House of Eames

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HOUSE OF EAMES por Cristina Lourenço e Filipe Pêgo


‘25-28 ‘30 ‘34

Frequenta a Washington University, em St. Louis

Abre um escritório de arquitetura com Charles M. Gray, em St. Louis

Passa 8 meses no México

‘40 ‘41 ‘43 ‘45

Fundam a Plyformed Wood Company, que é comprada pela Evans Products Company

Desenham o Plywood Chair Group

‘36‘38

Charles torna-se chefe do departamento de design industrial da CAA Ganha dois 1os prémios na competição Organic Design in Home Furnishings Charles divorcia-se e casa com Ray; mudam-se para Los Angeles Trabalha para a MGM

Ingressa na Cranbrook Academy of Art (CAA), Michigan

Torna-se membro fundador da Americam Abstract Artists

1907

Nasce Charles Eames a 17 de junho em St. Loius

A 15 de dezembro, em Sacramento, California, nasce Ray-Bernice Alexandra Kaiser a 15 de dezembro

Casa com Catherine Dewey Woermann

Licencia-se pela Bennet School, Millbrook, Nova Iorque Estuda com Hans Hofmann em Provincetown, Massachussetes e em Nova Iorque Abre um escritório de arquitetura com Robert T. Walsh, em St. Louis

Mostra a sua obra na 1ª exposição da American Abstract Artists no Museu Riverside, em Nova Iorque

Ray ingressa na Cranbrook Academy of Art (CAA), Michigan Conhece Charles e auxilia-o nos projetos para a competição do MoMA, Nova Iorque, Organic Design in Home Furnishings Ray começa a desenhar capas para a Arts & Architecture Começam as experiências com o contraplacado moldado Criam a máquina Kazam

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1912 ‘29 ‘33 ‘35 ‘37 ‘40 ‘42


‘49 ‘51 ‘53 ‘55 ‘57 ‘59 ‘61 ‘65 ‘67 ‘69 ‘71 ‘73 ‘75 ‘77

Acabaram a construção da Eames House, para a qual se mudaram na véspera de Natal Charles recebe o 1º pémio do Industrial Designers Institute Criaram o jogo The Toy Desenharam o Wire Chair Group Produziram o filme A Communications Primer Charles cria o curso básico de design para a iniciação à arquitetura para a Universidade da Califórnia Desenharam o Hang-It-All Produziram os filmes House: After 5 Years of Living e Textiles and Ornamental Arts of India Produziram os filmes Day of the Dead e Toccata for Toy Trains Desenharam o Solar Do-Nothing Machine para a Aluminium Co. Charles recebe a medalha de ouro do 100º aniversário do American Institute of Architects Recebe também o Diploma di Gran Premio, Triennale di Milano, Itália Produziram o filme Glimpses of the USA para a Exposição Mundial de Moscovo

Conceberam e montaram a exposição Mathematica Desenharam a Eames Contract Storage

Conceberam e produziram a exposição Nehru: His Life and His India Produziram os filmes Westinghouse in Alphabetical Order e The Smithsonian Institution

Charles torna-se arquiteto consultor na Immaculate Heart College, Califórnia

Criaram o Soft Pad Chair Group Participaram na exposição What is Design?, em Paris, França Charles é nomeado para o Advisory Council on Natural Resources de Porto Rico

Conceberam a exçposição A Computer Perspective para o centro de exposições da IBM

Charles é nomeado consultor especial para o Federal Design Improvement Program

Produziram o filme Metropolitan Overview Conceberam a exposição World of Franklin and Jefferson Apresentaram propostas para o novo centro de exposições da International Business Machines Corp. Charles torna-se professor regente na University of California

Ray partcipa na competição de design têxtil do MoMA com duas criações

Produziram o 1º filme Travelling Boy Desenharam a Eames Storage Unit Criaram a 1ª de 5 exposições Good Design Produziram o filme Blacktop Criaram o jogo House of Cards

Desenharam o Sofa Compact e assentos para um estádio

Charles torna-se consultor de design na International Business Machines Corp. Desenharam a Eames Lounge Chair e Ottoman Produziram o filme The Expanding Airport Escreveram o Indian Report encomendado pelo governo indiano Criaram o Aluminium Chair Group Desenharam o Time-Life Group Produziram segmentos do programa Fabulous Fifties Ganharam um Emmy com este trabalho Conceberam exposições, filmes e apresentações gráficas para a Feira Mundial em Nova Iorque

‘48 ‘50 ‘52 ‘54 ‘56 ‘58 ‘60 ‘62 ‘66

Produziram o filme SX-70 para a Polaroid Corp. Conceberam inúmeras exposições de ciência e astronomia

Charles é nomeado para o Library of Congress Advisory Committee on Science and Technology Criaram Art Game Produziram os filmes Cézanne: The Late Work: with Quotations from His Letters e Reminiscences and Degas in the Metropolitan Charles morre a 21 de agosto em St. Louis

Ray morre a 21 de agosto em Los Angeles

‘68

Nomeado para um mandato de seis anos no National Council on the Arts Consultor juntamente com Ray no Natuional Design Institute da Ford Foundation, India

Começaram o design de um museu e um centro de exposições nas instalações da International Business MAchines Corp. Começaram a conceber exposições para o National Fisheries Center and Aquarium Desenharam o pavilhão de vidro para o carrossel do Smithsonian Intitution Criaram a exposição Photography and The City: The Evolution of an Art and a Science Criaram e produziram uma exposição permanente no Centro de Exposições da International Business MAchines Corp. Produziram o filme Power of Ten

Ray começa a trabalhar em publicidade para a Herman Miller Ganham o 2º pémio na competição Low Cost Furniture Design do MoMA Nasce o Plastic Chair Group

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‘70 ‘72 ‘76 ‘78 ‘88


Charles e Ray nas traseiras do Eames Office (presumivelmente) com as bases da Lounge Chair Metal


“ Who is to say that pleasure is useless. said Charles.”

O seu trabalho é extremamente conhecido, não só devido às suas inovadoras contribuições nas áreas do design industrial, mobiliário e arquitetura, como também pela produção de filmes, conceção de exposições e criação de brinquedos. No entanto, foi a originalidade da abordagem na resolução de problemas, que combinava disciplina e diversão, tornando-a numa aventura, que mais se destacou em toda a sua carreira. Ambos sabiam que o reconhecimento da necessidade era uma condição essencial em cada projeto. Assim, desde o início que Charles e Ray imputavam um sentido de urgência na conceção de produtos de alta qualidade mas a preços acessíveis para o consumidor médio. Por isso, durante 40 anos, os Eames exploraram variadíssimas maneiras de superar esse desafio, experimentando, desenhando e criando inúmeras peças de mobiliário, e não só. “O que funciona, é melhor do que o que parece bonito", disse Ray. ”A aparência pode mudar, mas o que funciona, funciona.” Foi com esta filosofia que, com os multitalentosos colaboradores do Eames Office, definiram um padrão de excelência de design que ainda hoje inspira gerações.

Quem pode dizer que o prazer é inútil?


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Charles Eames - os primeiros tempos Na mesma altura

A GRANDE DEPRESSÃO

CHARLES EAMES, JR.

1929

Charles Eames Jr. nasceu em 1907, em St. Louis, Missouri.

Foi uma gigantesca depressão económica que teve início em 1929, e que persistiu ao longo da década de 30, terminando apenas com a 2ª Guerra Mundial. O dia 24 de outubro de 1929 é considerado popularmente, o início da Grande Depressão, quando os valores das ações na bolsa de valores de Nova Iorque, caíram drasticamente, desencadeando a Quinta-feira Negra. Este período de depressão económica causou altas taxas de desemprego, quedas drásticas do produto interno bruto de diversos países, bem como na produção industrial em diversos países no mundo.

