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Fotografia Autoral

O Kumihimo foi sua primeira opção? Antes eu ia fazer algo relacionado com livro, box de colecionador, edição especial… Ai eu larguei tudo para fazer o Kumihimo, eu falei: “Não, eu vou fazer esse negócio.”

Qual foi a maior dificuldade no TCC? Uma das maiores dificuldades foi o contexto histórico, porque não tem nada em português, eu achei pouca coisa. Tive que pesquisar em inglês e achei muita coisa em espanhol. O meu perrengue maior foi no TCC1 mesmo, de levar dados, fiquei horas procurando sobre o assunto e pesquisei muito sobre a história do kimono, porque muitos anos atrás era usado como adorno para segurar o kimono.

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No TCC2, fiquei muito frustrada, porque eu não conseguia achar um design que me agradasse e nem a minha orientadora. Ela dizia: ‘Você é capaz de fazer melhor’, e eu estava: ‘Não, vamos deixar assim, só quero acabar isso!’.

Eu agradeço demais a Fábia por pegar no meu pé, porque o resultado foi maravilhoso, fiquei encantada com o livro. Ficou lindo, fiz até uma gavetinha, que encaixa dentro do livro, com todos os materiais que você precisa para fazer o kumihimo [...] na hora que eu vi valeu a pena todo o perrengue, todo nervosismo, frustração, as noites dormindo às 4, 5 horas da manhã. Na época me impactou muito, mas valeu totalmente a pena.

Como foram as suas experiências durante o período de estágios? Eu comecei estagiando, no quinto semestre, numa empresa chamada Artmage, que faz quadros e espelhos, eu fazia muito trabalho repetido de preparar os quadros para impressão, catalogava e subia as imagens para o site. Era um trabalho bem repetitivo. Eu fiquei um pouco mais de um ano.

Depois eu tive a oportunidade pelo CIEE, de uma outra empresa de tecnologia, mas eu ia ganhar a mesma coisa, só que 4hr por dia. Eu fiquei responsável por desenvolver o site deles, e foi um desafio e tanto.

Quando entrei lá, eu imaginei que teria alguém para fazer a parte de html, mas estava erradíssima, tive que escrever todo o código do site. Sai dia 30 de Dezembro, depois de 8 meses mais ou menos, assim que terminei a minha faculdade, depois de entregar o site. Por ser uma empresa pequena, não ligavam para design da empresa, tirando o site.

Em seguida, eu já tinha feito uma entrevista na Docket, passei e comecei dia 6 de Janeiro. Então nem tive folga, todos esses anos de estágio, nunca peguei uma folga. E eu trabalho com as redes sociais da empresa, facebook e instagram.

Conte-nos sobre como você conseguiu esses estágios e como foram os processos seletivos. Para mim não foi difícil, sempre arrumei rapidinho emprego.

Eu nunca passei por processos seletivos muito longos, eles foram bem parecidos: eu enviei currículo, eles gostaram, então enviei algumas peças de design para eles verem o que eu sabia fazer.

Só no meu primeiro estágio que eu tive que fazer uma redação e um teste de lógica. Mas nunca foi um processo seletivo muito longo.

Meu primeiro estágio eu vi no grupo do facebook do Senac, o segundo o CIEE entrou

em contato comigo perguntando se eu estava interessada na vaga. Na Docket, eu vi num site de vagas.

No Senac, antes dos estágios nas empresas, você participou de algum projeto de extensão, iniciação científica do curso?

Eu comecei a participar de um projeto de extensão com a professora Fábia, para criar um livro interativo, mas estava começando meu estágio e tendo problemas para entregar as atividades. Acabei pedindo para sair do projeto, porque não estava dando. Porque extensão não é brincadeira. Sem falar que é bacana que você pode ter experiência com pessoas de outras áreas.

Como está sua recente vida pós-TCC? Trabalho, projetos... E a transição do presencial para o home office forçado na pandemia? Foi uma loucura total, foi difícil para se acostumar. Apesar do perrengue de pegar 500 ônibus, metrô e trem, para mim é complicado home office, porque não tem hora de parar pra mim. E na minha empresa tem ponto para bater online [...] e eu esqueço de bater o ponto,e eu levo várias broncas.

Nos meus estágios, eu era sempre encarregada de fazer mais coisas do que um estagiário deveria fazer.

