Arquitetura Altruísta - Incorporando o morador de rua no espaço urbano.

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ARQUITETURA ALTRUÍSTA:

INCORPORANDO O MORADOR DE RUA NO ESPAÇO URBANO


ARQUITETURA ALTRUÍSTA:

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5Á6

1 - INTRODUÇÃO

7 Á 10

2 - PESSOAS

11 Á 20

3 - CONSTRUÇÃO

21 Á 23

4 - LUGAR

24

5 - DIRETRIZES PARA O ANTEPROJETO ARQUITETÔNICO

24

6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

25 Á 28

7 - ESTUDO PRELIMINAR

29 Á 35 8 - DESENVOLVIMENTO INICIAL DO ANTEPROJETO ARQUITETÔNICO

36 Á 38 9 - REFERÊNCIAS

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. Deve-se pensar então, que, indiferente de usarem ou não as estruturas oferecidas, como albergues, moradias provisórias, casas de convivência ou da sua condição de uso eventual ou permanente, todas estas pessoas têm a rua como sua morada cotidiana e, com isso, a cidade gera espaços que acolhem essas pessoas. Mesmo sem ter a intenção, estes lugares sofrem a ação do cidadão e ali a vida urbana se manifesta. Logo, torna-se necessário que a cidade assuma a existência dessa população.

''[...] De qualquer forma mesmo que a questão do morar na rua seja transitória para um dado indivíduo, outros aparecerão, ou seja, há um contingente permanente de pessoas que habitam os espaço públicos e para o qual se espera uma resposta, que o projeto urbano não tem dado conta.'' (QUINTÃO, Paula Rochlitz - Dissertação de Mestrado, FAUUSP, 2002, P. 9).

Del

1 Neste estudo foram utilizados dados do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, que caracteriza como grupo-alvo “pessoas com 18 anos completos ou mais vivendo em situação de rua” . (Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, 2007/2008).

2 Definição de Equipamento Urbano: ''Todos os bens públicos e privados, de utilidade pública, destinados à prestação de serviços necessários ao funcionamento da cidade, implantados mediante a autorização do poder público, em espaços públicos. '' Categorias: 3.8 Assistência Social. (NBR 9284, 1986) 05 | 38


OBJETIVO ESPECÍFICO 03 Fazer um levantamento das regiões de Joinville que tenham grandes concentrações da população em situação de rua e com isso definir através de análises o lugar apropriado para a implantação do projeto.

OBJETIVO ESPECÍFICO 04 Estudar a importância da utilização da arquitetura no meio social, buscando um repertório de tecnologias urbanas que possam auxiliar no desenvolvimento do anteprojeto arquitetônico.

OBJETIVO ESPECÍFICO 05 Desenvolver uma estrutura física que ofereça condições de habitabilidade, higiene, segurança, conforto e privacidade aos moradores de rua.

A estruturação do trabalho foi divida em quatro partes, sendo a primeira delas o desenvolvimento do capitulo introdutório, onde é discorrido sobre a problemática do trabalho, os objetivos a serem atendidos, a justificativa da abordagem ao tema e a metodologia de pesquisa e desenvolvimento do conteúdo. Para os demais capítulos, (Pessoas, Construção e Lugar), o cronograma foi desenvolvido de acordo com as orientações, visto que o andamento do trabalho foi organizado de forma a elaborar semanalmente um conteúdo satisfatório para cada capitulo, conforme mostra o quadro 1 abaixo. Quadro 1 – Quadro de cronograma. Mês Dias

CRONOGRAMA DE PESQUISA

Atividades:

Março Abril Maio Junho Julho 10 20 30 10 20 30 10 20 30 10 20 30 10 20 30

INTRODUÇÃO: Introdução, Problema, Objetivos, Justificativa e Metodologia.

Para Conhecer a população em situação de rua de Joinville, bem como suas necessidades e seus anseios, serão realizadas entrevistas, além de procurar entender quais são as principais razões de estarem na rua. Havendo também um levantamento de dados sobre o tema a nível nacional, estadual e municipal, possibilitando assim uma melhor identificação da problemática e do perfil do usuário. Com intuito de definir as leis que incidem sobre esta classe, o método de coleta se dará através de pesquisas bibliográficas e em sites de instituições federais, buscando assim compreende-la. Também será entrevistado o coordenador do Centro Pop de Joinville, que trabalha com as pessoas em situação de rua na cidade, além da realização de questionários com funcionários do poder público, membros de entidades ligadas à igreja católica, comerciantes da região e integrantes da sociedade como um todo, na intenção de obter a visão do morador de rua a partir desses outros segmentos da sociedade.

A fim de definir o programa de necessidade, obter embasamento para auxiliar na escolha da tipologia de equipamento que será oferecido e identificar critérios para a análise e o desenvolvimento do projeto, serão feitos estudo de caso e correlatos. Não obstante, busca-se identificar novas tecnologias construtivas e suas funcionalidades, para que estas possam ser empregadas no anteprojeto arquitetônico. Também serão realizadas pesquisas em livros de psicologia e arquitetura, na intenção de investigar a importância da utilização da arquitetura no auxílio à reinserção destas pessoas. Além disso, serão feitas análises para identificar qual seria o local apropriado para empregar a proposta projetual deste trabalho, seguindo assim diversas diretrizes que irão direcionar a escolha do melhor espaço, conforme mostra o esquema 1 abaixo. Conhecer o problema, justifica-lo e definir objetivos. (INTRODUÇÃO)

Esquema 1 – Esquema de metodologia

PESSOAS Objetivo Especifico 1

Objetivo Especifico 2

Fonte: Autoria Própria, 2017.

LUGAR

Embasamento Teórico

Pesquisas Bibliográficass ss

Objetivo Especifico 3

Entrevistas Análise de Dados

Pesquisa de Diretrizes teóricas

Questionário Conhecimento da Legislação

Visita in Loco Estudo de cartografia

OBJETIVO PRINCIPAL

Verificação de tecnologias construtivas

Análise de Estudo de Caso Análise Correlato

de

CONSTRUÇÃO Objetivo Especifico 4

Objetivo Especifico 5

PESSOAS : Leitura Livros sobre o tema, Leitura de reportagens sobre o tema na cidade e conhecimento de dados e Leis. Entrevista com moradores de rua e Entrevista com assistentes sociais e entre outros envolvidos na problemática. CONSTRUÇÃO : Pesquisas bibliográficas e Verificação de sites de tecnologias construtivas Análise de Correlato, Estudo de Caso Casa Santo André, Joinville e Visita ao Novo Centro POP, Joinville Desenvolvimento do programa da edificação LUGAR: Leituras Bibliográficas e relacionar o tema ao local Conhecimento das Leis e entrevistas com os moradores da região DIRETRIZES E FORMATAÇÃO ENTREGA PRÉVIA DEVOLUTIVA Correção Primeira Entrega ESTUDO PRELIMINAR: Setorização, Programa de necessidades, Organograma, Conceito, Partido,Implantação Justificada Pré Dimensionamento, croquis, plantas, Cortes e Perspectivas Memorial Justificativo e Formatação Entrega Final Banca Final

Fonte: Autoria Própria, 2017.

Conhecimento do programa da edificação

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Segundo o Decreto Nº 7.053 (2009), a população em situação de rua pode ser caracterizada por um grupo populacional heterogêneo, formada por indivíduos com diferentes realidades e que têm em comum a condição de pobreza absoluta, vínculos familiares e sociais interrompidos ou perdidos e sem habitação convencional regular, tendo como conseguinte a rua como espaço de moradia e sobrevivência.

Estudos constatam que, no Brasil, em 60 anos o número de habitantes nos centros urbanos acresceu em 125 milhões de pessoas. Se referindo apenas a última década do século XX, pode-se dizer que as cidades brasileiras aumentarem em aproximadamente 22 milhões de pessoas. (MARICATO, 2000). Nessa dinâmica, observa-se que o país cresce economicamente e, junto com ele, cresce o índice de ''Pessoas em Situação de Rua'', seja devido ao desemprego, baixos salários, aumento desordenado da área de urbanização ou quaisquer outros motivos.

101.854

100.000.000.00

pessoas

719 adultos em situação de

adultos

de vivendo em situação de rua no

vivendo em situação de rua no

Mundo em 2014

FONTE: Relatório da Comissão das Nações Unidas para Direitos Humanos, 2014, apud UFSC Joinville, 2016 (Adaptado pela autora, 2017)

Brasil em 2015

rua na cidade de Joinville em 2015

FONTE: IBGE em parceria com a Prefeitura Municipal de Joinville, 2015. (Adaptado pela autora, 2017)

FONTE: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada IPEA, 2016. (Adaptado pela autora, 2017)

Em Joinville particularmente, este número era desconhecido até 2007, quando foi realizada a primeira contagem do número de moradores de rua da cidade, realizada pelo Ministério do Desenvolvimento Social entre 2007 e 2008. Até então o Censo não contemplava estes cidadãos, ou seja, elas eram inexistentes. Por não possuir residência fixa, este grupo acaba por não fazer parte dos sensos de pesquisas nacionais, deixando explicito a carência de dados precisos a respeito do tema. Por este motivo, o que norteia a maioria das discussões sobre o assunto são os dados fornecidos pela pesquisa do Ministério do Desenvolvimento Social, assim como as informações apresentadas no Quadro 2 abaixo.

Quadro 2 – Quadro de dados de perfil.

CARACTERISTICAS SOCIOECONOMICAS

82% População em situação de rua é predominantemente masculina. 53% Possuem entre 25 e 44 anos.

RAZÕES DE IDA PARA AS RUAS:

35% C o n s u m o d e álcool e drogas. 29,8% Desemprego.

TRABALHO E RENDA:

70,9% Exercem alguma atividade remunerada como catador de materiais recicláveis, flanelinha, construção civil, limpeza e carregador. 52,6% Recebem entre R$ 20,00 e R$ 80,00 semanais.

29,1% D e s a v e n ç a s familiares.

ALIMENTAÇÃO E PERNOITE

79,6% Consegue fazer uma refeição por dia. 69,6% Costuma dormir na rua. 22,1% Dormem em albergues ou instituições. 8,3% Alternam entre a rua e abrigos.

As informações geradas acima apontam para uma possibilidade de tipificação deste grupo, ''esta é uma população que presta serviços, todavia que é excluída das garantias de trabalho e do direito ao consumo de itens mínimos de sobrevivência.'' (VALENCIO et al. 2008, p.562). Portanto, os dados apresentados servem como um norte para o conhecimento superficial destes indivíduos e mostra também que um contingente superior a setecentas pessoas vivendo em situação de rua na cidade, conforme apresentado, revela um cenário preocupante. Desde muito cedo, é explicita a carência por políticas publicas eficazes no controle da situação que atinge as pessoas que vivem na rua, com os movimentos sociais organizados, ocorre uma grande pressão para incluir na Constituição Federal a Assistência Social como política pública. Em 1988, este direito é conquistado dando inicio ao primeiro olhar a esta população e diante disto, surgem outras leis que incidem sobre a classe (Esquema 2). (ARGILES; SILVA, 2011).

Esquema 2 – Linha do tempo legislação

1998

Constituição Federal

2004

Política Nacional de Assistência Social (PNAS), que assegura cobertura a população em situação de rua.

Fonte: Própria autora, 2017.

2005 Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS (2003) – Lei nº 11.258, 30/12/05, altera o parágrafo único do art. 23 das LOAS. Essa Lei parte do princípio de que deverão ser criados nos serviços sociais e programas destinados especialmente às pessoas em situação de rua.

2006 Decreto, de 25 de outubro de 2006, que constitui o Grupo de Trabalho Interministerial - GTI, com a finalidade de elaborar estudos e apresentar propostas de políticas públicas para a inclusão social da população em situação de rua.

2007/2008 Pesquisa Nacional da População em Situação de Rua, que é a primeira quantificação desta população. (Realizada pelo MDS) cobertura a população em situação de rua.

2009 Resolução do Conselho Nacional de Assistência Social – CNAS nº109, que aprova a tipificação nacional dos Serviços Socioassistenciais, dentre os quais, os

serviços destinados à população de rua.

2010 Decreto nº 7053, de 23 de dezembro de 2009, que institui o Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento e tem como atribuições elaborar planos de ação periódicos, acompanhar o desenvolvimento e gerar indicadores para avaliação da Política Nacional para a População em Situação Rua.

A situação dos moradores de rua nem sempre é considerada como algo de relevância e, por isso, é dada pouca ou nenhuma atenção ao tema, conforme mostra reportagem: “[...] Em 2009, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou um decreto que criou a Política Nacional para População de Rua. Uma das metas era implantar centros nacionais de referência em direitos humanos para cuidar dos moradores de rua. Além disso, deveriam ser desenvolvidas ações nas áreas de educação, saúde, moradia e qualificação profissional. “No entanto, o decreto não saiu do papel”. O que vemos ainda são pequenas ações de assistencialismo. [...]” (ANTONELLI, A difícil decisão de viver nas ruas. Gazeta do Povo [05/05/2012])

Bauman (2007) chama a atenção para o fato de que, as leis apresentadas até o momento são muito genéricas:

''Sem direitos políticos, as pessoas não podem ter confiança em seus direitos pessoais; mas sem direitos sociais, os direitos políticos continuarão sendo um sonho intangível, uma ficção inútil ou uma piada cruel para grande parte daqueles a quem eles foram concebidos pela letra da lei. Se os direitos sociais não forem assegurados, os pobres e indolentes não poderão exercer os direitos políticos que formalmente possuem. E assim, os pobres terão apenas as garantias que o governo julgue necessário conceder-lhes, e que sejam aceitáveis para aqueles dotados da verdadeira musculatura política para ganhar e se manter no poder. Enquanto permanecem desprovidos de recursos, os pobres podem esperar no máximo serem recebedores de transferências, não sujeitos de direitos. '' (p.71)

A referência acima exposta por Bauman chama a atenção para a necessidade de mudanças nas políticas públicas e na forma de como planejamos as cidades do futuro, visto que as leis atuais são muito genéricas e nem sempre conseguem defender os poucos direitos oferecidos a estas pessoas. Logo, cabe também à arquitetura expor modos de como as cidades podem propor novos espaços para acomodar as novas necessidades do território urbano. 07 | 38


2.3 COMO O JOINVILLENSE PERCEBE O SEM TETO

É possível caracterizar variadas tipificações de residentes de rua, os usuário de drogas (figura 1), os trabalhadores (figura 2), doentes mentais (figura 3), os optantes da vida livre (figura 4), pedintes (figura 5), famílias (figura 6) e os trecheiros (figura 7), cada um com suas particularidades. Com base nestes perfis, que serão apresentados abaixo, será possível perceber a distinção destes indivíduos, para assim nortear as diferentes análises a serem feitas, a cerca de servir de base para a proposta final.

'' O homem de 42 anos que responde "não sei" para quase todas as perguntas e desconhece o próprio nome [...]. Ele quase não se comunica e, de acordo com o coordenador do Centro POP, não sabe que seu nome é José Antônio dos Santos.'' (Jornal A Notícia, Um consultório na rua, 23/01/2015)

Figura 3 - José Antônio dos Santos, morador de rua Joinville.

PERFIS:

Figura 1 – Homem de rua de Joinville fumando e bebendo

PERFIL: Foram feitos questionários com 36 pessoas de diversas idades. Integrantes deste grupo, como formadores de opinião há um psicólogo, comerciantes, membros da igreja católica, arquitetos e engenheiros civis e dentre os demais entrevistados estes são membros da comunidade de áreas distintas.

