Olimpo#135

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Reportagem

A R E V I S TA D O C O M I T É O L Í M P I C O D E P O R T U G A L

N.º 135, Março de 2013 Publicação Trimestral

eleições Manuel Marques da Silva e José Manuel Constantino são os dois candidatos à presidência do COP para o mandato 2013-2016.

Destaque Semana Olímpica pela primeira vez na cidade do Porto 24 . Olimpo . Janeiro 2012

Reportagem Um dia com... Vera Barbosa, semifinalista olímpica de 400m Barreiras

Roteiro A cidade de Sochi prepara-se para receber os Jogos Olímpicos de Inverno 2014


OS GRANDES DESAFIOS CONTAM COM O APOIO DE UMA GRANDE REDE Patrocinadora Oficial do Comité Olímpico de Portugal para os Jogos Olímpicos de Londres 2012, a REN apoia Portugal e os atletas que representam o País com orgulho e distinção. Março 2012 . Olimpo . 9


Sumário

4 Editorial 6 Breves 8 Destaque Semana Olímpica no Porto 10 Tema de Capa Eleições no COP 14 Entrevista Gustavo Marcos, autor de “Kelfi e os Jogos Olímpicos” 18 Reportagem Vera Barbosa, semifinalista de 400m Barreiras 20 Roteiro Sochi, Rússia 22 Opinião Artur Lopes, Vice-Presidente do Comité Olímpico de Portugal e Vice-Presidente da União Ciclista Internacional

10 T ema de Capa eleições no COP

José Manuel Constantino e Manuel Marques da Silva são os dois candidatos à Presidência do Comité Olímpico de Portugal. A Olimpo foi falar com os dois aspirantes ao cargo e conhecer as linhas gerais das suas candidaturas.

Ficha Técnica

14 E ntrevista

Gustavo Marcos

O autor do livro “Kelfi e os Jogos Olímpicos” fala-nos da sua obra e da sua paixão pelos Jogos Olímpicos.

18 u m dia com...

Vera Barbosa

A Olimpo acompanhou um dia de Vera Barbosa, semifinalista de 400m Barreiras nos Jogos Olímpicos de Londres, que divide o seu tempo entre as aulas do curso profissional de Técnicas de Exercício Físico e Animação Desportiva de Técnicos e os treinos no Jamor.

Propriedade e Edição Comité Olímpico de Portugal, Travessa da Memória, 36 1300-403 LisboaTel.: 21 361 72 60 Fax: 21 363 69 67 Director José Vicente Moura Director Executivo Francisco Empis Textos Cunha Vaz & Associados Fotos Fernando Piçarra, Getty Images Projecto Gráfico e Paginação Cunha Vaz & Associados Impressão xxxxxxxxxxxx Tiragem 2.500 exemplares Periodicidade Trimestral Numero de Registo ICS 102203 Depósito Legal 9083/95 Distribuição gratuita

Março 2013. Olimpo . 3


Editorial

JOSÉ VICENTE MOURA Presidente do Comité Olímpico de Portugal

paixão pelo movimento olímpico

“Olhar mais além; Falar com franqueza; Agir com firmeza.” Comemoraram-se há bem pouco tempo, a 1 de Janeiro deste ano, 150 anos do nascimento do Barão Pierre de Coubertin, o genial criador do Olimpismo Moderno. Afastando comparações desproporcionadas e risíveis, também eu, apaixonado e seguidor atento do Movimento Olímpico, do seu significado e da filosofia de vida que representa para a humanidade, procurei defender e fazer valer esta extraordinária causa social e civilizacional. Para quem anda, no terreno, vivenciando intensamente o Desporto como ele merece, constituiu um privilégio e foi

4 . Olimpo . Março 2013

muito gratificante absorver, desde tenra idade, no prestigiado e histórico Sport Algés e Dafundo, a mensagem positiva do pensamento “coubertiano”, que aliás se revela intemporal e sem fronteiras. Na condução dos assuntos relacionados com esta fundamental instituição de cúpula do Sistema Desportivo, como é o Comité Olímpico de Portugal, tentei sempre assumir o lema pessoal de Coubertin, que nesta oportunidade recordo: “Olhar mais além; Falar com franqueza; Agir com firmeza.” Bem hajam.


*Note, o novo rumo

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Março 2012 . Olimpo . 5

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Breves

JOgos olímpicos 2020 Cidades candidatas já submeteram as suas candidaturas

O

Comité Olímpico Internacional (COI) já recebeu os Processos de Candidatura de três cidades que têm por objectivo sediar os Jogos Olímpicos de 2020: Istambul (Turquia), Tóquio (Japão) e Madrid (Espanha). A Comissão de Avaliação do COI, presidida pelo Vice-Presidente do COI, Sir Craig Reedie, irá agora analisar as candidaturas e proceder a visitas às cidades candidatas de forma a proceder a inspecções ‘in loco’. A Comissão de Avaliação irá depois preparar um relatório de análise do risco detalhado que será publicado coincidindo com o ‘briefing’ das Candidaturas aos JO 2020 aos Membros do COI, que terá lugar em Lausanne, nos dias 3 e 4 de Julho de 2013. A eleição da cidade anfitriã terá lugar no dia 7 de Setembro, durante a 125ª Sessão do COI, em Buenos Aires, Argentina. “A apresentação dos Processos de Candidatura representa um marco importante para as cidades candidatas e as cidades estão de parabéns pelo seu excelente trabalho”, afirmou o Presidente do COI, Jacques Rogge.