Era para terem contratado um social media, mas por causa da Pandemia não conseguiram, e eu fiquei encarregada e tinha 0 experiência, então eu tive muita dificuldade de pegar essa coisa mais marqueteira. Eu tive que aprender na marra, vários cursinhos online. Só eu na empresa tinha alguma noção de mídia social e era muita “responsa”.

Há alguma área no design que você tem interesse em atuar? Eu sempre gostei muito dessa parte editorial e eu fico muito triste quando as pessoas falam que está morrendo. Gostaria muito de trabalhar em editoriais de revistas, livros. Mas eu nunca vi uma oportunidade de trabalho, já vi editora procurando só outros cargos...

Dica da formada: Procurem vagas em startups, o trabalho é pesadinho, tem bastante demanda, mas o olhar deles é favorável aos designers, eles valorizam, chama bastante a atenção para eles essa profissão.

E também, procurem fazer estágios em áreas diferentes, o que deixa o currículo mais completo, então para quem está fazendo estágio, procura coisas diferentes.

O que é o design para você? Para mim, design é projeto, é ter planejamento para as artes que você está fazendo. Estruturar muito o que você vai fazer, procurar referências para montar um design que seja coeso. É você ter contexto, embasamento para criar uma peça gráfica.

Querem mais? Confiram nosso podcast com a entrevista na íntegra, com os alunos Denis Alves e Isabella Chiam como mediadores. Linkedin.

Conversamos com o Vitor Manduchi, designer brasileiro que se formou no Senac em 2016. Entrando no curso “meio que sem querer”, já que não sabia muito bem o que era design. Hoje Vitor não se vê fazendo outra coisa. Atualmente, trabalha como designer sênior no estúdio Mucho, em Barcelona.

por Ana Clara Rizardi e Isabella Lima imagens de vitormanduchi.com

Conta pra gente como foi o seu período no curso de design do Senac? Na minha opinião, não tem escola melhor na vida do que o trabalho, mas eu não teria tido uma boa escola no trabalho se eu não tivesse uma base na faculdade, ou seja, um bom apoio dos professores, boas matérias. No Senac, eu achava ótima a forma como o semestre era dividido, em cada um você aprende algo específico e a estrutura é algo que, em muitas faculdades que meus amigos frequentavam, não se compara. O que eu passei de tempo na sala de serigrafia, eu

acho que foi mais do que em qualquer outra sala de aula. Então usei muito a estrutura do Senac e sou muito grato. Fiz um semestre de intercâmbio pela bolsa do Santander em Faro, no sul de Portugal. Como eu sou uma pessoa que não para muito tempo no mesmo lugar, foi muito bom. Eu já tinha morado fora antes, e essa viagem foi uma das chaves de eu estar aqui em Barcelona. Foi uma experiência que eu não teria em outro lugar e que me fez muito bem para eu estar aqui, hoje, nesse momento da minha vida, então tenho muito a agradecer.

Sabemos que uma de suas paixões é o ciclismo e este foi o tema do seu tcc. Conte para nós um pouco sobre ele. O último ano do Senac foi o ano que mais gostei por eu ter tido essa oportunidade de focar tanto em um projeto que eu queria, o briefing é você quem faz. Em um ano a gente pode mudar muito sobre o que a gente quer, o que você gosta, então tive muita sorte nesse sentido. O processo com o Jair foi muito bom, claro que é o aluno quem faz, mas eu e o Jair tínhamos uma química muito boa, toda vez que eu sentava para trocar ideia com ele, eu saía pensando “é isso aí”, não tinha dúvida. Além disso, o fato de ser dividido entre teórico e prático me deu muita visão para o futuro, no sentido de poder me preparar muito antes de começar a abrir o Illustrator. Tem gente que já abre o software na hora que recebe o briefing e vai tentando uns formatos aqui, uns formatos ali, e aí a pessoa trava, porque não é assim... você tem que pensar no que você está fazendo. Claro que na vida real você não tem um semestre para fazer um projeto, mas ter um semestre que dê para escrever, estudar sobre o mercado, as pessoas,

toda a marca, a história, quem tá envolvida e quem não está, acho que isso foi muito importante para entender, hoje, o meu processo de criação de marca.

