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XXV
um ou dois mezes abriam-se em invectivas, arrogando-se uma participação de parisiense na riqueza da cidade, escandalisados por a insurreição não ter respeitado monumentos em que elles tinham posto os seus olhos. [663]
—Vejam vossês! exclamava um sujeito gordo. O palacio da Legião d’Honra destruido! Ainda não ha um mez que eu lá estive com minha mulher... Que infamia! Que patifaria!
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Mas espalhára-se que o ministerio recebera outro telegramma mais desolador: toda a linha do boulevard da Bastilha á Magdalena ardia, e ainda a praça da Concordia, e as avenidas dos Campos-Elyseos até ao Arco do Triumpho. E assim tinha a revolta arrazado, n’uma demencia, todo aquelle systema de restaurantes, cafés-concertos, bailes publicos, casas de jogo e ninhos de prostitutas! Então houve por todo o largo do Loreto até ao Magalhães um estremecimento de furor. Tinham pois as chammas aniquilado aquella centralisação tão commoda da patuscada! Oh que infamia! O mundo acabava! Onde se comeria melhor que em Paris? Onde se encontrariam mulheres mais experientes? Onde se tornaria a vêr aquelle desfilar prodigioso d’uma volta de Bois, nos dias asperos e seccos d’inverno, quando as victorias das cocottes resplandeciam ao pé dos phaetons dos agentes da Bolsa? Que abominação! Esqueciam-se as bibliothecas e os museus: mas a saudade era sincera pela destruição dos cafés e pelo incendio dos lupanares. Era o fim de Paris, era o fim da França!
N’um grupo ao pé da Casa Havaneza os questionadores politicavam: pronunciava-se o nome de Proudhon que, por esse tempo, se começava a citar vagamente em Lisboa como um monstro sanguinolento; e as invectivas rompiam contra Proudhon. A [664] maior parte imaginava que era elle que tinha incendiado. Mas o poeta estimado das Flôres e Ais acudiu dizendo «que, à parte as asneiras que Proudhon dizia, era ainda assim um estylista bastante ameno». Então o jogador França berrou:
—Qual estylo, qual cabaça! Se aqui o pilhasse no Chiado rachava-lhe os ossos!
E rachava. Depois do cognac o França era uma fera.
Alguns moços porém, a quem o elemento dramatico da catastrophe revolvia o instincto romantico, applaudiam a heroicidade da Communa—Vermorel abrindo os braços como o Crucificado, e sob as balas que o trespassavam gri-
tando: Viva a humanidade! O velho Delecluze, com um fanatismo de santo, dictando do seu leito d’agonia as violencias da resistencia...
—São grandes homens! exclamava um rapaz exaltado.
Em redor as pessoas graves rugiam. Outras afastavam-se pallidas, vendo já as suas casas na Baixa a escorrer de petroleo e a mesma Casa Havaneza presa de chammas socialistas. Então era em todos os grupos um furor d’auctoridade e repressão: era necessario que a sociedade, atacada pela Internacional, se refugiasse na força dos seus principios conservadores e religiosos, cercando-os bem de baionetas! Burguezes com tendas de capellistas fallavam da «canalha» com o desdem imponente d’um La Tremouille ou d’um Ossuna. Sujeitos, palitando os dentes, decretavam a vingança. Vadios pareciam furiosos «contra o operario [665] que quer viver como principe». Fallava-se com devoção na propriedade, no capital!
D’outro lado eram moços verbosos, localistas excitados que declamavam contra o velho mundo, a velha idéa, ameaçando-os d’alto, propondo-se a derruil-os em artigos tremendos.
E assim uma burguezia entorpecida esperava deter, com alguns policias, uma evolução social: e uma mocidade, envernizada de litteratura, decidia destruir n’um folhetim uma sociedade de dezoito seculos. Mas ninguem se mostrava mais exaltado que um guarda-livros de hotel, que do alto do degrau da Casa Havaneza brandia a bengala, aconselhando á França a restauração dos Bourbons.
Então um homem vestido de preto, que sahira do estanco e atravessava por entre os grupos, parou, sentindo uma voz espantada que exclamava ao lado:
—Ó padre Amaro! ó maganão!
Voltou-se: era o conego Dias. Abraçaram-se com vehemencia, e para conversarem mais tranquillamente foram andando até ao largo de Camões, e alli pararam, junto á estatua:
—Então vossê quando chegou, padre-mestre?
Tinha chegado na vespera. Trazia uma demanda com os Pimentas da Pojeira por causa d’uma servidão na quinta, tinha appellado para a Relação, e vinha seguir de perto a questão na capital.
—E vossê, Amaro? Na ultima carta dizia-me que tinha vontade de sahir de Santo Thyrso.