Aos 14 anos, enquanto frequentava o liceu Yeatman, trabalhou em part-time na Laclede Steel Company, onde aprendeu engenharia, desenho e arquitetura (foi aqui que nasceu o sonho de um dia vir a ser arquiteto). Durante dois anos, frequentou o curso de arquitetura da Universidade de Washington, com uma bolsa estudos. No entanto, foi expulso por defender o trabalho do arquiteto Frank Lloyd Wright e manifestar o seu interesse em arquitetos modernos. A universidade considerava os seus pontos de vista "demasiado modernos". Na mesma altura, iniciou o seu percurso profissional num gabinete de arquitetura.

Em cima: Capa do jornal New York Outubro, 1929

Em 1929, conheceu e casou com a sua 1ª mulher, Catherine Woermann, e um ano depois nascia a sua única filha, Lucia Jenkins. Viajou também, pela Europa, onde contactou pela primeira vez com a obra de arquitetos do movimento moderno, como Le Corbusier, Ludwig Van der Rohe e Walter Gropius. Em 1930, Charles abriu o seu próprio gabinete de arquitetura em St. Louis com Charles Gray, amigo e sócio, e ao qual se juntou, mais tarde, Walter Pauley, como terceiro sócio. Embora o gabinete tenha projetado uma série de residências particulares, em 1934, devido à crise económica deixou de receber quaisquer comissões, o que levou Eames a deixar St. Louis para residir brevemente no México. Da esquerda para a direita: Charles Eames | Charles usando “olhos de Picasso”


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Em 2008, o serviço dos CTT dos Estados Unidos celebrou o trabalho desenvolvido pelos Eames com um conjunto de 16 selos.

Ray Eames - os primeiros tempos A referência

RAY-BERNICE EAMES

FRANK LLOYD WRIGHT

Ray-Bernice Alexandra Kaiser Eames nasceu em Sacramento, Califórnia a meio da segunda década do século XX. Artista plástica, designer e realizadora foi responsável, com o seu marido, por inúmeros designs clássicos e icónicos do século XX.

1967-1959 Arquiteto americano

Após ter vivido em várias cidades durante a sua juventude, em 1933 formou-se no Bennett Women's College em Millbrook, Nova Iorque, mudando-se em seguida para a cidade de Nova Iorque, para estudar pintura expressionista abstrata com Hans Hoffman.

Arquiteto americano, designer de interiores, escritor e educador, projetou mais de 1000 estruturas e completou 532 obras. Wright acreditava na conceção de estruturas em harmonia com a humanidade e o seu ambiente, uma filosofia a que chamou de arquitetura orgânica. A sua obra inclui exemplos originais e inovadores de muitos tipos diferentes de construção, incluindo escritórios, igrejas, escolas, arranha-céus, hotéis e museus. Desenhou também muitos dos elementos interiores das suas construções, tais como mobília e vitrais.

Em 1936, fundou o grupo de Artistas Abstratos Americanos e um ano mais tarde, expôs as suas obras no Museu Riverside em Manhattan. Uma das suas pinturas pertence, nos dias de hoje, à coleção permanente do Whitney Museum of American Art.

Da esquerda para a direita: Ray Eames usando “olhos de gato” | Ray Eames


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As primeiras experiências Na mesma altura

2ª GUERRA MUNDIAL 1939-1945 Conflito militar global que durou 6 anos, envolvendo a maioria das nações do mundo, organizadas em duas alianças militares opostas: os Aliados e o Eixo. Os principais envolvidos dedicaram toda sua capacidade económica, industrial e científica ao serviço dos esforços de guerra, deixando de lado a distinção entre recursos civis e militares. Marcado por um número significativo de ataques contra civis, incluindo o Holocausto e a única vez em que armas nucleares foram utilizadas em combate, foi o conflito mais letal da história da humanidade, resultando entre 50 a mais de 70 milhões de mortes. Em cima: Cartaz de recrutamento do exército dos EUA

ORGANIC DESIGN IN HOME FURNISHINGS Ao regressar a St. Louis, em 1935, Charles fundou uma nova empresa de arquitetura com Robert Walsh e, após um ano projetam a casa Meyer em Huntleigh Village. Para este projeto, Eames procurou o conselho do arquiteto finlandês Eliel Saarinen e foi nessa altura que conheceu o seu filho, Eero Saarinen, também arquiteto, de quem se iria tornar sócio e amigo. A convite do ancião Saarinen, Charles mudou-se com a sua mulher e filha para o Michigan no outono de 1938 para prosseguir os estudos de arquitetura na Academia de Artes de Cranbrook, onde se tornaria, em 1939, professor de desenho e, um ano mais tarde, chefe do departamento de design industrial. Nesse mesmo ano, conhece Ray Kaiser na Academia Cranbrook. Para se candidatar ao Programa de Planeamento Urbano e Arquitetura, Charles definiu uma área de intervenção, a beira-mar de St. Louis. Juntamente com Eero Saarinen e com a colaboração de Ray, desenharam peças de mobiliário que integrariam esse espaço, peças essas que viriam a ser premiadas na competição Organic Design in Home Furnishings promovida pelo Museu de Arte Moderna de Nova Iorque. O seu trabalho mostrou a nova técnica de moldagem de madeira (originalmente desenvolvida por Alvar Aalto) e que os Eames iriam continuar a desenvolver em muitos dos seus produtos de contraplacado moldado.

Da esquerda para a direita: Charles Eames e Eero Saarinen | Esboço da Organic Chair para o concurso, 1940


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O encontro A oportunidade

Em setembro de 1940, Ray ingressou na Academia de Arte de Cranbrook em Bloomfield Hills, Michigan, onde conheceu e auxiliou Charles Eames e Eero Saarinen na preparação do projeto Organic Furniture in Home Furnishings para o concurso promovido pelo Museu de Arte Moderna. Os projetos de Charles e Eero, concebidos em contraplacado moldado com curvas complexas, valeram-lhes os dois primeiros prémios.

Organic Chair, 1940 Contraplacado moldado, madeira, espuma de borracha e tecido

ORGANIC FURNITURE IN HOME FURNISHINGS COMPETITION 1940 Museu de Arte Moderna Nova Iorque Teve como intenção encorajar as colaborações entre designers, fabricantes e comerciantes no sentido de promover o fabrico em massa de mobiliário para as famílias americanas de classe média. Eero Saarinen e Charles Eames ganharam os dois primeiros prémios com as suas cadeiras estofadas e em contraplacado moldado e com os seus bancos, armários, secretárias e mesas de madeira de linhas simples e retas. Doze estabelecimentos comerciais planearam comercializar as peças vencedoras. A Heywood-Wakefield Company e a Haskelite Corporation comprometeram-se a produzir em massa as cadeiras e a Red Lion Table os armários, mas o início da guerra fez cancelar o programa.


