Delúbio Soares - Compromisso com Buriti Alegre

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Compromisso com

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Aos meus irmãos de Buriti Alegre Ao longo de toda minha vida pessoal, profissional e política, em todos os seus momentos, nunca escondi o imenso orgulho que sinto da terra onde nasci. Para mim, antes de tudo o mais, Buriti Alegre é um compromisso de vida. Vejo aos meus conterrâneos, sem nenhuma exceção, como amigos e companheiros na luta incessante pela emancipação social e econômica de nossa terra. Buriti Alegre tem progredido de forma notável nos últimos anos. Sob a administração do prefeito João Alfredo e de sua competente equipe de governo, experimentamos a melhoria de vida de nossa população e um visível desenvolvimento em todas as áreas. E muito, ainda, há por ser feito em benefício de nosso Município e de toda a sua população. Aquí estão reunidos alguns dos artigos que, desde 2009, publico em meu site (www.delubio.com.br) e republico em jornais, revistas e blogs de todo o Brasil. Escrevo e analiso a economia, a política, o país e o mundo, mas jamais me esqueci de Buriti Alegre, seu povo, sua vida, sua bela história. É com prazer e orgulho, renovando a sempre presente alegria das minhas raízes, da minha Buriti Alegre e dos seus filhos, que passo às mãos de meus conterrâneos uma pequena mostra do quanto amo nossa cidade. Abraço fraterno do,

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Índice Buriti Alegre ..............................................................4 Buriti Alegre, um Grande Governo Petista ...............6 “Seo” Catonho ..........................................................8 Mãe, essa mulher ....................................................10 Nas terras do meu Buriti .........................................12 2010, o grande ano da mulher brasileira ................14 Goiás, compromisso de vida ...................................16 Eu vi o Brasil de amanhã .........................................18 Buriti inaugura Creche-Escola ..................................22 Buriti ........................................................................23

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Buriti Alegre Já rodei o mundo, visitei os cinco continentes, percorri dezenas de países, admirei povos e civilizações, estudei suas culturas e hábitos, deslumbrei-me com as belezas e surpreendi-me com as particularidades dos quatro cantos do planeta, mas o que trago no peito, o que me estimula e conforta, o que me orgulha e gratifica, é a terra onde nasci e o seu povo. Infeliz do homem sem raízes. Infeliz daquele que renega suas origens. Quem não ama seu berço, não quer bem a nada. E eu amo Buriti Alegre.

devotados e que se desdobravam para suprir as carências com enorme sentido de missão e competência profissional.

Tínhamos um dos maiores rebanhos bovinos do Estado de Goiás, quiçá do Brasil. Sua agricultura sempre pródiga, alicerçada numa terra fértil e abençoada. Mas isso fazia muito pouca diferença na distribuição de renda na sociedade local ou na arrecadação do Município, pequeníssima e incapaz de fazer frente às necessidades de uma população crescente e suas demandas nas áreas de Acompanho o dia-a-dia de minha terra com o educação, saúde, saneamento básico. mesmo interesse com que contemplo a evolução dos assuntos mais importantes de nosso tempo. Buriti Alegre era um retrato diminuto e veraz do Cada notícia que me chega de um avanço social, Brasil: uma terra riquíssima e um povo carente. de uma realização econômica, de uma nova turma Possibilidades infindas, mas tentativas tímidas de estudantes que se formam, de profissionais li- de exploração do potencial existente. No microberais que se estabelecem, de empresas que che- cosmo, o reflexo de uma realidade injusta e recorgam para somar esforços, gerar empregos e pro- rente. duzir em Buriti Alegre, tem para mim o impacto de uma alta na Bolsa de Nova York, da descoberta de Começamos a mudar a história de minha amada uma nova jazida pela Petrobrás, de uma vitória de terra quando perdemos o medo. A eleição do prenossa seleção na decisão de uma Copa do Mundo. feito João Alfredo – homem austero, trabalhador Meu amor por minha terra não conhece limites. É incansável e administrador visionário – uniu sua que Buriti e seu povo jamais colocaram qualquer experiência de bem sucedido empresário rural à limite em seu carinho e integral solidariedade para de companheiro petista, comprometido com as comigo em todos os momentos de minha vida. necessidades da população e com a boa governança. Buriti Alegre disparou! A arrecadação, em Nós já fomos uma cidade acanhada, perdida numa apenas seis anos, deixou o acanhado patamar de região belíssima e esquecida. Geramos governa- R$ 4 milhões praticamente quadruplicando em dores, deputados, grandes empresários, artistas, 2010, favorecendo uma gama de obras públicas, intelectuais, gente trabalhadora e da melhor qual- onde saúde e educação foram priorizadas. idade. Mas não saíamos de uma posição injusta de cidade pouco reconhecida, economia estagnada, Não há criança em idade escolar que não tenha com potencialidades mal exploradas e população vaga disponível na rede pública local. Além disso, mal assistida pelos poderes públicos. mais de 200 estudantes universitários residentes em Buriti Alegre, todos os dias, num programa exiRecordo-me dos anos 60, quando já havíamos toso e necessário, são transportados em ônibus dado um governador a Goiás e, no entanto, ape- para Municípios onde se localizam as faculdades nas dois dos professores que lecionavam em Buriti cursadas, num esforço merecido pelos que aposdispunham de curso superior. Mas nem isso im- tam no estudo e vêem nele a chance não só da pedia que nós, meninos pobres, tivesses mestres construção de uma carreira profissional, mas da 4

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participação cidadã na vida de seu país. Ao latifúndio improdutivo se contrapôs a chegada da indústria, com a instalação de frigorífico de grande porte e um abatedouro de aves dos mais modernos do país, com o impressionante número de quase 200 mil aves processadas diariamente. Essas indústrias, instaladas durante o governo Lula, realizaram investimentos altíssimos em tecnologia, instalações industriais e formação de pessoal, seguindo padrões internacionais de qualidade. Outro frigorífico chegará em breve, gerando mais empregos, riquezas, impostos e divisas. O rebanho bovino passa das 105 mil reses e se notabiliza pela altíssima qualidade. A agricultura de Buriti Alegre vive um ciclo virtuoso, com a produção de milho, soja, arroz, tomate e sendo um pólo produtor bananeiro. Vai longe o tempo em que não podíamos vivenciar o progresso e planejar o desenvolvimento sustentável da riquíssima região onde nascemos, vivemos e produzimos. Esse tem sido o jeito petista de governar do prefeito João Alfredo, meu dileto companheiro, e sua operosa equipe. Ainda agora, com base nas políticas desenvolvimentistas implementadas no governo do Estadista Luiz Inácio Lula da Silva e renovadas na administração da presidenta Dilma Rousseff, a montadora automobilística Suzuki, uma das maiores do mundo, anunciou a instalação de uma linha de montagem na vizinha cidade de Itumbiara, governada por um dos prefeitos mais dinâmicos de Goiás, o meu amigo José Gomes. O reflexo da chegada da mon-

tadora japonesa ao sul goiano será imediato na economia de todo o Estado, especialmente das cidades daquela região, que passarão a participar de uma nova etapa do processo de desenvolvimento econômico e industrial, ainda desconhecido na área. Não nos falta excelente mãode-obra, invejáveis recursos naturais, posição geográfica estratégica e a irrefreável vocação dos goianos para o desafio, o empreendedorismo e o êxito. O Brasil vive um momento invulgar. Segundo a competente Fundação Getulio Vargas, a taxa de desigualdade no Brasil atingiu a sua mínima histórica desde se começou a pesquisá-la em nosso país. O estudo divulgado pelo seu Centro de Políticas Sociais (CPS/FGV) revelou que em oito anos – de dezembro de 2002 a dezembro de 2010 - o país conseguiu reduzir a pobreza em 50,64%. Ou seja: o governo Lula levou mais de 30 milhões de brasileiros para a classe média, tirando-os da pobreza, dotando-lhes de melhores condições de vida e os incluindo no mercado consumidor. Isso se chama, simplesmente, inclusão social. “Em 8 anos, no governo Lula, foi feito o que era previsto para 25 anos, de acordo com a Meta do Milênio da Organização das Nações Unidas, que era reduzir a pobreza em 50% de 1990 até 2015”, ressaltou o economista Marcelo Neri, da FGV. Buriti Alegre é um retrato fiel do Brasil de hoje. Evoluiu, cresceu, quer mais e está fazendo sua parte na incessante tarefa do desenvolvimento nacional. Ainda falta muito a se fazer e as carências são grandes. Mas já se respira o ar do desenvolvimento e seu povo se orgulha de mostrar o quanto conseguiu construir em tão pouco tempo. Há mais de 30 anos saí de Buriti Alegre. Nunca, jamais, em tempo algum, Buriti Alegre saiu de mim, do meu coração, do meu sentimento, da minha alegria de viver, da minha ternura pela terra abençoada e por seu povo. Artigo publicado em 05/05/2011 Delúbio Soares - Compromisso com Buriti Alegre

