lume Mato Grosso
Parque Nacional De Chapada Dos Guimarães
Revista nº. 32 • Ano 5 • Maio/2019
Completa 30 anos com novos desafios. Pag. 14
ERVAS MEDICINAIS HITLER INSPIROU BIN LADEN PAI DE POCOYO VAI À FALÊNCIA CUIABÁ ABISSAL CIA SINFÔNICA AMERICANIDADE: CARYBÉ PABLO NERUDA
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No Brasil, 90% dos casos
maioria deles é causada p
nem sabe que precisa de
instituído pela Lei nº 10.
transtorno mental e/ou p
esquizofrenia, alcoolismo
indivíduos que apresente
chegar ao suicídio. Um im
importa
s de suicídio poderiam ser evitados com ajuda psicológica. A
por doenças mentais que não são tratadas porque muita gente
e tratamento. O Plano Estadual de Combate ao Suicídio,
.598 de 2017, busca identificar possíveis sintomas; tratar o
psicológico que pode incluir depressão, transtorno bipolar,
o e abuso de drogas; e promover o acompanhamento de
em o perfil, minimizando a evolução dos quadros que podem
mportante instrumento que pode salvar vidas.
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C A RTA D O E D I TO R
JOÃO CARLOS VICENTE FERREIRA Editor Geral
A
s questões relacionadas à criação do Parque Nacional de Chapada dos Guimarães têm história de enredo de cinema, com protagonistas e figurantes que, em certas ocasiões, mudavam de papel, mas que tinham um único objetivo: lutar pela preservação do patrimônio arqueológico, paisagístico, de meio ambiente e histórico do espaço que neste ano completa 30 anos de existência. Lume reforça a importância do Parque dando-lhe o devido espaço em nossas páginas, lidas e relidas por pessoas que buscam leitura de qualidade. A ideia é ampliar o espaço com esse mesmo assunto: Parque Nacional, com as suas mazelas e espaços indevidamente ocupados por pessoas que não deveriam estar às margens do Rio Paciência, por exemplo. Encontramos pessoas dispostas
a falar e contar histórias do tempo em que o Parque foi criado e os muitos senões e porquês, inexplorados até a contemporaneidade. Outro assunto que deve ser bastante debatido nos próximos dias é a quase certeza de que o Parque será privatizado. Isso é bom ou ruim, não se sabe ao certo se o será e quais serão os efeitos dessa iniciativa. Dentro dos trabalhos apresentados nesta edição chama a atenção o trabalho desenvolvido pela CIA SINFÔNICA, uma empresa destinada a desenvolver a música como o seu principal produto. Essa ideia é genial e esse grupo já se apresentou em vários países, além de atuar em terras brasileiras e, notadamente, a mato-grossense. O líder deste vitorioso projeto é o maestro Fabrício Carvalho. Vale a pena conferir. Temos a grata satisfação de termos de volta o articulista Willian Gama,
que é especialista em artes visuais, que desta feita nos mostra trabalhos de Babu78, Wlademir Dias-Pino e Silva Freire, em mostra que vai de maio a junho, na UFMT. Imperdível essa mostra. Não deixamos de levar aos nossos leitores os benefícios da fitoterapia, por conta disso, apresentamos algumas ervas que curam. Apesar de contestada por alguns segmentos da sociedade, esse tipo de tratamento para os mais variados tipos de doenças está a cada dia que passa ganhando mais e mais terreno. É besteira negar o óbvio: a maioria quase que absoluta dos remédios consumidos em todo o mundo vem da natureza, basta conhece-los e fazer disso o melhor uso. Por fim mandamos uma frase maravilhosa de Neruda, daquelas que nos levam às mais profundas reflexões. Tenham uma ótima leitura.
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EXPEDIENTE
lume Mato Grosso
ELEONOR CRISTINA FERREIRA Diretora Comercial
JOYCE CORRÊA, JÚLIO ROCHA, LUIS ALVES, LUIS GOMES, MAIKE BUENO, MARCELA BONFIM, MARCOS BERGAMASCO, MARCOS LOPES, MÁRIO FRIEDLANDER, RAI REIS Fotos
JOÃO CARLOS VICENTE FERREIRA Editor Geral
OS ARTIGOS ASSINADOS SÃO DE RESPONSABILIDADE DE SEUS AUTORES.
MARIA RITA UEMURA Jornalista Responsável
LUME - MATO GROSSO é uma publicação mensal da EDITORA MEMÓRIA BRASILEIRA Distribuição Exclusiva no Brasil
PESCUMA MORAIS Diretor de Expansão e de Projetos Especiais
JOÃO GUILHERME O. V. FERREIRA Revisão AAMÉRICO CORRÊA, ANA CAROLINA H. BRAGANÇA, ANNA MARIA RIBEIRO, ANTÔNIO P. PACHECO, BENEDITO PEDRO DORILEO, CARLOS FERREIRA, CECÍLIA KAWALL, DIEGO DA SILVA BARROS, DILVA FRAZÃO, EDUARDO MAHON, ELIETH GRIPP, ENIEL GOCHETTE, EVELYN RIBEIRO, HENRIQUE SANTIAN, JOSANE SALLES, JULIANA RODRIGUES, LEJEUNE MIRHAN, LUCIENE CARVALHO, MILTON PEREIRA DE PINHO - GUAPO, NIGEL BUCKMASTER, PAULO PITALUGA COSTA E SILVA, RAFAEL LIRA, REGINA DELIBERAI, , ROSE DOMINGUES, THAYS OLIVEIRA SILVA, VALÉRIA CARVALHO, WLADIMIR TADEU BAPTISTA SOARES, YAN CARLOS NOGUEIRA Colaboradores ANDREY ROMEU, ANTÔNIO CARLOS FERREIRA (BANAVITA), CECÍLIA KAWALL, CHICO VALDINEI, EDUARDO ANDRADE, HEITOR MAGNO, HENRIQUE SANTIAN, JOSÉ MEDEIROS,
RUA PROFESSORA AMÉLIA MUNIZ, 107, CIDADE ALTA, CUIABÁ, MT, 78.030-445 (65) 3054-1847 | 36371774 99284-0228 | 9925-8248 Contato WWW.FACEBOOK.COM/REVISTALUMEMT Lume-line REVISTALUMEMT@GMAIL.COM Cartas, matérias e sugestões de pauta MEMORIABRASILEIRA13@GMAIL.COM Para anunciar ROSELI MENDES CARNAÍBA Projeto Gráfico/Diagramação CACHOEIRA NO PARQUE NACIONAL DE CHAPADA DOS GUIMARÃES FOTO: VALDECI QUEIROZ Capa
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SUMÁRIO
8. NOTAS
22. SAÚDE
10.
PARA QUANDO VOCÊ FOR
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24. SAÚDE
30. 50. 60. 40. HISTÓRIA
TRATADOS
MAIOS DE NOSSA HISTÓRIA
RETRATO EM PRETO E BRANCO
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N OTA S
BACURAU »»O representante brasileiro na disputa pela Palma de Ouro do 72º Festival de Cannes, o filme Bacurau, foi exibido no final da noite do dia 15/05, em sessão de gala para convidados. O filme dos pernambucanos Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles tem nomes como Sonia Braga, Karine Teles, Bárbara Colen e Udo Kier no elenco, e estreia prevista no Brasil para setembro deste ano.
ALTA NAS VENDAS
»»No levantamento por regiões o Centro-Oeste apresentou alta de 7%. Segundo
Gustavo Nascimento, presidente da Associação dos Comerciantes do Varejo de Material para Construção de Mato Grosso (Acomac/MT), o resultado da pesquisa é positivo, e um dos motivos é a nova gestão política do Brasil: “O ambiente econômico ultimamente passa por uma reconstrução de valores, e isso reflete em mais consumo dos cidadãos. Vemos também que os empresários dos segmentos estão confiantes e pretendem realizar investimentos”.
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FRASES
O Nº 01
»»O senador Flávio Bolsonaro (PSL),
filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro (PSL), lucrou R$ 3,089 milhões entre 2010 e 2017 com diferença entre a compra e a venda de imóveis, segundo documento do Ministério Público do Rio (MP-RJ) obtido pela revista Veja, neste mês de maio.
“IDIOTAS ÚTEIS” »»Dita pelo presidente Jair Messias, do Brasil, durante visita aos EUA, em 15/05, sobre estudantes manifestantes contra cortes na educação. “NEM CACHORRO GOSTA DESSE CIDADÃO” »»Frase proferida pelo senador Jayme Campos, em resposta ao deputado estadual Silvio Fávero (PSL), por conta de declarações do Democrata com relação a uma possível indicação do minis-tro Sérgio Moro ao Supremo Tribunal Federal e do voto na comissão que analisou a MP 870/2019, que trata da reforma ministerial do Governo Bolsonaro. “GREVE NÃO RESOLVE” »»É o posicionamento do governador Mauro Mendes (DEM), diante da possibilidade de greve sugerida pelo Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Público (Sintep). MM pediu que o Sindica-to reflita sobre essa posição pois Mato Grosso têm o terceiro melhor salário do Brasil e a 21ª pior educação do país. “A VERDADEIRA TRAGÉDIA DA VIDA É QUANDO HOMENS TÊM MEDO DA LUZ”. »»Platão
ALTA NAS VENDAS II
»»As vendas no varejo de material de construção registraram crescimento de 5% no mês de abril na comparação com março, e de 4% na comparação com o mesmo mês do ano passado.
FOTOS DIVULGAÇÃO
“É DO CONHECIMENTO DAS CONDIÇÕES AUTÊNTICAS DE NOSSA VIDA QUE É PRECISO TIRAR A FORÇA DE VIVER E RAZÕES PARA AGIR” »»Simone de Beauvoir
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PA R A Q UA N D O VOCÊ FOR
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Aveiro – Portugal A História Dos Ovos Moles Os Ovos Moles de Aveiro são um dos mais famosos doces portugueses. Descubra a sua história, e algumas curiosidades sobre esta iguaria.