Faleceu Miguel Costa,

Velejador Olímpico Faleceu no passado 8 de Dezembro o atleta Miguel Costa, que participou na classe Star (Vela) nos Jogos Olímpicos de Atlanta em 1996, juntamente com Diogo Cayolla. Natural do Porto, tinha 41 anos. À família enlutada o Comité Olímpico de Portugal expressa as mais sentidas condolências.

Seminário “Mulheres e Desporto” “Mulheres e Desporto” foi o nome do seminário que decorreu no passado dia 29 de Novembro no Palácio Foz nos Restauradores, sede do Museu Nacional do Desporto. O seminário foi organizado pela Secretaria de Estado do Desporto de Juventude em parceria com o Comité Olímpico de Portugal, a Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG) e o Instituto Português de Desporto e Juventude (IPDJ). Na sessão de abertura estiveram presentes o Comandante Vicente Moura, Presidente do COP, Fátima Duarte, Presidente da CIG, e Alexandre Mestre, Secretário de Estado para o Desporto e Juventude. Ao longo da sessão foram abordados temas como as mulheres nos media desportivos, a contestação da ordem de género, a promoção da não discriminação e ainda o papel das mulheres nos centros de decisão do meio desportivo. O evento contou com a participação de várias personalidades dos meios desportivos e noticiosos. 6 . Olimpo . Março 2013

Pavilhão Cidade Olímpica mostra a Cidade Maravilhosa em 2016 Os Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016™ são apenas o estímulo para a realização de mudanças profundas na infraestrutura urbana do Rio de Janeiro. O objetivo é melhorar a qualidade de vida dos cariocas e tornar a Cidade Maravilhosa um destino ainda mais atractivo para os visitantes. Para apresentar esta transformação ao público, a Prefeitura do Rio está a construir, ao lado de sua sede administrativa e da nova sede do Comité Organizador Rio 2016™, o Pavilhão Cidade Olímpica. Serão quatro ambientes de exposição em três mil metros quadrados de terreno na Cidade Nova, bairro próximo ao Centro do Rio. Aqui ficarão expostas as bandeiras olímpica e paralímpica recebidas pelo Prefeito Eduardo Paes após os Jogos de Londres.


Obras

do Estádio do Maracanã na recta final A reinauguração do lendário Estádio do Maracanã, que será o palco das cerimónias de abertura e encerramento dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016™, vai decorrer ainda no primeiro semestre de 2013. Antes disto, a instalação vai receber a Copa das Confederações e a Copa do Mundo de futebol da FIFA, em 2013 e 2014, respectivamente.

1,18 milhão de metros quadrados Área que albergará o Parque Olímpico na região da Barra da Tijuca, e que servirá de palco para nove desportos olímpicos (total de 15 disciplinas) e de nove desportos paraolímpicos. As obras do recinto, coração dos Jogos em 2016, tiveram início em Julho de 2012 e continuam a todo vapor. Nesta primeira fase estão a ser demolidas as antigas estruturas e instalações do Autódromo de Jacarepaguá. Cerca de 70% do material proveniente serão reaproveitados posteriormente.

Novos chocolates para os Jogos de Inverno da Rússia A equipa de embaixadores de Sochi 2014, em parceria com o ‘chef’ italiano Roberto Bruno, vai lançar os chocolates oficiais Sochi 2014. Os criadores tiveram uma tarefa difícil, pois procuraram transmitir, através do sabor dos chocolates, as emoções e experiências dos primeiros Jogos de Inverno da Rússia. Depois de preparados vários tipos de recheio foram seleccionados quatro: “cranberry e mel”, “tangerina e espinheiro mar”, “noz e uva” e “amêndoa e morango”. Na fase final, os embaixadores olímpicos, sob a supervisão de Roberto Bruno, tiveram que criar com suas próprias mãos um lote experimental de chocolates exclusivos com estes quatro sabores. Os dois sabores de maior sucesso foram “cranberry e mel” e “tangerina e espinheiro mar”. Estes chocolates estarão à venda sob a marca Sochi 2014 a partir de Maio de 2013.

Empresas portuguesas brilham em Londres 2012

COI visita o Rio de Janeiro A Comissão de Coordenação do COI para o Rio 2016 concluiu a sua quarta visita à Cidade Maravilhosa. A Comissão relatou um progresso notório desde a sua última visita, em Junho de 2012, em aspectos como o espaço para a imprensa, o plano-geral de recintos desportivos, e a contratação de pessoal pelo Comité Organizador. No entanto, nos próximos três anos deverão ser concluídos os dois Parques Olímpicos, no Deodoro e na Barra da Tijuca. As infra-estruturas de apoio também deverão estar prontas, pelo que o Comité Organizador tem ainda um longo caminho pela frente.

N

ão só de resultados desportivos viveu a prestação portuguesa na última edição dos Jogos Olímpicos. Várias empresas nacionais também estiveram presentes no maior evento multidesportivo do mundo. A Nelo Kayaks forneceu 75% da frota Olímpica. Na Aldeia Olímpica, os talheres eram da marca Cutipol, as sanitas da Sanindusa e os equipamentos de segurança urbana da AMOP, todas empresas portuguesas. Para além dos excelentes resultados dos velejadores portugueses, duas empresas nacionais também estiveram presentes na modalidade náutica em Londres. A Cortesi/Alpha Ropes forneceu os cabos de embarcações de Portugal, Espanha e Brasil, e a Vela PL foi responsável pela pintura das velas de um grande número de participantes. Março 2013 . Olimpo . 7


Reportagem Destaque

Semana Olímpica pela primeira vez no Porto

A

5.ª edição da Semana Olímpica realizou-se de 10 a 14 de Dezembro de 2012. Na primeira vez que o evento teve lugar fora de Lisboa, a Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP) acolheu o maior evento de promoção do olimpismo em Portugal. Ao longo da semana, mais de mil jovens das escolas do grande Porto tiveram a possibili-

dade de experimentar quinze modalidades olímpicas, enquadrados pelas respectivas federações e seus atletas: Atletismo, Andebol, Boxe, Canoagem, Esgrima, Ginástica, Golfe, Judo, Natação, Rugby, Taekwondo, Ténis, Ténis de mesa, Vólei e Hóquei. A Semana Olímpica é organizada pela Comissão de Atletas Olímpicos (CAO) com o apoio do COP e do IPDJ.