23 13 Mulheres Homens

Ao questionar aos entrevistados como viam os moradores de rua da cidade, a resposta foi quase unanime, 32 pessoas relataram ver o desabrigado como um ser humano que precisa de auxilio, dentre estes banho, comida, roupas e um lugar para dormir.

Com a realização das entrevistas, foi possível perceber que muitos não se incomodam com a presença do morador de rua por acreditarem que ele está em uma condição temporária, ou seja, não passariam muito tempo no mesmo local.

Ao questionar sobre o uso do equipamento urbano, vinte e três pessoas alegaram não ter preconceito em utilizar o mesmo ambiente que um sem teto, já outros treze indivíduos que haviam afirmado já ter auxiliado um desabrigado e confirmaram que este é um ser humano que precisa de ajuda, se contrariaram ao se aproximarem da realidade deles, pois relataram ter medo de doenças ou de malfeitores, deixando claro o preconceito que ainda existe em associar um morador de rua a um ser humano distinto e perigoso.

Fonte: Própria autora, 2017. Figura 2 – Paulo Borges, morador de rua de Joinville.

Fonte: (Jornal A Notícia, Um consultório na rua - 23/01/2015) Figura 4 – Daniel Stamn, morador de rua em Joinville.

57,7% Dos entrevistados não se incomodariam com a presença de um morador de rua próximo a sua casa ou comércio. 65,4% Já ajudou um morador de rua.

61,5% Utilizaria um equipamento urbano destinado aos residentes de rua.

2.4 PERFIL DO MORADOR DE RUA DE JOINVILLE

Foucault fala que é necessário levar em consideração e respeitar o espaço do outro, visto que os padrões expostos pela sociedade atualmente fazem com que o ‘’diferente’’ seja deslocado e esquecido, permanecendo nos espaços adequados apenas aqueles que se enquadram em certos parâmetros. ''E ainda havia também lugares onde certas coisas eram colocadas porque tinham sido deslocadas, por sua vez, de uma forma violenta, e, pelo contrário, lugares onde as coisas encontravam a sua base e estabilidades naturais.'' (Foucault, 1984, p.1,2).

A questão que surge é que, apesar de ter em diversos pontos da cidade pessoas em situação de rua e que habitam variados tipos de locais, estes indivíduos não são homogêneos, ou seja, há diversas tipologias dentro desta classe e cada uma com necessidades e aneios diferentes. Em Joinville, de acordo com o coordenador do centro Pop (Jucélio Narciza), os perfis predominantes na cidade são os trecheiros, que ficam no município de três a noventa dias e são aproximadamente 75% dos sujeitos sem teto da cidade; os outros 25% se tratam de residentes fixos da região de Joinville e que se enquadram em diversas tipologias de perfis.

Fonte: (Notícias do Dia, Joinville oferece assistência a moradores de rua para acesso ao mercado de trabalho – 25/09/2015)

'' — Optei por seguir o caminho da Bíblia. Trabalhava sempre formulando, calculando, projetando. Só me estressava — esclareceu ele [...]. '' (Jornal A Notícia, Um consultório na rua, 23/01/2015) 08 | 38


Figura 5 – Morador de rua pedindo esmola em Joinville

2.5 MORAR NA RUA - APROPRIAÇÃO DO ESPAÇO URBANO

A habitação dos logradouros públicos pelas pessoas em situação de rua, principalmente nas metrópoles, é considerada um problema crônico. “É utopia pretender, portanto, que políticas públicas possam reintegrar toda a população e impedir que novos moradores de rua surjam nos centros urbanos, e até mesmo em zonas rurais.” (SHOR, Silvia Maria, 2010).

É possível observar que por traz de cada um deles há uma história de falta de apoio, seja ela por falta de oportunidade, violência na família ou até mesmo envolvimento com drogas. RABINOVICH; TASCHNER (1998) expõem os diferentes modos de morar na rua, identificando tanto as formas de moradia, quanto os indivíduos que as desenvolvem, sendo classificados em: Assentados , Cavernas, Nômades e Selvagens, que serão apresentados abaixo. (apud ESQUINCA, Michelle, São Paulo, p.68, 2013).

Fonte: Própria autora, 2017. Figura 6 – Família morando nas ruas de Joinville

ASSENTADOS: Nesta tipologia, o sem teto tem a necessidade de limitar concretamente o espaço que lhe serve de abrigo. Os moradores de rua assentados acumulam objetos a fim de estabelecer uma relação improvisada de lar; possuem parceiros, bichos de estimação e outros elementos que expressam o desejo de uma vida formal. Podem se estabelecer em grupos, famílias ou sós. Dentro dessas moradias não existem espaços definidos, apesar de possuírem muitas vezes portas, cortinas e outros elementos comuns para funções de um lar, mesmo que estejam organizadas, estão em constante transformação para adaptarem-se às variáveis de viver na rua.

CAVERNAS: Este perfil constitui-se por pessoas com ausência total de casa, levando-os a habitar os vazios nas est rutu ras dos vi adutos ou os p rédios abandonados. Este público tem seus pertences bem reduzidos e nestes espaços, os moradores de rua ficam isolados do resto da sociedade; em sua maioria, as “cavernas” são habitadas por famílias ou grupos organizados.

Fonte: Própria autora, 2017.

Figura 7 – Morador de rua descansando em Joinville

Caracterizado por indivíduos que vivem no trecho, ou seja, entre uma cidade e outra, este grupo geralmente é formado por homens que não tem casa, nem dinheiro e vivem viajando de cidade em cidade por motivos diversos, sendo auxiliados pela assistência social. Segundo registros do Centro Pop, esta é uma tipologia muito presente na cidade de Joinville.

Fonte: Própria autora, 2017.

Ao caracterizar os diferentes subgrupos e analisar quem é população de rua é possível compreender que não é viável generalizar estes indivíduos, pois não se trata de um perfil homogêneo e sim de diversas ramificações do que chamamos popularmente de morador de rua. Portanto não há possibilidade de se construir intervenções para esses usuários se não obter o conhecimento preciso da realidade e das múltiplas questões que os envolvem.

NÔMADES: Estes moradores em situação de rua moram em seus carros e sempre carregam consigo seus pertences, o condutor dorme junto com seus carros e bagagens e suas casas moveis são construções frágeis qu e u tilizam parte d as construções formais da cidade. Seu espaço está em constante transformação, visto que não possuem um local fixo e suas circunstâncias podem exigir mudanças constantes.

SELVAGENS: Nesta situação a residência torna-se um símbolo que não mais se realiza no espaço físico, estas pessoas sempre se deslocam de um ponto ao outro da cidade e consideram-se selvagens por morarem na “selva de concreto”. De modo geral não se procura uma rede para subsistir, mas podem associar-se com outros indivíduos para propósitos comuns como roubos ou consumo de drogas. No contexto apresentado não há mais pertences, sendo o corpo o último limite de identidade do individuo.

Figuras 8 e 9 – Moradores de rua em situação de ''assentados''

Se enquadram neste modo de apropriação do espaço os seguintes perfis em Joinville: • Optantes da vida livre

Fonte:<https://www.google.com.br/search?q=moradore s+de+rua+assentados&espv=2&source=lnms&tbm=isc h&sa=X&ved=0ahUKEwie0t7fxOPSAhUCg5AKHYmJA E8Q_AUIBigB&biw=1366&bih=589#tbm=isch&q=casa+ de+moradores+de+rua+&*> (Acessado: 24/03/2017). Figuras 10 e 11 – Moradores de rua que habitam as ''cavernas''.

• Doentes Mentais • Trabalhadores • Famílias

É ma is c o mum q ue os seguintes perfis habitem estes espaços: • Usuários de drogas

Fonte:<https://www.google.com.br/search?q=moradores +de+rua+assentados&espv=2&source=lnms&tbm=isch &sa=X&ved=0ahUKEwie0t7fxOPSAhUCg5AKHYmJAE 8Q_AUIBigB&biw=1366&bih=589#tbm=isch&q=morador es+de+rua+em+viadutos&*> (Acessado: 24/03/2017). Figuras 12 e 13 – Moradores de rua com suas casas móveis

• Trecheiros • Pedintes • Famílias

Este modo de morar é mais usual pelos perfis abaixo: • Trabalhadores

Fonte:<https://www.google.com.br/search?q=moradore s+de+rua+assentados&espv=2&source=lnms&tbm=isc h&sa=X&ved=0ahUKEwie0t7fxOPSAhUCg5AKHYmJA E8Q_AUIBigB&biw=1366&bih=589#tbm=isch&q=morad ores+de+rua+com+carrinhos&*&q=casa+de+moradore s+de+rua+&*> (Acessado: 24/03/2017). Figuras 14 e 15 – Moradores de rua dentro da tipologia ''selvagens''.

Fonte:<https://www.google.com.br/search?q=moradore s+de+rua+assentados&espv=2&source=lnms&tbm=isc h&sa=X&ved=0ahUKEwie0t7fxOPSAhUCg5AKHYmJA E8Q_AUIBigB&biw=1366&bih=589#tbm=isch&q=morad ores+de+rua&*> (Acessado: 24/03/2017).

• Famílias

• Optantes da vida livre •Trecheiros

Podem se encaixar neste modo de habitar, dentre os moradores de rua de Joinville, estes perfis: • Usuários de drogas • Pedintes

• Doentes Mentais

3 apud ESQUINCA: TACHNER, S. P.; RABINOVICH, E. P. Moradores de rua em São Paulo: Arranjos Espacias. In: (Ed.). Modos de morar na rua. São Paulo: Universidade de São Paulo USP / Fundação para a Pesquisa Ambiental FUPAM, 1998a. cap. 2, p.54. (Cadernos de pesquisa do LAP Série urbanização e urbanismo).

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2.6 O IMPACTO DA FALTA DE UM LAR

Atualmente as soluções apresentadas para atender o problema daqueles que moram nas ruas não passam de ações de assistencialismo, “O albergue é, na prática, a única política pública de inclusão social para a população de rua”. (COSTA, 2009, apud MARSIGLIA, 2009, p.1). Quando se pensa no impacto da moradia na vida dos sem teto e nos diversos perfis que há nesta classe, com necessidades diferenciadas, como por exemplo, os moradores de rua efetivos da cidade e os trecheiros que estão nesta situação por tempo determinado, vê-se a necessidade de propor respostas diferenciadas para o problema. Foi pensando nesta questão que a Finlândia conseguiu se tornar a única nação europeia que não apresenta piora na questão dos semteto. Oferecendo uma estratégia de apoio diferente do usual, o país optou por utilizar como resposta para o problema as habitações permanentes. A Fundação Y que faz parte deste programa diz que ''a abordagem de conceder habitação permanente é mais eficaz do que abrigos temporários [...] uma vez que são computados todos os custos sociais que este programa ajuda a evitar.'' Eles ressaltam também a importância de tirar essas pessoas da rua o mais breve possível, "Se você permanecer nesse estado por muito tempo, é provável que apareçam novos problemas. Por isso, é importante atacar a questão o mais rápido possível". Segundo uma estimativa da própria fundação, cerca de 7 mil pessoas estavam em situação de vulnerabilidade na Finlândia em 2015; já em 2017 esse número praticamente zerou. (BBC BRASIL, 2017)

Em entrevista com dois moradores de rua de Joinville, os mesmos deixam explicito como a falta de um lar afeta diretamente a vida de um indivíduo. Waldemiro de 65 anos fala sobre a importância de se ter um domicílio ''Ter um lugar para dormir e para guardar as coisas é um sonho. Arrumar um trabalho sem casa é muito difícil. Muitos até querem trabalhar, mas como não têm endereço fixo e chegam na empresa com uma mala nas costas, eles nem olham para sua cara'' diz ele. Já Marco Áurélio - outro morador de rua - fala sobre a escassez de espaços na cidade '' não tem mais marquises seguras para todo mundo dormir, lá na marquise do Bradesco, por exemplo, já tem uns vinte que dormem lá e os ''homem'' sempre vem atropelar o pessoal que dorme nas marquises. Se tivesse um cantinho nem que fosse ''pequenininho'', a gente sabe que ia ter segurança de deixar as nossas coisas lá e que ninguém ia mexer, seria ótimo''. Neste caso, fica claro que a implantação de equipamentos urbanos de qualidade, que deem apoio a esta população, poderia ser a prova viva de que este grupo está na cidade e faz parte dela, e portanto merece ser incorporado no contexto urbano e social de Joinville.

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''Fomos condicionados a entender espaços fechados, a ser protegidos dentro de mundos isolados, a compreender de uma maneira unilateral o que é fora e o que é dentro. Estamos cada vez mais edificando espaços ilusórios artificiais (Shopping Centers, praças de alimentação), que são sem dúvida, atualmente, os espaços públicos das cidades. As praças, os parques, estão sendo enclausuradas com grades, "pendurados" como obras de museu, inatingíveis, fictícias.'' ( E I C H E M B E R G , Te r u y a André, 2004, Vitruvius).

Os pequenos 'disfarces urbanos', feitos para dificultar o uso de equipamentos da cidade por alguns indivíduos, buscam principalmente eliminar os semteto dos espaços públicos. Ao utilizar meios que impossibilitem o uso secundário destes recintos pelos menos favorecidos, mantém-se o pensamento higienista da sociedade, que busca eliminar de certos locais, aqueles que não se enquadram nos padrões do corpo social. O uso de uma solução hostil que emprega nas cidades, pedras pontiagudas em viadutos e marquises, espetos ou pinos metálicos e entre outros recursos utilizados pela arquitetura defensiva, tem um propósito bem claro por trás, ''[...] na verdade, é a maneira mais fácil, econômica, cruel e silenciosa de manter aquilo ou aqueles que não são bem vindos, fora de vista, contribuindo para tornar desacolhedor os locais em que habitam.'' (TAGLIANI, Simoni, Blog da Arquitetura, 2017)

Figuras 16 – Uso de pinos metálicos em vitrine

Fonte: (Jornal The Guardian, Picos Anti-semteto, 2015). Figuras 17 – Uso de pedras pontiagudas em viaduto

Fonte: (Jornal The Guardian, Picos Anti-semteto, 2015). Figuras 18 – Uso de bancos com divisórias.

Figura 19 - ALBERGUE - NATAL

Fonte: (Blog Arquitetura, A quem pertence a cidade? – 18/01/2017).

Ao tipificar o morador de rua como uma espécie completamente diferente e procurar afasta-lo dos espaços urbanos, a cidade mostra que os recintos públicos não são feitos para serem acolhedores a todos, porém, ao impedir que moradores de rua tenham um canto para dormir, também faz com que este espaço seja desconfortável a outros indivíduos. ''Quando tornamos impossível para os despossuídos descansar seus corpos cansados em um abrigo de ônibus, por exemplo, também tornamos impossível para os idosos, para os enfermos e para a mulher grávida. '' (ANDREOU, Alex , Jornal The Guardian, 2015).

Fonte:<http://www.tribunadonorte.com.br/n oticia/crise-atinge-casas-de-acolhimento-epassagem/239290> Acessado em: 14/04/2017).

Fonte:<http://www.sossorocaba.org.br/br/ projeto/sos-casa-de-passagem> Acessado em: 14/04/2017).

Fonte:<http://www.loebcapote.com/projetos/19 > Acessado em: 14/04/2017).