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PA R A Q UA N D O VOCÊ FOR
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história dos Ovos Moles tem origem conventual no século XVI. Terá sido no Convento de Jesus de Aveiro que este doce típico terá sido elaborado pela primeira vez. Enquanto que as claras dos ovos eram usadas para tarefas domésticas — para engomar a roupa, por exemplo —, às gemas não se sabia que uso dar. Até ao dia em que lhe juntaram o açúcar!
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que remetem para a cidade de Aveiro e a sua tradição piscatória e proximidade com o mar — os peixes, os búzios ou as conchas. Mas também são apresentados dentro de pequenas barricas pintadas à mão. Desde a implantação da linha de caminho de ferro Porto-Lisboa que é tradicional a venda de ovos moles na paragem dos comboios da estação de Aveiro, por mulheres vestidas com trajes regionais. O doce é tradicionalmente comercializado em barricas de madeira pintadas exterior-mente com barcos moliceiros e outros motivos da Ria de Aveiro. Também se apresenta em taci-nhas de cerâmica e ainda envolvida em hóstia, moldada nas mais diversas formas de elementos marinhos, passados por uma calda de açúcar para os tornar opacos a dar mais consistência. A genuinidade dos Ovos Moles de Aveiro foi reconhecida pela União Europeia que lhe atribuiu, e pela primeira vez a um produto português, a denominação de Indicação Geográfica Protegida. Já Eça de Queiroz n’Os Maias fazia referência aos Ovos Moles de Aveiro! E
onde os comer? Bom, se estiver de visita a Aveiro, damos-lhe duas sugestões. A primeira é a incontornável Con-feitaria Peixinho, a casa que há mais anos comercializa Ovos Moles na cidade. Fica bem no cen-tro de Aveiro, a um minuto da Câmara Municipal e tem portas abertas há 160 anos. Outras das referências aveirenses quando falamos deste doce é a Casa Maria da Apresentação da Cruz. No número 37 da Rua D. Jorge Lencastre, os Ovos Moles continuam a ser confecciona-dos da forma tradicional e segundo a receita da família. Por isso, e uma vez em Aveiro, não deixe de passar por lá para levar uma (ou mais!) caixinhas para casa. Na capital de Portugal esta iguaria também tem lugar de destaque — A Casa dos Ovos Moles em Lisboa. Em hóstia ou nas barricas decoradas a rigor, os Ovos Moles fazem parte de uma lista de doces conventuais que aqui são servidos com toda a tradição e onde os ovos são reis. Fidalgo, Trouxas de Ovos, Celestes ou Toucinho do Céu acompanhados por uma Ginjinha, um Vinho do Porto ou um Moscatel.
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Sem açúcar, não haveria ovos moles. A história deste doce tão famoso no nosso país é também a história da produção de açúcar em Portugal. A cana de açúcar foi trazida para o nosso território pelos árabes no século VIII e depressa começámos a tentar plantá-la. No entanto, só após al-guns séculos descobrimos o local ideal para o fazer: a ilha da Madeira. A partir daí a produção de açúcar tornou-se numa importante atividade económica. Dessa produção, uma parte ia diretamente para a casa real que, por sua vez, distribuía outra parte como esmola por várias instituições e conventos. Um desses conventos era o Mosteiro de Jesus de Aveiro. E já está a ver onde é que esta história vai dar, certo? Doceiras prendadas, as freiras do convento rapidamente criaram um delicioso doce de ovos que, mais tarde, resultaria nos Ovos Moles de Aveiro. Fechado o templo, a receita perpetuou-se pela mão da empregada da última religiosa que ali habitou. Os Ovos Moles são servidos em hóstia, por influência conventual, em formas
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Parque Nacional De Chapada Dos Guimarães Completa 30 anos com novos desafios TEXTO ASSESSORIA DO ICV FOTOS DE VALDECI QUEIROZ
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dia 12 de abril de 1989 marcou uma das grandes vitórias do movimento ecológico de Mato Grosso. Nesse dia, o Diário Oficial da União publicava o decreto de cria-
ção do Parque Nacional de Chapada dos Guimarães, resultado de anos de atos públicos, intervenções artísticas e intensa cobertura da mídia sobre a importância da Chapada e as sérias agressões ambientais
sofridas por uma das mais belas paisagens do estado. Conheça um pouco da história da criação do Parque, entenda as ameaças atuais e saiba como ele influenciou o surgimento do ICV – Instituto Centro Vida.
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HISTÓRIA DE ENGAJAMENTO “Havia muita destruição da natureza, como superexploração turística irregular, desmatamento de cerrado, queimadas, extração de madeira, caça e especulação imobiliária”, recorda Mário Friedlander, fotógrafo de natureza e ativista em Mato Grosso. “Tudo o que podia ser feito para destruir o lugar, estava sendo feito naquela época. Então um grupo de pessoas percebeu o que estava acontecendo e se uniu para estudar, organizar e articular politicamente a proteção da paisagem”. A luta começou no início da década de 1980 e contou com forte apoio de artistas como Bené Fonteles, Tetê Espíndola e muitos outros artistas plásticos e músicos do estado. “Este foi um movimento do Brasil, marcado pelo
fim da Ditadura Militar e uma convergência de dinâmicas sociais fortes, na qual as atividades ecológicas também se reintegraram às ações sociais de retomada da democracia e cidadania, trazendo essa nova dimensão do meio ambiente e da ecologia”, reflete Sérgio Guimarães, que participou ativamente desse movimento. Para Mário Friedlander, o movimento socioambiental que resultou na criação do Parque também o diferenciou de outras unidades de conservação. “O parque de Chapada é diferente porque não veio de uma proposta de estudiosos de universidades ou de órgãos do governo. Ele foi proposto pela população e por movimentos ecológicos com apoio de artistas, pesquisadores e a comunidade local tanto da chapada quanto de
Brasília e do país como um todo”, recorda Mário. A mobilização foi grande, envolvendo professores das universidades de Mato Grosso. Junto com ativistas, diversos pesquisadores elaboraram os estudos que foram usados pelo Ibama para a criação do Parque. O Governo Federal já tinha indicação de criar uma unidade de conservação ali, mas a ideia estava engavetada. Quando, no final da década de 1980, o Governo Federal foi pressionado pelo Banco Mundial e por outras circunstâncias a criar um pacote de unidades de conservação, a proposta da Chapada estava pronta. “Muitas pessoas se esforçaram durante muitos anos sem apoio, sendo perseguidas e ridicularizadas. Mas nada disso as demoveu da ideia de proteção de um pedaço de chapada”, diz Mário.
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SEMENTES LANÇADAS PARA O ICV Uma organização chave na história da criação do Parque foi a Associação Mato-Grossense de Ecologia, a AME Mato Grosso, um forte movimento ecologista que atuou entre 1985 e 1990, com grande visibilidade e impacto. A AME foi inspiração para criação do Instituto
Centro de Vida (ICV), fundado dois anos depois da criação do Parque Nacional da Chapada dos Guimarães. “O projeto de criação do Parque Nacional da Chapada dos Guimarães com certeza é uma das vertentes de inspiração para criação do ICV”, lembra Sérgio. “A ideia era ter um trabalho mais estruturado e com uma base científica e de estudos mais ampla, que pudesse propor uma discussão consistente, robusta, científica e com base política, que é o que o ICV faz até hoje”. Além do ICV, outras organizações foram criadas com o impulso desse movimento em defesa da Chapada, como a Fundação Ecotropica, a Arca e o Formada (Fórum Mato-grossense de Meio Ambiente e Desenvolvimento). DESAFIOS DO PRESENTE O Parque Nacional da Chapada dos Guimarães é, como todas as outras unidades de conservação no estado, de fundamental importância para Mato Grosso. Vive, porém, sob ataque de interesses privados, do desmatamento e das ocupações ilegais, assim como a Área de Proteção Ambiental (APA) da Chapada dos Guimarães. As queimadas são recorrentes. Em 2016, resultaram no fechamento da principal atração do Parque, a Cachoeira Véu de Noiva. No ano passado, deputados estaduais iniciaram um mo-
vimento pedindo a estadualização do Parque - ideia rechaçada pelo Ministério Público Federal. Os rios sofrem com despejo de esgoto sem tratamento e a duplicação da rodovia que corta a área deve ampliar os desmatamentos. Na APA, a mineração de ouro provoca contaminação com metais pesados e há pressão para redução da área protegida. “Isso é algo inconcebível. Essa área da Chapada dos Guimarães, tanto do parque quando da APA, garante o abastecimento de água da capital e protege as nascentes do rio Cuiabá. É fundamental a mobilização e engajamento da sociedade para evitar retrocessos”, aponta Sérgio Guimarães. Mário Friedlander faz coro e diz que as novas lideranças socioambientais precisam focar atenção na consolidação coletiva do parque e na sua ampliação, pois a Chapada precisa de muito mais proteção e o Parque Nacional já provou que pode trazer progresso e desenvolvimento para região, com o turismo. “Hoje ninguém consegue imaginar a Chapada dos Guimarães sem um parque nacional. Trinta anos é nada, só está no começo. Temos que continuar discutindo, pois, este parque precisa ser ampliado e sua gestão precisa da participação da comunidade”, convoca Mário.
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VITÓRIA LIMITADA Sérgio Guimarães lembra que a proposta inicial era que o parque tivesse cerca de 100 mil hectares, mas houve resistência de pessoas que eram ocupantes da região. Ele lembra que 70% da área proposta estava permeada por ocupações ilegais. Assim, em vez de 100 hectares, o parque acabou sendo criado com apenas 33 mil hectares. De acordo com Mário, os limites foram redesenhados na calada da noite, por influência de funcionários públicos e pessoas ligadas a políticos de Mato Grosso. “Quando o decreto da criação do parque foi editado, o número de hectares foi alterado para uma nova proposta, algo covarde, feito por de baixo dos panos. Desta forma, quando o decreto foi publicado, houve uma enorme alegria e, também, uma tremenda decepção. Isso é uma ferida que não cura porque muito dos problemas atuais do Parque advém justamente da demarcação feita de modo errado”, completa Mário.