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A invenção Enquanto isso,

ARTS & ARCHITECTURE 1929-1967 Revista americana Revista americana de design, arquitetura, paisagismo e artes, publicada e editada por John Entenza entre 1962 e 1967. A Arts & Architecture desempenhou um papel extremamente importante tanto na história cultural de Los Angeles como no desenvolvimento do modernismo americano em geral. Em cima: Capa desenhada por Ray para a Arts & Architecture Janeiro, 1943

KAZAM Em 1941, Charles, depois de se divorciar da sua 1ª primeira mulher, casa com Ray Kaiser a 20 de junho. Iniciaram, então uma longa viagem de lua de mel até à sua nova casa em Los Angeles. Na viagem encontraram um cardo na estrada que ainda hoje pende do teto da Eames House. Viveriam e trabalhariam, na Califórnia, até ao fim das suas vidas. Em Los Angeles, Charles encontrou trabalho na MGM e Ray começou a desenhar capas para a revista Arts & Architecture. À noite no seu apartamento realizavam experiências com técnicas de moldagem de madeira, chegando a desenvolver uma prensa para moldar dois planos geométricos desse material em curvas complexas, aquilo a que hoje chamamos de máquina Kazam. A máquina Kazam é uma clara marca do trabalho dos Eames, que questionam as formas de produção, a relação com os materiais e as suas propriedades físicas. A necessidade de usar as ferramentas certas para experimentar as propriedades dos materiais intensifica-se após testes e melhorias na Kazam, uma máquina que os mantinha com “as mãos na massa”. Em dezembro de 1941 recebem a visita de um amigo médico de St. Louis, o Dr. Wendel G. Scott, que ficou maravilhado com o seu trabalho e convida-os a trabalhar moldes para talas e macas para a indústria militar, algo que lhes permitiu ter acesso a máquinas de última tecnologia e de alta eficiência para a produção em massa. Em pouco mais de um ano , Charles e Ray Eames desenvolveram protótipos apropriados e, em novembro de 1942, receberam a primeira encomenda da Marinha para 5.000 talas para pernas em contraplacado moldado. O trabalho desenvolvido para a Marinha dos EUA permitiu-lhes alugar um escritório em Washington Boulevard e reunir um grupo de colaboradores, que incluía Harry Bertoia e Gregory Ain. Aqui continuaram com as suas experiências até à morte de Ray, em 1988, produzindo esculturas, cadeiras, biombos, mesas e até mesmo animais de brinquedo em madeira moldada.

Da esquerda para a direita: Charles e Ray Eames | Charles e Ray posando numa Velocette,1948


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Curiosidade: Como sempre, foram extremamente empenhados: Charles criou o molde a partir da sua prĂłpria perna!!

Ray viu a beleza na forma da tala e fez trĂŞs elegantes esculturas a partir da forma destas. Cortou-as usando uma serra e depois pintou-as de preto.

Da esquerda para a direita: MĂĄquina Kazam, 1941 | Tala para a Marinha dos EUA, 1942; foram produzidas cerca de 150.000 unidades | Escultura de Ray Eames em contraplacado moldado


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O defensor

GEORGE NELSON 1908-1986 Designer industrial americano Designer industrial norte-americano, que, com Charles Eames, fundou o modernismo americano. Enquanto diretor de design na empresa de móveis Herman Miller, Inc. tanto Nelson como o seu estúdio de design, George Nelson Associates, Inc., projetaram grande parte do mais emblemático e modernista mobiliário do século XX. Ao escrever sobre a sua carreira de 50 anos, George Nelson descreveu uma série de momentos de inspiração “out of the blue”: quando o indivíduo solitário descobre que está conetado com uma realidade com que nunca sonhou.”


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As parcerias

PLYFORMED WOOD COMPANY Fundaram por esta altura a Plyformed Wood Company que estaria encarregue de produzir em série as encomendas da Marinha dos EUA. No entanto, por dificuldades económicas, os Eames foram obrigados a vender a fábrica, que se tornou num departamento de produtos em contraplacado moldado da Evans Products Company de Detroit, para o qual Charles colaborou como diretor de pesquisa e desenvolvimento. Após o fim da guerra, o conhecimento tecnológico adquirido na Evans Products Company revelou ser extremamente útil e valioso, especialmente quando começaram a concentrar em projetos civis. O seu interesse continuou a centrar-se no desenvolvimento e produção de mobiliário moderno a baixo custo, principalmente pela escassez de matérias-primas. A tecnologia da madeira compensada encontrou dois critérios: é garantida uma utilização frugal dos materiais e oferece conforto - o mobiliário é moldado para o corpo humano. No outono de 1945, a divisão de contraplacado moldado da Evans Products Company produziu uma série de cadeiras e poltronas a partir de uma grande variedade de madeiras e tecidos. A empresa tratou, então da sua promoção e distribuição, apresentando os protótipos à imprensa em dezembro do mesmo ano numa exibição prévia que teve lugar no Hotel Barclay em Nova Iorque, e numa exposição da Architectural League, realizada em fevereiro de 1946. Finalmente, em março de 1946, o Museu de Arte Moderna de Nova Iorque organizou uma exposição individual intitulada New Furniture by Charles Eames, na qual foram exibidos novamente os protótipos das suas famosas cadeiras de madeira. Estas inovadoras cadeiras foram o resultado da visão dos Eames: oferecer o melhor do melhor ao maior número de pessoas possível e ao menor preço. Inicialmente, a produção destas cadeiras pertenceu à Evans Products Company, mas, sob a orientação do seu diretor de design, George Nelson, rapidamente a sua comercialização e distribuição passou, em exclusivo, para a Herman Miller, Inc., que começou a sua produção em série em meados de 1946. Em 1949, a Herman Miller, Inc. assumiu o controlo total da empresa, continuando ainda hoje a produzir os seus móveis nos Estados Unidos. Por esta altura, Charles Eames já vinha trabalhando como consultor de design para a Herman Miller, Inc. há cerca de dois anos. Da esquerda para a direita: Catálogo de mobiliário desenhado por Charles para a Evans Products Co. | Operário lixando ripas de madeira na Evans Products Co., Portland | Etiqueta para tala de perna em contraplacado moldado Plyformed Wood Company, Los Angeles, Califórnia, 1943 | Exposição New Furniture by Charles Eames, no Museu de Arte Moderna, Nova Iorque, 1946


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Curiosidade: Diz-se que a madeira usada para desenvolver esta técnica de moldagem foi trazida da MGM, onde Charles trabalhou!!!

Plywood Group O ícone

LCW 1945 A cadeira continua a ser um ícone do design moderno e é vendida em todo o mundo. O preço original da LCW era de 20,95 dólares, mas o seu valor tem vindo a crescer. Na edição de celebração do milénio, em 1999, a revista Time elogiou a LCW como sendo o maior projeto de design do século XX, classificando-o como “Elegante, leve e confortável. Muito copiada mas nunca superada”. Para além de ser valorizada pelo seu conforto, assume-se também como um símbolo de status. Em cima: Folha de encomenda da Herman Miller, Inc.

LOUNGE CHAIR WOOD - LCW Durante vários anos, Charles e Ray Eames estudaram e aperfeiçoaram a técnica de moldagem de contraplacado de madeira com o objetivo das cadeiras se moldarem aos contornos do corpo humano, e, ao mesmo tempo, puderem ser produzidas em massa. As cadeiras do grupo Plywood são o resultado desse esforço e empenho, e, apesar de se terem tornado clássicos do design, continuam a manter um aspeto verdadeiramente contemporâneo. Estas possibilitavam a combinação de assentos e bases de diferentes materiais unidos por amortecedores de borracha. Estes amortecedores permitiam que não fosse necessário furar os assentos e as bases para os unir. Graças à forma orgânica dos assentos em contraplacado moldado e aos encostos ligeiramente flexíveis, estas cadeiras leves e compactas são extremamente confortáveis. Após a Lounge Chair Wood, os Eames desenharam toda uma família de cadeiras em madeira compensada. A cadeira de jantar de madeira (DCW - Dinning Chair Wood) foi construída da mesma forma que a LCW, mas com um assento mais estreito e pernas mais compridas.


Design: 1945 Produção: 1946-57 Fabricante: Divisão de contraplacado moldado da Evans Products Company, Venice, California para a Herman Miller Inc., Zeeland, Michigan Dimensões: 68x56x62 cms; altura do assento: 39 cms Materiais: contraplacado moldado, borracha

Amortecedores do encosto

Parafusos do encosto

Amortecedores do assento

Parafusos do meio do assento

Cavilhas da frente do assento

Parafusos da perna traseira

Parafusos da frente do assento


Design: 1945 Produção: 1946-57 Fabricante: Divisão de contraplacado moldado da Evans Products Company, Venice, California para a Herman Miller Inc., Zeeland, Michigan Dimensões: 68x56x62 cms; altura do assento: 39 cms Materiais: contraplacado moldado, borracha, aço tubular cromado


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Plywood Group

A Folding Screen foi criada no seguimento das sua experiências com o contraplacado moldado. A tela funciona não só como um divisor de espaços mas também como um objeto escultural. Este é constituido por secções de contraplacado moldado unidas com tecidos que servem de dobradiças.

