RLM nº 48 GENTE DESIGN ESTILO IDEIAS CULTURA COMPORTAMENTO TECNOLOGIA ARQUITETURA
ano 11 número 48
Luiz Melodia
Após uma década sem gravar inéditas, o cantor apresenta seu novo trabalho autoral Leal Moreira
Tempestade de ideias.
A volta do Velho Guerreiro Mente sã, corpo são Myke Carvalho
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A Revista Leal Moreira 48 traz conteúdo exclusivo nas matérias sinalizadas com QR code.
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destino
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EDGAR AUGUSTO O radialista fala da paixão por Belém e de uma característica que o encanta, a despeito do crescimento desordenado da cidade.
especial
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CHACRINHA VIVE! A trajetória do maior comunicador da TV brasileira é contada em um musical. Stepan Nercessian revive o velho guerreiro e impressiona o público!
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Myke Carvalho. Muita luta, muitos pulos e a constante batalha por um lugar ao sol.
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Tudo é uma questão de manter a mente quieta, a espinha ereta, o coração tranquilo e uma alimentação balanceada.
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perfil
Especial Equilíbrio
gourmet Chocolate é mais que paixão: é a obra-prima do chef Diego Lozano
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LUIZ HOLLY ESTÁCIO MELODIA Disco novo, com canções inéditas: é a melodia que anda ressoando pelos cantos.
REGIÃO DE CHAMPAGNE Todo Champagne é espumante, mas nem todo espumante é champagne. Entendeu? A gente explica a regra e toda a magia envolvida no ato de “beber estrelas”.
Belém| 400 anos
capa Luiz Melodia Foto: Daryan Dornelles
capa
índice
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dicas Ricardo Gluck Paul Anderson Araújo comportamento confraria especial Joias Celso Eluan decor tech galeria Ângela Sicilia vinhos HV institucional Nara Oliveira
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editorial
Amigos, Enfim 2015 chegou! Com ele chegam dias em branco, em busca de boas histórias, pessoas inesquecíveis, reencontros, descobertas e novos horizontes. Vocês estabeleceram suas metas e promessas? O que farão para que elas saiam do papel e ocupem os dias em branco? Trazemos uma matéria sobre histórias inspiradoras, de pessoas que revolucionaram suas vidas e que convidarão você a fazer o mesmo. Falando em revoluções pessoais, compartilhamos ainda relatos de quem tem buscado o equilíbrio entre o corpo físico e o mental. Já que estamos falando de reencontros, temos a oportunidade de rever Chacrinha, talvez o maior apresentador do Brasil! Como é possível? Fomos convidados para a estreia que retrata um pouco da vida do Velho Guerreiro e, de quebra, ainda conversamos com Pedro Bial. Nas páginas a seguir, ainda, vocês encontrarão Luiz Melodia, o chef Diego Lozano, crônicas deliciosas. Desejo uma boa leitura a todos e que os sonhos de todos saiam do papel! Que vocês sejam muito felizes. Forte abraço, André Moreira
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expediente
Tiragem da edição 48 da Revista Leal Moreira auditada por Revista Leal Moreira
Criação Madre Comunicadores Associados Coordenação Door Comunicação, Produção e Eventos Realização Publicarte Editora Diretor editorial André Leal Moreira Diretor de criação e projeto gráfico André Loreto Editora-Chefe Lorena Filgueiras Produção Lorena Filgueiras Fotografia Dudu Maroja Reportagem Arthur Nogueira, Bianca Borges, Camila Barbalho, Carolina Menezes, Dominick Giusti, Edson Carvalho, Flávia Ribeiro, Isabela Lima, Lorena Filgueiras, Luciane Fiuza de Mello, Thiago Freitas Colunistas Anderson Araújo, Ângela Sicilia, Celso Eluan, Nara Oliveira, Raul Parizotto e Ricardo Gluck Paul. Assessoria de imprensa Lucas Ohana Conteúdo multimídia Max Andreone Versão Digital Brenda Araújo, Guto Cavalleiro Estagiário Matheus Paes Revisão José Rangel, Marcelo Mello e André Melo Gráfica Halley Tiragem 12 mil exemplares
João Balbi, 167. Belém - Pará f: 91 4005.6800 • www.lealmoreira.com.br
Fundador / Presidente Carlos Moreira Conselho de Administração Maurício Leal Moreira [Presidente] André Leal Moreira João Carlos Leal Moreira Luis Augusto Lobão Mendes Rubens Gaspar Serra Diretoria Executiva Diretor Executivo / CEO Drauz Reis Filho Diretor Técnico José Antônio Rei Moreira Diretor Administrativo e Financeiro Thomaz Ávila Neto Diretor Comercial e de Relacionamento José Ângelo Miranda Gerências Gerente Financeiro Walda Souza Gerente de Controladoria Ana Vitória de Oliveira Gerente de Planejamento e Captação de Recursos Carlos Eduardo Costa Gerente de Gestão de Pessoas Rosanny Nascimento Gerente do Departamento Pessoal Mônica Silva
Atendimento telefônico: • segunda a quinta-feira: 9h às 18h. • sexta: 9h às 17h30.
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Comercial Gerente comercial Danielle Levy • (91) 8128.6837 daniellelevy@revistalealmoreira.com.br Consultor comercial Ana Carolina Valente • (91) 8304.3019 anacarolina@revistalealmoreira.com.br Ingrid Rocha • (91) 8802.3857 ingrid@revistalealmoreira.com.br Back office Giovana Teixeira • (91) 4005.6874 giovana@revistalealmoreira.com.br Distribuição distribuicao@revistalealmoreira.com.br Financeiro (91) 4005.6888 Fale conosco: (91) 4005.6874 revista@door.net.br revista@revistalealmoreira.com.br www.revistalealmoreira.com.br facebook.com/revistalealmoreira Revista Leal Moreira é uma publicação bimestral da Publicarte Editora para a Construtora Leal Moreira. Os textos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião da revista. É proibida a reprodução total ou parcial de textos, fotos e ilustrações, por qualquer meio, sem autorização.
Belém
Vegas Poker Club O sport bar, como o próprio nome diz, é um clube esportivo de Poker, com restaurante e bar. Mas além da paixão pelas cartas, o local oferece ainda espaço para desfrutar de outras paixões esportivas: há 32 televisores espalhados pelos ambientes, de modo a proporcionar aos clientes programações do MMA, UFC, NBA, Tênis, Vôlei, Futebol americano, automobilismo, entre tantos outros. O restaurante oferece petiscos variados, dentre eles, o carro-chefe da casa: a famosa cebola gigante empanada e cortada em formato de flor, além das asinhas de frango, as Buffalo Wings. Para acompanhar, peça o chope estupidamente gelado da casa. São 900 m² de espaço, divididos em 03 pavimentos. O local ainda oferece estacionamento com capacidade para 40 veículos. No restaurante (primeiro pavimento), crianças e adolescentes (até 18 anos) são bem-vindos, até as 22h, desde que acompanhados de pais e/ou responsáveis. O Vegas Poker Club funciona de 2ª a sábado, das 18:00 às 04:00h.
Travessa Boaventura da Silva, 414. Reduto. Belém/PA • 91 3199.0107. Informações também pelo email info@vegaspokerclub.com.br www.revistalealmoreira.com.br
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Grão Culinária Saudável O Grão - Culinária Saudável define-se como os pioneiros no ramo da alimentação funcional em Belém, com um menu 100% saudável, livre de glúten e lactose. Sugerimos o sanduíche de frango orgânico, que vem acompanhado de mostarda de abacate e mel, uvas-passas e alface americana ao vinagrete cítrico. Outra sugestão que adoramos foi o kebab de camarão grelhado, acompanhado de arroz negro. A casa trabalha com delivery.
Grão Culinária Saudável - Dom Pedro, 546, entre Municipalidade e Senador Lemos. Almoço e Jantar • 91 3222.6056 e 91 98910.2505
foto Lorena Filgueiras
Brasil
Piracema
foto Lorena Filgueiras
Visitar o paraíso pode ser mais perto do que se imagina. Especialmente se o paraíso ficar no Brasil e ainda ser conhecido internacionalmente como o “Caribe brasileiro”. Estamos falando de Alter do Chão, no Norte do Brasil. Com praias de rio e areia granulada, o local oferece uma infinidade de possibilidades de passeios, além da autêntica culinária paraense. É o caso do restaurante Piracema, na cidade de Santarém. O ambiente é decorado com cuidado e muitos detalhes e o serviço é eficiente e os garçons, muito gentis! Imprescindível pedir uma caldeirada com peixes da região e uma caipirinha para acompanhar. Antes, entretanto, experimente o carpaccio de pirarucu defumado.
Avenida Mendonça Furtado, 73 - Prainha, Santarém/PA. • 93 3522.7461
Coronel Santinho Localizado em uma tradicional área de botecos [e muita história] da capital paulistana, o Coronel Santinho se define como Botequim/Gastrobar/Cervejaria/Cachaçaria/Jogos. A aposta da casa é valorizar o que o Brasil tem de melhor, com chope, cervejas e cachaças artesanais nacionais, assim como comidinhas típicas de botequim e música brasileira de qualidade. Rua Visconde de Pirajá, 153, Ipiranga, São Paulo • 11 3477.3196 • www.coronelsantinho.com.br www.revistalealmoreira.com.br
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Os ambientes são aconchegantes e a carta de bebidas é interessantíssima! O Manhattan, drink originalmente feito com Bourbon, aqui foi rebatizado (“Coronela”) e é acrescido de cachaça envelhecida, além de vermutes tinto e branco seco. Para acompanhar, peça a porção de dadinhos (fritos) de tapioca com queijo coalho (porção vem acompanhada de geleias apimentadas de cupuaçu e açaí).
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mundo
Amilla Fushi Localizado na Reserva da Biosfera da UNESCO de Baa Atoll, um dos 26 atóis naturais no Oceano Índico, o complexo de resorts Amilla oferece a seus visitantes possibilidades de hospedagens em casas na ilha [que pairam sobre águas cristalinas]. Imagine contemplar o horizonte ao balanço de redes que ficam sob as copas das árvores exuberantes ou contar com passeios exclusivos. Para chegar a esse paraíso, o sonhador terá de encarar um voo de até 26 horas até o Aeroporto Internacional de Malé, o mais importante das ilhas Maldivas. De lá, pegar um hidroavião até Baa Atoll, além de 10 minutos de lancha para Amilla. Todo o cansaço será recompensado! Há um verdadeiro leque de possibilidades no Amilla, que tem ainda restaurantes exclusivos – dentre os quais, o renomado Lonu, sob o comando do chef Luke Mangan. Se o chef estiver na casa, peça pratos fora do menu ou o menu degustação. Não deixe de experimentar o caldo de coco com especiarias, cítricos e acompanhado de escalopes de tortellini. Peça um dos vinhos [e sugestão do sommelier] da enorme adega do local.
www.amilla.mv
Harry’s bar
Calle Vallaresso, 1323, 30124 Veneza, Itália • www.harrysbarvenezia.com www.revistalealmoreira.com.br
A localização, por si apenas, já justificaria a viagem. Mas adicione à inigualável paisagem de Veneza, a tradição de um estabelecimento que é celebrado por 9 entre 10 críticos especializados. Com 84 anos de existência, o Harry’s coleciona fãs, no mínimo, notáveis, como Orson Welles, Ernest Hermingway e Maria Callas. Se nada disso convenceu você, leitor, saiba de um fato histórico: foi no Harry’s que o Bellini foi inventado. O drink, que une espumante e suco de pêssego é o mais pedido no estabelecimento. Localizado perto da Piazza San Marcos, o bar ainda é local de curiosidade e peregrinação de turistas do mundo inteiro. Prepare seu terno/vestido mais elegante [a casa tem um rígido código de vestimenta] e seu bolso. Peça seu Bellini e o delicioso carpaccio que eles têm no cardápio. Ah! E faça reserva antes de ir, ou você terá de se contentar em degustar o drink no balcão [se der sorte].
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perfil
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Edson Carvalho
Promessa
Bernie Walbenny
Medalha de
Rio de Janeiro, agosto de 2016. Olimpíadas, medalha. Como em um mantra, local, data, evento e objetivo martelam a cabeça de Myke Carvalho, com a mesma intensidade de um direto de direita.
A
os 31 anos, o pugilista mais experiente da seleção brasileira de boxe vive o quarto ciclo olímpico da carreira, sonhando com a Cidade Maravilhosa e uma conquista também maravilhosa: a tão desejada medalha dourada. Myke Michel Ribeiro de Carvalho nasceu na periferia de Belém e encontrou dentro de casa um destino que parecia traçado desde a maternidade: os ringues. E o boxe parece correr nas veias da família do atleta paraense, que foi decisiva para que ele escolhesse um corner enquanto lutava por um futuro melhor. “O que me levou [para o boxe] foi o fato de todos fazerem parte desse mundo: meus tios, meus primos... A principal influência foi da minha avó, hoje muito doente. Foi ela quem me viu treinando com o meu primo e disse que era pra ele me levar pra academia pra treinar de verdade”. Àquela altura, Myke tinha apenas 11 anos e uma carreira que decolou muito rapidamente. Cinco anos depois dos primeiros golpes em uma academia de Belém, o fenômeno paraense alcançou a seleção brasileira. Outros cinco anos se passaram até que confirmasse todas as expectativas.
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Conquistas iniciais O ano era 2004. Em Atenas, berço das Olimpíadas, Myke começou a perseguir a tal medalha com os cinco anéis. Foi a primeira das três oportunidades, mas as tentativas foram frustradas na capital grega, além de Pequim, em 2008, e Londres, em 2012. Mas em 2016, quando o Brasil será anfitrião dos Jogos, a motivação é ainda maior – até porque o Rio de Janeiro traz boas lembranças pro pugilista da Marinha do Brasil. Na capital carioca, Myke foi bronze defendendo as forças armadas brasileiras nos Jogos Mundiais Militares, em 2011. O objetivo agora é repetir ou melhorar o feito nas Olimpíadas. “Quero chegar às olimpíadas em ‘ponto de bala’ para conseguir essa medalha que, por sinal, já tá demorando. Estou me sentindo incomodado por ir a três olimpíadas e conseguir trazer essa medalha pro nosso Brasil. Não vou deixar essa medalha de ouro sair daqui”, garante. E a responsabilidade dele parece ter aumentado, agora que é o titular da seleção na categoria até 75kg, ocupando o posto de Esquiva Falcão, que migrou para o boxe profissional depois de conquistar a prata em Londres. »»»
Um campeão em números Aos 31 anos, sendo 17 deles vividos em um ringue, Myke Carvalho tornou-se uma referência no esporte paraense e acumula números que merecem reconhecimento: são 13 anos servindo à seleção brasileira, com destaque para os dois Jogos Panamericanos e os três Jogos Olímpicos disputados pelo octacampeão brasileiro de boxe. Em meio a tantas medalhas nacionais e internacionais, o atleta paraense pode se orgulhar ainda de uma outra marca igualmente expressiva: em julho de 2014, durante o Festival Olímpico Panamericano de Boxe, no México, Myke chegou às 300 lutas disputadas e, de quebra, foi o grande campeão do evento, garantindo mais um ouro para a coleção dele.
O paraense Myke Carvalho se queixa da falta de incentivos oficiais, mas nem por isso deixou de treinar e está montando uma academia própria, onde pretende lapidar novos talentos.
Desejos olímpicos A medalha olímpica deve encerrar uma carreira vitoriosa e, quem sabe, trazer o reconhecimento tão esperado ao paraense. Myke é dono de oito títulos brasileiros, dois títulos sul-americanos, um título panamericano, além das duas medalhas de bronze nos Jogos Panamericanos de Santo Domingo, em 2007, e de Guadalajara, em 2011. Mesmo assim, ele lamenta, entre outras coisas, o esquecimento na terra natal. “Sou reconhecido em panamericanos, em Olimpíadas, porque as pessoas me veem na TV. Mas em Belém mesmo, eu não sou reconhecido”. Quem entende de lutas conhece o potencial do pugilista. Em um mundo dominado pelo MMA, não faltam convites para que ele troque os ringues pelo octógono. Nada capaz de balançá-lo. “O MMA eu assisto, gosto de assistir. Mas pra você lutar MMA você precisa aprender vários tipos [de lutas], chutar, [lutar no] chão. Eu estou com 31 anos e acho um pouco tarde para aprender outras artes [marciais]. A minha praia é o boxe. Eu vou me manter aqui e quando eu acabar quero ser professor na minha academia e descobrir novos talentos também.” Carga genética Um desses talentos pode ter o mesmo sangue. Michel, único filho do Myke, tem apenas seis anos e começou a dar os primeiros golpes. Mas nada de luvas. O negócio dele é nos tatames. Um pequeno judoca, para desespero do pai e dos demais parentes pugilistas. “Eu
não queria. Mas eu não estou lá perto. O que importa é que ele pratique um esporte. Esporte é saúde. Ele está crescendo com saúde, o importante é isso: ajudar a criança a crescer com saúde. Quem sabe, ser um campeão futuramente? Ele é um garoto grande, tem um porte físico forte. Quem sabe”, imagina o pai que mata as saudades do filho em demoradas ligações interurbanas de Osasco para Belém. Aliás, Myke aposta alto nos lutadores paraenses, a ponto de investir dinheiro do próprio bolso em jovens e novos talentos do boxe. Em Icoaraci, distrito de Belém, o atleta da seleção brasileira espera encontrar joias brutas prontas para serem lapidadas. “Estou montando minha academia, com o meu suor. Não recebo nada de ninguém. Eu quero montar lá porque há muitos talentos escondidos que não têm a oportunidade de disputar um campeonato brasileiro, chegar a uma seleção, ou pelo menos disputar um campeonato fora”, acredita. Calejado pelos quase 18 anos nos ringues, ele encara a dura realidade dos atletas olímpicos de peito aberto. A promessa de fama e fortuna não o seduzem. Por isso, Myke nem pensa em seguir os passos de Esquiva Falcão e se tornar pugilista profissional. “Hoje não penso mais, não. Acho que com 31 anos, o meu foco hoje é conseguir ir para as Olimpíadas de 2016 e fechar com chave de ouro: com uma medalha olímpica que é o que eu almejo há mais de uma década aí”, finaliza, antes de voltar àquele tal mantra... Rio de Janeiro... Agosto de 2016... Olimpíadas... Medalha!
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SANTO CERVEJEIRO Arnaldo nasceu em 1040 numa pequenina cidade da região dos Flandres, norte da Bélgica. Quando jovem viveu entre os camponeses e serviu como cavaleiro às forças armadas, sem saber que o destino lhe reservaria algo especial: a vida eclesiástica. Ao virar monge, na abadia beneditina de Saint-Médard, passou a refletir sobre as condições de vida da sua época, pois na baixa Idade Média a Europa era um lugar bem ruim de viver. As condições de higiene eram péssimas e obter água limpa para beber ou cozinhar era quase impossível, já que a maioria dos poços e rios eram repletos de lixo e resíduos podres. A ingestão de água contaminada facilitou a morte de milhares de pessoas nesse período. Pensando em como salvar seu povo, monge Arnaldo se lançou em uma aventura épica: fugiu do monastério, fundou uma nova abadia chamada Saint Peter de Oldenburg e passou a fabricar Cerveja! Sua conclusão era simples: beber cerveja na idade média era muito mais saudável do que beber água! Um gênio!! A Cerveja é feita de cereal fervido, fermentado e maturado. Ao ser fervida, a água passa por um processo bruto de purificação, ficando livre de patógenos. Nestas condições a Cerveja era a bebida mais saudável, segura e refrescante que se poderia desejar. Em suas missas, o já Bispo Arnaldo pregava, e implorava, que o seu povo bebesse cerveja em vez de água. Antes de morrer chegou a dizer que “do suor do homem e do amor de Deus veio a Cerveja ao mundo”. Impossível não virar Santo, hein? Canonizado em 1121, São Arnaldo é padroeiro dos Cervejeiros, o santo mais legal do mundo! Salvou milhões de vidas e continua olhando por nós. Lá de cima ainda escutamos sua voz: “beba Cerveja” ... “beba Cerveja” ... e até hoje fica feliz sempre que o ouvimos e atendemos suas preces.
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especial
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divulgação
Foto Robert Schwenck
Bianca Borges
Alô, Alô,
Terezinha! Espetáculo musical encena a trajetória de Chacrinha, o maior comunicador da televisão brasileira, ao som das canções que ficaram consagradas em seu programa. Estão lá as invencionices e ousadias provocativas que ele levou para a telinha, assim como alguns dramas da vida pessoal do eterno Velho Guerreiro
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otado, o auditório não economiza na agitação e os ruídos da plateia podem ser ouvidos do lado de fora do estúdio. As Chacretes capricham na coreografia, os convidados estão a postos e a noite tem tudo para ser mais um sucesso de público, com o programa líder absoluto de audiência, um fenômeno que deve catapultar os cantores ao topo das paradas musicais e agradar em cheio aos patrocinadores do horário. Está tudo pronto para entrar no ar, ao vivo, o Cassino do Chacrinha, com o mais famoso, querido e irreverente apresentador da televisão brasileira. “Qual será a fantasia que ele vai vestir nesta noite?”, se pergunta o telespectador, ansioso diante da tevê. O programa está prestes a começar e, nos bastidores, Abelardo Barbosa toma remédios para conter a dor de barriga. Os dois comprimidos de Imosec, um medicamento usado para diarreia, não são suficientes para domar a “cólica emocional”, que ele sente momentos antes de pisar no palco (prevenido, caso o remédio não surtisse efeito, chegava a vestir até três cuecas por baixo da calça de lamê). Apesar de comandar grandes auditórios há décadas e ser líder de audiência, ele teme que ninguém apareça para assistir ao programa ou que o Ibope caia. Mas apesar do nervosismo, restam-lhe forças para reclamar de detalhes que vão da
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produção à equipe técnica. Utilizando-se muitas vezes de palavrões, ele reclama da luz, do som, das câmeras... Para o apresentador, nada está bom o suficiente. O mal-estar só finda quando ele está finalmente no palco, sob os holofotes. Personagem criado por Abelardo Barbosa, o mesmo carismático “Chacrinha” que faz sucesso na telinha e diante de um auditório lotado é também o homem inseguro, com traços de maníaco depressivo, que não consegue lidar com a ansiedade antes de entrar no ar e cujo perfeccionismo não lhe permite se dar por satisfeito. Mostrar as duas faces dessa mesma persona é um dos maiores trunfos de “Chacrinha – O Musical”, espetáculo que aborda a história do maior comunicador da televisão brasileira. Com direção de Andrucha Waddington e texto de Pedro Bial e Rodrigo Nogueira, o musical tem atraído um público ávido para conhecer ou matar a saudade do Velho Guerreiro, ocupando praticamente todas as mais de mil poltronas do Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro. Mas o maior mérito da peça é, certamente, a reconstituição, no teatro, da experiência de estar em um auditório televisivo comandado por Chacrinha. Tudo graças a uma impecável produção de figurinos, cenários, apuro musical e a desenvoltura de um elenco à vontade no “cassino”. »»»
Foto Robert Schwenck
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Saiba mais Chacrinha – O Musical Em cartaz no Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro, até 1º de março. Depois, a peça segue para cumprir temporada na cidade de São Paulo. Para ver Documentário “Alô, alô, Terezinha” (2008) Diretor: Nelson Hoineff Para ler Chacrinha – A Biografia Autor: Denilson Monteiro Pesquisas, entrevistas e roteiro original: Eduardo Nassife 368 páginas Preço médio: R$ 49,90 Editora: Casa da Palavra
Para dar conta de um personagem tão complexo, dois atores interpretam o comunicador, em diferentes fases. Com um cenário inspirado na literatura de cordel para remeter à origem nordestina de Chacrinha, o jovem Leo Bahia faz o personagem desde menino até os seus 40 anos. “Pra mim, o Abelardo era alguém que estava definitivamente à frente do seu tempo, com uma imaginação e intuição muito afloradas, sem as limitações de pensamento da época que as pessoas costumam ter. Por isso ele tinha uma naturalidade em lidar com coisas que são tabu até hoje”, define o ator. Nascido no interior de Pernambuco em 1917, na cidade de Surubim, José Abelardo Barbosa de Medeiros era filho de um pequeno comerciante, que convivia frequentemente com dificuldades financeiras devido à falência de seus negócios, o que trouxe para Abelardo desde cedo o senso de urgência e a necessidade de buscar novas formas de ganhar dinheiro. Mais tarde, esse aprendizado seria útil a Chacrinha, que lidava diretamente com o setor comercial de seu programa e tinha de atrair anunciantes. Apesar das dificuldades, o jovem ingressou na Faculdade de Medicina do Recife, onde encontrou uma movimentação musical que influenciou o destino de sua vida para sempre. Lá também teve a primeira experiência em rádio, quando deu uma palestra e acabou conseguindo um trabalho temporário como locutor. Um acaso fez com que ele viesse parar no Rio de Janeiro, onde se manteve em empregos temporários até emplacar, em 1942, em plena era de Ouro do Rádio, um programa noturno de música carnavalesca na Rádio Clube de Niterói, que funcionava em uma pequena chácara. Assim surgia o “Rei Momo na Chacrinha” (local de onde advém o nome do personagem), que depois do carnaval mudaria para “Cassino da Chacrinha”, também no feminino, até que alguns anos depois, o apresentador viesse a ser conhecido apenas »»»
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Foto Robert Schwenck Foto Robert Schwenck
Stepan Nercessian incorporou por completo os trejeitos e o modo de falar de Abelardo Barbosa. Em cena, é impressionante constatar a semelhança entre ambos.