Não importa quanto material pontiagudo ou divisões nos equipamentos urbanos são espalhados pelas cidades, os moradores de rua irão encontrar outro lugar para dormir. Transferir o problema de lugar não é solucioná-lo é simplesmente “embelezar” a cidade para quem achamos que merece aproveitá-la. Só a cidade de Joinville possui cerca de 720 pessoas que moram nas ruas e independente do por que estão nelas, a questão é pensar como as cidades não são acolhedoras ou amigáveis para essa parcela da população. Como diz Jaime Lerner (2010) ''Não esquecer que a cidade é o cenário do encontro. Gregária por definição, a cidade é o centro a partir do qual se criaram os códigos de convivência. O grande conflito ideológico do mundo de hoje é o da globalização versos solidariedade. É preciso ''globalizar a solidariedade''. '' (p.57)

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Figuras 24 – Uso de corrimão para estender roupas no centro de Joinville.

Em Joinville, o morador de rua pode encontrar assistência no Centro Especializado para População em Situação de Rua – (Centro Pop), que oferece atendimento e acompanhamento especializado. Há também o programa Consultório de Rua que oferece assistência de saúde à população em situação de rua. Conforme informações da Arca da Aliança de Joinville, até o final de 2016, os moradores de rua contavam também com o albergue temporário Casa Marta e Maria, pertencente à comunidade católica Arca da Aliança. O abrigo acolhia temporariamente casos específicos de pessoas em situação de risco, porém o mesmo foi fechado por motivos particulares e não funciona mais na cidade.

Os postes, árvores e corrimãos do meio urbano, são adaptados e utilizados como varais, já que o indivíduo pendura suas roupas para secar ou até mesmo para guarda-las. Figuras 25 – Marquises utilizadas como abrigo no centro de Joinville

Utilizadas como proteção, as marquises se tornam um meio que se pode adaptar para dormir, preparar alim ent os ou até mesmo utilizar caixas de papelão, carrinhos ou madeiras, para tornar estes espaços semiprivados ao ponto de vista do morador de rua.

Figuras 26 – Ponto de ônibus utilizado como local de descanso em Joinville

Os bancos e pontos de ônibus são transformados em locais de descanso, assemelhando-se a um sofá ou uma cama para o morador de rua que ali está. Estes espaços são utilizados para repousar e em dias quentes o s ab r ig os d e ô n i bu s sã o preferidos por serem espaços cobertos.

Onde: Rua Paraíba, Anita Garibaldi.

Horário de funcionamento: Segunda a sexta-feira, das 08:00h às 18:00h.

Benefícios: Cadastramento para acompanhamento de situação e retirada de documentos pessoais, local para banho, higiene pessoal, lavar roupas, lanche, auxílio-alimentação para almoçar gratuitamente nos restaurantes populares, encaminhamento para tratamentos de saúde, cursos de qualificação profissional, atividades culturais, alfabetização de jovens e adultos e auxilio para retorno da pessoa à cidade de origem.

Figuras 23 – Participantes do programa fazendo curativos em um morador de rua.

Fonte: Jornal A Notícia, (Um consultório na rua 23/01/2015)

Onde: Atua nas ruas da cidade em pontos com grande concentração de moradores de rua. Sede do Programa: Rua Inácio Bastos, 555 - Bucarein,

Horário de funcionamento: Segunda a sexta-feira, das 07:00h às 19:00h.

Benefícios: O programa atende Pessoas em situação de rua que querem apenas procurar um serviço de saúde para curativos, vacinas, controle de doenças e exames rápidos.

Fonte: (Autoria Própria –– 24/03/2017). Figuras 27 – Espaço utilizado para guardar pertences em Praça de Joinville.

Como coloca Daniel Costa, “a população de rua passa ser um objeto de gestão. A vida nas ruas é vista não como fenômeno individual, de que a pessoa está ali porque é preguiçosa ou louca, mas como problema coletivo, estrutural”. “Não é algo para ser extirpado, mas entendido, regularizado e normatizado” (Costa, 2009, apud MARSIGLIA, 2009).

O grande desafio atual em projetar para a população que opta por viver nas ruas, ou para os que estão na rua temporariamente, é que estes optaram por usar o espaço público para viver e para o pernoite e este fato ainda não foi reconhecido pela cidade. Suas demandas por serviços e espaços que atendam ao seu cotidiano são supridas apenas pelos centros de acolhida, sendo que estes funcionam apenas em determinados horários do dia. Já os sem teto que se localizam distantes destes centros de apoio utilizam a cidade como suporte, visto que no caso deles o espaço público é também o privado. Para estes, há de se pensar uma estrutura que os acomode, assumindo sua existência dentro do espaço urbano, visto que eles por si próprios fazem a adaptação dos espaços da cidade, devido à falta de equipamentos de apoio que supram as suas necessidades rotineiras. (QUINTÃO, 2012)

As árvores, cantos cegos de edificações e construções abandonadas, são utilizadas pelos sem teto tanto como guarda volumes, quanto como banheiro, visto que estes são os locais mais privados que esta população entende como apropriado para guardar o pouco que lhe pertence ou até mesmo utilizar como sanitário.

Fonte: (Autoria Própria –– 28/03/2017). Figuras 28 – Antiga fonte de Joinville utilizada por moradores de rua para banho.

Devido à falta de locais apropriados para banho, os sem teto muitas vezes fazem a sua higiene corporal em fontes da cidade, rios ou até mesmo com um pano e um balde onde pegam água nos postos de gasolina da cidade, quando fornecido.

Fonte:<https://www.joinville.sc.gov.br/foto/index/page/237> Acessado em: 24/03/2017

Os modos de apropriação do espaço pelo indivíduo expostos acima nos mostra claramente que o próprio morador de rua transmite diretrizes para o desenvolvimento do programa arquitetônico. Para eles é inevitável incluir desde dormir, banhar-se, vestir-se, e todas as demais ações cotidianas, como também detalhes de vivência do dia a dia, locais para armazenamento de bens pessoais, espaços para descanso, e outras soluções para sua subsistência. Estes itens devem fazer parte do programa arquitetônico, visto que são apresentados pelo sem teto de forma implícita. 12 | 38


A escolha dos materiais foram baseadas em duas vertentes. A primeira delas era determinar materiais para a estrutura fixa e a segunda para o equipamento temporário. Para o fixo, buscou-se elementos que fossem de baixo impacto ambiental, fácil e rápida execução, baixa manutenção e que oferecessem conforto. Para estes foram estudados o Sistema de Concreto/ PVC e o Sistema de Pré Fabricados de Concreto. Já para a solução efêmera, houve a busca por materiais leves, de baixo custo, recicláveis e que fossem maleáveis, para que pudessem ser empregados na proposta de um abrigo temporário, destinado para aqueles que estão em situação de rua provisoriamente. Neste caso, foram estudadas as Chapas de Polipropileno Dobrável, Sistema estrutural em tubos e placas de papelão ondulado, e o Painel de Madeira compensada multilaminada.

Serão analisados a seguir os sistemas construtivos destinados ao equipamento fixo, com o intuído de compreender suas propriedades, vantagens e deficiências.

3.5.1 Sistema de Concreto/PVC

O Concreto/PVC é um sistema modular de painéis pré-fabricados feitos sob medida de acordo com cada projeto. Sendo assim, são fabricados um a um na indústria e vão prontos para montagem no canteiro de obras. Os painéis são encaixados entre si verticalmente e posteriormente são preenchidos com o concreto e aço estrutural. Este tipo de sistema permite a utilização de coberturas convencionais. “As fôrmas de PVC ficam incorporadas às paredes, com armaduras de espera para vergas, contravergas e cintas, preenchidas com concreto de alto desempenho resultando em uma solução de elevada resistência, cumprindo as funções de acabamento final e proteção do elemento estrutural”. (MANDEL, 2016, apud Nataly Pugliesi, p.1)

Este sistema pode ser empregado em diversos tipos de edificações, visto que o mesmo já foi testado em construções residenciais térreas e sobrados, prédios populares de até quatro pavimentos, escolas, edificações comerciais e de saúde, módulos sanitários, galpões industriais e entre outros; mostrando então a sua aceitação e bom desempenho ao ser utilizado em uma ampla gama de tipologias de edificações. (Ferrari, 2011). Se comparado ao sistema convencional, o sistema de Concreto/PVC proporciona redução de 27% no consumo de material, redução de 80% de desperdício e aumento de 75% na economia de água e energia na obra. (Global Housing International; Instituto do PVC apud PUGLIESI, 2016.)

Com relação ao conforto térmico e propriedades ambientais, de acordo com Miguel Bahiense Neto, Diretor Executivo do Instituto do PVC (2006), o material tem suas vantagens: ''[...] o PVC é 100% reciclável, tendo atingido índice de reciclagem, médio, de 16,5% no Brasil, acima da média da União Européia, cerca de 14,5%, entretanto, considerando-se às atuais questões ambientais do planeta, talvez a grande contribuição do PVC está no seu elevado potencial de isolamento térmico.'' (p. 1)

Conforme uma pesquisa feita em um conjunto habitacional na cidade de Rio Grande (RS), o residencial Carreiro, onde foram construídas 240 casas geminadas constituídas com o sistema de Concreto/PVC, a mesma levantou dados referentes aos benefícios ligados diretamente as pessoas e as sensações que uma edificação composta por este sistema causa nos usuários. A entrevista constatou que ''os itens relacionados à limpeza e conservação das paredes do imóvel demonstraram ser esse um dos atributos mais bem avaliados, uma vez que 92,5 % dos entrevistados classificaram as rotinas como fáceis ou muito fáceis.'' (SCHMIDT, Vinícius Leandro, DECIV/EE/UFRGS, 2013, p.71-72). Mostrando assim a eficácia do sistema quanto à manutenção. Em contraponto, a presença de umidade nos imóveis é uma das desvantagens do sistema, visto que '' Praticamente todos (97,5 %) afirmaram que notam a presença de água nas paredes internas.'' Além deste ponto, o conforto acústico da residência também foi avaliado negativamente, visto que ''65 % dos entrevistados avaliou negativamente a habitação nesse requisito.'' (SCHMIDT, 2013, p.72). Ficando assim explicita algumas deficiências deste sistema e também suas principais vantagens, de acordo com o usuário. Com relação ao custo, o valor do metro quadrado varia para cada região, em média o valor é de R$ 900 o m².

Fonte:<http://www.comunidadedaconstrucao.com.br/upl Fonte:< htt p://www. guac ui.es. gov.br/n oticias-acaooad/ativos/63/anexo/royaldobra.pdf> Acessado em: social/noticias/963-familias-aprovam-construcao-de-casas02/04/2017 populares-em-concreto-pvc.html> Acessado em: 02/04/2017

3.5.2 Sistema Pré-Fabricados de Concreto

O Sistema de Pré-Fabricados de Concreto consiste em entregar prontas para a montagem no canteiro de obras peças como estacas, vigas, pilares, laje, pisos, paredes e módulos. Todos os componentes estruturais têm como base algumas Normas Técnicas, que especificam como este sistema deve ser fabricado. De acordo com a NBR 9062, esta define como estrutura pré-fabricada todo e qualquer ''elemento pré-moldado, executado industrialmente, mesmo em instalações temporárias em canteiros de obra, sob condições rigorosas de controle de qualidade [...]''. (ABNT, 2001). Todos os elementos do sistema construtivo são produzidos industrialmente e, após passar por controle de qualidade estes são transportados para as obras, onde a montagem dos elementos é feita com a utilização de equipamentos de içamento apropriados. Durante o processo de produção, as estruturas como vigas, pilares e lajes são fabricadas em formas e as ligações entre os elementos são executadas diretamente na obra. A produção dos painéis pré-fabricados que são elementos de vedação são diferenciadas. Estes painéis recebem revestimento de 1,5cm de argamassa na face externa e na face interna o mesmo recebe acabamento em gesso de 0,5cm, após instalação do painel no local definitivo. A espessura final dos painéis de fachada é de 13,5cm. Já os painéis internos ao receberem revestimento em gesso nas duas faces de 0,5cm, resultam em uma espessura total de 14 cm. (MIRANDA, 2012). Quanto aos módulos, estes geralmente seguem medidas básicas de 3m á 12m. (ACKER, 2002, tradução FERREIRA, 2003).

Do ponto de vista ambiental, este método construtivo destaca-se pela redução da geração de resíduos no processo de construção, visto que, ''com uso reduzido de materiais até 45%; redução do consumo de energia de até 30% com a utilização de pisos alveolares; diminuição do desperdício com demolição de até 40%. '' Quanto as vantagens do sistema, este apresenta menor tempo de construção, eficiência estrutural, material resistente ao fogo e propriedades acústicas elevadas. (ACKER, 2002, apud FERREIRA, 2003). Com relação ao custo do sistema, este pode variar bastante, porém o valor estimado por metro quadrado fica entre R$ 500 e R$ 800, devendo ser avaliado de acordo com características da obra visto que o valor final apresenta benefícios. (Jornal G1 Globo, 2016). Ao se pensar nos benefícios que este sistema oferece ao usuário, é possível destacar como característica relevante as propriedades acústicas que o material oferece, visto que este garante condições elevadas de conforto acústico. Entretanto, o mesmo deixa a desejar na questão de conforto térmico, pois como o concreto tem um calor específico menor que o tijolo de barro vazado, por exemplo, o mesmo aquece mais rapidamente e também esfria mais rapidamente à noite, causando assim certo desconforto no interior do ambiente. (MENEZES, 2004) Figuras 31 – Construção Pré-Fabricada de Concreto

Figuras 32 – Representação das placas de pisos alveolares que possibilitam ventilação

Fonte:< http://casas-pre-fabricadas-moldadasbhmg.blogspot.com.br/2013/08/casas-pre-fabricadas-moldadasbh-mg.html> Acessado em: 14/04/2017

3.5.3 Considerações e Comparativo de Materiais

Em relação aos sistemas estruturais que podem ser utilizados nos equipamentos de abrigagem permanente para os moradores de rua, é perceptível que tanto a estrutura de concreto PVC quanto o sistema pré-fabricado de concreto, são sistemas de baixo impacto ambiental se comparados a outras tecnologias. O sistema de concreto PVC tem suas vantagens, visto que o mesmo não necessita de mão de obra especializada, é de fácil limpeza e é um material impermeabilizante, porém com uma oferta de conforto moderada. Já o sistema pré-fabricado de concreto é atrativo para este tipo de construção por permitir a utilização de módulos já prontos e que facilitam a montagem da estrutura, este sistema também oferece questões de conforto térmico e acústicos interessantes, visto que os pisos pré-moldados concedem um isolamento acústico elevado e o mesmo também permite utilização de placas alveolares que promovem um piso ventilado, trazendo um bom conforto térmico ao ambiente, no entanto, conforme analisado, o concreto absorve bastante calor e caso não sejam utilizadas algumas soluções, como por exemplo, um sistema de parede composta (concreto - ar - concreto), para amenizar o desconforto térmico resultante das paredes, este fator passa a ser um ponto negativo do sistema. Em um resultado geral, os dois métodos construtivos são atrativos para a proposta projetual, entretanto, os mesmos necessitam de cuidados especiais para tratar de certas deficiências de sua estrutura. 22 | 38 13 30


Após a pesquisa de materiais que podem ser utilizados na construção de um abrigo permanente, serão analisados abaixo, elementos construtivos que apresentem características adequadas para a aplicação em projetos de abrigos temporários, que também é uma das idéias de resultado projetual deste trabalho.