A influência

LOUNGE CHAIR METAL - LCM

BANANA REPUBLIC

Os Eames variavam, muitas vezes, os desenhos das suas cadeiras, combinando os assentos com bases diferentes.

Anúncio da marca Banana Republic para a revista Dwell. A LCM aparece em destaque. É frequente esta cadeira também fazer parte dos layouts das suas montras.

Assim, desde o início, a Lounge Chair Metal (LCM) e a Dinning Chair Metal (DCM) foram construídas com os mesmos assentos e encostos de contraplacado moldado como as LCW e DCW. No entanto, estes eram assentes em uma estrutura metálica soldada, tornando o seu aspeto ainda mais leve e criando uma certa tensão no contraste dos dois materiais.

2006

Para além destas cadeiras, Charles e Ray projetaram, também, mesinhas de café, seguindo os mesmos critérios.

Em cima: Folding Screen, 1946

Charles Eames com um cachimbo sentado numa LCM


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Plastic Chair Group A coleção

PLASTIC CHAIR GROUP 1948 Eames Rocker RAR | Rocking armchair rod base RSR | Rocking sidechair rod base Eames Dowel Chair DAW | Dining armchair wood base DSW | Dining sidechair wood base Eames Eiffel Chair DAR | Dining armchair rod base DSR | Dining sidechair rod base Eames X-Base Chair DAX | Dining armshell x-base DSX | Dining sideshell x-base MAX | Medium armshell x-base MSX | Medium sideshell x-base LAX | Lounge armshell x-base LSX | Lounge sideshell x-base Eames H-Base Chair DAX | Dining armshell 4-legged base DSX | Dining sideshell 4-legged base MAX | Medium armshell 4-legged base MSX | Medium sideshell 4-legged base LAX | Lounge armshell 4-legged base LSX | Lounge sideshell 4-legged base DSS | Dining sideshell stacking base

DINING ARMSHELL X-BASE DAX A 5 de janeiro de 1948, o MoMA de Nova Iorque e o Museum Design Project, Inc. - uma associação sem fins lucrativos de fabricantes de móveis e retalhistas - organizaram um concurso internacional intitulado Low Cost Furniture Design, que tinha como objetivo encontrar soluções para as contingências provocadas pela guerra. Os organizadores esperavam que o desenvolvimento de uma nova geração de produtos, produzidos e distribuídos em massa, pudessem ajudar a melhorar a situação que se vivia. A competição, que fechou a 31 de outubro do mesmo ano, superou largamente todas as expectativas, pelo que a exposição planeada teve de ser adiada. Um total de 3.000 projetos oriundos de 31 países foram submetidos a concurso. Charles e Ray Eames ganharam o segundo prémio com seus projetos de assentos moldados e sem estofo em chapa de aço ou de alumínio (o primeiro prémio foi para uma cadeira em chapa metálica criada por Don R. Knorr). O casal trabalhou em estreita colaboração com os engenheiros da Universidade da Califórnia, Los Angeles, na produção de vários protótipos em alumínio, uma tarefa que provou ser extraordinariamente difícil, uma vez que as formas moldadas acabavam sempre por rebentar. Numa tentativa de reduzir os custos de produção dos seus protótipos em alumínio, os Eames, em colaboração com a Zenith Plastics adaptaram as cadeiras às técnicas de moldagem de fibra de vidro, desenvolvidas durante a Segunda Guerra Mundial. A primeira cadeira entrou em produção em 1950. Nasce assim o Plastic Chair Group, que, à semelhança do Plywood Group, tinha como intenção a produção em massa de peças padronizadas que poderiam ser combinadas de diferentes maneiras de forma a atender às necessidades específicas de cada cliente. Não só a ampla seleção de bases, como os dois tipos de assento (com braço em forma de A e lateral em forma de S) faz destas cadeiras peças extremamente versáteis, permitindo adaptarem-se às mais diversas funções. A cadeira DAX pertence a este grupo e foi projetada em 1948. Foi a 1ª cadeira com assento em fibra de vidro a ser produzida em grandes quantidades pela Herman Miller e pela Vitra AG. A sua produção foi interrompida em 1989 e retomada pela Vitra em 2004. Da esquerda para a direita: alguns modelos da coleção Plastic Chair Group | Assentos com braço em forma de A


Design: 1948 Produção: 1950-89 Fabricante: Herman Miller Inc., Zeeland, Michigan Dimensþes: 75x63x62 cms; altura do assento: 43 cms Materiais: fibra de vidro, hastes em ferro e borracha


Amortecedores

Parafusos

Assento de plástico

Base de “roqueiro”

Pés de baloiço


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Curiosidade: diz-se que foi oferecida uma cadeira RAR a todas as colaboradoras com recém-nascidos da Herman Miller Inc.!!!

Plastic Chair Group A influência

ROCKING ARMCHAIR ROD BASE - RAR A cadeira RAR, projetada em 1948, pertence também ao Plastic Chair Group e a sua primeira produção foi em 1950. Ainda em produção, as cadeiras RAR de hoje mantêm o design original, mas com materiais atualizados e a sua produção tem preocupações ambientais. Tal como as primeiras cadeiras, podemos escolher entre uma grande variedade de bases, assentos e cores. Logo no início do primeiro ano da sua produção, a cadeira foi descontinuada e os Eames substituiram a configuração de arame da sua base pela que se produz hoje. O desenho original constituía um desafio para quem estava sentado, porque a forma como os fios se cruzavam na frente estariam muito perto dos calcanhares. O problema foi resolvido rapidamente e os fios foram transferidos para o lado. A cadeira da imagem acima foi comprada nova em setembro de 1959 por Sonya e Adrian Harris (vice-reitor da UCLA) por 29,64 dólares, incluindo impostos. Usaram-na de forma contínua até 2011, quando integrou na coleção do seu editor. Numa nota deixada por Adrian Harris na parte de baixo do assento: Sonny trabalhava para Integrated Design Associates e deparou-se com a cadeira através do seu trabalho. De imediato, desejou tê-la para cuidar do seu primeiro filho, Robin Beth, que nasceu a 15 de outubro.

Em cima: fotografia favorita de Adrian: Robin,com duas semanas, e a sua mãe na cadeira RAR, 1959

COUNTDOWN BY BEYONCÉ 2011 Videoclipe Countdown da artista Beyoncé onde podemos ver um conjunto das cadeiras DSS de Charles e Ray Eames.


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La Chaise Longue A inspiração

FLOATING SCULPTURE 1927 La Chaise foi inspirada na Floating Figure, uma escultura de bronze de 1927 do artista franco-americano Gaston Lachaise. Depois de conhecida a sua fonte de inspiração, podemos também perceber de onde vem o seu nome. Um facto interessante é que “La Chaise” significa “A Cadeira” em francês. Em 1948 e durante várias décadas a La Chaise revelou-se demasiado cara para a sua produção em massa. Só mais tarde, na década de 1990, em resposta ao enorme interesse e procura, a VITRA começou a produzir e distribuir esta cadeira.