Trecho de “Aquele Abraço”
(Gilberto Gil)
Chacrinha continua Balançando a pança E buzinando a moça E comandando a massa E continua dando As ordens no terreiro Alô, alô, seu Chacrinha Velho guerreiro Alô, alô, Terezinha Rio de Janeiro Alô, alô, seu Chacrinha Velho palhaço Alô, alô, Terezinha Aquele Abraço!
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como Chacrinha. A vida noturna no Rio de Janeiro girava em torno dos grandes cassinos, como o da Urca e o Atlântico. Batizar o programa como “Cassino da Chacrinha” pareceu, portanto, uma ideia bastante apropriada. Logo ele se tornaria o rei dos disc jockeys – ou o “maluco dos discos”. Quinze anos depois e ainda nos primórdios do veículo, Chacrinha estreava na TV Tupi, passando, pelas três décadas seguintes, por praticamente todas as grandes emissoras (Excelsior, Bandeirantes, Record e, por duas vezes, Globo), tornando-se um fenômeno de audiência sem comparação na televisão brasileira. “No final das contas, eu credito essa repercussão da peça ao próprio Chacrinha, que sempre foi um sucesso. Um personagem que tinha uma forte empatia e que deixou uma marca muito grande na memória afetiva das pessoas”, destaca Stepan Nercessian, que vive a fase madura do apresentador. Elogiado por sua atuação, ele tem impressionado o público pela semelhança física com Chacrinha. Além do ótimo trabalho de caracterização, ele conta com o mesmo “efeito” da voz, esganiçada, assim como a de Abelardo, um inveterado fumante – ao longo da conversa de cerca de meia hora com a Revista Leal Moreira, em seu camarim, o ator consumiu três cigarros. Stepan, que acompanhava o programa do Chacrinha e que chegou a participar como
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convidado mais de uma vez, também guarda suas recordações cheias de afeto. “Os programas de auditório atuais que se apresentam como anárquicos, em que ‘pode tudo’, são na verdade tentativas incompletas, que esbarram em estereótipos. Para chegar naquele nível de anarquia, o Chacrinha passava antes por uma angústia, um perfeccionismo muito grande. Ele não fazia o programa como quem promove uma bagunça”, defende o ator, que usou a memória para compor o personagem e estudou suas falas, bordões e movimentos em vídeos da época. “A expressão ‘Alô, ê! Alô, ê’, que tenho usado bastante, começou com ele testando o som, para checar o retorno do microfone. Mas que depois acabou virando um tique nervoso e passou a fazer parte do áudio usual do programa”, observa. O Velho Guerreiro seguiu para a TV Rio, onde seu programa ficou sob a direção de Boni, a pedido do dono da emissora. Abelardo não se absteve de levar as discussões até as últimas consequências na defesa de suas atrações e dos formatos que propunha, por mais esdrúxulos que estes pudessem soar para o diretor. A ousadia era tão desmedida que a própria emissora anunciava, assim que o programa ia ao ar: “A TV Rio tem a coragem de apresentar... A Discoteca do Chacrinha”. Na década de 1960, o programa despontava como o mais popular da telinha. O comunicador propôs uma nova »»»
Foto Juliana Cerdeira
Foto Juliana Cerdeira
Foto Robert Schwenck
Foto Robert Schwenck
A obsessão do Velho Guerreiro pelo trabalho chama a atenção de todos. Cuidadoso, perfeccionista, Barbosa nunca estava satisfeito. Apesar desses traços, o programa era sempre impecável.
forma de apresentar que rompeu completamente com o formato consagrado dos programas de auditório, imprimindo um estilo inconfundível e uma dinâmica particular. Em função disso, recebeu duras críticas e foi censurado pela ditadura. Estava sempre em busca de oferecer algo inédito para o público, seja com a criação de novos quadros, seja incrementando cada vez mais seus figurinos, adornando suas fantasias de índio, marajá, palhaço, mosqueteiro, marinheiro e até de Napoleão... As fantasias usadas por Chacrinha eram uma atração à parte. Autor da biografia de Chacrinha, Denilson Monteiro ressalta que o que mais o surpreendeu sobre a vida de Chacrinha foi o seu grau de obsessão pelo trabalho. “Foi o que me deixou mais impressionado. Antes de seu programa começar ele caía num nervosismo, tomava remédio para não passar mal e, quando acabava o programa, voltava tudo de novo: queria saber quantos pontos deu no Ibope, saía para jantar com a equipe e o prato principal era o programa anterior. Depois já falavam sobre o próximo programa”. Organizadora de publicações sobre o patrimônio cultural brasileiro, a editora Nubia Melhem
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Santos observa que a estrutura de seus programas (A Discoteca, A Buzina e o Cassino), mesclava diferentes elementos, que iam do teatro de revista aos cassinos, passando pelo circo e, claro, pelas festas populares nacionais. “Tudo por ele comandado, com autoridade e um tipo de humor cáustico que não poupava ninguém, a começar por si mesmo, sempre fantasiado e misturando muitos adereços, numa espécie de parafernália visual desafiante”, destaca Nubia, que revela que a bagunça geral era apenas aparente. “No meu programa, tudo é organizado, só eu improviso”, exemplifica ela, citando uma declaração do Velho Guerreiro. Quando estava no ar, o apresentador não obedecia um ordenamento espacial. Se movimentava aleatoriamente, andando de um extremo ao outro do palco. Não raro, passava na frente das câmeras, tapando a visão do espectador que assistia à performance dos cantores. “O Chacrinha forçou a tevê brasileira a criar uma linguagem visual especialmente para ele. Em termos de programas de auditório, foi ele quem promoveu as maiores inovações, obrigando o operador a tirar a câmera do tripé e fazer movimentos para poder
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acompanhá-lo. Foi o Chacrinha quem obrigou o uso do corte descontínuo na telinha, por exemplo”, analisa Stepan Nercessian. E se lhe desse na telha, também interrompia a fala de seus convidados ou, de surpresa, lhes dava apelidos ao vivo. Fazia tudo isso uma, duas, várias vezes, sem que isso tudo, no entanto, atrapalhasse o artista. Dali a poucos dias, as canções estavam tocando nas rádios. Todos queriam cantar em seu programa, uma verdadeira vitrine para o mercado fonográfico. Por causa da força em promover artistas e também por seu visual tropical carnavalesco, que serviu de inspiração, Chacrinha foi adotado como “pai do Tropicalismo”, pelos artistas do nascente movimento. Gilberto Gil, um de seus mais famosos nomes, compõe “Aquele Abraço”, em sua homenagem: “Alô, alô, seu Chacrinha / Velho guerreiro / Alô, alô, Terezinha / Rio de Janeiro / Alô, alô, seu Chacrinha / Velho palhaço /Alô, alô, Terezinha /Aquele Abraço!”. Vítima de câncer, Chacrinha faleceu aos 70 anos, em 1988, e sua despedida foi acompanhada por mais de 30 mil fãs. Durante longas décadas, foi casado com Florinda Barbosa, com quem teve três filhos: Jorge Abelardo e os gê-
Foto Felipe Panfili
Foto Robert Schwenck
Com a palavra, Pedro Bial O jornalista assina o texto do espetáculo, em parceria com Rodrigo Nogueira
meos José Renato (Nanato), que morreu em novembro do ano passado, e José Aurélio (Leleco), colaborador essencial nas pesquisas feitas para a produção do musical, no processo de composição dos personagens pelos atores e de consulta para a biografia de seu pai. Pergunto a Leleco, que assistiu ao espetáculo incontáveis vezes, se ele acha que o pai gostaria do resultado ou, fazendo jus ao perfeccionismo que era característico, diria que algo está completamente errado e que tem de melhorar isso ou aquilo. “Tenho certeza de que, junto com meu irmão Nanato Barbosa, ele está vibrando no céu com mais esta magistral homenagem a ele. Realmente é uma reprodução de sua história e trajetória de sua vida, que foi muito sofrida e perseguida pela censura. Quanto ao perfeccionismo, era sem dúvida a maior parte de seu grande sucesso. Ele reclamava para bem do programa, que tanto se dedicava em realizar. Ele foi o maior comunicador de televisão de todos os tempos. Já tentaram imitá-lo, mas até hoje não surgiu ninguém parecido. E acredito que não aparecerá”.
Quais foram os critérios que você e o Rodrigo Nogueira seguiram para selecionar os aspectos que seriam destacados de uma vida tão longa e tão intensa? O que não poderia ficar de fora? Num primeiro momento, havia a intenção de toda biografia, tornar clara e compreensível a trajetória que forjou o personagem. No caso, dois personagens, o criador Abelardo e a criatura Chacrinha – ainda que logo se façam indistinguíveis, o que viria a ser a causa e consequência trágicas, no sentido dramatúrgico do termo. Em seguida, buscar entre os momentos definidores de tal biografia aqueles que se prestariam a virar cena de teatro musical. Ainda num momento seguinte, alcançada a linearidade, quebrá-la em lógica poética de palco. O que não poderia ficar de fora: a coragem e honestidade do personagem para com seu desejo e singularidade. Tudo o que Chacrinha pedia era: “todos já fazem a mesma coisa, deixem-me fazer a minha coisa!” Muita gente que viveu aquela época tem, até hoje, lembranças significativas. O programa do Chacrinha tem um valor afetivo pra você? Todos os grandes comunicadores a que assisti me marcaram. Chacrinha, Flávio Cavalcanti, Silvio Santos... Chacrinha nos fez a todos perder o medo de enlouquecer. É bem verdade que alguns enlouqueceram mesmo, no processo... Você teve oportunidade de estar diante do Abelardo Barbosa. O que mais atraía a atenção na figura dele? Fui assistir ao programa do Chacrinha, várias vezes, quando estudante. Impressionou-me o rigor com que conduzia a aparente bagunça. Uma lição de liberdade: “queres ser livre? Liberdade é conhecer os cordéis que nos manipulam”.
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O que mais chamou sua atenção, surpreendeu ou emocionou quando assistiu o resultado final desse trabalho, sendo encenado no palco? É a experiência vivida mais próxima a sonhar desperto e lúcido. Ver aquelas palavras que manchavam a tela ganhar forma, corpo e volume. Acompanhar a transformação das ideias em vida própria, compartilhada entre os criadores, o diretor, o coreógrafo, a maestra, os atores... Ao assistir ao espetáculo, quem vivenciou aquele período pode recordar. Mas quem não o viveu e assiste à peça reconhece nela elementos familiares, que ainda persistem na TV. Você concorda? O Velho Guerreiro ainda vive, por meio desse legado ou nada hoje se compara ao que ele propôs para a televisão? Chacrinha nos propõe a libertação. Se nem todos se libertaram ainda, é porque é assim mesmo, cada um precisa do que precisa. Em tudo o que se faz na TV brasileira, Chacrinha está presente na informalidade, na alegria, na abrangência, na inclusão geral. Qual foi a maior invencionice, excentricidade ou ousadia que ele trouxe para a TV, na sua opinião? Além do respeito e reconhecimento à diferença, sem bajulação ou demagogia, a elevação dela para o trono da popularidade. Podemos esperar outros musicais ou peças com a assinatura do Pedro Bial? Espero fazer mais. Andrucha e eu temos uns planos, vocês não perdem por esperar...
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Arthur Nogueira
Daryan Dornelles
Seu nome é
ébano
Aos 64 anos, depois de mais de uma década sem lançar canções inéditas, Luiz Melodia apresenta “Zerima” e diz que “não tem pressa”.
E
m 1971, a contracultura estava a todo vapor no Rio de Janeiro. Em plena praia de Ipanema, no lugar que ficou conhecido como “as dunas da Gal”, muitos jovens puderam ser livres, apesar da ditadura militar. Como já descreveu o humorista Zé Simão, ali reinou uma geração que escancarou “as cores, as fofocas, os namoros e as comportas do comportamento”. Para se ter uma ideia, o primeiro topless do Brasil ocorreu naquele lugar, em meio à turba de atores, cantores, compositores, poetas, surfistas e todo o tipo de gente descolada, que ia bater palmas para o pôr-do-sol, pensar em música, teatro e literatura ou simplesmente “fazer a cabeça”. À noite, a pedida era o “Terezão” – apelido do antigo Teatro Tereza Rachel, em Copacabana –, onde teve lugar o mais importante espetáculo musical do verão. No emblemático “Gal A Todo Vapor”, dirigido por Waly Salomão, fez sucesso uma música de um compositor do Morro de São Carlos, ainda desconhecido do grande público, chamado Luiz Melodia. “Tente entender tudo mais sobre o sexo...”, cantava a musa do desbunde, tra-
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zendo à luz o artista que mais tarde seria consagrado por sua voz, poesia e swing originais. “A minha primeira música ter sido registrada em uma voz tão maravilhosa como a da Gal foi um presente inesquecível”, lembrou Melodia. Nascido em 1951, filho do sambista Oswaldo Melodia e da costureira Eurídice – por feliz coincidência, o mesmo nome da musa de Orfeu –, o mulato do bairro do Estácio cresceu no meio da música, fosse através das ondas do rádio ou dos acordes do samba que ecoava pelos arredores de sua casa. Interessado também na sonoridade jovem dos anos 1960, ele começou a compor aos 13 anos e logo formou a sua primeira banda, chamada Os Instantâneos. Em pouco tempo, Luiz Carlos dos Santos se tornou Luiz Melodia e fez fama no Morro de São Carlos. Aos 20 anos, ele despertou a curiosidade e os ouvidos de uma turma que frequentava o lugar em busca de samba, da qual faziam parte, além de Waly, o poeta Torquato Neto e o artista plástico Hélio Oiticica. O estilo inconfundível de Melodia para com- »»»
“Pérola Negra” foi o disco de estreia de Luiz Melodia. Já em seu debut, o músico impressionou críticos e inspirou outros artistas contemporâneos. www.revistalealmoreira.com.br
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Zerima (Som Livre, 2014) Cheia De Graça (Luiz Melodia e Ricardo Augusto) Dor De Carnaval (Luiz Melodia) Vou Com Você (Luiz Melodia) Caindo De Bêbado (Luiz Melodia e Rúbia Matos) Nova Era (Dona Ivone Lara e Délcio Carvalho) Do Coração De Um Homem Bom (Ricardo Augusto) Zerima (Luiz Melodia) Cura (Luiz Melodia e Renato Piau) Sonho Real (Luiz Melodia e Renato Piau) Leros E Leros E Boleros (Sérgio Sampaio) Papai Do Céu (Luiz Melodia) Maracangalha (Dorival Caymmi) Moça Bonita (Jane Reis) Amusicadonicholas (Luiz Melodia)
por e cantar arrebatou Waly Salomão (1943-2003). O poeta declarou, algum tempo depois, que sempre sonhou ouvir os versos de “Mal Secreto” – canção que escreveu em parceria com Jards Macalé, também lançada por Gal no show “Gal A Todo Vapor” – na voz de Melodia. “Foi uma surpresa para mim quando Waly disse isso”, contou o autor de “Ébano”, que nunca chegou a gravar “Mal Secreto” em disco. “É uma grande música, eu a teria gravado com o maior prazer. Inclusive, gravei “A Voz do Morro” por sugestão de Waly”, lembrou, referindo-se ao clássico de Zé Kéti que abriu o terceiro LP de sua carreira, “Mico de Circo”, de 1978. Sobre o período da contracultura e o espetáculo “Gal A Todo Vapor”, o humorista Zé Simão narrou, em um depoimento sobre Gal, um episódio engraçado envolvendo Luiz Melodia: “o teatro era o Tereza Rachel, vulgo Terezão, lá em Copacabana. E o diretor do show era o Waly Salomão. E dá-lhe convites. Principalmente quando ele descia o Morro de São Carlos com o Melodia e toda aquela roda de bambas e compositores de sambas. E ficavam na porta. Aí o Waly dava uns abraços psicodélicos na Tereza Rachel e ficava falando
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loucuras no ouvido dela. Aí convite virava chuva de confete. Os convites eram tantos que a Tereza Rachel ficava nervosa, andando pelo saguão do teatro, num caftan até os pés, gritando: ‘Eu não sou Jesus Cristo!’”. Pérola negra Maria Bethânia foi a segunda cantora a dar voz à obra de Luiz Melodia. O samba-canção “Estácio, Holly Estácio”, homenagem do autor ao bairro onde nasceu, foi lançado pela artista baiana no LP “Drama - Anjo Exterminado”, de 1972. No ano seguinte, depois de ter frequentado inúmeras reuniões musicais na casa de Suzana de Moraes, filha de Vinicius, e tendo Guilherme Araújo como empresário, Melodia se viu frente a frente às oportunidades para realizar o seu primeiro projeto fonográfico. Intitulado “Pérola Negra”, o LP de estreia do “negro gato” saiu em 1973, pela Phonogram. O álbum reúne 10 faixas e pode ser considerado um dos maiores êxitos de sua discografia. Incensado pela crítica, que frequentemente o inclui entre os maiores álbuns brasileiros de todos os tempos, o »»»
»»» Em mais de quarenta anos de carreira, Melodia graviou 14 álbuns e coleciona uma invejável lista de intérpretes. www.revistalealmoreira.com.br
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Ouça mais
LP expõe a versatilidade de um autor que passeia, com a mesma desenvoltura, pelo choro de “Estácio, Eu e Você”, pelo blues de “Abundantemente Morte” e pelo rock de “Pra Aquietar”. São destaques do repertório do disco, além de “Pérola Negra” e “Estácio Holly Estácio”, as músicas “Magrelinha” e “Farrapo Humano”, que anos depois ganharam versões de Caetano Veloso e Cássia Eller, respectivamente. De 1973 até 2015, Luiz Melodia gravou 14 álbuns e construiu uma obra de valor inquestionável à história da música brasileira. Ainda assim, em 1995, em entrevista à Folha de São Paulo, ele reclamou: “eu sou pouco gravado, tem muita gente que eu gostaria de ver cantando músicas minhas”. Hoje, ao ser indagado sobre quem seriam essas pessoas, o artista classifica o episódio como uma provocação. “Reclamei, mas não foi sério”, divertiu-se ele, cuja lista de intérpretes inclui também Elza Soares, Jards Macalé, Angela Rô Rô, Zezé Motta e o grupo Barão Vermelho. Aliás, sobre o ofício de compor – que o poeta Dylan Thomas já classificou como “arte taciturna” –, Melodia explica que não existe um método. “Normalmente, a melodia e a letra vêm juntas, mas, às vezes, também faço só a letra e deixo com outros compositores. Não tem receita”, garantiu.
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Paralelamente à sua arte taciturna, o “peregrino sábio dos enganos” também ergueu uma obra sólida como intérprete. Muitas canções, entre as quais “Negro Gato” e “Quase fui lhe procurar”, de Getúlio Côrtes, e “Codinome Beija-Flor”, de Reynaldo Arias, Ezequiel Neves e Cazuza, ganharam versões definitivas em sua voz. Sobre o assunto, Melodia afirma que interpretar também é uma forma de criação. “Na sua realização como intérprete, você inevitavelmente interfere no universo do outro artista”, explicou. A mãe de Cazuza, Lucinha Araújo, já declarou que “a única música que o Cazuza gravou e outro artista fez melhor foi “Codinome Beija-Flor”, com o Luiz Melodia”. Caindo de lúcido, cantando nas ruas, eu vou “Zerima” (2014) é o primeiro álbum de inéditas de Luiz Melodia em 13 anos. Desde “Retrato do Artista Quando Coisa” (2001), o cantor e compositor não apresentava uma nova safra de canções. No entanto, sem urgência, depois do período de hiato autoral que incluiu um álbum ao vivo com sambas dos anos 1930, 1940 e 1950, “Estação Melodia” (2007), ele diz não se preocupar com o tempo. “Eu sei que o tempo voa, mas eu não tenho pressa”, garantiu, subvertendo a letra de “Do Coração de Um Homem Bom”, de Ricar- »»»
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Discografia Pérola negra Maravilhas contemporâneas Mico de circo Nós Felino Claro Pintando o 7 Relíquias 14 Quilates Acústico ao vivo DVD Luiz Melodia “ao vivo convida” Estação Melodia ao vivo: Especial MTV Estação Melodia Zerima
1973 1976 1978 1980 1983 1988 1991 1995 1997 1999 2003 2008 2009 2014
Fonte: http://www.luizmelodia.com.br/
do Augusto, que afirma exatamente o contrário: “tenho pressa, porque eu sei que o tempo voa”. Em linhas gerais, a maturidade é um tema que norteia as canções do novo álbum, seja para falar da vida, da morte ou dos amores de outrora. A serenidade frente ao curso da vida se traduz na sonoridade cool, despida, onde não predominam os arranjos de metais que sempre deram o tom em seus trabalhos fonográficos, mas sim a voz, a harmonia, as cordas. Ao longo de catorze faixas, ele se alterna entre autor e intérprete com a calidez que caracteriza os seus 42 anos de carreira. A faixa “Nova era”, de Dona Ivone Lara e Délcio Carvalho, dá a dica: “essa vida é tão breve / vê se ao menos se atreve / a me querer com mais calor”. Luiz Melodia é sempre fogo. Das canções de próprio punho, o destaque é a faixa-título, uma bela marcha que o autor classifica como uma “homenagem saudosa” à irmã Marize, morta em 2011. “É uma homenagem a ela, que teve um AVC e morreu praticamente nos meus braços”, contou. A canção, cujo título é um anagrama do nome da irmã, diz: “no céu, você hoje é estrela zerima / que acorda, apaga, ilumina / essa terra onde a gente morre”. Ainda sobre morte e vida, Luiz Melodia faz suas as palavras de Sérgio Sampaio em “Leros e Leros e Boleros”. “Vou me fazer de eterno no meu encontro com Deus”, diz a letra belíssima
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de Sampaio, de quem o “negro gato” já gravou também, em outros álbuns, “Que Loucura” e “Cruel”. “São canções que me tocam. É a minha maneira de homenagear um amigo por quem tenho grande admiração”, disse Melodia sobre o artista capixaba, morto em 1994. Mas nem só de saudade pulsa “Zerima”. Em 2009, Luiz Melodia participou do álbum “Vagarosa”, da cantora paulistana Céu, na faixa “Vira-Lata”. E agora, é ela quem participa de “Zerima”, cantando “Dor de Carnaval”. “O que nos aproxima é a admiração mútua”, diz o compositor. O outro convidado do álbum também é um artista da nova geração. No caso, o filho de Melodia, Mahal Reis, que insere um rap no samba “Maracangalha”, faixa inclusa em “Zerima” por ocasião do centenário de Dorival Caymmi, comemorado em 2014. Em uma passagem do clássico “A autobiografia de Alice B. Toklas”, a americana Gertrude Stein comenta que, quando se é jovem, parece que muito mais coisas acontecem no período de um ano. Segundo a escritora, com a idade, o tempo se torna mais valioso e traz consigo a clareza do que realmente importa, de quais águas ainda vale a pena mergulhar. Para Luiz Melodia, é assim mesmo. O tempo o ensinou a lidar com as “misérias, armadilhas e arpões”, como canta na letra de “Papai do Céu”. “Só não aprende quem é bobo”, concluiu.