Era verdade. A parochia tinha vantagens; mas [666] vagára Villa-Franca, e elle, para estar mais perto da capital, viera fallar com o senhor conde de Ribamar, o seu conde, que lá andava obtendo a transferencia. Devia-lhe tudo, sobretudo á senhora condessa!
—E de Leiria? A S. Joanneira, vai melhor?
—Não, coitada... Vossê sabe, ao principio tivemos um susto dos diabos... Pensavamos que lhe ia succeder como á Amelia. Mas não, era hydropesia... E alli o que ha é anasarca...
—Coitada, santa senhora! E o Natario?
—Avelhado. Tem tido seus desgostos. Muita lingua.
—E diga lá, padre-mestre, o Libaninho?
—Eu escrevi-lhe a esse respeito, disse o conego rindo.
O padre Amaro riu tambem: e durante um momento os dois sacerdotes pararam, apertando as ilhargas.
—Pois é verdade, disse emfim o conego. A coisa tinha sido realmente escandalosa... Porque emfim, repare o amigo que o pilharam com o sargento, de tal modo que não havia a duvidar... E ás dez horas da noite, na alameda! Já é imprudencia... Mas emfim a coisa esqueceu, e quando o Mathias morreu, lá lhe demos o logar de sacristão, que é bem boa posta... Muito melhor que o que elle tinha no cartorio... E ha de cumprir com zelo!
—Ha de cumprir com zelo, concordou muito sério [667] o padre Amaro. E a proposito, a D. Maria da Assumpção?
—Homem, rosnam-se coisas... Criado novo... Um carpinteiro que morava defronte... O rapaz anda no trinque.
—Palavra?
—No trinque. Charuto, relogio, luva! Tem pilheria, hein?
—É divino!
—As Gansosos na mesma, continuou o conego. Têm agora a sua criada, a Escolastica.
—E da besta do João Eduardo?
—Eu mandei-lhe dizer, não? Lá está ainda nos Poyaes. O Morgado está mal do figado. E o João Eduardo diz que está tisico... que eu não sei, nunca mais o vi... Quem m’o disse foi o Ferrão.
—Como vai elle, o Ferrão?
—Bem. Sabe quem eu vi ha dias? A Dionysia.
—E então?
O conego disse uma palavra baixo ao ouvido do padre Amaro.
—Deveras, padre-mestre?
—Na rua das Sousas, a dois passos da sua antiga casa. O D. Luiz da Barrosa é que lhe deu o dinheiro para montar o estabelecimento. Pois aqui estão as novidades. E vossê está mais forte, homem! Fez-lhe bem a mudança...
E pondo-se diante, galhofando:
—Ó Amaro, e vossê a escrever-me que queria [668] retirar-se para a serra, ir para um convento, passar a vida em penitencia...
O padre Amaro encolheu os hombros:
—Que quer vossê, padre-mestre?... N’aquelles primeiros momentos... Olhe que me custou! Mas tudo passa...
—Tudo passa, disse o conego. E depois d’uma pausa:—Ah! Mas Leiria já não é Leiria!
Passearam então um momento em silencio, n’uma recordação que lhes vinha do passado, os quinos divertidos da S. Joanneira, as palestras ao chá, as passeatas ao Morenal, o Adeus e o Descrido cantados pelo Arthur Couceiro e acompanhados pela pobre Amelia, que agora lá dormia, no cemiterio dos Poyaes, sob as flôres silvestres...
—E que me diz vossê a estas coisas de França, Amaro? exclamou de repente o conego.
—Um horror, padre-mestre... O arcebispo, uma sucia de padres fuzilados!... Que brincadeira!
—Má brincadeira, rosnou o conego.
E o padre Amaro:
—E cá pelo nosso canto parece que começam tambem essas idéas...
O conego assim o ouvira. Então indignaram-se contra essa turba de maçons, de republicanos, de socialistas, gente que quer a destruição de tudo o que é respeitavel—o clero, a instrucção religiosa, a familia, o exercito e a riqueza... Ah! a sociedade estava ameaçada por monstros desencadeados! Eram [669] necessarias as antigas repressões, a masmorra e a forca. Sobretudo inspirar aos homens a fé e o respeito pelo sacerdote.
—Ahi ó que está o mal, disse Amaro, é que nos não respeitam! Não fazem senão desacreditar-nos... Destroem no povo a veneração pelo sacerdocio...
—Calumniam-nos infamamente, disse n’um tom profundo o conego.
Então junto d’elles passaram duas senhoras, uma já de cabellos brancos, o ar muito nobre; a outra, uma creaturinha delgada e pallida, d’olheiras batidas, os cotovêlos agudos collados a uma cinta d’esterilidade, pouff enorme no vestido, cuia forte, tacões de palmo.
—Caspitè! disse o conego baixo, tocando o cotovêlo do collega. Hein, seu padre Amaro?... Aquillo é que vossê queria confessar.