LA CHAISE A cadeira La Chaise foi também um dos projetos de Charles e Ray Eames concebido para a competição Low Cost Furniture Design, que, apesar de não ter sido um dos projetos vencedores, recebeu uma menção honrosa. A sua elegante forma tornou-a numa das mais notáveis peças da competição, estando presente tanto no catálogo como na exposição da competição, ambos publicados em 1950. A La Chaise é constituída por duas conchas de fibra de vidro muito finas, coladas uma à outra, e separadas por um disco de borracha dura, cuja cavidade resultante é preenchida com estireno. A concha de plástico não é estofada. A base é constituída por cinco hastes de metal dispostas em parte na diagonal, encaixando numa interseção de pedaços de madeira. A leveza da estrutura foi sublinhada visualmente perfurando a parte com o maior volume, um dispositivo estilístico também usado por vários escultores. Com uma elegância cativante e permitindo uma ampla gama de posições quer sentado quer deitado, a La Chaise afirmou-se desde cedo como um ícone do design orgânico. Uma inovação surpreendente em design de mobiliário, o seu contorno expressivo foi possível graças aos avanços tecnológicos na moldagem em fibra de vidro o que veio permitir criar formas livres para assentos flexíveis.

Da esquerda para a direita: Membros da equipa Frances Bishop e Robert Jacobsen com Ray a trabalhar nos moldes da La Chaise | Ray trabalhando no molde para a La Chaise Durante uma visita ao estúdio dos Eames, Saul Steinberg desenhou a figura de uma mulher no molde do corpo da cadeira La Chaise


Design: 1948 Produção: 1990 até aos nossos dias Fabricante: Vitra AG, Basel Dimensões: 82,5x150x85 cms; altura do assento: 37 cms Materiais: fibra de vidro, hastes de ferro, madeira



“ Modern architecture, not a style, a way of life. ” Ray Eames, 1937

Arquitetura moderna - não um estilo, um modo de vida.


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Curiosidade: Em 2006, a Eames House é considerada Património Histórico Nacional e inscrita no Registo Nacional de Lugares Históricos

Case Study House No. 8 A cerimónia

JAPONESE TEA CEREMONY 1951 Charles e Ray honram verdadeiramente a relação entre convidado e anfitrião nos eventos que realizam na sua casa. Em 1951, organizam uma cerimónia japonesa do chá com diversos convidados, entre eles o escultor Isamu Noguchi e o ator Charlie Chaplin. Charles desenhou uma mesa individual aramada para cada um, a LTR.

EAMES HOUSE Charles Eames considerava que tudo o que o Eames Office projetava era como uma extensão da arquitetura. Porém, o conjunto das suas obras arquitetónicas ou até mesmo de projetos arquitetónicos, é, de facto, bastante curto. Destaca-se, no entanto, a Eames House. A casa foi encomendada como parte do programa Case Study House, patrocinado pela revista Arts & Architecture, cujo responsável era John Entenza. Um dos objetivos do programa era o de encontrar formas de construir casas acessíveis e eficientes para o grande número de soldados que retornariam aos Estados Unidos da América após a 2ª Guerra Mundial. No programa, cada casa tinha um cliente hipotético. Na Eames House, Charles e Ray decidiram que seriam eles o cliente e, dessa forma, a casa foi projetada para um casal com filhos adultos, em que ambos trabalham, necessitando de um espaço de estúdio e de um espaço privado. Outro dos objetivos era o de tentar aproveitar algumas das tecnologias que haviam evoluído com a guerra, para algo além de matar pessoas. A Eames House foi pensada para ser construída inteiramente com peças pré-fabricadas, de forma a demonstrar que uma casa assim poderia ser uma realização bem sucedida. O projeto foi esboçado pela primeira vez por Charles e o arquiteto Eero Saarinen, em 1945, como uma caixa de aço e vidro, que se projetava para fora da encosta. A estrutura era para ser construída inteiramente de peças pré-fabricadas. No entanto, imediatamente após a guerra ter terminado, estas peças foram sendo cada vez mais escassas. Aquando da chegada dos materiais, três anos depois, a maioria do tempo de pré-construção tinha sido despendido em piqueniques e explorações do lote onde a casa iria ficar.


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Curiosidade: No seu projeto mais recente, a revista canadiana The Block encomendou ao chocolateiro Thomas Haas uma réplica da icónica Eames House em chocolate! Thomas Haas meteu a mão na massa e levou 30 minuciosas horas para a concluir.

Em 2012

TEA CEREMONY Depois de um período de intensa colaboração entre Charles e Ray, o projeto foi mudado radicalmente para se fundir mais com o ambiente e evitar que colidisse com o prado agradável em frente da fachada. O novo design colocou a casa de soslaio para a encosta. Uma mezanine foi acrescentada, fazendo uso de uma escada em espiral pré-fabricada que serviria originalmente de entrada inferior. No nível superior encontram-se os quartos, com vista para a sala de estar e de altura dupla. Um pátio separa a residência do espaço do estúdio. A porta de entrada é marcada por um painel cimeiro revestido de folha de ouro. Uma linha de eucaliptos foi preservada ao longo de toda parede exposta da casa, fornecendo algumas sombras e um contraste visual com a ousada fachada da casa. Quanto aos interiores, a escolha dos Eames recaiu sobre bonecas japonesas kokeshi, travesseiros chineses, cestos indígenas, entre outros. Das 25 casas construídas, a Eames House foi considerada a mais bem sucedida, não só pela sua arquitetura, como também por se constituir como um espaço que permite uma vida confortável e funcional. A impetuosidade do projeto fez com que se tornasse o cenário favorito para fotografias de moda nas décadas de 1950 e 1960. Talvez a maior prova do seu sucesso no cumprimento do seu objetivo foi o facto de ter permanecido o centro da vida dos Eames, que aí viveram e trabalharam desde a véspera de Natal de 1949 até ao dia da sua morte.

2012 Eames House Recriação da cerimónia japonesa do chá de 1951 presidida pela anfitriã original Sra. Matsumoto. O mesmo modelo das mesas LTR foram cedidas pela Herman Miller.


Design: 1949-50 Produção: 1950-59 Fabricante: Herman Miller Inc., Zeeland, Michigan Dimensões: 149x120x42 cms Materiais: aço envernizado, contraplacado revestido, madeira, contraplacado, fibra de vidro, masonite e borracha


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ESU

EAMES STORAGE UNIT - ESU Após a sua participação na competição Organic Design in Home Furnishings, Charles Eames trabalhou repetidamente em unidades modulares de parede. Aliás, um dos seus projetos vencedores foi uma unidade de parede desenvolvida em conjunto com Eero Saarinen. Após a construção da Case Study House No. 8, em 1949, Charles e Ray Eames reformularam completamente o conceito das unidades modulares de parede. Desenvolveram um sistema de prateleiras independentes de acordo com o padrão de construção e o design da sua casa e com os princípios da produção industrial em massa. Como um conjunto de construção variável, o sistema oferece possibilidades quase ilimitadas para combinar peças individuais pré-fabricadas de acordo com as necessidades práticas e decorativas. Foi assim que criaram a Eames Storage Unit, um sistema de armários de armazenamento, leves e modulares, construídos em madeira com revestimento de plástico e com uma estrutura em aço cromado. As peças da ESU eram totalmente modulares e podiam ser empilhadas ou usadas como divisórias, o que permitia a sua adaptação a escritórios, residências, salas de estar ou quartos. As unidades revelavam os seus antecedentes industriais, uma vez que não foi feita nenhuma tentativa para disfarçar ou suavizar a sua aparência de prateleiras dos componentes. A Herman Miller começou a comercializar as unidades de armazenamento em 1950. Os armários eram originalmente vendidos desmontados. No entanto, e porque rapidamente se aperceberam de que a montagem era um processo extremamente trabalhoso para o cliente, passaram a comercializar as unidades já montadas, acrescentando às pernas um suporte triangular que suportaria os rigores do transporte, substituindo a perna de aço angular. A produção das ESU continuou até 1955.