Figuras 35 – Casas Paper Log - Shigeru Ban

Figuras 36 – Plate House

Fonte:< http://www.archdaily.com.br/br/01-185116/projetoshumanitarios-de-shigeru-ban> Acessado em: 02/04/2017

Fonte:< http://joegattas.com/plate-house/> Acessado em: 02/04/2017

3.5.4 Chapa de Polipropileno Dobrável

3.5.6 Painel de Madeira compensada multilaminada

Figuras 33 – Chapa de Polipropileno

F o n t e : < h t t p : / / w w w. i m p a k t t o . c o m . b r / c h a p a polipropileno.php> Acessado em: 02/04/2017

Figuras 34 – Compact Shelters

Figuras 37 – Chapa de madeira compensada multilaminada

Figuras 38 – Formas de aplicação da madeira compensada multilaminada

Fonte:<http://parquessustentaveis.blogspot.com.br/2011/12/madeir a-em-tempos-de-sustentabilidade.html> Acessado em: 02/04/2017

Fonte:< http://www.eulide.com.br/produto.php?cat=1> Acessado em: 02/04/2017

Fonte:<http://www.hypeness.com.br/2014/06/estruturadobravel-e-modular-transforma-se-em-casas-temporariaspara-moradores-de-rua/> Acessado em: 02/04/2017

3.5.5 Sistema estrutural em tubos de papelão e placas de papelão ondulado

3.5.7 Considerações e Comparativo de Materiais

Ao estudar os materiais interessantes para serem empregados no abrigo temporário, foi possível comparar as principais características de cada material, analisando itens como: maleabilidade, afim de observar a flexibilidade e a facilidade de manuseio do mesmo; o peso, buscando saber se o material é de fácil transporte, ou seja, de uma leveza adequada; o custo para avaliar a sua viabilidade; a sustentabilidade, com o intuito de saber se o material é reciclável e se é nocivo ao meio ambiente e por fim a sua resistência, concluindo se o mesmo suporta intempéries e se é durável. Observa-se, portanto, que o material que apresenta maior maleabilidade são as chapas de polipropileno dobrável. No entanto, apesar de oferecer uma boa impermeabilidade e ser um material muito leve, o mesmo não se mostra tão satisfatório no quesito resistência, em contrapartida é um material 100% reciclável e com um custo moderado. O inverso acontece com o painel de madeira compensada multilaminada, pois este apresenta uma boa resistência, tem seu custo moderado, porém peca em maleabilidade, é pesado para o transporte e nem sempre é sustentável. Com relação ao papelão, este material é de baixo custo, é maleável, reciclável e seu peso próprio é baixo, facilitando o transporte, no entanto, tanto o papelão quanto o painel de madeira, necessitam de uma camada impermeabilizante para ser útil como abrigo, deixando claro a sua falta de resistência a intempéries.

Esses materiais, são produtos interessantes para serem empregados no anteprojeto de um abrigo temporário, visto que suas particularidades e propriedades são adequadas para o fácil transporte e montagem, porém, devem ser analisadas as questões de resistência a intempéries e se estes atendem aos quesitos de conforto térmico e acústico, considerando que estas são propriedades essenciais para o usuário e nem todos os materiais dispõem de bons resultados neste quesito, devendo então serem analisados com mais cautela antes de serem empregados no projeto. 22 | 38 14 30


3.6 ANALOGIAS PROJETUAIS

Quando se trata da garantia de necessidades básicas das pessoas em situação de rua, sabe-se que, assim como qualquer indivíduo esta parcela da sociedade tem direito de ter acesso a equipamentos que supram as suas necessidades básicas. Porém, infelizmente, nem sempre estes direitos adquiridos são ofertados. Segundo Abraham Maslow (1954), o homem é motivado segundo suas necessidades que se manifestam em graus de importância diferenciados, onde as fisiológicas são as necessidades iniciais, ''portanto, a mais forte, a mais básica e essencial. '' (MASLOW, Abraham, 1954, apud HESKETH; COSTA, Rio de Janeiro, 1980, p.59). Caracterizam-se como Figuras 39 – Pirâmide de Maslow necessidades fisiológicas Necessidade de aquelas que representam as Auto-Realização exigências relacionadas ao Necessidade de organismo, como Auto-Estima alimentação, descanso, Necessidades abrigo, água, higiene e Sociais outros.''Neste nível, as Necessidade necessidades são, em sua de Segurança maioria, multideterminadas, Necessidades isto é, elas servem de canal Fisiológicas para a satisfação de outras F o n t e : necessidades.'' (HESKETH; <http://www.mood.com.br/pirami de-de-maslow/ > Acessado em: COSTA, Rio de Janeiro, 1980, p.60). 27/05/2017. De acordo com a pirâmide de Maslow (Figura 39), devem-se satisfazer primeiramente as necessidades básicas para que posteriormente o indivíduo consiga satisfazer suas demais necessidades. É claro que medidas paliativas que atendem apenas a certas necessidades do morados de rua não são suficientes, porém, estas servem para dar suporte ao mesmo, mostrando então a importância de conhecer projetos que já se apropriaram desta analogia, conforme apresentados nas figuras 40 a e 40 b:

Figuras 40 a – Descanso e Abrigo PUSHING FOR WARMTH

Figuras 40 b – Equipamentos de Higiene SHOWER TO THE PEOPLE

FICHA TÉCNICA

Função: Higiene (Chuveiro e Sanitário) Conceito: Como intuito de trazer um banheiro para aqueles que não têm casa, o projeto conta também com um empreendimento social que emprega alguma dessas pessoas de rua na produção de sabão, essas barras são utilizadas nos banhos e também comercializadas para financiar o programa. Funcionamento: Para obter a água, o caminhão se conecta a hidrantes, usando um gerador externo para aquecimento da água. Materiais: Dentro do caminhão existem duas cabines com duchas privativas, vasos sanitários, pias e espelhos.

Fonte:< https://www.ideafixa.com/oldbutgold/esse-cara-transformou-seucaminhao-em-chuveiro-movel-para-pessoas-em-situacao-de-rua> Acessado em: 05/04/2017

Fonte: Autoria Própria, 2017 CARDBORIGAMI

FICHA TÉCNICA

Função: Higiene, Descanso e armazenamento. Conceito: Pequenas praças espalhadas pela cidade com módulos sanitários e banhos públicos. Funcionamento: O projeto das cabines conta com uma parede de equipamentos, que é acessada pelo lado externo para manutenção e o mobiliário no lado interno. Cada cabine possui um reservatório de água que esta conectada diretamente a rede de abastecimento de água. Quanto a energia, esta é gerada por placas fotovoltaicas instaladas na parte superior. Materiais: A parede técnica é de polietileno de alta densidade, as demais paredes de stell frame revestidas de placas de fibrocimento, que também são usados nos equipamentos e no piso.

PICNIC TABLE HOUSE

Arquiteto: Sean Godsell Arquitetos Ano: 2009

Ano: 2007

Local: Protótipo em construção – sem endereço fixo.

Local: Los Angeles Função: Abrigo Conceito: Espaços instantâneos. Funcionamento: O abrigo foi projetado em duas versões diferentes: a 1.0, pensada mais pra catástrofes naturais, e a 2.0, mais portátil, e feita para abrigar os sem-teto. O equipamento não necessita de montagem; pesando cerca de cinco quilos este leva aproximadamente um minuto para ser desdobrado, sendo também fácil de dobrar novamente. Materiais: Papelão reciclável que inclui um retardador de fogo e um revestimento resistente à água

FICHA TÉCNICA Nome: Mesa de Piquinique.

Arquiteta: Tina Hovsepian

Função: Abrigo Conceito: Uma mesa de piquenique durante o dia que se converte em um abrigo para os sem-teto à noite. Funcionamento: O tampo da mesa dobra para baixo e é apoiado nos bancos para fazer um telhado. Um colchão fica disponível na parte inferior da mesa que ao lado possui uma moldura de proteção. Nas laterais (parte inferior dos bancos) há compartimentos que podem ser equipados com kits de sobrevivência, que ficaram disponíveis para os moradores de rua. Materiais: Madeira e Tecido de Aço Inoxidável.

3.7 REFERÊNCIAS PROJETUAIS CORRELATOS E ESTUDO DE CASO

O intuito das análises projetuais neste trabalho foi fundamental para a escolha do tipo de edificação e intervenção que seria interessante propor para as pessoas em situação de rua, visto que uma das diretrizes para a escolha dos correlatos era buscar propostas diferentes das usualmente utilizadas. Esses conhecimentos juntamente com o estudo do correlato, foram importantes para que se pudessem conhecer quais são e como devem ser os espaços para atender a esta população. Dessa forma, um dos critérios de observação será o entendimento dos diversos programas oferecidos pelos tipos de intervenções exploradas.

Fonte: CANGUSSU, Luísa, TFG curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Ouro Preto, MG, 2014.

Nome: Casa de papelão Origami

Fonte:<http://www.hypeness.com.br/2013/09/designer-cria-casa-depapelao-em-forma-de-origami-pra-abrigar-sem-teto/ > Acessado em: Fonte:< http://www.designboom.com/project/pushing-for-warmth/> Acessado em: 05/04/2017 05/04/2017

Fonte: Autoria Própria, 2017

Local: Protótipo – Proposto para Belo Horizonte

Local: Saint

Designer: Petter Murray

Função: Armazenamento, Abrigo e Calor. Conceito: Simplicidade e Econômico para fabricar. Funcionamento: Quando fechado o carrinho fornece armazenamento para os pertences, já aberto, o usuário dorme sob o abrigo desdobrável. O protótipo possui um sistema de aquecimento que é carregado pelo giro das rodas ao longo do dia, as rodas também trazem um medidor para controle desta temperatura interna. Materiais: Foi utilizado um tipo de malha em torno de uma estrutura de aço tubular, coberto por um tecido impermeável.

Ano: 2014

Ano: 2014

Nome: Empurrando para o calor.

Local: Reino Unido

Arquiteta: Luísa Cangussu

Criador: Jake Austin

Louis Missouri

FICHA TÉCNICA Nome: Parklets / Banheiros Públicos

Nome: Chuveiro para pessoas.

FICHA TÉCNICA

Ano: 2006 (Concurso Designboom)

PARKLETS BANHEIROS PÚBLICOS

O fato de que existe uma parcela da população que habita a cidade e que não é contemplada pelos projetos urbanísticos dela, realça a importância de propostas urbanas direcionadas para a população de rua. É claro que o trabalho destes projetos atuam de forma indireta, são soluções meramente paliativas, que utilizam elementos de caráter provisório, desmontáveis, portáteis e efêmeros, mas se voltam para o questionamento da percepção social do problema e atuam no sentido de dar suporte aos moradores de rua ou desabrigados.

Fonte:< http://www.seangodsell.com/picnic-table-house> Acessado em: 05/04/2017

Ao escolher os correlatos, buscou-se dois tipos de propostas, o correlato La Casa e o estudo de caso do Centro Pop tem por objetivo trazer o conhecimento do funcionamento do programa e ambientes que contemplam estes locais, visto que atendem ao morador que quer sair desta situação, sendo analisado também as tecnologias e soluções empregadas no projeto, bem como o modo que a intervenção se relaciona com o entorno. Ora os demais correlatos, sendo eles o Tricycle House e o One Sqm House procurou-se apropriar-se de soluções efêmeras e móveis que pudessem ser utilizadas como uma solução paliativa, destinada aos sujeitos que não querem sair da rua, tendo como intuito conhecer qual seria o programa mínimo viável a ser utilizado nestes casos, além das respostas para as questões de conforto e funcionalidade que este tipo de abrigo oferece. Outro parâmetro sondado nas referências consistirá em examinar as soluções ofertadas voltadas ao conforto térmico, acústico e lumínico das edificações, além de estudar também os materiais utilizados, com o intuito de conhecer tecnologias novas e sustentáveis, visto que estes são de grande valia para a concepção projetual. Já nas propostas efêmeras, serão observados o modo de funcionamento, montagem e meios de transporte das propostas apresentadas. 15 | 38


Figura 41 – LA CASA

Fonte: Archdaily, 2015

Acesso Secundário

O projeto La Casa vem com uma proposta diferenciada para atender os sem-tetos de Whashington, ao invés de funcionar como um abrigo, o projeto oferece habitação permanente para abrigar os sem-teto crônicos. Com relação ao programa da edificação, os dois primeiros pavimentos se voltam mais para o uso de apoio social, onde se tem espaços comuns como a sala comunitária, escritórios e um pátio externo; neste pavimento também se concentra três unidade de moradia, que são destinas a portadores de necessidades especiais, já os outros cinco pavimentos contam com as unidades habitacionais individuais, sendo sete unidades por pavimento. Figura 42 – Vistas LA CASA

Acesso Principal

Figura 43 – Layout das unidades Sala com Dormitório

Cozinha

Figura 44 – Localização e entorno

Zona Residencial

Zona Comercial

Teatro

Área: 32m²

Instituição Estação de

Banheiro

Todas as 40 unidades de Lofts possuem sempre o mesmo la yo ut e metragem, sendo possível observar que uma área de 32m² é suficiente para abrigar estes indivíduos.

Complexo

Posicionado estrategicamente no centro de uma zona comercial em um dos lados e residencial do outro, o abrigo se localiza próximo ao metro, comércios e instituições. La Casa foi inserido em um terreno circundado por um complexo residencial de diversos padrões, reforçando a sua identidade habitacional. Figura 45 – Estudo de fachada

Acesso Serviço

Figura 47 – Vista externa La Casa

O projeto deixa uma lacuna na questão relação com a cidade, visto que por mais que a parte térrea seja toda em vidro, oferecendo o contato visual com o lado externo a conexão com a rua ainda é bastante limitada, pois não há transição do externo para o interno, mostrando que o espaço poderia estar mais integrado a cidade, se tornando mais convidativo a todos.

CORRELATOS

Comunitário

Íntimo

As unidades oferecem simplicidade funcional, visto que seus ambientes são acoplados, para garantir o conforto térmico do usuário e de certa forma a sustentabilidade da construção, o piso empregado na cozinha é de concreto aparente e o piso das áreas de sala e dormitório são de madeira (Bambu), deixando os ambientes mais confortáveis termicamente. Como foram empregados nas fachadas um tipo de painel reflexível este contribui para não reter muito calor no interior do prédio, que também é um quesito favorável quanto ao conforto. Com relação ao conforto acústico, não foram empregados nenhum tipo de material específico, no entanto, como as paredes são de alvenaria e este material já propõe boa vedação acústica, o ponto negativo é que as unidades tem grandes janelas voltadas para a rua, que podem oferecer algum tipo de desconforto devido ao barulho externo.

