto e ainda se explicar com a Polícia, por conta do rádio na frequência. Felizmente tinha ficha limpa, endereço, local de trabalho e um delegado que naquela madrugada não estava muito interessado em encher o saco de ninguém. Mas a vontade de ajudar a sociedade não passou. Um dia ainda vão todos me agradecer. Estava na banca, de boba, chateado, quando veio o Femq, vendedor de filmes piratas, se queixar do Birosca, que vivia pela Primeiro de Março traficando pasta de cocaína para pés de chinelo. O Birosca meteu a mão no Femq. Quebrou nariz, maxilar, fez o serviço. Dal achou que estava na hora de parar com as aventuras de Birosca. Seria um bom retorno às aventuras. À noite, fechou a banca, foi pro kitnet, vestiu sua roupa de combate e tirou a moto. No centro da cidade, ruas estreitas, melhor a moto. Estacionou próximo ao buraco da Palmei-
ra. Sorrateiro, jogou-se atrás de um carro, quase por baixo e ficou olhando. O Birosca ali, naquele não faz nada, aguardando os clientes, arengando com as prostitutas. Birosca, vem cá. Eu te conheço? Não interessa. Acabou pra ti. Não quero ver mais a tua cara nessa rua, vendendo crack. Estás me ouvindo? E quem és tu? Puxa, ainda não havia pensado nisso. Como se chamaria? Super Dal? Não interessa o meu nome. Cara, tu sabes com quem estás falando? Birosca pôs à disposição do meio ambiente todo seu repertório de palavrões e insultos. Mas quando levantou a mão, Dal agiu, com um single leg, que aprendeu no wrestling. Surpreso, Birosca foi ao chão, imobilizado. Mermão, só saio daqui morto! Conseguiu um murro em Dal, que reagiu com outro, bem colocado. Perdeu, perdeu, outra voz dizia. Dal olhou. Um cara de moto. Aê Birosca, qual é, pegando porrada de qualquer um? Larga ele, vai, senão leva bala. Revólver em punho. Dal largou. Birosca aproveitou e lhe deu um tapão. Ardeu. Passa a grana. O cara era arrecadador apenas. E tu, mermão, dá o fora. O Birosca é nosso, ninguém encosta. Um tiro. Dal sentiu próximo ao joelho. O cara errou por muito pouco. A moto saiu. Birosca ficou rindo. Levou um socão e dormiu. Mancando, Dal pegou a Dafra e foi atrás. O cara estacionou na 28, pouco depois da Importadora. Subiu. Esperou e foi atrás. O porteiro parou. Vou atrás desse cara. Ele me deve uma grana.
Qual andar? Primeiro, cento e dois. Valeu. A calça empapada de sangue. Foi pela escada, suportando a dor. Ouviu a porta bater. Bateu discretamente na porta ao lado. Abriu uma senhora. É caso de vida ou morte, me deixe entrar. O senhor é ladrão? Tarado? E esse sangue? Melhor chamar a Polícia. Qualquer um sobe nesse prédio. Não tem condomínio mesmo! Quem mora aí do lado? Não sei, mas é um entra e sai danado. Cada cara de bandido terrível. Já me queixei, mas o senhor sabe, velho quando fala ninguém escuta. Eu posso ir até aquela sacada? Pode. Dava pra ouvir a conversa. Coisa grande. Drogas. Um grande primeiro caso. Tinha a bala na perna, mas afinal, era parte do risco. Era possível passar de uma sacada à outra. Não uma pessoa comum, mas ele, com seu preparo e agilidade. A velha dizia que não ia dar. Não vai dar. Ih, não disse? Não deu. Dal caiu. O pé da perna baleada não aguentou o peso. Acordou no Hospital da Ordem Terceira. À sua frente, o Birosca e o cara da moto. Na porta, um guarda. O que aconteceu? Doido, tu caíste do terceiro andar. Tua sorte foi que tua queda foi amortecida pela barraca do vendedor de cachorro-quente. Só quebrou a perna direita. A esquerda já estava baleada, mesmo. E o que é que vocês estão fazendo aqui? Tu não é o Dal, lá da banca? Não. Eu sou o Super Dal.
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especial
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Leonardo Aquino
Luiza Cavalcante
Aqui, o
futuro
Bem-vindos à era do Ipad, o “centro multimídia móvel” que promete, em pouco tempo, transformar o universo das comunicações no planeta
A
vanços tecnológicos quase sempre geram febres de consumo imediatas. Mas às vezes, elas são precedidas de uma onda global de desconfiança. Veja só o exemplo do iPad. Apresentado em janeiro de 2010, o novo produto da Apple só não foi chamado de santo. A principal dúvida era se um dispositivo pequeno demais para competir com netbooks e grande demais para entrar no mercado de smartphones realmente emplacaria. Passada a avalanche de chacotas e críticas, o iPad deu sua resposta. Vendeu 1 milhão de unidades nos 28 dias seguintes ao lançamento nos Estados Unidos, em 3 de abril. E em 80 dias, chegou à marca de 3 milhões de compradores, o que o leva a ser o gadget de adesão mais rápida no mercado. Nem o iPhone, hoje um habitué dos viciados em tecnologia, vendeu tão rápido. No Brasil, o produto foi lançado no início de dezembro e promete ser uma das vedetes do Natal de 2010. Mas por aqui já teve gente que nem esperou o lançamento nacional e já agregou à vida o aparelho que obriga o mundo a se readaptar: o mercado editorial, a educação e a indús-
tria do entretenimento. Para entender o iPad, é necessário fugir de comparações com aparelhos já existentes. Ele não chegou para substituir o seu netbook e nem o seu smartphone, e sim ocupar uma lacuna entre os dois. É o que se convencionou chamar de tablet, que poderia ser traduzido como “prancheta” em português. Tablets são computadores ultraportáteis com tela sensível ao toque, que dispensam a necessidade de mouse ou teclado. Se antes esses dispositivos tinham como público-alvo os profissionais do engravatado mundo corporativo, o iPad parece direcionar seu foco para os usuários básicos de informática. Quem usa o computador para ler e-mails, navegar na web, participar de redes sociais, ver vídeos e escutar música, não precisa mais passar horas sentado ou carregando no colo um notebook de mais de 2 quilos. Um iPad resolve tudo isso de forma mais rápida, ainda que seja menor e mais leve que uma revista: 1,27 centímetro de espessura e 680 gramas de peso. Além do mais, pode acessar a internet por Wi-Fi e 3G, sem nenhuma necessidade de cabos. »»»
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“O iPad é um centro multimídia móvel”, define o argentino Roberto Igarza, doutor em Comunicação da Universidad Austral (Buenos Aires) e pesquisador de novas formas de consumo cultural. Igarza usa o novo tablet como um exemplo de uma metáfora que costuma fazer: a Apple é uma espécie de “alta costura” da tecnologia. “Mais do que tudo, Steve Jobs lança conceitos. Nem todas as pessoas terão um iPad, mas ele já dita tendências do mercado e virou objeto de desejo. E o conceito trazido pelo iPad nos fez descobrir a mobilidade associada a uma tela sensível ao toque e colorida, com uma disposição ergonômica extraordinária frente ao que víamos até três anos atrás”, explica. O médico Carlos Eduardo Barretto foi um dos primeiros paraenses que se deixou seduzir por este novo conceito. Pediu a um amigo que via-
jou para os Estados Unidos que lhe trouxesse um iPad. Aficionado por tecnologia e fanático dos produtos da Apple, ele acompanhou a transmissão pela internet da apresentação oficial do produto em janeiro. E descreve a primeira impressão de uma forma bastante romântica. “Na mesma hora que vi o iPad, me apaixonei. Você aperta o botão de liga/desliga e lá está a web, o e-mail, o Twitter e mais milhares de aplicações exclusivas ou iPhone compatíveis, bem no seu colo. Além disso, toda a capacidade de exibir vídeos em alta definição, ouvir as músicas do iPod. Tudo isso sem precisar esperar um longo boot de um sistema operacional. É o sonho da internet portátil e descomplicada”, opina. Os jogos já disponíveis para iPad seduzem os dois filhos do médico, a quem ele permite que se divirtam um pouco. “Desde que seja sob minha estreita supervisão e literalmente em estado de
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Larissa, Carlos e Raul: investimento na novidade e satisfação com os resultados da aquisição
stress elevado. E eles ainda querem mais”, brinca. A praticidade foi o que levou Larissa Ramalheiro, estudante de administração de empresas e gerente de uma loja em Belém, a comprar um iPad em setembro deste ano em uma viagem a Buenos Aires. “Como viajo com bastante frequência e estar conectada à internet sempre, vi no iPad a facilidade de acesso sem ter que andar com um notebook mais pesado e com carregador. Dentro da bolsa ele fica super discreto”, explica. Larissa usa o iPad para trabalho, entretenimento e lazer e, apesar de já ter boas expectativas sobre o produto antes de comprá-lo, ainda teve as expectativas superadas. “Por mais que eu soubesse das versões de jornais e revistas, pensei que usaria pouco esta função. Mas atualmente utilizo mais do que pensava. Não dá mais pra viajar sem o iPad!”, brinca.
Na capital paraense, pouca gente pode avaliar tanto o sucesso do iPad nesses primeiros meses após o lançamento como Raul Parizotto. Dono de uma loja de acessórios para dispositivos da Apple, ele oferece também um serviço de personalização para os clientes de Belém instalando aplicativos e arquivos multimídia. “Já recebi uns 500 clientes com iPad aqui. E a segunda-feira é um dia de movimento espacial, já que é o dia da semana em que as pessoas que viajam a Miami costumam voltar para Belém”, conta. Raul tem um grande acervo de programas, músicas, filmes e episódios de seriados que instala no aparelho de acordo com o perfil do cliente. “Tenho aplicativos para médicos, advogados e várias outras profissões. Eles são fundamentais, já que, por si só e sem aplicativos, o iPad não te leva a lugar nenhum”, explica.
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QUESTÕES TÉCNICAS PRÓS
CONTRAS
• Sistema operacional: desde o dia 22 de novembro, já está disponível para o iPad o iOS 4.2, o elogiado sistema do iPhone 4.
• Sem câmeras: não há webcam nem câmera fotográfica. Assim não se pode usar aplicativos como o Facetime, a ligação telefônica com vídeo do iPhone 4.
• Multitarefa: a atualização do sistema operacional possibilitou corrigir uma das principais críticas ao iPad. Agora é possível executar vários programas ao mesmo tempo sem fechá-los.
• Bugs nos aplicativos: alguns programas travam bastante, como o VLC Player (para exibição de vídeos) e o IM+ (que agrega redes sociais). Mas os desenvolvedores dos aplicativos trabalham constantemente nas atualizações, que podem ser feitas via App Store.
• Rapidez: para tarefas básicas na internet, como acessar e-mail e navegar, o iPad é rápido e prático.
• Dependência do iTunes: assim como todos os outros dispositivos da Apple, qualquer procedimento para subir arquivos no iPad passa pelo iTunes, programa que deve estar instalado em outro computador. É um protocolo complicado e entediante.
IMPACTOS O novo brinquedinho da Apple já nasceu em berço esplêndido no que se refere a programas. Os cerca de 150 mil aplicativos para iPhone disponíveis na loja online da Apple são compatíveis com o novo produto. Mas a produção direcionada para a tela de 9,7 polegadas do iPad deverá quebrar paradigmas em alguns segmentos de mercado. O mercado editorial deverá ser um dos mais impactados. Com as vantagens multimídia do iPad sobre os outros leitores de e-books, o conceito de livros eletrônicos deverá sofrer transformações significativas. A Ediouro, por exemplo, já estuda a criação de uma espécie de “e-book 2.0”, que deve trazer além dos textos digitalizados, vídeos e áudios. No entanto, para que o iPad emplaque no segmento de revistas e jornais, ainda é necessário rever algumas distorções no que diz respeito a preços. Uma edição de revista para o iPad custa hoje de 3 a 5 dólares, não muito diferente do que se paga nas bancas, mesmo sem custos de impressão e distribuição. E se forem comparados os preços das assinaturas, a disparidade é ainda maior. Por exemplo, assinar a revista Time por um ano nos Estados Unidos custa 20 dólares. Comprar os 52 exemplares semanais avulsos na App Store da Apple sai por 254 dólares. A Apple já está tentando negociar com as grandes publicações americanas para criar parâmetros para as assinaturas no iPad, mas ainda esbarra em desentendimentos sobre política de publicidade e de preservação de dados de clientes. A educação também deverá sentir os impactos do iPad. Já estão disponíveis dezenas de aplicativos que ajudam a professores, pais e alunos. Ensinar às crian-
ças as cores, formas e primeiras palavras numa telinha de alta resolução e sensível ao toque ganha uma dimensão inimaginável pouco tempo atrás. A matemática, tão odiada por adolescentes, pode se tornar descomplicada e até atraente. E algumas necessidades muito específicas, como autismo e problemas no desenvolvimento da fala, ganham uma plataforma interativa. O iPad teve o lançamento homologado pela Agência Nacional de Telecomunicações no final de agosto e chegou às lojas na primeira semana de dezembro. No Brasil, ele terá uma peculiaridade: será vendido também pelas operadoras de telefonia celular, que vão oferecer os planos de acesso a internet 3G. Nos outros países em que o iPad já pode ser encontrado, ele é vendido em lojas de eletrônicos. A “exclusividade” no modelo de negócios tem duas opções de caminhos: os brasileiros poderão ficar reféns de um possível preço-padrão praticado pelas operadoras ou a concorrência será estimulada por promoções. Os preços oficiais estipulados pela Apple no Brasil vão de 1650 reais (na versão Wi-Fi com 16GB de memória) até 2600 reais (na versão Wi-Fi + 3G com 64GB). Mas especialistas acreditam que o mercado dos tablets poderá oferecer opções mais baratas em alguns anos, o que será fundamental para a popularização desse tipo de dispositivo. “É o que acontece com os principais lançamentos da Apple. As indústrias concorrentes desenvolvem produtos similares ou análogos que, por serem mais baratos, têm chegada mais massiva. Talvez daqui a dois ou cinco anos, poderemos analisar nas ruas os resultados”, explica o argentino Roberto Igarza.