Da esquerda para a direita: Anúncio para a Eames Storage Unit | Eames Storage Unit: estrutura alta, média e baixa | ESU no estúdio da Eames House


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Wire Chair Group A influência

AKIRA ISHIKAWAY 2012 Akira Ishikawa tirou proveito da versão aramada da cadeira DKR e construiu uma trama detalhada e colorida, transformando-a numa peça única que une o processo industrial e artesanal.

WIRE CHAIR GROUP DKR | Dining height wire seat rod base DKX | Dining height wire seat X-base or H-base MKX | Medium height wire seat X-base or H-base LKX | Lounge height wire seat X-base or H-base RKR | Rocking wire seat rod base DKW | Dining height wire seat wood base

WIRE MESH CHAIR - DKR Depois de terem inventado as técnicas do contraplacado moldado e do plástico moldado, os Eames desenharam um conjunto de cadeiras em malha de arame, leves e resistentes. Desenhada em 1951, a Wire Mesh Chair dos Eames foi o passo seguinte na evolução da lendária Plastic Side Chair. O assento em malha de arame relembra a forma das conchas de plástico. Na verdade, é essencialmente uma representação linear no espaço 3D da cadeira de plástico. A silhueta leve da cadeira foi conseguida usando uma construção inovadora de fio de aço cromado entrelaçado, o que lhe conferiu luz e transparência. Os Eames projetaram a borda da cadeira usando um fio mais leve, dobrando-o para obter uma forma orgânica com maior estabilidade e resistência e restringindo os custos de produção. Essa inovação valeu-lhes a primeira patente mecânica em design nos Estados Unidos da América. Mais uma vez, as possibilidades de combinar assentos com as bases estão presentes neste grupo de cadeiras, sendo a mais usada a base Eiffel-Tower feita em arame, com assentos feitos em arame ou acolchoados em pele e couro que lhe conferem mais conforto. Em 1952, a Mesh Wire Chair foi distinguida com o Trail Blazer Award pelo Home Fashions League of America.

Da esquerda para a direita: Fotografia de Arnold Newman: Charles com a Wire Mesh Chair, 1975 | Fotografia publicitária ao Wire Chair Group com a Bird Sculpture dos Eames,1952


Design: 1951 Produção: 1946-57 Fabricante: Banner Metals, Compton, California, para a Herman Miller Inc., Zeeland, Michigan Dimensões: 82x48x52,5 cms; altura do assento: 45,5 cms Materiais: arame soldado, dobrado e cromado


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Hang-It-All A celebração

PORQUÊ? Porquê produtos infantis? Por razões puramente pessoais: Charles e Ray queriam oferecê-los aos seus próprios netos e filhos de amigos

2012

HANG-IT-ALL

Na celebração do que teria sido o seu centésimo aniversário, em dezembro de 2012, a Vitra e o Eames Office desenvolveram três novas versões do cabide em tons de vermelho, verde e branco.

Charles e Ray Eames enriqueciam o seu trabalho atribuindo-lhe sempre uma vertente de diversão e brincadeira, característica bem patente no seu Hang-It-All. Ray projetou uma variedade de brinquedos extravagantes e peças de mobiliário especificamente para crianças, incluíndo esta peça de 1953 para a Tigrett Enterprises Playhouse Division. Transformaram o cabide de todos os dias, numa peça criativa e divertida, que suporta tudo o que desliza sobre os seus ganchos coloridos. O mesmo sistema de produção em massa e a mesma técnica de fabrico usada na Wire Mesh Chair foi aproveitado para criar o Hang-It-All. As hastes curtas apoiavam numa estrutura de metal, com bolas de madeira na ponta a servir de ganchos para pendurar uma panóplia de pertences das crianças – desde luvas, cachecóis, casacos, bonecas, patins, skates a mochilas. A estrutura e as hastes eram brancas e os ganchos, com dois tamanhos diferentes, foram pintados de cores vivas - vermelho, amarelo, rosa, ocre, verde e violeta. O Hang-It-All foi distribuído pela Tigrett por correio direto e anunciado em revistas, incluindo no The New Yorker. Os rótulos das caixas, das etiquetas e a sua publicidade foram desenhados pelo Eames Office. Foram produzidos e vendidos vários milhares de exemplares deste cabide. No entanto, a sua produção foi cessada quando a Tigrett declarou falência, em 1961.

Desenho original do cabide Hang-It-All 1953

Da esquerda para a direita: Embalagem original do Hang-It-All | Hang-It-All




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Curiosidade: A cadeira DAT foi produzida apenas por um ano e meio.

Plastic Chair Group A homenagem

DESK ARMSHELL TILT - DAT Apresentada em 1953, esta é a primeira cadeira dos Eames com rodízios. A sua base é de ferro revestido com esmalte preto - acabamento industrial que favorece a sua durabilidade. A base tem a forma de um X, com tampas em alumínio moldado e topos arredondados, para proporcionar um descanso mais confortável para os pés do utilizador. Estas tampas moldadas foram o primeiro projeto dos Eames em alumínio fundido. Possui também o primeiro mecanismo de inclinação criado pelos Eames, o qual passou por várias mudanças ao longo dos anos. É em ferro preto e dispõe de um dispositivo de viragem em metal.

ICE CUBE CELEBRA OS EAMES 2012 Ice Cube, rapper e ator, filmou um vídeo para o Pacific Standard Time, uma colaboração de mais de 60 instituições que se uniram para contar a história da vida artística de Los Angeles. No vídeo, filmado na Eames House, o artista celebra a vida de Charles e Ray Eames, reforçando a mensagem de que “não é sobre as peças, mas como estas trabalham em conjunto”, filosofia defendida pelo casal.


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O desafio

“ Why don’t we make an updated version of the Old English Club Chair? ” Charles Eames, 1956

Com este comentário, Charles Eames iniciou o desenvolvimento da Lounge Chair e Ottoman, um processo que levou vários anos a concluir.


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Club Chair 670 A influência

LOUNGE CHAIR E OTTOMAN A icónica Eames Lounge Chair e Ottoman é considerada um dos projetos mais importantes e acariciados no design de mobiliário do século XX. Corretamente chamada de Eames Lounge (670) e Ottoman (671), Charles e Ray Eames apresentaram-na em 1956, após vários anos desde o início do seu desenvolvimento. Inspirada nas antigas cadeiras dos clubes ingleses, a Lounge Chair foi projetada para oferecer um assento amplo, combinando um alto nível de conforto com uma qualidade máxima no que diz respeito a materiais e acabamentos. Foi a primeira cadeira dos Eames projetada para um mercado de topo. Feita a partir de contraplacado moldado e couro, e embora possa ser fácil e completamente desmontada usando apenas uma chave inglesa, a sua construção é mais complexa do que qualquer outra cadeira desenhada pelo casal. Além disso, é a peça mais confortável e mais cara que alguma vez projetaram. Uma característica especial da construção é a ligação do assento com as costas, feitas apenas através dos braços da cadeira A parte de trás da cadeira e o encosto da cabeça são idênticos em proporção, assim como o assento e o otomano. Com esta cadeira, os Eames impuseram novos parâmetros de elegância e modernismo, comparativamente com as antigas cadeiras dos clubes ingleses. Mais de 100 mil unidades deste modelo foram produzidas até hoje pela Herman Miller, e, depois de 1958, também pela Vitra, sendo considerada um dos grandes clássicos do design. Em 1957, recebeu o prémio Milan Triennial para o conforto e a elegância no design moderno.

Da esquerda para a direita: Charles e Ray Eames sentados na sua Lounge Chair e Ottoman | Eames Lounge Chair e Ottoman

LOUNGE CHAIR E OTTOMAN POR MURRAY MOSS 2011 As cadeiras acima são uma produção independente do designer Moss. As duas Eames Lounge e Ottoman, originais e vintage, são folheadas em jacarandá brasileiro, conforme especificado por Charles e Ray, madeira que teve sua utilização cadeiras proibida em 1992, pois foi considerada como uma espécie ameaçada de extinção. Moss realizou o estofo no tecido Maharam Repeat Dot, por Hella Jongerius.