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SAĂšDE
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ANDREIA KRUGER É Colunista da Estilo de Vida Saudável!; Colunista de Gastronomia do Portal Rosa Choque; Articulista da Saúde das Revistas: Momento Diabetes e Revista LUME Mato Grosso; Graduada em Direito, Especialista em Direito Agro Ambiental e Alimentos; Estudante do curso de Nutrição; Fundadora e Presidente AMAD-MT Associação Mato-Grossense “Atenção ao Diabético”.
Baru – Castanha Ou Remédio?
A
POR ANDRÉIA KRUGER FOTOS JOÃO CARLOS VICENTE FERREIRA
presentamos uma planta que, á primeira vista pode passar batida aos olhos de quem não a conhece, mas, que guarda em si um poder enorme para saúde humana. Típica do ecossistema do cerrado, o cumbaru ou baru e em outros lugares conhecida também como cumbari, foi ignorado por muito tempo pela culinária tradicional, ficando em segundo plano. Porém, a sabedoria do homem da roça jamais o deixou de lado. Tanto que foi apelidado de Viagra do Cerrado. A razão disso é porque sua castanha tem poderes afrodisíacos, confirmado tanto pela sabedoria popular da zona rural quanto pelos seus apreciadores da cidade. O fruto tem sabor marcante, mas o que chama atenção de todos é sua castanha. As propriedades já descobertas dessa semente a transformou em uma especiaria, hoje disputada dentro dos maiores e melhores restaurantes do Brasil. Em alguns municípios já foi até utilizada a farinha da castanha do Baru para prevenção de anemia nas escolas e creches. Isso porque uma de suas propriedades é a riqueza de ferro. Além disso também é rica em zinco e ômega 9. Ambos nutrientes têm com função ser antioxidante e melhora os níveis de colesterol. Uma outra potente ação é o efeito antiplaquetário, ou seja, o baru previne as tais perigosas tromboses. O baru também é rico em ácidos graxos,
lipídios e proteínas vegetais. Bastam 4 a 5 castanhas diárias para prevenir de inúmeras doenças, além é claro de aumentar a virilidade masculina e a fertilidade feminino. A razão disso é a grande quantidade de zinco encontrada na castanha. Apesar de toda essa riqueza de nutrientes e da importância do Baru, infelizmente está correndo risco de extinção, isso por causa do desenfreado desmatamento do cerrado. Talvez por isso a dificuldade de encontrar a castanha a tornou muito cara nos grandes centros. O quilo da castanha pode chegar a 150 reais. Mas dado o enorme bem que o Baru faz a saúde, cada castanha vale o quanto pesa. Se pensar que pagamos muito mais caro para curar doenças ou controla-las, comer 4 a 5 castanhas além de ser prazeroso é certamente um grande investimento na saúde. O baru não é remédio, mas certamente faz muito bem ao organismo humano.
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SAÚDE
Endometriose
A endometriose é uma doença crônica feminina, que afeta 10 a 15% das mulheres em idade fértil. Para colaborar e aumentar a consciencialização sobre esta patologia, a revista Lume publica um alerta sobre essa enfermidade.
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DA REDAÇÃO
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É
estimado que essa doença afete, em média, 10 a 15% das mulheres em idade fértil. São mulheres que, muitas vezes, não recebem a assistência clínica necessária, porque podem passar muitos anos até a doença ser identificada. Até as próprias mulheres às vezes desvalorizam, porque ouvem dizer que é normal ter dores na menstruação. Mas não é normal, pois dores incapacitantes interferem na qualidade de vida das mulheres. Em algumas situações até as próprias mulheres às vezes desvalorizam, porque ouvem dizer que é normal ter dores na menstruação. Segundo especialistas, a endometriose corresponde ao crescimento do endométrio fora da cavidade uterina (o local habitual), levando ao surgimento “de quistos e nódulos”. Além do útero, o mais frequente é afetar órgãos pélvicos, nomeadamente intestino, septo retovaginal, bexiga, ovários, bem como locais mais distantes como umbigo ou pulmões. Ainda não foi descoberta a cura para esta patologia, mas existem algumas formas de a controlar ou de diminuir os sintomas. O tratamento é variável e pode ir FOTOS DIVULGAÇÃO
desde os suportes antiinflamatórios ou analgésicos para controlar a dor até à terapêutica hormonal na tentativa de suprimir o funcionamento do endométrio. Em alguns casos, é necessária cirurgia para remover as lesões. De uma forma geral, a doença provoca o aparecimento de sintomas, sendo que em 80% dos casos a dor é a sua principal manifestação; em 20% dos casos provoca infertilidade. Digamos que todos os dias quando acordamos temos 15 doses de energia para gastar. No entanto, uma mulher com endometriose, só tem cinco colheres. Ter endometriose não é só ter dores e uma vida mais difícil. É uma doença com impacto em nível sociológico. Existem várias teorias sobre as causas da endometriose, mas, segundo estudiosos, nenhuma, infelizmente, explica totalmente a doença. De certa forma é consensual que mulheres portadoras de endometriose possuem um sistema imunitário mais deprimido, ou mesmo predisposição genética para a sua ocorrência e com fatores como estresse e alimentação, acabam por aparecer as lesões.
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E RVA S M E D I C I N A I S
CAMOMILA
Plantas Que Curam
Conheçam os benefícios de 9 plantas medicinais
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DA REDAÇÃO
que você faz quando os primeiros sintomas de uma doença começam a aparecer, ou você sente um pequeno mal-estar? Se a sua resposta para isso é correr para a sua caixinha de remédios, tome cuidado: o consumo excessivo de medicamentos pode fazer mal à saúde e trazer dependência. Por outro lado, há muitas alternativas mais naturais, como as plantas medicinais, que podem ser usadas para desconfortos e doenças mais leves, e que evitam que você tenha que recorrer aos remédios sintéticos o tempo todo. Isso não significa que você
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não deve tomar medicamentos, pois há casos em que eles realmente são necessários. Mas há situações em que as ‘plantas que curam’ podem ser mais do que suficientes, e, além de serem mais naturais, elas também não costumam trazer as contraindicações de muitos medicamentos tradicionais. Fizemos fez uma lista das ‘plantas que curam’ mais utilizadas, e para quê elas servem. Leia e saiba como a natureza pode ajudar a melhorar sua saúde! Plantas que curam: descubra quando e como usar as plantas medicinais mais comuns:
lumeMatoGrosso ALOE VERA OU BABOSA
ALOE VERA OU BABOSA
»»Muita gente sabe que a Aloe Vera é boa
para tratar o cabelo e também para feridas, inflamações e queimaduras na pele, mas a babosa é muito mais completa do que isso, sendo uma das plantas com maior propriedade curativa do mundo. Além ser utilizada em diversos procedimentos estéticos, pois traz muitos benefícios à pele, a Aloe Vera é empregada também em tratamentos respiratórios, verminoses, prisão de ventre, anemia, úlceras, reumatismos e até para tratamentos de câncer e AIDS, pois tem propriedades estimulantes, hidratantes, cicatrizantes, anticarcinogênicas (anti-câncer), antivirais, antibióticas, anti-inflamatórias e laxantes. As partes usadas são a folha e a seiva. ALECRIM »»O alecrim é muito comum em receitas culinárias, pois de fato dá um sabor especial aos pratos. Mas ele também está entre as plantas que curam, e pode ser usado no combate à depressão, pois estimula a produção de substâncias responsáveis pela sensação de bem-estar. Também ajuda a melhorar problemas digestivos, respiratórios musculares, reu-
matismo, cansaço, debilidade cardíaca, cicatrização, gases intestinais e caspa. As partes utilizadas são as flores e folhas. BOLDO
»»Quem nunca tomou chá de boldo? Apesar
de ter um gosto amargo e forte, que não é muito apreciado pela maioria das pessoas, o boldo é uma das plantas que curam, e é bom para problemas digestivos e azia. Além disso, também abre o apetite, ajuda a combater cólicas, diarreia, alivia sintomas de gripe, estimula a secreção biliar e o bom funcionamento do fígado e ajuda a curar a famosa ‘ressaca’ alcoólica. Costuma ser tomado como chá, que é feito com suas folhas. ALECRIM CAMOMILA »»Um chazinho de camomila pode ser muito gostoso em dias frios, e felizmente também possui muitas características benéficas. Por isso, a camomila é uma das plantas que curam mais comuns, muito usada contra ansiedade e insônia, e também para diminuir a irritação, acalmar e curar transtornos digestivos. É consumida na forma de chá, feito com suas flores secas.
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E RVA S M E D I C I N A I S
BOLDO
CARQUEJA
»»A carqueja possui propriedades parecidas com as do boldo, favorecendo a produ-
ção de bile, o que facilita a digestão. Mas também ajuda a reduzir a taxa de açúcar no sangue, combatendo a diabetes, e tem também propriedades anti-úlcera e anti-inflamatórias, ajudando, por exemplo, no tratamento de artrites. Por suas propriedades vermífugas, emagrecedoras, laxantes e diuréticas, é também bom para sobrepeso, obesidade e presença de vermes. Usa-se as hastes da planta. CARQUEJA
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GUACO
»»O guaco é outra das plantas que curam
mais utilizadas, muito indicada para combater vias respiratórias obstruídas e estados gripais. Alivia sintomas de asma, bronquite e tosse, e também tem efeito paliativo para casos mais graves de doenças respiratórias. A forma mais usada é o chá e o xarope da folha. HORTELÃ OU MENTA
QUEBRA-PEDRA
QUEBRA-PEDRA
»»A quebra-pedra leva esse nome não por
HORTELÃ OU MENTA »»A hortelã ou menta (espécies diferentes de menta) é muito utilizada na cozinha por seu sabor refrescante, mas além de incrementar receitas, ela também tem propriedades muito benéficas. É mais comum para irritação na garganta, catarro e congestão nasal, mas também alivia problemas no estômago, má digestão, febre, náuseas e diarreia. A forma mais comum de consumir é o chá ou as folhas em sucos e receitas gastronômicas.
acaso: é uma das plantas que curam indicada principalmente para cálculos renais (pedra no rim) e infecções urinárias. Também serve para ajudar a tratar hepatite, elimina acido úrico, fortifica o estômago, auxilia em distúrbios da próstata, cólicas renais, cistite, outras enfermidades na bexiga e artrite. Tem propriedades antidiabéticas, diuréticas e antigota. Usa-se toda a planta para fazer chá. VALERIANA Valeriana, embora não seja muito conhecida por seu nome, é a matéria-prima de muitos fitomedicamentos (medicamentos de origem vegetal elaborados com extratos padronizados). É indicada para controle da ansiedade, nervosismo ou depressão.