Anderson Araújo jornalista
A casa dos
assovios
A casa não era um castelo, mas ela estava feliz. A rotina não a entediava como temia nos piores pesadelos. Trabalhava de segunda à sexta e tirava sábados, domingos e feriados para o ócio ou alguma estripulia que envolvesse sol e banhos de rio, embora preferisse o mar cujo som tranquilizante e a imensidão estavam a quilômetros. Entre uma tarefa e outra, planejava viagens de luas-de-mel sem que houvesse casamento formal. Achava tenebrosa a ideia de se expor diante de convidados, vestida de branco, para consagrar os votos de amor diante de um homem com vestes de mulher – sim, considerava a batina uma peça feminina. Entre risos, os dois diziam que se casariam numa chácara sem a presença de padre algum e com farta distribuição de feijoada para, no máximo, quatro pares de amigos próximos e nenhum parente. Ele, por sua vez, levava mais a sério. Em segredo, guardava dinheiro para alianças de mais de dez gramas de ouro com inscrições românticas na parte interior, como viu em um filme ou ouviu de um amigo. Pensava em uma festa completa com “Ave-Marias”, coreografias, banquete e buquês, no entanto, estava certo de que ela jamais toparia. E fantasiava sozinho e encabulado, invertendo os papéis de noi-
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va casadoira e noivo irreverente. No mais, pagava o aluguel em dia da casa que assoviava em dias de muito vento, fenômeno que achava ótimo porque ela sentia medo do barulho e o apertava na cama sem dizer que o abraço servia para aplacar o pavor. Prometiam mudar de imóvel sempre, mas já estavam há mais de dois anos sendo presenteados de vez em quando com a estranha sinfonia. Algumas noites também reservavam encontros inesperados quando ambos acordavam de madrugada, cada um a seu tempo. O primeiro, quase sempre ele, mantinha os olhos abertos desafiando o breu do quarto até que a outra despertava. Percebiam a coincidência e tateavam o colchão para se achar, confortar qualquer sobressalto e retomar o sono. Quando não funcionava, falavam sobre o futuro até que a garganta secasse e, quase sempre, ela dormia primeiro. Não foram tantos, mas os episódios ficaram como lembrança constante depois que eles se separaram e tomaram rumos diferentes. Muito antes do fim, ela purificou as reminiscências de amores fracassados para ele, que nunca mais pensou nos casos passados, os que não conseguia se dedicar por completo e manter o interesse; os que as mulheres até se interessavam sinceramente
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no começo, mas a paixão se diluía com os dias e a falta de jeito. Com ela, ele finalmente encontrou o tom certo e o equilíbrio para um amor duradouro embora a vida, mais tarde, provasse que ele estava errado. Para ela, a grande novidade nele foi a aproximação sem ansiedade que outros homens demonstravam. Nunca teve pressa e conversava sobre tudo com encantamento visível sem mencionar seu real objetivo, porém. Como se escondesse o óbvio sem nenhum pudor e, contraditório, com todo o pudor do mundo de transparecer a paixão rasgada que já sentia. Encaixaram-se na vida com perfeição até as desistências vindas dos desgastes de sempre. Surpreenderam os amigos e conhecidos com o anúncio de separação. Mudaram de cidade, encontraram cada um seu amor novo, casaram-se. Ele como sempre sonhou, ela contrariada com o véu e a grinalda. Contudo, por toda a vida, sempre que acordavam no meio da noite, no escuro, lembravam das mãos tateando o colchão, das conversas intermináveis, dos abraços de medo e da casa dos assovios sem nunca mencionar as memórias a mais ninguém, partilhando-as sem saber cada um em seu novo lugar.
SABE O QUE AS PESSOAS RESPONDERAM QUANDO PERGUNTARAM
QUAL A SUA CONSTRUTORA PREFERIDA?
LEAL MOREIRA!
• LEAL MOREIRA 26,3% • CONSTRUTORA B 6,3% • CONSTRUTORA C 5,3% * FONTE: INSTITUTO DE PESQUISA MAURÍCIO DE NASSAU. A NOVA CLASSE MÉDIA - DEZ/2014
SEM PISCAR.
LEAL MOREIRA É A CONSTRUTORA PREFERIDA NA PESQUISA DIÁRIO DO PARÁ/CADERNO NEGÓCIOS. PORÉM, O MAIS IMPORTANTE É SABER QUE CONTINUAMOS A PREFERIDA NO SEU CORAÇÃO. OBRIGADO.
comportamento
Com planejamento, Bárbara e Vagner deixaram a rotina e empregos estressantes para trás e caíram – literalmente – no mundo.
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Flávia Ribeiro
Do sonho à
realidade
Grandes mudanças na vida, realização de sonhos, o ano começa e a cabeça voa quando pensamos em 365 novas oportunidades. Por isso, trouxemos histórias para inspirar você em 2015!
N
ão ter casa e trabalhar o dia de hoje para garantir a sobrevivência de amanhã tem sido parte da “rotina” da jornalista Bárbara Rocha e do fotógrafo e videomaker Vagner Alcantelado há uns anos. Quando empacotaram os objetos e desembarcaram na Nova Zelândia, em dezembro de 2012, o casal sentiu o frio da barriga típico de quem está dando um grande passo para a realização de um sonho. “Presos dentro de um escritório, das 9h às 19h, tínhamos a sensação de que a ‘vida’ estava acontecendo do lado fora, que não estávamos vivendo de forma plena. Tantos lugares, pessoas interessantes e experiências para vivermos! Não queríamos deixar nossos melhores anos passarem e vivermos essas experiências somente durante as férias ou quando estivéssemos aposentados”, relembra Bárbara. Eles tinham muitas ideias e energia e desejavam canalizar tudo isso para algo que trouxesse satisfação pessoal e que também pudesse ser viável financeiramente. E assim surgiu a ideia do projeto “Melhores Momentos da Vida”, uma série independente para TV, que acompanha as viagens pelo mundo, com foco para as atividades de aventura, cultura e belezas naturais dos países. Eles passaram seis meses pesquisando e fazendo contatos com empresas da Nova Zelândia, local da primeira temporada da série. O próximo passo era colocar o pé na estrada. “Não tínhamos nada a perder, se não desse certo sempre poderíamos
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voltar e recomeçar. Embora, a hipótese de voltar nunca tenha passado pela nossa cabeça, desde que deixamos o Brasil”, confessa Bárbara, revelando que é necessário planejamento de riscos e que, às vezes, é preciso fazer mudanças durante a execução do plano e estar atentos às oportunidades que surgirem. “Não tínhamos contrato com nenhuma emissora, por isso teríamos que arriscar, produzir a série por conta própria, do nosso bolso e só depois correr atrás e oferecer para uma emissora brasileira. Também não tínhamos grana. Saímos do Brasil com apenas grana para três meses e para comprarmos um carro. Foi aí que surgiu a ideia de criamos paralelamente uma produtora de vídeos itinerante especializada na criação de vídeos para hotéis de luxo e restaurantes. Para suportar os custos da viagem e da produção da série”. O casal já concluiu a primeira fase do projeto, que foi todo na Nova Zelândia e tem 13 episódios. Agora os preparativos são para a segunda temporada, no sudeste da Ásia. Vender tudo o que levou anos para ser conquistado aqui no Brasil, partir em direção a um novo continente e realizar um sonho, implica em enfrentar desafios. “O principal, é a questão financeira. Temos que estar sempre pensando a longo prazo e planejando. O termo “nômade digital” está na moda e há uma “glamourização”, pelo fato de muitos blogs propagarem a ideia de que é fácil viver pelo mundo ganhando muito dinheiro e trabalhando pouco. Isso não é verdade! Nós tra- »»»
Arquivo pessoal
Abaixo, Tatiana Solonca e o “filho de coração” João Victor. Após um exame que atestou compatibilidade com o menino, Tatiana perdeu quase 30 quilos para doar uma parte de seu fígado em um transplante. O gesto mudou a vida de ambos.
balhamos muito, mais do que trabalhávamos no escritório do Brasil, pois lá nós tínhamos um horário pra cumprir e ao final do dia podíamos nos desligar de tudo, enquanto aqui, o “escritório” está sempre com a gente, onde quer que a gente vá. O sucesso do nosso projeto depende inteiramente do nosso esforço diário em conseguirmos novos clientes, para mantermos a grana entrando, e paralelamente a isso, precisamos filmar e editar nossa série pra TV e web, escrever no blog, divulgar o projeto, etc. É difícil encontrar o equilíbrio, às vezes, e realmente aproveitar os lugares para onde estamos viajando, de forma relaxada. Acho que este está sendo o nosso maior desafio! Mas mesmo assim está valendo super a pena! Estamos aprendendo muito”, analisa a jornalista. Dar o primeiro passo para a realização do sonho é importante, mas se manter firme no caminho também é e como Bárbara já antecipou, mesmo enfrentando reveses no meio caminho, investir nos seus sonhos é uma experiência enriquecedora. “Viver pelo mundo sem casa não é pra qualquer um. É preciso “estar” sempre adaptável, saber improvisar e não ter medo de mudanças. Que cada um invista na sua própria fórmula, mas não tenha medo de buscar a felicidade, seja num escritório, ou viajando pelo mundo. Com foco, força e fé (na vida) se consegue tudo!”. “Mudar e fazer o bem” Às vésperas de mais uma virada de ano, Tatiana Solonca tinha poucos planos para 2014: queria emagrecer e ter mais um filho. Moradora da Grande Flo-
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rianópolis, ela pesava 103 kg, já era mãe de Pedro, então com quatro anos e havia passado por dois abortos espontâneos em 2013, somando um total de cinco. A realização desses pedidos de ano-novo começou no dia 31 de dezembro, de uma maneira esperada. Em um culto, ela conheceu Maria dos Santos, avó do menino João Victor, 4 anos à época, que pedia ajuda para conseguir um doador de fígado para o menino, que lutava desde os dois anos de idade contra um câncer. “Nós nos dispusemos a mobilizar pessoas na igreja e eu disse que faria o teste, mas sem jamais imaginar que seria compatível”, relembra. O menino teve uma piora no quadro, por isso só em fevereiro ela desembarcou em São Paulo para fazer os testes. Dias depois veio a resposta: mesmo sem ser parentes consanguíneos, eles eram compatíveis. A partir daí começou toda a transformação de Tatiana. Ela já havia emagrecido espontaneamente e estava com 97 Kg na época do teste, mas precisava perder mais. “Como eu estava desempregada, eu engoli o meu orgulho e fui pedir ajuda em uma academia. Lá tive todo um suporte para a parte física e nutricional, algo que eu jamais poderia pagar. Desde as roupas, tênis e parte da minha alimentação eu consegui lá. Foi uma onda, uma corrente de pessoas para ajudar o João Victor”, conta. Ela tinha que correr contra o tempo para conseguir perder peso, pois o tumor poderia debilitar mais a saúde do menino. Em maio, eles tiveram a notícia de que o tumor havia aumentado e ele teve
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de passar por blocos de sessões de quimioterapia. Algo tão agressivo que o menino quase foi considerado como terminal. No entanto, antes do último bloco, o tumor havia regredido e era o momento de fazer a cirurgia, ela ainda teve que conseguir uma autorização judicial e em 20 de agosto a cirurgia foi realizada. Tatiana doou uma parte do seu fígado. “Mas para mim foi como um novo parto, eu senti que havia colocado mais um filho no mundo”, comenta. O menino ainda passou mais de 40 dias internado até voltar para sua casa. E de lá para cá ele vem melhorando e ganhando pequenas batalhas diariamente. “Ele já tomou o primeiro banho de piscina e tem um topete, que adora. Até me pediu um xampu e um gel de presente” diverte-se. Ainda emocionada, Tatiana relembra daquela virada de ano. “Eu havia perdido dois bebês naquele ano e ficava me perguntando por que eu não conseguia engravidar... Então, eu só queria duas coisas para 2014: emagrecer e um filho. Quando olhei para trás fiquei muito feliz com a história que Deus escreveu para a minha vida. Agora, quero vê-lo na escola, sonho com cada etapa, universidades, casamento, netos, enfim uma vida plena para meus filhos”. Planeja Tatiana, que manteve os bons hábitos e já está com 71 kg e planejando chegar aos 65 kg, alguém duvida de que ela consiga? Para os sonhos saírem da fronha Para a psicoterapeuta Michele Oliveira o autoconhecimento é o mais importante para a realização de sonhos. “Parece simples porque podemos res- »»»
Foto Dudu Maroja
ponder que sonhamos em ter a casa própria, ter um carro, fazer uma viagem ou que alguém específico nos ame. Mas todas essas coisas são, na verdade, grandes ilusões pertinentes à nossa cultura e não necessariamente correspondem àquilo que realmente desejamos e que está de acordo com quem somos, com o que sentimos e que nos constitui a cada um. Então é bom estarmos atentos a duas questões. A primeira é desenvolver a consciência de que essas coisas podem nos proporcionar bons momentos, mas não definem a nossa felicidade e a segunda é ter clareza de qual a motivação está por trás desse sonho. Então, sob essa perspectiva, para as pessoas se organizarem para que seus sonhos se tornem realidade eu sugiro fortemente que elas iniciem um processo de autoconhecimento que as torne capazes de conhecer os seus valores e basear as suas prioridades nele. Porque você pode realizar maravilhas, mas se elas não estiverem afinadas à sua essência, você continuará em busca de algo que sequer sabe o que é. Ou quem sabe até você esteja se esforçando a vida toda pra alcançar algum objetivo, mas vem repetindo padrões que você não percebe que são improdutivos”, explica. Realizar uma grande mudança de vida, no entanto, envolve sair da zona de conforto, arriscar, se expor e saber lidar com possíveis frustrações. E por isso o autoconhecimento é o passo mais importante para as realizações, pois com ele vem autoaceitação e isso vai fazer diferença no decorrer das mudanças. “Tudo bem ter um plano B, C ou D em várias situações da vida, mas ainda assim os riscos não deixarão de existir. E se você acha que o sonho que você quer alcançar realmente está de acordo com quem você é na sua essência, o mínimo que você pode fazer para ter uma vida plena é correr o risco. E se você chegou até esse ponto por meio de autoconhecimento e autoaceitação, você provavelmente passou por uma etapa em que pôde perceber não só que os riscos estão sempre envolvidos, mas também que você não precisa depositar toda a sua expectativa num único objetivo. Até porque a essa altura você provavelmente já terá entendido que o seu maior sonho se realiza quase diariamente, nas pequenas coisas que fazem seu coração vibrar, seu sorriso se abrir e que nem são coisas mesmo; são o que você é! Porque acreditando ou não, você tem tudo o que precisa pra ser feliz! Precisa apenas praticar, pois assim como várias outras coisas, felicidade também é questão de prática!” fala Michele.
Serviço Para a psicoterapeuta Michele Cunha, realizar um sonho e promover uma mudança de vida implicam em sair da zona de conforto.
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Carolina Menezes
Nas
ondas rio do
B
elém, dizem seus moradores, “é uma grande cidade com ares de pequena”. “Um ovo”, diriam outros. O dito “provincianismo”, apesar de quase sempre ser lembrado com algum ranço, divide opiniões. E é justamente essa característica tão polêmica o que encanta o coração do radialista e jornalista Edgar Augusto Proença. Diferente da grande maioria, ele, criado pelos arredores da avenida Presidente Vargas e profundo conhecedor da cidade – “mas só até São Brás, se me jogar na Cidade Nova eu acho que não sei nem voltar para casa”, admite, meio rindo – vê aspectos mais que positivos nessa característica tão intrínseca da cidade. “É o que resguarda o passado tão bonito de Belém, do tempo em que as pessoas eram mais solidárias umas com as outras…”, justifica, com os olhos voltados para o teto do belo Sesc Boulevard, onde ele concedeu a entrevista, como se buscasse degraus mais acima de um passado próximo não muito distante, mas de muita saudade. Apaixonado confesso pela cidade onde nasceu e se criou e “amante declarado de Mosqueiro”, Edgar não nega o sangue que circula em amplitudes e frequências moduladas nas veias da Família Proença, fundadora da Rádio Clube do Pará e até hoje administradora da filial da rádio Jovem Pan em Belém. Voz inconfundível do programa Feira do Som, no ar há mais de 40 anos pela Rádio Cultura, ele faz parte da história moderna do rádio em Belém e lamenta que as emissoras não se unam em prol da uma maior proteção e valorização dos símbolos e valores de Belém. “No aniversário de 400 Anos, se eu pudesse dar um presente para a cidade, daria todo esse amor que eu tenho por ela, para receber depois todo esse amor de volta”, derrete-se. Confira a entrevista:
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Quero saber da sua relação com Belém, se você é nascido e criado... Nascido e criado mesmo aqui. Houve um tempo em que ia muito ao Rio de Janeiro, visitar os avós, que tinham um apartamento lá, então sempre estava dando uma voltinha por lá. Era aquele negócio de férias de colégio, o resto é Belém, Belém, Belém, e amante declarado de Mosqueiro!
E no que a Belém de hoje lembra essa Belém da tua infância, da tua adolescência, do Mosqueiro que tu tanto gostas... É engraçado, essa relação que a gente tem com a cidade, porque eu me gabava de saber andar em Belém por inteiro, achava que sabia tudo, que conhecia a cidade, mas o meu limite era São Brás. Como me criei na Avenida Presidente Vargas – minha mãe mora até hoje ali, em um edifício quase em frente à Praça da República –, eu andava muito a pé, de ônibus, mas meu limite era mesmo São Brás. Sou do tempo em que quando se perguntava ‘onde tu moras?’, e a pessoa respondia ‘na Almirante Barroso’, a gente dizia ‘ooooh, muito longe!’. Principalmente se fosse ali para as bandas do estádio da Tuna. Morar para as bandas do Souza era como morar em outra cidade, mas hoje em dia é tudo perto... Mas se me soltarem na Cidade Nova eu não sei nem andar. Vou ter que perguntar para alguém como voltar para o centro. Então tua relação mais intensa, digamos assim, é mesmo com o centro da cidade? Sim, porque me criei e vivi intensamente esse trecho. Depois centralizando o trabalho em determinados locais, ficou difícil para mim, mas eu acho que Belém tem algo muito importante, por- »»»
Dudu Maroja
que guarda um aspecto meio provinciano, e isso é bom... Mas quase todo mundo fala tão mal desse aspecto da cidade, qual é o lado positivo disso no teu entendimento? Eu acho que é uma coisa boa porque este provincianismo resguarda um passado muito bonito da cidade, um tempo de mais solidariedade entre as pessoas, elas se conheciam mais de perto. Uma cidade pequena, sobre a qual meu pai dizia “tão pequena que a gente sabe quem tem carro!”. Quando acontecia um acidente de carro, todo mundo ficava ‘quem foi?’, porque se sabia todo mundo que tinha carro. Hoje em dia, não! Há uma diferença grande, que eu sentia naquela época quando ia ao RJ, enorme em relação a Belém, pelo menos na minha visão. Eu andava Copacabana, Ipanema, Leblon... E uma vez eu fui de ônibus com um tio até a Zona Norte, São Cristóvão, e fiquei muito impressionado com o tamanho, também não saberia andar se me largassem lá. Para mim, o Rio já era gigantesco em relação a Belém antes de ir à Zona Norte. Mas é como o pessoal que mora no interior do Estado e que acha que a capital é enorme... Agora o que eu guardo muito de Belém, na lembrança, primeiro é porque eu a acho uma cidade bela. Os prédios são belos, lamento muito, é uma coisa que me horroriza, são os pichadores. Fico muito triste quando eu vejo a cidade pichada, maltratada, com lixo, porque é
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uma cidade muito bonita. E essa não é uma apreciação do adulto que depois se conscientizou, é um amor infantil. Desde criança que eu sempre olhei boquiaberto para Belém e sempre achei linda a nossa cidade. E hoje em dia continuo achando, só acho que está maltratada, ela cresceu, eu não acompanhei muito o crescimento dela em direção a Ananindeua, lamento um pouco por isso. Mas a Belém da minha memória é esta do centro da cidade, do começo aqui do Boulevard até São Brás. Então visualizas “duas Beléns”: a do centro e a do entorno, que envolve Souza, Ananindeua, Marambaia... elas cresceram em ritmos diferentes? Ah, sem dúvida alguma! O crescimento do entorno que você fala foi um crescimento desordenado, na base da ocupação e não trouxe para a cidade algo um pouquinho mais consistente, projetado para o futuro, para durar. Agora está havendo essa preocupação. Mas quando ela começou a se expandir, os próprios governantes não tiveram o cuidado de tentar acompanhar esse crescimento, no sentido de evitar alguns problemas que a cidade hoje apresenta, como esse estrangulamento no trânsito. Nada foi pensado no sentido de que a cidade cresceria a ponto de a estrutura que havia inicialmente não ser suficiente. Hoje está se tentando colocar ordem, mas está bem difícil...! Meu consolo é que vejo que há tentativas, há discussões. »»»
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Para o radialista Edgar Augusto o provincianismo de BelĂŠm resguarda um passado muito bonito; um tempo de solidariedade.