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Buriti Alegre, um Grande Governo Petista

Há uma pequena grande cidade no interior de Goiás, governada faz oito anos pelo PT e partidos aliados, onde um prefeito austero e trabalhador transformou o “não” em símbolo de um tempo de progresso e desenvolvimento. Em Buriti Alegre, onde tive a graça divina de nascer, João Alfredo de Mello Neto, de tradicional família, petista de coração, homem de índole generosa, mas avarento com os recursos públicos, extraiu o melhor de cada centavo e realiza uma administração exemplar sem dizer “sim” aos gastos desnecessários. João Alfredo, administrador público duro e exemplar, paradigma do estilo petista de governar em Goiás (ao lado de outros dois grandes prefeitos, Paulo Garcia, de Goiânia, e Antônio Gomide, de Anápolis), é o detentor de alguns feitos que o tornaram credor da admiração e do respeito até de seus adversários políticos. Buriti Alegre teve o impressionante crescimento de 20% ao ano em seu ICMS, apresentando uma economia efervescente e que avança de forma impressionante tanto na agricultura quanto no comércio e na indústria. Ao assumir a prefeitura, o governo petista de João Alfredo deparou-se com uma escassez imensa de recursos e uma arrecadação pífia de apenas R$ 4,5 milhões. Hoje a arrecadação chega aos R$ 18 milhões, com uma dívida absolutamente zerada, total capacidade de investimento e contas em dia, sem cobradores na porta e com crédito na praça! A educação em Buriti Alegre acumula indicadores de fazer inveja a qualquer outra cidade, pequena, média ou grande de qualquer região do país. Do orçamento municipal, impressionantes 44% são gastos com educação! Em oito anos, os alunos da rede pública passaram de 40 para mais de 800 e chegarão a mais de 1000 em 2012. A razão? É que o ensino público em Buriti Alegre é considerado bem melhor que o particular e, por isso, houve uma migração para a rede públi-

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ca de ensino a cada ano. Além de não mais existirem estudantes que deixem a cidade para cursarem escolas primárias e secundárias em outros centros urbanos, demonstrando a satisfação da sociedade com o nível do ensino público que o governo petista conseguiu oferecer ao aplicar, com sabida austeridade, cada centavo dos recursos municipais. No biliardário Estado de São Paulo, governado faz duas décadas pelo PSDB, a carência assalta as escolas da rede pública, mas em Buriti Alegre, lá no interior de Goiás, o prefeito petista João Alfredo informatizou TODAS as escolas da zona rural do Município. Há distritos distantes dezenas de quilômetros da sede, mas seus professores e alunos estão navegando em modernos laptops (que levam para casa depois das aulas!), ampliando horizontes de conhecimento e preparando-se para o mundo globalizado e competitivo. Todos os dias, mal o sol nasceu, uma frota de mais de vinte peruas e vans, novas e confortáveis, transportam os alunos da zona rural para as escolas onde estão matriculados. E, também, junto deles, vão seus professores. Nem o sol, nem a chuva, nem a lama, nem a poeira, são mais obstáculos para que o Poder Público cumpra sua missão de levar a educação aos filhos do povo e de dar aos seus mestres as condições necessárias para ensinar-lhes. E os mais de 250 estudantes que já freqüentam as universidades, dispõem de vários ônibus, diariamente e sem qualquer ônus, que os levam para as cidades-pólo da região, centros urbanos maiores, onde se localizam os cursos superiores. O governo do PT quer que os filhos do povo sejam Doutores, sim, senhor! As creches cresceram 33% e as crianças atendidas por elas em mais de 300%. A merenda escolar, definida por nutricionistas, já foi considerada uma das mais bem balanceadas e ricas do Brasil e é motivo de orgulho para a administração petista do notório “pão-duro” João Alfredo, que, todavia, abriu os cofres e o coração para os brasileiros de amanhã.


Artigo publicado em 16/12/2011 Em dois mandatos de um prefeito do PT, Buriti Alegre, Município de terras férteis e povo sabidamente trabalhador e de viés empreendedor, experimentou uma incrível revolução econômica e social. Em parceria com a Fundação Banco do Brasil foi construído um imenso Centro Digital, levando a tecnologia mais avançado de forma gratuita e direta ao nosso povo. Creches e escolas foram construídas com recursos próprios, imensa qualidade estrutural e notória preocupação com a exação no trato dos dinheiros públicos. Um novo ginásio de esportes, moderno e dotado de infra-estrutura invejável, e um posto de saúde que atende sobejamente a demanda existente, são algumas das muitas realizações à serem elencadas. Ainda na área da saúde pública, além de campanhas bem-sucedidas de esclarecimento, vale recordar que, desde 2005, Buriti Alegre ostenta o expressivo índice ZERO de casos de dengue. A administração progressista e visionária de João Alfredo sacudiu as tradicionais estruturas de Buriti e contou com a adesão de todas as camadas de sua população, irradiou-se pelo sul e sudoeste de Goiás e atraiu investidores de todo o país e do exterior. A agroindústria mirou Buriti Alegre como uma de suas novas fronteiras no Brasil do século 21! E lá se foi a Sadia, hoje Brasil Foods, com um de seus maiores abatedouros de aves, com uma produção diária que coloca sua gigantesca planta industrial, uma das mais modernas e arrojadas do conti-

nente, levando tecnologia de ponta no setor e se beneficiando das reconhecidas competência e seriedade do agricultor de Buriti Alegre e de toda aquela região próspera e futurosa. Assim como a grande multinacional brasileira de alimentos, outras já se fixaram ou estão chegando, estimuladas pelos frutos da bem-sucedida equação terra boa/clima adequado/ povo trabalhador. Buriti Alegre exportava mão-de-obra nas safras. Hoje, o homem está trabalhando sua terra e precisa de mais gente para ajudá-lo a plantar e a colher. Não sabemos o que é desemprego, miséria, crise. Sabemos o que são as dificuldades do dia-a-dia. Mas o povo de Buriti Alegre conhece os caminhos do trabalho e da luta. Sabe, desde sempre, a enfrentar os problemas inerentes ao ofício de forjar o progresso através de seu próprio trabalho. E que povo trabalhador somos nós! Quem ainda não sabe, pois que agora fique sabendo: há na região de Buriti Alegre, no rico sul-sudoeste goiano um surto de progresso e de riqueza fruto da conjugação de fatores que foram, nos últimos oito anos, solidificados pela presença de um homem público sério, capaz e dedicado à frente dos destinos daquela cidade-pólo. Orgulho-me da parcela de responsabilidade como eleitor e como petista, de ter participado da vitória e da autêntica revolução que tem sido o excelente governo do petista João Alfredo, na minha querida Buriti Alegre. Delúbio Soares - Compromisso com Buriti Alegre