»»A
VALERIANA
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HISTÓRIA
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Adolf Hitler com a menina judia Rosa Bernile Nienau
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ANTONIO PAULO REZENDE Nasceu no Recife, em 1952. Canceriano, é pai 4 filhos. Professor de história da UFPE, dedica-se à pesquisa sobre as relações afetivas na modernidade e aos debates sobre as artimanhas da contemporaneidade.
Você Conhece Hitler?
A
POR ANTÔNIO PAULO REZENDE
história possui um movimento que desafia. Há contradições, lamentos, dissidências. Mas somos sujeitos da história. Há quem fuja, se diga neutro e busque navegar em riqueza individualista. Não podemos querer uniformidades. Existem escolhas. O importante é não perder as memórias das violências que retornam e ameaçam o cotidiano. Viver o aqui e agora é fundamental. No entanto, os tempos dialogam. Ficar isolado cria estranhezas. Portanto, a cultura é construída com aventuras. As complexidades pedem envolvimento e não, ausências. A política é responsabilidade e não, apatia. Não adianta usar máscaras e cantar orações. Os momentos políticos inquietam, quando sacodem questões inesperadas. Estamos abraçados pelos extremos. As eleições se aproximam e a perplexidade aumenta. Hoje, as pesquisas balançam corações. Soltam-se denúncias e os ressentimentos voam. Ninguém sabe como caminharemos depois de tanta tempestade. A política possui ninho de surpresas. Analise o passado. Napoleão tornou-se imperador, Vargas era um ídolo autoritário. Fidel conseguiu derrotar Batista. Porém, não deixem de lado a figura de Hitler. Foi escolhido para salvar a Alemanha
das depressões quase absolutas. Surgiu do nada, com dizem alguns. Tinha muitas pretensões. Não era tolo. Pensava, tinha uma assessoria atuante. Imperialista e cheio de argumentos, convenceu muita gente. Admirava Paris, gostava de arte, proclamava o valor da ciência. Provocou entusiasmos. Era militarista, não poupou os países invadidos. Causou estragos impressionantes. Não estava só. Dialogou com Mussolini, com Stalin, espalhou ideias pelo mundo. Quem não se lembra dos integralistas? Nada de muito simples em sociedades desencontradas pelas misérias. Na história, nem tudo vai para a lata do lixo. Houve genocídios. Hitler não ficou nas especulações. Como as permanências existem e incomodam! Há grupos de neonazistas retomando seus gritos e ódios. No Brasil, há quem siga as trilhas preconceituosas e reclame contra o excesso de paz. Prometem vinganças. Nem conhecem direito como o nazismo desfez culturas e cortou sonhos. O perigo é o apoio coletivo, a massificação, a mídia vacilante, a falta de reflexão. É preciso se olhar no espelho do tempo. Somos frágeis e desiguais numa sociedade repleta de ambiguidades. Quem se omite se entrega a uma covardia feroz.
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HISTÓRIA
REIMAR E WALTER HORTEN EM ÁREA DE TESTES DE TECNOLOGIA DE AVIAÇÃO NA ALEMANHA
Hitler Inspirou Bin Laden?
A super tecnologia de Hitler com oito décadas travada ‘in extremis’
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POR JOÃO TOMÉ
omo é que os nazis, com uma força muito menor do que os Aliados, conseguiram ocupar tantos países e quase ganhar a II Grande Guerra? Com super tecnologia inovadora que mais ninguém usava. Em 2019 cumprem-se os 80 anos do início da guerra mais mortífera da história humana. Nunca é demais lembrar como o poderio tecnológico de um país, mesmo com números de tropas muito inferiores aos adversários, pode fazer estragos sem precedentes. A II Grande Guerra Mundial começou no dia 1º de setembro de 1939. Durou seis anos e um dia e opôs os
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Aliados contra a Alemanha nazi liderada por Adolf Hitler e seus parceiros do Eixo. Um estado de guerra total emergiu, envolvendo mais de 100 milhões de pessoas de mais de 30 países, atirando toda a capacidade econômica, industrial e científica para o esforço de guerra, que envolveu forças militares e civis. A luta épica tornou-se no conflito mais mortífero da história humana, com 50 a 85 milhões de mortes, a maioria civis nas zonas da União Soviética e da China – onde se inclui o genocídio do Holocausto, morte por fome e doença e bombardeamentos estratégicos.
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JOÃO TOMÉ É jornalista português. Pela imprensa atuou inicialmente no Público, passou pela Visão, Destak, Sábado, AutoSport, Notícias Magazine. Na televisão atuou nos programas 35mm, TV Turbo e Volante (SIC Notícias). Tecnologia, inovação, gadgets, automóveis, desporto e, a magia do cinema são as suas áreas preferidas e sobre as quais escreve e transforma em vídeos.
A guerra tornou-se tão global, longa e mortífera muito graças ao fato da Alemanha nazi ter conseguido tornar-se numa potência tecnológica, graças ao grande número de projetos militares inovadores que conseguiu criar em apenas dez anos, durante os anos 1930. Esse é precisamente o objeto de uma reportagem publicada esta semana pelo jornal espanhol ABC. A reportagem faz lembrar a série de Ridley Scott, The Man in the High Castle, que imagina um mundo onde a Alemanha ganhou a II Guerra Mundial – feita para a Amazon, a série distópica de 2015 tem três temporadas e ganhou um Emmy. Numa altura de desenvolvimentos tecnológicos sem precedentes, na chamada era digital e da internet, onde a conectividade entre todas as máquinas e o acesso a dados pessoais promete mudar a realidade em que vivemos, o passado lembranos como a tecnologia evoluída nas mãos erradas pode ter consequências inimagináveis. A já confirmada interferência e manipulação russa nas eleições norte-americanas (e no Brexit) através da internet (e das redes sociais), bem como as acusações recentes à possível espionagem chinesa através de equipamentos, ou à espionagem americana aos cidadãos dos EUA e de outros países pelos serviços secretos (NSA), denunciada por Edward Snowden, mostram a força das novas tecnologias. Neste contexto, partimos então para a forma como a Alemanha nazi se distinguiu através da tecnologia (alguma da qual é precursora da tecnologia que usamos hoje em dia) para fazer guerra. O campo onde os nazis mais se destacaram foi na aeronáutica. Desde a construção daquela que é considerada a pri-
meira nave espacial na história, até a um dos designs pioneiros para aviões invisíveis aos radares, Adolf Hitler contou com a inovação da aviação alemã – quase meio século avançada no seu tempo. Os nazis deram passos gigantescos na tecnologia da aviação, conseguindo fabricar desde o primeiro avião a jato até aos gigantescos bombardeiros que podiam viajar milhares de quilômetros sem reabastecer. O ABC cita o escritor espanhol José Lesta, que no seu livro “El Enigma Nazi” indica que a evolução foi tão abismal que, se os projetos tecnológicos alemães tivessem sido concluídos “apenas alguns meses antes, os alemães tinham ganho uma vantagem abismal na guerra no ar”. “O poder destrutivo e as técnicas utilizadas eram tão avançadas que até o último momento Hitler ainda esperava dar um golpe-surpresa aos aliados”, garante o especialista em tecnologia alemã. LIVRO ENIGMA NAZI
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HISTÓRIA
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HISTÓRIA
PRIMEIRA NAVE FOI ALEMÃ É neste contexto que o escritor especializado na II Guerra Mundial defende no seu livro focado no poder tecnológico alemão, que entre as armas nazis, a mais bizarra foi criada em resposta à obsessão do Führer para bombardear os EUA, algo quase impossível na época, porque na década de 1940, não existiam aviões com autonomia suficiente para cobrir os 6.000 quilômetros que separam a Alemanha da América do Norte. Para atingir seu objetivo, a Luftwaffe (força aérea nazista) encomendou a construção de uma das primeiras naves espaciais da história ao cientista Eugene Sänger, a Silbervogel, ou pássaro de prata. Lesta garante no livro: “foi sem dúvida que o projeto secreto mais futurista do seu tempo”. O modelo chamava-se bombardeiro suborbital Sänger-Bredt (Irene Bredt era a mulher de Eugene Sänger e participou no seu desenvolvimento) e seria uma espécie de foguetão tripulado e armado que subiria para a atmosfera (atingindo três vezes a velocidade do som), até chegar aos EUA. Já em território norte-americano, deixaria cair a
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carga de explosivos em Washington. “Finalmente, depois de deixar a sua carga mortal de bombas, regressaria do mesmo modo à base, circulando a 500 km/h e teria um paraquedas traseiro para facilitar as manobras, depois de atravessar metade do planeta”. Lesta indica que o veículo poderia ser reutilizado após de algumas horas de descanso, numa missão de 27 horas. A ideia inicial seria carregar a nave com uma bomba com 5 toneladas de urânio radioativo em pó (cerca de um décimo foi libertado no acidente da central nuclear de Chernobyl). “Uma vez detonada em Nova Iorque, uma nuvem radioativa cairia sobre a cidade, o que seria fatal para a maioria de seus habitantes”, diz Lesta. Para fazer funcionar este veículo, seria necessário colocá-lo numa plataforma ferroviária quase horizontal com vários quilômetros de comprimento, bem diferente da descolagem dos aviões atuais. O especialista admite, no entanto, que foi a chegada do fim da guerra e de algumas vitórias estratégicas dos Aliados, que impediram que o projeto fosse finalizado a tempo. Apesar disso, o inventor da chamaFOTOS DIVULGAÇÃO
EUGENE SÄNGER
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da nave espacial nazi conseguiu escapar os Aliados. “Eugene Sänger conseguiu fugir para a Austrália sem ser apanhado e, como é óbvio, durante a Guerra Fria o seu projeto foi um dos mais cobiçados por ambas as superpotências mundiais. Stalin tentou roubá-lo nos anos 1950 e 60 para construir um navio semelhante que o ajudaria a bombardear os americanos”, explica o escritor. Aparentemente, e de acordo com Lesta, as pesquisas deste cientista foram finalmente usadas pela NASA, a agência espacial dos EUA. “Do seu trabalho vieram as ideias que levariam a NASA a construir o foguetão espacial”, acrescenta o especialista. Outro grande projeto da Alemanha nazi foi o avião “Messerschmitt Me 262”, o primeiro avião-caça a jato operacional do mundo. Este avião trouxe uma mudança radical na forma como eram feitos e pensados os combates aéreos. Durante os anos 1940, o principal sistema de propulsão utilizado nos aviões era a hélice, este novo motor a jato dava maior velocidade aos aviões que, podiam adquirir maior altura e não precisavam de reabastecer com tanta frequência como acontecia com os aviões dos Aliados.