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Tu tens uma relação muito forte com o rádio daqui de Belém, como começou isso? Tem a ver com a tua ligação com a cidade ou só calhou de ser aqui o lugar que escolheste para trabalhar com isso? A Rádio Clube, onde comecei, é da emissora fundada pelo meu avô e dois tios, por consequência, era uma empresa familiar. Quando meu avô começou a se aposentar, ficou doente, meu pai assumiu, e eu tinha – e tenho – meu pai como um grande ídolo. Achava-o uma figura sensacional, o máximo. Acompanhava o trabalho do papai, que era um dos locutores esportivos mais apreciados aqui, o maior que o Pará já teve. Papai narrava jogo, lia programas esportivos, e eu não perdia um. Escutava em casa e ficava imitando o meu pai. Eu tive quando criança uma grande pretensão: ser igual a ele, eu queria repeti-lo. E me favoreceu muito a natureza: desde adolescente, já tinha a voz que eu tenho hoje, e as pessoas ficavam: ‘tens voz de locutor, tens voz de locutor’. E eu comecei, bem a propósito, aos 14 anos de idade, inclusive de forma irresponsável, digo isso olhando de hoje para ontem. Já com 16 anos eu emitia inclusive opiniões... e é um perigo muito grande você entregar um microfone de rádio para um rapaz de 16 anos para que ele diga ‘na minha opinião...’. O cara não pode ter opinião firme com 16 anos de idade, ele não sabe de nada! E eu tinha a pretensão, eu achava que sabia! Mas diante dessa colocação, eu tive muitos professores bons que me instruíam muito, me chamavam bastante
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a atenção e me colocavam dentro da minha posição. Eu aprendi muito, tinha humildade, ainda bem! Para ouvir, sempre ouvi, e me criei dentro disso, querendo ser um locutor de rádio. Claro que estudei, me formei, meu pai queria que eu tivesse curso superior. Tua formação é em Comunicação Social? Não, sou formado em Direito. No tempo em que eu fiz faculdade de Direito, Universidade (Federal do Pará, UFPA), não havia ainda o curso de Comunicação. Engraçado, eu me formei em Direito para ter o curso superior, e nos dois primeiros anos do curso eu até pensei em ser mesmo advogado, e radialista. Do terceiro ano em diante eu tive a certeza de que eu não queria nada com aquilo, meu negócio era a rádio. E a sorte me ajudou de forma que, anos depois, quando o curso de Comunicação começou a ser implantado aqui, eu fui convidado para ser professor, para que o curso pudesse ser instalado, para que o [Ministério da Educação] MEC pudesse reconhecê-lo era necessário que a Universidade dispusesse de uma equipe de professores que, depois, fariam prova, seriam julgados para ver se continuariam. Mas eu fui um dos fundadores do curso e só pude fazê-lo porque tinha um curso superior! Aí o diploma de Direito me valeu! Cheguei a ser coordenador de curso durante quatro anos, lecionei 19 anos na UFPA, quando eu soube que eu podia me aposentar por tempo de contribuição, tendo iniciado tão »»»
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cedo a contribuir, com 14, pude sair para continuar trabalhando em rádio e televisão com mais tempo. Então minha ligação com rádio, TV e jornal é essa. Escrevo em jornal desde os 17, TV faço desde os 30.
foto Rosane Botelho
Rádio e Belém – como está essa relação hoje? Temos umas coisas que são muito nossas, como o hábito do listão dos aprovados no vestibular... Quando o rádio começou, seu público era um só, e era a elite. Afinal de contas, só podia comprar receptores de rádio quem tinha dinheiro. Era caríssimo, os primeiros receptores eram importados, chegavam de navio aqui para Belém. O próprio equipamento da Rádio Clube era importado. Não havia similar nacional. Tanto que foi a quarta emissora do país [em ordem de criação], a primeira foi em Ribeirão Preto, depois São Paulo capital, Rio de Janeiro e Belém. Então os transmissores e microfones vinham todos de fora. Quando se fala hoje nisso, imagina, aquela coisa enorme, não era. Belém era pequena, a Rádio Clube, com o transmissor que tinha, era um som que se fosse gerado daqui do centro chegaria no máximo até a Basílica de Nazaré. Não precisava mais do que isso, porque era a elite que adquiria os aparelhos, e o comércio abastado era quem patrocinava. Era comum haver um programa de rádio em que a filha do fulano de tal vai tocar piano e vai haver a transmissão ao vivo – o piano também havia sido comprado fora! Depois muita música ao vivo, gente tocando violão, orquestras tocando, e com um som rudimentar já que havia poucos microfones, nenhum aperfeiçoamento técnico nesse sentido. O rádio começou a se popularizar a partir do instante em que se tornou portátil: era o rádio de pilha, que todo mundo podia ter. E consequentemente a programação das emissoras começou a se diversificar. Ainda assim era uma programação única, sendo que cada emissora tinha um padrão de programação, alguns gostavam, outros não... Durante muitos anos a Rádio Clube reinou absoluta aqui. Nasceu em 1928, e a Rádio Marajoara, sua primeira adversária, só apareceu em 54. Começou então a disputa, mas com programações iguais, aí o que pesava era a qualidade. Quem tinha o melhor locutor, quem tinha o melhor programador. A segmentação do rádio começou a acontecer a partir dos anos 60, já início dos anos 70 com o advento das emissoras em [Frequência Modulada] FM. Na área da propaganda, começou-se a imaginar mensagens para um público A, B, emissoras começaram a fazer programas muito populares, outras mantiveram a proteção ao segmento
maior, da elite. Então eu acho que aqui, como em todo o Brasil, a programação foi evoluindo à medida em que as pessoas iam mudando, a sociedade ia mudando e as classes se definindo cada vez mais, e a propaganda das agências voltada já à pesquisa e sabendo em que segmentos podia investir. E as emissoras de rádio, principalmente as FM, passaram a dispor de públicos determinados. Lembro, por exemplo, que quando apareceu a emissora dos meus irmãos aqui [primeiramente Cidade Morena, e depois a afiliada de Belém da Rádio Jovem Pan], eles queriam fazer uma emissora de rock, de música pop. Eles queriam se dirigir a um público mais jovem, que de repente não ia escutar um noticiário político, assim mais sério, ter uma programação mais elitizada. As pessoas queriam o que estava no modismo aí, então começaram a aparecer essas disputas, ficando assim com as emissoras de ondas médias [de Amplitude Modulada, AM] o domínio do ‘povão’, porque voltando para como foi no princípio, a elite passou a adquirir os aparelhos em FM, nem todo mundo tinha, precisava importar da Zona Franca de Manaus, não era muito fácil, custavam caro, enquanto que os AM eram baratos. Então as emissoras de ondas médias investiram na ‘programação povão’, com aqueles locutores, tudo o que a televisão hoje copia. Esses programas mais populares, de polícia, investigativos já existiam antes nas rádios. Eu sempre falava que a televisão, quando começou, era um rádio com imagem. A TV adquiriu a sua própria linguagem uns dez anos depois de instalada definitivamente aqui. E o rádio teve que modificar a dele, chegar mais junto das pessoas. Perdeu público, e só começou a recuperar quando passou a ser imediatista e um companheiro individual de cada ouvinte. Ou seja, se falava para um milhão de pessoas, mas o linguajar, a abordagem de texto e tudo era como estivesse dizendo ao pé do ouvido de uma só pessoa. Eu acho que aqui em Belém foi da mesma forma, hoje você vê que há emissoras evangélicas, emissoras católicas, emissoras mais jovens, de repente, por exemplo, você quer escutar uma programação educativa, você escuta a Rádio Cultura, a Rádio Unama, a Diário FM. Mas quem escuta a Jovem Pan já é mais o pessoal mais jovem, do modismo, daquela música mais de discoteca e ‘tarará’, é diferente. Emissoras como a 99 FM ‘alopram’ muito mais: é povão, é brega. Agora, por exemplo, em uma evolução maior ainda, estão sumindo as emissoras de ondas médias, serão todas em FM, mas a segmentação vai continuar, apenas com um som »»»
melhor, mais limpo, e de menor alcance, mas não interessa, interessa aquele público que já é atingido. Belém acompanhou isso tranquilamente. Não sei se é bom ou ruim, mas há algo que eu notei, durante muitos anos em que eu viajei transmitindo futebol. Sempre fui um defensor muito grande da nossa linguagem, aqui de Belém, do ‘paraensismo’. Sempre fui um paraense empedernido, fanático. Achava muito interessante, acho até hoje, o nosso modo de falar. Nem sei se falo igual paraense, acho que sim, afinal eu me criei aqui... Mas o paraense é aquele que para contar até dez ele conta ‘um, dosh, treish, quatro, cinco, sêsh’. O maranhense conta ‘um, doisss, trêsss, quatro, cinco, seisss’. O sergipano fala diferente – tenho uns primos que moram lá e têm sotaque mais carregado que o do pernambucano e do cearense. E quando eu chegava em qualquer cidade eu ligava as emissoras de rádio de ondas médias e escutava o ‘pérnambucano fálando dáquele jeito’, o ‘baiaaaaano, meu rei... falando di outro mooodo....’ Diferente das FMs, que pregam uma padronização...? Aí quando nesses mesmos lugares eu sintonizava nas rádios FM, eu notava que as vozes dos locutores eram iguais às vozes de Belém, do Rio, de São Paulo, de Minas [Gerais], quem não tinha aquele sotaque adquiria para poder satisfazer o padrão daquela emissora. Eu sempre achei que a rádio, o jornal, sempre teria que exprimir bastante, com clareza, a cultura daquele lugar. Então essa globalização de linguajares não me agrada muito. É como aqui, eu me lembro quando criança, você empinava ‘papagaio’. Hoje em dia você empina ‘pipa’! A garotada de hoje não fala mais em ‘papagaio’, fala em pipa. E esse termo quem sempre falou foi o carioca e o paulista. Aqui era ‘papagaio’ ou ‘curica’, quando era o papagaio sem a haste. Então eu acho que há alguma evolução exagerada nessa questão. Não gosto muito, não. Mas acho que, de certa forma, Belém consegue proteger, em suas emissoras de rádio de jornais, um certo regionalismo, acho que ainda segura – o que é bom. Nesse traço evolutivo em que estamos, com os 400 anos já na porta, como tu vês o futuro da rádio? Pode acabar, como dizem que daqui a 40, 50 anos o jornal impresso vai acabar, porque a internet vai dominar tudo...? Para a rádio esse também é um risco? O Paulinho da Viola uma vez escreveu um samba, ‘Há muito tempo eu escuto esse papo furado/ Dizendo que o samba acabou / Só se foi quando o dia clareou’, e eu penso no rádio da mesma forma. Eu não sei quantas mil vezes eu já escutei que o rádio está com os dias contados. Quanto mais dizem que o rádio está com os dias contados, mais emissoras aparecem, mais opções de programações de rádio aparecem. Eu hoje em dia, imaginando daqui a 40 anos, eu não arriscaria dizer nada, mas talvez só uma coisinha: que haverá um receptor de rádio transmitindo, o quê, eu não
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sei. Mas que vai haver, ainda vai. As pessoas não podem se isolar, elas não querem. Um aparelho de rádio pode ser um celular. Mas vai ser rádio. Ainda! Pode ser que a forma do rádio mude muito, mas ele continuará presente, aliás, ele permanece presente. Confesso que não sei se isso se repete em outros estados e capitais como acontece aqui, mas tanto o prefeito quanto o governador têm o seu espaço, que é uma espécie de café da manhã com o ouvinte e um momento em que eles apresentam seus feitos, prestam contas com a sociedade. Pelo menos a minha geração associa muito o rádio à música, mas te pergunto: ainda é um espaço de crítica, de puxão de orelha do governante? É, sim, um espaço também para isso. Aqui em Belém, no Estado de um modo geral? Mudou um pouco a questão dos chamados horários nobres. Deixa eu te dizer uma coisa, eu tenho um programa de rádio que vai fazer 43 anos no ar no próximo dia 1º de março de 2015, a Feira do Som. Eu escolhi o horário de meio-dia, então há 43 anos eu almoço depois das duas da tarde. Nunca mudaste o horário? Nunca. Não abro mão. A maior audiência que eu tenho com o programa é em ônibus, cami- »»»
nhões e veículos, táxi e tudo. Está comprovado. As pessoas gostam de ouvir o tipo de informação que eu dou ‘rodando’ música, mostrando discos que estão saindo, que ainda nem chegaram pra venda aqui, mas eu já tenho! As pessoas adoram, eu crio chavões, brinco com isso e tal. Tudo é proposital, é para atender as pessoas. Eu acho que o rádio ele é um companheiro. Eu tenho um filho de 32 anos, fanático pela internet e essa coisa toda e ele virou para mim um dia desses e disse: ‘mas pai, quem é que escuta?’ E ele tomou um susto uma vez, quando fez uma pesquisa e viu o quanto o rádio ainda é ouvido. E não é à toa que o prefeito Zenaldo Coutinho pede, e paga caro, tanto para a [Fundação Paraense de Radiodifusão] Funtelpa, que é do Estado, quanto para as outras emissoras, para ter um horário. Eu trabalhei um tempo com o ex-governador Jader Barbalho, quando era diretor da Rádio Cultura. Ele viajava muito. Mas só para se ter uma ideia, ele designou um operador de rádio da emissora, chegou para ele e disse: “a sua função aqui na rádio durante todo o meu mandato vai ser gravar o meu programa”. Agostinho Soares o nome dele. Ficava à disposição do governador. Gravava por telefone quando não conseguia voltar a tempo de Brasília, Agostinho ficava de plantão, recebia horas extras e tudo. Às vezes ele chegava
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no hangar do Estado às três da manhã e queria gravar para que o programa estivesse no ar às seis da manhã... Ele não abria mão, de onde estivesse, achava que tinha de prestar satisfação diariamente do que estava fazendo, acreditava muito em rádio. Aí alguém pode dizer ‘ah, mas ele foi governador há muito tempo’, só que os outros que vieram, continuaram! O atual governador, Simão Jatene, parou por enquanto, não sei se está pretendendo voltar [nota da editora: esta entrevista foi feita em dezembro de 2014], mas manteve seu programa diariamente nos dois primeiros anos desse mandato. Quando não podia, mandava um dos secretários de Estado falar. Lembro de um outro governador que tivemos, Hélio Gueiros, que, jornalista de origem como era, chegou e disse: ‘eu quero que diariamente o rádio ouça as pessoas que criticam o meu governo, eu quero que elas falem mal de mim, que elas falem tudo o que elas quiserem. Mas também, uma coisa. Logo em seguida das esculhambações que eu pegar, eu quero que um secretário dê entrevista e rebata, porque eu acho que as pessoas precisam ser informadas’. Achei muito bom isso dele. Veja a importância que o rádio tinha, teve, e que ainda tem por agora. Você já escutou o Zenaldo falar e ele fala cedo. Quando falei da minha escolha pelo horário da Feira do Som, é porque os horários no-
bres mudaram. O horário sagrado é de 6h30 às 7h30, quem tiver programa de rádio essa hora, é uma beleza. Porque ouve a mãe que vai deixar o filho no colégio, o cara que acorda cedo e vai tomar banho mas liga para saber o que está acontecendo na cidade. O camarada que está indo buscar o filho na escola e também para almoçar, meio-dia, ele vai escutando a Feira do Som, e se gostar, chega em casa e liga o rádio para continuar escutando. E no cair da tarde, 18h, 18h30, também por causa do trânsito. Oito, nove da noite, não tem, fora os ouvintes fiéis, o porteiro, o vigia, o motorista de táxi, mas é em número reduzido. TV tem audiência a qualquer horário, porque onde você vai tem uma aparelho. O rádio perdeu muito com isso. Antigamente, em um consultório médico, a rádio ficava sintonizada na Cultura, na Diário, na sala de espera. No teu carro, o som que predomina é o do rádio? Ah, sim, embora tenha mp3 player e tudo, eu vou para o trabalho e quero saber o que está acontecendo. Sou um locutor antigo, escuto tudo, não só a emissora que eu trabalho. E o que as notícias do rádio têm te trazido sobre a cidade? Que Belém é essa que te chega, seja pela
Na opinião de Edgar Augusto, o falar do paraense é lindo e uma das características mais marcantes.
amplitude ou frequência modulada, a caminho do trabalho? Está faltando mais poesia e sensibilidade na programação em relação aos valores de Belém. Naquela segmentação que nós falamos tem muitos programas de teor policial, e que mais se refere a roubo, assassinato, e há aqueles que, dependendo do viés político, fazem a crítica de acordo com o interesse da empresa. Tem as emissoras de rádio ligadas ao Governo, se não partidariamente, são simpáticas à gestão que estiver no poder. Tem as que são contra e tentam derrubar, e haja crítica. Evidente que uma emissora como a Rádio Cultura, que é do Estado, não vai criticar o Governo, mas deveria. Deveria. Deveria. Mas só exalta o lado bom. Às vezes escuto a emissora e parece que estamos vivendo em uma cidade incrível, então há um certo exagero, assim como também há com o lado que quer dizimar o Governo! Acho que deveria haver um movimento comum, de todas as emissoras, para proteger mais a cidade, os seus hábitos, sua história, seus prédios, seus valores. Deveria ser uma campanha consciente e equilibrada de tudo isso. Contemplando as críticas, claro, cada um tem a sua tendência, mas tendo esta observação de que precisamos de uma cidade um pouquinho mais feliz e os meios de comunicação têm um papel importante nesse sentido.
E que hábitos são esses? Proteção, principalmente ao nosso vocabulário, que é sagrado. Ainda no mês de dezembro, a professora Rosa Assis lançou um livro chamado “Gitinho”, e nele ela tenta mostrar termos que são usados somente aqui em Belém e cidades próximas, e que se não cuidar, cultivar, vão virar coisa do passado. Raimundo Mário Sobral, jornalista, colunista, já editou três livros que ele chama de “Dicionário Papa-Chibé”, um incentivo dessa proteção. Acho que se começaria por aí, porque rádio é áudio, é voz. Daí a proteção ao cancioneiro, às nossas manifestações, há uma carência muito grande disso. Há emissoras de rádio e TV que só o fazem obrigadas. A Rádio Cultura tem essa linha, mas é pouco. Não é impor nada, é sugerir. Criar um hábito. É o mesmo que passar pela praça e observar uma orquestra no coreto, todo mundo corre e para pelo menos dez minutos para ver. E se perguntar, a pessoa diz que gostou, porque é bonito. Por que que o que é bonito não vai para as rádios? Se as pessoas até param na rua para ouvir? Acho que precisa haver essa proteção. As emissoras de rádio são uma concessão do governo, e no regimento, elas se obrigam, fundamentalmente, a trazer para as pessoas educação e entretenimento. Agora há emissoras que todos nós sabemos que
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não promovem nada disso. O governo poderia agir, mas também não tem muito interesse nisso, e é algo histórico, não estou falando do mandato A ou B. Seria uma questão de ter conscientização maior. Não adianta fazer exigências ou imposições porque elas sempre são dribladas. O que tu darias de presente no aniversário de 400 anos da cidade que te fez jornalista, radialista, apaixonado pelo vocabulário e tudo o que Belém é? Primeiro eu pediria algo que tive e não tenho mais: a liberdade de poder andar a pé a qualquer hora pela cidade. Sou de um tempo em que, de noite, dez, onze da noite, eu podia atravessar andando sozinho a Praça da República sem que nada acontecesse. E andava olhando para os prédios, porque havia tranquilidade, paz para isso. Me incomodo com as casas gradeadas e os bandidos na rua, não poder andar com bolsa, telefone celular... Meus filhos já foram assaltados umas 500 vezes. Sei que é um sonho, mas eu queria. E de presente queria dar o amor, o apreço que tenho por essa cidade onde nasci e me criei, onde me sinto bem, de onde sinto saudades só de sair alguns dias de férias. 15 dias e eu já fico louco para voltar. E de presente eu queria dar esse amor todo para Belém, e queria que ela me desse esse amor de volta.
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RELÓGIO ASTRONÔMICO Se você não é adepto de relógios de pulso, eis uma boa razão para usar este, em especial [se você é apaixonado, elenque mais um tópico para não abrir mão deles]. O Relógio Astronômico mostra com precisão os movimentos do sistema solar no seu pulso. “The Midnight Planetarium” ou, em tradução livre, “O Planetário da Meia-Noite” é um relógio simplesmente extraordinário. Muito mais do que um simples relógio de pulso, o objeto
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presenta Mercúrio, enquanto cloromelanita faz as vezes de Vênus, turquesa é utilizada para simbolizar a Terra, jaspe-vermelho representa Marte, ágata azul, Júpiter e a pouco conhecida pedra sugilite simboliza Saturno. Projeto da Van Cleef & Arpels. Série limitada e preço estimado em R$588 mil [você não leu errado: pouco mais de meio milhão de reais]. www.vancleefarpels.com
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especial
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Luciane Fiuza de Mello
Dudu Maroja
Reluz!
O desejo ancestral de beleza, sedução e pertencimento confunde-se com a própria história dos adornos e joias. No cenário nacional, a produção de joias com selo paraense tem encantado pelo design e pela versatilidade de matérias-primas.
É
difícil, mas faça um esforço. Vamos visitar [em pensamento] o período Paleolítico da humanidade, há aproximadamente 2,5 milhões de anos. Também conhecido como o período da “pedra lascada” [quando nossos antepassados descobriram maneiras e ferramentas que possibilitaram produzir os primeiros artefatos], o paleolítico representou um divisor de águas em nossa história. É deste período que estes descobriram que conchas, ostras, dentes e peles faziam colares, como se fossem troféus de suas caças. Não tardou muito [em termos relativos] até que utilizassem esses adornos para agrupar e distinguir grupos. Quando da descoberta do âmbar, uma resina fossilizada, os adornos ganharam um certo “glamour” e exerciam um fascínio natural sobre nossos antepassados, pela dificuldade e raridade com as quais encontravam esta matéria-prima. Na Amazônia, nossos ‘parentes’ utilizavam [e ainda utilizam] traços característicos de suas etnias e/ou das tribos às quais pertencem. Os adornos apresentam semelhanças, mas guardam pequenas diferenças, que são grandes aos olhos de seus usuários e membros das etnias. Ao longo da história, alguns padrões estéticos mudaram, o design evoluiu; surgiram novas matérias-primas. Adornar corpos [não importando sua
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finalidade], entretanto, sempre exprimiu o desejo de pertencimento – se não a um grupo – e o de chamar atenção. Evolução do conceito de adorno No Pará, um movimento de valorização dessa história, combinada a um investimento na capacitação e profissionalização de designers, incentivou microempresários e profissionais da área a empreenderem a difícil e valorosa missão de combinar arte, design e valorização da excelência do “feito à mão”. E não apenas. Juntos, eles conceberam uma meta: chegar ao universalismo por meio da narrativa poética de uma ambiência particular de recontar a cultura e a natureza amazônica. A materialização dessa nova narrativa sobre a harmoniosa relação entre a natureza do território amazônico e sua diversidade cultural torna o produto final único e coloca no competitivo mercado de joias e da moda peças que se comunicam com o mundo. Ao unir tradição e contemporaneidade, a estética da joia paraense tem sido considerada de vanguarda pela crítica especializada, e atraído um público consumidor diversificado em feiras, exposições, concursos e nos centros nos quais o produto é apresentado. »»»
A joia paraense tem design único porque "promove" o diálogo entre metais nobres com matérias-primas diferenciadas... Além de revelar talentos individuais, os profissionais que integram a cadeia produtiva da joalheria paraense, nesse coletivo de empreendedores, ampliam o imaginário cultural ao mesmo tempo em que descortinam novas identidades para o povo amazônico, preservando e expressando o valor inestimável da cultura de um território mágico e real: a Amazônia paraense. Outra característica particular da joia artesanal paraense está relacionada à valorização dos modos de fazer, com influências de culturas milenares da Amazônia, que ultrapassam as barreiras da estética e do consumo aleatório, consolidando-se como um produto de múltiplas facetas e de qualidade inquestionável. Os diálogos dos metais nobres (ouro e prata) com matérias-primas diferenciadas, como fibras, sementes, chifres e outros elementos orgânicos, conduzem os resultados a um vasto repertório nas linhas de criação: joias autorais, étnicas, clássicas, semi-industriais, turísticas, com lapidação diferenciada, gemas coloridas e o conceito de sustentabilidade. Natureza é referência criativa Um exemplo de peça autoral é o bracelete Pirarara, criado em prata com fibra de jupati pela
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designer Lídia Abrahim. A peça leva o nome de um peixe e do braço do Rio Pará, que corta o município de São Sebastião da Boa Vista, no Arquipélago do Marajó, referência criativa para a designer. Ela conta que estabeleceu laços afetivos com artesãs da comunidade, as quais trabalham com a fibra. “O que me levou a criar a peça foi a forte personalidade deste pequeno rio que, como filho da natureza, nos impõe respeito e obediência. Aprendi com ele a respeitar as vontades da maresia. Por isso, esse bracelete é bem mais que um adorno de fibra e prata. Ele é a soberania desse rio bravo, com traço forte de puro Marajó”, revela Lídia. A joia paraense é também um elemento de difusão da cultura local em todo o território nacional. É resultado de talento, design inovador, preservação da cultura e diversidade. É o que diz Rosa Helena Neves, diretora executiva do Instituto de Gemas e Joias da Amazônia (Igama), organização social que gerencia o Espaço São José Liberto e o Programa Polo Joalheiro do Pará, mantidos pelo Governo do Pará e pelo Igama. Com o surgimento do Programa Polo Joalheiro em 1998, lembra Rosa Neves, foi criada uma tradição que não existia no Estado do Pará, a partir de uma ação estratégica de apoio ao design de Joias, “abraçando todo o seu ciclo e contemplando as
...como fibras, sementes e outros elementos orgânicos. diversas etapas da gestão deste desenho: sua inspiração, criação, produção, promoção e comercialização”. Inovações identificam a joia paraense Entre as inovações tecnológicas da joalheria paraense artesanal está sua lapidação diferenciada com grafismos marajoaras, técnica desenvolvida pela lapidária Leila Salame, que desenha simetricamente traços marajoaras nas faces das gemas minerais (pedras preciosas) e, principalmente, em cristais. Outra representação desta verdadeira escola de ourivesaria paraense é a utilização das “gemas vegetais”, produtos orgânicos oriundos de resina e pigmentos naturais, retirados de plantas e processados para utilização em joias e adornos regionais. Criado pelo mestre ourives e pesquisador paraense Paulo Tavares, o produto tem dureza similar à de uma pérola e pode ser encontrado nas cores e com insumos do chocolate, açaí, pupunha, abacaxi, pimenta e outras espécies regionais. A valorização da ourivesaria artesanal também gerou a criação da técnica da incrustação paraense, desenvolvida por Paulo Tavares e Argemiro Muñoz, e aprimorada pelo ourives Joelson Leão. A técnica substitui a esmaltação e possibilita a ob- »»»
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tenção de um degradê especial de cores, a partir da mistura de resina ao pó de gemas minerais e orgânicas, entre as quais coral, lápis lazuli, malaquita, turquesa, pirita, casca de ovo e carvão vegetal. A mais recente inovação, também de autoria de Paulo Tavares e resultado de 10 anos de pesquisa, é a “metal-morfose”, alquimia que transforma resíduos em joias. Por meio da nova técnica, cores diferenciadas são extraídas durante o processo de reciclagem de metais nobres, aliado à incrustação paraense. A partir de sete cores primárias, obtidas nessa fase da pesquisa, foram geradas novas cores que já estão sendo aplicadas na joalheria paraense. Do Pará para o mundo Concursos internacionais são importantes vitrines para o profissional designer de joias e eles têm destacado profissionais joalheiros do Pará. Para ter uma ideia de quão distante a produção local pode ir, as joias paraenses já foram exibidas em quase todos os continentes, em países como França, Estados Unidos, Coreia do Sul, Portugal e México. Foi este mesmo conceito de identidade cultural, expressa de forma contemporânea, que levou a designer paraense Barbara Müller a receber, em dezembro de 2014, menção honrosa no “Artistar Jewels Exhibition”, que reuniu o trabalho de 100 criadores e profissionais de diversos países, de 17 a 21 de dezembro, em Spazio Maimeri, na cidade de Milão, na Itália. Naquele espaço multicultural, foram reunidas 240 joias refinadas e criações de joalheria contemporânea e nesta ocasião Bárbara mostrou o bracelete Saturn’s e o colar Pulmão do Mundo. “Mencionaram que havia uma premiação honrosa especial para mim. Foi indescritível, principalmente por eu estar presente no momento. O fato de estar entre tantos designers talentosos do mundo inteiro já estava de bom tamanho. Receber essa premiação e ser aplaudida por todos na cidade que é reconhecida como o templo, o centro do design e da moda é para nunca mais esquecer”, relembra. Para Barbara Müller, conquistar espaço no Brasil e fora dele não é tarefa fácil, “mas os produtores de joia do Estado têm conseguido, com maestria, obter bons resultados. As joias criadas e produzidas aqui têm característica própria, personalidade e alta qualidade, e têm despertado o interesse de consumidores do mundo inteiro. As pessoas estão reconhecendo e se envolvendo cada vez mais pelo
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As joias criadas e produzidas aqui têm características próprias e muita personalidade, além de muita qualidade e têm chamado a atenção de clientes no mundo inteiro.
trabalho extremamente único da produção de uma joia. E nada é mais recompensador do que ver a felicidade das pessoas que adquirem as joias, seja para uso próprio ou para presentear. Elas parecem se sentir especiais por portar algo com características tão peculiares”. Outro exemplo do sucesso das joias do Pará foi comprovado em dezembro de 2014, com a divulgação da lista “Top 100” do maior concurso de design de joias em ouro do mundo, promovido pela mineradora de ouro AngloGold Ashanti. A designer paraense Brenda Lopes e quatro universitárias do curso de bacharelado em Design, da Universidade do Estado do Pará (Uepa), tiveram seus projetos selecionados na etapa classificatória da 11ª edição do AuDITIONS Brasil 2014/2015. Elas ficaram entre os 100 projetos finalistas, selecionados entre 905 projetos enviados de todas as regiões do Brasil, e seguem para a etapa final, cujo resultado será divulgado em março deste ano, com os 18 melhores projetos.