Serviço

Circulação

Figura 48 – Interior das unidades

Estrutura Sólida

Painel de Reflexão de Energia

Vidro

A estrutura traz janelas que vão do piso ao teto e que contemplam igualmente todas as unidade do prédio, permitindo então a entrada de iluminação natural a todos os lofts. Mesmo não tendo janelas nos dois lados, que possibilitam a ventilação cruzada, por oferecer aberturas avantajadas e que podem ser operadas em sua totalidade, as mesmas dão conta de deixar os ambientes arejados e confortáveis, visto que as unidades possuem uma metragem pequena. Figura 46 – Janelas fachada principal Outra questão importante é que toda a fachada da construção é estruturada de forma que alterna entre a estrutura sólida, painéis de reflexão de energia e vidros, diminuindo então o uso de energia elétrica e propiciando ambientes mais confortáveis aos usuários das unidades. Os materiais empregados no projeto foram escolhidos com base na simplicidade e materiais de alta durabilidade. 16 | 38


Figura 49 – Tricycle House

A Casa no Triciclo tem o objetivo de atender as necessidades fisiológicas do homem, oferecendo em seu programa um espaço para preparo de alimentos e um local para se alimentar, um lugar adequado para banho e uma área para dormir, todas estas funções podem ser levadas dentro de um espaço móvel de 10m², pois o abrigo é instalado sob um triciclo que facilita o transporte. Figura 50 – Funções Higiene Dormir Alimentação

Fonte: Architizer, 2013

Figura 56 – Tricycle House

As instalações da residência são dobráveis para melhorar o aproveitamento do espaço. A casa dispõe de uma mini pia com torneira e fogão, que ficam um ao lado do outro e podem ser recolhidos. A parte de higiene oferece uma Figura 51 – Funcionamento banheira para banho que também pode ser dobrada na parede frontal (mesma parede onde estão os equipamentos de cozinha). Já para a parte de descanso, Funcionamento do espaço de fogão e pia traz uma cama que pode virar um banco com mesa, ao ser dobrado. A Casa Triciclo oferece também em sua estrutura alguns nichos que podem ser utilizados com a função de armazenamento de objetos. Funcionamento da banheira para banho Figura 57 – Montagem do abrigo

Figura 58 – Montagem do abrigo

Figura 59 – Montagem do abrigo

CORRELATOS

O método construtivo utilizado foi o plástico polipropileno. Cada peça do material é cortada com um roteador CNC, esticada e então dobrada e soldada em forma. Após a estrutura da casa ser finalizada a mesma é fixada na base que vai posteriormente ser acoplada ao triciclo. O material plástico pode ser dobrado sem perder a resistência, e a casa pode depois ser aberta e unida a outros módulos para aumentar o seu espaço interior.

O critério de iluminação da casa móvel foi pensado já na escolha do material, visto que a mesma é feita de polipropileno dobrável que é um material translúcido e que facilita a passagem de iluminação natural, deixando o ambiente bem iluminado durante o dia. Com relação a ventilação, o protótipo apresenta duas ‘’janelas’’ que ficam na frente da casa, porém, são Figura 52 – Vista do abrigo móvel aberturas fixas e não podem ser fechadas, sendo esta uma deficiência em dias frios. Já na questão de dias quentes a porta e a parte traseira do abrigo podem ser abertos, devido ao efeito sanfona do material, oferecendo assim uma boa circulação de ventilação natural no ambiente e também de iluminação.

Figura 53 – Aberturas

Fundo de abertura efeito sanfona

Porta

Janelas

O polipropileno é considerado um bom isolante térmico, visto que o material é resistente aos raios UV. Sendo assim, o mesmo torna o interior do ambiente mais confortável termicamente ao usuário. A estrutura peca apenas pelo fato de conter janelas que não podem ser fechadas, facilitando assim a entrada de vento e chuva, que consequentemente diminuem o conforto térmico do local.

A parte acústica no protótipo deixa a desejar, pois as chapas de polipropileno são finas e não oferecem nenhum conforto acústico ao ambiente. Como a proposta principal é que a Casa Triciclo proporcione um local móvel para morar, a questão de isolamento acústico deve ser melhor avaliada, visto que o barulho externo pode incomodar o usuário.

Figura 54 – Banho

Figura 55 – Alimentação

Figura 60 – Montagem do abrigo

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Figura 61 – One Sqm House

Figura 62 – One Sqm House

Figura 63 – Transportado a One Sqm House

Fonte: Designboom, 2012

O abrigo pode ser usado de duas formas: na vertical ou na horizontal. Como a casa dispões de 1,95m de altura, a mesma é um espaço adequado para sentarse e realizar alguma atividade, deitar-se utilizando o apoio da cobertura como um sofá ou até mesmo deitar para dormir, como mostra a imagem esquemática apresentada abaixo.

Figura 65 – Montagem

Figura 64 – Funcionamento

O arquiteto tem uma idéia de versatilidade do espaço proposto, visto que este não tem um uso definido e sim a oferta de um espaço de 1m² para que o usuário usufrua do modo que preferir; como mostra a figura a seguir. Para ser um equipamento de fácil transporte a casa é equipada com quatro rodinhas que facilitam a Figura 69 – Usos locomoção. Como a casa de 1m² pesa apenas 40Kg, a mesma pode ser transportada por apenas uma pessoa. Figura 70 – Usos

CORRELATOS

Os materiais utilizados em sua construção são ripas de madeira de pinus, para a estruturação do protótipo, painéis de madeira compensada impermeabilizada, utilizadas como fechamento e chapas de acrílico de vidro utilizada na parte translúcida. É possível observar que na parte transparente, onde foi utilizado o acrílico, o material proporciona uma distorção da imagem vista de fora, oferendo assim maior sensação de privacidade. Os três materiais são ligados entre si de forma prática, visto que o arquiteto apropriou-se do conceito de DIY que significa ‘’faça você mesmo’’, onde primeiramente são parafusadas as partes de madeira, depois parafusadas as chapas na estrutura, fazendo seu fechamento e por fim é feita a fixação do acrílico na própria madeira, também com parafusos. Já em relação ao custo para sua construção o valor médio se chega próximo a 250 euros (aproximadamente R$834,00). Figura 71 – One Sqm House

O Conforto lumínico oferecido a ‘’One Sqm House’’ é avantajado se comparado ao seu tamanho. O protótipo apresenta uma de suas fachadas principais feita toda em acrílico de vidro, estas chapas são translucidas e oferecem uma ótima passagem de luz natural, deixando assim o ambiente bem iluminado. O projeto conta também com uma porta na fachada oposta e uma janela, que dependendo como o usuário utiliza o equipamento (vertical ou horizontal), a porta de entrada pode também servir como uma janela, oferecendo boas aberturas para a entrada de iluminação. Outra questão importante que foi observada é que a casa pode voltar a sua fachada para onde o usuários preferir, podendo assim controlar a incidência de iluminação natural. Figura 68 – Aberturas Figura 67– Funcionam. A parte de ventilação do ambiente é propiciada por das aberturas duas aberturas (porta e janela), que podem mudar a sua função se o equipamento for usado em pé ou deitado. Como as aberturas estão localizadas em lados opostos é possível se fazer uso de uma ventilação cruzada, deixando assim o ambiente arejado. Tendo em vista que a janela é removivél e a Janela porta com dobradiças é possivél controlar a inscidência de ventilação no ambiente abrindo e Porta fechando as mesmas. Figura 66 – Utilização do abrigo

Chapas de Acrílico de Vidro

O conforte térmico e acústico da construção sãoFigura 72 – Abrigo One Sqm House oferecidos a partir do emprego dos materiais usados no protótipo. Como a casa tem a maior parte de sua estrutura confeccionada em madeira o espaço torna-se termicamente agradável, visto que a madeira é um bom isolante térmico, já na parte onde foi utilizado o policarbonato este material também tem propriedades isolantes visto que o material passa por tratamento contra o ataque dos raios ultravioleta, tornando assim o ambiente termicamente agradável. Com relação a acústica a madeira não é um dos melhores materiais para a isolação de sons e como o abrigo tem como seu principal destino a rua, este pode ser um fator desconfortável, no entanto, como as portas e janelas são reguláveis, o espaço pode ser todo fechado, diminuindo assim um pouco da indecência de barulhos externos. 18 | 38


Figura 73 – Centro Pop Joinville

Figura 74 – Mapa de localização e entorno

Localizado no bairro Atiradores, na rua Paraíba, o Centro Pop teve o seu local escolhido por ser uma área onde a Prefeitura tinha disponível um terreno que comportava o projeto e também por se encontrar próximo da Rodoviária de Joinville, que é um ponto de passagem importante para os moradores de rua.

Acesso Secundário Varal A:6,53m²

Almoxarifado A: 6,00m²

Administrativo A: 12,00m²

Lavanderia A:11,80m²

Copa A: 9,80m²

Banho (4x) A:3,00m²

Com relação ao conforto térmico e acústico, a edificação não dispõe de Figura 75 – Fachada nenhuma tecnologia específica para esta questão, porém alguns cuidados foram tomados na implantação do imóvel. A fachada principal que contém as maiores aberturas, esta voltada para o lado leste e sul, sendo assim, recebe apenas a insolação da manhã, contribuindo para não deixar o ambiente tão quente, porém, ainda há o uso de ar condicionados para resfriar o local. Quanto a acústica, Figura 76 – Corte edificação mesmo sendo garantida apenas pela alvenaria, o barulho dos outro ambientes não atrapalham internamente, a não ser na sala multiuso, onde o fechamento é feito apenas com uma divisória.

Acesso Serviço

Refeitório A: 14,62m²

Armarios Circulação Recepção A: 27,90m²

Sala de Atendimento individual A: 9,00m²

Sala de Atendimento individual A: 9,00m²

Circulação

Sala de Assistentes Sociais A: 11,76m²

Sala Multiuso A: 27,73m²

Figura 77 – Aberturas

Sala Multiuso A: 29,36m²

Figura 78 – Iluminação

Figura 79 – Abertura

Acesso Principal Administrativo Figura 82 – Vista Banheiro

Atendimento Comunitário

Figura 83 – Recepção

Atendimento Individual

Figura 84 – Lavanderia

Área de Serviço

Circulação

Figura 85 – Área de banho Figura 86 – Área de varal

Um dos quesitos esquecidos pelo projeto em questão foi justamente a relação com a cidade, pois a edificação é toda fechada e com rampas e escadas na fachada principal que bloqueiam o acesso direto a entrada. Um espaço arborizado no terreno, que é utilizado como uma ‘’praça’’ pelos frequentadores do local também deixam a desejar, visto que a área é circundado por grades não sendo convidativo, portando a falta de conexão do local com a rua é clara. Figura 80 – Vista do pátio

ESTUDO DE CASO

FOTO 5: Vista da área coberta destinada a varal, mostrando que o local é pequeno.

Figura 81 – Vista fachada principal

Área cercada utilizada como praça. Entrada principal de difícil acesso.

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3.8 CONTRIBUIÇÕES DAS ANÁLISES DE CORRELATO E ESTUDO DE CASO

LA CASA O correlato La Casa, contribuiu para que fosse possível conhecer o programa e o funcionamento de uma proposta diferenciada, das soluções que usualmente são oferecidas a esta parcela da população. O La Casa responde a problemática de uma maneira oposta as idéias comuns para este tipo de projeto, ou seja, não se apropriou de idéias, como exemplo, os Albergues, Casas de passagem e entre outras tipologias já conhecidas. Com isso, despertou a visão de que podem ser propostas edificações com uso diferente dos abrigos temporários, que são os mais conhecidos e consequentente as respostas mais utilizadas.

Com o olhar voltado a um novo tipo de intervenção, este correlato também foi importante para que fosse possível entender o programa e o dimensionamento da edificação, colaborando então com informações úteis, para que posteriormente seja montado o programa de necessidades da proposta projetual deste trabalho. Além destas questões, esta análise também auxiliou para compreender as carências do projeto, como por exemplo, a relação com a cidade, que neste caso deixou a desejar, e mostrou assim, a importância de se pensar neste quesito no momento de se projetar uma intervenção destinada aos moradores de rua, ou seja, a necessidade de analisar como esta irá interagir com o espaço no qual foi inserido.

TRICYCLE HOUSE Este correlato foi importante para analisar a resposta oferecida para a proposta de uma ‘’casa’’ móvel. Nele foram analisadas questões como: o funcionamento, a montagem, os materiais e as questões de conforto, que são itens importantes para se ter de base, quando há a intenção de propor um abrigo temporário para o morador de rua.

Figura 87 – LA CASA

Fonte: Archdaily, 2015. Figura 88 – Tricycle House

Ao analisar o Tricycle House, foi possível perceber que é viável o uso do polipropileno em uma solução efêmera, visto que este foi um dos materiais estudados anteriormente na análise de materiais e que também foi utilizado como matéria prima principal na constituição deste protótipo. Sendo assim, através desta análise, tornou-se capaz perceber como este material se comporta, sendo utilizado na construção de um abrigo, verificando quais são suas deficiências e também suas potencialidades. Outro ponto que contribuiu ao estudar esta proposta de moradia portátil, foi conhecer o programa da edificação, que mesmo sendo de uma metragem pequena, dispõe de espaço para a realização de atividades como: dormir, alimentação e higiene.

ONE Sqm HOUSE Ao analisar o One Sqm House compreendeu-se que a arquitetura pode contribuir para criar além de grandes intervenções, também pequenos espaços confortáveis e privativos, que podem ser uma solução interessante para aqueles que não dispõem de nenhum local apropriado para dormir.

Fonte: Archtizer, 2013.

Figura 89 – One Sqm House

O que este correlato pode mostrar de melhor foi a funcionalidade que uma boa arquitetura pode propor, visto que em um espaço de 1m², o mesmo pode dispor de uma diversidade de usos, devida a sua flexibilidade resultante da forma. Estudar o One Sqm House foi importante para conhecer como uma pequena área pode ser útil se projetada de forma correta. Os materiais empregados no protótipo, mostraram que houve a preocupação com o conforto do usuário, deixando explicito que mesmo um abrigo efêmero pode oferecer conforto e praticidade a quem for utiliza-lo.

CENTRO POP Ao analisar o Centro POP, que é a opção em Joinville, foi possível compreender a contribuição do objeto arquitetônico no cotidiano do morador de rua, visto que o centro oferece serviços que fazem a diferença na vida daqueles que estão desprovidos de quase tudo.

Fonte: Designboom, 2012 Figura 90 – Centro POP Joinville

Na visita ao Centro POP e nos diagnósticos levantados no estudo de caso, houve o conhecimento dos ambientes que dão suporte ao morador de rua, sendo assim possível compreender como devem ser estas áreas e o que é primordial ter nestes espaços. Ao disponibilizar locais para banho, lavanderia, canil e salas para atendimento social, é perceptível que por mais que se tratem de locais simples, estes são essenciais na vida das pessoas em situação de rua.

Apesar de constadas algumas deficiências no projeto, em relação ao conforto e no vinculo da edificação com a cidade, houve o entendimento que os espaços que o mesmo oferece, podem contribui para o desenvolvimento do programa de necessidades da proposta final deste trabalho, além de deixar claro a importância deste local na vida dos sem-teto.

Fonte: Própria autora, 2017.

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4.1 ANÁLISE CONCEITUAL DO ESPAÇO

Ao se questionar sobre o espaço adequado para uma determinada implantação de arquitetura, é necessário pensar no local em que a intervenção será incorporada. Pois, por mais que a arquitetura aconteça de múltiplos modos, é importante que se compreenda o que seria esse lugar e quais podem ser os critérios apropriados para analisá-lo.

''[...] Em cada ritual de construção se recria o espaço, isto é, se repete analogicamente o ato da criação. Esses conceitos estão na base de qualquer intervenção no espaço, desde tempos imemoráveis. Assim, toda ocupação de ter ri tório, t oda c ons tru çã o, t oda fundação de cidade evoca aquele ato primordial, o repete, ou, mais exatamente, o atualiza. [...] Consequentemente elas transformam o lugar. (BOADA, 1991, p. 88, 89)

Quando se determina geograficamente um lugar, é possível identificar características que diferem este espaço de outros, como por exemplo, a vizinhança, estas são características do entorno e que evidenciam o lugar, deste modo, estas particularidades é que determinam a sua composição. (MARTINS, 2009).