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Questões
Privadas De repente D t uma palavra l se torna t um palavrão: l ã privatizar. i ti Até quem a defendeu no passado se esconde pra não ser levado aos tribunais da Inquisição. Aos olhos de todos é uma barbaridade, algo impensável numa sociedade politicamente correta. Não se sabe exatamente o porquê, mas se quiserem privatizar a Petrobras, o mundo vai acabar. E assim, um assunto que deveria ser serenamente discutido vira um dogma: não se pode questionar, não se deve tocar. Cresci num país católico, numa família católica de mãe carola e, diversas vezes, tive a tentação de perguntar: o que é um dogma? Como explicar a Santíssima Trindade, três em um, Pai, Filho e Espírito Santo? Ora menino, isso é Fé, é preciso ter fé pra entender. Fiquei desapontado e com uma enorme culpa por não ser uma pessoa de fé. Hoje tento questionar os palavrões e os dogmas. Primeiro: o que é um bem público? Teoricamente é uma propriedade, material ou não, da população de uma região ou país. Mas aí vem: o que é propriedade? A posse de um bem para usufruto próprio, numa visão bem simplista. Então um bem público é propriedade de uma população para seu usufruto, certo? Uma praça, um monumento, uma rua, um parque, todos cabem nessa definição. Mas uma empresa pública é uma propriedade pública? No meu ponto de vista, se não há cobrança de serviços, como nos hospitais, estradas ou escolas, de fato é propriedade de quem a usufrui. No entanto, se há cobrança pelos serviços, no que se difere de uma empresa privada que presta os mesmos serviços ao mesmo preço ou similares? Os Correios são melhores em
Celso Eluan empresário celsoeluan@ig.com.br
logística do que a Fedex ou TAM? Banco do Brasil e Caixa lo são exemplos de bancos que superam todos os demais? Nos s postos Petrobras a gasolina é mais barata ou melhor que nos p outros? o Ah, mas a propriedade é do Estado, assim é de todos nós. Bem eu nunca recebi dividendos de nenhuma empresa públiB ca c que teoricamente sou proprietário, mas se compro ações de d uma empresa privada, junto com milhares de outros investidores, tenho algum retorno. Então, como encaixar a dev finição de bem público se não temos usufruto dos serviços fi nem da propriedade? A rigor, os reais beneficiários de uma n empresa como esta são sua elite dirigente, os funcionários e e políticos que a usam como se de fato fosse sua propriedade. p Por outro lado, e mais perverso ainda, os serviços essenciais que cabem a qualquer governo, educação, saúde e sec gurança, há muito que estão privatizados e nem por isso há g uma grita geral da nação. Naturalmente, e sem nenhum alaru de, d a classe média foi cuidando na esfera privada daquilo que era obrigação do Estado. Com a deterioração desses serviços essenciais, o mercado passou a oferecer opções melhores de escolas, planos de saúde e segurança. Quem podia pagar optou por aumentar seus gastos pra oferecer melhores condições para sua família. No entanto, continuou a pagar uma carga crescente de impostos, sem ter nenhum retorno disso. Apesar da contradição, não vejo nada de errado, afinal os impostos são uma forma de equalizar as diferenças sociais, só não precisavam ser tão mal usados, nem desperdiçados em empresas estatais deficitárias, mal geridas e absolutamente desnecessárias. Essa evolução de palavra para palavrão só tem eco porque o conceito de privatização é manipulado pelos únicos que de fato têm interesse, entre eles os políticos e sindicatos. Na visão destes, aquele bem público vai desaparecer nas mãos de empresários que encarnam a visão do Mal. Curiosamente não citam que os maiores investidores do mercado são exatamente os fundos de pensão das estatais, bancados majoritariamente pelo Estado. Ou seja, os funcionários e o próprio Estado, na maioria das vezes, continuarão com parte dessas empresas. Só que agora minoritariamente, e aí, políticos e sindicalistas não poderão mais fazer dela o que bem querem. Portanto a questão não é de posse, mas de poder e isso, em nenhum momento, está nas mãos do povo (só nas eleições, a miragem de poder que sustenta essa discussão toda). Pronto, que o bafo do Coisa Ruim avance sobre meu pescoço, mas não podia mais engolir tanto dogma mal explicado.
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comportamento
A identificação com a mística de São Jorge fez com que o ator Rodrigo Braga gravasse no corpo a imagem do Santo Guerreiro
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Camila Barbalho
Luiza Cavalcante
Na pele, na
memória
Dos antigos egípcios às tribos do século XXI, já se vão milênios de histórias eternizadas por meio das tatuagens
U
ma dermopigmentação, um machucado colorido. Obra de arte viva e estampada no corpo, a tatuagem foi a maneira de modificar o corpo que – a despeito de toda a recriminação que sofreu ao longo dos anos – mais ganhou popularidade no mundo inteiro. E engana-se quem acredita que o apelo estético dos desenhos grafados na pele surgiu dia desses, com uma âncora no braço de um marinheiro marginalizado dos anos 50. A tatuagem atravessou milênios para perpetuar-se até os dias de hoje como forma legítima de expressão, seja meramente vaidosa ou transbordando significado. A arqueologia sugere que os egípcios já se tatuavam entre 4000 e 2000 antes de Cristo, em rituais ligados ao mundo espiritual. A igreja da Idade Média proibiu os desenhos por considerar uma prática demoníaca e a classificou como vandalismo do próprio corpo. Em outros lugares, como na Inglaterra, a tatuagem era um identificador de presidiários – o que contribuiu para criar o estigma de delinquência em torno dos adeptos. Mesmo a chegada do gênero ao Brasil, através do porto de Santos na década de 60, não ajudou muito na propagação da imagem de tatuados: a primeira loja, trazida por um dinamarquês, foi instalada bem na zona da cidade, próxima a toda sorte de bêbados,
arruaceiros, viciados e prostitutas. Só com a TV e a divulgação de artistas e pessoas tidas como modernas exibindo suas tatoos é que os narizes desentortaram. Mas nem tanto. A despeito de toda essa carga acumulada de preconceito e mesmo do caráter puramente estético que motiva muita gente a estampar algo no próprio corpo, há quem utilize a tatuagem como vínculo a uma grande história pessoal, seja ela qual for. Gente que planeja cuidadosamente um desenho cujo sentido não vai se perder por aí – apesar de a irreversibilidade não ser mais um problema – para, quando marcado na pele, marcar também a própria trajetória. Foi esse o motivo que levou o ator, músico e estudante de psicologia Rodrigo Braga a fazer a única tatuagem que tem no corpo. Criado em uma família espírita, alguns elementos do catolicismo chamavam sua atenção, mesmo não sendo este um grande esteio da sua educação. São Jorge, em especial, fez com que Rodrigo se sentisse representado. “Comecei a me identificar com ele pelo lado lúdico, artístico mesmo. A representatividade dele na cultura atual, por ele ser um desbravador, guerreiro, manifestado artisticamente de forma tão poética, chamou minha atenção”, conta. “Ele chegou até mim por meio da imagem »»»
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A gratidão por uma graça alcançada gravou na pele da advogada Adriana Ferreira a homenagem à Padroeira
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Lúcia Chalí e a “estética da existência”. Filosofia levou a psicóloga a buscar um símbolo que representasse a vida como “obra de arte em construção”
dele, e as coisas começaram a se manifestar. Eu passei a associar São Jorge a quase tudo na minha vida.” Por ter um laço forte com a cultura negra – por meio da música, da capoeira e do sincretismo religioso – o ator passou a perceber a identificação do santo nesse ambiente. Foi então que surgiu a ideia de mesclar na tatuagem esses elementos. “Optei por não fazer São Jorge clássico. Peguei a atmosfera dele e inseri o Ogum, que é correlacionado com o santo no sincretismo”, explica. O motivo definitivo para tatuar a imagem veio quando Rodrigo começou a trabalhar com projetos sociais. “Passei a me sentir ligado a São Jorge como ícone de bravura, e pela fidelidade dele aos seus ideais. O fato de ele estar tatuado no meu corpo representa um sinal de alerta, um compromisso para a eternidade com essa fidelidade. Todos temos dragões para combater”, acredita. Também foi a fé que inspirou a tatuagem da advogada Adriana Ferreira. Devota fervorosa de
Nossa Senhora de Nazaré, ela decidiu colocar na pele o mesmo lema encontrado na frente da Basílica: Deiparae Virgini a Nazareth. A tatuagem é mais que uma homenagem: é fruto de uma promessa feita à padroeira paraense quando Adriana, ainda em início de carreira, conseguiu passar no concorrido teste da Ordem dos Advogados do Brasil. Lúcia Chalí, psicóloga, também se tatuou para lembrar uma crença, embora de outro tipo. Envolvida com os estudos da filosofia de nomes como Foucault e Deleuze, Lúcia encontrou na temática da subjetivação e da chamada “estética da existência” algo digno de ser perpetuado – uma teoria conhecida como “A Dobra”: a vida como uma existência coletiva, onde o que é interiorizado também está do lado de fora, e vice-versa. “É uma perspectiva de vida. Foucault dizia que viver é uma obra de arte em constante construção, não como objeto, mas no cuidado com o outro e nas coisas externas que você escolhe tomar também como »»»
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Para saber Para quem quer fazer uma tatuagem, é importante prestar atenção aos detalhes e aos requisitos, antes e depois do processo. Confira: Antes • É preciso ser maior de idade • comparar trabalhos e pesquisar desenhos • definir o lugar a ser trabalhado. Depois • evitar sol, piscina e água de mar na primeira semana; • limpar o local da tatuagem duas vezes ao dia; • passar pomada de 4 em 4 horas para mantê-la hidratada; • Não passe sabão em cima; • mantenha o desenho protegido por papel-filme nos primeiros dias. A partir da segunda semana, pode-se ir reduzindo gradativamente os cuidados. Produtos químicos como protetor solar e perfume, só depois de dois meses. „A composição desses produtos é muito forte e pode causar reação alérgica na pele ainda sensível‰, explica Paulo.
suas”, define. Decidida a marcar essa teoria em si, Lúcia passou a procurar tatuadores que comprassem a ideia e procurassem uma maneira de tornar imagético algo tão abstrato. “Foi difícil encontrar alguém pra desenhar a tatoo. Eles diziam pra mim ‘eu faço tatuagem de coisas que existem’”, diverte-se. “Acabei conseguindo chegar a um desenho discreto e que significa o que eu gostaria. Mas pra maioria das pessoas eu nem explico”. Quando questionada se “a Dobra” faria sentido para sempre na sua vida, Lúcia arremata: “Eu não tenho só uma personalidade, posso mudar de repente. Mas é uma coisa que eu quero que fique indelével. Por mais que passe, ficará eternizado”. Um dos profissionais mais requisitados do segmento, Paulo Tatoo viu um homem todo tatuado quando tinha 9 anos de idade e decidiu que um dia seria assim. Com 17 anos começou a comprar seu próprio material e foi o pioneiro no norte do país. Hoje, com 30 anos de carreira, Paulo resume seu trabalho: “O importante é saber desenhar e entender de pele”, acredita o tatuador. Segundo ele, é a tatuagem que escolhe o tatuado. “Eu não tatuo quem não sabe o que quer. Quando a pessoa vem insegura, provavelmente vai cobrir o desenho depois. Agora, quando vem decidida, pode mostrar qualquer outra possibilidade que ela vai dizer não.” Ainda nos dias de hoje, Paulo vê preconceito com quem opta por essa arte. “As pessoas ficam olhando, rindo... Mas isso tem que acabar. Tatuagem não define caráter”, sentencia. Paulo Tatoo traz no nome a paixão pela arte que aprendeu desde muito cedo
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Bem-vindo à Catalunha Cenários medievais e góticos, natureza estonteante e efervescência cultural fazem dessa região espanhola um roteiro imperdível
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“Não estou preocupada com a forma” Aos 31 anos de idade, atriz inaugura novo ciclo em sua vida pessoal e na carreira
Aos 75 anos, o pai do Menino Maluquinho apresenta com uma nova personagem: A Menina das Estrelas
Dispensando a imagem de herói solitário, o navegador diz, em entrevista exclusiva, que seu interesse é conhecer as pessoas.
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UMA REVISTA QUE SEMPRE FOI TOP DE PÚBLICO, AGORA TAMBÉM É TOP DE MARKETING. A Revista Leal Moreira é mais um salto inovador da Leal Moreira, como tantos outros. Por isso ela é tão premiada. Primeiro pelo carinho do público, desde o primeiro número. Depois pelo Prêmio Qualidade Gráfica e Editorial no Festival Mundial de Publicidade de Gramado. E agora pelo Top de Marketing da ADVB. Obrigado a todos que fazem esta revista. Tanto os que ficam por trás das páginas, cuidado de cada centímetro desta publicação, quanto os leitores que ficam de frente para ela, principal razão da existência da Revista e da Leal Moreira.