Três profissionais paraenses já foram finalistas do Auditions Brasil, em edições passadas. Clara Amorim, Lídia Abrahim e Selma Montenegro receberam as indicações em 2006-2007, 2010-2011 e 20122013, respectivamente. A economista paraense Maria Miranda de Oliveira, que atualmente mora na Holanda, compra joias paraenses há cerca de três anos. O que mais a atrai é a sustentabilidade, saber como a joia é produzida e planejada, com a preocupação de não causar impactos ambientais. “E, é claro, a comunicação de cada peça com a natureza, respeitando o conceito de que sem ela não somos ninguém. Para mim o importante é construir e, não, destruir nossas florestas. As joias que são feitas de casca ou de fibras me dizem muito. As de madeira também”. O brilho e o colorido das gemas também são atrativos para Maria Miranda, que é cliente da designer Mônica Matos, de quem já comprou joias em ouro e prata com gemas minerais e também com gemas vegetais de açaí, pupunha e de maniva. “Estou aqui
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na Europa e tenho mais facilidade de comprar joias industriais. Porém, digo com todo o meu coração, as joias que mais compro são as de prata e do Pará. Não pelo valor, mas pelo teor, pois dizem mais porque são trabalhadas com mais alma!”, acrescenta. Obra de arte e fazer artesanal Foi a partir das últimas décadas do século XX que a identidade do design de joias começou a ser construída no Brasil. Hoje, essa indústria não só é reconhecida como escola jovem de joalheria contemporânea, como tem sido fonte de inspiração para mercados internacionais. O professor e poeta paraense João de Jesus Paes Loureiro destaca que a arte é um modo de fazer e de criar mundos. Para a italiana Emanuela Bergonzoni, designer de joias e professora da Academia de Belas Artes de Bolonha (Itália), a joia contemporânea artesanal está muito perto do gesto único da atuação artística e, em conjunto com a experimentação formal, emprega altas habilidades em técnicas artesanais, caracterizadas pela busca de »»»
qualidades de execução e pesquisa dos materiais tradicionais e inovadores, conexão de técnicas antigas e modernas. Segundo Regina Machado, designer de joias e consultora de Design e Estilo do Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos (IBGM), joias criadas por artistas especializados podem ser destinadas tanto à repetição industrial, quanto à materialização da ideia de peça única, especial, fora de série. Do fazer artesanal das peças únicas da época medieval à multiplicação em ferramentas de prototipagem, as joias, assim como as subjetividades que com elas comungam, transformam-se, atualizam seus conceitos e se reinventam. “O seu consumo fala a linguagem dessa cultura e, por meio dela, opera ‘upgrades’ cognitivos a respeito do espírito de nosso tempo”, afirma Regina Machado. A valorização da cultura amazônica tem renovado o interesse dos consumidores pela geração de produtos que comunicam e materializam a região. A joalheria contemporânea, olhada no campo da cultura do consumo, explica a consultora do IBGM, destaca o valor do design na construção destes produtos, com a passagem do luxo tradicional ostensivo para a sofisticação das características do design das peças contemporâneas. As joias da atualidade, segundo Regina Machado, são objetos de design com suportes duradouros e afeitos aos processos de construção de sentido, tanto a respeito das individualidades de seus usuários quanto dos valores de sua época. Por meio desses objetos, a cultura ganha uma realidade e a história dos tempos se materializa. Sobre a identidade e o reconhecimento que a joia do Pará tem alcançado, Regina Machado observa que, do ponto de vista de joias brasileiras, não existe nenhuma outra região do Brasil que tenha uma joalheria tão identificada com seu território. “Só tem dois lugares que você pode, realmente, reconhecer: o Rio de Janeiro, pelo estilo e por ser uma escola de joalheria contemporânea, e o Pará. As outras regiões são grandes polos industriais, mas o estilo é um pouco mais universalizado. Não é culpa de falta de talento. É falta de investimento. É um processo, uma construção. E, aqui no Pará, não deixa de ser contemporâneo: tem identidade, tem marca. Só tem marca quem investe na marca e, aqui, está se investindo nessa escola de joalheria”, enfatiza. Adquirir uma joia artesanal é adquirir um objeto único, uma obra-prima carregada de significados e histórias. O consumidor da atualidade está cada vez mais consciente e atento a todas as questões que envolvem desde o processo de fabricação até o conhecimento dos materiais utilizados. A joia do Pará não é apenas objeto de desejo ou símbolo de poder. Ela encanta e seduz com sua personalidade única, tão forte como as raízes das árvores amazônicas; tão arrebatadora quanto o rio que corre em direção ao mar.
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O negócio não é ser o dono Por favor, antes de seguir neste texto, retirem as crianças da sala. Recomenda-se às pessoas com problemas cardíacos que não avancem na leitura, o mesmo se aplica às gestantes e pessoas com ansiedade ou depressão. O Ministério da Saúde adverte: esse texto pode causar fortes contrações abdominais, náusea ou arritmia. Dito isso podemos prosseguir. No rol do escândalo do Petrolão, do qual todos estão fartos de receber péssimas notícias todos os dias, muito se foi dito, criticado, mas não li uma linha sequer em que se cogite a privatização da Petrobras. Ai meu Deus, falei e agora? Será que serei execrado, humilhado, torturado, enjaulado numa masmorra? Senhores de coração fraco peço perdão se causei algum malefício, mas orientado por meus advogados fiz a ressalva no preâmbulo para que não seguissem na leitura. Agora é tarde, vamos em frente, se você suportou até aqui é porque pode seguir. Nas eleições de 2010 a privatização da Petrobras foi tratada como um tabu, a campanha da candidata da situação acusou o candidato da oposição de que se eleito privatizaria a Petrobras. Nossa, foi como acusar de ateu em meio a um culto religioso! O oposicionista defendeu-se imediatamente e ficou acuado, porque quando seu partido era governo houve um surto de privatizações. Pronto, foi o suficiente para incendiar a campanha e semear o medo, bem de acordo com o manual incendiário do partido. Nem a oposição teve coragem de defender o legado das privatizações, nem o assunto foi discutido como merece, tratado como tabu foi apenas
usado como arma de marketing. Ora, se hoje há corrupção no sistema Telebras ou na Vale (e deve haver), nenhum brasileiro tem que contribuir com seu imposto para cobrir os rombos. Da mesma forma, se essas empresas dão prejuízo também não somos forçados a tapar o rombo, como era praxe (alguém vai lembrar os empréstimos de pai pra filho do BNDES, mas isso é outra estória, precisar não precisava, mas...). Ninguém precisa de contabilidade criativa para esconder os malfeitos e a incompetência ao público, salvo aos seus acionistas. Numa empresa privada seus erros são punidos pelo mercado, os dirigentes são trocados, as ações despencam. Aliás, as ações da Petrobras também despencaram, fruto da corrupção, incompetência administrativa, mas principalmente pela ingerência do governo, seu principal acionista. O curioso é que a Petrobras de alguma forma já foi privatizada, pois tem ações negociadas até na Bolsa de Nova Iorque. Decerto esse não é o momento pra vender, mas se e quando o valor das ações retomar seu patamar anterior à crise, não seria nada insensato o governo vender participação na forma de ações, sem precisar de nenhum alarde. No entanto, politicamente ninguém quer perder o controle sobre o maior orçamento dentre os órgãos federais. É de lá que vêm as verbas de campanha, como já demonstra o Petrolão, o enriquecimento ilícito de dirigentes e políticos padrinhos, a manipulação de preços pra enganar a inflação, as enormes verbas de investimento cultural para agradar à in-
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tellingentsia, os cargos disputados a tapas pelos partidos de sustentação do governo, os melhores salários do mercado para atrair e reter correligionários, os negócios bilionários com empreiteiras amigas e financiadoras de campanhas. É muito ovo de ouro pra perder essa galinha. Enquanto isso, nós míseros contribuintes temos que continuar arcando com os custos de manutenção desse status quo, que apesar de toda intenção contrária só trarão mais inflação pelo descontrole de gastos e consequente cobertura pelo Tesouro, que na falta de recursos próprios toma no mercado a juros cada vez maiores e alimenta o ciclo inflacionário. Então, por que não privatizar a Petrobras? Nem precisa disso, pois como companhia mista basta o governo vender parte de suas ações e se tornar minoritário ou simplesmente sair do negócio. Para garantir o equilíbrio do interesse público em concessionárias é que foram criadas as agências como a ANP que já tem essa incumbência de defender o interesse do consumidor junto ao segmento petrolífero. O melhor negócio não é ser o dono, são os impostos que se arrecadam independente de ser ou não dono do negócio. No sistema Telebras estes impostos superam a casa de 40% do faturamento bruto. Nos combustíveis creio até que estão acima desse patamar. Só pra ser dono? Ora, vendo agora minha empresa por R$ 1,00 pra quem me garantir 30% do faturamento limpo, sem eu ter que fazer nada e nem correr risco algum. Ser dono pra quê? Quem se habilita?
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Com inspiração na Gastronomia e na mescla de sentidos, a Pantone elegeu "Marsala", a cor do ano de 2015. www.revistalealmoreira.com.br
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Dominik Giusti
Dudu Maroja / divulgação
Um brinde a
2015!
Decisiva, cheia de personalidade e influência. É Marsala, a cor do ano, definida pela Pantone e cuja versatilidade pode ser vista em tudo: até na Arquitetura e design de interiores.
V
em do cheiro, do toque, do que se vê e o que se sente: a aposta do ano para a nova cor da Pantone é a Marsala, tonalidade em vinho que representa um novo conceito da empresa norte-americana, baseado em experiências sinestésicas. Além disso, a cor também surge com outra novidade por ter já na sua elaboração uma espécie de textura delicada e com aspecto aveludado. Blanca Liane, representante da empresa no Brasil – e diretora executiva da Lexus Group (um conglomerado de empresas correlatas) –, diz que há algum tempo, desde a década de 1990, cores em tom de vinho não eram destaque e que foi “resgatada” para simbolizar a nova visão da empresa. Marsala é um tipo de vinho fortificado, que tem a matéria-prima extraída na cidade italiana de mesmo nome e denominação de origem controlada. E vem daí a principal referência para a escolha da cor: a Enogastronomia. As tendências mundiais no ramo da coloração apontam que cada vez mais deve-se integrar sentidos e conjunturas. O processo de escolha é realizado conforme tendências prévias, que podem ser observadas em eventos esportivos, políticos e cinematográficos, por exemplo. Essa série de fatores são estudados pela Pantone, que após análise de procedimentos tecnológicos para a mistura do tom desejado, anuncia sua nova cor. “Marsala é nome de um vinho especial, um pouco adocicado. Então, a principal referência para este ano foi a gastronomia, num cruzamento de interesses. Queremos a moda mais comestível,
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aprazível para consumo. Esta é uma nova visão de apresentação de conceitos e produtos. Sabemos o quanto hoje é importante o ramo da alimentação, o quanto se gasta de tempo e dinheiro para sermos mais saudáveis e isso influencia o comportamento moda e design. Por isso foi criada essa cor híbrida em tom de vinho, meio marrom, e ao mesmo tempo clara e suave”, explica Blanca Liane. A cor deste ano tem outro componente importantíssimo: é adaptável a diversas combinações e não tem a pretensão de ser totalizadora em ambientes, produtos, roupas, e ao que mais for utilizada. Blanca explica que esta é mais uma mudança conceitual em relação às cores de anos anteriores, que tinham como marca fundamental o brilho e o destaque. É uma modificação clara em relação à cor de 2014, a Radiant Orchid, uma espécie de lilás inspirada no filme “Frozen”, da Disney. É uma tendência de se trabalhar agora com cores mais “gentis”, de acordo com a definição da diretora executiva. “É uma cor que harmoniza e que permite que outra cor exista ou então melhora a sua existência. Não é visceral, por si mesma, mas uma cor de contraste. É uma nova tendência geral de trabalhar com cores mais clássicas, nem tão acentuadas, que façam o conjunto bonito e não destacar uma cor só”, explica, ressaltando que por ser uma cor mais sofisticada, permite que as pessoas já possam usá-la com coisas que já possuem para combinações minimalistas e elegantes, que se adapta à cosmética, arquitetura, design, principalmente decoração e interiores. A Pantone, quando do anúncio »»»
da Marsala, destacou ainda que a cor tem a sofisticação e robustez para enriquecer corpo e mente. Da empresa até o consumidor A política da Pantone de lançar “a cor do ano” começou em 2000, como uma estratégia de pautar tendências e impulsionar o consumo. A empresa desenvolve pesquisas de tecnologia de ponta para alcançar os tons criados e que podem ser aplicados em diversas superfícies, como papel, tecido e plásticos, entre outros. Blanca explica que a empresa auxilia o cliente a desenvolver a coloração para o que desejar e que não é necessário que se compre a cor, mas sim que ele adquira produtos da empresa. Com isso, o esperado é que qualquer produto com a tonalidade do ano seja mais consumida e mais atraente para o consumidor. Tanto que a cor acaba sendo referência nos anos seguintes. Isso porque a cor é item fundamental na vida das pessoas e está ligada às sensações. “A cor tem impacto psicológico muito grande porque ela é expressão de um impacto no córtex do sistema nervoso central e faz com que tenhamos a memória muito grande do que a cor evoca. Vamos fechar os olhos. Turquesa. Onde você está?”, pergunta Blanca. “Pode remeter à praia, cor de água, um lugar fresco, relax, que você está de férias. Assim como o marrom lembra homens mais velhos, couro, charuto, empresas confiáveis. 80% da experiência humana é através dos olhos”, diz. Blanca apostou no estudo das cores quando a Pantone não era mundialmente conhecida e a sua experiência no mundo da moda fez com que ela »»»
Nos detalhes ou como cor predominante, a Marsala chama atenção. www.revistalealmoreira.com.br
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A arquiteta Renata Macário é fã de cores fortes – por isso a escolha da Pantone a agradou tanto.
trouxesse para o Brasil o Pantone – Textile System, em 1987. Experiente no assunto, ela acredita que o grande sucesso da marca está ligado à renovação dos processos tecnológicos e pesquisas para implantação de cores em superfícies diversas. A Marsala na arquitetura e na decoração Os profissionais de arquitetura costumam receber as cores do ano como uma oportunidade de trabalhar novos conceitos, bem ao encontro do que a própria empresa norte-americana prega. Para a arquiteta Renata Macário, um bom profissional tem que estar aberto às novidades e sempre estar atento às tendências para sugerir aos clientes. “As cores exibem muita personalidade e devemos sempre ousar nas aplicações. Muitos clientes têm medo de
trabalhar com tons fortes e nesta hora que cabe ao profissional transmitir segurança e saber trabalhar nas harmonizações, para um excelente resultado”, opina. Renata é admiradora das cores fortes e com a chegada da Marsala ela acredita que vai poder utilizar o tom tanto para clientes com gostos mais clássicos quanto para os mais contemporâneos. Ela destaca que cor pode ser aplicada não apenas em paredes, mas em adornos, mobiliário, bancadas, cortinas e até mesmo na laca de móveis modulados. “Basta saber harmonizar e onde aplicar. Devemos sempre estudar a personalidade do cliente e saber como aplicar para gerar um resultado satisfatório. Eu particularmente amo ousar com cores fortes e a cor eleita pela Pantone me agradou em
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demasia, pois tenho tendência aos tons da cartela que variam dos vermelhos-tomate ao vinho mais escuro, de forma que o vinho terroso vai ser muito utilizado por mim”, diz. A também arquiteta Socorro Ribeiro acredita que o tom da Marsala, por remeter à sofisticação, poderá ser amplamente utilizado em diferentes projetos. Ela recomenda que a cor seja utilizada com tons leves e que seja aplicada para a criação de ambientes intimistas e aconchegantes. Para clientes que gostam de sobreposição de cores, ela indica que seja usado com tons de dourado e azul. “É uma cor muito bonita e dá estilo, mas ao mesmo é complexa por ser forte. A tendência é que ela escureça o ambiente. Então, sugere-se que ela seja utilizada com tons claros. Também é indicada para lugares inti- »»»
mistas, com pouca iluminação, para trabalhar focos de luz e dar o clima que se espera, ela é perfeita pra isso”, garante Socorro. Ribeiro ressalta que mesmo sendo tendência é importante observar o que cada pessoa se identifica e assim planejar o ambiente. “A tendência é muito importante para profissionais como nós, do design, para que tenhamos conhecimento e nos tornemos competitivos no mercado. Temos que entender para trabalhar isso nos projetos. Mas nosso foco principal não pode ser a tendência, é sempre o cliente, que tem sonhos. O consumidor gosta de saber o que é atual, mas por outro lado deve-se respeitar o seu gosto”, conclui a arquiteta. A Pantone Referência mundial na criação de sistemas de cores, a Pantone foi criada em 1963, nos Estados Unidos pelo gráfico Lawrence Herbert. Ele criou um sistema inovador de identificação, correspondência e comunicação de cores que, em princípio, serviram para a indústria e artes gráficas. O famoso livro padronizado em forma de leque, o Pantone System Matching, foi inventado por ele como uma forma simples de visualizar as tonalidades. Ele entendia que cada indivíduo percebe o espectro de cores de forma diferenciada. “Ele andava de gráfica em gráfica e até 1980 era somente para esse ramo. Depois foi criado o sistema de cores para a indústria têxtil”, explica Blanca Liane. Atualmente, a Pantone tem seu conceito de sistema de correspondência de cores em expansão e abrange indústrias de tecnologia digital, plásticos, arquitetura e pintura. Em 2007, a empresa foi adquirida pela X-Rite Incorporated, mas as suas marca e atividades permaneceram. Semestralmente são divulgadas as novas tendências, após os estudos, sempre 18 meses antecipados à estação. O produto mais conhecido é o View Color Planner (VCP), uma cartela de cores lançada a cada estação – primavera/verão e outono/inverno. Socorro Ribeiro, arquiteta, enfatiza que a cor deve combinar com a personalidade do cliente. www.revistalealmoreira.com.br
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especial
O médico Alfredo Coelho afirma que a busca pelo equilíbio pessoal é fundamental à felicidade.
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Lorena Filgueiras
Verdade &
Equilíbrio
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uando a mineira Bella Falconi anunciou, em dezembro do ano passado, que tinha abandonado suas rotinas radicais de exercícios e alimentação, a comunidade fitness, bem como seus seguidores nas redes sociais, ficaram em completo choque. A mudança foi atribuída à lua-de-mel, quando viajou para a Tailândia com o marido, o empresário Ricardo Rocha, e lá, tendo como cenário uma paisagem inesquecível, ela decidiu repensar seus hábitos. Quem primeiro percebeu foi Ricardo, que, numa manhã a convidou para treinar. Ao surpreender o marido com a resposta de que não estava com vontade, um estalo ecoou no interior de Bella e ao ouvir que ele jamais imaginara que este dia fosse chegar, ela decidiu fazer uma parada obrigatória e pensar. Pensar muito. Desde então, o rebuliço estava instalado. Em uma entrevista para um programa de TV, Bella declarou que sempre acreditou no equilíbrio físico-mental-espiritual e ela mesma pensava ter conseguido chegar lá, mas colocou a própria vida em perspectiva e concluiu que “a rotina espartana a fazia ser indelicada e que podia estar magoando os próprios amigos”. Dos hábitos de um passado não tão distante assim, ficaram lembranças [das quais ela se permite rir agora]: “levava batata doce para os restaurantes e quando pedia peito de frango grelhado, eu o enxugava até que ele ficasse completamente seco. Na minha cabeça, era absolutamente normal, embora sempre tivesse gente ao redor me olhando feio”, declarou em outra oportunidade. Bella influenciou [e ainda influencia, não se en-
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ganem] gente em todo o mundo. Basta olhar o número de seguidores que a bela coleciona: só no Instagram são mais de um milhão e duzentos mil. A reflexão e exposição pública dos motivos que levaram Bella Falconi a “relaxar” mais [como ela mesma definiu] trouxeram à tona a discussão sobre a linha tênue que separa a obsessão da busca pelo equilíbrio. Dúvida, aliás, que me levou ao epicentro desta matéria especial para a Revista Leal Moreira. “O que é verdade?” No decorrer das entrevistas que foram feitas, o tema divide opiniões: há quem diga que a “onda fitness” é só modismo. E há os que dizem que em tempos de muita informação, não há porque prolongar sofrimentos ou viver sob a cômoda sombra do obscurantismo – que muitos têm despertado suas consciências para viver melhor, mais e em harmonia com o corpo mental [e aos que acreditam, em comunhão com um espírito liberto]. Tamanha divergência me conduziu ao médico Alfredo Coelho. Conversa vai, conversa vem, chego ao questionamento que tem sido o calo do momento: pergunto para ele se não há um certo radicalismo em rotinas e/ou dietas espartanas demais. “Mas Lorena, a pergunta deveria ser outra, não? Essas pessoas estão felizes?”. Já nocauteada, de cara, digo a ele que me incomoda um pouco a proliferação de perfis em redes sociais de pessoas, como a própria Bella, que compartilham treinos, rotinas alimentares como se houvesse uma “fórmula enlatada, »»»
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Acima: considerada uma das primeiras musas fitness das redes sociais, Bella Falconi decidiu, após sua viagem de lua-de-mel, diminuir o ritmo dos treinos e aproveitar mais a vida. Ao lado, o médico Alfredo Coelho não abre mão da meditação como instrumento de equilíbrio entre corpo e mente. pré-pronta”, que, uma vez aberta, pode ser consumida por todos... muitos dos quais têm limitações orgânicas e emocionais às tais fórmulas. Externo a ele uma preocupação recorrente sobre o culto sem limites pelo corpo sarado, enxuto; pela busca desenfreada pela perfeição. Ele repete a pergunta “mas eles são felizes?”. Alfredo Coelho divide seu tempo na ponte aérea entre Belém, onde atende e São Paulo, onde reside. Sua filosofia de trabalho reflete bem esse equilíbrio entre o corpo físico/mente sã/espírito são e é o que o norteia para além do consultório. “É preciso ser liberto de conceitos e rótulos”, ele preambula. “Quando a gente decide repensar hábitos e mudar rotinas, é fundamental que a gente se liberte de pré-conceitos. Fundamental, sobretudo e antes de qualquer coisa, é a gente querer ser feliz”, sentencia. Não é fácil mudar uma rotina. Você, leitor, se não é muito afeito ao tema, certamente, em algum momento de sua vida, já arranjou uma desculpa para não abraçar uma mudança: academia, alimentação, relacionamentos. “Antes de qualquer coisa, é necessário definir conceitos, porque a vida é feita de conceitos para ‘facilitar’ os aprendizados – o que é errôneo – e neste processo, a gente perde muitas vezes a capacidade de questionar. O que é saúde? O que é doença? Alguém sabe o que é doença? O que é doença para ti, pode não ser para mim. Explico melhor: há alguns anos passei a me interessar pelo budismo, o qual pratico atualmente. No Budismo, a doença é um instrumento de evolução. Então alguns conceitos precisam ser relativizados. Por exemplo, o stress
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é um sinal de que você está vivo, de que há aprendizado envolvido! O problema é que nos tempos atuais o stress é contínuo e perdeu-se a habilidade de saber lidar com ele!”, afirma. Coelho fala muito sobre verdades pessoais [que são as portas da consciência, que nos conduzirão à nossa felicidade] e recorre aos conceitos do hinduísmo para melhor responder à minha pergunta inicial. “O que é verdade? O que é verdade para você, pode não ser verdade para mim. Por isso, quando um paciente me procura, preciso entender o que ele está procurando e que aquela verdade dele é individual. Logo, só posso dizer se uma pessoa está exagerando e é radical se eu a comparo a uma outra pessoa, cuja verdade e visão de vida diferem muito”. Nasci diferente Falando em diferenças de opiniões e diferentes verdades, a consultora de alimentação vegana saudável e funcional Alana Rox inicia nossa conversa falando que nasceu vegetariana em uma família de onívoros carnívoros. “Sou a única e primeira vegetariana da família. Nunca consegui comer nenhum tipo de animal. Desde neném, quando se começa a introduzir papinhas, eu já não aceitava; cuspia, chorava, vomitava. Eu apanhei e fiquei de castigo muitas vezes por não aceitar comer. Nada funcionou. A hora do almoço era sempre a minha hora do terror. Eu nunca entendi como pessoas percebiam animais como comida, nunca fez sentido. Se um cavalo tão forte e resistente era vegetariano, por que eu não poderia ser? Comer seres com coração batendo e sangue quente nas veias não era nada »»»
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A consultora em alimentação vegana saudável e funcional, Alana Rox, esbanja bem-estar e beleza – as quais ela atribui à rotina que adota há dez anos.