OS IRMÃOS HORTEN
BOMBARDEIRO INVISÍVEL AOS RADARES Um dos últimos projetos aéreos revolucionários dos nazis foi desenvolvido por Reimar e Walter Horten, dois irmãos que criaram a primeira aeronave da história com forma de asa delta (formato triangular das asas), fazendo uso de um desenho que é o utilizado na maioria dos caças e bombardeiros militares atuais. Os Horten criaram este tipo de avião porque, após vários testes, descobriram que oferecia menos resistência ao vento do que os outros aviões. Desta forma, conseguiu-se uma série de vantagens em voo, como a capacidade de percorrer uma maior distância sem a necessidade de reabastecimento ou a possibilidade de viajar a uma velocidade muito superior ao que era norma na altura. Hitler exigiu a Horten que realizasse o seu antigo sonho, de bombardear os Estados Unidos com um avião partindo da Alemanha. “Apenas o bombardeiro na forma de “asa delta” (o Ho 18) proposto pelos Irmãos Horten era suficientemente avançado para atender às exigências de uma jornada tão longa”, diz Lesta. A inovação do projeto não era apenas no design, mas foi também o primeiro avião invisível aos radares americanos. “A superfície do bombardeiro teria uma camada de cola especial baseada em carbono, que seria indetectável para os radares americanos da época. Os Horten construiram a primeira aeronave invisível aos radares quase meio século antes dos americanos”. O projeto foi interrompido pelas forças aliadas. “Os americanos chegaram às fábricas e à oficina do Horten e transportaram o caça a jato para os EUA, onde seria estudado pela empresa aeronáutica Northrop”, explica Lesta.
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COTIDIANO
JOSE MARIA CASTILLEJO
Pai Do Pocoyo Vai À Falência
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omo o pai do Pocoyo, o artistocrata Jose Maria Castillejo, que é conde, marquês e, amigo pes-soal do rei de Espanha, perdeu a fortuna, a mulher e o prestígio? Castillejo geriu milhões até 2016 e depois chegou a miséria. Perdeu a empresa, a mulher separou-se e ficou na rua. No en-tanto, esse homem não desiste e aponta as causas de sua derrocada: A traição de um sócio mexi-cano e a corrupção na justiça. Castillejo é um homem da nobreza espanhola e chegou a ser um empresário de grande sucesso. Atingiu o auge a partir de 2006 quando a sua produtora audiovisual, a Zinkia, criou um verdadei-ro sucesso midiático e econômico sobretudo com o boneco
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DA REDAÇÃO
de animação Pocoyo. Tudo parecia encaixar no perfil do empreendedor de sucesso. Mas este mundo acabou por ruir desde a “trai-ção” de um sócio à alegada corrupção na justiça, diversos fatores contribuíram para chegasse a uma situação quase de miséria. Pelo meio desse tortuoso caminho o divórcio da mulher, Ana Maria de Gusmán, filha dos duques de Ahamada, o fragilizou mais. Resistiu graças à caridade dos seus irmãos, mas não desiste e abriu uma firma de advogados com o único propósito de lutar contra a corrupção. Na aristocracia era bem conhecido. O seu casamento realizou-se em julho de 1997 e dele resulta-ram seis filhos. A celebração da boda contou com a presença da-
quele que é hoje rei de Espanha, Felipe, que foi colega do noivo na escola Santa María de los Rosales. O casal passou a residir numa casa em Aravaca e passava os verões em Maiorca, onde chegava no seu avião particular. Segundo a imprensa espanhola o refúgio na ilha era uma impressionante vivenda à beira-mar, em Cala D’or, com 3 mil m² de terreno. O seu iate de 18 metros também ficava atracado junto à propriedade. O império acabou por se desmoronar. Jose Maria Castillejo perdeu tudo: dinheiro, mulher, pres-tígio, relações sociais e até mesmo sua própria empresa, Zinkia, da qual foi demitido como presi-dente. Um furacão que o aristocrata atriFOTOS DIVULGAÇÃO
empresa de venda de telemóveis que vendeu por uma soma milionária a uma multinacional. Depois chegou o audiovisual e o verdadeiro boom das duas finanças com a Zinkia. Em 2009 a Zinkia estava cotada na bolsa e valia 40 milhões de euros. A crise financeira atingiu em cheio a empresa e Castillejo teve que pedir um empréstimo de 16 milhões à Caja Madrid e aceitar como sócio o mexicano Miguel Valladares, dono de uma holding de comunica-ção. “Enganou-me. O seu objetivo era levar a Zinkia. Comprou a dívida ao banco por menos de três milhões de euros, e logo veio reclamar-me os 16 milhões”, diz o nobre que foi forçado a recorrer ao tribunal para resolver os problemas com os acionistas e os credores. “Foi a minha ruína, já que a juíza manteve uma relação sentimental com o promotor da parte contrária, Vallada-res, o que descobri colocando um detetive. Tenho as fotos. Todas as minhas tentativas de denunciar essa irregularidade perante o poder judiciário foram arquivadas. Os documentos estão no meu site, qualquer um pode verificar.” Em 2016 chegou ao fim o reinado na Zinkia, com a sua renúncia como presidente. “Perdi o controle de tudo, e fiquei na mais absoluta ruína”. Este momento coincidiu com o desmoronamento da sua família, quando a sua mulher pediu o divórcio.
“Entendo a decisão, não estava preparada para algo tão difícil. Até recebemos ameaças de morte, e ela certamente pensou, como muitas pessoas, que o culpado era eu. Mas o nosso relacionamento é bom, vejo os meus filhos em nossa casa em Aravaca, onde moram com a mãe e até quando ela viaja, posso ficar lá”, contou Castillejo. Diz que não está disposto a atirar a toalha ao chão e é por isso que acaba de fundar um escritó-rio de advocacia, Dédalo, com dois advogados de Almería para lutar contra a corrupção da ad-ministração e da justiça em particular. “Percebi que muitas pessoas neste país perderam tudo por causa da corrupção, como aconteceu comigo. Respeito muito os juízes, a maioria deles é honesta e o seu trabalho é impecável, mas há uma parte, que infelizmente atinge altas instâncias de poder, que age fora da lei com total impunidade”, diz o aristocrata, que não está convencido de ser o Robin dos Bosques. “Sinto mais que sou como David lutando contra Golias.”
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bui à traição de seu sócio, o milionário mexicano Miguel Valladares, e a um complexo esquema de corrupção judicial e financeira que o deixou a viver na rua e com uma dívida de 20 milhões de euros. “O que eu senti? Ninguém está pronto para isso, mas não desisti. Tenho forças para pensar nos meus seis filhos”, relatou. Hoje, o conde de Floridablanca, que sobrevive graças à ajuda de seus irmãos - “dos poucos que nunca me falharam” -, reside numa pequena habitação em Vallecas. Os seus irmãos pagam a renda de 800 euros por mês e ainda lhe entregam mais algum dinheiro para que possa comer. A situação não o faz perder a racionalidade nem o leva a vitimizar-se. Sobrevive até com humor: “Tenho um amigo que dorme num banco em El Retiro porque também perdeu tudo por causa da corrupção e diz: ‘José María, Deus é mesmo um brincalhão, nós temos que saber rir com ele’.” Na sua vida teve momentos duros. Perdeu a mãe quando tinha seis anos. Três anos depois mor-reu o pai. Ele e os irmãos foram viver com os avós. Na juventude chegou a frequentar um semi-nário mas desistiu. “Dei conta que o sacerdócio não era para mim mas permitiu licenciar-me em Filosofia e Humanidades.” O percurso acabou por ser outro. Depois de trabalhar num banco, lançou-se nos negócios. Teve uma
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MAIOS DE NOSSA HISTÓRIA DIA 01
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»»1500. Pêro Vaz de Cami- »»1937.
nha, remete ao rei de Portugal, D.Manuel, uma carta em que anuncia a descoberta do Brasil e descreve a população, a fauna e a flora da região.
»»1994. Morte de Ayrton Senna, piloto brasileiro de Fórmula 1, em resultado de acidente no Grande Prémio de Imola. DIA 03 »»1945. O governo português decreta três dias de «luto oficial» pela morte de Hitler, que se suicidara no dia 1 de maio anterior. DIA 04 »»1494. Cristóvão Colombo, durante a sua segunda viagem de exploração ao Novo Mundo, descobre a Jamaica. DIA 05 »»1818. Karl Marx (18181883) nasce em Treves, na Alemanha. Foi autor do Capital e do Manifesto do Partido Comunista. »»1865. Nasce Cândido Mariano da Silva Rondon – o Marechal Rondon.
