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A Inveja tem cor

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O Morto-vivo

O Morto-vivo

A Inveja A Inveja T T em Cor

M. D. Amado

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Eu não ficava bem de vermelho, ao contrário de todas as minhas amigas. Os homens ficavam fascinados com seus vestidos, blusinhas e principalmente com a lingerie. Por que eu não ficava bem de vermelho? Por quê? Não adiantava tentar nada... Nunca consegui atrair a atenção de ninguém me vestindo de vermelho. E eu adoro vermelho. Amo vermelho.

Já pintei meu cabelo de vermelho imitando todos os tons que cada uma delas usava e nem assim obtive sucesso. Marcinha e Roberta sempre chamaram a atenção com seus cabelos ruivos. E nem eram naturais. Queria tanto ter o charme da Marcinha, ter os cabelos da Roberta, o corpo da Juliana, que vestia tão bem qualquer vestido, vermelho ou não. Os pés da Mariana e os olhos da Claudinha... Ironicamente agora nenhuma delas pode mais se vestir de vermelho. E eu estou aqui, cercada de homens, todos olhando para mim. Todos querem me levar. Mas não vou... Agora quem não quer sou eu. Vou ficar aqui no meio do salão de festas... Juliana não ficou bem de branco. O vestido de noiva ficaria melhor se fosse vermelho. Por isso abri seu ventre, para dar um bom tingimento ao tecido. Não consegui fazer com que os olhos da Claudinha se encaixassem no lugar dos meus, mas antes de arrancá-los, consegui ver como fiquei bem com o escalpo da Roberta. Não quis os pés da Mariana hoje. Ela pintou suas unhas de roxo... Não gosto. O charme da Marcinha eu não sei como arrancar.

M. D. Amado: é mineiro de Belo Horizonte, desde 1969. Mantém o site Estronho e Esquésito (www.estronho.com.br), onde abre espaço para novos escritores de literatura fantástica. Participou das coletâneas: Necrópole Vol II, Paradigmas Vol I e Draculea – O livro secreto dos vampiros, além de ter vários contos espalhados pela internet. Seus textos podem ser encontrados em www.mdamado.com.br.

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