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entrevista
Luís Fernando Veríssimo criou algumas das personagens mais memoráveis da literatura brasileira nas últimas décadas
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Alan Bordallo
Rodolfo Braga
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Literatura, internet, futebol... Nada escapa do olhar lúcido e bem humorado de Luís Fernando Veríssimo, o gaúcho mais popular das letras brasileiras
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uís Fernando Verissimo disse, certa vez, que pensou em estudar arquitetura. “Como todo o mundo”, justifica, em tom de defesa. A ideia não evoluiu. Sem a necessidade de um título acadêmico, o gaúcho, hoje com 74 anos, terminou seguindo o destino que ele imaginava para todos os estudantes da arquitetura: fazendo outra coisa distinta da profissão. No caso de Veríssimo, o “outra coisa” é vago: trabalha como cronista - publicado por jornais como O Estado de São Paulo, O Globo e Zero Hora -, é romancista, desenhista, escritor, jornalista, ex-redator publicitário, além de saxofonista. Reconhecidamente uma das grandes figuras da cultura contemporânea do Brasil, Veríssimo, modesto, prefere se definir como alguém que, não tendo terminado outro curso, faz uma coisa estranha: “Dar palpite sobre todas as coisas”. O autor esteve em Belém durante a última edição da Feira Pan-Amazônica do Livro, evento que já havia o trazido à capital paraense anteriormente. Nada mais justo para um homem das letras. A fama de introvertido que carrega, amplificada pelo seu pouco falar e a preferência pelo pensar, foram por água abaixo. Durante o encontro, tirou fotos e distribuiu autógrafos para fãs de várias gerações, e até para as senhorinhas que, ao vê-lo do lado do amigo Zuenir Ventura, questionavam sua identidade. “Eles falam ‘brasileiro’?”, indagou uma, antes de posar sorridente para a foto com o criador de personagens antológicos como o Analista de Bagé e a Velhinha de Taubaté. Feiras Literárias, inclusive, costumam ser marcantes para Veríssimo: em 1981, o recém-lançado “Analista de Bagé” teve sua primeira edição esgotada na Feira do Rio Grande do Sul.
Na sua terceira visita a Belém, Veríssimo atendeu também o rádio, jornal e a TV, e, mesmo depois do horário estipulado para as conversas, cedeu seu tempo para responder às perguntas da revista Leal Moreira. A entrevista aconteceu dentro de uma van, onde tive o privilégio de passar 20 minutos na companhia do simpático escritor, enquanto Veríssimo e Ventura eram levados a um restaurante da cidade. No bate-papo, assuntos gerais, como fé, morte, futebol, educação, e a confissão de que mal podia esperar para degustar o Filhote, peixe amazônico reconhecido pelo sabor único. Tudo em clima de conversa, tal qual o último livro com sua participação, “Conversa sobre o Tempo”, no qual Veríssimo e Ventura, mediados pelo jornalista Arthur Dapieve (colunista da Revista Leal Moreira), destilam comentários sobre temas gerais. Confira: Qual sua relação com Belém? Quantas vezes veio à cidade? Acho que é a terceira vez que venho a Belém. Vim à Feira Pan-Amazônica do Livro há cinco anos. Sempre volto com muito prazer porque acho uma cidade muito interessante. É a terceira vez. Como você analisa o atual momento do impresso, do livro? O Jornal do Brasil hoje só tem edição virtual. Os e-books se proliferam, como o kindle, que pode armazenar dois mil livros. O livro, no futuro, está fadado ao esquecimento? Ou será como o vinil na música, que virou algo cult e hoje coexiste com as novas tecnologias? É, e o vinil também está voltando, né? Muita gente diz que o vinil é superior ao CD e tal. Acho »»»
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que sim. Quem foi criado com os livros, com o papel, tem um certo preconceito, custa a aceitar que possa acabar o impresso, o jornal, o livro. Mas acho que também é inevitável. A tecnologia muda, coisas novas surgem. A gente pode não aceitar, mas é inevitável. Acho que a gente deve começar a se preocupar quando inventarem um computador que escreva sozinho. Aí, sim, vai ser de se preocupar. Mas fora isso, acho que é uma coisa natural. A gente lamenta, mas é natural. O escritor José Saramago classificou o twitter como uma ferramenta que prova uma tendência humana de involução quanto à linguagem, exagerando que seria uma volta aos grunhidos como forma de comunicação. Você concorda? É um certo exagero do Saramago, mas não deixa de ser uma invenção. A mensagem do twitter é limitada pelo tamanho. Quer dizer, ao mesmo tempo que incentiva a concisão, também é um sacrifício da palavra, uma restrição, limitação. Nesse sentido acho que é ruim. Confesso que não sei bem como funciona o twitter. Tem um twitter que dizem que é meu, mas não é não. Nem sei bem como funciona. E como você vê atribuição de textos na internet à sua pessoa? Pois é, isso é algo que exige uma certa resignação. Porque não tem remédio, não tem o que fazer, não tem como evitar. E a grande maioria dos textos que circulam na internet com a minha assinatura não é de minha autoria. Geralmente quando é falso é “Luiz”, com Z, o meu é com S. Fora isso há textos bons, textos ruins. Acho que preocupante seria se um dia um desses textos fosse difamante, ou coisa assim, que me processassem por algo que não escrevi. Há alguma situação peculiar envolvendo especificamente este assunto? Tem um texto que está na internet que se chama “Diga não às drogas”. No caso drogas são as duplas sertanejas. Isso já me valeu vários xingamentos. Essa crônica termina dizendo: “Não confie em nenhum cantor que saiu de Goiânia”, algo nesse sentido. E já recebi várias cartas de Goiânia reclamando. E quanto às diferenças de estilo literário entre crônicas e romances. Como administrou essa diferença de linguagens na sua produção? Eu demorei bastante para escrever romances, sempre escrevi crônicas. Fui meio que instigado
a escrever um romance. A diferença óbvia é que o romance tem um texto longo, enquanto que a crônica a gente liquida em menos tempo e com menos espaço. É preciso ter outra visão, saber que é uma construção maior do que a crônica, obviamente, uma elaboração diferente. Escrevendo crônica a gente tem a tentação de amarrar a crônica, né? Depois de 35 linhas, amarra e termina. Romance, obviamente não. Você tem que deixar para dar uma amarrada lá no fim do livro, que vai custar a chegar. Então é bem diferente. Sentiu responsabilidade maior ao escrever um romance, pelo fato de seu pai (Érico Veríssimo) ser um grande escritor? Não, não, conscientemente, não. Talvez, inconscientemente, sim, talvez tenha me afetado de alguma maneira. Mas conscientemente, não. Mesmo porque não foi uma iniciativa minha. No caso o primeiro romance (O Jardim do Diabo) foi um pedido de uma agência de publicidade em que eu trabalhava, a AmPm. Eles queriam dar um livro meu de brinde no fim do ano, mas queriam que fosse algo original. E aí eu resolvi enfrentar o romance. Mas não houve nada consciente, não. Quem são hoje os bons cronistas brasileiros? Olha, cronistas, gosto muito do Zuenir, não só porque estamos na presença dele, mas estamos com bons romancistas. O Milton Hatoum eu gosto muito; o Moacyr Scliar, que também é cronista... Aliás, o Milton Hatoum também está fazendo crônicas. E o Jabor eu acho que escreve muito bem. Nem sempre concordo com o que ele escreve, mas acho que escreve muito bem. No Sul está aparecendo gente muito boa, o Carpinejar eu acho muito engraçado, muito bom. Seriam esses. Você acredita que hoje no Brasil é mais difícil fazer humor depois que se instituiu a cartilha do “politicamente correto”? Isso tolhe o humor que você gosta de utilizar nos textos? O meu acho que nem tanto. Meu humor não é tanto de provocar gargalhadas. É uma coisa mais... Pelo menos pretende ser uma coisa mais sutil. Agora o humor que faz o Casseta e Planeta, na televisão, que é um humor escrachado, acho que sim. Mas parece que eles não estão dando tanta atenção a esse negócio de politicamente correto. Ainda apareceu essa lei, né? Essa bobagem de lei da mordaça, que felizmente não vingou. O humor não deve ter nenhum tipo de limitação, fora os limites do bom senso e do bom gosto. Fora isso, não deve ter restrição nem limitação. »»»
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De Porto Alegre, o escritor observa os acontecimentos no Brasil e no exterior para os transformar nas crônicas que o fizeram tão famoso quanto o pai, Érico Veríssimo
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“O negócio é viver sem contar com castigo ou recompensa divina, mas viver de bem consigo mesmo”
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Qual a sua análise do comportamento da Seleção Brasileira na última Copa do Mundo? Eu sempre defendi o Dunga. Sempre achei que ele estava sendo meio injustiçado pela crônica do centro do país, do Rio e de São Paulo. Mas acho que ele exagerou um pouco na truculência com a imprensa. Isso criou um ambiente ruim. Não só na relação dele com a imprensa, mas dentro da Seleção também pode ter criado um clima ruim. Não sei se isso influenciou o resultado, a derrota para a Holanda (2 a 1 nas quartas de final), mas foi ruim. Um clima ruim. E aquela derrota para a Holanda foi um mistério, porque o primeiro tempo foi o melhor futebol que o Brasil jogou na Copa. E no segundo tempo, desapareceu. Não sei o que houve no vestiário. Talvez alguma coisa tenha havido no vestiário da Holanda, que mudou o modo de jogar. Mas, em geral, foi uma Copa boa. Bons jogos, o resultado... A seleção da Espanha apresentou um futebol muito bonito. Acho que foi uma boa Copa. Os técnicos brasileiros gostam de se sentir “íntimos com Deus”. Você enxergava isso no Dunga? Acho que essa é uma questão que ainda não foi devidamente analisada, a coisa da religião. A maioria dos jogadores é evangélica e tem essa coisa de pedir a Deus a vitória. É a mesma situação que ficam os militares, os dois lados apelam a Deus pela vitória. Não sei se o Dunga pessoalmente seja muito religioso, mas o clima na Seleção era aquela coisa evangélica. De agradecer a Jesus. E eu acho isso ruim. A FIFA inclusive se posicionou contra a comemoração do Brasil na Copa das Confederações... É, todo mundo ajoelhado. É uma forma de prepotência, né? Porque quem não é religioso tem que participar daquilo. E o Internacional. Bicampeão da Libertadores, igualando-se ao Grêmio. Esse era um fator que atiçava a rivalidade no Rio Grande do Sul? E os coitados estão em uma fase ruim, em contraste com a fase boa do Inter (na época da entrevista o Grêmio estava na zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro). Mas agora temos que ganhar o Mundial de Clubes para superarmos o Grêmio. Eles já ganharam uma vez, temos que ganhar duas e superá-los. Pretende ir? Olha, confesso que estou pensando no assunto. Não sei se vai dar, não. Mas eu gostaria.
O último livro. Questões de vida e religião? Acho que sim, mas o negócio é a gente viver sem nenhuma crença, sem acreditar em Deus ou em vida após a morte e ao mesmo tempo ter uma vida de acordo com uma moral, com uma ética e tal. Não contando com o castigo ou a recompensa divina, mas viver bem consigo mesmo. Então acho que o grande problema é esse. Não ter uma vida de crença mas ao mesmo tempo levar uma vida direita. Sem agredir os outros, passar por cima dos valores dos outros... Exatamente. A forma de lidar com a morte, você falou que após os trinta anos passou a haver uma preocupação recorrente com ela. Existe algum projeto que você pense em concluir, uma necessidade pessoal, algo para deixar para a posteridade, alguma coisa que você sinta que tem que fazer? Não (hesitante). Na verdade, não. Não penso nesse sentido, não. Eu quero é viver o máximo possível. E, é claro, aproveitar minha família. Agora estou com uma neta nova. Ver até onde posso acompanhá-la, a vida dela, o que vai ser. Mas não tenho assim nenhum projeto de deixar um legado. Não penso nisso. Transpondo a questão da morte para as personagens. Você criou figuras memoráveis como o Analista de Bagé, a Velhinha de Taubaté, as cobrinhas. Como você administra a vida de um personagem, como define o tempo certo de matar aquela personagem? Acho que é quando a gente se chateia deles, quando não tem mais nada para dar e não quer se repetir, ou continuar se repetindo. Aí elimina o personagem. Por exemplo, a Velhinha de Taubaté, a última pessoa no Brasil que acreditava no governo. Matei a Velhinha depois do escândalo do Mensalão, que ela acreditava no governo e tal, e quando viu que estava até o Palocci envolvido no Mensalão, achou melhor morrer, porque ela também não acreditava em mais nada. Então a Velhinha foi por causa dessa situação. E as cobrinhas, a tira das cobras, é porque estava fazendo coisas demais então resolvi cortar, trabalhar um pouco menos. Sobre a Velhinha de Taubaté, a morte pode ser interpretada como uma metáfora também para suas convicções políticas? Não sei. Acho que não, talvez em um certo sen- »»»
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Quando inventarem um computador que escreve sozinho, a gente começa a se preocupar
tido. Eu nunca escondi minha simpatia pelo PT e aquele negócio do Mensalão foi brabo. Até agora muito mal explicado. Então houve um desencanto meu também. Não sei se projetado na Velhinha de Taubaté, que acabou morrendo por isso. De desgosto, né? De desgosto... Você foi educado fora do país, não é? Em parte. Dos 7 aos 9, depois dos 16 aos 20 anos nos Estados Unidos. Analisando os dois modelos de educação, quais as carências da educação brasileira em relação à norte-americana? Bom, eu não poderia... Em primeiro lugar fui um péssimo aluno. As “Comédias para se ler na escola” (um dos livros lançados pela editora Objetiva com crônicas do escritor) são prova disso? É. Eu tinha horror da escola. E depois interrompi meus estudos, porque quando voltei dos Estados Unidos, com 20 anos, teria que fazer mais uns dois anos do... não sei como chamava, científico ou clássico, hoje seria o ensino médio. Parei de estudar, então não poderia fazer uma comparação assim... Acho que o que eu posso comparar é o fato de dos 16 aos 20 anos, que é geralmente
quando o cara se politiza, se forma politicamente, estava lá e não no Brasil. Então a minha politização, vamos dizer assim, foi com aquela situação americana, o McCarthismo, o fim da segregação racial nas escolas e tal. A Guerra Fria. E não tanto com o que estava acontecendo no Brasil na época. Essa foi uma diferença marcante. Como foi a oportunidade de participar das conversas que geraram o livro, com um grande amigo, o Zuenir Ventura, e mediado por uma pessoa que você conhece, o Arthur Dapieve, em um clima de conversa, de amizade, em uma fazenda? Eu acho que a ideia do livro é muito boa, de reunir duas pessoas, no nosso caso dois amigos. Mas não precisa ser necessariamente dois amigos para falar sobre um assunto específico. O próximo livro que será com o Frei Betto e um cientista, que vão discutir religião e ciência. Então acho que essa ideia foi muito boa. No nosso caso foi melhor ainda porque eram dois amigos que tinham o hábito dessa conversa. Foi muito bom. Vocês chegaram a discorrer sobre temas que não haviam conversado antes, ou aquilo são conversas que acontecem em momentos de intimidade de vocês? Eu até fiquei sabendo coisas da vida do Zuenir que até então não sabia. Nesse sentido foi também muito interessante.