Design: 1956 Produção: 1956 até hoje Fabricante: Herman Miller Inc., Zeeland, Michigan Dimensões: Cadeira - 82x83x84 cms; altura do assento: 35 cms; Otomano - 42x65x53,5 cms Materiais: contraplacado moldado, folha de pau-rosa, alumínio pintado e polido, almofadas de couro, plástico e borracha

A inclinação A inclinação é de 15 graus, ângulo que não sobrecarrega a coluna e distribui o peso do utilizador pela poltrona.

Rotação Sistema giratório composto de um eixo apoiado em dois rolamentos, tornando a rotação da cadeira suave, harmoniosa e de extrema longevidade.

Pés Fundidos numa liga especial de alumínio, de maior espessura, pintados e polidos.

Braço Braço estrutural, desenvolvido com o sistema de fixação, atua como ligação entre o assento e o encosto.

Borracha Em vez de calços rígidos, utilizam-se borrachas de alta densidade, que proporcionam flexibilidade ao conjunto, aumentando a sensação de conforto e reduzindo o desgaste nos suportes em alumínio fundido.

Madeira Contraplacado de madeira, alternando cores escuras e cores claras, o que proporciona um ganho em resistência e em estética.

Fixação do braço Sistema interno que substitui os parafusos externos, ganhando resistência.

Estofo Em couro, removíveis e de fácil substituição. Assento e otomano em espuma.


Design: 1958 Produção: 1958-presente Fabricante: Herman Miller Inc., Zeeland, Michigan Dimensões: 100x65x77 cms; altura do assento: 40 cms Materiais: alumínio revestido e polido e fibra sintética


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Indoor-Outdoor Group A ironia

ALUMINIUM CHAIR GROUP Numa visita a Charles Eames, Alexander Girard fala sobre a casa de J. Irwin Miller que ele e Eero Saarinen acabavam de terminar. No entanto, ele admite ter o problema de não conseguir encontrar mobiliário de exterior para o pátio. Charles e Ray Eames aceitaram o desafio de projetar uma cadeira grande, de qualidade, para ser usada principalmente ao ar livre, mas que também pudesse dar para trabalhar no interior.

O Aluminium Chair Group foi originalmente denominado de Leisure Group e concebido para o uso no exterior; há uma certa ironia no facto destas cadeiras se terem tornado icónicas no mobiliário de escritório.

"Enquanto analisávamos as razões pelas quais não havia nada no mercado para atender à necessidade de Girard, fomos naturalmente começando a desenvolver e a desenhar o objeto para preencher esse vazio" disse Charles à revista Interiors em 1958. O resultado deste desafio originou o Aluminum Chair Group, um conjunto de mobiliário de exterior em produção contínua desde essa data – destinado nos dias de hoje, principalmente, ao uso interno. Afastando-se do contraplacado e do plástico moldado, dos anos 1940 e 1950, resolveram explorar o alumínio, material mais acessível na época. A estrutura de alumínio da cadeira é surpreendentemente simples, uma vez que é composta por apenas cinco elementos de alumínio fundido com os dois braços. A almofada do assento apresenta uma técnica diferente da habitual, sendo o tecido mantido no lugar, fazendo tensão entre dois componentes em alumínio, o que garante mais conforto. A cadeira adapta-se subtilmente à forma do corpo de cada pessoa, o que a torna extremamente confortável, e é apoiada por uma base em estrela de quatro pontas, através de uma coluna de aço tubular e gira num ângulo de 360º para uma fácil entrada e saída.

Em cima: Vista da Miller House com as cadeiras do Aluminium Chair Group no terraço Charles e Ray a trabalhar num protótipo da Aluminium Chair Group


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Curiosidade: o desenho original tinha apenas 4 pernas na base; foi entretanto revisto para incluir uma quinta perna que lhe oferece mais estabilidade.

Life-Time Group

A influência

BOBBY FICHER 1972 Em 1972, Bobby Fischer, o grande mestre do xadrez, exigiu uma cadeira Time-Life para o Campeonato Mundial de Xadrez, alegando que o ajudava a concentrar-se. Quando o seu oponente Boris Spaasky se apercebeu, recusou-se a jogar, até que lhe facultassem uma igual.

TIME-LIFE CHAIR Em 1959, George Nelson pediu ajuda a Charles Eames na conceção do pavilhão dos EUA para a Exposição Mundial de Moscovo. Como não dispunham de muito tempo, Charles recorreu ao seu amigo Henry Luce, o presidente da Time-Life, para aceder ao vasto arquivo de fotografias da Time -Life, para a apresentação de slides que ele estava a criar. A única condição de Luce foi que Charles lhe retribuísse, no futuro, a ajuda. Um ano após a exposição de Moscovo, que se revelou um grande sucesso, Luce contactou Charles no sentido deste projetar uma cadeira para os andares executivos de seu novo prédio, a Time -Life Corporation (que fazia parte do Rockefeller Center). Os Eames responderam ao seu pedido com a cadeira Time-Life e os bancos torneados em nogueira. A cadeira Time-Life inclina-se, gira e tem um assento com altura regulável. Oferece, também, um conforto excecional numa cadeira compacta que ocupa um mínimo de espaço visual. A base giratória torna esta cadeira adequada para escritórios, salas de conferências, espaços públicos ou casas. O estofo de couro preto é particularmente desejável contrastando com os quadros de alumínio fundido polido e a base. Os bancos em nogueira são torneados e podem também ser utilizados como mesas de apoio, os quais se diferenciam pelo perfil da coluna central.

Cena de um episódio da série Mad Men, onde se veem várias Time-Life Chairs 2012


“ Design is a plan for arranging elements in such a way as best to accomplish a particular purpose. Charles Eames

Design: 1960 Produção: 1960-presente Fabricante: Herman Miller Inc., Zeeland, Michigan Dimensões: 75x72x74 cms; altura do assento: 40 cms Materiais: alumínio polido e couro O design é um plano para organizar os elementos de forma a melhor cumprir um propósito específico.



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Soft Pad Group

SOFT PAD CHAIR O Soft Pad Group remonta ao ano de 1969. A ideia para o projeto surgiu na sequência do pedido de um amigo de longa data de Charles e Ray Eames, o cineasta Billy Wilder, que procurava uma cadeira para tirar curtas sestas ou descansar durante intervalos entre as filmagens. As seis almofadas estão unidas através de fechos, ligados à estrutura de alumínio, e as duas almofadas soltas oferecem um conforto extra. Em termos de construção e forma, estas cadeiras são semelhantes às do Aluminium Chair Group, mas as suas almofadas unidas criam um contraste ainda mais marcante com os finos perfis de alumínio. As cadeiras são mais suaves e mais voluptuosas, sem no entanto, se perder a nitidez da silhueta. As cadeiras adaptam-se ao corpo do utilizador e proporcionam um conforto extraordinário.


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O Universo dos Eames

Charles e Ray Eames, provavelmente o casal de designers mais famosos dos EUA do século XX, desenvolveram um trabalho verdadeiramente pioneiro em inúmeras áreas desde o mobiliário, o cinema, a arquitetura e até exposições. Durante anos encabeçaram o escritório de design mais criativo do pós-guerra. Fotografados frequentemente combinando roupas ou poses, ou ambos, cada um trouxe uma variedade de talentos para a sua parceria tanto na vida em comum como no trabalho, assim como um entusiasmo contagiante pela arte. Suas vidas e trabalho representaram os movimentos sociais que definiram a nação: o amadurecimento da Costa Oeste, a mudança da economia e a expansão global da cultura americana. O seu estilo de vida simples girava em torno da sua oficina e do escritório em Los Angeles. Ninguém trabalhou mais perseverantemente do que este casal, e ninguém teve mais prazer no seu trabalho.