Segundo Nesbbit (2006), ao falar sobre a teoria de lugar do arquiteto Norberg Schulz, percebe-se que todas as ocorrências têm um determinado lugar, ''na verdade, não faz o menor sentido imaginar um acontecimento sem referência a uma localização.'' (p.444). Logo, o lugar faz parte da realidade, não é apenas uma localização e sim um conjunto de objetos concretos que possuem suas particularidades e que unidas constituem uma ''qualidade ambiental''. ''[...] Portanto, um lugar é um fenómeno qualitativo "total", que não se pode reduzir a nenhuma de suas propriedades, como as relações espaciais, sem que se perca de vista sua natureza concreta. '' (p.445)

4.2 DIRETRIZES PARA A ESCOLHA DO TERRENO

Após entender a realidade do morador de rua do ponto de vista urbano, serão utilizadas algumas diretrizes para a escolha do terreno apropriado para a proposta de anteprojeto deste trabalho. Como diretriz, será feita a analise dos pontos da cidade com maior concentração de moradores de rua, a fim de definir as necessidades de localização; pensando na relação com a cidade, serão estudados os fluxos da região escolhida, bem como a infraestrutura do local e se o mesmo dispõe de equipamentos urbanos que possam dar suporte ao semteto. Não obstante, serão verificados os vazios urbanos próximos à área central, pensando na abrangência que o local poderá oferecer e garantindo o direito a cidade, visto que os moradores de rua já habitam estes espaços, e esta questão deve ser respeitada durante a escolha do local apropriado, visto que o caderno de orientações técnicas para população em situação de rua indica esta região para implantação de unidades de apoio, dado que este grupo tende a se concentrar nessas áreas. (TÉCNICAS,2011).

Em entrevista com o coordenador do Centro Pop de Joinville (Jucélio Narciza), o mesmo informou que de acordo com o mapeamento realizado por seus colaboradores, os moradores de rua concentram-se em sua maioria em cinco bairros no entorno da área central, pelo fato de facilitar o seu deslocamento e a realização das atividades do dia a dia. Os bairros em referência são os apresentados no mapa abaixo. (Figura 91 e 92)

Figura 91 - Mapeamento dos pontos da cidade de Joinville com maior concentração de moradores de rua Legenda:

Maior concentração de moradores de rua. Concentração média moradores de rua.

Figura 92 - Mapeamento dos locais utilizados nos bairros, com acúmulo de moradores de rua.

Marquise Bradesco

Praça Nereu Ramos

Praça da Bandeira

Proximidades da Catedral

Proximidades do Restaurante Popular

Mercado Municipal Parque da Cidade

Figura 94: - Sem teto dormindo no Mercado Municipal.

Estação da Memória Praça Tiradentes Figura 95: - Sem teto dormindo no Parque da Cidade.

Conforme analisado em Joinville, as regiões com maior número de moradores de rua são as regiões centrais e bairros vizinhos, portanto, conclui-se que a mancha da região para a escolha do lugar de intervenção se localiza nas mediações da área central, como mostra a Figura 96. Ao se fazer o levantamento dos equipamentos da região escolhida, é perceptível que há diversas unidades de cunho social nesta área, estas podem ofertar suporte ao morador de rua, sendo então uma diretriz importante para a escolha do terreno; em sua maioria, estão situadas no bairro Bucarein.

Figura 96 - Mapeamento dos equipamentos urbanos das regiões com condensação de moradores de rua

Baixa concentração de moradores de rua.

11 3

9

Portanto, a arquitetura sempre influencia no espaço, gerando ou não um lugar, como expõe Ching (1998):

Sendo assim, para escolher um determinado ''Lugar'' com o intuito de se fazer a implantação de um projeto, é preciso seguir diretrizes que irão conduzir a escolha do local apropriado, de acordo com as sensações e ações que se quer transmitir.

1- Restaurante Popular 2 - Serv. Acolhimento a Família 3 - Mercado Público 4 - Farmácia Escola 5 - Hospital São José 6 - Maternidade Darci Vargas 7 - Terminal Rodoviário

10

Para Tuan (1983) o conceito de lugar e espaço andam juntos, por mais que sejam diferentes, o espaço transforma-se em um lugar conforme é conhecido e atribuído valores a ele. “O espaço transforma-se em lugar à medida que adquire definição e significado” (p.151). Em vista disso, pode-se dizer que um lugar é o espaço onde se criou uma identidade. “Quando o espaço nos é inteiramente familiar, torna-se lugar”. (p.83)

''Quando situamos uma figura bidimensional em um pedaço de papel, ela influencia o formato do espaço em branco ao seu redor. De uma maneira semelhante, qualquer forma tridimensional naturalmente articula o volume de espaço circundante e gera um campo de influencia ou território que reivindica como próprio''. (p.98)

Figura 93: - Sem teto utilizando a marquise do Bradesco.

4

9 - Catedral 10 - Terminal Central 11 - P.A Psicossocial

5 6

8 7

13

12

15

1e2

14

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Neste capítulo serão apresentadas informações técnicas relevantes, para o conhecimento do terreno em questão e que serviram de orientação aos demais estudos que incidem sob a leitura do terreno indicado.

Figura 98 - Mapa de localização do terreno. Gráfico 1 - Infraestrutura do Bairro Bucarein 99% 99% 90% Pavimentação Água

TERRENO PROPOSTO Área: 2.272m²

Luz

Gráfico 2 - Uso do solo no bairro Bucarein 3,13% 2,70% 2,33% 1,57%

Legenda:

Serviço

Comercial

Industrial

4.5.1 Parâmetros Urbanísticos - Legislação

Ao avaliar o emprego da legislação local sob o terreno nomeado para a intervenção, será possível traçar diretrizes para a implantação no terreno e verificar como estas devem acontecer, conforme mostram os estudos abaixo. (Figura 99; 100) (Esq. 03;04)

Residencial

Figura 97 - Mapa de vazios urbanos na região do bairro Bucarein Rua: Ministro Calógeras

Área: 1.624m²

Figura 99 - Mapa do macrozoneamento urbano e rural de Joinville

Área: 6,720m²

Rua:São Paulo

Figura 100 - Mapa do z o n e a m e n t o urbano e rural de Joinville

Quadro 03: Usos da zona SA01 (Faixa Viária Urbana) Usos Admitidos:

Rua: Procópio Gomes Área: 4,347m²

Exquema 03 - Estudo do terreno área do embasamento Lote Confrontante

Exquema 04 - Estudo do terreno área de lâmina da torre

Rua: Urusanga

Área: 8.015m²

Rua: Dr. Plácido Olímpio de Oliv. Área: 2.272m²

1,5

50,31

Fonte: Autoria Própria, 2017

7,5

5,0

44,31

Fonte: Autoria Própria, 2017

Quadro 04: Diretrizes para implantação no terreno

Área: 12.513,5m²

Área: 650m² Legenda:

Terreno Baldio

Terreno Proposto

76º

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4.5.2 Levantamento Fotográfico - Skyline

A decomposição de imagens abaixo, revelam como são as edificações das duas vias principais para qual o terreno faz frente, mostrando os usos da vizinhança e um skyline que revela os gabaritos e escalas do entorno. Figura 101:Skyline da rua Dr. Plácido Olímpio de Oliveira

Academia

Residência

Terreno Proposto Terreno Proposto

Rua: Dr. Plácido Olímpio de Oliveira Fonte: Autoria Própria, 2017

4.5.5 Análise de Condicionantes Ambientais

O estudo de insolação com as manchas de calor e a análise das sombras geradas pelas edificações vizinhas, demonstram que as frentes do terreno serão menos aquecidas por receberem pouca incidência solar. Em relação a porção Leste, esta recebe o sol da manhã, portanto o local não é tão abafado. Em contrapartida, as faces Norte e Oeste são as mais aquecidas, pois recebem sol o dia todo. Como não há edificações com alto gabarito que possam gerar sombras ao terreno, estas fachadas deverão receber tratamento especial, pois há uma alta incidência solar no local, tornando necessário o emprego de soluções que possam controlar essa radiação e evitar o calor extremo no interior da edificação.(Figuras 110, 111 A à D) Figura 110: Estudo Legenda: N de Insolação.

Figura 102:Skyline da rua Urusanga

O Terreno Proposto

Contabilidade | Residência

Residência

Embrasp

L

Sol da manhã baixa intensidade de calor. Sol do meio dia intensidade de calor moderada. Sol da Tarde - Alto índice de calor. Sombra - Local mais fresco

Legenda:

Residência

Rua: Urusanga

Residência

Fonte: Autoria Própria, 2017

Terreno

Comércio Rio

Bloco simulando edificações vizinhas existentes próximas ao terreno.

Legenda:

Logradouros Terreno

4.5.3 Levantamento Fotográfico - Visuais do Terreno As visuais do terreno apresentadas abaixo, destacam que a área se trata de um lote de esquina, com faixas de travessia propícias em suas bordas. O terreno possui uma topografia plana, com árvores de médio porte. Quanto as frentes do lote, uma delas possui calçada apropriada e a frente voltada pra a rua Urusanga não dispõe de passeio.

Figura 103:Vista 01

Figura 105:Planta de localização com visuais para o terreno.

Visual 4

Figura 104:Vista 02

Visual 3

Rua: Dr. Plácido Olímpio de Fonte: Autoria própria, 2017

Figura 106:Vista 03

Fonte: Autoria própria, 2017

Figura 108:Vista 05

Fonte: Autoria própria, 2017

Figura107:Vista 04

Fonte: Autoria própria, 2017

Figura 109:Vista 06

Visual 1

Fonte: Autoria própria, 2017

2

Legenda:

3

Empresarial Comercial Serviço

Terreno Proposto

4.5.4 Usos do entorno e estudo sistema viário De acordo com a observação das ruas próximas ao

terreno, nota-se que o mesmo está enquadrado por duas vias de fluxo médio, gerando assim uma movimentação intermediária de pessoas no local, visto que as vias paralelas a rua Urusanga são passagens principais e que propiciam um trânsito intenso nos arredores; esta questão do fluxo de pessoas é importantes para se trabalhar a relação do morador de rua com a sociedade. É perceptível que o espaço onde o terreno esta inserido, não é agitado a ponto de se tornar inconveniente para morar na região, sendo este outro ponto positivo. Com relação aos usos do entorno é explícito que a área abrange uma grande variedade de funções, facilitando a rotina do sem teto. (Figura 113) 4 Rua: Dr. Plácido Olímpio de Oliveira 2 Av.: Procópio Gomes 5 Rua: Gastão Vidgal 3 Rua: Urusanga

Figura 111 D: Sombras de insolação ás 16:00h de Julho.

Mancha de inundação com tempo de retorno de 25 anos < 0,5 0,5 - 1 1,1 - 1,5 1,6 - 2 >2

Figura 113: Mapa de usos do entorno e estudo do sistema viário 1

Figura 111 C: Sombras de insolação ás 09:00h de Julho.

Visual 6

Legenda de ruas: 1 Rua: São Paulo

Fonte: Autoria própria, 2017

O terreno esta inserido em uma área contornada pela mancha de inundação, no entanto, nenhuma das cotas de alagamento chegam a atingir o terreno, pois não há incidências de alagamentos no local. Portanto, podese trabalhar com soluções de pequeno porte, visto que a quadra onde o terreno esta incorporado não faz parte do perímetro suscetível a alagamentos. (Figura 112)

Figura 111 B: Sombras de insolação ás ás 17:00h de Janeiro.

Bloco simulando edificação no terreno proposto.

S Figura 112: Mancha de inundação da bacia hidrográfica do Rio Cachoeira

Edifício Empresarial

Figura 111 A: Sombras de insolação ás 08:00h de Janeiro.

5 Rua: Alexandre Schlemm

Institucional Residencial

4

Saúde

Terreno Baldio

Terreno Proposto

Pontos de ônibus

Sentido da via com trânsito intenso

6

5

Sentido da via com trânsito moderado Sentido da via Com trânsito fraco

Ao observar todos os contextos que englobam a escolha de um lugar apropriado para a implantação de um projeto, foi possível verificar que cada etapa dos estudos realizados, apresentam aspectos relevantes, que incidem diretamente na escolha do local e consequentemente no resultado projetual que se espera para um determinado espaço. Ao se apropriar do conhecimento de teóricos que abordam o tema, tornou-se possível traçar diretrizes para a leitura da cidade onde estas resultaram em análises de inserção urbana, parâmetros urbanísticos e aspectos de condicionantes físicos e ambientais. As análises deste capítulo são de suma importância para se obter um entendimento global e minucioso do espaço, mostrando a relação do local com seu entorno, bem como quais são as potencialidades e deficiências que deverão ser levadas em consideração para o anteprojeto arquitetônico. 23 | 38


5. DIRETRIZES PARA O ANTEPROJETO ARQUITETÔNICO

As diretrizes projetuais são um resultado de todo o conhecimento obtido durante o desenvolvimento do trabalho em questão. Ao instruir-se de conteúdos que englobam a interpretação dos temas tais como pessoas, construção e lugar, foram passíveis de serem compreendidos diversos aspectos importantes que traçaram orientações a serem utilizadas na etapa dos estudos preliminares. Ao se conhecer o indivíduo - neste caso chamado de morador de rua - suas necessidades e os diversos perfis que o tema abrange, foi possível compreender quem realmente é o usuário deste objeto de estudo. A análise desse sujeito, por sua vez, trouxe à tona as soluções arquitetônicas hoje apresentadas a esta população e quais são suas deficiências. Com isso, se tornou viável entender os locais efetivamente habitados por essa massa e quais seriam os locais apropriados a estes cidadãos. Com base nessas informações, foram traçadas indicações que têm como intuito servir de orientação para se atingir todos os objetivos citados no início deste trabalho. Dessa forma, apresentam-se as diretrizes abaixo: Esquema 5 - Desenvolvimento de diretrizes

Diretriz 1: Conhecimento de necessidades Heterogeneidade

Lugar para trecheiros

Lugar para residentes fixos da cidade

Apresentar soluções que atendam as duas tipologias predominantes na cidade e que sejam propostas diferentes das já apresentadas com foco em resultados opostos aos obtidos pelas asserções higienistas existentes. Diretriz 2: Relação com a cidade Perceptibilidade

Procurar soluções que propiciem incorporar o morador de rua no meio urbano e social além de dar suporte ao mesmo, induzindo ao questionamento da percepção social. Diretriz 3: Vínculo com o entorno Utilização de equipamentos de apoio do entorno

Ao analisar o indivíduo ''morador de rua'', foi possível perceber que há uma diversidade de perfis, e isto resulta em diferentes tipos de apropriação do espaço, além de haver uma carência de locais adequados, que atendam as necessidades desta população. Como o objetivo principal deste trabalho é desenvolver um anteprojeto arquitetônico de um equipamento urbano, destinado aos moradores de rua da cidade de Joinville, que tem como intenção interliga-los com a infraestrutura da cidade, contemplando estes cidadãos dentro do tecido urbano; buscou-se conhecer a pluralidade de perfis e as necessidades diferenciadas para cada tipologia de morador de rua. Em decorrência de todo o estudo apresentado, a conclusão da pesquisa foi que, em virtude da heterogeneidade que há neste ‘’grupo’’, deve ser proposto uma solução mista, ou seja, um abrigo permanente e um equipamento portátil, pensando em oferecer recursos humanitários a este sujeito, que o auxilie e que não contribua com as condições desumanas em que estes se encontram.