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“Seo” Catonho “Meu pai montava a cavalo, ia para o campo. Minha mãe ficava sentada cosendo. Meu irmão pequeno dormia Eu sozinho, menino entre mangueiras lia história de Robinson Crusoé, comprida história que não acaba mais. (…) Lá longe meu pai campeava
no mato sem fim da fazenda. E eu não sabia que minha história era mais bonita que a de Robinson Crusoé” (“Infância”, Carlos Drummond de Andrade)

Lá longe, no clarão da memória onde se encontram abrigados os exemplos que frutificam e constroem, lá onde o tempo e os sofrimentos não chegam simplesmente por não existirem, lá no fundo da alma, onde nem o branco que avança cobrindo boa parte dos cabelos consegue espantar o menino que todos nós guardamos quase que secretamente, é lá que mora o meu pai. Não seria o assunto para um artigo corriqueiro, no encontro semanal com os leitores do Diário da Manhã. E tenho a pretensão de não ser nem piegas e nem meloso, apenas verdadeiro. É que em poucos dias iremos comemorar exatamente o “Dia dos Pais”, tão comercial, tão explorado, tão sem emoção, dizem que instituído pelas artes, manhas e espertezas de um francês fabricante de gravatas. Quando olho para trás, no recôndito da infância pobre, mas feliz, humilde, mas abençoada, nas terras distantes de Buriti Alegre, começo a compreender mais e mais a importância de meu velho e querido pai, o “seo” Catonho. Que figura! Que exemplo! É possível, é mais que provável, que nem ele já tenha se dado conta de sua trajetória bonita de vida. Nem tem a vaidade ou a pretensão de fazê-lo. Jamais lerá esse artigo, analfabeto que é, de pai, mãe e parteira. E aí começa o impressionante,

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o extraordinário, o bendito e generoso exemplo de vida de quem, às vésperas de seus 80 anos, consegue ser um homem sábio sem nem saber ler; um homem visionário, sem jamais ter desenhado uma letra sequer do alfabeto. É o mistério de uma vida simples, de uma existência discreta. Renunciou à pretensão de ser muito mais, de ter mais do que pode, para ser feliz e realizado. Meu pai é um dos 17 rebentos de dona Joana Rocha. Além dele, vivos estão poucos: Iracema, Ivoni, Silvia, Célia, Elma, João Santos, Maria Divina (mãe de 13 filhos) e Wolney. Joana morreu aos 69 anos, numa existência em nada diferente da de milhões de mulheres mães de família que devotaram suas existências a criar seus filhos, na pobreza e na virtude. A infância, a adolescência, a idade madura, a velhice e – espero que demore séculos a chegar – o fim de meu pai será fazendo o que gosta, o que sabe, o que lhe mantém vivo, o que lhe proporcionou constituir família e criar todos os filhos, formando-os no meio da natureza, soltos nas terras do interior, montando cavalo, empunhando a enxada, trabalhando de sol a sol, de segunda a domingo, todos os dias do ano, sem blasfemar contra a dureza da vida ou as vicissitudes do destino. Desconfio, cá com meus botões, que ele é, no fundo, um homem extremamente feliz.


Catonho calçou sapato pela primeira vez em sua vida aos 21 anos de idade. Era uma botina e a ocasião exigia tal feito: 13 dias antes havia conhecido Jamira e se casaram. Amor à primeira vista, casório imediato. Ainda hoje estão juntos, 58 anos depois daquele dia festivo, confirmando o acerto do que fizeram apesar da rapidez incomum. Os desígnios de Deus e os caprichos do destino fogem à compreensão da raça humana… Nascido em Itumbiara, órfão ainda menino, foi caseiro em várias fazendas na região de Buriti Alegre. Comprava e vendia bezerros, porcos, cavalos… (conhecido no interior como catira) com rara aplicação e faro, assim complementando sua pequena renda. Não conheci até hoje, em lugar nenhum desse País, alguém que conhecesse melhor esse ofício do que o meu pai. Avaliava de olho a qualidade dos animais e sabia como, onde e a melhor maneira de comercializar os novilhos. Trabalhava – como ainda hoje trabalha – de sol a sol, incansável e com incrível disposição para o cultivo. Peão de fazenda, tempos depois já era retireiro, cuidando do pequeno pedaço de terra, do “retiro”. Depois de mais alguns anos, meeiro: roça pequena e parceria nos resultados. Em 1967, já tem 22 alqueires de terra. Os filhos pequenos o ajudam na lavoura e, ao mesmo tempo, frequentam a escola. Todos nós, os quatro pequenos filhos do casal Jamira e Catonho, já havíamos adentrado o universo das letras, ainda hoje desconhecido para ambos. Mas, ainda assim, eles foram, são e continuarão a ser mais sábios que os filhos que fizeram estudar e que formaram. Hoje, quatro décadas depois, meu pai tem 50 alqueires, umas poucas vacas – que ele faz questão de todos os dias ordenhar e minha mãe de fazer o queijo – outros tantos cavalos, bezerros e garrotes, uma paz de espírito inabalável e um exemplo de vida a ser seguido. Cresce meio alqueire a cada ano, e a cada dia cresce mais como ser humano. Jamais o flagrei num momento de descanso, nunca em uma demonstração de preguiça. Tenho claras nas retinas as imagens imorredouras da infância: montando cavalo, tangendo

o gado, cuidando das galinhas, ordenhando as vacas pouco antes que o primeiro galo cantasse. Uma das características mais marcantes do meu pai é a positividade. Homem de decisões firmes, não titubeia em suas ações, ou, como diz num ditado da época, “não rodeia toco”. A situação da vida não era fácil, mas nunca o vi desfalecer diante das dificuldades. Pelo contrário, sempre arregaçou as mangas e foi à luta em busca de uma vida melhor para os filhos. Na década de 70 era assim: os filhos trabalhavam com os pais e ajudavam no sustento da casa. Acordávamos cedo para trabalhar, íamos à escola e, quando voltávamos, o trabalho estava novamente à espera. Era a cultura do interior naquela época, que ainda carrego guardada no peito, na memória, na alma. Tenho claro para mim que tive a sorte de nascer filho de um desses grandes homens a quem a história não marcará. Mas são, justamente eles, os que fazem a história. São esses Catonhos os que movem a engrenagem da vida, que constituem famílias, que passam por dificuldades e não esmorecem em nome do ideal de educar seus filhos. São esses Catonhos os agentes das transformações sociais, plantando, colhendo, tirando da terra o próprio sustento e contribuindo para a grandeza do País. Esteio de nossa família, econômico nas palavras e generoso nos exemplos, é o conselheiro, é o amigo, é o velho guerreiro que nos orgulha e nos estimula. Alguém há de ler esse artigo para esse velho firme, de olhar penetrante, de mãos calosas, de silêncios eloquentes, que detesta sair de seu Buriti, que despreza qualquer manifestação de arrogância ou de riqueza, que conhece a terra, o sol, a chuva, os pássaros, os mistérios da natureza e o verdadeiro sentido da vida. Alguém há de lhe fazer saber que, na sua figura fabulosa, o filho que o adora homenageia todos os pais, todos os que fizeram por onde ser queridos e respeitados. Dizer que amo o “seo” Catonho – acreditem – é ainda pouco, muito pouco. Artigo publicado em 06/08/2009

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Mãe, essa mulher

“A Mãe é a mais bela obra de Deus” Almeida Garret Existe uma única entidade perfeita por sobre a face da terra. Ela é inatacável, absoluta, irreparável e à prova de todas as provações.

rulho do vento balançando as árvores, meu pai tangendo o gado, as longas caminhadas pés descalços rumo à escola na cidadezinha distante. Tantas boas lembranças de uma infância pobre, mas feliz. Mas nenhuma delas superando o olhar significativo, perspicaz e doce de minha mãe. A mesma mirada firme, resoluta, suave e solidária, que em mais de meio século acompanha minha vida, dá alento, é refúgio e dá paz.