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O dirigível alemão Hindenburg incendeia-se ao chegar a Nova Jersey, nos Estados Unidos, após uma viagem transatlântica. Morreram 36 dos 97 passageiros. O desastre teve como consequência o fim da utilização comercial dos dirigíveis
DIA 13 »»1981. O papa João Paulo II é ferido com dois tiros na praça de S. Pedro em Roma DIA 15 »»1867. Data em que se comemora a fundação da cidade de Várzea Grande/MT. DIA 17 »»1882. Nasce Igor Stravinsky, em São Petersburgo, na Rússia.
DIA 08 »»1758. Alvará declarando livres todos os Índios do Brasil. DIA 09 »»1748. Data de criação da Capitania de Mato Grosso. DIA 10 »»1994. Nelson Mandela é empossado como Presidente da África do Sul
DIA 18 »»1804. Napoleão Bonaparte é nomeado Imperador hereditário da República Francesa. A cerimónia de Coroação será realizada em 2 de dezembro seguinte. DIA 20 »»1506. Morre Cristóvão Colombo, em Valladolid, esquecido e abandonado.
DIA 11 »»1995. Prorrogação do Tratado de Não-Proliferação Nuclear assinado em 1970 por 178 países
O PERSONAGEM
cretas» existentes em Portugal são ilegalizadas, sendo a principal a Maçonaria.
OS QUINHENTOS ANOS DA MORTE DE LEONARDO DI SER PIERO DA VINCI »»02/05/1519. Leonardo da Vinci, foi um polímata italiano que se destacou como cientista, matemático, engenheiro, inventor, anatomista, pintor, escultor, arquiteto, botânico, poeta e músico. Da Vinci nasceu em 15 de abril de 1452, na pequena aldeia de Vinci, perto de Florença, na Itália e morreu em 2 de maio de 1519, na cidade de Clos Lucé, Amboise, na França. “Mona Lisa” foi uma das obras que o notabilizou como um dos maiores nomes da Renascença. Em 1466, muda-se com a família para Florença. Com 16 anos torna-se aprendiz do pintor e escultor Andrea del Verrocchio, onde trabalhava Boticelli, entre outros pintores, protegidos do governador Lourenço de Medici.
DIA 25 »»1773. A distinção entre cristãos-novos e cristãos-velhos é abolida por meio de uma Carta de Lei DIA 26
»»1940. O exército britâni-
co começa a ser evacuado de Dunquerque, cercada pelo exército alemão DIA 28 »»1357. Com a idade de 66 anos, morre em Lisboa D. Afonso IV, que governou Portugal durante 32 anos. DIA 29 »»1453. Constantinopla é conquistada pelos Turcos, que lhe dão o nome de Istambul. É o fim do Império Bizantino. Marca, na cronologia histórica, a passagem da Idade Média para a Idade Moderna
DIA 30 »»1834. Ocorre a Rusga de Mato Grosso, em Cuiabá, uma rebelião com dezenas de mortos contra o mando e rigor de portugueses no comando político, social e econômico cuiabano. FOTOS DIVULGAÇÃO
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DIA 21
»»1935. As «sociedades se-
O ACONTECIMENTO NOVENTA ANOS DO SURGIMENTO DO OSCAR - ACADEMIA DE ARTE E CINEMA »»16-05-1929. No dia 16 de maio de 1929, a Academia de Arte Cinematográfica e Ciências, concede num hotel em Hollywood, pela primeira vez, prêmios aos melhores filmes. O Prêmio foi criado a 11 de maio de 1927, num banquete da recém-criada Academy of Motion Pictures Arts and Sciences. A ideia de agraciar os destaques do cinema com um prêmio foi de Louis Mayer, presidente dos estúdios Metro-Goldwyn-Mayer. A estatueta, mais tarde batizada de Oscar, foi criada por Cedric Gibbons, diretor de arte da MGM. Ela representa um cavaleiro com uma espada, de pé sobre um rolo de filme. As cinco divisões do rolo simbolizavam as cinco categorias em que o prêmio era distribuído: atores, diretores, produtores, técnicos e roteiristas.
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ARTES PLÁSTICAS
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WILLIAN GAMA ร Curador de Arte, Produtor Cultural, Galerista e Membro do Conselho Curador do Museu de Arte e de Cultura Popular da Universidade Federal de Mato Grosso (MACP-UFMT).
Cuiabรก Abissal Todos Os Muros Da Cidade POR WILLIAN GAMA
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ARTES PLÁSTICAS
A
mostra traz em seu título a ideia da pesquisa real em busca do retrato de todos os muros grafitados por Babu78. Sempre em destaque por sua obra, o grafiteiro está “exposto” em toda parte da cidade. Da periferia ao centro é o artista mais visto pelos espectadores. Às vezes percebido apenas pelos mais atentos, mas, presente! A mostra individual tem um Babu78 mais maduro, sensível e atento, resgatando com fotografias, pinturas e desenhos sua própria obra que vem sendo desenvolvida ao longo dos últimos dezenove anos. Sobre o artista vale ressaltar que ele carrega consigo sua obra de protesto que, consciente e politizada, reflexiona a realidade cotidiana de uma sociedade aquém do centro. Denúncias postas em muros, telas, papéis ou qualquer super-
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fície que possa sustentar o grito de apelo de quem vive à periferia da sorte e de seus direitos. O grafite produzido por Babu78 situa, questiona e abre diálogo com a comunidade por meio de seu trabalho cujo fundo é muito distante da superfície. O tema, nem sempre explícito, requer, do observador, atenção não só para a figuração posta, mas para o assunto que pede socorro. Os recém-completados 300 anos de Cuiabá foi o mote utilizado para unir as ideias em duas exposições (“Cuiabá: Cidade Palatável” & Cuiabá Abissal – Todos os Muros da Cidade). Vale lembrar que muito antes do grafite de rua ser reconhecido como arte, no poema O Dia da Cidade (1948), Wlademir escreveu: “O muro é tela para todo poema”. Isto serve para a literatura tanto quanto para a pintura, ninguém mais
lumeMatoGrosso que os grafiteiros vivem essa verdade tão bem expressada no poema de Wlademir. É no muro que o grafite encontra a sua maior plataforma de exaltação, é o muro que faz do grafite a arte mais acessível de todas e esse mesmo muro é capaz de conscientizar o ser e estar em sociedade. No poema Campus de Universidade (1971) o poeta Silva Freire escreve em um de seus versos: “/ o campus agride o sorriso medíocre/” e essa ideia vem acrescentar um diferencial nesta exposição, pois o grafite também agride, todos os dias, um sorriso medíocre. O Museu de Arte e de Cultura Popular da Universidade Federal de Mato Grosso (MACP-UFMT), também responsável pelo surgimento de um Babu78, se utiliza da sua sempre função somadora e propõe ao espectador a inédita junção de três artistas e
suas gerações. Nesse momento o espaço expositivo do museu se divide e se une em dois: apresenta a individual Cuiabá Abissal – Todos os Muros da Cidade do grafiteiro Babu78 e a exposição “CUIABÁ: CIDADE PALATÁVEL” com obras de Wlademir Dias-Pino e Silva Freire. Assim o Museu expõe toda a urbanidade contemporânea presente na obra de cada um dos três. As exposições estão em cartaz no (MACP-UFMT) até o dia 14 de junho. CURADORIA:
»»A curadoria da mostra Cidade Abissal,
de Babu78 é de Amanda e Willian Gama. Por outro lado, a curadoria da mostra Cuiabá: Cidade Palatável, de Wlademir Dias-Pino e Silva Freire, é de Larissa Silva Freire e Regina Pouchain.
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ARTES PLÁSTICAS
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lumeMatoGrosso SERVIÇO:
»»Exposições: Cuiabá Cidade Palatável, dos poetas intensivistas Wlademir Dias-Pino e
Silva Freire e Cuiabá Abissal – Todos os Muros da Cidade, individual do grafiteiro Babu 78. »»Data: De segunda a sexta, de 22 de abril a 14 de junho de 2019. »»Local: Museu de Arte e Cultura Popular – UFMT »»Horário: 07h30 às 17h30 »»Entrada: Gratuita
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T R ATA D O S
Tratados de Limites Territoriais
Alguns tratados internacionais e acordos diplomáticos que deram a Mato Grosso e ao Brasil o seu contorno atual DA REDAÇÃO
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primeiro Tratados territorial de interesse do Brasil foi o Tratado de Tordesilhas. A Descoberta das Américas em 1500, gerou uma guerra diplomática entre Portugal e Espanha. Através do Tratado de Tordesilhas ficou acertado que Portugal ficaria com todas as terras a leste dessa linha. A principal terra na América pertencente a eles, passou a ser chamada de Brasil. O território brasileiro aumentaria de tamanho com a concretização de outros acordos assinados pelos diplomatas luso-brasileiros. Em 1580, a União Ibérica fez com que portugueses e espanhóis se tornassem súditos do mesmo rei. A união do reino português ao reino espanhol fez com que os co-
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lonos portugueses da América desrespeitassem o limite da Linha de Tordesilhas. Os séculos se passavam e os luso-brasileiros continuaram a ultrapassar a linha imaginaria de Tordesilhas, ocupando territórios pertencentes a Espanha. O Bandeirismo e as Missões Jesuíticas foram nas direções Norte, Sul e Leste. Por onde passavam eles formaram povoados. O território ocupado pelos brasileiros gerou uma serie de atritos com os espanhóis que passaram a hostilizá-los. A decisão de quem pertencia a terra passou a ser discutida por diplomatas ibéricos. O território do Brasil atual foi consolidado a partir da concretização de tais acordos diplomáticos, são eles:
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T R ATA D O S
DIPLOMATAS QUE ASSINARAM O TRATADO DE PETRÓPOLIS
TRATADO DE UTRECHT - 1715 entre França e Portugal. Pelo Tratado de Utrecht ficou reconhecido a soberania de Portugal sobre as terras localizadas a margem esquerda do Rio Amazonas. A França ficou reconhecido o direito sobre as terras próximas ao Rio Oiapoque, hoje Guiana Francesa.