As soluções que atualmente são oferecidas aos sem-teto, são edificações que servem de assistencialismo, porém, estas se mostram insuficientes, visto que a falta de um lar impacta diretamente na vida de qualquer pessoa. Ou seja, se não forem oferecidas intervenções que incorporem esta parcela da sociedade no meio urbano, e que ofereça a eles condições satisfatórias para retomarem a vida em sociedade, os resultados serão os mesmos obtidos até então, isto é, insatisfatórios.

Pensando nesta questão e na heterogeneidade deste público, descobriu-se que propor soluções como albergues, casas de passagem ou centros de assistência social, que são as respostas mais utilizadas nos dias de hoje para suporte ao morador de rua, talvez não seja a maneira mais assertiva de buscar retorno positivo para problemática. Portanto, com base nos estudos apresentados neste trabalho, um dos resultados projetuais que serão elaborados na próxima etapa da pesquisa, será um abrigo permanente, que estará destinado a auxiliar aqueles que querem sair das ruas.

Já com a intenção de ofertar uma solução paliativa, que de suporte ao morador de rua, e ofereça aos que não querem sair das ruas condições mais humanas para se viver, há também o propósito de desenvolver um equipamento efêmero, ou seja, um abrigo portátil que sirva como uma intervenção de amparo aos moradores de rua; com o intuito de instigar a necessidade do meio urbano acolher estes indivíduos ao invés de o repeli-lo. Sendo assim, este trabalho foi importante para buscar embasamento suficiente para elaborar questionamentos e consequentemente respostas para os estudos preliminares que serão desenvolvidos na segunda etapa deste trabalho, com a pretensão de explorar resultados coerentes com o embasamento teórico que foi apresentado e que proporcionem um novo olhar ao indivíduo morador de rua da cidade de Joinville.

Apropriação da diversidade de usos

Voltar à atenção para os equipamentos sociais já existentes no entorno e que podem servir de apoio para a proposta projetual que será oferecida.

Diretriz 4: Arquitetura Social Identidade

Estudar os diversos usos do entorno para procurar incorporar ao projeto um espaço em que o morador de rua poderá trabalhar e que também iria contribuir para a ressocialização destes indivíduos.

Buscar meios de oferecer propostas de uma arquitetura que seja útil para a sociedade, e que o individuo consiga criar uma relação de identidade com o espaço, visto que no caso de pessoas em situação de rua é essencial para que se apropriem do espaço. Diretriz 5: Flexibilidade Esta diretriz é importantes principalmente para a proposta efêmera, pois será necessário pensar em técnicas e materiais s u s c e t í v e i s a adaptabilidade e a facilidade de montagem e transporte.

Diretriz 6: Segurança Afim de ser um local de proteção a aqueles que não tem um lugar para morar, tanto o espaço fixo quanto o móvel, devem propiciar segurança ao usuário para que cumpra a sua função de abrigo.

Fonte: (Autoria Própria, 2017).

Diretriz 7: Privacidade Pensar na questão que o sujeito poça preferir ter o seu espaço privado, visto que estes cidadãos só tem o público como seu local de vivência.

Diretriz 8: Habitabilidade Com a intenção de trazer garantia a uma das necessidades básicas de qualquer ser humano, que é ter um espaço digno, habitável e que ofereça condições mais humanas para se viver, até mesmo na rua.

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7. ESTUDO PRELIMINAR 7.1 CONCEITO 7.1.2 O Senso de Urbanidade e a Fenomenologia

7.2 PARTIDO

Com base no paradigma Arquitetura Altruísta, buscou-se a inclusão de um conceito humanizador que pudesse ser uma premissa no processo de projeto.

Com a intenção de tentar oferecer espaços externos positivos e permeáveis, uma sustentabilidade social, onde estivessem integrados no mesmo espaço uma diversidade de usuários e que estes conseguissem criar uma identidade com o local, foi que se apropriou deste conceito. O mesmo presa por sensibilidade ao ambiente construído e natural existente, aliada aos recursos espaciais específicos e aos parâmetros para a diversidade de usuários e de faixas de renda, onde haja uso misto, valorização da circulação de pedestres para que a mesma possa contribuir para a conectividade espacial, legibilidade e identidade com o espaço (BARROS, 2010).

Ao entender que os espaços influenciam diretamente no comportamento dos sujeitos, a arquitetura volta o seu olhar para um enfoque fenomenológico, onde este conceito mostra que '' [...] o arquiteto cria o lugar para a existência humana abrigando as relações interpessoais em suas diversas modalidades de apropriação do espaço'' (BARROS; PINA, 2010, p. 125). Sendo assim, o conceito empregado neste trabalho será o senso de urbanidade e a fenomenologia, que busca proporcionar através do projeto a vivacidade urbana e a relação com o espaço. Este conceito está atrelado à ideia de fenomenologia pelo fato de que seu foco é trabalhar com o modo como o ser humano se manifesta no ambiente e entender como estes locais são percebidos por eles. O senso de urbanidade trabalha com algumas subcategorias para serem empregadas no projeto, que são: a sensibilidade ao ambiente construído e natural existente, a conectividade, a legibilidade, a sustentabilidade social e a Identidade com o local (BARROS; PINA, 2010).

Ao relacionar o senso de urbanidade à fenomenologia, a mesma busca conectar as experiências de habitar do indivíduo, com a arquitetura ''Não se trata de recuperar a forma exemplar de uma impossível moradia paradisíaca, mas de prestar atenção aos modos diversos do homem de estar presente no mundo e em sua casa'' (FURTADO, 2005, p.423). Como ilustra a figura 114, este conceito busca trazer a relação do indivíduo com o espaço, associando a ideia de lar de sua memória com o ambiente construído, deixando assim vívido para ele, que este local o pertence. Buscando combater a segregação social a mesma concentra-se também na articulação dos espaços externos e das funções psicológicas, juntamente com a identidade criada pelo indivíduo, entendendo como estas ações podem influenciar na integração da sociedade, por intermédio das conexões criadas no anteprojeto arquitetônico. Levando em consideração as noções de espaço defendidas pela fenomenologia da percepção, este conceito tem como intenção ocupar-se da relação corporal do indivíduo com o ambiente, podendo trabalhar também com um universo de sensações e de sentidos, nos quais a percepção é um item ativo, porém, não é exclusivo, pois junto dele a relação urbana deve ser incorporada ao projeto (ENGEL, 2009).

Visto que o conceito empregado no projeto se apropria da relação social dos indivíduos com o espaço e das experiências proporcionadas a eles através da arquitetura, a idéia é trabalhar com diversas áreas que propiciem uma integração homogênea das pessoas com no local, como mostra a figura 115, onde haverá usos que favoreçam esta relação e espaços externos convidativos para a integração, trabalhando com uma boa permeabilidade e criando uma relação da edificação com a cidade. Ao se trabalhar as experiências nos espaços, se tem a intenção de trazer novamente ao morador de rua uma sensação de proximidade com a sua idéia de lar, fazendo com que este ser humano possa buscar em sua memória a identidade com o habitar, que este havia perdido ao longo dos anos morando na rua. Para se apropriar do conceito nas áreas externas, há o intuito intensificar as experiências sensoriais do usuário, utilizando-se de estratégias de projeto para que o mesmo seja convidado a uma reflexão no espaço e ao mesmo tempo sinta-se acolhido e protegido neste recinto, que será o seu novo lar. Figura 115 – Horta orgânica cultivada por moradores em situação de rua.

Figura 114 – Casa sob o minhocão remete ao lar.

Fonte: <http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2017/04/1878300-vou-construir-de-novo-diz-morador-de-rua-que-montoucasa-sob-o-minhocao.shtml> (Acessado: 23/06/2017).

Fonte: <http://thegreenestpost.bol.uol.com.br/conheca-a-incrivel-horta-organica-cultivada-por-moradores-de-rua/> (Acessado: 23/06/2017).

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7.3 SETORIZAÇÃO

Ao começar os estudos preliminares que servirão de direcionamento para a concepção do anteprojeto arquitetônico, iniciou-se fazendo as divisões dos setores que farão parte do programa deste trabalho. Estes setores foram divididos em quatro vertentes principais, que são: a área administrativa, o setor responsável pelo apoio social, a área habitacional e o setor de trabalho. Fazendo a conexão entre estes espaços estará o setor público, que será o núcleo de encontro com a cidade. Para o equipamento portátil, definiu-se o setor de alojamento e o setor de armazenamento; que são as necessidades atendidas por este equipamento de apoio, estes poderão estar integrados, visto que servirá de abrigo temporário ao morador de rua, sendo esta uma solução paliativa que dará suporte ao indivíduo sem teto. Quadro 5 – Setores para o equipamento fixo. EQUIPAMENTO FIXO

Setores

Setor Administrativo Setor de Apoio Adm. Setor Apoio Social Setor Habitacional Setor de Trabalho Setor de Serviços Setor Público Fonte: Própria autora, 2017.

Quadro 6 – Setores para o equipamento portátil.

EQUIPAMENTO PORTÁTIL Setores

Setor Público

Setor de Alojamento Setor de Armazenamento

Fonte: Própria autora, 2017.

Setor de Apoio Social

M² 35,00 m² 10,00 m² 12,00 m² 15,00 m² 2,55m² 7,75m² 25,00 m²

FONTE Estudo de caso Estudo de caso Estudo de caso Estudo de caso Estudo de caso Estudo de projetos Dimensionamento Panero

Almoxarifado Sala de armazenamento de doações Depósito de abrigo portatil

1 Pessoa 1 Pessoa 2 Pessoas

7,00m² 12,50m² 15,00m²

Estudo de caso Estudo de projetos Correlato

Sala Assistente social

2 Pessoas

9,00m²

Dimensionamento Panero

Sala de Atendimento Coletivo

15 Pessoas

27,75m²

Estudo de caso

Sala de espera

5 Pessoas

24,00m²

Estudo de projetos

Enfermaria

Banheiros (X2)

2 Pessoas

2 Pessoas 2 Pessoas

Café

15 Pessoas

Setor Habitacional

Unidades individuais (Lofts) (x 48 unidades) Unidades individuais (Lofts PCD) (x12 unidades) Área de Convivência

Setor de Serviços

Lavanderia Coletiva Área de varal

Fonte: Própria autora, 2017.

20 Pessoas 35 Pessoas 12 Pessoas 4 Pessoas 10 Pessoas

96,000m² 250,00m² 22,00m² 55,00m²¶ 7,50m²

Estudo de projetos Estudo de projetos Medida in loco

5 Pessoas

36,00m²

Área Total Utilizada: 3.978,05m²

NBR 9050

Estudo de caso Baseada na medida do carrinho (2,50x1,40)

SETOR AMBIENTE NÚMERO DE PESSOAS M² Setor de Alojamento Área para dormir 2,15x0,914 1 Pessoa 1,96 m² Setor de Armazenamento Guardar Pertences 0,50x0,60 1 Pessoa 0,30m² Área Total Utilizada: 2,26m² Fonte: Própria autora, 2017.

FONTE Dimensionamento Panero Dimensionamento Panero

7.5 ORGANOGRAMA

Para entender como será a conexão entre os setores e qual a hierarquia de transição de um setor público para o semi privado e para o privado, foi desenvolvido um organograma, que facilitou o entendimento das relações espaciais e que também servirá de base para o estudo de plano de massas no terreno proposto (esquema 6). Foi elaborado também um organograma para o abrigo temporário, deixando clara a conexão entre os espaços (esquema 7). Esquema 6 – Organograma equipamento fixo.

NÚMERO DE PESSOAS 13 Pessoas 2 Pessoas 2 Pessoas 6 Pessoas 1 Pessoa 2 Pessoas 8 Pessoas

Sala Pscicólogo

Área de feiras Praça de convivência Horta Comunitária Estacionamento Bicicletário

PROGRAMA DE NECESSIDADES - Equipamento Portátil

PROGRAMA DE NECESSIDADES - Equipamento Fixo

Setor de Apoio Administrativo

Estudo de projetos Estudo de caso Estudo de projetos Correlato Correlato Medida in loco Estudo de caso Estudo de projetos

Quadro 8 – Programa de necessidades equipamento portátil.

Quadro 7 – Programa de necessidades equipamento fixo.

Setor Administrativo

15,00 m² 8,00m² 55,50m² 5,00m² 48,60m² 5,20m² 15,00m² 41,50m²

Fonte: Própria autora, 2017.

O programa de necessidades foi feito separadamente para o abrigo permanente e para o abrigo temporário, considerando que o equipamento fixo é o objeto arquitetônico principal, resultante deste trabalho e o equipamento portátil é uma solução de apoio provisório. No programa apresentado no Quadro 7, referente ao abrigo permanente, é possível verificar quais ambientes deverão conter no objeto arquitetônico, bem como, quais são as áreas necessárias para cada espaço, baseado-se no dimensionamento e relacionando-o com a quantidade de pessoas que utilizaram o local. Já no Quadro 8, são apresentadas as informações relevantes para o equipamento portátil. Estes programas são de suma importância para o desenvolvimento dos estudos preliminares, visto que apresentam informações relevantes para todo o anteprojeto arquitetônico.

AMBIENTE Recepção e Triagem Sala para cadastro e retirada de abrigo portatil Sala da Coordenação Sala de Funcionários (c/ copa) Banheiro Coletivo (X2) Banheiro Funcionários (X2) Sala de Reuniões

5 Pessoas 2 Pessoa 10 Pessoas 1 Pessoa 10 Pessoas 1 Pessoa 6 Pessoa 15 Pessoas

Estacionamento de carrinhos de reciclagem

7.4 PROGRAMA DE NECESSIDADES

SETOR

Setor de Trabalho

Recepção Sala de equipamentos Sala de marcenaria Depósito Ateliê de artesanato Vitrine de esposições Banheiros Área de convicência

9,00m²

15,00m² 5,20m²

SETOR PÚBLICO

SETOR SETOR DE TRABALHO PÚBLICO

Estudo de projetos

52,00m²

Estudo de projetos

1 Pessoa 1 Pessoa 20 Pessoas

32,00m² 40,00m² 48,60m²

Correlato Correlato Correlato

10 Pessoas 10 Pessoas

25,00m² 20,00m²

Estudo de caso Estudo de caso

SETOR DE APOIO ADMINISTRATIVO

SETOR SETOR DE PÚBLICO SERVIÇO

Dimensionamento Panero

Estudo de projetos

SETOR ADMINISTRATIVO PÚBLICO

SETOR DE APOIO SOCIAL

SETOR HABITACIONAL PÚBLICO Fonte: Própria autora, 2017. Esquema 7 – Organograma equipamento portátil.

SETOR SETOR DE ALOJAMENTO PÚBLICO Fonte: Própria autora, 2017.

SETOR SETOR DE ARMAZENAMENTO PÚBLICO 26| 38


7.6 DIAGNÓSTICO DO LUGAR 7.6.1 Localização Geográfica do terreno

Jlle

Esquema 8 – Localização geográfica do terreno proposto.