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horas vagas • música DVD Uma noite em 67 Na noite do dia 21 de outubro de 1967, acontecia um dos eventos mais marcantes dos últimos 50 anos na história da MPB. Era a grande final do 3º Festival de Música Popular Brasileira da TV Record, e os competidores eram nada menos do que Caetano Veloso, Chico Buarque, Edu Lobo, Gilberto Gil, Roberto Carlos e Sérgio Ricardo. Com acesso às imagens dos anos 1960 e sete anos de pesquisa, Renato Terra e Ricardo Calil reconstruíram o clima da época e, acrescentando entrevistas atuais com as personagens envolvidas, conseguiram realizar um belo trabalho, adornado com canções do naipe de “Roda Viva”, “Domingo no Parque” e “Alegria, Alegria”. Um documentário que agrada mesmo quem não teve oportunidade de viver este período rico da música nacional.
DICA
Música de Brinquedo O nascimento de Nina, hoje com pouco mais de seis anos, fez bem ao casal Fernanda Takai e John Ulhoa, mentores da banda mineira Pato Fu. Influenciados pela filha, ambos deram início a um projeto inusitado: chamaram os amigos de banda e gravaram um álbum em que todos os instrumentos são de brinquedo. O resultado já vem estampado no nome do disco. “Música de Brinquedo” é uma imersão bonita no clima da infância, vista pelo prisma de grandes canções da música popular do Brasil e do mundo. Assim, “Live and Let Die” (Paul Mccartney) e “My Girl” (Temptations) passeiam calmamente ao lado de versões muito bem azeitadas de “Frevo Mulher” (Emilinha) e “Primavera” (Cassiano). Um dos melhores lançamentos deste ano e disco para ser saboreado por crianças e adultos. Sem contraindicação.
CONFIRA Amy no Brasil
INTERNET
Amy Winehouse está prestes a desembarcar pela primeira vez no Brasil. A cantora, conhecida tanto pelo talento como pelos problemas fora dos palcos, fará uma pequena turnê pelo país, apresentando-se em quatro capitais no mês de janeiro: Florianópolis (dia 8), Rio de Janeiro (dia 11), Recife (dia 13) e São Paulo (dia 15). O repertório dos shows será baseado nos álbuns “Frank” (2003) e “Back to Black” (2006), e deve ser recheado de sucessos como “Rehab”, You Know I´m no Good” e “Stronger Than Me”. Mais informações: www.livepass.com.br
CLÁSSICO
Fab Four chega ao iTunes Comemoração dos 70 anos de John Lennon, turnê mundial de Paul McCartney... O clima não poderia ser mais propício para o (tardio) lançamento mundial do catálogo dos Beatles no iTunes. E desde o dia 16 de novembro, os fãs dos Fab Four puderam desembolsar um pouco mais do seu dinheiro para a aquisição das músicas do grupo em formato digital. Ao todo, são 16 álbuns disponíveis, treze de carreira e três coletâneas, que devem animar principalmente os fãs da nova geração. Cada álbum custa 13 dólares e as músicas podem ser compradas individualmente por 1, 29 dólar cada. Existe ainda a opção de comprar um Beatles Box Set, com todo o material lançado oficialmente pela banda durante a carreira, e o chamado iTunes LP, com documentários sobre os discos, fotos, e um vídeo do primeiro show da banda nos EUA, no Washington Coliseum, em 1964. Ah, os discos não estão disponíveis para contas brasileiras. Apesar de ignorar peças fundamentais para os fãs, como a coletânea Live at BBC, lançada em 1994, é um bom começo para a imersão dos Beatles nos novos tempos.
Gilberto Gil (1968) Em 1968, o Brasil vivia em estado de ebulição cultural e política. Se no campo político os tempos eram difíceis, com o endurecimento do Regime Militar, em termos culturais o país desfrutava um período dos mais ricos em termos de criatividade. Assim, nascia a Tropicália, movimento que tinha entre seus ícones um baiano chamado Gilberto Gil. Após um disco de estreia em que flertava com a Bossa Nova de João Gilberto, o futuro Ministro da Cultura meteu o pé na porta. Escudado pelos Mutantes, produziu um álbum que juntava Beatles e Frevo, Jimi Hendrix e Embolada, como se ambos tivessem sido feitos um para o outro. Da primeira à última faixa, o primeiro espasmo de genialidade de um artista que, nos anos seguintes, nos presentearia com mais e mais obras-primas.
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horas vagas • literatura
DICA
DESTAQUE
As Cobras (Antologia Definitiva) Luís Fernando Veríssimo A longa trajetória do gaúcho Luís Fernando Veríssimo não é feita apenas de letras. Nos anos 1970, o escritor uniu a paixão pelos desenhos com a capacidade de sintetizar em poucas frases temas que iam de Deus ao futebol, da política à filosofia. Assim nasceram As Cobras, publicadas inicialmente no Jornal Zero Hora, de Porto Alegre, mas que depois ganhariam o Brasil com suas tiradas metafísicas e seu humor muitas vezes politicamente incorreto. Nesta coletânea, lançada pela Editora Objetiva, está o melhor destes pequenos répteis que nos ajudaram a pensar melhor o Brasil, o mundo e – por que não? – o universo.
Vargas Llosa
CLÁSSICO
O homem do ano nas letras dos países latino-americanos sem dúvida foi o ensaísta e novelista Mário Vargas Llosa, vencedor do Prêmio Nobel de Literatura de 2010. Vargas Llosa foi premiado pela Academia pelas “cartografias de estruturas de poder e imagens vigorosas sobre resistência, revolta e derrota individual”. Em 1994, Llosa ganhou o Prémio Cervante e em 1986, o Prêmio Príncipe das Astúrias de Letras da Espanha, entre outras premiações. O recente trabalho do escritor, “Sabres & Utopias” já é encontrado em prateleiras de livrarias brasileiras. A obra reúne artigos sobre direitos humanos, história, artes plásticas e literatura, além de comentários sobre a política no Brasil. Em novembro, os países de língua espanhola receberam o novo romance de Llosa, “El Sueño del Celta”.
LANÇAMENTO Só Garotos Patti Smith Roqueiros sempre flertaram com pretensões literárias. John Lennon, Bob Dylan, Lou Reed, Sting, Zé Rodrix, entre centenas de outros, já fizeram suas incursões pelo mundo das letras, com maior ou menor sucesso em suas empreitadas. A mais nova integrante do clube é Patti Smith, que nos anos 1970 entrou no grupo restrito de mulheres que competiam em par de igualdade com os medalhões do gênero em termos de relevância. Em “Só Garotos” (Companhia das Letras), a cantora e compositora conta a própria história ao lado do fotógrafo Robert Mapplethorpe. Muito além de uma história de amor, “Só Garotos” narra com clareza e lirismo o que foi a contracultura na década de 70. Recentemente, a obra foi premiada com o “National Book Award”, o prêmio mais importante da literatura nos Estados Unidos, na categoria não-ficção.
Saramago 2010 foi o ano em que o mundo ficou órfão do escritor José Saramago, morto em junho. Único autor da Língua Portuguesa a ser premiado com o Nobel de Literatura, o português deixou uma vasta obra, que ultrapassou fronteiras e ganhou a admiração de leitores por todo o planeta. Um de seus livros fundamentais é “O Evangelho Segundo Jesus Cristo”, lançado em 1991 e que causou sérios problemas ao autor com a ala mais conservadora da sociedade e da Igreja Ca-
tólica. No romance, personagens bíblicos como José, Maria Madalena e, claro, Jesus, ganham o direito a uma humanidade que vai muito além do que o cânone religioso permitiria que fosse enxergada. Com imagens fortes, Saramago narra o caminho do Filho do Homem rumo ao sacrifício e questiona, com inteligência, versões que atravessaram séculos como verdades irrefutáveis. Um livro que faz pensar, como a melhor literatura é capaz de fazer.
CONFIRA Fernando Pessoa A vida, obras e pensamentos do maior poeta português, Fernando Pessoa, podem ser conferidas até o dia 30 de janeiro na exposição “Fernando Pessoa, plural como universo”, no Museu da Língua Portuguesa de São Paulo. A galeria está na sala de exposições do Museu da Língua Portuguesa, de terça a domingo, das 10h às 18h. Uma ótima oportunidade para conhecer um pouco mais do homem que fez de si mesmo multidão. Mais informações: www.museudalinguaportuguesa.org.br www.visitefernandopessoa.org.br
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horas vagas • cinema
Sempre ao seu lado
Vencedor do Oscar de 2010 no quesito Melhor Produção Estrangeira, “O segredo dos seus olhos”, dirigido por Juan Jose Campanella, é um filme argentino baseado no romance “La pregunta de sus ojos” (A pergunta dos seus olhos), do escritor Eduardo Sacheri. A trama fala sobre um crime sem solução há 25 anos e que atormenta o personagem Benjamin Espósito, encarnado por Ricardo Darín. Ele decide voltar ao passado, que trará lembranças de amor, morte e amizade, e que o farão repensar o presente e o futuro. Tenso e com uma forte análise psicológica dos personagens, “O segredo dos seus olhos” traz excelentes atuações, efeitos visuais, além de uma bela fotografia.
DICA
O segredo dos seus olhos
“Sempre ao seu lado” é inspirado no conhecido conto japonês de um cachorro da raça akita, chamado “Hachiko”. O cão ficou famoso no Oriente após aparecer em reportagens de jornais que contavam a história de lealdade ao dono. Hachiko é encontrado ainda filhote em uma estação na periferia por um professor universitário que o leva para casa. Ambos têm uma rápida afinidade. Diariamente, Hachiko acompanha o amigo em sua ida e no regresso do trabalho. Mesmo após a morte do dono, a situação não se modifica para o cachorro. Esse fato tornou-se lenda no Japão e foi usado em escolas e casas para ensinar às crianças a importância da lealdade aos amigos. A versão estadunidense foi estrelada por Richard Gere, produzida pelo diretor Lasse Hallström e foi um sucesso de crítica.
Cinema para baixar
Entusiastas do cinema clássico que tinham dificuldade em encontrar suas obras favoritas para venda já podem comemorar. É possível baixar clássicos como “Nosferatu” de 1922 (foto), e “A noite dos Mortos Vivos”, de 1968, de forma gratuita e legalizada. Sites como www.archive.org e http://emol.org disbonibilizam para download uma infinidade de obras que caíram em domínio público. De Hitchcock a Ed Wood, é possível encontrar mais de 400 mil títulos, incluindo alguns mais “recentes”da década de 70. Os usuários podem utilizar softwares como o Bitorrent para baixar o arquivo e assistir no DVD ou mesmo no ipod. Para quem quer afiar o inglês é a pedida perfeita, já que vários títulos não possuem legendas em português.
CONFIRA Wood Allen Os fãs do diretor Wood Allen podem comemorar o lançamento de “Você vai conhecer o homem dos seus sonhos” neste fim de ano no Brasil. A trama é repleta de sátiras, humor e ironias, elementos bem típicos nas produções de Allen. A história gira em torno de dois casais: Alfie e Helena, e a filha deles, Sally, e seu marido Roy, abordando as paixões, ambições, ansiedades, frustrações, e, claro, as loucuras das personagens. Alfie procura reviver sua juventude nos braços de uma jovem liberal. Helena se entrega a um vidente charlatão. Sally tem uma paixonite pelo chefe e Roy, um escritor de romances, aguarda a resposta de uma editora para o último manuscrito. A comédia dramática traz no elenco Antonio Banderas, Josh Brolin, Anthony Hopkins, Gemma Jones, Freida Pinto, Lucy Punch e Naomi Watts.
Rede social para cinéfilos Já pensou em medir seu grau de afinidade com alguém pelo seus filmes favoritos? Essa a proposta do filmow.com, uma rede social cultural que reúne amantes do cinema em torno de discussões sobre a sétima arte. Como uma verdadeira cinemateca virtual, o usuário pode listar os filmes que já viu, dar notas, fazer resenhas e trocar impressões com outros usuários. Ao visitar a página de alguém é possível visualizar o seu “grau de afinidade cinéfila” com o outro usuário. Sem dúvida, para aqueles que adoram falar sobre fimes, não há forma mais interessante de conhecer pessoas.