Ela dispensa tratados internacionais e maiores explicações. Suas razões ultrapassam o previsível, o justificável, o usual. Em verdade, ela se impõe pela força intrínseca do amor e da fé que remove as Minha mãe sempre soube a hora certa de deixar montanhas e enfrenta o mundo. que cada um de seus filhos seguisse seu caminho pela vida. Mulher de pouquíssimas letras, Dona Não há força que supere a sua força. Não existe Jamira é mais sábia que os quatro filhos que formedo que a intimide, nem percalço algum que a mou. Chego a pensar que os canudos que recebedesanime. mos nas universidades são pouco ou nada se comparados à sabedoria daquela suave senhorinha do No gênero humano a perfeição se materializou na interior goiano… Tendo mal saído das terras amafigura da mãe. Seu ventre abriga por parcos meses das de Buriti Alegre, é cidadã do mundo, versada o homem de amanhã, mas suas mãos conduzem em vida e doutora nos mistérios da existência huvida afora aquele que jamais deixará de ser crian- mana. ça frente aos olhos de seu coração. A figura da mãe é o espelho de nossas almas. E Retorno num lapso de tempo, no mais profundo essas mulheres que batalham e formam famílias, da memória ainda vida, e me reencontro no chão que geram filhos e os educam, que trabalham e lude Buriti Alegre, com o cheiro da terra, com o ba- tam, que constroem caminhos e enfrentam a du10

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reza dos desafios da vida, são exemplos a serem feminina em várias modalidades, como, por exemexaltados, homenageados e seguidos. plo, o serviço público. As mulheres têm mostrado seu valor e conquistado seus espaços na socieAproveitemos o comercialíssimo Dia das Mães no dade brasileira por méritos próprios, mas nem por que ele tem de bom: a lembrança da instituição isso devemos deixar de reconhecer a existência perfeita, da entidade do bem, da mais sublime das lamentável de forte resquício de machismo e tencriaturas. tar eliminá-lo criando mecanismos que ampliem E vale destacar que o Brasil de hoje trata muito os horizontes de tais conquistas. melhor a mulher, dá à cidadã o tratamento respeitoso que lhe é devido, resgata as potenciali- Falar do valor de nossas mulheres é prestar hodades de nossa imensa força de trabalho feminina menagem sincera às mães. Eles embalam nossos e as igualdades de oportunidade no mercado de sonhos, curam nossas feridas, olham por nós e se trabalho. A mulher deixou a posição subalterna doam por completo, desdobrando fibra por fibra, que a sociedade atrasada e reacionária insistia em com a doçura e a fortaleza que só elas têm. Faz destinar-lhe e ela, com a coragem que lhe reco- poucos meses os brasileiros se comoveram com nhecemos, jamais aceitou. As mulheres brasilei- história tipicamente brasileira, quando a figura ras continuam criando seus filhos, mas também suave e forte de Dona Lindú, mãe-coragem, emercomandam grandes empresas. Não perderam a giu das telas dos cinemas com a força de sua sofridoçura, mas assumem responsabilidades e sa- da e belíssima história, criando sozinha os filhos, bem tomar decisões. Estão entre as mais belas do dando-lhes amor e os encaminhando na vida. Um mundo, mas são guerreiras destemidas quando deles, Luiz Inácio, engraxate, vendedor de laranchamadas à luta. jas, torneiro-mecânico, líder sindical e presidente do Brasil acaba de ser apontado como um dos Milhões de mulheres compõe a força produtiva da principais e mais influentes líderes do mundo pela economia nacional, mostrando ao mundo sua ca- revista Time. pacidade e a diferença que fazem na construção de um país que tem colecionado indicadores sociais e Homenageio as Mães em seu dia nas figuras das econômicos que apontam sua rápida caminhada mulheres pobres e desconhecidas que vi no norrumo ao primeiro mundo. No governo Lula a situa- deste de antes do governo Lula, percorrendo ção da mulher na sociedade brasileira apresentou dezenas de quilômetros para buscar água e aliavanços impressionantes, com maior participação mento para os filhos seus. Homenageio as Mães política, social e econômica, inclusive com a ocu- relembrando as mulheres sofridas da Plaza de pação de postos de relevância na administração Mayo, em Buenos Aires, que numa marcha marpública, mostrando o estágio avançado a que está cada pelo silêncio, as lágrimas e a coragem, não se chegando o protagonismo da cidadania femi- permitiram que a poeira do tempo cobrisse a nina na gestão dos destinos de nosso país. memória dos filhos que a ditadura lhes arrancou. São hoje as Mães da sólida democracia argentina. Mas, por outro lado, persistem graves problemas Homenageio as Mães voltando meio século, no a serem superados na sociedade brasileira em mais profundo e belo da memória que jamais se relação à mulher. E, por incrível que pareça, ape- apagará, para recordar o brilho dos olhos e o sorsar de todos os avanços que já presenciamos, a riso imorredouro de Dona Jamira, cuja presença discriminação ainda existe e pode ser notada, discreta e forte é uma benção de Deus em minha e ela é fruto da desinformação tanto quanto do vida. preconceito. E se a política de cotas raciais foi um sucesso garantindo aos nossos irmãos afro-des- Artigo publicado em 06/05/2010 cendentes e indígenas o acesso às universidades públicas, proponho que se estabeleça a discussão de cotas mínimas para a participação da cidadania Delúbio Soares - Compromisso com Buriti Alegre

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Nas terras do meu Buriti

Foram tantos os amigos, vindos de vários Estados, de mais de setenta Municípios goianos, lideranças, parlamentares ou simples militantes de mais de uma dezena de partidos, professores, sindicalistas, que corro o risco de cometer alguma omissão citando nomes, além de não haver espaço para todos eles. Inevitável, porém, falar de alguns. Mas ainda estou impactado com a demonstração espontânea de amizade e de carinho que esses meus companheiros me proporcionaram no último sábado, dia 17, um dia depois de completar os meus cinqüenta e quatro anos de vida. Foi lá no meu amado Buriti Alegre, terra natal e minha permanente referência de carinho e ternura, que minha família, tendo à frente meus pais, Jamira e Catonho, recebeu amigos que foram chegando já no dia anterior, trazendo imensa alegria e satisfação para quem, como eu, preza extraordinariamente os laços de companheirismo, de fidelidade e de lealdade. Contou-me um amigo de muitos anos, empresário do setor agropecuário, que estava em Frankfurt, na Alemanha, voou até São Paulo, mudou de avião quase que na mesma hora, desceu em Goiânia e pegou um táxi direto para Buriti Alegre! O taxista perguntou de cara: “Vai lá prá casa do Delúbio? Então é prá já!”. Ainda curioso com a reação do taxista do aeroporto Santa Genoveva, ouviu de mim a revelação da boa amizade que mantenho com a classe dos taxistas, especialmente através de meu amigo Wilson Angelo Ferreira, o presidente da Coopertag. Outro, um jornalista de Brasília, com mulher e filhos, explicou-me como chegou até a Fazenda Barreirinho: “Liguei o GPS e vim sem problemas!” Meu amigo Vanderlan Oliveira, excepcional prefeito de Senador Canedo e um dos mais competentes empresários de Goiás, homem objetivo e que não 12