// Nuno Barreto, presidente da CAO com jovens mesa-tenistas

8 . Olimpo . Março 2013

// O Hóquei foi uma das 15 modalidades que os jovens do Grande Porte puderam experimentar


// Fernando Pimenta e Emanuel Silva (Canoagem), Medalha de Prata em Londres 2012, também estiveram presentes na Semana Olímpica

// Os participantes tiveram oportunidade de praticar esgrima

// O Atletismo foi uma das modalidades em destaque

// O Ténis também foi praticado nas instalações da FADEUP // João Rodrigues (Vela), padrinho do evento, e Susana Feitor (Atletismo)

Março 2013 . Olimpo . 9


Tema de Capa

Eleição para os órgãos sociais do Comité Olímpico de Portugal no mandato 2013-2016 Quem é quem?

José Manuel Constantino Licenciado em Educação Física (1975); Membro do Conselho de Representantes da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (desde 2010); Membro do Conselho de Fundadores da Fundação do Desporto (2001); Presidente da Confederação do Desporto de Portugal (200-2002); Presidente do Instituto do Desporto de Portugal (2002-2005); Docente do Ensino Universitário (1994-2002); Director do Departamento dos Assuntos Sociais e Culturais da Câmara Municipal de Oeiras (1996-2002); Presidente do Conselho de Administração da Oeiras Viva, E.E.M. (2006-2013).

Linhas gerais da candidatura • Transversalidade do desporto na sua dimensão olímpica com as restantes dimensões do desporto actual, deixando de estar confinado à sua dimensão competitiva; • Estruturar o olimpismo na base de outras dimensões sociais: para além do desporto inclui a educação, a cultura, o ambiente e a paz; • Atribuir ao COP um papel de liderança. Parceria. Consulta, inovação, representação ou lóbi; • Valorizar socialmente o desporto, ajudando à elevação do nível desportivo do País; • Tornar o COP a casa comum de todas as federações desportivas nacionais.

“Tornar o COP a casa comum de todas as federações desportivas nacionais.”

1909

Jaime Mauperrin Santos (1909–1912) 10 . Olimpo . Março 2013

António Prestes Salgueiro (1919–1923)

José Pontes (1924–1956)

Francisco Nobre Guedes (1957–1968)

Alexandre Correia Leal (1969–1972)


A

s eleições para os Órgãos Sociais do COP, para o quadriénio que culminará em 2016 no Rio de Janeiro, após a realização dos Jogos Olímpicos de Verão da XXXI Olimpíada, terão lugar em Assembleia Plenária no próximo dia 26 de Março, na sede do COP. A posse da futura Comissão Executiva e Conselho Fiscal está marcada para o dia 3 de Abril. Um renovado executivo será eleito, por sufrágio directo e secreto, naquelas que se conjectura venham a ser as eleições mais concorridas desde 1997. Segundo o n.º 7 do artigo 17.º do Regulamento Geral, votam nas eleições os membros ordiná-

rios e extraordinários, enquanto o artigo 17.º, n.º 2 dos Estatutos determina que, na constituição da Assembleia, as federações desportivas cujas modalidades figurem no programa dos Jogos Olímpicos devem deter a maioria dos votos, a qual não pode ser inferior a dois terços dos votos totais a apurar em cada Olimpíada (norma estatutária que encontra respaldo no Capítulo 4 da Carta Olímpica). Portanto, em termos de proporcionalidade, atento o colégio eleitoral, cada federação olímpica dispõe de quatro votos, tal como nas eleições transatas em 2009, enquanto as federações não olímpicas e demais membros ordinários e extraordinários dispõem de um voto cada.

Manuel Marques da Silva Oficial da Armada. Engenheiro Electrotécnico pelo IST; Administrador e Consultor de empresas; Presidente da Direcção do CIF; Presidente da Direcção da associação de Ténis de Lisboa; Presidente da Direcção da Federação Portuguesa de Ténis; Membro da Comissão Executiva do COP; Vice-presidente do COP. Chefe de Missão dos Jogos Olímpicos de Sydney; Secretário-geral do COP.

“Promover a instalação e funcionamento do Tribunal Arbitral.”

A apresentação das listas candidatas decorreu no calendário previsto, de acordo com o n.º 2 do artigo 13.º do Regulamento Geral. As eleições, que serão realizadas em Assembleia convocada para o efeito, decorrerão até 31 de Março, devendo a posse da futura Comissão Executiva e Conselho Fiscal ocorrer no prazo de oito dias após as mesmas. Nesta edição da Olimpo fomos conhecer os dois candidatos à liderança do Movimento Olímpico, José Manuel Constantino e Manuel Marques da Silva, ouvindo-os acerca das principais propostas e linhas de orientação para fazer face aos desafios nesta viragem de ciclo da vida desta centenária estrutura de cúpula do Desporto

Linhas gerais da candidatura • Apoiar a realidade do movimento associativo; • Preparar e organizar a missão Rio 2016; • Criar da função de direcção desportiva para a actividade olímpica; • Reforçar a direcção administrativa e financeira; • Ciar o lugar de responsável pela interlocução com as modalidades não olímpicas; • Reforçar a colaboração com a Academia Olímpica, Comissão de Atletas Olímpicos e Associação de Atletas Olímpicos; • Promover a instalação e funcionamento do Tribunal Arbitral; • Desenvolver o Espaço Olímpico; • Desenvolver com as federações um programa de detecção de talentos; • Elaborar protocolos com estabelecimento de ensino e cultura; • Reforçar a área de marketing e de comunicação; • Participar nas missões de trabalho no seio dos Comités Olímpicos Europeus; • Desenvolver os Jogos da Lusofonia; • Criar o Conselho Consultivo do COP.