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Outra invasão
britânica Falamos, com assombro, na literatura francesa ou na literatura russa do século XIX. Não é sem razão. Ela reúne, entre outros, nomes da estatura de Balzac, Flaubert, Stendhal, Dostoiévski, Tolstói e Turgueniev. Seus romances não apenas entretiveram gerações como alargaram nossa compreensão da Humanidade. Já são clássicos, claro. Tenho sempre medo, porém, de que, por estarmos imersos no presente, só consigamos apreciar de verdade o passado. O que, em alguns casos, constituiria uma injustiça. Por isso, reclamo desde já para a literatura britânica do pós-guerra um status similar. Seus autores estão todos vivos – e às vezes até visitam o Brasil – e seus livros são lançados regularmente por editoras brasileiras. Eles nos ajudam a entender o mundo contemporâneo, que ainda é, na maior parte, consequência do conflito travado setenta anos atrás. Nele, durante cerca de dois anos, a Grã-Bretanha resistiu sozinha à Alemanha de Hitler, então aliada à URSS de Stalin, ou seja, antes que os EUA se decidissem a entrar na guerra depois do ataque japonês a Pearl Harbor. Na liderança, o primeiro-ministro Winston Churchill, que ganharia o Nobel de Literatura em 1953. Num dos seus célebres discursos de tempo de guerra, Churchill disse que, embora duvidasse da derrota, sabia que, se ela viesse a ocorrer, o Império Britânico se ergueria além-mar para salvar a metrópole dos nazistas. A derrota, felizmente, não sobreveio. Mas a contribuição das colônias e ex-colônias ocorreu mesmo assim. E, quando o conflito acabou em vitória, elas vieram cobrar a fatura. Não apenas pleitean-
do a independência, como imigrando ando para auferirr os confortos relativos os de uma Londres empobrecida cida pela própria guerra. A sociedade ociedade inglesa foi se tornando cada vez mais complexa, acolhendo ndo milhares de jamaicanos, indianos, paquistaneses, nigerianos. A literatura atura inglesa do pós-guerra reflete essas mudanças. O mais velho dentre ntre seus principais principai autores, Julian Barnes, nasceu em 1946, primeiro ano sem conflito. Três outros de seus expoentes ou nasceram no exterior ou são filhos de imigrantes. É o caso do indiano Salman Rushdie e do japonês Kazuo Ishiguro (nascido em Nagasaki, onde explodiu a segunda das bombas atômicas), é o caso do descendente de paquistaneses Hanif Kureishi. Somados aos ingleses “típicos” – Ian McEwan, Martin Amis, Nick Hornby e Will Self – eles formam um ótimo painel da sociedade mais cosmopolita do mundo. Acho que alguém já escreveu que Londres é a capital do mundo. Eu subscrevo. Possivelmente o mais popular desses autores no Brasil seja Nick Hornby, nascido em 1957. Curiosamente, ele também é o único mencionado que jamais esteve entre nós. Seu sucesso deve-se,
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Arthur Dapieve jornalista
em parte, à adaptação para o cinema de seu romance de estreia, Alta fidelidafidelida de (1995), ainda hoje o mais famoso. f A ideia do jovem macho oc ocidental como um elaborador de listinhas listinha de mulheres e discos pareceu, a muita gente, te que Hornby havia escrito uma espécie de “autobiografia de todo mundo”. Antes, contudo, ele já tinha acertado a mão num relato autobiográfico, Febre de bola (1992), no qual falava da sua relação de amor e ódio com o Arsenal F.C.. Depois de um angustiante período em que pareceu incapaz de publicar algo do mesmo nível, Hornby lançou este ano Juliet, nua e crua, retorno em grande estilo ao seu principal terreno, a cultura pop. Salman Rushdie talvez goze de alguma notoriedade no Brasil por questões extraliterárias. Quando publicou Versos satânicos em 1989, o livro foi considerado ofensivo ao profeta Maomé por fundamentalistas islâmicos e uma sentença de morte foi expedida contra o autor por ninguém menos que o aiatolá Khomeini, líder da revolução iraniana. Rushdie teve de viver se escondendo durante anos. Hoje, leva uma vida relativamente normal. Sua prosa delicada tem pontos de contato com o realismo fantástico latino-americano. O último romance publicado foi Luka e o fogo da vida. Meus três autores favoritos nessa literatura britânica do pós-guerra – e aqueles de quem eu sempre recomendo efusivamente os livros – são Barnes, McEwan e Self, de estilos bastante diversos. O primei-
ro recheia suas su páginas com ironia fina, erudição despretensiosa e serena melancolia. Seu mais recente livro publicado é Nada a temer, um ensaio sobre a morte, mas ele continua sendo saudado como o autor de O papagaio de Flaubert (1984), divertido relato de como descobriu existirem duas aves empalhadas disputando o privilégio de ser “o” papagaio inspirador do escritor francês. McEwan, por seu turno, é um escritor sombrio, mestre em manipular as emoções do leitor. É possível que nunca tenha feito isso melhor que em Reparação (2001), cuja adaptação cinematográfica chamou-se, no Brasil, Desejo e reparação. Seja como for, o romance mais recente, Solar, deste ano, também levanta questões incômodas sobre o politicamente correto e o aquecimento global, desta vez com rasgos de humor negro. Humor negro, aliás, é a especialidade de Self, grande satirista, capaz de castigar e fazer rir com sua versão do Planeta dos Macacos, Grandes símios (1997). O mais recente publicado aqui, A guimba (2008), segue a linha de expor os crescentes absurdos da vida contemporânea a partir de uma perseguição kafkiana por causa de um toco de cigarro. No conjunto, e guardadas as devidas proporções, esses autores constituem a contrapartida literária de todos os Beatles, Stones, Led Zeppelins, Pink Floyds, Black Sabbaths, Sex Pistols, Clashes, Smiths, Radioheads, que a Grã-Bretanha encravou na consciência planetária dos anos 60 para cá. Seja qual for o autor, seja qual for o livro, seja qual for o estilo, há garantia de boas horas de leitura. Vai por mim.
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especial
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Dayse Freitas
Sim em qualquer Para os pombinhos viajantes, nada melhor do que unir romantismo ao passatempo preferido
C
om os relacioname relacionamentos modernos neste século XXI, é cada vez mais difíc difícil encontrar casais que ainda planejem aquela cerimônia cerim tradicional, de preferência na paróquia do bairro, no mom momento de oficializar os laços e unir as escovas de dente. Hoje em dia, a festa para mil convidados e um orçamento que pagaria parte do aparta apartamento dos sonhos deu lugar às cerimônias intimistas com a p presença, no máximo, das pessoas mais importantes para o ca casal. Além disso, não é de hoje que a simplicidade dessa opção tornou-se algo elegante e passou a atrair até mesmo os pare pares que querem distância daquelas reuniões, que, apesar de caras, nunca satisfaziam os curiosos de plantão. Com as novas tendências no mundo dos apaixonados, surgem a cada dia formas diferentes de selar o amor sem que para isso o casal comece a vida a dois com dívidas exorbitantes. Uma ideia que vem conquistando os noivos mais aventureiros e dispostos a inovar na hora do casamento é a realização
lugar
de cerimônias pequenas no exterior que misturam romantismo ao espírito aventureiro do casal. E quando o assunto é inovar, vale a pena escolher um lugar especial e simbólico para os dois, mesmo que para isso seja preciso cruzar fronteiras geográficas e viver um conto de fadas antes mesmo de começar a lua de mel. Os casamentos fora do Brasil ganham cada dia mais adeptos e o mais interessante: não é preciso ser uma celebridade para se dar ao luxo de dizer “sim” no lugar dos sonhos. Com algumas economias e muito planejamento é possível realizar um enlace inesquecível, principalmente depois que os preços de passagens aéreas para fora do país ficaram mais acessíveis. A decisão de oficializar a união fora da cidade de origem ganhou espaço principalmente entre os casais que já experimentaram outras viagens além-mar durante o namoro. No entanto, isso não significa que, para viver um conto de fadas como esse, seja necessário ter percorrido meio mundo com uma mochila nas costas. »»»
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foto Marcia Rath
Renata e Rodrigo oficializaram o casamento dos sonhos bem longe de casa
Entre os motivos que têm provocado esse tipo de escolha está a praticidade de unir um acontecimento íntimo de família a uma viagem especial, além de fugir da árdua tarefa de organizar festas gigantes - e não correr o risco de esquecer o convite daquele velho amigo de escola. A escolha do lugar pode ser simplesmente baseada em um antigo sonho de viagem, mas também pode remontar às origens da família e assim ocasionar grandes reencontros entre os mais velhos. Esse foi o critério utilizado pelo casal Renata Rath e Rodrigo Costa, nascidos em Belém do Pará. A psicóloga e o programador de computadores, apesar de já viverem há dois anos na Alemanha, pensavam em oficializar a união na terra natal, de preferência com muitos parentes e amigos. Entre a ideia de uma cerimônia tradicional na capital paraense ou a recepção mais alternativa no litoral do estado, a segunda era a mais provável. Porém, mesmo um casamento
romântico na praia com uma festa para rever os amigos exigiria tempo para organização e um orçamento que poderia ser facilmente poupado. “Quando começamos a fazer o orçamento para uma cerimônia na praia, ficamos assustados com os valores, pois nós desejávamos algo intimista, mas temos muitos amigos e não queríamos deixar ninguém de fora. Passamos a refletir se aquele gasto era realmente necessário. Conversamos com nossos pais e eles sugeriram que realizássemos a cerimônia em Portugal”, conta Renata. Para a psicóloga, escolher a terra de onde veio a família do marido para realizar o casamento foi a forma encontrada para realizar uma cerimônia inesquecível sem precisar exagerar nos gastos financeiros. “É claro que pensamos nos amigos do Brasil, mas sabíamos que essa seria a melhor forma de fazer o casamento dos sonhos sem fazer dívidas”, ressalta.
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O casório foi realizado em setembro deste ano, no pequeno e charmoso povoado do Mosteiro, na região do Minho. Em um dia típico do verão português, o casal aproveitou para oficializar a união na mesma igreja em que vários familiares de Rodrigo haviam sido batizados. Os noivos contaram com a presença apenas dos pais e parentes mais próximos, que aproveitaram a ocasião especial para fazer uma agradável viagem de férias. Apesar dos preparativos com as reservas de pousadas, igreja, recepção, coral, fotógrafo e outros detalhes, eles afirmam que os custos e as tarefas foram muito menores do que uma festa no Brasil geraria. “O mais importante é observar as tradições culturais do país. Com algumas pesquisas, descobrimos, por exemplo, pequenas regras de etiqueta que geralmente não existem na nossa terra”, destacam.
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foto Marcia Rath
Os noivos (centro) reuniram os parentes e amigos mais próximos em uma cerimônia discreta no povoado do Mosteiro, em Portugal
Cuidados Para quem pensa que a burocracia pode barrar os planos de casar fora do Brasil, os recém-casados relatam que o importante é saber as regras muito antes de embarcar para o destino escolhido. Se a ideia é realizar uma celebração ecumênica ou seguir as tradições culturais do lugar, os noivos não precisam gastar muito tempo com detalhes prévios, mas se a cerimônia for católica, por exemplo, vale a pena procurar a paróquia da cidade natal e solicitar o atestado que comprova o estado civil dos dois. Para o casamento civil, é recomendável, antes de tudo, entrar em contato com o consulado brasileiro da cidade escolhida. Normalmente, ao realizarem a união civil fora do Brasil, os noivos precisam fazer a “consularização” da certidão de casamento estrangeira no órgão brasileiro, ou seja, receber um carimbo que prove a validade do documento. O serviço custa US$ 20 em qualquer país. Ao retornar ao Brasil, o casal tem seis meses para fazer a tradução juramentada dos documentos, inclusive os de regime de bens, se for o caso. Além das certidões estrangeiras, é necessário levar ao cartório uma segunda via da certidão
de nascimento, que deve ter sido feita até seis meses antes. Divorciados devem levar a certidão do antigo casamento com a averbação do divórcio. Diante das tarefas para realizar a união civil no exterior, existe também a possibilidade de promover apenas a cerimônia religiosa fora do país, o que para muitos casais é a parte mais importante e simbólica do investimento. O casamento no exterior também pode trazer vantagens na hora de programar a lua de mel, pois o fato de estar fora do Brasil traz a praticidade e economia na hora da escolha do destino. “Depois do casamento aproveitamos para ficar com nossas famílias, já que a ideia de Portugal nos proporcionou um momento único. Em seguida, fomos desfrutar algumas praias desertas e paradisíacas da Espanha, o que certamente seria mais caro se o investimento tivesse sido no Brasil. Para quem tiver a oportunidade de decidir, nós recomendamos”, finaliza o casal. Guarde esse link: http://www.portalconsular.mre.gov.br (Registro de casamento realizado no exterior)
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Nike DeLorean Dunk 6.0 Lego Digital Câmera Pode ter cara de brinquedo para criança, mas apesar de poucos recursos, a verdade é que a Lego Digital Câmera promete fazer muito marmanjo ficar apaixonado. Cheia de charme com seu ar vintage, ela possui resolução de 3 megapixels, tela colorida de LCD 1.5 polegada, zoom digital de 4X, flash embutido e 128MB de capacidade. O novo gadget dos bloquinhos mais famosos do mundo pode ser conectado a outras estruturas Lego e já está à venda no site da Amazon por 71 doláres. http://www.amazon.com
Moda e cinema sempre andaram de mãos dadas. E que tal misturar moda, cinema e carros? Essa é a aposta da Nike com o novo modelo Nike 6.0 Dunk SE DeLorean. O tênis, lançado no segundo semestre deste ano, presta homenagem aos 25 anos da Trilogia “De Volta para o Futuro” e inspira-se no carro ícone da série em uma edição limitadíssima de apenas 1.000 pares no mundo inteiro. Até mesmo o design da caixa é uma referência direta ao carro e se abre, como o DeLorean, no formato de asas de gaivota. Vendido somente em lojas selecionadas nos Estados Unidos e em número limitado, a melhor opção para quem quer adquirir seu DeLorean é procurar no ebay um modelo com bom preço de revenda.
