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LUXO
Como o compartilhamento e a sustentabilidade estão redefinindo a moda
Ainda em 2018, a Burberry se viu no centro de uma polêmica mundial quando foi divulgada a informação sobre a queima de produtos de coleções passadas feita pela marca britânica. Embora a prática possa ser considerada comum no segmento de moda, a decisão de destruir peças novas foi mal recebida por grande parte do público. A repercussão do assunto foi tamanha que, pouco tempo depois, a grife veio a público anunciar que não voltaria a utilizar essa estratégia de descarte novamente. Esse novo panorama da moda mundial está associado em grande parte a dois conceitos que se consolidaram no setor: a sustentabilidade e o compartilhamento.
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A sustentabilidade, como o próprio nome diz, defende a adoção de práticas ecológicas e ambientalmente corretas nos métodos produtivos. Algumas das mais importantes marcas de moda do mundo, como a Gucci, para citar apenas um exemplo, já possuem políticas em que o uso de peles animais é vetado totalmente e as modelos devem possuir aparência sadia. E quando o assunto é a sustentabilidade no universo fashion, é impossível deixar de citar a estilista Stella Mccartney e sua grife que, ao longo de sua história, se tornou um ícone unindo moda e desenvolvimento sustentável.
O compartilhamento, por sua vez, é uma tendência mais recente e propõe uma ampliação da vida útil dos produtos. Dentro do segmento de moda, uma das formas em que essa ideia vem ganhando dimensão é através dos brechós de luxo. De acordo com Adriana Aprigliano, criadora do Wish List, “a ideia é reciclar o que talvez não sirva mais para você, mas que para outra pessoa pode ser a peça dos sonhos e que com certeza cairá muito bem em seu novo closet. Outro ponto importante é que faz parte do passado o conceito em que brechó era sinônimo de peças antigas e em mal estado. Nos brechós de luxo a curadoria é minuciosa visando à conservação, autenticidade e preço acessível”.
Um aspecto importante desse trabalho é a questão da originalidade dos produtos comercializados, tema que já foi motivo de muito debate especialmente pelas principais marcas do setor. Conforme Adriana, sem dúvidas, esse é um ponto chave e no caso do Wish List “a curadoria é feita por mim em conjunto com pessoas que vieram do mercado de luxo que em alguns casos me auxiliam na autenticação das peças. Meu cuidado é minucioso, todo o conhecimento veio através de muito estudo e experiência ao longo desses anos. Cada grife possui suas características e cada modelo também. As marcas prezam muito por qualidade e perfeição. Qualquer pingo fora do lugar desconfie, os detalhes falam muito”.
Um ponto que une os conceitos de compartilhamento e sustentabilidade é justamente a importância da preservação da natureza. Assim como muitas marcas já aderiram ao fim do uso de peles, empresas como o Wish List, Enjoei, Cansei Vendi e Peguei Bode, também optam por não incluir casacos de pele no seu acervo de produtos. “Fico feliz ao perceber que as pessoas estão se conscientizando que não precisamos usar peles exóticas em roupas e acessórios”, destaca Adriana. Com o acervo disponível para consulta de forma online, o Wish List comprova que a união entre tecnologia, compartilhamento e sustentabilidade está redefinindo a moda e caminhando em direção a um mercado mais saudável e democrático.
Manu Berger é especialista no mercado de luxo e atua como mentora de negócios, consultora empresarial, palestrante e nome referência para ministrar cursos, treinamentos e workshops na área. Ela também criou um serviço exclusivo para novos empreendedores que precisam desenvolver estratégias para conquistar o mercado, chamado Imersão de Negócios. Além disso, fundou o Portal Terapia do Luxo, que hoje é um dos veículos digitais mais renomados do setor, onde escreve semanalmente em sua coluna sobre o mercado de luxo. No Portal Administradores.com, também produz artigos sobre sua visão atual do mercado, para posicionamento de marcas. Ainda é autora de dois livros, um deles recém laçado e totalmente digital: “7 anos de luxo em 70 artigos”.