EAMES ELEPHANT

CROSSPATCH

HOUSE OF CARDS

THE SOLAR TOY

1945

Finais de 1940

1952

1957

Admirado pelo seu majestoso tamanho e pela docilidade do seu carácter, o elefante é um dos animais mais apreciados pela humanidade. Charles e Ray Eames também se renderam ao seus encantos e, em 1945, desenharam o Eames Elephant em contraplacado moldado. Contudo, esta obra nunca chegou à fase de produção.

Ray Eames criou vários padrões para têxteis, entre os quais o Crosspatch e o Sea Things que foram produzidos pela Schiffer Prints. Na coleção de comemoração do século XX da Maharam’s Textile foram os primeiros a ser incluídos e são produzidos ainda hoje.

Consiste num jogo de dois baralhos de 54 cartas. Cada uma das cartas tem seis ranhuras, duas de cada lado e uma em cada extremidade, o que permite ao jogador interligá-las e criar um infindável número de formas e tamanhos.

Desenhado por Charles e Ray Eames, teve como objetivo chamar a atenção para as virtudes de uma fonte de energia barata, renovável e inesgotável, o sol.


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TOCCATA FOR TOY TRAINS

MATHEMATICA

POLAROID SX-70

POWERS OF TEN

1961

1972

1977

1957

Encomendada pela IBM a Charles e Ray, a Mathematica,- A World of Numbers and Beyond, foi inaugurada em 1961 no Museu da Ciência e da Indústria de Los Angeles. Esta exposição, considerada maravilhosa e graciosa, oferece uma perspetiva original sobre a diversão e a elegância da matemática.

Considerados comunicadores natos e mestres da produção audiovisual da época, os Eames foram convidados pela Polaroid para fazer um anúncio promocional sobre a SX-70, a câmara que iria revolucionar o filme instantâneo. Correspondendo às expetativas, os autores foram muito além da simples publicidade e centraram-se no esplendor original da fotografia.

Trabalhando novamente com a IBM, os Eames produziram outro filme, o The Powers of Ten, que explora o efeito da adição de um outro zero ao colocar o universo em perspetiva exponencialmente. Visto por milhões de pessoas em todo o mundo, este foi um dos últimos grandes projetos de Charles antes da sua morte, no ano seguinte.

Filmado ao longo de quatro anos, e usando apenas combóios de brinquedo, Toccata for Toy Trains elogia a habilidade dos bons brinquedos antigos, em que não havia a autoconsciência sobre o uso dos materiais.

Charles e Ray aplicaram os seus talentos na elaboração de brinquedos para crianças, quebra-cabeças engenhosos, filmes e exposições e contemplaram-nos com edifícios icónicos, como a Eames House e a Entenza House, localizada em Pacific Palisades. O Eames Office, que funcionou por mais de quatro décadas na 901 Washington Boulevard, Venice, Califórnia, contou também com a colaboração de uma série de designers notáveis, Don Albinson, Deborah Sussman, Harry Bertoia, entre muitos outros. Juntos, e graças ao trabalho que desenvolveram, ajudaram a moldar a forma como os objetos e os edifícios eram pensados na altura. Através experiências intermináveis com diversos materiais e formas, os Eames estão entre os designers mais influentes do século XX e são uma influência verdadeiramente grandiosa para as gerações seguintes.


“ The details are not details. They make the design. ” Charles Eames morreu de ataque cardíaco a 21 de agosto de 1978, durante uma viagem à sua terra natal, St. Louis, e foi sepultado no cemitério Calvary. Tem uma estrela no St. Louis Walk of Fame.

“Os detalhes não são detalhes. Eles fazem o design.”


“ What works good is better than what looks good, because what works good lasts. ”

Após a morte de Charles, Ray completou os seus projetos inacabados e passou os anos seguintes escrevendo um livro completo sobre o seu trabalho, ao mesmo tempo que preparava a transferência de mais de 900.000 dos seus objetos para a Biblioteca do Congresso. Morreu em Los Angeles, em 1988, dez anos depois de Charles e exatamente o mesmo dia. Estão sepultados um ao lado do outro, no cemitério Calvary, em St. Louis.

“O que funciona bem é melhor do que parece bom, porque o que funciona bem, dura.”


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Sobre nós

BIBLIOGRAFIA Byars, Mel - The Design Encyclopedia Londres: Lawrence King Publishing, 2004. ISBN 0-87070-102-x Annink, Ed e Schwartz, Ineke - Bright Minds, Beautiful Ideas, Parallel thoughts in different times. Amsterdão: Bis Publishers, 2003. ISBN 90-6369-062-2

WEBGRAFIA CRISTINA LOURENÇO 1976 Natural de Lisboa Licenciada em Design de Comunicação pela Escola Superior de Artes e Design, Matosinhos A viver atualmente em Matosinhos, trabalha como designer em gabinete próprio

Charles Eames and Ray Eames Papers http://lcweb2.loc.gov/service/mss/eadxmlmss/eadpdfmss/1998/ms998024.pdf Cube, Ice - Ice Cube celebrates the Eames http://www.youtube.com/results?search_query=ice+cube+celebrates+the+eames&sm=12 Design Gallerist http://designgallerist.com/blog/la-chaise-eames Dear Hancock http://www.dearhancock.com/blog/category/inspiration Design Museum http://designmuseum.org/design/charles-ray-eames Design Within Reach http://www.dwr.com/product/eames-executive-chair-vicenza-leather.do Eames Designs http://eamesdesigns.com Eames Foundation http://www.eamesfoundation.org Eames Office http://eamesoffice.com The Eames http://issoehermanmiller.com.br/blog/categoria/eames Furniture File http://www.furniturefile.co.uk/?p=1847


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Sobre nós

WEBGRAFIA (cont.) Herman Miller http://www.hermanmiller.com https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10151773765467562&set=a.171562157561.121365.162638622561&type=1 Introducción al Proyecto http://introduccionalproyecto.blogspot.pt/2007_10_07_archive.html Library of Congress http://www.loc.gov/pictures/item/2004675288/ http://www.loc.gov/exhibits/eames/space.html Life http://life.time.com/culture/charles-and-ray-eames-photos-of-the-legendary-designers-in-1950/#3 Miniature Chairman http://www.miniaturechairman.com/8/category/charles%20eames/1.html Naharro, Nuria - Charles and Ray Eames http://nuria-naharro.blogspot.pt/2012/02/charles-y-ray-eames.html Nelson, George http://www.georgenelson.org/georgenelsonbiography.html http://www.hermanmiller.com/designers/nelson.html NotCot http://www.notcot.com/archives/2008/08/the-chocolate-e.php Smithsonian Cooper-Hewitt and National Design Museum http://collection.cooperhewitt.org/objects/18621877/ Steelform https://www.steelform.com/charles-eames/aluminium-group-chair.html The New York Times Style Magazine http://tmagazine.blogs.nytimes.com/2011/11/10/lounge-act-moss-and-maharam/?_r=1 The Oregon Encyclopedia http://www.oregonencyclopedia.org/entry/view/evans_products_company The Timeline of a House and a Household http://www.eameshouse250.org Vitra Design Museum http://www.design-museum.de/en/collection/100-masterpieces.html Vitra http://www.vitra.com Wikipedia http://en.wikipedia.org/wiki/Charles_and_Ray_Eames http://pt.wikipedia.org/wiki/Grande_Depress%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Segunda_Guerra_Mundial

FILIPE PÊGO 1984 Natural de Almada Licenciado em Design pela Universidade Lusíada de Lisboa A viver atualmente em Paços de Ferreira, trabalha como designer na indústria do mobiliário


“ Design addresses itself to the need. �

O design reporta-se Ă necessidade.


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