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Janete Manacá
Janete Manacá
(Janete Ferreira da Silva) é filha de pais afetuosos, pais camponeses. Lançou seus primeiros livros em 2018 aos 61 anos de idade, após se aposentar como servidora pública federal. Passou a infância num povoado rural ao norte do Paraná. Ama a vida, a natureza e todas as formas de arte. Bacharel em Serviço Social, Rádio e TV e Filosofia pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). É colaboradora do Parágrafo Cerrado e integrante do Coletivo Literário Maria Taquara, ligado ao Mulherio das Letras/MT. Autora dos livros Deusas aladas, A última valsa, Quando a vida renasce do caos, Sinfonias do entardecer, Extasiada de infinitos, Tecelã de Memórias, Valentina, a menina que brinca com o vento, Outono para além da janela, Gaia – a poética silenciosa do amor e A SABEDORIA DOS CAMINHOS – poesia em tempos de pandemia, além de participar do projeto social “Momento com Gaia”.
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FEMINICÍDIO
Maria também se foi Levando no coração Muitos sonhos inacabados Tinha na alma o desejo de liberdade
Sua história de amor acabou Como a ilusão dos contos de fada Era frágil e não se sustentou Por sorte ela tinha voz própria
Conversou, disse adeus e se foi Ser pássaro em outras moradas Com fé e esperança seguiu seu caminho Recomeçar sempre, agora com maturidade
Entre tantas escolhas prometeu se amar Na intensidade que seu ser merecia Assumiu o compromisso de ser feliz Sem traições, ilusões ou vaidades
Na inocência sequer imaginou Que no caminho havia emboscada Prenunciando o fim do início da sua jornada Sem direito a defesa, foi brutalmente assassinada
Numa fúria patriarcalista de insanidade Ele desferiu dezenas de facadas Seu corpo tombou sobre o chão ensanguentado Estampado no jornal que ele tomou rumo ignorado
A noite chegou fúnebre e agoniada Com chuva de lágrimas pela fatalidade Era mais uma vítima do feminicídio Que Nanã receba em amor o seu corpo destroçado
POESIAS AGUERRIDAS
Mulheres que se confundem Com a paisagem da caatinga Que trazem na própria face O mapa da terra ressequida
Mulheres que expõem as cicatrizes da miséria Vultos invisíveis das favelas Que regam a terra com suas lágrimas Onde a semente germina desnutrida
Mulheres expulsas do paraíso Deusas cruelmente excluídas Cuja gratidão é silenciosa oração Debilitadas vencem dias de provações
Mulheres que geram na dureza do sertão Estrelas cadentes por falta de opção Suas faces denunciam a indiferença Do poder que oprime com a força da ambição
Mulheres estrelas das noites de escuridão Trazem dentro de si a nobre constelação Por serem filhas do ventre da terra São poesias aguerridas a fecundar este chão