Os preços e disponibilidade dos produtos são de responsabilidade dos anunciantes
confraria
http://www.ebay.com/
John Lennon Donate Pen (by Montblanc) Em comemoração aos 70 anos de John Lennon, a Montblanc lança uma edição especial de canetas inspiradas no ídolo, que fará parte da coleção “Donate Pen”, cujas vendas são revertidas para projetos de música e arte. Mais que um objeto de desejo, as canetas podem ser vistas como verdadeiras joias: seu design em preto com ranhuras faz referência a um disco de vinil,
o prendedor tem o formato de um braço de guitarra e o bico é de ouro 18K. Além do modelo da foto, que custa R$ 2.461, há também a edição limitada em ouro branco, por R$ 9.092, com somente quatro exemplares disponíveis no Brasil. www.montblanc.com/john_lennon/
Cappuccino Collection by Pedro Almodovar A Illy Café apresenta uma coleção de xícaras de cappuccino e expressos inspiradas nos filmes de Almodóvar. Desenhado pelo próprio diretor, o conjunto segue o tema multicolorido e feminino de sua filmografia e traz tanto no pires quanto na xícara imagens das obras “Mulheres à beira de um ataque de Nervos”, “Volver”, “Ata-me”, “A Má Educação”, “A Flor do meu Segredo” e “De Salto Alto”. O preço do kit completo varia de 150 a 175 dólares. http://www.illyusa.com
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destino
Não, você não está vendo a paisagem de um país tropical. Esta é a Áustria, que em determinadas épocas do ano vira um oásis para quem curte sol, águas cristalinas e roupas bem leves
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Dayse Freitas
Divulgação
Áustriao sob
sol
Considerada um dos destinos mais procurados no mundo para férias de inverno, a região da Caríntia mostra que nem só de neve vivem os Alpes
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uando o assunto gira em torno da Áustria é quase impossível não lembrarmos de palavras como Viena, Mozart e, é claro, de belíssimas paisagens montanhosas. Em boa pawrte do mundo, o país é tido como um dos melhores destinos para as famosas temporadas de in-
procura simplesmente por alguns dias tranquilos e confortáveis ao lado da família, ou ainda aquele que prefere combinar belos cenários com a prática de atividades esportivas e programas culturais. Ainda hoje, a maioria dos viajantes de fora do continente
verno, principalmente para os turistas europeus. No entanto, o cenário perfeito para os consagrados comerciais de leite e chocolate pode oferecer muito mais do que as badaladas
que visita a Áustria fica limitada a conhecer o charme de Viena ou os encantos culturais de Salzburgo. Entretanto, apesar da hegemônica presença de turistas europeus nos paraísos
estações de esqui. As encantadoras paisagens austríacas que fazem parte dos Alpes europeus são capazes de oferecer momentos
naturais austríacos, principalmente alemães, italianos, eslovenos e holandeses favorecidos pelas facilidades geográficas, já existe uma presença considerável de outros visitantes
inesquecíveis durante os dias mais ensolarados do verão. E o melhor de tudo: As opções podem agradar ao turista que
que vêm de muito mais longe para desfrutar de um turismo voltado principalmente para o contato com a natureza. »»»
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A região da Caríntia, por sua beleza e atrações diversas, é um dos destinos mais visitados fora do eixo Viena-Salzburgo
E quando a procura for por paisagens que mostrem o que a terra de Freud possui de mais exuberante, é praticamente
taque para a parte antiga da cidade (Altstadt). Durante uma estada no local, a visita ao museu de miniaturas “Minimun-
impossível que a região da Caríntia não seja uma das principais referências, já que o sul do país é um dos destinos mais visitados fora do eixo Viena-Salzburgo.
dos” é um passeio praticamente obrigatório. O lugar possui 150 miniaturas de monumentos e grandes atrações turísticas do mundo. A entrada custa 13 euros para um adulto e, du-
A Caríntia é um dos estados da República Federativa da Áustria e uma das regiões mais turísticas do país durante
rante os meses de julho e agosto, o museu funciona de 9 às 20 horas.
o inverno e o verão. A capital Klagenfurt, com pouco mais de 90 mil habitantes, é a sexta maior cidade do país e já foi palco de eventos famosos como a Eurocopa, quando o
Festivais circenses, apresentações teatrais e concertos ao ar livre também fazem parte da programação da cidade durante praticamente todo o verão. A capital da Caríntia man-
país sediou o campeonato europeu de futebol junto com a Suíça, em 2008. A parte oeste da cidade está banhada pelo famoso Wörthersee, o gigante lago de águas cristalinas que
tém em seu calendário anual o Grand Slam de Vôlei de Praia, que atrai moradores e turistas de verão para as margens do Wörthersee.
muitas vezes serviu de inspiração para o compositor austríaco Gustav Mahler. O lago se estende por boa parte da região, passando pela localidade turística de Velden até a segunda
Depois de conhecer Klagenfurt, o viajante poderá embarcar no trem para explorar o resto da região, e o melhor, sem medo, pois o que o espera nas outras partes do estado po-
cidade mais importante do estado, Villach, com pouco mais de 50 mil habitantes. Ainda em Klagenfurt, antes de partir para os paraísos naturais, é possível explorar o lado urbano da região, com des-
derá significar uma aventura jamais vivida. A próxima parada pode ser o pequeno e aconchegante povoado de Velden, a 25 quilômetros da capital. O lugar já está na rota principal dos turistas na Caríntia e possui uma
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infraestrutura que pode explicar a razão pela qual se tornou um dos preferidos para as férias na região.
cadeiras de praia, banheiros, vestiários e restaurantes. Para quem decide ficar no local por vários dias ou semanas, é
No verão, a pequena cidade é transformada em um badalado point de jovens, idosos ou famílias inteiras. Já na chegada, é possível contar com o escritório de informações
possível comprar o cartão que dá direito à chave de uma cabine no local. A opção traz a praticidade de se deixar os objetos necessários no lugar, como roupas de banho, toa-
turísticas. Com um atendimento multilíngue, o visitante pode receber dicas dos melhores programas na região. Um dos
lhas e produtos de higiene, sem a preocupação de levar e trazê-los para o hotel.
grandes atrativos do lugar é aproveitar o descanso às margens do Wörtherseee e mergulhar na água cristalina do lago, que segundo os órgãos de controle de qualidade, é classifi-
A vida noturna de Velden também faz parte dos programas recomendados. O lugar conta com vários restaurantes e bares, além do disputado “Casino Velden”, que oferece jogos
cada como potável e considerada uma das mais limpas da Europa. No período mais ensolarado, a temperatura da água pode
de entretenimento, shows, gastronomia e outras atrações. Toda a paisagem que cerca o distrito e os demais povoados da Caríntia é cercada de montanhas, o que represen-
chegar a 26 graus e, além do mergulho, existe a opção dos passeios de pedalinho ou ainda em pequenos barcos. O acesso ao Wörthersee pode ser feito com a entrada nas es-
ta um verão diferenciado para quem está acostumado às imagens mais planas no Brasil. Por lá é comum a prática de montanhismo, escalada ou simplesmente um passeio livre
tações, ou “Badseen” em alemão, preparadas para receber os turistas austríacos e internacionais. Com a aquisição de um ticket, o visitante pode permanecer durante todo o dia no lugar, que oferece confortáveis
para explorar o cenário. A partir de Klagenfurt, Villach ou povoados turísticos como Velden, é possível ter acesso guiado nas montanhas da Caríntia. No verão, as estações de esqui dão lugar às paisagens »»»
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Passeios de bicicleta ou a prática de esportes de aventura estão entre os programas favoritos dos que investem no turismo “de verão” no país
verdes com hotéis, chalés particulares ou confortáveis pensões. Apesar do tempo de sol, o turista precisa praticamente o tempo todo de agasalhos, pois a altitude deixa o tempo frio apesar do verão. A proximidade entre as cidades e povoados favorece a mobilidade na região. O cenário é convidativo para um passeio de bicicleta pelos mais esportistas ou por aqueles que gostariam de esquecer um pouco do estresse da cidade. Aliás, na região é possível pedalar às margens do Drau, o maior afluente do rio Danúbio. Pela rota projetada para os amantes do pedal, é possível aventurar um passeio ciclístico até a Eslovênia. Para quem chega com tempo e disposição, vale a pena também obter informações nas centrais turísticas sobre a lo-
Caríntia Onde fica? O Estado da Caríntia é parte da República Federal da ˘ustria e está localizado no sul do país. A região faz fronteira ao norte com o Estado de Salzburgo e ao sul com a Itália e Eslovênia. Transporte Aéreo Conta com o aeroporto Klagenfurt-Wörthersee, o qual recebe voos vindos de outras cidades da ˘ustria e de outras cidades da Europa e do mundo. Transporte na região A companhia de trem austríaca Österreichische Bundesbahnen (ÖBB) interliga diariamente a cidade de Klagenfurt e Villach. Esse trecho passa por importantes zonas turísticas da região, como a pequena cidade de Velden. Os passeios e programas típicos da Caríntia podem ser negociados diretamente com as agências locais de turismo (ver site)
cação de carros. O automóvel pode ser interessante para conhecer outros lagos como o Faaker See, Silber See ou Ossiacher See ou ainda para se ter acesso diretamente à região dos Alpes sem precisar necessariamente chegar com outros grupos de turistas. Uma visita à cidade de Villach também pode garantir
Para voar do Brasil Companhias aéreas como a alemã Lufthansa, possuem trechos de São Paulo com destino à cidade de Klangenfurt, incluindo uma conexão na Alemanha ou na Suíça. A companhia Austrian Airlines oferece voos para Klagenfurt a partir de Portugal. Há também a opção terrestre com os trens a partir de Munique, Salzburgo ou Viena (Deutsche Bahn ou ÖBB).
momentos agradáveis no sul da Áustria. A cidade costuma ser bastante atrativa para os turistas durante o verão. As ruas estão sempre cheias de visitantes e os programas culturais também garantem a diversão na cidade. Nessa época do ano, é comum presenciar os festivais de artistas
Comunicação Código de País: +43 Código de Internet: at
de rua e o lugar se transforma muitas vezes num grande palco ao ar livre. Outra dica também e não deixar de apreciar uma “Villa-
Melhor época para visita Entre junho e agosto, período que compreende a alta temporada de verão na ˘ustria e apropriado para a prática de esportes de aventura ou ainda para o descanso às margens dos lagos cristalinos. Para quem não abre mão das temporadas de inverno, a melhor época está entre dezembro e fevereiro.
cher Bier”, a cerveja típica da região e uma das mais consumidas na Áustria. A culinária parece não se diferenciar muito do resto do país, mas isso não impede que comidas típicas como a famosa torta de maça austríaca não tenham o sabor especial da região. A segunda maior cidade da Caríntia possui ligações estra-
Sites interessantes http://www.klagenfurt-tourismus.at (Dicas de turismo na cidade de Klagenfurt. Em alemão, inglês e outros idiomas) http://www.kaernten.at (Informações gerais sobre turismo na região da Caríntia. Em alemão e inglês) http://www.oebb.at (Informações sobre o sistema de transporte na região e no resto do país. Em alemão e inglês) http://www.austrian.com (Página da principal companhia aérea austríaca. Em alemão e inglês)
tégicas com o resto da Áustria por meio do transporte terrestre. A partir de lá é possível também chegar facilmente à países como Itália ou Eslovênia, mas com a lembrança de um verão inesquecível que poucos lugares no mundo podem proporcionar.
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enquanto isso
Ridel Cajazeira
Gabriela Brasil Austrália fácil de viver
Um pouquinho de Dublin
Por aqui, mais precisamente do lado esquerdo do Mapa Mundi, bem lá embaixo, vivo eu, na Austrália, in-
Com sua mistura de arquitetura, parques e jardins, linha costeira de beleza arrebatadora, Dublin pulsa ener-
cansavelmente mencionada por seus nativos como Oz ou DownUnder (devido ao fato de ser localizada no Hemisfério Sul e bem abaixo de todos os outros países). Bom... já vivo por essas bandas há quase 4 anos e
gia enquanto retém encanto e belezas de outras eras. Aqui, vou falar um pouco sobre a Irlanda e sua capital, Dublin. Quando cheguei a Dublin, em agosto de 2007, o
vim naquela velha história de querer ir para um lugar longe de casa, me meter em situações diversas e literalmente “dar de cara” com paisagens e pessoas bonitas/interessantes que o mundo colocou aí pra gente ver.
choque foi considerável, mas a empolgação era maior. Tinha acabado de terminar meu curso de inglês em Belém e resolvi aprimorá-lo viajando. Nao entendia o que os irlandeses falavam, pois o sotaque é tão carregado
E a Austrália é bem assim. LINDA e fácil de se viver! Pra começar, pela Natureza que, creio eu, foi desenhada à mão por alguém dedicado à perfeição. E olha
que às vezes é como se tivessem uma batata quente na boca. Nada como muito treino e paciência. O povo irlandês é bastante solícito e amigável, fazem
que ele desenhou de tudo: praia, floresta, deserto, vinícolas, montanha.... Tem “boniteza” pra todos os olhos! Até neve, acredite se quiser. A Austrália não é só feita
de tudo pra te ajudar. E adoram uma festa. Nao tem quem diga “não” se for convidado pra “tomar uma” no final do dia; não e à toa que são famosos por isso. E
de verão, não. Para os que quiserem dar essa voltinha por aqui aconselho não perder “A Grande Barreira de Corais” (The Great Barrier Reef) na costa leste ao norte, onde a vista é nada menos que peixes de todas as cores e tipos, praias com areia branquinha, mar de um azul transparente ou verde, e sem ninguém (juro!). Também tem a “Great Ocean Road”, que é uma estrada gigantesca beirando todo o litoral sul da Austrália, com paisagens extraordinárias, koalas e cangurus pela estrada e pelas praias (cuidado pra não machucá-los!) e os famosos “12 Apóstolos”, que são pedaços de ro-
também possuem uma consciência social incrível. Projetos sociais, como idas à Africa para construir casas, por exemplo, fazem parte dos currículos escolares. A cidade é bem segura, a qualquer hora do dia, e é um dos motivos de eu gostar de morar aqui: tranquilidade. Comer em Dublin é relativamente barato. Tem os supermercados mais caros e os mais baratos, e nesses dá pra comprar bastante com pouco. Eles ainda oferecem ofertas de “compre um e leve outro”, metade do preço, assim por diante, ajudando bastante no final
chas gigantescas (maiores que prédios de 5 andares) fincadas no meio do Oceano Pacífico – LINDÍSSIMAS!!!
da semana. Em termos de restaurantes a variedade é enorme, dependendo do que se quer comer, culinária
Além disso, tem o famoso deserto de terra vermelha da Austrália, localizado na parte central do país, onde se pode conhecer muito da cultura aborígene australiana
francesa, italiana, tailandesa, chinesa, espanhola. E ainda, os famosos “Take Away” (entrega em domicílio ou no local), com menus in loco ou na internet.
rica em cores, música e histórias de coisas verdadeiras ou não, e também onde se encontra um dos mais famosos ícones naturais da Austrália, conhecido pelo
A noite irlandesa é bem agitada, com opcões de teatros, casas de shows, bares e boates. Um dos meus pubs favoritos e o Toast, localizado em Rathmines, lado
nome de ULURU, uma pedra vermelha gigantesca com 348 metros de altura datada de 500 milhões de anos. Além da natureza, da qual eu não citei nem 3%, tem
sul da cidade. Caminhando um pouquinho mais chega-se à Harcourt Street, onde boates como DTwo, Copper Face Jacks, Dicey’s e Krystle são algumas das opções.
também as grandes cidades como Sydney e Melbourne, as quais são INDISPENSÁVEIS para se fazer uma vi-
Mas se a preferência for por música ao vivo vale a pena ir ao Whelan’s, localizado na Camden Street.
sitinha! Sydney é bela, de uma geografia incrível e com pessoas bem ativas. Lindíssimas praias por todos os cantos e os famosos bushwalks (caminhada no mato)
A Irlanda é um país extremamente verde, contendo uma paisagem encantadora. Várias linhas de ônibus fazem viagens ao interior com preços acessíveis.
em meio a reservas naturais dentro da própria cidade. Imprescindível também é a visita ao Opera House. Pegando um avião pra Melbourne, vocês vão se de-
Galway, Cork, Cliffs of Moher, Kerry, Donegal e Belfast - parte do Reino Unido - são lugares a serem visitados e apreciados. A facilidade de viajar para outros países
parar com a cidade mais europeia da Austrália, cheirando arte para todo lado, além da marcante cultura “vintage” espalhada por alguns bairros específicos da cidade.