normal para mim. Claro que só fui associar o alimento no prato das pessoas aos animais vivos com uns 3 ou 4 anos de idade”, conta. A conclusão da joinvilense veio com uma consciência e maturidade atípicas às crianças. Óbvio que tamanha determinação foi confundida com “birra” infantil. “Meus pais me levavam a médicos, achando que havia algo errado e também preocupados
teve 3 AVCs isquêmicos gravíssimos com sequelas irreversíveis. Minha mãe, onívora, tinha uma alimentação equilibrada, considerada saudável pela maioria. Não bebia, não fumava, era muito bonita e se cuidava... mas sempre teve muitas enxaquecas e eu obviamente achava que também sofria do mesmo mal pois tinha herdado a mesma genética. Nesse pensamento me desesperei: achei que meu destino
com minha alimentação. Por sorte, mesmo naquela época, os médicos diziam para que eu continuasse sem comer, mas que eu apenas me preocupasse em comer oleaginosas, grãos, sementes e ovos. Cresci forte, tenho 1,75m, sempre fui boa esportista, ótima aluna, nunca tive cáries”. Há dez anos, depois de uma revisão de seus hábitos e apurada observação, Alana decidiu abolir de sua dieta alimentos que tivessem origem animal. “Tornar-me vegana mudou a minha vida em níveis antes para mim inimagináveis. Eu sempre fui vegetariana, mas nem por isso tão saudável. Não por não comer carne, mas porque por falta de informação e opção, acabava comendo muita massa, queijos e pães. Gerava picos de glicemia, consequentemente fome, e então estava sempre beliscando alimentos nem sempre saudáveis, como industrializados, chocolates, iogurtes, barrinhas e salgadinhos considerados saudáveis pela maioria. Até então eu achava que fazia certo, mas meu organismo estava sempre inflamado pela alimentação errada [mas aceita e indicada por muitos nutricionistas] e eu nunca estava imune. Vivia gripada; tinha muitas alergias, garganta sempre inflamada; enxaquecas fortes toda semana e o pior de tudo isso: tive transtorno de ansiedade e síndrome do pânico por anos. Em 1996 minha mãe
seria o mesmo. Eu tinha que mudar isso, tinha que fazer algo. Por ter que sobreviver vegetariana numa família e sociedade tão diferentes de mim, sempre gostei de estudar a nutrologia, a química natural dos alimentos em relação à fisiologia do organismo... e tornou-se uma paixão! Quando decidi que meu destino seria diferente do de minha mãe, me aprofundei no universo nutricional e fui me libertando de tudo que não fosse natural, de tudo que pudesse inflamar e oxidar meu organismo, meus neurotransmissores, meu cérebro. Eliminei todo e qualquer industrializado, açúcar, derivados de leite, ovos e glúten. Você nasce com a carga genética, mas pode aprimorá-la ou piorá-la. Você adquire algo muito mais importante do que seu código genético: os hábitos alimentares errados de uma cultura familiar. E sim, cabe a você se reinventar e reescrever a sua história. Se algum médico ou nutricionista tivesse me falado há 20 anos o que eu sei hoje, minha vida teria sido muito diferente, menos sofrida”, conclui. Alana também é, pode-se assim dizer, uma referência para seus seguidores. Em seu perfil no Instagram [@theveggievoice], ela compartilha um pouco de sua própria história, além de receitas veganas [algumas das quais são surpreendentemente simples!]. »»»
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A mudança alimentar começou por Renato e, logo, toda a família adotou as mesmas modificações. Ele comemora, depois de dois anos, a diminuição do percentual de gordura corporal e uma vida mais ativa. Observação apurada O engenheiro civil Renato Sol, 35, iniciou sua própria revolução pessoal há dois anos, quando procurou Alfredo Coelho. “Senti o alerta quando percebi que estava ganhando peso continuamente. Aliado à fadiga, meus dias, que já eram extremamente corridos, começaram a se tornar martírios!”, conta. Ao longo dos últimos dois anos, Renato saiu de um percentual de 30% de gordura corporal para 14%. “Eliminei da minha dieta enlatados, embutidos e passei a dar preferência aos alimentos integrais, sem glúten e sem lactose”, revela. As conquistas espraiaram-se pela família, hoje totalmente adepta da mesma dieta. Se foi difícil? Muito. “Como atuo na área comercial e geralmente reuniões com clientes terminam em restaurantes ou bares, o mais complexo foi cortar a bebida alcoólica e adequar a dieta sem me tornar antissocial. O início é muito difícil pois seus próprios amigos e conhecidos, sem perceber, iniciam uma certa discriminação... mas passado algum tempo você e todos à sua volta se adaptam e seu estilo de vida passa a ser respeitado. Hoje não sinto falta e raramente faço uso de bebida alcoólica”. Sol é um exemplo de que rotinas estressantes podem [e devem] ser motivadoras. “Meu estilo de vida sempre corrido me levava preferencialmente a fast food. Não há como mudar sua rotina alimentar se não mudar todo seu estilo de vida. Uma dieta balanceada exige disciplina de horários, logo, para efetivá-la, é preciso também adequar sua forma de levar a vida. No meu caso, respeito os horários ali-
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mentares e para tal passei a levar uma vida mais calma”, finaliza. Na verdade há superação Sobre as “fórmulas prontas e enlatadas”, Alfredo é categórico. “A gente precisa se despir de conceitos, rótulos e acreditar no que se propõe a fazer – e falo isso em todos os aspectos de vida. As pessoas se agarram às fórmulas de outros, como se elas fossem tábuas de salvação. Podem até ser, mas quem tem que decidir isso [e acreditar fervorosamente] é quem procura respostas... quem procura sua própria receita de felicidade”. Ele mesmo, ainda adolescente e atleta de natação, se viu em meio a um primeiro desafio. Por conta de um acidente com o joelho, ele ficou de molho por um mês – período em que saltou de 65 para 85 quilos. No final de um ano, estudando para prestar vestibular, chegou a 115 quilos. O susto precedeu uma profunda mudança de pensamento. “A primeira revolução começa aqui” [aponta para a cabeça]. Mais recentemente – há um ano para ser mais exato – ele mesmo percebeu os sinais do próprio organismo e decidiu repensar rotinas e desde então adotou uma dieta vegetariana. Pergunto a ele se foi desafiador e a resposta não podia ser mais reveladora. “Acredito na cura por meio do que coloco dentro do meu corpo. Estou feliz em perceber que alcancei um equilíbrio único!” Felicidade, afinal, é uma questão de opção. De querer ser.
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Camila Barbalho
Expressões
Paraenses
O pintor paraense Éder Oliveira transpôs barreiras geográficas, sociais e visuais e hoje figura como um dos nomes mais importantes do país.
É
complexa a relação entre ver e fazer arte. Não é de dependência o vínculo entre as faculdades – é, sobretudo, de retroalimentação. E em seu ciclo perfeito, não nos deixa perceber onde começa uma e termina outra. Afinal, é o dom de enxergar que conduz a arte ou é o dom da arte que conduz o enxergar? “Nenhum grande artista vê as coisas como realmente são”, defendeu Oscar Wilde, ou “caso contrário, deixaria de ser um artista”. Rubem Alves, por sua vez, vaticinou que “o ato de ver não é coisa natural – precisa ser aprendido”. O mais universal de todos, Antoine de Saint-Exupéry tatuou no mundo das letras um dos aforismos definitivos do pensamento humano: “o essencial é invisível aos olhos”. Na construção desse enxergar subjetivo, a arte é o vidro a ser moldado de acordo com a visão que se quer ter da realidade. Ora é espelho, no afã de traduzir sem interferência o que o olho nu testemunha. Ora é lente, que ajusta ou colore a dureza do mundo, para que o vejamos mais belo. Também tem vez que – acima de quase tudo, aliás – arte é lupa, a fim de fazer emergir, destacar-se do mar cotidiano de tédio e pressa aquilo que ninguém tem tempo ou interesse de olhar atentamente. Espelho, lente e lupa são, pois, vertentes da arte de Éder Oliveira, seja esta razão ou fruto de seu olhar so-
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bre a vida: sua linguagem reflete a si mesmo e à realidade que o cerca; reconfigura o modo de enxergar seus retratados; os amplia até que ninguém possa negá-los a existência. Nascido em Timboteua, interior do Pará, o pintor fez das tintas a janela para o cotidiano do homem amazônida, em especial o caboclo marginalizado que – graças aos estigmas e à desigualdade de oportunidades, invisível à festejada meritocracia – é habituée dos cadernos policiais de Belém. A ressignificação sensível desses personagens urbanos chamou a atenção da crítica e de consumidores da arte contemporânea de modo geral, e não tardou para que o trabalho de Éder figurasse em alguns dos mais representativos espaços para esse tipo de produção – como o Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro, e a Bienal de Artes de São Paulo. Sobre a experiência na capital paulista, ele deixa entrever a felicidade do reconhecimento. “É muito significativo ter o trabalho exposto no Pavilhão [Ciccillo Matarazzo]. Saber que divido esta experiência com artistas como Alberto Bitar, Armando Queiroz, Emmanuel Nassar e Guy Veloso, que também já tiveram trabalhos na Bienal, me deixa honrado”. Mais que ser reverberado na mídia, o mais especial foi “ver diferentes pessoas discutindo e comen- »»»
Dudu Maroja
Éder Oliveira ultrapassou todas as limitações e retrata expressões fortes, cheias de significados e cor.
tando sobre o trabalho, independentemente da apropriação conceitual que fizeram. Foi o grande ganho pro desenvolvimento da minha produção, que muitas vezes se dá de forma solitária”. Até o reconhecimento e sua própria compreensão artística, porém, um longo caminho foi trilhado, cujo início aponta ao contato de menino com os traçados. “Desde criança, me lembro de ter uma predisposição ao desenho. Esse foi meu único elo com as artes visuais até a entrada na universidade, seja pela criação no interior do Pará ou pela diferença cultural que me privaram de uma relação mais próxima com as artes formais. Antes do curso, eu era apenas reconhecido entre meus amigos pela facilidade que tinha para desenhar”, rememora ele. A entrada na Academia ofereceu, de uma vez, um vasto arcabouço que intimidou à primeira vista – mas também despertou curiosidades e certezas. “Foi difícil lidar com o acúmulo de informações, conceitos e técnicas totalmente novos para mim, mas foi a primeira vez que vi um sentido para aquilo que fazia informalmente, sobretudo ao conhecer os grandes mestres, que me fizeram aspirar a, um dia, ser pintor”, avalia. “Não diria que a formação moldou meu olhar, mas com certeza sou grato a essa apresentação. Foi e é muito importante o diálogo »»»
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“...ao reproduzir um rosto retirado de um jornal, tento dar um novo significado a essa imagem – sem a repercussão de um fato jornalístico... www.revistalealmoreira.com.br
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Foto Filipe Berndt
com os professores, que mais tarde se tornaram meus amigos e colegas de ofício, para a compreensão do meu atual campo de atuação e da possibilidade de traduzir no gesto artístico aquilo que trazia comigo”. Também seguiu o mesmo caminho a descoberta de um detalhe clínico que influenciaria em definitivo a maneira como a pintura de Éder se desenvolveria. O artista, que é daltônico, percebeu ainda na infância que não enxergava como todo mundo. “Logo cedo tive consciência de que havia algo diferente na minha percepção com as cores; mas, de certa maneira, por ter no desenho a grafite minha única forma de ação estética, isso não atrapalhava meu cotidiano nem me impediu mais tarde de entrar num curso de Educação Artística”, avalia. “Foi na Academia que as dificuldades com as cores começaram a se configurar como um ‘problema’ – com as manchas avermelhadas e esverdeadas que apareciam nos meus trabalhos e que nunca cheguei a ver, por exemplo. Algum tempo depois confirmei minha condição por meio de um exame médico e fiquei assustado ao perceber o alto grau do meu daltonismo e pensar o quanto isso tinha sido irrelevante até ali”. Apesar do baque, ele considera que o jeito peculiar como vê as coisas acabou por influenciar a identidade do que realiza artisticamente. “Foi um grande choque, esse fato marcou muito minha forma de perceber as coisas ao meu redor. No que diz respeito à minha produção, serviu principalmente para me desprender de um naturalismo que logo no início buscava de forma vã alcançar na pintura”. O interesse por desenhar pessoas já havia se manifestado na adolescência, mas foi só na vivência universitária que os primeiros retratos vieram. Lá pela metade do curso, a ideia do que fazer tomou corpo real. “Inspirado pela história da arte pensada por um viés clássico, eu queria buscar outra forma para meus retratos, um contraponto a uma linguagem que originalmente se estabeleceu sendo destinada às classes mais abastadas. Assim passei a buscar rostos anônimos, pessoas com uma fisionomia comum, que trazem na pele a herança genética que forma o povo amazônico – em geral a classe popular, a base da pirâmide social”, »»» ...mas que, pela cor e escala, carrega uma beleza monumental normalmente ignorada de outra forma.”
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Foto Ubirajara Bacelar “Trabalhando com a imagem de ‘anônimos’, minha história de vida se confunde com o universo que envolve a maioria das pessoas que retrato”, afirma Éder.
conta. Apesar de ser vizinho [e partícipe] dessa realidade, foi folheando os jornais que Éder se deparou com aqueles que passariam a ser seus modelos. “Infelizmente, por questões sociais e políticas diversas, apenas o espaço dos cadernos policiais é destinado quase que exclusivamente a essas ‘pessoas comuns’”. Apesar do forte discurso social entranhado na sua expressão, é também muito íntima a sua arte. Não à toa, o pintor considera seus trabalhos autorretratos, em certo nível. “Trabalhando com a imagem de ‘anônimos’, minha história de vida se confunde com o universo que envolve a maioria das pessoas que retrato. Assim como eu, muitas gerações migra-
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ram e migram, para Belém ou outra capital, em busca de melhores condições de vida, seguindo uma lógica histórica global. Mas não acho que as raízes étnicas e geográficas sejam as únicas coincidências entre mim e essas pessoas. A convivência nas periferias, os relatos e conversas cotidianas me tornam ainda mais próximo dos jornais que folheio tentando entender meu entorno”, analisa. Sobre o papel transformador do trabalho que realiza, o artista defende que a arte não deve estar sujeita a imposições estéticas. “Interpretada, ela toma parte do cotidiano e age de forma ativa nas pessoas. No caso de trabalhos de arte engajada, essa ação pode ser ainda muito mais inten-
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sa, seja na sua utilização como ferramenta tátil, atraindo pessoas ao seu processo de construção; ou, inversamente, na apropriação humana para a construção do objeto artístico e posteriormente no resultado que isso pode gerar, caso em que procuro tangenciar meu trabalho”, pondera. Esse processo é muito mais intenso quando a obra sai do ambiente onde só se relaciona com o consumidor habitual dessa linguagem, e passa a figurar nos muros e paredes da urbe. “Ao contrário das obras produzidas para serem expostas em galerias e outros espaços institucionais, quando faço uma pintura na cidade não busco a ação artística como um fim – mas como uma intervenção cujo caráter temporário se dá de forma mais potente,
transformando-se inclusive pela própria ação humana, do tempo e do clima”. Naturalmente, a relação dos transeuntes com a arte exposta possui outro processo de significação: “busco confrontar as pessoas com imagens, sem esperar delas uma fruição como se dá em uma galeria, por exemplo. Ao reproduzir um rosto retirado de um jornal, tento dar um novo significado a essa imagem – sem a repercussão de um fato jornalístico; mas que, pela cor e escala, carrega uma beleza monumental normalmente ignorada de outra forma”. O alcance desses discursos e a profundidade com a qual eles são compreendidos são impossíveis de prever, visto que é no contato »»»
Éder adoraria conhecer pessoas que se reconhecessem em suas pinturas, apesar de não usar modelos.
com o receptor que a arte de fato acontece. Éder tem consciência de que não pode estabelecer a forma como sua obra atinge quem se depara com ela. “É difícil pra quem produz arte ter noção do que ela vai causar no outro. Por mais que tente falar sobre valores e identidade, minhas ambições quanto aos trabalhos que desenvolvo estão sempre num plano subjetivo, no sentido de buscar algum tipo de reflexão, mesmo que simples ou passageira, sobre aquilo que retrato”, considera. Mesmo assim, quando perguntado sobre o que gostaria que sua arte dissesse a quem a vê, ele arrisca um desejo: “Se alguém pudesse se reconhecer como retratado, gostaria que essa pessoa, ao se deparar com os traços, formas e volumes, pensasse sobre a beleza de uma forma em geral – e sobre si mesmo, por um instante, como alguém que também carrega, debaixo dessa camada mais aparente, algo de belo em sua especificidade”, reflete o artista, consciente de ser ele mesmo parte desse poder de fazer enxergar que só a arte tem.
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destino
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Thiago Freitas
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Na França,
faça como os
franceses!
Beba champagne [o original] na terra que respira a cultura de uma bebida sofisticada e deliciosa.
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uando se fala na França, é inevitável não pensar em Paris e nos seus pontos turísticos mais célebres: a magistral Torre Eiffel, o histórico Museu do Louvre e o romântico Arco do Triunfo. Sim, é bem verdade que tudo na capital francesa é muito encantador e poético e não é à toa que ela é um dos destinos mais procurados do mundo com aproximadamente 13,92 milhões de turistas por ano. No entanto, a região da Champagne, no nordeste da França, conquistou o coração deste [já encantado] jornalista de uma forma avassaladora. Épernay e Reims são as duas cidades mais importantes de região e ficam a apenas 45 minutos de Paris – se, no caso, você optar pelo TGV [Train de Grande Vitesse. Traduzindo: trem de alta velocidade] que custa, em média, 20 euros. Mas a opção de carro também é viável já que são 145 km partindo de Paris em uma autoestrada exce-
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lente. A viagem é tranquila e muito relaxante, a paisagem vai se modificando instantaneamente e as infinitas vinícolas vão surgindo no horizonte. A cultura do vinho é bastante difundida no local e por ano são produzidos aproximadamente 200 milhões de garrafas de champagne – dos quais 70% são exportados para os quatro cantos do mundo. Quando eu comentava que iria escrever uma matéria para uma revista brasileira, fui advertido algumas vezes para não esquecer a seguinte informação: “Todo champagne é um espumante, mas nem todo espumante é um champagne”. Anotado. Nesta região, concentram-se os endereços dos mais conhecidos produtores de vinhos. Você pode visitar as caves [corredores subterrâneos onde as garrafas ficam armazenadas] da Ruinart, Taittinger, Pommery, Veuve Clicquot, Marcel, Möet Chandon, Mercier, entre outras. »»»
A região das cidades de Épernay e Reims é a maior produtora de champagne. Seus campos são destinos turísticos no interior da França.
La Maison Mercier Visitei uma das mais tradicionais e inovadoras caves da região: La Maison Mercier (localizada na cidade de Épernay). Fundada em 1858, esta marca pertence ao grupo LVMH [LVMH Moët Hennessy • Louis Vuitton S.A.], um grupo francês especializado em artigos de luxo, que também está à frente de nomes como: Moët & Chandon, Veuve Clicquot, Dior, Louis Vuitton e Parfums Givenchy. Fundada por Eugène Mercier, foram necessários seis anos para construir impressionantes 18 quilômetros de túneis subterrâneos que abrigam os incontáveis champagnes. Se a cave está localizada em Épernay, ela sempre manteve uma estreita relação com Paris. Uma vez que foi construída, em 1871, uma ligação ferroviária direta que assegura o encaminhamento dos champagnes para a Cidade-Luz. Em um elevador panorâmico, os visitantes descem por mais de 30 metros pela terra e percorrem algumas das 47 galerias construídas [hoje classificadas como monumento histórico] em uma espécie de carrinho elétrico. O cheiro de madeira »»»
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“Estou bebendo estrelas!” Por Lorena Filgueiras
Dom Pérignon, nosso “Santo” protetor - Se São Afonso é o santo cervejeiro, nós, da Revista Leal Moreira, também temos nossas razões para acreditar que Dom Pérignon merece um crédito a mais. Ao monge cego é creditada a descoberta do método Champenoise. Quase contemporâneo de Luís XIV, Pierre Pérignon não era viticultor, nem alquimista, mas depois de uma peregrinação à Abadia de Saint Hillaire, ele descobriu o método de vinificação dos vinhos “borbulhantes”. “Estou bebendo estrelas” teria dito Pérignon, monge beneditino, ao beber um champagne pela primeira vez. A história por trás do mito é mais obscura, defendem os especialistas e historiadores. Eles afirmam que Pierre Pérignon tentou, durante boa parte de sua vida, acabar com a espuma que seus vinhos produziam. “Dão prejuízo!”, teria confidenciado a outro monge. Em um período dominado por vinhos tintos, a tentativa de Pérignon se justificava: ele queria produzir excelentes vinhos brancos a partir de uvas tintas, como a Pinot Noir. Foi esse “santo” que definiu o modus operandi que seria usado até os dias de hoje: uvas tintas para produzir vinhos brancos. Particularmente, preferimos a versão mais poética da história. Afinal, quem não deseja experimentar o gosto das estrelas?
Como chegar Região da Champagne Épernay fica a 26 km de Reims e a 146 km de Paris. Saindo da capital francesa, as passagens podem ser compradas na hora na Gare de L’Est (linha 4 do metrô). Para ir, os melhores horários são 7h57 e 8h57. Para voltar, 17h15 ou 20h15. Vale lembrar que antes de chegar na Gare D’Epernay, o trem faz algumas paradas. Nesse caso, é bom ficar atento para não perder a hora do desembarcar. Para chegar até Reims, basta voltar para a estação e pegar um trem com um trajeto de 15 minutos. Muito fácil.
La Maison Mercier La Maison Mercier oferece recepções privadas e originais para almoços e jantares com uma pitada de história local, além dos passeios nas intermináveis caves. Passeio tradicional: de 13 euros a 25 euros de acordo com a quantidade de champagne na degustação (visita guiada). Duração: 1h20.