2013

Gaudêncio Costa (1973–1976)

Daniel Sales Grade (1977–1980)

Fernando Lima Bello (1981–1989)

José Vicente de Moura (1990–1992)

Vasco Lynce (1993–1996)

José Vicente de Moura (1997–2013) Março 2013 . Olimpo . 11


Tema de Capa

Manuel Marques da Silva “Aproximaremos o COP da elite empresarial” Candidatura ao COP, com que apoios? Decidi assumir a minha candidatura com todo o capital e experiência de 16 anos como membro dos órgãos sociais do COP. Fi-lo na convicção de um dever de missão e estimulado por diversas federações. Fui o primeiro a assumir esta posição e iniciei um caminho, junto das federações, de divulgação das minhas ideias para o olimpismo. Até ao momento foi possível obter um número muito significativo de apoios. Cerca de 50 delegados de um total de 80 estão comigo e com a minha equipa. Quais são as mudanças mais importantes que pretende efectuar no COP? O principal objectivo é que o COP lidere o desejável processo de transformação do desporto em Portugal. Necessário dotar o COP com uma estrutura funcional capaz. Criação do lugar de Director Desportivo para a actividade olímpica e um dos V. Presidentes terá a responsabilidade de interagir com as modalidades não olímpicas. 12 . Olimpo . Março 2013

Reforçaremos a colaboração com todos os agentes, comissões e associações olímpicas. Aproximaremos o COP da elite empresarial. Como encara o relacionamento COP/Governo? O Governo, seja ele qual for, contará sempre com a nossa disponibilidade e lealdade. Haverá uma posição bem definida, representativa do interesse de todas as federações, para que o Desporto Nacional tenha, ao nível da sua plataforma de desenvolvimento, estratégias adequadas que integrem as distintas dimensões desportivas. Que responsabilidades, ao nível do desporto português, deverão ser assumidas pelo COP? O COP é a instituição em Portugal que melhor pode proteger e representar os desígnios do desporto nacional. Nesse sentido, cabe ao COP um papel de centro incontornável do desporto e do associativismo português. O trabalho e o tempo, conjugados de uma forma disciplinada e eficaz, virão a

demonstrar que no seio do COP todas as federações encontrarão o seu local de diálogo, de debate e de consolidação de ideias. O COP deverá assumir responsabilidades ao nível do desporto base? O COP para além das responsabilidades directas que congrega no seu ADN, tem um papel fundamental para influenciar todos os subsistemas desportivos a nível nacional. Cabe-lhe, desta forma, essa responsabilidade natural de estimular, promover e integrar todas as dimensões desportivas que possam influenciar um desporto para todos mas um desporto que possa filtrar e segmentar o alto rendimento. Que importância tem o Desporto Escolar? O Desporto Escolar tem uma importância absolutamente crítica para o bom desenvolvimento desportivo e contribui decisivamente para o estabelecimento de uma cultura desportiva em Portugal. Da mesma forma, esta decisiva dimensão desportiva tem que ser totalmente reformulada para que possa contribuir para o desenvolvimento da excelência ao nível do alto rendimento. Este será por certo o grande elemento diferenciador para que Portugal possa ambicionar melhores desempenhos desportivos.


José Manuel Constantino “Contribuir para o desenvolvimento do movimento olímpico em Portugal”

Candidatura ao COP, com que apoios? O apoio de 15 federações desportivas cujas modalidades constam do programa olímpico e que subescreveram a candidatura. Quais são as mudanças mais importantes que pretende efectuar no COP? Clara separação entre a política e a gestão. Um modelo orgânico de funcionamento separando funções eminentemente decisórias, que são pertença da Comissão Executiva, de funções técnicas executivas que devem assentar numa subestrutura profissional que responda perante a Comissão Executiva. Como encara o relacionamento com o Governo? Normal como é próprio de duas entidades que devem colaborar no âmbito das competências respetivas e respeitando a autonomia das partes. Que responsabilidades ao nível do Desporto português deverão ser assumidas pelo COP? As que decorrem das suas atribuições e disposições estatutárias. Promover o olimpismo e o valor social da educação e formação desportiva e contribuir para o desenvolvimento do movimento olímpico em Portugal, através de medidas que respondam eficientemente às múltiplas necessidades dos agentes e organismos envolvidos na preparação e participação olímpica com vista à elevação do nível desportivo do País. O COP deverá assumir responsabilidades ao nível do desporto de base? Essa é uma competência das federações desportivas. Que importância tem o Desporto Escolar? A evolução do nível desportivo nacional será proporcional à evolução física e motora da população infanto-juvenil, no que esta implica de progressos na literacia motora, no desenvolvimento das capacidades e qualidades físicas gerais e especiais, e na elevação do índice geral da condição física. Não há sistema desportivo consistente sem a articulação e complementaridade com o sistema educativo. O que aponta para a necessidade do reforço da parceria com o sistema desportivo federado e para a relevância da iniciação desportiva em contexto escolar, em conjugação com a formação socioeducativa. Março 2013 . Olimpo . 13