—Já lá vai o tempo, padre-mestre, disse o parocho rindo, já as não confesso senão casadas!
O conego abandonou-se um momento a uma grande hilaridade; mas retomou o seu ar ponderoso de padre obeso, vendo Amaro tirar profundamente o chapéo a um cavalheiro de bigode grisalho e oculos d’ouro, que entrava na praça, do lado do Loreto, com o charuto cravado nos dentes e o guardasol debaixo do braço.
Era o senhor conde de Ribamar. Adiantou-se com bonhomia para os dois sacerdotes; e Amaro, descoberto e perfilado, apresentou «o seu amigo, o senhor conego Dias, da Sé de Leiria». Conversaram um momento [670] da estação, que já ia quente. Depois o padre Amaro fallou dos ultimos telegrammas.
—Que diz vossa excellencia a estas coisas de França, senhor conde?
O estadista agitou as mãos, n’uma desolação que lhe assombreava a face:
—Nem me falle n’isso, senhor padre Amaro, nem me falle n’isso... Vêr meia duzia de bandidos destruir Paris... O meu Paris!... Creiam vossas senhorias que tenho estado doente.
Os dois sacerdotes, com uma expressão consternada, uniram-se á dôr do estadista.
E então o conego:
—E qual pensa vossa excellencia que será o resultado?
O senhor conde de Ribamar, com pausa, em palavras que sabiam devagar, sobrecarregadas do peso das idéas, disse:
—O resultado?... Não é difficil prevel-o. Quando se tem alguma experiencia da Historia e da Politica, o resultado de tudo isto vê-se distinctamente. Tão distinctamente como os vejo a vossas senhorias.
Os dois sacerdotes pendiam dos labios propheticos do homem de governo.
—Suffocada a insurreição—continuou o senhor conde olhando a direito diante de si com o dedo no ar, como seguindo, apontando os futuros historicos que a sua pupilla, ajudada pelos oculos d’ouro, penetrava—suffocada a insurreição, dentro de tres mezes temos de novo o imperio... Se vossas senhorias [671] tivessem visto como eu uma recepção nas Tulherias ou no Hotel de Ville, nos tempos do imperio, haviam de dizer, como eu, que a França é profundamente imperialista e só imperialista... Temos pois Napoleão III: ou talvez elle abdique, e a imperatriz tome a regencia na menoridade do principe imperial... Eu aconselharia antes, e já o fiz saber, que era esta talvez a solução mais prudente. Como consequencia immediata temos o Papa em Roma outra vez senhor do poder temporal... Eu, a fallar a verdade, e já o fiz saber, não approvo uma restauração papal. Mas eu não lhes estou aqui a dizer o que approvo, ou o que reprovo. Felizmente não sou o dono da Europa... Seria um encargo superior á minha idade e ás minhas enfermidades. Estou a dizer o que a minha experiencia da Politica e da Historia me aponta como certo... Dizia eu...? Ah! a imperatriz no throno de França, Pio Nono no throno de Roma, ahi temos a democracia esmagada entre estas duas forças sublimes, e creiam vossas senhorias um homem que conhece a sua Europa e os elementos de que se compõe a sociedade moderna, creiam que depois d’este exemplo da Communa não se torna a ouvir fallar de republica, nem de questão social, nem de povo, n’estes cem annos mais chegados!...
—Deus Nosso Senhor o ouça, senhor conde, fez com unção o conego.
Mas Amaro, radiante de se achar alli, n’uma praça [672] de Lisboa, em conversação intima com um estadista illustre, perguntou ainda, pondo nas palavras uma anciedade de conservador assustado:
—E crê vossa excellencia que essas idéas de republica, de materialismo, se possam espalhar entre nós?
O conde riu: e dizia, caminhando entre os dois padres, até quasi junto das grades que cercam a estatua de Luiz de Camões:
—Não lhes dê isso cuidado, meus senhores, não lhes dê isso cuidado! É possivel que haja ahi um ou dois esturrados que se queixem, digam tolices sobre a decadencia de Portugal, e que estamos n’um marasmo, e que vamos cahindo no embrutecimento, e que isto assim não póde durar dez annos. etc. etc. Babuseiras!...
Tinha-se encostado quasi ás grades da estatua, e tomando uma attitude de confiança:
—A verdade, meus senhores, é que os estrangeiros invejam-nos... E o que vou a dizer não é para lisonjear a vossas senhorias: mas emquanto n’este paiz houver sacerdotes respeitaveis como vossas senhorias, Portugal ha de manter com dignidade o seu logar na Europa! Porque a fé, meus senhores, é a base da ordem!
—Sem duvida, senhor conde, sem duvida, disseram com força os dois sacerdotes.
—Senão, vejam vossas senhorias isto! Que paz, que animação, que prosperidade!
