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Maria Clara Bertúlio

O ANTIRRACISMO GREGO

Quando me sinto um peixinho na xícara quem a mim o ódio evita?

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Quem, frente a minha dor, tiver postura solícita É porque sabe das mágoas que vivencia a cor, da posição política.

Do racismo “santo” de cada dia, da relativização que legitima e faz o racista bom, ser racista de academia. Que escuta e nega certas epistemologias...

Mas quer apropriação, sem discutir racialização, racismo estrutural e eugenia.

Acham até que falam melhor que os preto sobre eles mesmos, “tenta no outro ano...”, “você não tem chance”, “nossa, como cê tá “por dentro hein!” Mas na verdade tá é com medo!

Da legitimidade que temos para escrever e falar sobre assuntos que nos dizem respeito. E não têm o mínimo respeito, se o preto se sai melhor: silencia, manipula e, até a auto estima intelectual dele: destrua.

Mas sem levantar bandeira... Vai pesquisando sobre psicologia, filosofia e literatura negra Vai falar melhor que eles, “com certeza”.

Faz, mas não estimula as pretas, E o seu narcisismo branco Ah, isso fica p’ras calendas gregas!

Maria Clara Bertúlio

É artista multidisciplinar, graduada em Teatro pela UNEMAT e aluna regular do curso de Letras na UFMT, desenvolve pesquisa voltada para área da Literatura Negra e dedica-se a processos experimentais entre as linguagens do teatro, poesia e performance sob uma ótica afro-diaspórica.

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