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perde tempo, chegou a seu modo: a bordo de um de seus aviões. Exemplo de político e de empresário, nem o poder e nem a fortuna tiraram sua simplicidade e seu calor humano. Wellington de Camargo, amigo querido, companheiro petista, firme e forte ao lado de sua esposa, comoveu-me com seu esforço e sua demonstração de carinho, deslocando-se até Buriti Alegre, dirigindo seu carro, desafiando (e vencendo!) sua dificuldade de locomoção. Impressionante o carinho que as pessoas têm por ele e a admiração que seu talento de bom compositor desperta. Foi das presenças que mais me sensibilizaram, ainda mais pela amizade que tenho com seus pais e irmãos, gente boa e simples do interior goiano que não mudou seu jeito de ser nem depois da fama e do sucesso. Outros dois amigos de longa data, de partidos distintos, mas caros ao sentimento: Fábio Torkaski (PC do B) e Euler Ivo (PDT), dois grandes idealistas a quem quero muito bem. Ao chegar de São Paulo, na quinta-feira, com Monica, minha mulher, com minha sogra e cunhados, não pude avaliar o tamanho da surpresa que meus pais e meus irmãos estavam preparando. “Um amigo mandou um boi”, foram logo avisando. Trocando em miúdos: vai ser um bom churrasco. Meus irmãos se encarregaram de chamar os amigos e cuidaram dos detalhes. E depois foi surpresa depois de surpresa: apareceu um palanque, outro amigo trouxe uma aparelhagem de som, músicos da região se apresentaram em minha homenagem, companheiros que não via desde há muito


Artigo publicado em 22/10/2009

tempo, adversários políticos que são amigos pessoais, amigos que nunca se envolveram na atividade política, conterrâneos de Buriti Alegre, das cidades da região, de Goiânia, de muitos Estados. Sucederam-se os oradores, foram vários os discursos, todos relembrando nossas lutas desde os tempos do Sintego e da organização da categoria dos professores goianos; da fundação da CUT e do renascimento do sindicalismo em Goiás; de três décadas atrás, quando nasceu o PT e começamos a sonhar o sonho de um país mais justo e mais humano, mais desenvolvido e mais democrático, e, enfim, conseguimos em 2002, com a eleição do notável presidente que é Luiz Inácio Lula da Silva, transformar o sonho em realidade. Os deputados estaduais Magal (PP, líder do governo na Assembleia Legislativa de Goiás), Alvaro Guimarães (PR), Luis Cesar Bueno (PT) e Misael Oliveira (PR), estavam lá, juntos, mostrando que o Brasil e que Goiás estão acima das divergências partidárias e que podemos pensar grande em benefício de nosso povo sem abrir mão de nossas ideologias e da fidelidade aos partidos, mas colocando o bem comum acima deles. O secretário Marcus Vinicius Felipe, da Comunicação, representando o governador Alcides Rodrigues, ambos meus amigos, de forma generosa recordou meus esforços por Goiás e meu apoio aos pleitos do Estado independente de qualquer questão política. O mesmo disse o jovem prefeito de Inhumas e líder da Associação Goiana dos Municípios, Abelardo Vaz, ao afirmar que jamais “neguei fogo” quando os interesses dos goianos estão em jogo. E isso – digo sem imodéstia – foi sempre prática política minha em defesa dos in-

teresses do Goiás. Os prefeitos João Alfredo (PT/ Buriti Alegre), Jerominho (Nova Aurora), Marcelo Coelho (Goiatuba), o vice-prefeito Paulo Garcia (Goiânia), meu companheiro petista, o vice-prefeito Chico Bala, de Itumbiara, o vice-prefeito Tiãozinho (Buriti Alegre), os presidentes da câmaras municipais de Goiatuba, Fernando Vasconcellos, e de Buriti Alegre, o Ronaldinho, entre tantos outros, estavam lá reafirmando nossos compromissos de luta, de fé e de esperança no grande futuro que espera nosso Goiás e o Brasil, a grande potência do século XXI. Mensagens foram muitas: os ministros Geddel Vieira Lima, Tarso Genro, Miguel Jorge, Juca Ferreira, Sérgio Rezende e Paulo Bernardo. Telegramas, cartões e e-mails estou respondendo um a um, já que são tantos e o tempo tem sido pouco. Em todas as mensagens, a reafirmação da amizade e a manifestação do carinho. Sou-lhes muito grato. O Diário da Manhã, em matéria impecável do talentoso jornalista Welliton Carlos, que tanto pode ser encontrada no site www.dm.com.br quanto no www.delubio.com.br. Cinqüenta e quatro anos de vida, o branco já cobrindo os cabelos e a alma a cada dia mais jovem, mais animada, mais disposta. Não há sacrifício, não há dor, não há percalço, que supere a alegria de viver pelos ideais que animam minha vida de goiano apaixonado por sua terra e de brasileiro que tem uma fé inquebrantável em seu país. Vou viver o quanto nosso Pai lá de cima quiser. Mas se ele me permitir comemorar muitas e muitas vezes a ventura de ter nascido filho de Jamira e Catonho, filho de Buriti Alegre, de Goiás e do Brasil, como bom cristão agradeço muito. Viver é lutar! Delúbio Soares - Compromisso com Buriti Alegre

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2010, O GRANDE ANO DA MULHER BRASILEIRA Poderia relembrar nomes e fatos relativos a grandes vultos femininos que permeiam a história do Brasil e do mundo em comemoração ao Dia Internacional da Mulher. Poderia cobri-las de elogios. Mas sei do fundo da alma e com a experiência de mais de meio século de vida, de que esse ser forte, determinado e invencível, o que menos espera da vida é elogios. As mulheres, meus amigos, é que movimentam a máquina do mundo e giram a roda da vida. A coragem delas é absolutamente superior a dos homens. Qualquer mulher, por mais miúda, desprotegida, pobre, analfabeta, seja numa aldeia africana ou na periferia de uma metrópole, na defesa de um filho ou de sua família, de uma causa ou de um ideal, se tornará maior que um tanque de guerra. Existe, porém, fundamental diferença: pode-se derrotar um tanque, jamais uma mulher. Nos anos em que milito na vida sindical e política, aprendi uma dura realidade que poderia ter ferido os meus brios de macho, mas acabou por me ensinar muito: onde um homem faz bem, uma mulher faz melhor. Quando um homem pode não dar conta, uma mulher enfrenta. Quantas e quantas vezes como dirigente da CUT deleguei missões a companheiras nos rincões mais distantes deste país e testemunhei a força, a alegria, o entusiasmo e a competência com que cumpriram seus papéis e trabalharam tão bem quanto qualquer companheiro homem o faria! Na fundação do PT, idem. Sem tirar nem por. As mulheres tiveram um papel excepcional. Algum companheiro poderá dizer de forma muito bem-intencionada, mas não conseguindo esconder o machismo, que “elas estiveram firmes na retaguarda”. Não foi bem assim. Aliás, não foi assim de jeito nenhum: as mulheres estiveram sempre à frente da maioria dos homens; tão firmes quanto o mais bravo dos machões; 14

Delúbio Soares - Compromisso com Buriti Alegre

enfrentaram as adversidades com tanta coragem quantos os homens e são peças fundamentais em trinta anos de vida do maior partido de esquerda de toda história da América Latina. É rara a semana que não viajo pelo interior de Goiás sendo paraninfo ou patrono de formandos em nossas faculdades. Desfruto algo muito maior que a honra da homenagem que me prestam e o carinho com que sou recebido em Itumbiara, em Caldas Novas, em Goiatuba, em Goiânia ou em outras tantas cidades. Naquele clima de empolgação, de alegria, com jovens inteligentes deixando os bancos universitários para traçarem seus caminhos pela vida, os pais cheios de orgulho, os irmãos vibrando, os amigos fazendo barulho, eu, lá no alto da mesa que preside os trabalhos, me fixo nos olhos das mães. Não há vaidade, nem triunfalismo. Há o amor no seu estado mais elevado: a ternura. Naqueles olhares serenos e profundos posso sentir a força absoluta e invencível da mulher, o sentido de missão que emprestam às suas vidas. O fato de vivermos numa sociedade machista – hoje menos que ontem, mas ainda muito preconceituosa em relação ao papel da mulher, não impediu que muitas delas adentrassem nossa história de forma definitiva. Cada um de nós tem um exemplo feminino altamente construtivo, uma mulher que nos marcou para além da própria família e que não é a primeira namorada. Há mulheres extraordinárias que não vem na vida a passeio, vem com