é empolgante, com tarifas menores que 20 euros (47 reais), pode-se viajar para a Inglaterra e Escócia. Minha irmã foi para Liverpool em junho deste ano, por 24 euros ida e volta. Uma bagatela.
Tem a paixão desnorteada por Rugby e corrida de cavalos... É um país 100% visitável, seguro (mais seguro que aqui só na LUA) e que por mais que fique bem longe, vale muito a pena dar uma passada, conhecer e
Dublin tem turistas o ano inteiro, o que deixa a cidade ainda mais interessante. A famosa região do Temple Bar é rodeada de restaurantes, bares e cafés. No domingo sempre acontece algo diferente. Feira de artesa-
se possível morar também.
natos, mostras de música e festivais de outras culturas.
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galeria
Elieni escudada por uma peça da série “Volúpia”, de 2003. O erotismo e o imaginário feminino sempre fizeram parte do universo criativo da artista
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Arthur Nogueira
Luiza Cavalcante
Espelhos de si
O universo feminino desnudado pelo talento de Elieni Tenório
E
nquanto subíamos as escadas do ateliê, a anfitriã repetia, com entonação e vocabulário muito particulares, que não deveríamos “reparar a bagunça”, porque a reforma de sua casa não estava concluída e, por-
formatos diversos, traduziam para nós a personalidade exuberante de uma artista em constante movimento e reinvenção, cuja velocidade do pensamento por vezes atropelou a retórica. “Quem adquire um trabalho meu leva consigo um
tanto, o papo correria em meio à construção. Minutos mais tarde, já instalados, à vontade e naturalmente sem “reparar” qualquer desordem, ela se referiria novamente às estruturas
pouco da minha essência”, declarou em dado momento, como se dividindo conosco a descoberta. Aos 56 anos, Elieni Tenório expõe a própria trajetória com
inacabadas, porém sob uma perspectiva adversa, relacionada ao seu processo criativo - “baseado na construção e desconstrução”. De fato, essa era a característica que salta-
invejável viço. “Nasci para ser artista, desde criança gostava de desenhar, cortar o pano e montar no vidro”, conta. Natural de Mazagão, no interior do Amapá, jamais cogitou se
va aos olhos no ambiente daquela sala incompleta, repleta de esculturas, manequins, gravuras e telas que, a partir de
tornar a premiada profissional que é hoje, com um currículo prenhe de exposições ao redor do mundo. “Não pensava »»»
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“Minha obra compreende muitas experimentações, incluindo técnica mista sobre suportes pouco convencionais”, diz a artista
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Em “Sobre a pele” (2006), Elieni propôs uma espécie de mapa investigativo de compreensão do corpo humano e suas possibilidades
em futuro, mas sentia que estava no caminho certo”, revela. O foco de sua criação, não por acaso, é o universo feminino, marcado pelo senso intuitivo, a partir do qual desenvolve pe-
atingir o gozo pleno?”, questiona antes de traçar o instigante comparativo de que finalizar uma obra de arte é como “chegar ao clímax”. “Dizem que o artista não tem sexo, eu tenho
ças que agregam toda a sorte de cores, formas e superfícies - “a figura da mulher se faz presente porque minha arte é
vários”, complementa, aos risos. Devido ao caráter sensorial de seu trabalho, a artista se
um espelho de mim mesma”. Hoje, esposa, mãe e avó dedicada à família, classifica sua identidade artística como resultado de uma trajetória inco-
especializou em técnicas diversas que não só a pintura. Em texto de apresentação da exposição individual “Silêncio que evoca” (1999), ela afirma que sua obra “compreende mui-
mum, marcada por provações de cunho moral. “Exatamente por ser mulher, era mais difícil expressar o que sentia [as angústias e desejos] e isso me instigava ainda mais a pro-
tas experimentações, incluindo técnica mista sobre suportes pouco convencionais”, tais como papel de parede, vinil, tecidos e até embalagens ou frascos vazios.
duzir”, ponderou. “Imagine você que meu pai era policial e evangélico”, riu-se. “Quanto mais dizia ‘não’, mais eu me sentia desafiada.” Ao abordar a temática do desejo, Elieni afirma que almeja revelar fantasias e, como uma espécie de Hilda Hilst das
Em uma fase intitulada “Volúpia” (2003), tal diálogo de referências se apresenta a partir de discos de vinil forrados com meia-calça feminina, que adquirem forma semelhante às telas de bordado antigas e que, ora pintados com cores berrantes, ora costurados com linhas grossas, insinuam a
artes visuais, transitar sobre a linha tênue que separa a sensualidade e o erotismo. Por conta disso, o artista plástico e fotógrafo Marco Antonio Serrão, ao escrever sobre o traba-
anatomia dos órgãos sexuais humanos. Em algumas dessas peças, a partir de 2007, a artista aplicou frascos de desodorante roll-on, que, estilizados, assumiram a forma de
lho da amiga com altas doses de reverência e entusiasmo, citou Picasso – “a arte nunca é casta e deverá ser afastada de toda a estupidez inocente”. “Penso que deve ser assim,
um falo. “Antigamente colocava um véu no meu rosto, mas hoje admito que meu trabalho é erótico”, diz. Quando analisa o domínio da costura, Elieni Tenório mais
até porque defino o processo de criação como uma espécie de masturbação mental”, diverte-se Elieni. “Como posso dizer o que penso, me expor, traduzir a minha paixão, sem
uma vez busca refúgio em referências de outrora. “Minha mãe era costureira”, relembra. “Ao trabalhar num pano, identifico minha própria história, mas principalmente a dela”. »»»
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A artista plástica (no detalhe) tem o talento reconhecido não só no Estado. Na Europa, seu nome é reconhecido como um dos grandes talentos da Amazônia
Ainda com relação ao que ficou para trás, a artista demons-
Alemanha, mais precisamente na Galeria Bellevue-Saal, em
tra interesse na figura do corselet (ou espartilho), uma peça do vestuário feminino largamente utilizada no passado. “Ele tem a função de delinear a cintura e deixar a postura ereta”,
Wiesbaden. Em uma mostra intitulada “Obsessão” (2009), a primeira individual que realizou no exterior, suas peças foram sucesso de crítica e se tornaram conhecidas em
explica. “Ao mesmo tempo em que aprisiona o corpo da mulher, modela-o”, complementa, com base em estudos relativos à geometria feminina.
praticamente toda a Europa. “Nunca imaginei ser recebida dessa forma, porque eles [os europeus] são introspectivos, diferentes de nós, brasileiros”, compara. “Além disso, o re-
Não por acaso, em ‘Sobre a pele’ (2006), trabalho ganhador do 2° Prêmio do Salão Arte Pará daquele ano, a artista desenvolveu, por meio de manequins femininos, uma espécie de mapa investigativo de compreensão do corpo da mulher, no intuito de estabelecer seus limites e compreender
conhecimento lá é muito importante para eu me sentir segura e tranquila com o que faço aqui”, diz ela, que em 2010 completa vinte e um anos de carreira. Em clima de descontração e hospitalidade, depois de tantas histórias, a conversa finalmente chegou ao fim. Pausa
as relações entre o sujeito e o mundo exterior. As peças, ao longo do tempo, sofreram adaptações, variando formato e suporte, e foram contempladas em concursos como a Bolsa
para fotos e, então, hora de descer as escadas, onde tudo começou. No caminho de casa, a fim de corroborar as impressões acerca desta obra tão particular e, ao mesmo tem-
de Pesquisa do Instituto de Artes do Pará – IAP (2009) e o edital Rumos Itaú Cultural – Artes Visuais (2009). Pelo caráter particular e inventivo, a obra de Elieni Tenó-
po, múltipla, visitei o site elienitenorioartplast.blogspot.com. Fui recebido com uma trilha sonora bastante sugestiva - Edith Piaf, em ‘La Foule’. Aí não restaram dúvidas de que estava
rio desperta interesse por onde passa. Não foi diferente na
certo desde o início.
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Catarina Barbosa
Luiza Cavalcante
A beleza das
pequenas coisas
Uma casa aconchegante e confortável é o desejo da maioria das pessoas, mas é preciso escolher com sabedoria os móveis que farão parte da sua vida
V
iver bem. A frase assume vários significados se le-
decoração e até a cor das paredes são capazes de reformu-
varmos em consideração o que almeja e necessita cada um de nós. Alguns pensam em morar em casas, outros preferem apartamentos. O consenso é: todos
lar todo um ambiente. Com a constatação, o primeiro passo é planejar. A partir de um planejamento adequado será possível conquistar não
querem morar bem e com qualidade. Mas como se conquistar isto? Aos que preferem apartamentos aí vai um diagnóstico:
apenas mais ventilação ou áreas de passagem para o lar, mas também um fluxo eficiente para todo o recinto. “Com o design correto, com certeza dá para se viver com conforto”,
o tamanho desses espaços é menor se comparado aos construídos na década de 1980. Ambientes considerados pequenos nestes apartamentos tinham áreas muito maiores como, por exemplo, a área de serviço, a sala de estar e a sacada. Contudo, os modelos contemporâneos, além de
esclarece Nascimento, enfatizando que, em contrapartida, apartamentos grandes, além de mais caros e de difícil manutenção, demandam mais recursos para a mobília. Em outro extremo, a grande vantagem de morar em espaços compactos é a fácil manutenção, tanto que eles são
práticos, facilitam o cotidiano do homem moderno, o que é fundamental para quem não pode perder tempo. A diferença no tamanho dos apartamentos segue as ne-
recomendados para casais, pessoas que trabalham muito ou viajam bastante ou ainda quem tem uma série de atividades durante o dia e volta para casa apenas para dormir.
cessidades de cada época. O arquiteto Marcos Nascimento explica que o avanço da tecnologia e a disputa por espaços físicos nas grandes cidades, fez com que as moradias - em
Um alerta de Nascimento é que apartamentos de tamanho muito reduzido não são indicados para os que têm filhos: “Espaços pequenos para quem tem criança é um proble-
particular os apartamentos - precisassem ser readaptadas. “A partir dessa constatação, vê-se no mobiliário sob medida uma forma de se criar nesses espaços condicionantes para se viver com qualidade”, destaca, afirmando que peças de
ma, pois elas precisam de lugar para brincar e extravasar as energias” enfatiza. Aos que moram ou pretendem morar em apartamentos pequenos, uma dica é nunca carregar na decoração. “Os »»»
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Com uma boa distribuição dos móveis e a escolha de cores adequadas, é possível aproveitar melhor o espaço e conseguir o tão sonhado “morar bem”, mesmo em lugares pequenos
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móveis devem ser equilibrados. Nada de excessos, pois isso pode tumultuar o visual, causando um efeito contrário
móveis ou da parede, o recomendado é que se escolham tonalidades claras, como o branco e tons de pastéis. “As
ao desejado.” Ou seja, o ideal é ser discreto e optar por cores tradicionais. Ao escolher uma estante, por exemplo, deve-se preferir
texturas agressivas, os papéis de paredes muito estampados tumultuam visualmente o ambiente e tornam o lugar apertado”, afirma Nascimento, lembrando que se os am-
as estreitas; para mesas, as mais indicadas são as dobráveis ou bem dimensionadas; o mesmo vale para os sofás. A
bientes forem bem projetados, o espaço ficará mais confortável e funcional.
televisão deve estar disposta na parede, como as de LCD, e as cadeiras e poltronas devem ser pequenas, porém confortáveis.
Para aqueles que não querem correr o risco de errar nas escolhas das cores ou dos móveis, o ideal é contratar um profissional especializado no assunto, enfatiza Nascimento,
Para os quartos, o indicado é que se comprem armários planejados e bem desenhados, para que as roupas fiquem condicionadas adequadamente; já na escolha das cores,
pois ele, além de escolher as peças ideais para o seu apartamento, levará em consideração todas as suas necessidades. O resultado se refletirá em uma eficiente circulação no
deve-se escolher as mais claras. As camas também não podem ter tamanhos exagerados. As sob medida são as mais aconselhadas e os armários suspensos também aju-
apartamento. Além de uma melhor distribuição no condicionamento das mobílias, utensílios da cozinha e peças de decoração. Com o apartamento reformulado, conquista-se,
dam a deixar os ambientes maiores. Para todo o apartamento, seja na cor das escolhas dos
então, o tão sonhado desejo de morar bem em uma casa aconchegante e confortável.