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Para obter mais informações ou agendar visita: Champagne Mercier cmaus@moet.fr / / +33 (0) 3 26 51 22 24 http://www.champagnemercier.fr
91 8887.6486 é bastante marcante e o sentimento de revisitar uma época remota é inevitável. A guia explica que para a maturação do champagne ocorrer de forma precisa as garrafas necessitam descansar na escuridão em uma temperatura de 10º graus. Os champagnes normais demoram geralmente três anos para serem comercializados. Eles são produzidos obrigatoriamente à base de três uvas distintas: chardonnay, pinot noir e pinot meunier. A bebida foi descoberta há mais de 300 anos por um monge beneditino: Dom Pérignon. Para manter a qualidade, a colheita da uva tem que ser obrigatoriamente feita manualmente, por determinação do órgão de fiscalização de produção francesa: o AOC (Denominação de Origem Controlada, na sigla em francês). Esta mesma entidade conseguiu proibir que qualquer outro espumante do mundo seja chamado de champagne. Projetadas e decoradas para impressionar os visitantes, as adegas Mercier permanecem até hoje entre as mais visitadas na região, com mais de 100 mil visitantes por ano. Conhecido por seu »»»
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As caves centenárias atraem turistas, que se veem transportados para outras épocas.
Infogáfico das regiões produtoras de vinhos na França
espírito inovador e visionário, Eugène Mercier construiu o maior barril do mundo (20 mil kg - vazio, com capacidade para 200 mil champagnes), além disso, produziu o primeiro filme publicitário da história, que mostrava o processo de produção da bebida. As visitas têm hora marcada e uma deliciosa degustação de champagne finaliza o passeio. Depois de visitar as caves, outro passeio obrigatório é na Catedral de Notre-Dame de Reims. Edificada no século XIII, 25 reis foram coroados em suas dependências, entre Luís VII e Carlos X (1825). Com 800 anos de história, a catedral é um dos edifícios góticos mais importantes da França, além se ser considerada como patrimônio da humanidade. No mais, aproveite a hospitalidade das pessoas sempre dispostas a conversar, se perca nas encantadoras ruas de pedra e não se esqueça de degustar uma irresistível taça do autêntico champagne. Au revoir!
Dicas para servir e degustar um Champagne 1 - Cada vinho tem sua devida taça e para o champagne não é diferente. A taça adequada é conhecida pelo nome de flûte (ou flauta). Encontramos taças baixas e largas sendo vendidas como de Champagne. No entanto, esse tipo de taça dificulta a formação de espuma e faz com que os aromas se dispersem no ar, além disso, a sua baixa altura não permite o correto desprendimento das borbulhas. 2 - Segure a taça pela haste, pois minimiza o aquecimento do líquido quando em contato com a mão. 3 - Temperatura ideal de serviço: entre 8° e 10°. Importante levar em conta a idade do champagane. Para um champagne jovem sirva a 8°C, enquanto que um millésimé (um raro) se bebe preferencialmente a 10°C. 4 – Sirva o champagne em duas vezes e encha a taça até dois terços para melhor sentir seus aromas. 5 - O champagne normalmente combina com uma diversidade de alimentos e é uma bebida que pode ser degustada durante toda a refeição. Porém, ao contrário do que se imagina, ela não harmoniza com chocolates ou sobremesas à base de chocolate. É tudo uma questão de reação química entre os dois ingredientes. Portanto, se você pretende servir uma sobremesa à base de chocolate, priorize outro tipo de vinho ou procure um champagne que tenha sido elaborado e produzido especificamente para esse tipo de harmonização, caso contrário o resultado pode ser decepcionante. Fonte: Flávia Pinto (Paris4Vip)
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Cará ou
inhame?
A confusão começou no momento do “terra à vista!”. Pedro Álvares Cabral achava que tinha chegado às Índias e, por isso, chamou os nativos que ora habitavam as terras brasilis de índios. Na carta que o escrivão da armada, Pero Vaz de Caminha, enviou ao rei de Portugal, a respeito da descoberta, ele errou ao registrar o que os índios comiam. Trocou a mandioca, então principal alimento dos tupiniquins, por inhame. “Muito inhame e outras sementes que na terra há e eles comem”, escreveu. E a confusão não parou por aí: registrava-se um equívoco histórico que até hoje é pauta de discussões acaloradas. A confusão fica maior ainda quando colocam o inhame (que é um rizoma, logo um caule que cresce horizontalmente, geralmente subterrâneo) e o cará (que é um tubérculo) na mesma frase (ou no mesmo prato, como queiram). Há, inclusive, registros de regiões brasileiras em que os nomes são trocados! No Nordeste, por exemplo, o cará é chamado de inhame! No Centro-
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-Oeste o cará é chamado de inhame-cará... Mas você já deve ter ouvido falar em inhame-cará, cará-mimoso, inhame-da-china, inhame selvagem... Antes que você se desespere e saia questionando suas lições de História do Brasil, calma! Ambos têm muito em comum, a começar pelo valor nutricional inquestionável: a origem tropical... Há diferenças, reconhecidas pela Embrapa, cujos estudos têm descortinado boa parte dos mitos em torno dos alimentos e matérias-primas consumidos no Brasil. O inhame pertence à família das aráceas e seu rizoma tem forma arredondada; sua superfície é coberta de fiapos e de ponta afilada. Sem mencionar que o inhame possui alto teor de açúcar! A planta tem aparência de uma folhagem de jardim e as folhas são largas, em um formato que lembra muito a forma de um coração. Já o cará é da família das dioscoreáceas e ele é comprido, como a batata-doce, e tem “pelos” (fiapos) ralos. Comparado ao inhame, seu teor de
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Ângela Sicilia Chef de cozinha
açúcar é menor e sua planta tem folhas pequenas, bem parecidas com as da batata-doce. Nesta “onda fitness” que temos vivido, percebo uma maior preocupação com a alimentação (o que é ótimo!) e muito se fala no IG (o índice glicêmico) – o cará, considerado um carboidrato complexo, tem índice moderado e é ótimo para ser consumido antes de treinos ou provas que exijam muito esforço físico. O inhame também é ótimo! Só prestem atenção ao nível de açúcar. Cará, inhame, batata-doce... são todos deliciosos e versáteis na cozinha. Digo mais: a gente não usa nem metade da potencialidade de nossas matérias-primas. Participei de um evento recentemente e não me contive. A receita foi um surpreendente gnocchi de cará! Ficou delicioso e que cor linda, viva! Embora haja alguma confusão, é inegável perceber a riqueza que nasce no solo brasileiro. Sorte a nossa!
gourmet
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Isabela Lima
Mestre do
chocolate
Diego Lozano é um dos chefs confeiteiros mais respeitados do país. E, talvez, um dos mais ousados. À primeira vista, não se deixe enganar: o ar de menino e a pouca idade escondem um caminho cheio de metas e sonhos – quase todos conquistados.
V
erão paulistano, o relógio marca 16 horas e o termômetro, 30 graus. São Paulo, nessa época do ano, a maior cidade do país presenteia seus moradores com finais de tarde mágicos, que refletem em suas gigantes construções envidraçadas. Com algum esforço, é possível sentir o aroma que emana das árvores e jardins entre os grandes blocos de concreto. Mas, esta tarde alaranjada terá cheiro e gosto diferente: o de chocolate. O lugar marcado para a entrevista é em um cantinho charmoso da Vila Mariana. A Escola de Confeitaria, local em que encontraremos o chef pâtissier Diego Lozano, é discreta; uma casinha charmosa encaixada harmoniosamente ao lado de várias outras, igualmente aconchegantes. A fachada cinza parece esconder a grandiosidade do que é feito lá dentro, já que da porta pra dentro, um verdadeiro cenário gastronômico profissional se descortina, com tudo que tem direito: balcões amplos, cada um com sua batedeira profissional, formas em tamanhos e formatos tão graciosos, que chego a pensar que são de brincadeira. Alie-se ao cenário mágico e cuidadosamente composto, verdadeiras esculturas natalinas enfeitando a sala. A diferença é que elas são de verdade... e comestíveis, já que são de chocolate. Subindo as escadas, cercadas por paredes escritas carinhosamente pelos alunos dos cursos ministrados ali, há duas salas. Neste momento, o cheiro de chocolate já tomou conta das almas presentes e o sorriso parece sair mais fácil [é impressionante o poder que esse produto tem]. O clima é de descontração. Há um fotógrafo no meio da produção, capturando doces milimetricamente confeitados e coloridos, quando surge o mentor e criador de tudo: Diego Lozano. Ele parece um menino, calçado com Crocs. Mas um olhar mais atento revela inúmeras tatuagens. Lozano está totalmente à vontade dentro de seu “habitat natural”. Com simplicidade, pede um momento pra termi-
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nar as produções da hora e diz que quer mostrar “uma coisa legal”. É o Senhor Cabeça de Batata (personagem ícone do filme Toy Story, dos estúdios Pixar) todo feito em chocolate. Lozano consegue, com a mesma naturalidade e delicadeza com que faz seus doces, contar sua história, ao mesmo tempo em que carrega as produções, que são verdadeiras obras de arte (de verdade, tem até uma escultura gigante toda de chocolate!), ajuda a equipe a arrumar a sala de aula e continua fazendo seus quitutes. A correria parece ser grande, mas não é maior que o talento e a capacidade que Diego tem de dar formas inusitadas ao chocolate, realçando seu sabor e evidenciando outros. Bolo Peteleco: o início de tudo Diego já era chef antes mesmo de virar homem. Com doze anos, iniciou seus trabalhos na cozinha ajudando a mãe solteira em casa. Quando ela saía para trabalhar, era ele o responsável pela comida da casa. E foi aí, logo cedinho, que o pequeno chef descobriu seu primeiro amor: a cozinha. A primeira tentativa com doce foi o tradicional “bolo peteleco”, receita da avó. Quando ficou pronto, Diego resolveu provar e teve uma surpresa: o bolo estava salgado. Ele havia trocado as medidas. A receita pedia uma colher de sal e uma xícara de açúcar, e foi exatamente o contrário que ele fez. Mas, o resultado final deu certo: Diego descobriu instintivamente que era doce que queria fazer. “Foi aí que me apaixonei de verdade, vi que era uma coisa que não podia ter erro, então comecei a correr atrás”, lembra. E o caminho começou a ser traçado. Durante várias tentativas frustradas de fazer uma torta de limão (presente em muitas padarias espalhadas por São Paulo), Dona Selma, mãe de Diego, percebeu que o filho, ainda com 14 anos, estava empolgado com as produções culinárias e resolveu tentar fazer »»»
Ricardo D’Angelo
com que ele entrasse em um curso profissionalizante no Senai. Por conta do alto valor na época, ela não podia pagar o curso de Panificação e Confeitaria que o filho tanto queria. Os dois se abraçaram e começaram a chorar nas escadarias do espaço. Foi aí então que o diretor do lugar passou, viu a cena e chamou os dois para conversar. A notícia não podia ser melhor: Diego ganhara o curso. De lá, já saiu com proposta de emprego em uma confeitaria em São Paulo, com matriz em Florianópolis. Por conta da idade e pela falta de experiência, Diego não foi chamado. Ainda. Uma semana depois, recebeu uma ligação da dona do estabelecimento dizendo que havia gostado dele e que o queria em sua cozinha. Decidido, passou três meses em treinamento no Sul e voltou para São Paulo já assumindo cargo de chef, e com apenas 15 anos, já comandava uma equipe inteira. Tomado pela gana de crescer e aprender coisas novas, Diego, enquanto fazia outro curso gastronômico pelo Senai, encontrou um anúncio de vaga de chef de confeitaria francesa no Itaim, bairro nobre paulista. Cozinha assumida! Mais uma vez, Lozano nem tinha idade pra tirar carteira de motorista, mas já comandava uma equipe de dez pessoas. Por sua inexperiência, não foi muito bem recebido pelos mais velhos. Mas a simplicidade mais uma vez foi o xeque-mate, quando ele apresentou suas receitas à equipe. A partir daí, o caminho foi só crescendo. Dois anos depois, Diego passou a ser chef da empresa brasileira Harald, uma das maiores produtoras de chocolate do país. Foi quando teve oportunidade de realizar seu sonho, viajar de avião, e passou por várias cidades, dando aulas. Nesse meio tempo, se inscreveu em diversos concursos de confeitaria – e ganhou todos. Do Brasil para o mundo Em 2007, o sonho mudou e já estava virando realidade. Diego participou do Chocolate Masters, competição internacional de confeiteiros do mundo todo que surgiu em 2005. Treinou muito em casa com as panelas caseiras da mãe, e foi com essas mesmas panelas que ele chegou para a apresentação das receitas na competição. No final das contas, foi a simplicidade das panelas de Dona Selma que deu o prêmio ao filho, além de uma passagem para Paris, outro sonho de Diego. Agora sim, um chef reconhecido mundialmente. Foi às seletivas de Paris, mas não ganhou o prêmio final. A vida de confeiteiro profissional começou a acontecer para o jovem Lozano. Por conta do campeonato, recebeu um convite para estagiar numa confeitaria na Bélgica, onde passou três meses. Quando voltou, recebeu uma ligação de um cara que diz timidamente não ter feito ideia de quem era: Alex Atala. Considerado um dos maiores chefs brasileiros, Atala queria Diego como confeiteiro de seu restaurante, o D.O.M. E ele foi. Um ano depois, Diego já almejava outros rumos, queria abrir sua empresa. Foi quando entrou como sócio da “Chocolates da Amazônia”, empresa paraense que abriu loja em São Paulo, para a qual também prestou consultoria por muito tempo. Como uma
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Diego Lozano decidiu ainda criança que seu futuro seria doce. Sua intuição não falhou e hoje é um dos chefs mais respeitados do país.
bomba-relógio, as propostas e oportunidades surgiam a cada minuto na vida do confeiteiro. Ao mesmo tempo, Diego recebeu a proposta de trazer para o Brasil uma franquia da empresa belga Chocolate World, da qual deixou de assumir apenas a cozinha para gerenciar administrativamente e ser o gestor da marca. Diego conta que foi um período decisivo para a sua carreira: “Foi uma proposta macabra, porque eu me tornei chef e diretor da marca no Brasil, então eu assumi todas as operações. E eu não tinha noção alguma, então foi uma mudança bruta na minha vida”, lembra. Três anos depois, Diego cansou da parte burocrática, vendeu sua parte da loja para seu sócio e passou a se dedicar exclusivamente a consultorias, que ele já havia feito durante toda a sua carreira. Nesse período, Diego viajou o Brasil e o mundo inteiro tanto para ser consultor e também para estudar. Numa dessas viagens, Diego passou por Belém para dar consultorias, e teve o seu primeiro contato com a culinária paraense. Como não poderia ser diferente, foi amor à primeira vista. “Pra mim, a melhor gastronomia do mundo é de Belém”, elogia. E as especiarias da terrinha entraram no cardápio de Lozano e não saíram nunca mais. Ele conta que gosta de inserir a castanha-do-pará e o açaí em várias de suas receitas. E faz questão que tudo saia diretamente de solos paraenses para a sua cozinha. A Escola, outro sonho A escola sempre esteve na lista de planos do chef,
mas ele não imaginava que isso aconteceria tão cedo. “Eu já tinha vontade de montar a escola, mas achei que isso fosse acontecer quando já tivesse uns 40 anos, porque é um grande investimento”, diz. Mas, ele conta também que o destino contribuiu um pouquinho para a abertura da Escola de Confeitaria Diego Lozano, primeiro negócio totalmente autoral do chef e primeira escola voltada especificamente para a confeitaria do Brasil. Um dia, passando pela Rua Napoleão de Barros, Diego olhou o espaço e a lâmpada imaginária acendeu sobre sua cabeça. “Putz, a escola poderia ser aqui!”, pensou. Resolveu olhar de novo, deu a volta na quadra e resolveu parar para pedir informações na imobiliária, que ficava do outro lado da rua. No primeiro instante, a dona já o reconheceu e adorou a ideia do chef confeiteiro. E assim foi. Mais um sonho realizado. Começando do zero, como toda a sua carreira, Diego conseguiu construir a Escola de Confeitaria, sem investidor, sem nada. “Isso pouca gente sabe, mas no começo eu morei na loja (ele morava em Santo André com a família), colocava um colchão e ficava aqui mesmo”, confidencia. Hoje, o espaço, que Diego achava que fosse ser grande demais para dar aulas, já tem dois anos e ficou pequeno para a quantidade de pessoas interessadas em confeitaria. O tamanho triplicou, a equipe aumentou e, consequentemente, o sucesso também. Ao infinito e além!
O sucesso e o reconhecimento de Diego o tem levado a outros ramos, e as habilidades do confeiteiro não estão apenas na produção de doces. O estilão tatuado do cara foi parar na televisão. É que ele participou de duas temporadas do programa “A Confeitaria”, do antigo canal Bem Simples (hoje, Fox Life), ampliando seu público, seu leque de receitas e, claro, sua experiência. Como dono da primeira escola de confeitaria do Brasil, Lozano pretende levar a especialidade para cada vez mais pessoas. E com esse pensamento que criou seu outro projeto, a revista Açúcar, publicação bimestral com assinatura que traz um conteúdo específico, voltado para o público gastronômico. O legal é que a revista aborda, a cada edição, uma fruta diferente. “De uma certa forma, posso fazer com que a confeitaria cresça de nível e tem muita coisa que dá pra aproveitar desse conteúdo. Tem muita coisa sobre cozinha, mas sobre confeitaria de qualidade não tinha nada. Então eu decidi lançar”. Diego antecipa ainda uma novidade: vem programa dele por aí! Lozano fechou com a Chef TV (www. cheftv.com.br) o programa “O Confeiteiro”, que deve estrear enquanto você folheia esta revista, com dicas e receitas do profissional. É, parece que veremos mais um pouco do maior confeiteiro do país por aí. O chef se despede, nesse momento sua equipe já organiza toda a sala pra a próxima aula. Ah! Lozano divide com os leitores da Revista Leal Moreira uma receita [com chocolate, é claro] para deixar a Páscoa ainda mais especial.
receita Essência • • • •
Sablé Breton Creme de Cajá e Baunilha Mousse de Marzipã Flocagem de Chocolate Branco
INGREDIENTES
• • • • • •
PREPARO
Sablé Breton Manteiga sem sal Açúcar refinado Sal Gema de ovo Farinha de trigo Fermento químico em pó
144 g 104 g 1 pitada 52 g 144 g 10 g
Em uma batedeira, bata a manteiga, o açúcar e o sal. Quando o creme estiver fofo e esbranquiçado, acrescente as gemas e continue batendo até homogeneizar. Desligue a batedeira e homogeneíze manualmente a farinha de trigo e o fermento químico em pó. Disponha a massa em aros redondos de 6 cm de diâmetro e 5 mm de altura. Asse em forno aquecido a 180ºC por 12 minutos. Reserve.
INGREDIENTES
• • • • •
PREPARO
Creme de Cajá e Baunilha
Misture em um bowl a polpa de cajá, o açúcar, a baunilha e a pectina. Transfira para uma panela e cozinhe por 2 minutos após levantar fervura. Retire do fogo, adicione o sumo de limão e aplique sobre o sablé Breton. Refrigere.
Polpa de Cajá Açúcar refinado Fava de baunilha Pectina Sumo de limão
640 g 192 g 1 unidade 40 g 8g
PREPARO
INGREDIENTES
Mousse de Marzipã • • • •
Leite integral Marzipã “Santagemma” Massa de gelatina Creme de leite fresco (35% gordura)
370 g 181 g 42 g 422 g
Em uma panela, aqueça o leite a 80ºC. Misture ao marzipã e à massa de gelatina, homogeneizando com o mixer até obter um creme liso e homogêneo. Reserve. Quando atingir 30ºC misture ao creme de leite fresco batido em ponto de chantilly.
PREPARO
INGREDIENTES
Flocagem de Chocolate Branco • Chips de Chocolate Branco (referência CW2NV • 25,9% cacau) “Callebaut” • Mycryo “Callebaut” • Corante em pó branco “Diego Lozano”
50 g 50 g 3g
Derreta o chocolate com a manteiga de cacau e adicione o corante em pó branco. Misture bem, transfira para a pistola e aplique a 32ºC sobre a mousse de marzipã congelada.
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Montagem Forre o fundo do frame com o sablé Breton, previamente assado. Aplique o creme de maracujá sobre o sablé e refrigere. Em seguida, acrescente a mousse de marzipã e retorne ao congelador. Depois de congelado, pulverize a superfície com flocagem de chocolate branco. Corte quadrados de 16 cm e decore com peças de chocolate e flores. Rendimento: 2 entremet de aproximadamente 1.175g Montagem: em 8 frames de 27cmx36cm Custo unitário: R$ 24,48 Custo total: R$ 48,96 Preço sugerido: R$ 90,00 / kg
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Planejamento, Incorporação e Construção:
Produtor: Ar Pe Pe Região de origem: Lombardia – Valtellina – 8 ha de vinhedos em Sassella, comunas de Sondrio e Montagna. Classificação legal: Rosso di Valtellina D.O.C. Composição de castas: 100% Chiavennasca (Nebbiolo) Graduação alcoólica: 13° | Acidez total: 5,5 g/l Características organolépticas: Cor rubi brilhante de maravilhosa transparência. Fina expressão da fruta vermelha fresca (cereja, framboesa), terra úmida e envolvente toque balsâmico (menta). Na boca, a trama de taninos é sútil, sápido, com delicioso final a alcaçuz. Amadurecimento: 6-9 meses em botti grande de castanheira, acácia e carvalho. Estimativa de guarda: 6 anos Premiação mais relevante: Gambero Rosso – 2 bicchieri Onde comprar: Decanter www.revistalealmoreira.com.br
Produtor: De Martino Região de origem: Vale de Elquí – 3,9 hectares de vinhedos localizados a 1.900 metros de altitude com 45º de inclinação. Composição de Castas: 85% Syrah, 15% Petit Verdot Graduação alcoólica: 14,5° GL Produção: 9.000 garrafas Amadurecimento: 14 meses em barricas novas de carvalho francês. Estimativa de guarda: 10 anos + Carta de vinho sintética: Muito complexo, com frutas maduras (mirtilo), violeta, grafite e especiarias. Concentrado, potente e interminável. Premiações mais relevantes: Descorchados 2011: 94 Pontos “Revelación Norte” Parker: 91 Pontos Jancis Robinson: 16 /20 Onde comprar: Decanter
Região de origem: Salento Puglia, Itália Composição de castas: 40% Grillo, 30% Garganega e 30% Chardonnay Graduação Alcoólica: 14° Personalidade tipicamente mediterrânea para esse branco que nasce numa das regiões mais encantadoras da Itália – o Salento, terra abençoada por onde passaram fenícios, gregos e romanos. O Salento é um maravilhoso mundo que alberga em si arte, tradição popular e história antiga e belezas naturais. Lá os invernos são amenos e breves, os verões são demorados, quentes e secos com ventos quentes que sopram da África do Norte. O solo é calcário e rico em pedregulhos, calhaus e extratos de rochas, logo com essas características climáticas e com todo esse mar que entorna a região, ventos e que as uvas e os vinhos dessa região tenham atributos originais e únicos. O Jelena Bianco IGT é elaborado quando as uvas chegam à completa maturação; a vindima é manual e a vinificação é feita em barris de acácia, esse tipo de madeira tem características mais doces, conferindo complexidade e aromas interessantes, seguidos por notas florais e de frutas com polpa branca, na boca a base mineral está bem alinhada com a acidez e o frescor e a sapidez típica de vinhos de origem mediterrânea. Onde comprar: Grand Cru Belém Indicação da Sommelière Ana Luna Lopes
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CHÂTEAU BERLIQUET 2010 - GRAND CRU CLASSÉ SAINT – EMILION
JELENA SALENTO IGO BIANCO 2012
SYRAH SINGLE VINEYARD ALTO LOS TOROS 2008
ROSSO DI VALTELLINA 2012
vinho
Região de origem: Bordeaux (Rive Droite) França Composição de castas: 70% Merlot, 25% Cabernet Franc e 5% Cabernet Sauvignon Graduação alcoólica: 14° O Château Berliquet é um dos vinhedos mais antigos de Saint –Emilion, a prestigiosa denominação da margem direita de Bordeaux. Essa denominação foi conquistada em 1884 [e que passou por algumas revisões ao longo do tempo, sendo revista a cada 10 anos]. Hoje a classificação possui 64 Grand crus classes, dentre os quais está o Château Berlique, variedade dos vinhos de Saint Emilion conta com um sábio corte de três uvas que se completam e que definem o potencial organoléptico do vinho. Dentro da D.O é permitido também o uso de uvas como a Malbec e a Carmenère. Cada uva possui características próprias e personalidade que são típicas de seu terroir. O Château Berliquet possui as características marcantes da Merlot e sua riqueza alcóolica, cor e complexidade aromática com notas de frutas negras e vermelhas maduras, bem como a finesse e o acabamento sedoso dos taninos. Já a Cabernet Franc traz a delicada sedução das especiarias, frescor, mineralidade e estrutura tânica, sem contudo deixá-lo pesado. A “pontinha” de Cabernet Sauvignon confere o toque herbáceo e a evolução. As vinhas do château têm entre 30 e 40 anos, toda a vindima é feita manualmente, logo em seguida a fermentação dura por um período que varia de 20 a 30 dias, seguida de fermentação malolática em carvalho francês, para posteriormente passar de 14 a 16 meses repousando nas caves naturais de pedra do Château. A produção anual é de 30 a 35.000 garrafas. Onde comprar: Grand Cru Belém Indicação da Sommelière Ana Luna Lopes
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ANJOS DA LEI 2 Os oficiais Schmidt (Jonah Hill) e Jenko (Channing Tatum) têm agora uma nova missão: se infiltrar em uma faculdade local. O problema é que, em meio à investigação, Jenko conhece sua alma gêmea em plena equipe de atletismo e Schmidt, após se infiltrar no centro de arte boêmia, começa a questionar a dupla. Em meio aos inevitáveis problemas de relacionamento, eles precisam encontrar um meio de desvendar o caso que estão investigando.