Entrevista

GUSTAVO MARCOS

AUTOR DE “KELFI E OS JOGOS OLÍMPICOS”

“Livro promove valores olímpicos, ensina que nos devemos esforçar e respeitar os outros” Em 2008 numa pequena vila de Olhão, no Algarve, nasceu a ideia de ensinar aos mais novos os valores olímpicos. Em 2010 seis escolas de Quelfes puseram em marcha uma pequena revolução no desporto escolar. Mudança que alterou o paradigma educativo e que se prepara para conquistar Portugal. O autor é Gustavo Marcos, um apaixonado pelos Jogos Olímpicos. Gostava que nos revelasse como e quando surgiu a ideia de criar os Jogos de Quelfes? Formalmente os Jogos de Quelfes nasceram a 8 de Agosto de 2008, mas na prática a origem da minha ideia é muito anterior. Passo a explicar, em 1988 Hélder Oliveira, um marchador natural de Quelfes, qualificou-se para os Jogos Olímpicos de Seul e nessa altura o meu pai gravou a cerimónia de abertura e mostrou-me uns dias mais tarde. Fiquei impressionado, mas com cinco anos não me apercebi muito do impacto do olimpismo. Quando despertou então para o espírito olímpico e para os seus valores? Isso só viria a acontecer quatro anos depois. Durante uma visita ao pavilhão do Comité Olímpico Internacional na Expo 92, em Sevilha, visitei uma recriação magnífica de um templo grego. Quase simultaneamente a minha avó ofereceu-me, pouco antes das olim14 . Olimpo . Março 2013

píadas de Barcelona, um livro publicado pela Disney com tudo sobre os Jogos Olímpicos. E depois, durante a abertura dos Jogos de Barcelona, fiquei fascinado com aquele magnífico disparo com a seta inflamada do archeiro que acendeu a Pira Olímpica. Ao longo dos anos seguintes coleccionei tudo o que era publicação sobre o tema olímpico. Leu tudo o que podia sobre olimpismo. Aspirou a qualificar-se como atleta olímpico? Sim, aspirava, ingenuamente, conseguir um dia qualificar-me para os Jogos. Comecei, por conta própria, a praticar atletismo em 1996, actividade que acompanhei com futebol entre 1996 e 1999. Depois, mais realisticamente, a partir do momento em que terminei o curso de Direito, em 2006, comecei a pensar o que poderia fazer pelo olimpismo enquanto filosofia que passou a orientar a minha conduta de vida.


Mas houve um momento, em 2008, em que o Gustavo e um grupo de amigos deram o primeiro passo no sentido de criarem os Jogos de Quelfes? Conte-nos como tudo começou. Durante o Verão de 2008, depois de ter sido constrangido a ficar uma semana em casa com faringite, decidi convidar alguns amigos, mais concretamente os irmãos Bruno e Renato Ramos e Vânia Rato, minha namorada na altura e actual esposa, para discutirmos temáticas olímpicas. E foi dessa discussão que nasceu a ideia dos Jogos de Quelfes? Sim, foi. Estávamos nas semanas anteriores ao início dos Jogos de Pequim e, após alguma discussão sobre temas mais genéricos, ancoramos na necessidade de criar algo na vertente do olimpismo enquanto filosofia de vida e como possível modelo educativo. Posso afirmar que foi exactamente a 8 de Agosto de 2008, no dia da Cerimónia de Abertura dos Jogos de Pequim, que nasceu a ideia de se organizar os Jogos de Quelfes. Nasceu com que objectivos subjacentes? Nasceu com dois objectivos primordiais. Primeiro o de iniciar no concelho de Olhão um programa educativo baseado no olimpismo, um programa que pudesse, em caso de sucesso, ser replicado em outros concelhos vizinhos, para a região algarvia ou mesmo para o país. E em segundo lugar com a ambição de que um dia, mais tarde, se pudesse tornar um festival internacional olímpico para crianças. Tudo isto sem meios, apenas com iniciativa, boa vontade e alguns contactos. Exacto. Inicialmente sem quaisquer meios. Por isso o passo seguinte foi o de estabelecer um programa credível que pudesse ser apresentado às escolas e que colhesse interesse. Paralelamente procurámos encontrar uma entidade que pagasse os Jogos, ou seja, o evento principal, que se realizaria no final do ano, e no qual participariam todas as escolas envolvidas. Estava escolhida a denominação “Jogos de Quelfes” e a tarefa de os planear ocupou-nos a totalidade do ano lectivo 2008/2009. Foi fácil convencer os responsáveis das escolas de Olhão para a importância do vosso projecto? Em Outubro de 2009 tínhamos finalmente reunido o interesse das escolas e conseguido um grande apoio por parte da junta de freguesia de Quelfes. A autarquia estava disposta a financiar o evento final, mas apesar da boa receptividade que tivemos em todas as escolas tenho a certeza que a nossa ideia gerou alguma desconfiança inicial. A sério? Porquê? Penso que é uma situação normal, uma vez que existia um grande desconhecimento inicial relativo às questões do olimpismo e dos Jogos Olímpicos. Todavia, neste 1.º ano, 6 das 7 escolas sedeadas na freguesia de Quelfes, a maior do concelho de Olhão, aceitaram o desafio de arrancar com os Jogos. No ano lectivo seguinte, em 2010/11, a participação foi total. Às seis que aderiram inicialmente –