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gourmet decor
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Camila Barbalho
Luiza Cavalcante
O “quase-chefe” Médico Paulo Torres, autodenominado um “gourmetido” (metido a gourmet) ensina como preparar salmão ao risoto de castanha e gengibre
N
a palavra inventada por ele também está sua definição: Paulo Torres é um “gourmetido” – um metido a gourmet. De cara, ele – que é médico – avisa logo que não é chef e que até a esposa, Lene, já se recusou a comer algumas das suas criações. Com o bom humor e a humildade de quem é um aprendiz curioso, Paulo explica que começou a cozinhar por obrigação. “Éramos seis homens em casa e não durava empregada lá. Como eu era o
de suas criações. “Pra mim, é uma das especiarias mais finas que existem”, defende ele. E é o gengibre um dos grandes diferenciais do prato proposto por Paulo para esta edição: o salmão na chapa é acompanhado de risoto que leva a especiaria, além de castanha-do-pará. Como bom quase-chef, Paulo só fica satisfeito quando é aprovado por quem prova suas invenções. “A satisfação do cozinheiro é ver as pessoas comendo. Eu, por exemplo,
mais velho, fui parar na cozinha”, conta ele. E foi na cozinha que ele ficou: começou a se interessar, estudar e a criar suas próprias receitas, cujo forte são as
sempre levo um panelão de 5kg para os amigos do plantão experimentarem e só fico satisfeito quando não sobra nada”, conta. Além do foco na mistura de sabores, o “gourmetido”
misturas inusitadas e o sabor marcante: cheesecakes de açaí e pupunha, filé com canela e arroz à piamontese, e outras experiências que só se permite quem não tem o verniz academicista do que pode e o que não pode. É claro que nem tudo deu sempre certo. “Uma vez eu resolvi colocar
não esquece a estética do que serve. “Cozinhar é uma arte. O metido a chef não pode observar só o gosto do prato, ele tem que focar também na apresentação, que é que convida a provar”, diz. Esse mesmo cuidado é ainda mais subjetivo na hora de preparar a receita: Paulo não costuma medir
aveia na massa de um cake. Nem serrote deu jeito”, diverte-se. A paixão pela gastronomia também motivou a criação do
os ingredientes ao cozinhar. Embora tenha concordado em tentar estabelecer medidas aproximadas, a sua regra é conferir tudo “no olho”, como ele mesmo diz.
blog osdesentocados.blogspot.com. A ideia veio quando Paulo sentiu a ausência de um site de crítica culinária voltado para os restaurantes de Belém. Então, o médico – junto
Além de não ter a quantidade exata do que vai a cada prato, Paulo ainda tem mais uma característica bem peculiar: ele não prova nada enquanto prepara – e mesmo assim,
com a esposa e mais um casal de amigos – começou a sair e procurar endereços interessantes para visitar, combinados com uma cozinha marcante. Neles, pedia licença para fo-
acrescenta aqui e ali pitadas disso e daquilo, “para corrigir o sabor”, segundo ele próprio. Surpreendentemente, o instinto supera a imprecisão. Na receita preparada por ele para esta
tografar e ia arquivando as imagens e opiniões coletadas de cada prato. A pesquisa, além de resultar em um espaço
edição, o risoto de gengibre com castanha nunca havia sido feito antes. E seguindo seus princípios um tanto quanto par-
gourmet na web direcionado para a culinária local, também rendeu a Paulo certa notoriedade como avaliador especializado. Prova disso é que ele foi jurado da revista Veja Belém,
ticulares, o resultado foi um prato tão cheio de personalidade quanto o seu criador. Para acompanhar o salmão, Paulo Torres sugere um vinho um pouco mais encorpado, como
edição 2010, no tópico “restaurantes”. Apesar de não incorporar habitualmente o rótulo de chef, Paulo Torres já possui muito das peculiaridades e manias
um Pinot Noir. Nas suas aspirações de “gourmetido”, o médico pretende abrir um restaurante um dia, talvez quando se aposentar. A
que os grandes mestres da cozinha têm. Dentre elas, uma certa preferência pelo sabor forte e marcante do gengibre. O cozinheiro costuma incorporar o tempero em grande parte
ideia só não foi tirada do papel ainda por certa resistência de dona Lene, a esposa e provadora oficial da criatividade do marido. Não custa nada esperar.
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receita
Salmão ao risoto de gengibre e castanha Ingredientes [para o salmão] • • • •
1 posta de salmão sem pele e espinha (300g) 1 garrafinha de ice vodka (250ml) Manteiga Manjericão e sal a gosto
Ingredientes [para o risoto] • • • • • •
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xícaras de arroz (já pronto) colheres (sopa) de azeite colher (sopa) de cebola picada pitada de alho pedaço de gengibre em conserva colheres (sopa) de castanha-do-pará moída
preparo Salmão • deixar o salmão marinando, completamente coberto pela ice vodka com manjericão à vontade, por duas horas; • enxugar o salmão com uma toalha e passar sal de um lado; • colocá-lo na chapa com manteiga até dourar, depois trocar o lado e repetir o processo; • reserve. Risoto • em uma panela, refogar a cebola e o alho no azeite; • quando começar a “chiar”, acrescentar o arroz e o gengibre cortado em tiras finas; • adicione a castanha moída e misture por aproximadamente 3 minutos; • manjericão a gosto.
Sirva e decore com pimentão colorido, alecrim ou manjericão.
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A Leal Moreira se ajusta ao seu conforto.
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Institucional 91 9 1
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Premiação A Revista Leal Moreira acaba de vencer o Prêmio Top de Marketing 2010, promovido pela ADVB-PA e que tem como objetivo reconhecer e premiar empresas que demonstram ter utilizado – com criatividade e determinação – uma estratégia de marketing estruturada e efetiva. A cerimônia de entrega dos prêmios – marcada para o dia 08/12 no Hangar – reúne diversos profissionais importantes de marketing, publicidade, administração e das mais diversas áreas do conhecimento. Um case de sucesso que foi desenvolvido pela Leal Moreira para estreitar o relacionamento com os seus clientes.
Final de ano A tradicional festa de final de ano dos colaboradores que trabalham nos canteiros de obras será realizada no sítio da Leal Moreira, no dia 10/12/2010 e terá início às 10h. E para os colaboradores do escritório, a confraternização será dia 17/12/2010 no Maison Pomme Dor.
Investimento A Leal Moreira Engenharia está adquirindo três gruas telescópicas, nove elevadores cremalheiras e níveis a laser de última geração, equipamentos para o corte de concreto (perfuratriz), misturadores de argamassa e ferramentas para alvenaria estrutural, investindo cada vez mais em técnicas que garantem maior agilidade e segurança na construção dos seus empreendimentos.
Parabéns Dia 11/12 é o dia do Engenheiro e do Arquiteto. Parabéns a toda essa equipe que constrói e projeta a história de sucesso da Leal Moreira há tantos anos.
Certificados A Leal Moreira parabeniza os seus colaboradores recentemente certificados pelo Fundo Ver-o-Sol: Rogério Cunha – Informática Básica Silviene Santos – Noções de Contabilidade Diego Furtado – Informática Básica
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Mercado para
profissionais com mais de 40
anos
Nara Oliveira Consultora empresarial
Este tema é recorrente, principalmente em pe-
competências a serem entregues. Apesar de ter-
plo claro disto é quando o negócio é direcionado
ríodos de crise como a que o Brasil e o mundo
mos já no Brasil uma geração de executivos na
para pessoas através de tecnologia, onde en-
sofreram em 2008/2009. Existe vida profissional
casa dos 30, ainda é muito difícil achar profissio-
contra-se, entre outros problemas, o choque de
após os 40 anos? Participei de uma discussão no
nais em algumas áreas que tenham acumulado
valores entre os líderes experientes e os garotos
Linkedin e o dia a dia como headhunter tem nos
as competências requeridas com pouca idade.
que estão disponíveis no mercado para o trabalho
ensinado que o tema depende muito do perfil, das
Por exemplo, na área financeira, para posições de
(alguns cargos em TI por exemplo estão pratica-
ambições, das competências agregadas e princi-
diretoria, mesmo em médias empresas, é quase
mente impossíveis de serem preenchidos), neste
palmente do mercado no qual o profissional está
impossível. Vejo esta limitação para quem atua
sentido a empresa precisa de um líder, seja de
inserido.
em posições como vendas, marketing, RH inter-
qual idade for, que entendam estes meninos, e os
no, dentre outras.
com mais de 40 apresentaram maior dificuldade
Quando a posição é estratégica/senior, focamos o perfil em experiência voltada para o cargo, em
Para certas funções a juventude é necessária por questões inerentes à atividade.
neste processo. Ainda, é fato que algumas empresas precisam de preparo físico do colaborador
No futebol, um centroavante de 50 vai levar um
pelo dinamismo de suas atividades, como passar
olé dos zagueiros adversários. No entanto um de
horas e horas em um avião e ter fôlego para o dia
18 pode literalmente fazer “um estrago” durante
seguinte. Se precisam de mais um argumento, a
a partida.
geração Y observa o trabalho de forma radical-
No mundo corporativo tem lugar pra gente de
mente diferente. Os profissionais de 18 anos en-
20, 30, 40, 50 e 60 anos, para todas as gerações,
viam mensagem às 3 da manhã dizendo que ti-
X, Y, Z e tantas outras saladas de letrinhas que
veram ideias, trabalham no feriado e não chegam
nós mesmos, tidos como “especialistas da área”,
na hora em um único dia. Ou seja, o que é certo
diremos “lançamos” ou inventamos.
e errado depende do negócio e exige um nível de
Como o contingente de jovens no país é o maior
relativização dos valores.
de todos os tempos, há uma tendência natural de
Outro fator limitante para quem já não é mais
estarem presentes em todos os lugares da eco-
nem balzaquiano é o custo. Algumas empresas
nomia em grande quantidade por várias razões, e
avaliam o custo/benefício e preferem treinar a
caberia uma discussão à parte.
contratar a experiência já vivida. Contudo, há inú-
Em função do aquecimento do mercado e con-
meros desafios na escolha de desenvolver pes-
sequente crescimento das empresas, muitas mé-
soas jovens que ainda não têm a experiência a
dias e pequenas, principalmente nacionais, estão
seu favor. Portanto, na hora de contratar, levantar
em busca de profissionais seniores para comple-
os valores, a capacidade de adaptação ao novo
mentar e alavancar suas competências internas
e visão de futuro. Os sábios gregos acreditavam
com a experiência de outras organizações trazida
que o auge da capacidade intelectual é atingida
por estes profissionais, conciliando o complemen-
após os 40 anos. Lembrem-se que naquela épo-
to de competência entre maturidade e jovialidade
ca a expectativa de vida era menos que a de hoje.
profissional, sede de aprender e sede de ensinar
Diferentemente da sociedade grega, a capitalista
(isso vale para os dois lados).
contemporânea possui o preconceito e não apren-
Dependendo do negócio, a idade é um fator
deu a valorizar o conhecimento dos mais velhos.
que pode se apresentar limitante. E não por pre-
Temos muito a evoluir como sociedade, antes de
conceito, mas por questões culturais. Um exem-
atingir a maturidade no âmbito profissional.
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projeto
lançamento
fundação
estrutura
alvenaria
revestimento acabamento
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E se...
Saulo Sisnando Escritor
Ontem, nesta ansiosa angústia que têm sido minhas noites, tive um sonho estranho. Minha mãe apareceu para mim. E ela estava jovem. Numa juventude tão perfeita em detalhes que é impossível se reproduzir quando envelhecemos junto das pessoas. Com aquele olhar de viés, que me acompanhou por toda a vida e que hoje me faz tanta falta, disse-me que se eu estava tão triste... Se tudo tinha dado tão errado... Ela me daria a chance de fazer de novo. Reviver tudo. Recompor meu caminho com novos detalhes. Deslizou as mãos pelas coxas, como se alisasse as dobras do vestido de florzinha, e falou-me que se deitasse em seu colo e fechasse por um instante os olhos, ao acordar seria uma criança. Pensei em regressar e soube que, se retrocedesse, eu esqueceria as coisas ruins, mas também não saberia das felicidades que tive na vida. Se eu pudesse não ter conhecido o João, e não tivesse vivido tantos momentos difíceis: onde estaria o Flávio? Afinal meu melhor amigo apareceu graças ao mais triste momento de minha vida. Entendi que a vida é uma linha que não se repete. A nossa história é uma fileira tênue desenhada por uma imprecisa sucessão de coincidências e gloriosos acidentes. Se voltássemos no tempo, decerto os acasos seriam diversos. As conquistas e perdas, outras. Se eu pudesse pular as recordações ruins deste meu passado, não chegaria às boas memórias e conquistas deste meu presente. Quem me garantiria que eu estaria na mesma sala da Neyara, que, por um imprevisto, foi transferida de turma na sétima série e q até hoje conversa diariamente comigo pelo fone? a Se eu tivesse feito teatro desde cedo... Se eu tivesse ido pro Rio jovem... Onde estaria o Miguel? jo E se uma gripe me tivesse privado de conhecer o Marcus, um acidente tivesse tirado a vida dos meus pais e um esquecimento ac me tivesse feito marcar questões erradas no concurso do TJE e não conhecesse a Cris, a Tânia, a Dra. Laura? co Decidi, de coração partido, não deitar no colo da minha mãe joD vem e acordei adulto. Certo de que não sou o mais feliz, nem o mais importante, nem o mais belo, nem o mais magro. Porém com muito apego e carinho às coisas e pessoas que estão a minha volta. Sei que se tivesse voltado no tempo, outras boas lembranças também existiriam. Mas não consigo imaginar minha existência sem estes meus amigos, que o acaso colocou no meu caminho. É bom descobrir que você tem orgulho das próprias lembranças. É maravilhoso ter um sonho destes e se deparar com uma vida com mais compensações do que desenganos. Obrigado, meus amigos, do fundo do meu coração, por estarem ao meu lado nesta existência. E que permaneçam juntinhos a mim por muito tempo, me ajudando a enfrentar os novos e desconhecidos acasos que meu destino ainda reserva.
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RLM nº 27
Viver é compor um mosaico de pequenas e grandes realizações.
GENTE DESIGN ESTILO IDEIAS CULTURA COMPORTAMENTO TECNOLOGIA ARQUITETURA
Realize-se em 2011.
ano 7 número 27
Veríssimo
Um papo sobre literatura, futebol, política e internet com um dos grandes nomes da cultura brasileira contemporânea
Leal Moreira
Áustria Edyr Augusto Elieni Tenório Gourmet Ipad Tatuagem