missão. São fachos de luz a clarear as trevas e apon- casa vocês só entram passando por cima do meu tar caminhos. Ai de nós sem elas! cadáver”. Gercina sozinha era muito mais forte que todo o batalhão. Desmoralizados, bateram em retiraJamira, apesar do pouco estudo que tem é sábia na da. Décadas depois, o governador Mauro Borges, já vida e foi sempre uma mulher extremamente avan- cassado pela ditadura militar, está sitiado no Palácio çada. Na roça de uma cidade do interior, longe das das Esmeraldas, ameaçado de bombardeio por jatos letras e íntima da sabedoria, fez os quatro filhos es- que o sobrevoam em espetaculares rasantes. O Brasil tudarem. Formou um a um. Despachou os quatro acompanha cada minuto do que se passa no coração de casa, cada um a seu tempo. A dor da partida de Goiânia. A mesma Gercina comunica ao filho que era problema seu, íntimo, solitário, maternal. O fu- está indo para o Palácio. “Para que mamãe?”, se esturo era mais importante! A mulher que enxergou panta o menino do estilingue no pior dos seus dias, e longe, que desejou educar seus rebentos, vê-los ter a suave Gercina, mostra que as mulheres não vergam as oportunidades que lhe foram negadas, se impôs nem com o peso dos anos: “Ora, Mauro! Para morrer forte e re-soluta, nunca perdendo nem a espontanei- com você, meu filho.” dade nem o carinho. Nunca a vi reclamar, maldizer, blasfemar, apequenar-se, fazer dramas. Em momen- Escolhi três mulheres da minha terra – a lavradora tos difíceis de minha vida não vislumbrei nos olhos sem letras mas de imensa sabedoria, a professora ternos de minha mãe senão têmpera e suavidade. audaciosa e visionária e a aristocrata corajosa que foi Que mulher forte, meu Deus! nossa grande primeira-dama – três vidas absolutamente distintas, três universos generosos, três cidadãs Em Buriti Alegre, minha cidade Natal, fui aluno da invulgares. Na figura dessas goianas homenageio a professora Eleide, mulher inquieta, competente, boa mulher brasileira justamente no ano em que outra mestra, nos instigava à leitura, falava de um mundo mulher, a mineira Dilma, que reúne a sabedoria de maravilhoso que existia para muito além daquela ci- Jamira, a competência de Eleide e a coragem de Gerdadezinha querida. Levou Cora Coralina, já famosa cina, tem a oportunidade de disputar, com grandes em todo Brasil, para declamar seus poemas a uma chances de vitória, a presidência da República. platéia de meninos boquiabertos frente à figura carismática da genial poetisa. Não bastasse o feito, Até o início dos anos 60, nos Estados Unidos, os dezenas de vezes sacava de sua pasta, com o cerimo- negros não podiam entrar na maioria dos restaunial miraculoso de um mágico, as cartas recebidas rantes e eram obrigados a ceder seus assentos nos de um amigo mineiro que vivia no Rio de Janeiro e ônibus coletivos aos brancos em alguns Estados do com quem se correspondia freqüentemente. Nunca sul. Hoje, um deles entrou para a história sendo o se viram, mas eram íntimos e ele recomendava as primeiro presidente negro da mais poderosa Naleituras que Eleide nos ministrava. Eu, menino de ção democrática do mundo e está trabalhando no pés descalços no chão rude e fértil do sul goiano, lia salão oval, ocupando a mesma cadeira de Lincoln, o que Carlos Drummond de Andrade sugeria aquela Roosevelt e Kennedy. No Brasil, de tantas desigualmulher audaciosa e excepcional. dades sociais e preconceitos, um operário sem curso superior chegou à presidência da República e está Gercina, moça bonita e de família tradicional lá de fazendo o maior governo da história desde JK e Rio Verde, no rico sudoeste goiano, foi educada Getúlio. Recuperou a economia, a credibilidade, a num colégio de freiras francesas no interior paulista autoestima, a dignidade do Brasil e dos brasileiros. e casou-se com o jovem médico Pedro Ludovico, a A aprovação popular ao seu governo é a maior já alquem o destino reservaria um lugar extraordinário cançada em todos os tempos. Seu prestígio no Brasil na vida de Goiás. Certo dia um batalhão com trinta e no exterior é impressionante. Os indicadores sosoldados comandados por um tenente alcoolizado ciais e econômicos de sua gestão são invejáveis. Em chega à porta de sua casa. A missão era prender seu 2010, as mulheres brasileiras, como o negro da Casa marido, que dias depois, nas voltas que o mundo Branca e o operário do ABC, terão sua chance de dá, seria nomeado interventor do Estado. Munido fazer história. E tenham certeza de que farão muito de um estilinque, aos oito anos de idade, o menino bem feito, como só as mulheres sabem fazer. Mauro presenciou o primeiro dos dois episódios que lhe marcariam para sempre. “Tenente, aqui em Artigo publicado em 08/03/2010 Delúbio Soares - Compromisso com Buriti Alegre

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Goiás, compromisso de vida Ao contrário da Itabira do Mestre Drummond, Goiás não é um retrato na parede doendo em minha alma. Minha terra é um compromisso de vida e de luta, de amor e de alegria, de trabalho e de estudo.

De Buriti Alegre para a cidade grande foi um passo! Goiânia, que era há exatos 38 a nos menos da metade do que é hoje, me parecia uma metrópole! Encantado e pasmo. Logo, no saudoso Colégio Lyceu de Goiânia, fui estudar e me iniciei na política estudantil. Estava no sangue, queria parNão creio no homem sem raízes, sem acentuado ticipar, debater, lutar. Numa transformação brusafeto à sua terra natal, sem admiração pelos va- ca, troquei a enxada pelos livros. E devo confessar lores de sua gente, sem paixão pelas riquezas de que sinto o mesmo respeito e o mesmo carinho seu torrão. tanto por um quanto por outro desses instrumentos sagrados de vida e de trabalho. Nunca tive o menor temor de ser tido por caipira ou matuto por ter adoração pela culinária goiana. Naquele período, dividia o quarto com amigos no Não há comida no mundo que me faça feliz como Bairro Popular, Setor Universitário, Vila Nova e tio arroz fumegante exalando o odor abençoado rava o meu sustento dando aulas de reforço em do pequi. Faço uma viagem transcendental, pro- Matemática. Além do colchão, os únicos móveis funda, sensitiva, personalíssima, que cura feridas eram dois caixotes de frutas, que fazíamos como e dissipa qualquer mágoa (que, aliás, não consigo guarda-roupa e estante de livros. Tão logo conclui sentir, graças a Deus), e volto ao fogão-a-lenha de os estudos secundários, passei no vestibular para Dona Jamira, seus temperos, minha infância hu- o curso de Matemática na Universidade Católica milde mas muito feliz em Buriti Alegre, ao lado dos de Goiás (UCG), e a minha rotina se dividia entre irmãos, debaixo do olhar severo e da alma bon- os estudos e as aulas particulares. Foi quando fui dosa do “seo” Catonho. convidado para ser professor substituto no s colégios Ateneu Dom Bosco, Bandeirante e, mais tarMinha infância foi feliz. E acho que aí está a chave de, ingressei como professor efetivo no Dom Abel de ser um homem que não conseguiu deixar-se e no Lyceu de Goiânia. O “vírus” estava inoculado: quebrar pela dor ou pelo sofrimento. A força que ler, estudar, debater, ensinar. Quando me chamam me sustenta vem das entranhas da minha terra de “professor”, ainda hoje, sinto um misto de ornatal, amada e sempre presente. gulho e de emoção. A vida em Buriti Alegre era singela. Acordava cedo para ir à escola e de tarde trabalhava na lavoura. Despertador é uma chateação para quem sabia da hora certa pelo galo que cantava, infalível e afinado, lá no fundo de nosso sítio. Tanto eu quanto Carlão, o mais velho dos quatro irmãos, trabalhávamos duro para ajudar no sustento da casa. À época, era comum que os filhos começassem cedo na responsabilidade de ajudar no trabalho diário da família. Também foi assim com os caçulas, Delma e Carlos Soares.