E com um grande gesto mostrava-lhes o largo do [673] Loreto, que áquella hora, n’um fim de tarde serena concentrava a vida da cidade. Tipoias vazias rodavam devagar; pares de senhoras passavam, de cuia cheia e tacão alto, com os movimentos derreados, a pallidez chlorotica d’uma degeneração de raça; n’alguma magra pileca, ia trotando algum moço de nome historico, com a face ainda esverdeada da noitada de vinho; pelos bancos da praça gente estirava-se n’um torpôr de vadiagem; um carro de bois, aos solavancos sobre as suas altas rodas, era como o symbolo de agriculturas atrazadas de seculos; fadistas gingavam, de cigarro nos dentes; algum burguez enfastiado lia nos cartazes o annuncio d’operetas obsoletas; nas faces enfezadas de operarios havia como a personificação das industrias moribundas... E todo este mundo decrepito se movia lentamente, sob um céo lustroso de clima rico, entre garotos apregoando a loteria e a batota publica, e rapazitos de voz plangente offerecendo o Jornal das pequenas novidades: e iam, n’um vagar madraço, entre o largo onde se erguiam duas fachadas tristes de igreja, e o renque comprido das casarias da praça onde brilhavam tres taboletas de casas de penhores, negrejavam quatro entradas de taberna, e desembocavam, com um tom sujo d’esgoto aberto, as viellas de todo um bairro de prostituição e de crime.
—Vejam, ia dizendo o conde: vejam toda esta paz, esta prosperidade, este contentamento... Meus senhores, não admira realmente que sejamos a inveja da Europa! [674]
E o homem d’estado, os dois homens de religião, todos tres em linha, junto ás grades do monumento, gozavam de cabeça alta esta certeza gloriosa da grandeza do seu paiz,—alli ao pé d’aquelle pedestal, sob o frio olhar de bronze do velho poeta, erecto e nobre, com os seus largos hombros de cavalleiro forte, a epopeia sobre o coração, a espada firme, cercado dos chronistas e dos poetas heroicos da antiga patria—patria para sempre passada, memoria quasi perdida!
Outubro 1878—Outubro 1879.
495
nota
OCrime do Padre Amaro recebeu no Brazil e em Portugal alguma attenção da Critica, quando foi publicado ulteriormente um romance intitulado—O Primo Bazilio. E no Brazil e em Portugal escreveu-se (sem todavia se adduzir nenhuma prova effectiva) que O Crime do Padre Amaro era uma imitação do romance do snr. E. Zola— La Faute de l'Abbé Mouret; ou que este livro do auctor do Assomoir e de outros magistraes estudos sociaes suggerira a idéa, os personagens, a intenção do Crime do Padre Amaro. [VI]
Eu tenho algumas razões para crêr que isto não é correcto. O Crime do Padre Amaro foi escripto em 1871, lido a alguns amigos em 1872, e publicado em 1874. O livro do snr. Zola, La Faute de l'Abbé Mouret (que é o quinto volume da série Rougon Macquart), foi escripto e publicado em 1875.
Mas (ainda que isto pareça sobrenatural) eu considero esta razão apenas como subalterna e insufficiente. Eu podia, emfim, ter penetrado no cerebro, no pensamento do snr. Zola, e ter avistado, entre as fórmas ainda indecisas das suas creações futuras, a figura do abbade Mouret,—exactamente como o veneravel Anchises no valle dos Elyseos podia vêr, entre as sombras das raças vindouras fluctuando na nevoa luminosa do Lethes, aquelle que um dia devia ser Marcellus. Taes coisas são possiveis. Nem o homem prudente as deve considerar mais extraordinarias que o carro de fogo que arrebatou Elias aos céos—e outros prodigios provados.
O que, segundo penso, mostra melhor que a accusação carece de exactidão, é a simples comparação dos dois romances. La Faute de [VII]l'Abbé Mouret é, no seu episodio central, o quadro allegorico da iniciação do primeiro homem e da primeira mulher no amor. O abbade Mouret (Sergio), tendo sido atacado d'uma febre cerebral, trazida principalmente pela sua exaltação mystica no culto da Virgem, na solidão d'um valle abrazado da Provença (primeira parte do livro), é levado para convalescer ao Paradou, antigo parque do seculo XVII a que o abandono refez uma virgindade selvagem, e que é a representação allegorica do Paraiso. Ahi, tendo perdido na febre a consciencia de si mesmo a ponto de se esquecer do seu sacerdocio e da existencia da aldeia, e a consciencia do universo a ponto de ter medo do sol e das arvores do Paradou como de monstros estranhos—erra, durante mezes, pelas profundidades do bosque inculto, com Albina que é o genio, a Eva d'esse logar de legenda; Albina e Sergio, semi-nús como no Paraiso, procuram sem cessar, por um instincto que os impelle, uma