– e que quiseram repetir a experiência – ainda se juntou a sétima que tinha ficado de fora. O grupo fundador dos Jogos tinha estabelecido uma missão principal. Qual foi o objectivo maior? Dos dois objectivos que o grupo determinou, um deles está perto da sua conclusão. Ou seja, o projecto-piloto em Olhão está concluído e sedimentado e envolve neste momento todas as escolas do concelho com um programa educativo, construído em conjunto com um dos agrupamentos de escolas (João da Rosa), que se funda nos valores Olímpicos e toma o desporto como ponto de partida, prolongando-se depois às restantes áreas do desenvolvimento humano. A organização cinge-se neste momento a Olhão ou já conseguiram replicar o modelo? Os Jogos de Quelfes realizam-se de forma anual, no mês de Abril, com o apoio e envolvimento total da Câmara de Olhão. Neste momento a Câmara Municipal de Loulé já nos contactou no sentido de estudarmos a possibilidade de implementar nesse concelho o modelo dos Jogos de Quelfes. Há ainda uma outra parte do projecto que está por realizar e que é a celebração de um Festival Olímpico Internacional. Temos neste momento o projecto concluído e já o endereçámos ao COP e à Academia Olímpica com o objectivo de que a 1.ª edição se possa realizar em Lisboa em 2015. Conte-nos o seu sonho de construir um projecto educativo assente nos valores olímpicos. Os valores olímpicos, e mais concretamente a filosofia de vida que é o olimpismo, começam-se a trabalhar nas idades mais jovens, especialmente no 1.º ciclo alargado (6-12 anos). Falamos de olimpismo, promovemo-lo enquanto filosofia de vida universal, mostramos que nos devemos esforçar mais, que devemos dar sempre o nosso melhor em todos os quadrantes da vida, respeitando sempre quem nos rodeia. Depois do sucesso dos Jogos em 2010, como surgiu a ideia de escrever o livro? O livro está intimamente ligado à vinda do Comandante Vicente Moura (presidente do Comité Olímpico Português) para assistir aos II Jogos de Quelfes, em Abril de 2011. O Comandante mostrou-se sensibilizado com os Jogos e a mensagem que se transmitiu às novas gerações foi o clique que precisava para nascer o livro. Basicamente já tinha tudo na minha cabeça, resultado de quase 20 anos de leituras. O livro “Kelfi e os Jogos Olímpicos” ganhou forma escrita em menos de um mês. Depois veio a fase mais demorada: ilustrar e paginar. Em Junho de 2011 apanhei-me com uma obra escrita com sensivelmente 200 páginas. O comandante Vicente Moura refere no editorial do livro que sentiu existir nos Jogos de Quelfes o espírito genial do criador do olimpismo moderno. Ele referiu-lhe isso pessoalmente? Não só me referiu pessoalmente como afirmou no discurso que proferiu perante as escolas e as entidades presentes. Março 2013 . Olimpo . 15


Entrevista

O “atleta dos valores olímpicos” que não nasceu para as corridas Praticou atletismo na adolescência, mas em termos de provas federadas a sua melhor classificação foi um 11.º lugar no regional de 1500 metros em 2000, tinha 17 anos. Assume que, apesar de uma “profunda dedicação e empenho”, não singrou nas pistas: “não nasci para ser um atleta de eleição”, confessa. Durante quatro anos jogou futebol ao serviço do LGC Moncarapachense, clube de uma vila do concelho de Olhão, mas os estudos na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa traçaram-lhe o destino. Hoje, com 29 anos, é director do Departamento Jurídico da Empresa Municipal de Mercados de Olhão e no currículo já soma cargos importantes de direcção e coordenação de encontros desportivos na região algarvia.

Dedicou o livro a Pierre de Coubertin. Conhece bem a sua história e ele é para si uma fonte de inspiração? Sem dúvida, não só pela sua genial obra como, sobretudo, pelos sacrifícios que suportou ao longo da sua vida. Todo o seu livro é muito pedagógico, tenta passar os valores olímpicos e a ideia de que nos temos que superar na vida para conseguirmos vencer, embora competindo de forma leal. Aquilo que está na base da filosofia olímpica é a vontade, como dizia Pierre de Coubertin, “sem ela nada se faz e por ela tudo é possível” e isso aplica-se não só ao desporto como a qualquer outra área de desenvolvimento humano. O desporto, como vivência que forma a vontade, prepara o corpo e o espírito para lutar e vencer. Tem sido fácil passar essa mensagem aos miúdos? Eles questionam como podem praticar esses valores e princípios? A forma mais fácil de introduzir a mensagem é, como referi, através do desporto e de um mecanismo motivacional que coloca enfase na vitória pessoal, no recorde pessoal face à vitória comparativa ou absoluta. O desafio é que os alunos superem os seus recordes pessoais durante os Jogos de Quelfes. Estão lá outros meninos com o mesmo objectivo e por isso não são encarados como adversários. No final todos ganham uma medalha. No fundo superarem-se e esforçarem-se por melhorar. Isso é fundamentalmente um exercício de autodisciplina. Exactamente. Um exercício de autodisciplina que depois é exportado para as outras disciplinas. Este é o cerne do olimpismo segundo os Jogos de Quelfes. 16 . Olimpo . Março 2013

O seu livro é uma obra multidisciplinar, sempre com uma preocupação pedagógica. Tem matemática, ciência, educação cívica e etecetera. Como surgiu a ideia de fazer um livro tão didáctico? A ideia é mesmo essa, apresentar o olimpismo como uma filosofia de vida que, partido do desporto, comunica e tem aplicação a todas as áreas do desenvolvimento humano. Faz referência no seu livro a Rosa Mota, entre outros atletas, como uma pessoa que venceu a adversidade quando a davam como perdida. Rosa Mota é um exemplo de vida para si? Conheceu-a pessoalmente? Sem dúvida, é um exemplo de uma grande campeã nas pistas e na vida. Tive o prazer de a conhecer no ano passado, quando assistiu à cerimónia de abertura dos Jogos de Quelfes. Foi fantástico conhecê-la como pessoa e como campeã. Para as crianças que estudaram a sua história foi uma experiência estimulante. Como vê os incentivos que estão a ser dados pelas escolas, pelo Ministério da Educação, pelas federações e clubes para que haja no futuro campeões com potencial olímpico? Quanto ao desenvolvimento de futuros campeões penso que este deve passar por uma articulação das federações com os clubes de desporto escolar, como já acontece em alguns casos, dando maior visibilidade a estes últimos. Mas não posso deixar de dizer que o olimpismo não é só para os campeões, mas para todos. Mais importante do que ter atletas a ganhar medalhas é termos uma população com um elevado índice de prática desportiva.