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Não demorou muito para que ingressasse na luta pela anistia e pelo movimento sindical. Em plena ditadura militar, o verdadeiro sindicalismo e os movimentos estudantis eram proibidos. Na Paraíba, onde fui fazer especialização, conheci várias pessoas ligadas ao movimento sindical. Voltando a Goiânia fundei, juntamente com os companheiros Osmar Magalhães, Niso Prego, professor Getúlio, dentre outros, o antigo Centro dos Professores de Goiás (CPG), que deu origem ao que hoje é Sindicato dos Professores em Educação do Estado de Goiás.


O CPG realizou a primeira greve de professores do Estado, à época do governo de Ary Valadão. O movimento cresceu e Goiânia foi sede do Congresso Nacional dos Professores (Congresso Paulo Freire). A luta sindical se mostrava cada vez mais forte e atuante no País. Foi nessa época que começou a surgir no Brasil a necessidade de um partido que realmente tivesse compromisso com a classe trabalhadora, e no dia 10 de fevereiro de 1980, em São Paulo, assinei a ata de fundação do Partido dos Trabalhadores, o PT.

da grande Nação milenar. Lembrei-me de Mauro Borges, despertando o Goiás arcaico, oligárquico, antigão, criando a Metago, a Caixego, fazendo o Estado sertanejo e acanhado inserir-se no século XX com quase meio-século de atras o. E fazia sentido minha comparação.

Imerso em múltiplas leituras vou me surpreendendo com bons autores, cronistas com belos estilos e textos irrepreensíveis. Lá vem Goiás: “é tão bom quanto o Batista Custódio?” – pergunto de cara. É difícil, mas já encontrei alguns do calibre do velho Logo depois fundamos a Central Única dos Tra- bruxo da pena mais talentosa de nossa terra. balhadores (CUT) em Goiás, da qual fui o primeiro presidente. Mais tarde, tive também a honra de Agora Batista Custódio e seus companheiros que presidir o Fundo de Amparo ao Trabalhador. Em fazem o Diário da Manhã me oferecem a possibitodas as posições que ocupei nada me gratificou lidade de, como cidadão e como professor, como mais do que ter sido tão-somente um militante goiano e como homem público, encontrar-me separa a construção de uma sociedade sem explo- manalmente com seus leitores. A melhor força de rados e exploradores. Afinal, são cerca de quatro agradecer essa oportunidade ímpar e honrosa é ir décadas de luta e mudanças estruturais que a so- logo avisando que farei desse espaço uma oporciedade brasileira precisa e exige. tunidade de discussão de nossa terra, nosso País, nossas dificuldades e esperanças, sem medo, sem O homem é o que ele traz da infância e da famí- ódio, com equilíbrio e absoluto sentido democrátilia. Nosso caráter, os valores mais caros e verda- co e pluralista. deiros, as antip atias, os afetos, as manias, tudo. Eu trago tudo isso, e trago mais ainda: Goiás. Sou Contam que a Nasa tentou preparar um astronau100% goiano por onde quer que vá. Tenho sempre ta de fé islâmica para ir ao espaço em uma de suas um referencial goiano, um valor de minha terra, exped ições científicas. Era dos mais qualificados, um ponto cardeal do Goiás para fazer as compa- mas tinha um problema aparentemente insolúvel, rações e saber se isso ou aquilo é bom ou ruim. além de absolutamente inusitado: como saber, Qualquer poeta eu comparo com Cora Coralina. É solto no espaço sideral, qual a direção de Meca difícil a velha e doce matriarca de nossas letras ser na hora sagrada de suas orações? Como ajoelharsuperada… Escritor para mim tem que ser tão bom se humildemente em tal hora em plena gravidade quanto Bernardo Élis, nosso imortal da Academia zero? Batista não me convida para ir ao espaço, Brasileira de Letras. mas como o cosmonauta que não abandonou suas origens nem renegou sua fé sequer lá em cima, Em viagem pela China, não faz muitos anos, ví o bilhões de quilometros de nosso pequeno e disgigante continental sendo despertado pela econo- tante planeta Terra, devo confessar que por onde mia pujante e a conquista dos mercados interna- ande e vá, em qualquer situação, Goiás é minha cionais, mas com organismos oficiais fortes, com referência principal, é minha identidade mais mara absoluta defesa das riquezas e potencialidades cante, é meu afeto mais íntimo e intocável. Artigo publicado em 02/07/2009 Delúbio Soares - Compromisso com Buriti Alegre

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EU VI O BRASIL DE AMANHÃ

No interior de Goiás, diante de meus olhos e com grande emoção, assisti o encontro de quarenta e quatro crianças com o futuro. Faz poucos dias, foi em Buriti Alegre, onde estudantes da rede municipal de ensino, do ensino fundamental, receberam computadores novos (Netbook) para serem utilizados em seus estudos. Na Escola Municipal Juvercina Teixeira de Mendonça, colégio agrícola situado na zona rural de minha amada terra natal, vi os filhos de pais humildes, crianças pobres, mas cheias de alegria e de inquietações, sedentas de saber e com toda vida pela frente, receberem máquinas de última geração não como quem recebe um brinquedo ou um presente. Existia nas faces de cada um deles, nas expressões admiradas dos pais e no orgulho dos professores, a certeza de que nada será como antes. Que estranho e poderoso simbolismo aquele, o do futuro representado na imagem impressionante do pai lavrador de mãos calosas ao lado do filho que segurava com naturalidade o seu computador! Do cabo da enxada que sulcou a terra e alimentou a família ao teclado que vai abrir mais horizontes e alargará os caminhos do futuro para uma geração que não será intimidada pela pobre18

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za nem renegada por um país que está assumindo seus filhos com responsabilidade e justiça social. Melhor imagem do Brasil de hoje, impossível. Aquele momento mágico, que jamais sairá da memória, do coração e das retinas dos que tiveram a sorte de presenciá-lo se deveu a um homem austero, trabalhador e visionário. O prefeito João Alfredo (PT), meu companheiro de tantas lutas e amigo fiel, com recursos da própria prefeitura de Buriti Alegre tem investido na educação como poucos administradores públicos o fizeram em todo o Brasil em qualquer tempo. Não


economizou recursos e nem criatividade. O governo petista de minha terra construiu várias novas unidades educacionais com dezenas de salas de aulas, melhorou substancialmente a situação do magistério local, a qualidade do material didático e da merenda escolar, além do transporte dos estudantes na zona rural de Buriti Alegre. Estamos fazendo a lição de casa na Educação. Agora, com recursos próprios, o computador é levado aos distritos mais distantes de um Município que tem crescido de forma impressionante em todos os setores.

adquire uma importância imensa a cada dia, pois é a ponte mais segura e viável na ligação entre nossos jovens e o amanhã. O lápis e a borracha foram substituídos pelas teclas, e a tela dos computadores faz com grande vantagem o papel antes destinado tanto ao quadro negro quanto aos livros dispostos cuidadosamente nas estantes de nossas bibliotecas públicas Brasil afora. Nessas máquinas fabulosas e a cada dia mais sofisticadas e, paradoxalmente, mais simples e baratas, está o universo do conhecimento a disposição dos que querem explorá-lo, dominá-lo, utilizá-lo. E o Estado brasileiro tem a obrigação de prover seu sistema Desde o início do governo do presidente Lula exis- público de ensino com o que de mais moderno e te um programa de imenso alcance social e edu- eficiente existir na tecnologia da informação, docativo, o UCA (“Um Computador por Aluno”). Ele tando tanto os professores quanto os estudantes das condições para contar com tão indispensável auxílio. Se já alimentamos as legiões de irmãos que estavam aterrados pela miséria e submetidos pela fome, ao retirarmos de condições desumanas mais de 40 milhões de brasileiros, incluindoos na nova e poderosa classe média que está girando a economia nacional e fortalecendo ainda mais nosso país, agora podemos e devemos investir em mais um proDelúbio Soares - Compromisso com Buriti Alegre