»»Firmado
TRATADO DE MADRID - 1750 »»Baseado no princípio romano de Uti Possidetis (direito de posse), a Espanha reconheceu o domínio de Portugal sobre as terras ocupadas pelos luso-brasileiros. O Tratado de Madri firmou o compromisso do Brasil de entregar a Colônia de Sacramento a Espanha e em troca receberia os Sete Povos das Missões, região oeste do Rio Grande do Sul. O Tratado de Madri foi intermediado pelo diplomata Alexandre de Gusmão. TRATADO DE EL PARDO - 1761 »»Tratado criado em substituição ao Tratado de Madri.
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O Tratado de El Pardo anulou todas as decisões tomadas no Tratado de Madri. Devido as investidas de colonos espanhóis sobre as áreas luso-espanholas no Sul do Brasil, Portugal iniciou uma campanha militar que culminaria novamente com a ocupação da Colônia de Sacramento. TRATADO DE SANTO IDELFONSO - 1777 »»Tratado que tinha o objetivo de pôr fim a disputa entre portugueses e espanhóis pela Colônia de Sacramento. Pelo Tratado de Santo Idelfonso, a então Rainha de Portugal, Dona Maria, reconheceu a soberania da Espanha sobre a Colônia de Sacramento. TRATADO DE BADAJÓS -1801 »»Portugal e Espanha estavam em guerra na Europa. Como forma de retaliação a Espanha, a Coroa Portuguesa ordenou aos lusobrasileiros a investida sobre os territórios espanhóis na América. Foi aÍ que os portugueses invadiram e con-
quistaram novamente a Colônia de Sacramento. Em 1801 portugueses e espanhóis assinaram o Tratado de Badajoz, acarretando a paz entre os dois países. Pelo referido tratado, ficou acertado que os portugueses abandonariam a Colônia de Sacramento. Para Portugal restaria aceitar a posse sobre os Sete Povos das Missões, dando o contorno definitivo ao atual Estado do Rio Grande do Sul. TRATADO DE PETRÓPOLIS - 1903 »»O Barão do Rio Branco foi o mediador do último e mais importante dos Tratados Territoriais do Brasil, o Tratado de Petrópolis. O Tratado de Petrópolis foi um tratado de paz entre Brasil e Bolívia. Através deste tratado a Bolívia entregou a região do Acre ao Brasil mediante ao pagamento de uma indenização em dinheiro. O Governo brasileiro também se comprometeu em construir a estrada de Ferro Madeira-Mamoré que escoaria os produtos bolivianos ao Oceano Atlântico. FOTOS DIVULGAÇÃO
lumeMatoGrosso O MARCO DO JAURU, INSTALADO NA PRAÇA PRINCIPAL DE CÁCERES
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MÚSICA
Cia Sinfônica Há 27 anos na estrada do planeta música DA REDAÇÃO
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ascida há 27 anos em Cuiabá, a Cia Sinfônica tornouse referência no Estado quando se trata de música de qualidade para eventos, cerimônias, concertos privados e corporativos. Mas, na verdade, vai muito além de Mato Grosso. De sua condição de companhia musical cuiabana de nascença, expandiu-se para além-fronteiras: a partir da capital, alcançou com sua atuação todas as partes do território mato-grossense, assim como cidades em outros estados do Brasil e até
de alguns outros países. E, como resultado disso, a sua agenda hoje é bastante concorrida e se completa com bastante antecedência, o que advém do reconhecimento público a um trabalho que mescla o talento musical com a competência empresarial. Criada pelos irmãos Eduardo, Fabrício, Priscila e Álvaro Carvalho, a Cia Sinfônica vem ampliando constantemente o seu portfólio, apoiando-se em um staff variado e exclusivo de músicos de alto nível, incluindo integrantes de orquestras sinfônicas e co-
rais, tendo formação erudita e popular. Nesse mesmo sentido, o repertório da companhia é composto por variados estilos musicais, com a devida adequação a cada tipo de evento, do erudito ao popular, músicas evangélicas, católicas, temas de filmes, jazz, temas infantis etc. Por falar em portfólio, na home page da Cia Sinfônica saltam aos olhos números que impressionam: 27 anos de mercado, com estrutura física de 1.500 m², mais de 10 mil eventos realizados. Com isso, já se fez presente, também, em
lumeMatoGrosso nove eventos internacionais. O trabalho envolve, ao todo, mais de 100 músicos e técnicos de forma direta ou indireta. A média de eventos semanais realizados hoje está na casa dos oito (mais de um por dia, portanto). E a empresa atualmente ainda está iniciando um processo de abertura de franquias em outras cidades, a primeira das quais Sinop (localizada a 500 km de Cuiabá). O forte dos eventos atendidos, sem dúvida nenhuma, são os casamentos – inclusive internacionais como
em Miami, Paris ou Osaka (Japão), mas a Cia Sinfônica também está presente em aniversários, festas de debutantes, celebração de bodas, formaturas, eventos corporativos de empresas e instituições, etc. Colocam à disposição dos clientes toda uma estrutura para eventos que envolve palco, som, luz, telas e lustres. “Hoje, somos capazes de entregar ao cliente qualquer coisa que ele deseje, desde instrumentos até uma Orquestra”, sintetiza Fabrício. Literalmente, o pessoal não brinca em serviço, em-
bora trabalhar com música sempre tenha em si um forte componente lúdico. E quase nunca sobra sequer um fim de semana livre em sua concorrida agenda, tanto que o Maestro Fabrício Carvalho até brinca: “Em finais de semana, quando a maioria das pessoas descansa ou se dedica a atividades de lazer, a gente trabalha. E trabalha pra valer. Nesses nossos de 25 anos de história, a gente não costuma ter final de semana, porque está sempre trabalhando. E que bom que seja e continue assim!”.
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MÚSICA
AS ORIGENS Os quatro irmãos configuram o cerne da companhia desde que ela foi fundada em 1992, e todos são naturalmente muito afinados com as artes musicais num trabalho em família – isso é coisa já sabida. O que talvez muitos não saibam é que esse talento tem berço. Ou melhor, vem de berço, pois que seus pais, ele engenheiro, ela professora, também sempre tiveram um especial apreço pelas coisas da cultura. Com relação à música especificamente, a ligação maior vem pelas mãos do pai, pois ele inclusive tinha em casa vários instrumentos como violão, pandeiro, cavaquinho, bandolim,
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flauta, recoreco (ou ganzá); enquanto isso, a mãe dedicou bom tempo de sua vida ao charmoso hobby de trabalhar com recuperação de obras de arte de gesso e de madeira. Dos quatro, apenas Álvaro é cuiabano de nascimento; Eduardo, Fabrício e Priscila, os filhos mais velhos, vieram com os pais para Cuiabá no ano de 1984. Na década de 1980 – conforme se sabe –, Mato Grosso vivia ainda o auge movimento migratório iniciado mais fortemente na década anterior, que trouxera levas e mais levas de colonos do Sul e do Sudeste do país para Mato Grosso. Nesse tempo, efetivamente, o território mato-grossense estava co-
meçando a explodir no cenário nacional de produção. Eduardo e Fabrício, que já estudavam música em São Paulo, logo depois que chegaram a Cuiabá, seguiram com os estudos na Escola Preparatória de Instrumentistas da Orquestra Sinfônica da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Tempos depois, Fabrício entrou para o Conservatório Brasileiro de Música, no Rio de Janeiro, até chegar à condição de maestro, cargo que ocupa na Orquestra Sinfônica da Universidade Federal de Mato Grosso até hoje. Fabrício conta que o começo de tudo veio quando começaram a surgir convites – ainda esparsos naqueFOTOS DIVULGAÇÃO
vieram se juntar aos outros dois, formando o atual quarteto que comanda os empreendimentos da Cia Sinfônica. E, além de ajudar na parte empresarial, também trabalham nos eventos como músicos. Para não negar o sangue, como é óbvio. AGORA, O MUNDO Depois de fazer bem-feito o trabalho de “santo de casa” ao ocupar com sucesso, e renovada demanda, o mercado mato-grossense e nacional, tendo se apresentado em quase todos os estados brasileiros, chegou a hora, inevitável, em que a Cia Sinfônica foi solicitada para alcançar outras paragens com a sua atuação. Era chegada a hora, enfim, de abraçar a chance de adentrar o mercado internacional. Os nove eventos já realizados no exterior são prova dessa nova realidade. Tanto que analistas de mercado já tenham até dado a dica que
a sede da Cia Sinfônica seja transferida para um grande centro (São Paulo, por exemplo), pois, para usar uma imagem simbólica, hoje eles “são um tubarão nadando em uma piscina”. Entretanto, pelo menos por enquanto, isso está totalmente fora de cogitação, a opção nem chega a ser considerada: “Costumo dizer sempre que a vocação de Mato Grosso é exportar talento. Ao longo de nossa história, temos exportado cases e mais cases de sucesso. Nós somos apenas mais um nessa corrente virtuosa e não desejamos romper o elo. Por nossa trajetória, é bem provável que em muito pouco tempo seremos solicitados para apresentações em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Belo Horizonte ou Porto Alegre, mas não é intenção da empresa mudar para lá, mas sim continuar representando Mato Grosso e tudo que o Estado ele pode acrescer ao Brasil”.