Em 2017, você fez mestrado na Universidade de Design e Engenharia de Barcelona. Como foi essa experiência? E por que escolheu essa universidade? Na época eu trabalhava na FutureBrand, em São Paulo, e acabei chegando num burn out, porque ali se trabalha bastante. Estava meio de saco cheio das horas de trabalho, do ritmo que estava levando em São Paulo. Na época, eu ainda não tinha o passaporte, então tive que ter uma desculpa para poder sair do país com o visto, então comecei a ver cursos fora do Brasil. Pensei muito, pensei nos Estados Unidos, pensei na Europa, na Austrália, no Japão. No final, a Faculdade de Engenharia e Design de Barcelona cumpria todas as minhas requisições, que eram: faculdade boa, ou seja, reconhecida, numa cidade que eu amo e com um preço que eu posso pagar. Então eu me apliquei na faculdade em dezembro, recebi a resposta em fevereiro e em maio já estava aqui.

Giro d’Italia, Trabalho de Conclusão de Curso realizado no Senac em 2016.O projeto consiste no redesign da identidade visual do evento.

Nowhow, o projeto de mestrado realizado na Elisava, consiste na criação de um museu que atua como filtro e curador de tópicos mais comentados nas plataformas digitais e, a partir disso, cria exibições que aprofundam o debate sobre esses assuntos.

A faculdade tem uma estrutura sensacional, os professores foram os melhores que tive na minha vida, todos possuem seu próprio estúdio em Barcelona. Eles não eram apenas bons professores, eles me abriram portas. Estou hoje na Mucho por causa deste curso, porque o mercado de design de Barcelona é minúsculo. A FutureBrand, por exemplo, tem 150 funcionários. O estúdio que eu trabalho hoje é considerado grande, sendo que tem 25 pessoas trabalhando. Eu cresci muito como designer no ano que estudei em Barcelona por conhecer os professores e estes me apresentarem para outras pessoas, pelo fato de aqui ter muito evento de design, e a partir disso criar um networking.

Conte como foi a sua trajetória profissional até chegar ao cargo de Designer Sênior na Mucho. Meu crescimento como profissional foi muito gradual, tinha saído de um local de trabalho que era somente eu e meus outros dois chefes para uma equipe de 15 pessoas na Megalodesign, um estúdio que trabalha muito com apostilas para escolas e fundações. Nessa época, eu aprendi a traba-

lhar em um time um pouco maior, tinha uma hierarquia de designers juniors e um sênior. Depois disso, uma amiga minha me indicou uma vaga que tinha acabado de abrir na FutureBrand. Fiz a entrevista e entrei. Lá a gente fazia uma marca em cinco dias, conceituando, fazendo mockup e apresentando. E era louco. Mas me fez crescer, aprendi a ser mais ágil e a trabalhar com uma equipe ainda maior. Nós éramos entre 25 a 30 pessoas. Lá era assim: ou você aprende a trabalhar daquele jeito ou você sai, e realmente tinha muita gente que não aguentava. Hoje em dia, não curto mais trabalhar 12 horas por dia, mas até onde eu sei, já mudou muitas coisas por lá. Mesmo assim, foi a melhor escola que eu já tive na minha vida.

Meu primeiro trabalho no exterior foi um estúdio pequeno, chamado Kolaps. Um dos meus chefes era libanês e o outro era marroquino. E foi muito bom porque eu fazia projetos para o Oriente Médio. Outra cultura, outro design. O que você faz para uma pessoa de Dubai, Arabia Saudita ou Líbano? Então foram outras referências. Enquanto eu estava na faculdade aprendendo tudo sobre o design europeu, eu me vi fazendo coisas para o Oriente Médio, diagramando árabe. O centro estético deles é diferente do nosso, é muito mais barroco, não vem com um design “suíço”, porque eles não gostam. Muito floral, muito pattern, o árabe quando você escreve já não é nada “suíço”.

Existem dois grandes estúdios aqui em Barcelona: a Mucho, onde eu trabalho atualmente, e a Folch. Eu entrei na Mucho porque o coordenador do curso da ELISAVA é um dos sócios da Mucho. E na época, eles estavam precisando de um designer e ele lembrou de mim, me contatou, fiz a entrevista e entrei.