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grama de altíssimo alcance: o UCA.

andando léguas a pé até a escolinha distante da roça, carregando cadernos e livros reaproveitados, Mesmo que os computadores de Buriti Alegre, lápis apontados com esmero na ponta da gilete, a por iniciativa de um prefeito trabalhador e com- borracha pequena de tanto uso, a única régua… petente, não façam parte de tal projeto, eles estão dentro do espírito que norteou o Ministério da Educação no governo Lula e, agora, no governo Dilma, a priorizar a informatização das escolas públicas em todo o nosso imenso território nacional, com banda larga de altíssima velocidade e computadores de última geração. Cuidemos dos problemas do presente, mas lancemos as sementes de um futuro extraordinário que está reservado ao nosso país. Gostaria de repartir com todos a essência daquele momento, o sentimento que tomou-me por completo, a emoção que certamente dispensa palavras. Fiz uma viagem à infância, retornei aos anos já distantes em que, de pés descalços no solo generoso e fértil do meu Goiás, com meus irmãos

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Depois a universidade, o magistério, a militância sindical, a fundação do PT, as lutas, minha vida política, tudo. E olhei aquelas crianças que seguravam seus computadores. Estavam felizes, mas não estavam deslumbradas. Incrivelmente, pareciam saber que não era um presente, mas o reconhecimento de um direito de cada uma delas. E num momento impressionante, num átimo de segundo, pude ter a certeza absoluta de que recebiam não como o fariam com um velocípede, uma bicicleta ou o pedido atendido por Papai Noel.

Nossos olhares se cruzavam e pude testemunhar, apesar de minha emoção, que aqueles pequenos e determinados filhos do povo, aquele gente miúda e extraordinária do Brasil profundo, segurava seus computadores com as duas mãos, com ar sereno e compenetrado, como quem segura o futuro melhor que os espera logo ali. Confesso, seguro e feliz, que todo e qualquer sofrimento é menor, infinitamente menor, que a suprema alegria de ter participado daquele momento. Eu vi o Brasil de amanhã. Artigo publicado em 19/08/2011

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Buriti Alegre inaugura Creche-Escola

O Município goiano de Buriti Alegre inaugura no dia de hoje, domingo, 29 de agosto, moderna e ampla Creche-Escola, que faz parte do Projeto Nacional de Reestruturação e Aparelhagem da Rede Escolar Pública de Educação Infantil (Pró-Infância), e está incluída no Plano Nacional de Educação do MEC, em parceria com a Prefeitura de Municipal.

suas mães poderão trabalhar e exercer normalmente suas atividades profissionais sabendo que seus filhos estarão recebendo educação da melhor qualidade, com material didático de primeiro mundo, excelente alimentação, cuidados médicos e muito carinho”.

O prefeito João Alfredo (PT) salienta a importância do funcionamento de mais esse estabelecimento de ensino em Buriti Alegre, situada na Rua dos Girassóis, no Setor Aeroporto: “a meta de nosso governo é cuidar de nossas crianças, de nosso futuro, dando à educação um tratamento excepcional e prioritário, não medindo esforços no atendiO Prefeito João Alfredo de Mello Neto (PT) e a Se- mento das necessidades de nossos estudantes e cretária Municipal de Educação Cristiane Aparecida de nossos professores”. Ferreira, entusiasmados com a obra, acreditam que ela é um marco na educação em Buriti Alegre, Delúbio Soares, filho de Buriti Alegre, entusiasta tanto pela alta qualidade de suas instalações físicas da obra e companheiro do prefeito João Alfrequanto pela rapidez de sua construção, além dos do, seu amigo de longa data, estará presente à custos compatíveis com a política de austeridade inauguração da Creche-Escola, que, segundo ele, implantada na administração petista do Município. “demonstra a preocupação do governo do Estadista Lula com nossas crianças e sua educação”. A secretaria Cristiane ressalta ainda “a importância da inserção das 224 crianças no contexto sócio- Artigo publicado em 29/08/2010 educacional de Buriti Alegre, de Goiás e do Brasil, que utilização a nova Creche-Escola, enquanto A Creche-Escola atenderá 224 alunos da Educação Infantil, de zero a seis anos de idade, com toda uma estrutura física e pedagógica das mais modernas e com todas as condições técnicas e operacionais de suprir com sucesso a demanda.

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Buriti, uma palmeira O termo buriti é a designação comum das plantas dos gêneros Mauritia, Mauritiella, Trithrinax e Astrocaryum, da família das arecáceas (antigas palmáceas). Mais especificamente, o termo costuma se referir à Mauritia flexuosa, uma palmeira muito alta, nativa de Trinidad e Tobago e das Regiões Central e Norte da América do Sul, especialmente de Venezuela e Brasil. Neste país, predomina nos estados do Pará, Maranhão, Roraima e Rondônia, mas também encontra-se nos estados do Piauí, Ceará, Bahia, Goiás, Tocantins, Minas Gerais, Mato Grosso, Acre, Rio de Janeiro, São Paulo e no Distrito Federal. É também conhecida como coqueiro-buriti, buritizeiro, miriti, muriti, muritim, muruti, palmeira-dos-brejos, carandá-guaçu e carandaí-guaçu.

ETIMOLOGIA “Buriti”, “miriti”, “muriti”, “muritim” e “muruti” provêm do tupi mburi’ti. “Carandá” provém do tupi karã’dá.

UTILIZAÇÃO Seu fruto, além de rico em vitamina A, B e C, ainda fornece cálcio, ferro e proteínas. Consumido tradicionalmente ao natural, o fruto do buriti também pode ser transformado

em doces, sucos, picolé, licor, vinho, sobremesas de paladar peculiar e ração de animais. Fornece palmito saboroso, fécula, seiva e madeira. O óleo extraído da fruta é rico em caroteno e tem valor medicinal para os povos tradicionais do Cerrado que o utilizam como vermífugo, cicatrizante e energético natural. Também é utilizado para amaciar e envernizar couro, dar* cor, aroma e qualidade a diversos produtos de beleza, como cremes, xampus, filtro solar e sabonetes. As folhas jovens produzem uma fibra muito fina, a “seda” do buriti, usada pelos artesãos na fabricação de peças de capim-dourado. Sua fibra é transformada no artesanato em bolsas, tapetes, toalhas de mesa, brinquedos, bijuterias, redes, cobertura de teto,cordas e etc. O talo das folhas se presta ainda à fabricação de móveis, que se destacam pela leveza e durabilidade. O buriti é de grande importância na manutenção de olhos d’água naturais, chegando até a conservar locais alagadiços, de água pura e permanente.

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“Já rodei o mundo, visitei os cinco continentes, percorri dezenas de países, admirei povos e civilizações, estudei suas culturas e hábitos, deslumbrei-me com as belezas e surpreendi-me com as particularidades dos quatro cantos do planeta, mas o que trago no peito, o que me estimula e conforta, o que me orgulha e gratifica, é a terra onde nasci e o seu povo. Infeliz do homem sem raízes. Infeliz daquele que renega suas origens. Quem não ama seu berço, não quer bem a nada. E eu amo Buriti Alegre.”

Delúbio Soares

www.delubio.com.br companheirodelubio@gmail.com www.twitter.com/delubiosoares www.facebook.com/delubiosoares

Expediente Impresso pelos companheiros petistas de Delúbio Soares Tiragem: 3.000 exemplares

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