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le tempo – vindos especialmente de noivas, para tocar em casamentos. “Éramos jovens talentos, iniciando praticamente nossa atuação profissional em termos de mercado, e Cuiabá não contava ainda com esse tipo de oferta de produção. Então, começamos a fazer até por brincadeira, por hobby mesmo, embarcamos naquela onda de ir atendendo aos amigos. Mas não demorou e logo constatamos que havia um campo aberto, um mercado promissor para isso”. E, então, foram adentrando, se inserindo nesse mercado, chegando a tocar com figurões da cena musical mato-grossense, a exemplo de mestre China e Arlete, Habel dy Anjos, entre outros, que já tinham expertise no trabalho de eventos, em especial os casamentos – que, conforme se sabe, eram e continuam sendo o suprassumo desse mercado. Os mais novos, Priscila e Álvaro, com o tempo
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MĂšSICA
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lumeMatoGrosso Agora, “ganhar o Brasil e o mundo” a partir de sua sede em Cuiabá interessa, sim. E muito. A propósito, Fabrício conta que só para este ano já estão confirmadas quatro viagens para eventos no exterior; todos na Europa (dois na Itália, um em Portugal e um na França). “Isso nos coloca numa condição de destaque nacional em função da qualidade que a gente estabeleceu no mercado e principalmente por nossa projeção na internet. Hoje, no Instagram, são mais de 100 mil seguidores verdadeiros, o que faz com que nós sejamos um case de sucesso não só na área de prestação de serviços para música como na comunicação com o mundo virtual”. De fato, grande parte dos seus clientes, mundo afora, os conhece pela internet. “Em nos-
so canal do Youtube, temos um vídeo com mais de 6 milhões de visualizações, para você ter uma ideia do alcance dessa ferramenta de comunicação”, completa ele. Os números ajudam a explicar a potencialização do sucesso da companhia, afinal, eles conseguiram estabelecer esse canal de comunicação com os meios modernos, demonstrando a pluralidade da empresa e como ela consegue tratar esses assuntos e se colocar no mercado de maneira indireta, já que o que fazem é prestação de serviço, e, em prestação de serviço, geralmente as pessoas querem ver pessoalmente a sua execução. Tudo muito profissional, por um lado. Por outro, não perde seu quê de empresa familiar que começou pe-
quena, com o estímulo de pai e mãe. “A minha casa sempre teve um ambiente muito propício, muito favorável ao acesso à cultura, os meus pais, embora não fossem musicistas, sempre foram muito entusiastas da cultura, e desde sempre o aspecto cultural foi muito dinâmico na minha casa, quer seja por cinema, por leitura e muito, muito, por música”, afirma o maestro. E isso – essa mescla do tradicional e do moderno, do familiar com o empreendedorismo profissional, faz a diferença. Os bons tempos que se prenunciam para a Cia Sinfônica ganhando cada vez mais o Brasil e o mundo a partir de Mato Grosso haverão de confirmar o acerto dessa receita. Que venha, pois, o futuro, neste terceiro milênio.
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R E T R ATO E M PRETO E BRANCO
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José Villanova Torres
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DA REDAÇÃO
asceu em Cuiabá, MT, aos 24 de dezembro de 1914, e faleceu na mesma cidade, aos 30 de abril de 1999. Descendeu de Francisco Eduardo Rangel Torres (pai) e de Theresa Villanova Torres (mãe). Casou-se em Cáceres com Juno Motta Torres, com quem teve cinco filhos, todos os filhos nasceram em Cáceres. Diplomou-se agrimensor pelo Colégio Militar, no Rio de Janeiro. Foi cadete da Escola Militar. Diplomou-se contabilista pelo Instituto Universal Brasileiro. Diplomou-se advogado pela Faculdade de Direito de Cuiabá, MT. Exerceu as três profissões. CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E DE COMPORTAMENTO: De estatura mediana e corpo magro; usava bigode estilo lápis e possuía nariz romano; o cabelo era preto e liso e penteado para trás, os olhos eram castanhos e o rosto triangular invertido. Sua forma de se apresentar em público e em falas distintas era de porte aristocrático e altivo. Com olhar firme e determinante.
DADOS POLÍTICOS E PROFISSIONAIS: José Villanova Torres foi prefeito de Cuiabá de 1971 a 1974, no Governo José Fragelli. Foi também vice-governador de Mato Grosso no período de 15/03/79 a 14/03/83, assumindo algumas vezes o governo do Estado na ausência do então governador Frederico Campos. Entre os anos de 1952-1955 foi Diretor do Departamento de Terras e Colonização do Estado de Mato Grosso e também ocupou o
cargo de Presidente da Comissão de Limites dos Municípios de Mato Grosso e também membro do Conselho Estadual do IBGE. Posteriormente retornou às suas atividades de Agrimensor. Nos anos de 19641970, foi Secretário Geral da ARENA, cargo que ocupou novamente em 1978. Escreveu diversos trabalhos sobre suas atividades industriais e, também, sobre geopolítica de Mato Grosso, com especial atenção à Amazônia Legal. CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DE CUIABÁ À ÉPOCA DE SEU MANDATO: No período em que era prefeito Villanova Torres enfrentou uma das maiores enchentes do Rio Cuiabá, que deixou mais de 24 mil desabrigados e famílias ilhadas. Esse evento funesto deixou milhares de cuiabanos assustados com a devastadora enchente que inundou bairros e alagou algumas das principais avenidas da capital. Esse fato deu-se no dia 18 de março de 1974, ocasião que o Rio Cuiabá atingiu 10,87 metros depois de fortes chuvas que desabaram sobre a capital mato-grossense. Conforme a Defesa Civil estadual, à época, mais de 24 mil pessoas ficaram desabrigadas após a água invadir casas e regiões. A força da água foi tão grande que inundou e fez desaparecer até alguns bairros ribeirinhos como Barcelos, Várzea Ana Poupino e o bairro Terceiro. A situação de calamidade pública não foi apenas em Cuiabá. O caos também atingiu Várzea Grande, região metropolitana, e outros seis municípios ribeirinhos abastecidos pelo Rio Cuiabá.
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A MLEI TR EI CR A N T UI DRAAD E
Americanidade A Busca Pelo Intercâmbio Cultural Entre Os Povos Da América Do Sul:
Carybé
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“Inspiração é Besteira” O pintor, gravador, desenhista, ilustrador, mosaicista, ceramista, entalhador e muralista Hector Julio Páride Bernabó, que passou à eternidade sob o apelido de Carybé, é o autor da frase acima. Seu talento nato permitia-lhe dizer qualquer frase ou coisa. É, reconhecidamente, um dos mais importantes artistas plásticos da América do Sul, com arte valorizada e divulgada em todo o mundo. POR JOÃO CARLOS VICENTE FERREIRA
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ascido na cidade de Lanús, na Argentina, em 1911 e naturalizado brasileiro, faleceu em Salvador, na Bahia, sua segunda terra natal, no ano de 1997.
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A MLEI TR EI CR A N T UI DRAAD E
TRIO DE OURO: JORGE AMADO, DORIVAL CAYMMI E CARYBÉ
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no qual vive na Bahia desenvolve profundas relações com a cultura e os artistas do Estado. As manifestações culturais locais – como candomblé, capoeira e baianas – marcam sua obra. É a cidade e seus ícones – torres de igrejas, orixás, peixes, mitos – que aparece retratada com força nos desenhos e nas telas de Carybé. Devoto da religiosidade afro-brasileira tem como título de Oba de Xangô. As cenas do Candomblé ocupam boa parte de sua produção. Durante os quase cinqüenta anos em que vive na Bahia desenvolve profunda relação com a cultura. Torna-se depois brasileiro naturalizado. O artista ilustra diversos livros (como “Macunaíma”, edição especial de 1957) e obras de Jorge Amado, Rubem Braga e Gabriel García Márquez, entre outros. Realiza também roteiros gráficos, direção artística, cenografia e figurinos para teatro e cinema. Dono de uma obra vasta, na qual se estimam cerca de 5000 trabalhos, entre pinturas, desenhos, esculturas e esboços, Carybé trabalhou com vários materiais. Também realiza esboços de cenas de filmes, como os mais de 1000 que fez para a primeira versão que fez de O Cangaceiro (1953) de Lima Barreto. Publica, em 1981, Iconografia dos Deuses Africanos no Candomblé da Bahia, pela Editora Raízes. Ilustra livros de Gabriel García Márquez (1928), Jorge Amado (1912 - 2001) e Pierre Verger (1902 - 1996), entre outros. No decorrer da vida fora muito pouco premiado – primeiro lugar em desenho numa Bienal de São Paulo e por duas vezes sala especial em outras bienais.
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Carybé, passa a infância na Itália, onde faz estudos primários em Gênova e Roma. Realiza seus estudos secundários no Rio de Janeiro, onde freqüenta a Escola Nacional de Belas Artes. Ainda no Rio de Janeiro, por volta de 1925, frequenta o ateliê de cerâmica de seu irmão mais velho, Arnaldo Bernabó. Entre 1941 e 1942, viaja por países da América do Sul. De volta à Argentina, traduz com Raul Brié, para o espanhol, o livro Macunaíma, de Mário de Andrade (1893 - 1945), em 1943. Nesse mesmo ano, realiza sua primeira individual na Galeria Nordiska Kompainiet, em Buenos Aires. Em 1944, vai a Salvador, e se interessa pela religiosidade e cultura locais. No Rio de Janeiro, auxilia na montagem do jornal Diário Carioca, em 1946. É chamado pelo jornalista Carlos Lacerda (1914 - 1977) para trabalhar no jornal Tribuna da Imprensa, entre 1949 e 1950. Muda-se para Salvador na década de 1950, onde se fixa. Com uma carta do escritor baiano Rubem Braga ao secretário de Educação da Bahia, Anísio Teixeira, em 1950, Carybé trabalha como desenhista em Salvador. No mesmo ano conhece o marchand Valdemar Szaniecki, que mais tarde coloca suas obras numa galeria de São Paulo ao lado da de artistas como Di Cavalcanti. Durante os anos de 1950, juntamente com outros artistas brasileiros baianos trabalha pela renovação das artes plásticas baianas, fazendo diversas viagens pelo interior do Brasil e pela América Latina, a fim de colher fontes de criações nos tipos, costumes e paisagens características. No período
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Ú LT I M A P Á G I N A
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