Marรงo 2012 . Olimpo . 17


Reportagem

Vera Barbosa Semifinalista de 400m barreiras nos Jogos OlĂ­mpicos de Londres

No top 20 mundial 18 . Olimpo . Março 2013

Fotos Fernando Piçarra

um dia com...


V // Vera Barbosa divide o seu tempo entre as aulas e os treinos

era Barbosa tem 24 anos, e conseguiu chegar às semifinais dos Jogos Olímpicos de Londres com a marca de nível mundial de 55,22 segundos. Resultado que a coloca nas vinte melhores atletas mundiais desta modalidade. Este é também o recorde nacional. A atleta já tinha superado a meta de Maria do Carmo Tavares de 56,25 segundos e quando se julgava que era quase impossível baixar a barreira dos 56 segundos, Vera Barbosa fê-lo de forma olímpica, à hora certa e no sítio certo. “ Foi uma sensação de grande felicidade e de orgulho para o meu treinador e para todos os que me seguem, obviamente que foi também um orgulho para mim por ter representado dignamente Portugal”. A Olimpo foi acompanhar um dia na agenda de Vera Barbosa que começa cedo com aulas do curso profissional de Técnicas de Exercício Físico e Animação Desportiva de Técnicos (CET) na escola de formação profissional de técnicos nas áreas do desporto, ‘fitness’ e massagem, em Alcântara. A parte da tarde é inteiramente dedicada ao desporto, com treinos entre as três e as seis horas diárias na nave do Centro de Alto Rendimento do Jamor, sempre com o acompanhamento do seu treinador Carlos Silva. A atleta assim que chega à nave faz uma corrida de aquecimento de aproximadamente 20m, seguindo-se o trabalho de reforço muscular nas máquinas. O treino subsequente é mais específico e varia conforme o tema a abordar que pode ser mais vocacionado para a força ou para a velocidade, por exemplo. No dia em que a Olimpo acompanhou a Vera era dia de exercícios de coordenação e mobilidade geral em barreiras dispostas ao longo de 20m,

onde treina os balanços frontais. São exercícios de mobilidade para treinar os adutores. “ Ataca, esquiva, ataca!”, indica o treinador que já trabalha com a atleta há três anos. “Estes são exercícios técnicos em que se treina o rigor e aperfeiçoamento, são os chamados exercícios de critério para a melhoria de técnica”, explica-nos Carlos Silva. Para Vera, a rotina de discente de manhã e atleta olímpica à tarde é uma novidade na sua rotina à qual ainda se está a habituar, confessa a atleta que iniciou as aulas apenas este ano lectivo. Quando questionado sobre as características que fazem da Vera uma Atleta de Alta Competição, Carlos Silva não tem dúvidas: “A Vera é altamente concentrada e dedicada ao trabalho, o que a juntar aos seus elevados níveis de condição física e também a uma parte de persistência da sua personalidade, fazem dela uma campeã”. O futuro? Ambos garantem ter a motivação suficiente e apoio necessário para trabalhar um próximo ciclo olímpico com outra confiança e uma expectativa maior, quatro anos pode parecer um longo espaço de tempo, mas os atletas de alta competição pode apenas significar segundos. “ Se nestes quatro anos a Vera conseguir melhorar meio segundo, é o suficiente para ela conseguir entrar nas 15 melhores do mundo e se poder aproximar de uma final. Para tal não bastam três ou quatro horas por dia. Pelo menos, nos dois anos antecedentes aos jogos olímpicos têm de ser de dedicação total. Mas se se conseguir duas ou três décimas já é óptimo”, remata Carlos Silva. Já Vera Barbosa acredita que conseguirá baixar a barreira dos 55 segundos “continuando a treinar e melhorando a técnica como até aqui, é possível!”. Março 2013 . Olimpo . 19


Roteiro

Roteiro SOCHI 2014 Sochi está a preparar-se para atrair os olhos do mundo, na qualidade de sede das Olimpíadas de Inverno de 2014. Situada no Krai de Krasnodar, esta cidade russa está situada a sudoeste do país, nas proximidades das montanhas nevadas do Cáucaso e do mar Negro. O clima ameno que a caracteriza, aliado aos aspectos físicos da região, faz de Sochi uma “cidade-resort”, destino de milhares de russos durante as suas férias.