DESTAQUE
O HOMEM MAIS PROCURADO Depois de ser brutalmente torturado, um imigrante de origem chechena e russa faz uma viagem à comunidade islâmica de Hamburgo, tentando resgatar a grande herança que seu pai teria lhe deixado. A chegada deste homem desperta a curiosidade das polícias secretas alemã e americana, que passam a acompanhar seus passos. Enquanto a investigação avança, todos fazem a mesma pergunta sobre o imigrante: seria ele apenas uma vítima ou um extremista com um plano muito bem elaborado? Último filme feito por Philip Seymour Hoffman.
ERA UMA VEZ EM NOVA YORK
BRAINCAST Desde 2002 no ar, o Brainstorm9 é um veículo online brasileiro independente que fala sobre criatividade e inspiração, seja na publicidade, internet, negócios, social media ou comunicação digital em geral. www.brainstorm9.com.br/braincast9/
TRONO MANCHADO DE SANGUE (AKIRA KUROSAWA, 1957) Japão. Yoshiteru Miki (Akira Kubo) e Taketori Washizu (Toshirô Mifune) são os comandantes do primeiro e do segundo castelo de um reino local, cuja sede fica no Castelo das Teias de Aranha. Após defenderem seu senhor em batalha, eles estão retornando para casa quando encontram um espírito que prediz o futuro de ambos. Ele diz que Washizu em breve assumirá o trono e que o filho de Miki, Yoshaki (Minoru Chiaki), o sucederá. Ao retornar para casa, Washizu comenta a predição com a esposa, lady Asaji (Isuzu Yamada). Ela acredita no que o espírito disse e incentiva o marido a agir quando o atual rei chega em seu castelo, para passar a noite.
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INTERNET
CLÁSSICOS
Em 1921, as irmãs polonesas Magda (Angela Sarafyan) e Ewa Cybulski (Marion Cotillard) partem em direção a Nova Iorque, em busca de uma vida melhor. Mas, assim que chegam, Magda fica doente e Ewa, sem ter a quem recorrer, acaba nas mãos do cafetão Bruno (Joaquin Phoenix), que a explora em uma rede de prostituição. A chegada de Orlando (Jeremy Renner), mágico e primo de Bruno, mostra um novo amor e um novo caminho para Ewa, mas o ciúme do cafetão acaba provocando uma tragédia.
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DESTAQUE O BICHO DA SEDA (ROBERT GALBRAITH - ED. ROCCO, 2014)
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O detetive Cormoran Strike, protagonista de “O chamado do Cuco”, está de volta, ao lado de sua fiel assistente Robin Ellacott, no segundo livro de Robert Galbraith, pseudônimo de J.K. Rowling. Dessa vez, o veterano de guerra terá que solucionar o brutal assassinato de um escritor.
DICA DISCOTECA BÁSICA ZÉ ANTÔNIO ALGODOAL - ED. EDIÇÕES IDEAL, 2014 Você consegue adivinhar quais são os 10 discos favoritos de nomes como Jô Soares, Arnaldo Baptista, João Gordo, Nando Reis, Rappin’ Hood, Laerte, Astrid Fontenelle, Zeca Camargo ou Alex Atala? Nas páginas de Discoteca Básica você vai descobrir. Discos e listas possuem uma atração irresistível há muitos anos – relação de amor e ódio (sempre vai ficar algum de fora), pautada pelos critérios mais diversos/malucos, e capaz de preencher páginas de revistas, programas de TV e animar muitas conversas de bar. Pois bem, Zé Antonio Algodoal também adora listas, e resolveu fazer um livro sobre isso, com as escolhas de 100 personalidades do Brasil e do exterior. A pergunta do autor foi simples: “Quais os 10 discos da sua vida?”. Além de elaborar a lista, cada convidado também falou um pouco sobre as suas escolhas. Afinal, o amor pelos discos é tanto que não basta enumerar, também é necessário escrever sobre isso. Um livro de listas, mas também um livro de histórias, que retratam o amor pela música. E, o que é ainda mais legal, sem ser um livro de crítica musical. É um livro feito pelos fãs, com critérios pessoais, apaixonados, sinceros e às vezes inexplicáveis.
CONFIRA DO INFERNO (ALAN MOORE, ED. VENETA, 2014) Essa é a história de Jack Estripador, o mais misterioso e famoso assassino de todos os tempos. Escrita por Alan Moore, o criador de histórias em quadrinhos como Watchmen e V de Vingança, Do Inferno é uma reflexão a respeito da mente enlouquecida cuja violência e selvageria deu início ao século 20. Do Inferno entrou na lista de best sellers do The New York Times, recebeu todos os principais prêmios do mundo dos quadrinhos, elogios entusiásticos de toda a imprensa, ganhou uma versão para cinema estrelada por Johnny Depp e foi aclamada como a mais importante graphic novel já produzida.
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GRAÇA INFINITA DAVIS FOSTER WALLACE ED. COMPANHIA DAS LETRAS, 2014 Os Estados Unidos e o Canadá já não existem: eles foram substituídos pela poderosa ONAN, a Organização de Nações Norte Americanas. Uma enorme porção do continente se tornou um depósito de lixo tóxico. Esse é o cenário de “Graça infinita”, considerado o último grande romance do século XX e, como o Ulysses de James Joyce, teve um impacto duradouro e ainda difícil de ser aferido. No romance, seguimos os passos dos irmãos Hal, Orin e Mario Incandenza – membros da família mais disfuncional da literatura contemporânea –, conforme tentam dar conta do legado do patriarca James Incandenza, um cientista de óptica que se tornou cineasta e cometeu suicídio depois de produzir um misterioso filme que, pela alta voltagem de entretenimento, levava seus espectadores à inanição e à morte. “Graça infinita” dobra todas as regras da ficção sem jamais sacrificar seu próprio valor de entretenimento. É uma exuberante e original investigação do que nos torna humanos – e um desses raros livros que renovam a ideia do que um romance pode ser.
CLÁSSICO O DIÁRIO DE ANNE FRANK (ANNE FRANK, ED. RECORD, 2014 – EDIÇÃO ESPECIAL CAPA DURA) O depoimento da pequena Anne Frank, morta pelos nazistas após passar anos escondida no sótão de uma casa em Amsterdã, ainda hoje emociona leitores no mundo inteiro. Seu diário narra os sentimentos, os medos e as pequenas alegrias de uma menina judia que, como sua família, lutou em vão para sobreviver ao Holocausto. Lançado em 1947, O diário de Anne Frank tornou-se um dos livros mais lidos do mundo. O relato tocante e impressionante das atrocidades e dos horrores cometidos contra os judeus faz deste livro um precioso documento e uma das obras mais importantes do século XX.
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horas vagas • música
VÍDEO VINÍCIUS DE MORAES EDIÇÃO DEFINITIVA - 2 DVDS A montagem de um show é o ponto de partida para a reconstituição de uma trajetória sem paralelos no cenário cultural do país. A vida, os amigos, os amores de Vinicius de Moraes, autor de mais de 400 poesias e cerca de 400 letras de música. A essência criativa do artista e filósofo do cotidiano e as transformações do Rio de Janeiro através de raras imagens de arquivo, entrevistas e interpretação de muitos de seus clássicos.
CONFIRA QUEEN - LIVE AT THE RAINBOW ‘74 - 2 CDS Março de 1974 é uma data marcante na história do Rock. E agora está sendo celebrada com um lançamento de gravações raras feitas de um concerto lendário no “The Rainbow” em Londres, realizado por uma banda em ascensão na época, chamada Queen. Agora, 40 anos depois, Queen: Live At The Rainbow’74 vem finalmente à tona a partir de arquivos, fornecendo um registro inestimável sendo restaurada e remasterizada pela primeira vez. Mais de 12 faixas exclusivas nunca antes lançadas em um álbum ao vivo do Queen.
DICA
NOSTALGIA Annie Lennox ‘Nostalgia” é o sétimo álbum solo de uma das artistas mais bem-sucedidas e talentosas da história da música pop, Annie Lennox. O álbum recria canções icônicas das décadas de 1930 e
1940 de artistas como Nina Simone, Jo Stafford e Louis Armstrong. Entre as faixas estão: “Georgia On My Mind”, “I Cover The Waterfront” e “The Nearness Of You”.”
INTERNET
CLÁSSICO
STEREO KILLER Boa parte dos frequentadores deste cyberespaço defendem que o site é uma versão melhorada do MySpace. Dedicado ao punk, ao hardcore e ao metal, lá você encontra mais de 32 mil músicas, 43 mil bandas e um acervo com 9 mil críticas de álbuns. http://www.stereokiller.com/index.cfm
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ARETHA LIVE AT FILLMORE WEST “Fillmore West” é um local lendário, onde muitos artistas gravaram álbuns históricos ao vivo. Aretha Franklin, considerada a “Rainha do Soul”, apareceu ali com um poderoso line-up arregimentado pelo renomado produtor Jerry Wexler. Fugindo da tradicional banda de estrada de Aretha, Wexler convocou para esta gravação a banda de King Curtis, que incluía músicos estelares como Cornel Dupree (guitarra), Jerry Jemmott (baixo) e Bernard Purdie (bateria), criando um funky groove, com a ajuda de Billy Preston no órgão e um convidado muito especial: Ray Charles.
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Facebook Groups Facebook Groups é a segunda função da rede social mais famosa do momento que ganha um aplicativo próprio. Com ele, é possível gerenciar, enviar mensagens de texto, imagem e áudio, receber sugestões de acordo com o que você e seus amigos curtem e acessar todo o conteúdo publicado nos grupos que você participa, tudo de forma fácil e sem precisar acessar o aplicativo principal do Facebook. Custo: Free
2 Cars Se você gosta de jogos capazes de dar um nó no seu cérebro, não pode deixar de jogar 2 Cars. Neste game, o jogador precisa controlar dois carros simultaneamente, mas que se deslocam de maneira independente entre si, para coletar os círculos. Como se isso não bastasse, você precisa ainda desviar dos quadrados. E aqui não há margem para erros: caso você deixe passar um círculo ou colete um quadrado por engano, está fora da corrida. Custo: Free
Video Downloader Que tal baixar vídeos de forma descomplicada e rápida pelo próprio iOS? Com o Video Downloader isso funciona sem muitos problemas, basta entrar em qualquer página da Web que possua o vídeo que você queira realizar o download e, por fim ,iniciar o conteúdo. O app tem versão gratuita e paga (Pro), e está disponível para o iPad, iPhone e iPod touch. Corra e confira essa novidade. Custo: Free
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LEAL MOREIRA É MAIS UMA VEZ A CONSTRUTORA PREFERIDA DOS PARAENSES Na pesquisa divulgada pelo Diário do Pará no dia 07/12/14, elaborada em parceria com o Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (IPMN), a Leal Moreira foi a primeira colocada no segmento “Construtora”, consagrando-se a preferida pelos consumidores de Belém que integram a nova classe média brasileira. A diferença da construtora para a empresa que ficou na segunda colocação foi de 20%.
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6,3%
Leal Moreira
Construtora B
5,3%
*a soma das outras perfazem 62,10%
26,3%
Construtora C
Fonte: Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau. A Nova Classe Média - dez / 2014
SEGURANÇA PARA TODOS O empreendimento Torres Trivento, da Leal Moreira e PDG, foi sede de um treinamento do Corpo de Bombeiros no dia 12/12. O local foi escolhido por ter um sistema de segurança contra incêndios que serve de modelo para outros edifícios. A capacitação foi ministrada pelos tenentes Moura e Jânio e durante o curso os bombeiros aprenderam sobre o sistema hidráulico e de pressurização. Regras básicas, como sinalização e disponibilização de extintores, também foram abordadas. Para o tenente Moura, é fundamental saber utilizar os equipamentos contra incêndios, para que, até que a ajuda especializada chegue, os próprios moradores possam se proteger do fogo. “Este momento é importante para os bombeiros porque eles aprendem na prática o que irão fazer no dia a dia de serviço”, conta Moura. O sistema de pressurização das Torres Trivento consiste em evitar a entrada de fumaça de incêndio nas escadas de emergência. O ambiente é pressurizado por um procedimento de ventilação mecânica que impede a entrada da fumaça. O sistema é ativado automaticamente pelos alarmes de detecção de incêndio ou manualmente na casa de máquinas ou portaria do prédio. Reandro Regateiro, engenheiro civil responsável pela obra Torres Trivento, explica o funcionamento da pressurização de escadas: “É um sistema de combate ao incêndio o qual os detectores de fumaça espalhados pela torre ativam quando acionados. Trata-se de um ‘grande ventilador’ que enche o ambiente de ar e dessa forma evita a entrada da fumaça de incêndio. Cria-se uma barreira de ar limpo”. A inalação de fumaça de incêndio é a principal causa de lesões em vítimas de incêndios. O contato com este tipo de substância pode causar queimaduras nas vias respiratórias, asfixia e desenvolvimento de doenças como bronquiolite e pneumonia.
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NOVA CENTRAL DE VENDAS A nova central de vendas da Leal Moreira traz toda comodidade e praticidade para receber os clientes e fica localizada em ponto nobre da Av. Nazaré, no Largo do Redondo (número 759). O espaço abriga também todo setor Relacionamento com Cliente da construtora.
NATAL DO FAMIGLIA SICILIA O Natal do Famiglia Sicilia é um dos mais tradicionais da cidade e em 2014 teve patrocínio da Leal Moreira. A apresentação do restaurante traz a cada ano um tema diferente e criativo e em 2014 não foi diferente.
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Parceiros
NATAL SOLIDÁRIO Natal é época de união. Época em que as pessoas dão as mãos para celebrar o fim de mais um ano e a chegada do outro. Época de reunir pessoas queridas. Época de festejar as conquistas. Época de refletir e pensar em coisas positivas. E, sobretudo, época em que valores de bem-estar social integram-se de forma mais intensa às rotinas das pessoas. Na Leal Moreira, a solidariedade mobilizou os colaboradores da empresa em prol de uma grande causa: eles arrecadaram materiais de higiene pessoal para os acompanhantes dos pacientes internados no hospital Ophir Loyola. As doações foram entregues no dia 20/12. A ação teve apoio do Grupo Amigas Solidárias e contou também com a participação de empresas parceiras da Leal Moreira. Todos juntos para contribuir para o Natal e ano-novo de quem tanto precisa. Ao todo, foram doados 306 kits de higiene pessoal e mais de 250 itens avulsos. A gerente comercial da Revista Leal Moreira, Danielle Levy, que esteve à frente da organização, disse que a iniciativa superou as expectativas. “Foi muito gratificante participar desta ação e a entrega foi igualmente emocionante. Eles são muito carentes e necessitados de doações. Conseguimos uma arrecadação significativa e que supriu a necessidade do hospital por dois meses”, conta.
29 ANOS DA LEAL MOREIRA
#LEALMOREIRA Faça uma foto do seu Leal Moreira, publique no Instagram e utilize a hashtag #lealmoreira para postarmos em nossa conta! Outra opção de compartilhamento é fazendo check-in nos nossos empreendimentos.
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No dia 21 de fevereiro, a Leal Moreira completa 29 anos! É com muita satisfação que a construtora cresce cada vez mais e busca estar sempre um passo à frente para satisfazer seus clientes. Em 2015, a Leal Moreira entregará mais de 1.000 unidades, terá novos lançamentos e já iniciará os preparativos em comemoração às três décadas de existência.
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Check List das obras Leal Moreira projeto
lançamento
fundação
estrutura
alvenaria
revestimento
fachada
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Torres Devant 2 ou 3 dorm. (1 suíte) • 68m2 e 92m2 • Travessa Pirajá, 520 (entre Av. Marquês de Herval e Av. Visconde de Inhaúma) Torre Unitá 3 suítes • 143m2 • Rua Antônio Barreto, 1240 (entre Travessa 9 de janeiro e Av. Alcindo Cacela). .
Torre Parnaso 2 ou 3 dorm. (1 suíte) • 58m² e 79m² • Av. Generalíssimo Deodoro, 2037 (com a Rua dos Pariquis). Torres Dumont 2 e 3 dorm. (1 suíte) • 64m² e 86m² • Av. Doutor Freitas, 1228 (entre Av. Pedro Miranda e Av. Marquês de Herval). Torre Vitta Office Salas comerciais (32m2 a 42m²) • 5 lojas (61m2 a 254m²) • Av. Rômulo Maiorana, 2115 (entre Travessa do Chaco e Travessa Humaitá). Torre Vitta Home 2 e 3 dorm. (1 suíte) • 58m² e 78m2 • Travessa Humaitá, 2115 (entre Av. Rômulo Maiorana e Av. Almirante Barroso). Torre Triunfo 3 e 4 suítes (170m²) • cobertura 4 suítes (335m²) • Trav. Barão do Triunfo, 3183 (entre Av. Rômulo Maiorana e Av. Almirante Barroso). Torres Floratta 3 e 4 dorm. (1 ou 2 suítes)• 112m² e 141m² • Av. Rômulo Maiorana, 1670 (entre Travessa Barão do Triunfo e Travessa Angustura). Torres Trivento 2 e 3 dorm. (1 suíte)• 65m² e 79m² • Av. Senador Lemos, 3253. (entre Travessa Lomas Valentinas e Av. Dr. Freitas). Torres Ekoara 3 suítes (138m²) • cobertura 3 suítes (267m2 ou 273m²) • Tv. Enéas Pinheiro, 2328 (entre Av. Almirante Barroso e Av. João Paulo II). mês de referência: janeiro de 2015
Veja fotos do andamento das obras no site: www.lealmoreira.com.br
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em andamento
concluído
Check List das obras ELO projeto
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fundação
estrutura
alvenaria
revestimento
fachada
acabamento
Terra Fiori 2 quartos • 44,05 a 49,90 m2 • Tv. São Pedro, 01. Ananindeua. mês de referência: janeiro de 2015
Portaria
Área de lazer do Terra Fiori
Suíte do casal
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Nos 36 anos da Lotus, quem fala é o cliente (4). Sr. Carlos Kayath, síndico do Ed. Atalanta. Cliente há 17 anos.
Sr. Antonio Gutierrez, síndico do Ed. Monteiro Lopes. Cliente há 23 anos.
“A Lotus nos ajuda a cumprir obrigações e a atender aos desejos dos condôminos. Com a solução global que a empresa oferece, não precisamos contratar vários profissionais para as áreas que administramos”.
“Facilita na parte burocrática e pessoal, no pagamentos de tributos, além de todo o suporte administrativo e financeiro. Para nós, que temos uma vida atribulada, é fundamental”.
Sra. Carmem Mello, síndica do Ed. Sport’s Garden. Cliente há 3 anos.
“Já fui síndica sem o apoio de uma administradora e sei que, assim, é muito difícil. E tive uma boa experiência com a Lotus em outro condomínio. Por isso, também trouxemos essa parceria para o Sport’s Garden. A Lotus sempre estará conosco!”
Sr. Luís Mendes, síndico do Ed. Lille. Cliente há 3 anos.
“A Lotus tira um peso muito grande. Assim, o trabalho do síndico é mais o de fiscalizador. E isso garante a paz e tranquilidade na administração do condomínio”.
Sr. Edimilson da Cruz Pereira, síndico do Ed. Business 316. Cliente em Implantação.
Sr. Rodrigo Ayan, síndico do Ed. Horto Boulevard. Cliente há 2 anos.
“É uma facilitadora das funções administrativas mais complicadas. A Lotus faz as funções normais do condomínio se tornarem mais simples”.
“Nos tempos hodiernos, é indispensável a assessoria de uma administradora, na fase de implantação do condomínio. Principalmente com a experiência da Lotus, em razão da necessidade do respeito à legalidade e da complexidade das decisões do síndico em um curto lapso temporal”.
Lotus, há 36 anos, a maior administradora de condomínios da Amazônia. Av. Mag. Barata, 1005 • (91) 3344-4420 • www.lotusonline.com.br /grupolotus
/grupolotus
Com Alegria e Motivação
Nara D’Oliveira Consultora empresarial
Parece um contrassenso falar da busca de espaço de trabalho que lhe confira prazer em um momento tão recessivo do país, com postos minguados de trabalho e um céu nublado sobre o futuro. Contudo, sua performance será tanto melhor quanto for sua alegria e motivação. É inegável que somos um país diferente do deixado por Collor de Mello, com seu marco da abertura dos portos. Temos inúmeros produtos para obtenção do nível superior, os cursos de extensão tomaram conta das cidades de médio porte do país, disseminaram-se os cursos de dotação de habilidades, possibilitando que profissionais busquem e possam acessar conhecimento e assim desenvolver-se. Mas conhecimento é somente uma perna da busca da competência, que só se torna realidade quando empregada a uma tarefa. Quanto mais aderente a tarefa ao perfil e motivação interna do profissional, mais competência ele irá entregar. Por sua vez, não somente as organizações com um ebitda* memorável, rentabilidade azulada, mercado aquecido, etc., têm condições de investir em ferramentas para obtenção de melhor performance das pessoas. Trata-se de condição sine qua para otimização de resultados, ou melhor, para se chegar ao número que queremos. Ferramentas desenhadas internamente, oriundas do íntimo da necessidade, costumam ser especialmente customizadas e aderentes às necessidades das organizações. Planejamento de pessoas oriundo de necessidades identificadas, ferramentas gerenciadas, implantadas e... rodando, além de pessoas aderentes ao perfil dos espaços organizacionais, resultam em bodas de ouro. Depois disso, seu dever de casa estará feito. Precisaremos então influenciar governo, sindicatos para que, pelo menos, não nos atrapalhem. (*) Sigla em inglês para earnings before interest, taxes, depreciation and amortization, que traduzido literalmente para o português significa: “Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização”
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CION. Um espaço de humanização e conforto.
• Quimioterapia (Adulto e Infantil) • Oncologia • Mastologia • • Hematologia • Urologia • Várias Especialidades Médicas • Há onze anos, o Centro Integrado de Oncologia (CION), surgiu com o objetivo de cuidar de vidas de uma forma acolhedora, oferecendo todas as
condições ao paciente para que se sinta seguro, tranquilo e bem tratado, através da excelência nos serviços oferecidos e de um atendimento humanizado. Para a
equipe do CION cada paciente é único, portanto, a cura de doenças depende também de atenção, tratamento e cuidados individualizados.
CION. Uma vida em nossas mãos. Travessa Rui Barbosa, 751 (entre Tiradentes e Boaventura da Silva) Telefone: (91) 4005-0660 • clinica@cion.net.br Site: www.cion.net.br
RLM nº 48 GENTE DESIGN ESTILO IDEIAS CULTURA COMPORTAMENTO TECNOLOGIA ARQUITETURA
ano 11 número 48
Luiz Melodia
Após uma década sem gravar inéditas, o cantor apresenta seu novo trabalho autoral Leal Moreira
Tempestade de ideias.
A volta do Velho Guerreiro Mente sã, corpo são Myke Carvalho
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