Você é o criador do projeto Kickstory. Conte um pouco sobre como ele surgiu. A Kickstory foi criada em 2016, porque eu sentia vontade de voltar a fotografar. A minha câmera estava pegando pó e além de ser um louco pelo ciclismo, fotografia, corrida eu também sou o louco dos tênis. Na época, começou a ter muita foto de tênis no Instagram e eu pensava: “Cara, essas fotos são muito iguais”. Eu queria tirar fotos, mas de um jeito diferente. Então comecei a tirar foto de tênis destruído, usado, com história. Por isso é “Kick” de tênis e “Story” de história. A primeira foto eu tirei na minha cozinha que estava em reforma, na casa dos meus pais. No começo não teve um engajamento social, eu já estava desanimado, as fotos tinham na maioria 15 likes, tinha 50 seguidores no instagram. Lembro de ir em uma festa de final de ano com alguns amigos e falar que ia acabar com o Kickstory e um casal de amigos me convenceram a não fazer isso, eles também curtiam e começaram a ajudar. No meio de 2016, eles já estavam super inseridos no projeto. O projeto já tinha virado uma entrevista completa de uma hora e meia ao invés de frases, falávamos sobre tênis, cultura e a vida. Em 2017, a gente começou a fazer trabalhos de produção de conteúdo para a Nike, Fila, Adidas. Decidi sair no começo de 2018, porque estava na Espanha e o projeto estava acontecendo no Brasil.

Identidade visual para o Gibraltar international festival A galera quer um logo da Nike, mas o logo da Nike não chegou ali porque ele é bonito, mas porque tem um trabalho de branding e de criação de marca por trás. E isso leva tempo.

Conte um pouco do seu processo criativo? Como é o seu dia a dia no estúdio? Meu dia a dia mudou muito no último ano, por que eu virei sênior. Eu tenho mais responsabilidades, em 60% do meu dia ainda faço design, mas os outros 40% tenho reuniões, dou feedback e acompanho os projetos. Eu não sou apenas designer, agora gerencio pessoas, então preciso saber o que está acontecendo ao meu redor. Essa é a parte mais importante do meu dia a dia. Faço marcas em 90% dos meus projetos, é a minha especialidade, escolher uma paleta de cores, uma tipografia, uma direção de arte para foto... faço em uma tarde. O problema é: Qual o nível de originalidade que você está entregando? Ir no Behance e Pinterest e pegar quinze referências, fazer um bem bolado de coisas é fácil. O problema é que essa marca tem um conceito, uma história, você quer que essa marca dure por um tempo e que o cliente sinta que tenha um storytelling ali. A galera quer um logo da Nike, mas o logo da Nike não chegou ali porque ele é bonito, mas porque tem um trabalho de branding e de criação de marca por trás. E é isso leva tempo.

Por último, quais designers te inspiram? No momento eu tenho me inspirado em alguns designers alemães. Como o Eike Koenig, artista plástico e sócio do Hort Berlin (hort.org.uk). Também me inspiro muito no Mirko Borsche (bureauborsche.com). Eu, como um bom designer de marcas corporativas, sou super fã da Pentagram, do estúdio holandês Dumbar e do estúdio brasileiro Polar (polar.ltda), que foi criado por amigos meus e ex-colegas da FutureBrand. São pessoas muito talentosas e admiro muito o trabalho deles.

Entre a Arte contemporânea e a poética, a fotografia autoral estimula a reflexão e a pesquisa sobre um tema, sendo construída a partir de uma motivação ou necessidade do autor.

ANDREZA DIAS

JULIANA PALLADINO

O ensaio experimental de nu artístico foi construído coma modelo Andreza Dias em 2019, usando o corpo como potência e suporte artístico, forma que pode se transformar e ocupar espaços. Uma busca pela poética da vulnerabilidade como empoderamento.

ENTRE O TEMPO E O ESPAÇO

JULIA HERRMANN

O projeto Entre o Tempo e o Espaço consiste em um foto livro, com uma sequência de 29 fotos de uma bailarina enquanto dança. A narrativa se sustenta em uma fotografia clicada com um longo tempo de exposição e tem como objetivo nos fazer refletir sobre a poética do movimento do corpo humano e sua relação com o tempo e o espaço. Podemos observar sua construção desde o momento inicial, com a bailarina de forma estática, até o seu movimento final, numa trajetória gradativamente caótica, cujos gestos se embaralham diante das lentes da câmera.

TÁ NA CARA

MARINA ANAHÍ

Ser uma pessoa não-branca no mundo não é uma tarefa fácil, principalmente no Brasil onde existe o mito da igualdade racial, que só atrasa os debates sobre raça. “Ao longo da minha vida, uma mulher negra de pele clara, cresci com comentários racistas e com tentativas de me embranquecer”.

O projeto Tá na cara trouxe autorretratos expondo comentários que pessoas pretas crescem escutando em uma tentativa de embranquecimento e acabam reverberando em mudanças estéticas na tentativa de alcançar um padrão estéticos inalcançável.

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