De Manhã 10h00 Agura Waterfalls

À tarde 13h00 Riviera Park

Também conhecidas como Agursky, as cascatas Agura são uma das atracções turísticas mais famosas em Sochi. Localizadas fora da cidade, estas majestosas cascatas caem de uma altura de 98 pés (30m) para uma piscina oval de água cristalina. Das rochas pode observar-se uma vista panorâmica da cidade e do mar Negro. Morada: River Agura, Sochi, Rússia

O local ideal para descanso e lazer em Sochi. Situado na margem esquerda do rio, não muito longe do mar e da ponte Riviera, é um parque com jogos, galerias de arte e muitas atracções, para ser visitado durante a tarde ou para uma corrida. É possível almoçar ou até fazer um piquenique nos seus jardins. O Riviera Park foi fundado em 1898 e reúne em 14,7 hectares 240 espécies de plantas, das quais 50 espécies são particularmente valiosas. Um dos pontos turísticos mais impressionantes do parque é a “Clareira da Amizade”, onde cada convidado de honra da cidade, por tradição, tem direito de plantar uma magnólia. Também famoso o “Beco dos Escritores”, com estátuas dedicadas aos grandes escritores russos, tais como Pushkin, Nekrasov e Dostoiévski. Desde 2007, este parque acolhe o Oceanário, com peixes vivos importados de todo o mundo. Nas proximidades existe o Dolphinarium, onde mamíferos marinhos não deixam indiferentes crianças e adultos. Morada: Egorova street Sochi, Russia Entrada gratuita

20 . Olimpo . Março 2013

Ao Jantar

20h00 Restaurante Brigantia

O restaurante francês Brigantia, da dupla francesa de pai e filho Martial e Bastien Simonneau, oferece umas das experiências de jantar mais inesquecíveis de Sochi. A especialidade da casa é a ‘pasta’. Contudo o menu inclui também bifes, mexilhões e uma grande variedade de ‘pizzas’, para além de uma alargada carta de vinhos. Com uma das melhores localizações de Sochi, o restaurante dispõe de uma agradável esplanada com vista para o porto. Morada: ul. Nesebrskaya, 13, Sochi 354000, Rússia Tel. : +79186087111 Preço médio: $25 – $70 (19€ - 52€) por pessoa, com vinhos incluídos Opções de restaurantes: Café da manhã/ Brunch Aberto até tarde


XXII Jogos de Inverno - Sochi2014 Data 7 a 23 de Fevereiro de 2014 7 a 16 de Março de 2014 (Paralímpicos) Local Cidade: Sochi Distrito: Distrito Federal do Sul Região: Sudoeste Subdivisão: Krai de Krasnodar População: 334 282 habitantes (2006) Densidade: 95 hab./km² País: Rússia Local da abertura oficial dos Jogos Sochi Olympic Stadium Slogan “Hot.Cool.Yours.” Países participantes São esperados mais de 80 países

Hot. Cool. Yours.

Número de atletas Esperados mais de 3 mil atletas (homens e mulheres) Modalidades disputadas O actual calendário inclui os seguintes desportos de Inverno: Biatlo, Bobsleigh, Combinado nórdico, Curling, Esqui alpino, Esqui cross-country, Esqui estilo livre, Hóquei no gelo, Luge, Patinagem artística, Patinagem de velocidade, Patinagem de velocidade em Pista Curta, Salto de esqui, Skeleton e Snowboard. Data da Cerimónia de Abertura 7 de Fevereiro de 2014 Data da Cerimónia de Encerramento 23 de Fevereiro de 2014 Março 2013 . Olimpo . 21


Opinião

ARTUR LOPES

Vice-Presidente do Comité Olímpico de Portugal Vice-Presidente da União Ciclista Internacional

“Luta contra a dopagem: um combate de todos”

dopagem é um dos maiores flagelos do desporto de alta competição, pelo descrédito que transporta para o desporto mas também, e principalmente, pelas sequelas físicas e, tantas vezes, psicológicas que acarreta para os desportistas que enveredam por esses caminhos. Nos últimos anos tem havido uma consciencialização crescente para a necessidade de combater a dopagem no desporto. A nível internacional, via Agência Mundial Antidopagem, Comité Olímpico Internacional e federações de diferentes modalidades, mas também a nível nacional. A legislação nacional tem vindo a ser aperfeiçoada, sob a égide do Código Mundial Antidopagem, no sentido de livrar o desporto do recurso a métodos e produtos proibidos, com contributos decisivos neste sentido por parte da Autoridade Antidopagem de Portugal e do Comité Olímpico de Portugal, mas também através de bons 22 . Olimpo . Março 2013

e pioneiros exemplos de acções intransigentes empreendidas por algumas federações, como é o caso da Federação Portuguesa de Ciclismo, a que presidi, entre 1992 e Outubro de 2012. Apesar dos passos dados na direcção correcta, estou convencido de que é preciso ir ainda mais longe. Estabelecido que está um quadro normativo equilibrado, que visa punir eficazmente os prevaricadores, há que actuar a montante. Na minha opinião, o papel de concertação e de coordenação de luta contra a dopagem no nosso país cabe à Autoridade Antidopagem de Portugal e ao Comité Olímpico, mas tem de ser efectuado em harmonia e em conjunto com todas as federações desportivas. Antes do mais, é fundamental que todos nos concentremos na prevenção. Há que esclarecer todos os agentes desportivos sobre os malefícios da dopagem na saúde dos atletas, sobre as entorses que provoca

ao espírito olímpico e sobre os imensos prejuízos económicos que impõe às modalidades que se vêem a braços com casos deste tipo. Este trabalho implica que tenhamos sempre em mente um princípio fundamental, o de que vencer a todo o custo não é justo nem tem sabor. Há que estimular nos jovens praticantes e nos seus treinadores o espírito da sã competitividade, que faz do desporto uma festa em que não há derrotados, mas apenas alguns que alcançam melhores desempenhos e que, por isso, merecem a admiração dos demais. O caminho da prevenção e da educação das novas gerações de desportistas na cultura antidpagem é fundamental para que, no futuro, o efeito punitivo dos regulamentos e a legislação nesta matéria seja usado cada vez menos. • texto escrito segundo o novo acordo ortográfico.


Marรงo 2012 . Olimpo . 23


24 . Olimpo . Junho 2012


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