Terreno BUCAREIN

Fonte: Própria autora, 2017. Localização de Santa Catarina no mapa do Brasil.

Localização de Joinville no mapa de Santa Catarina.

TERRENO PROPOSTO

Localização do bairro Bucarein no mapa urbano de Joinville. Localização do Terreno no bairro Bucarein.

Ao se fazer o estudo do entorno, observa-se que o terreno está localizado dentre uma variedade de usos, o que é algo positivo, visto que há instituições próximas ao terreno, que podem servir de apoio a pessoas em situação de rua e ao mesmo tempo, esta variedade de usos também contribuem para trazer um bom fluxo de pessoas para o entorno. De acordo com os gabaritos das edificações vizinhas ao terreno, nota-se que há apenas duas edificações de grande porte, o restante se tratam de construções de pequeno e médio porte, contribuindo para uma boa visibilidade do terreno para vizinhança e garantindo uma boa iluminação e ventilação para o local. Como mostra a figura 116, é perceptível que o maior fluxo de pessoas se da pela rua Procópio Gomes, por ser uma rua principal e que possui diversos comércios, sendo assim, verificou-se que o sentido da transição de pedestres se dá por esta rua, indo sentido as vias adjacentes.

Já o fluxo de moradores de rua é mais intenso na rua Urusanga, pois a mesma liga o Mercado Municipal (que é um ponto de concentração dos moradores de rua), ao Restaurante Popular (que também é um local utilizado por eles), sendo assim, o transito destes indivíduos se da com mais freqüência por esta via. É possível analisar também, que as vistas favoráveis do terreno são as testadas que estão voltadas para a rua, visto que estas podem proporcionar uma maior relação com o entorno. Com relação a figura 117, esta mostra o sentido do fluxo de veículos e onde este acontece mais intensamente, para que seja possível analisar onde será favorável fazer o acesso de automóveis por exemplo, ou de qual sentido principal estes veículos provem. A análise da travessia de pedestres também é importante para se entender como é a apropriação destes espaços pelas pessoas, bem como se estes locais atendem a demanda ou se podem ser melhorados. Esta figura traz também a informação da localização dos pontos de embarque do transporte público, visto que este equipamento urbano é de grande importância para a circulação de pessoas e também é um ponto gerador de fluxo intenso.

Figura 116 – Diagnóstico do lugar - Terreno e entorno.

Figura 117 – Diagnóstico do lugar - Vias e transporte público.

7.6.2 Análise do entorno

Rua Procópio Gomes

Rua Doutor Plácido Olímpio de Oliveira

11 Pav.

Rua Urusanga

2 Pav.

3 Pav. 2 Pav. TERRENO PROPOSTO 13 Pav.

2 Pav.

2 Pav.

5 Pav. 1 Pav. 1 Pav.

TERRENO PROPOSTO

2 Pav.

3 Pav. 3 Pav. 2 Pav.

Servidão das Tulipeiras

Restaurante Popular

Rua Doutor Plácido Olímpio de Oliveira

Fonte: Própria autora, 2017.

LEGENDA

Fluxo Intenso de Pessoas

Fluxo Moradores de rua

Fonte: Própria autora, 2017.

Fluxo do Transporte Público

Terreno Proposto

Uso Institucional

Visuais Negativas

Uso Comercial

Uso Empresarial

Visuais Positivas

Uso Residencial

Uso de Serviço

Rua Urusanga Rua Procópio Gomes LEGENDA

Travessia de Pedestres Sentido das vias com alta intensidade de fluxo

Servidão das Tulipeiras Sentido das vias com média intensidade de fluxo Ponto de ônibus

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Para iniciar os estudos de uma proposta para um abrigo permanente no terreno escolhido, iniciou as análises com a observação do funcionamento do entorno do terreno, ou seja, de onde vinha o maior fluxo de pessoas e como estas se apropriavam do espaço. Pensando em meios para que o local pudesse ser permeável, foi que se definiu um eixo de circulação de pedestres, para que assim as edificações não

A área de Feiras foi posicionada bem na frente do terreno, para que aqueles que não queiram entrar , de qualquer forma tenham um primeiro contato com o sem teto e veja que este sujeito também pode fazer parte da sociedade.

Tendo como função ser o espaço de primeiro contato do morador de rua, a Área Administrativa está posicionada em um local que pode ser acessada por todas as partes do terreno. Assim, qualquer pessoa que venha ao espaço se sentirá recepcionada. Como o bloco fica recuado, a marquise do pavimento superior gera uma área de circulação coberta, que permite a transição do usuário de forma suave. Sua localização no centro do terreno e entre os blocos também foi pensada de forma a dar suporte a todas as áreas.

5. Diretrizes

Figura 118 – Implantação Justificada 2 Pav.

1 Pav.

Superior:Serviço

Setor Administrativo e Apoio Adm.

Setor de Trabalho

Acesso de Serviço

LEGENDA Área de horta/convivência

EIXO DE PEDESTRES

Área de bicicletário 1 Pav.

Recuo de 5,00 metros Praça de convivência

2 Pav.

Área de Feiras

Espelho d’água Uso Administrativo e apoio Administrativo Uso de Apoio Social Uso de Trabalho

Recuo 5m EIXO DE PEDESTRES

Acesso Principal Pedestres e Ciclistas

Calçada

Uso de Feiras Calçada Uso de Serviço (Superior)

2 Pav.

3 Pav. 3 Pav.

ESC:1:500

Uso Habitacional (Superior) Eixo de Circulação de Pedestres

Fonte: Própria autora, 2017.

Os setores habitacionais e de serviço que necessitam de maior privacidade, estão locados no pavimento superior da edificação. Seu acesso se dará apenas pelo bloco administrativo, facilitando o controle da segurança no local.

A Área de Horta está localizada em um ponto que pode ser visto pela comunidade e ao mesmo tempo oferece um local mais reservado. Sendo assim, os indivíduos se sentiram atraídos ao ver o espaço e não se sentirão acanhados para utilizalo. Junto a área de horta há a intenção de promover um espaço de convivência, onde a sociedade possa interagir com o morador de rua enquanto utilizam a hora comunitária.

Locado de forma que pudesse ser acessado tanto pelo acesso principal quanto pelo acesso secundário, o bicicletário fica próximo a área de horta e de estacionamento, disposto em um ponto em que pode ser visto por todos e assim ‘’cuidado’’. Por ficar próximo ao muro, não atrapalha a circulação.

A área de estacionamento e o espaço para carga e descarga, tem seu acesso pela rua Urusanga, onde o fluxo de veículos é menor. Todo o estacionamento pode ser visto pelo bloco de apoio social e pelo bloco de trabalho, o que gera uma proteção para o espaço. A rua Urusanga também liga o Mercado Municipal ao Restaurante Popular, aumentando o fluxo de moradores de rua no local, então, a área de estacionamento de carrinhos de reciclagem também foi disposta nesta área, para que o mesmo não percorra grandes distâncias para estacionar.

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8. Desenvolvimento Inicial 9. Referências

Área de estacionamento carrinhos de reciclagem Área de carga e descarga

Praça de Convivência

3 Pav.

Área de estacionamento

7. Estudo Preliminar

2 Pav. 1 Pav.

Acesso de Veículos

Carrinhos de Carga e Horta Bicicletário Reciclagem Descarga Comunitária e Setor de Convivência Apoio Área de Social Estacionamento

Superior: Habitacional O bloco de Apoio Social fica recuado, assim como toda a edificação, permitindo boa circulação de ventilação e iluminação natural. Sua localização também é estratégica, visto que fica próximo a rua com maior fluxo de sem tetos e não exige que o usuário caminhegrandes distâncias para se sentir convidado a adentrar o espaço.

6. Considerações

2 Pav.

Recuo 5m

O Setor de Trabalho se volta para a praça de convivência para que a comunidade possa ter esta interação de ver o desenvolvimento do morador de rua em sociedade. Uma parte da fachada está voltada para a rua de maior fluxo, neste espaço poderá haver uma vitrine para exposição dos trabalhos realizados pelo morador de rua.

4. Lugar

A Praça de Convivência que abrange praticamente todo o terreno, terá a função de ser o núcleo de encontro com a cidade. É nela que ocorrerá uma integração heterogênea das pessoas e este espaço influenciará diretamente na ressocialização do indivíduo morador de rua. A intenção é que as pessoas sejam chamadas a entrar e permanecer no espaço, por este motivo está voltada para a rua com o maior fluxo de pedestres.

acesso que utilizar. Houve a preocupação para que existe-se olhos em grande parte da extensão do terreno, para que todos cuidem do espaço e assim garanta uma maior sensação de segurança, mesmo mantendo alguns espaços privados, como mostra a figura 118.

3. Construção

O Eixo de Pedestres mostra que a circulação dentro do espaço se dará de forma convidativa e consequentemente trará uma vivacidade ao terreno. Este fará um circuito que mostrará ao passante todos os pontos atraentes do local e que também encurtará o seu trajeto, criando assim uma relação com a cidade.

negassem essa transição dentro do terreno e que a própria construção pudesse definir os espaços públicos, privados e semi privados. Os blocos foram então locados de forma com que a edificação fosse vista por todos os acessos do terreno, porém que não interrompe-se o fluxo de passagem de pedestres; assim, o morador de rua se sentirá acolhido, independente do

1. Introdução 2. Pessoas

7.7 PLANO DE MASSAS


8. DESENVOLVIMENTO INICIAL DO ANTEPROJETO ARQUITETÔNICO 8.1 Implantação

Com base nas análises feitas durante todo o trabalho, a implantação abaixo, (figura 119), mostra como se da apropriação do espaço no terreno, a partir do pavimento térreo. Levando em consideração as informações obtidas no estudo do entorno e das diretrizes traçadas pelo plano de massas, a forma de ocupação do terreno teve como uma das principais intenções, deixar o espaço permeável para todos, e que a disposição dos blocos, acessos e setores estivessem sempre voltados para vários pontos do terreno, para que o espaço seja sempre ‘’olhado’’, sendo então cuidado por todos. Nesta questão houve também o pensamento no usuário principal do local, que é o ‘’morador de rua’’, pois com os blocos voltados para todo o terreno, o mesmo se sentirá recepcionado independente do acesso que utilizar. Toda a edificação foi locada de forma recuada, para garantir boa ventilação e iluminação natural em todos os ambientes. Já o eixo de pedestres tem o propósito de favorecer a transição dos indivíduos, os convidando para adentrar no terreno de forma suave e assim conhecer o que acontece no espaço, facilitando então o convívio mutuo da sociedade com o sujeito que morava na rua. Como ao caminhar pela calçada as pessoas conseguem ver o outro lado da travessia, esta questão torna mais propícia o cruzamento por dentro do terreno, levando assim mais pessoas a transitarem no local. Figura 119 – Implantação com planta do pavimento térreo em escala 1:250.

Bloco do Setor de Apoio Socail Bloco do Setor de Trabalho Bloco do Setor Administrativo

Eixo de Pedestres

Rua: Plácido Olímpio de Oliveira

Fonte: Própria autora, 2017.

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8. DESENVOLVIMENTO INICIAL DO ANTEPROJETO ARQUITETÔNICO 8.1.2 Implantação com Entorno

Figura 120 – Implantação com o entorno em escala 1:500. 2 Pav. 2 Pav. 1 Pav. 2 Pav. 1 Pav.

1 Pav.

3 Pav.

De acordo com a (figura 120), a mesma mostra como se da a relação do terreno com o entorno. Trazendo os gabaritos das edificações vizinhas, para demonstrar a escala humana, a conexão dos acessos com o entorno e a relação com a rua.

Já as (figuras 121 e 122), tem a intenção de apresentar uma ideia de volumetria e principalmente um plano inicial de como se dará a ligação das frentes do terreno com a rua. A imagem mostra no canto esquerdo a área de horta suspensa, a circulação permeável pelo terreno que é proporcionada pela utilização de um piso modular, a área de feiras voltada para a rua de maior fluxo e alguns bancos que representam a ideia de equipamentos urbanos que serão desenvolvidos para o espaço; além de mostrar também um pouco da área coberta de circulação e do espaço destinado mesas do café.

2 Pav.

Com relação a volumetria da edificação, esta tem a intenção de ser um elemento de destaque em seu entorno, porém não ser um componente agressivo e sim agradável aos olhos. 2 Pav. Esc: 1:500

3 Pav.

3 Pav.

Fonte: Própria autora, 2017. Figura 121 – Estudo de volumetria e apropriação do terreno.

Figura 122 – Estudo de volumetria e apropriação do terreno.

Fonte: Própria autora, 2017.

Fonte: Própria autora, 2017.

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8.2 CORTES ESQUEMÁTICOS PARA ANÁLISE Figura 123 – Corte longitudinal de estudo da proposta.

Guarda-Corpo de vidro

Fonte: Própria autora, 2017.

As figuras 123 e 124 apresentam um corte esquemático do terreno e do entorno, que destacam como está sendo desenvolvida a edificação e consequentemente qual a relação desta com seu entorno.

Figura 124 – Corte transversal de estudo da proposta.

Visto a intenção de trazer vivacidade para o local e visibilidade do sujeito morador de rua, a edificação foi trabalhada de forma com que a sobreposição de pavimentos resultassem em pátios e marquises cobertas, deixando o espaço mais apropriado para caminhar e servindo também de abrigo de intempéries em casos de necessidade, para as pessoas que estão transitando pelo local.

Brise de vidro colorido laminado Guarda-Corpo de vidro Cobertura de acrílico

Fonte: Própria autora, 2017.

Os pavimentos acima do térreo são dedicados em sua maioria para as unidades habitacionais, que serão disponibilizadas as pessoas em situação de rua, porém, nos dois primeiros pavimentos há ainda ambientes de suporte; como área de apoio administrativo, área de serviço e espaços de convivência. Já os três p r ó x i m o s p a v im e n t o s s u p e r i o r e s , s ã o destinados apenas aos lofts individuais, sendo estes divididos em unidades PCD e unidades padrões. A intenção é desenvolver 60 unidades individuais, sendo 12 PCD e 48 unidades padrão.

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8.3 PLANTAS BAIXA DE ESTUDO A fração habitacional da proposta arquitetônica é dividida em três tipologias de layouts, que são adaptadas para o morador de rua, baseando-se no formato de lofts.

Figura 125 – Layouts.

Os layouts tem a intenção de atender tanto um morador de rua portador de necessidades especiais, quanto os que não são portadores de nenhuma deficiência, sendo assim, a Unidade Individual PCD dispõe de medidas satisfatórias para a habitação e locomoção de uma pessoa com mobilidade reduzida; já o layout individual 1 e 2, estes dispõem de áreas que atendem as necessidades de habitação do sujeito em situação de rua, sendo uma delas com uma área útil menor e outra um pouco maior, mas as duas oferecem condições adequadas para que o desabrigado possa ter um lar e assim conseguir junto ao apoio social, um meio digno de se reestruturar e se reingressar na sociedade.

Conforme mostra os layouts na figura 125, todas as unidades dispõem de um banheiro individual e uma área de cozinha, quarto e sala conjugados. O setor de serviço, como lavanderia e varal não fazem parte da área individual de cada loft, estes estão dispostos no 2º Pavimento, em uma grande área de serviço que poderá ser utilizada por todos os moradores, e assim já propiciar a convivência e integração entre os moradores do abrigo.

Fonte: Própria autora, 2017.

De acordo com a planta baixa do primeiro pavimento, esta é composta pelas unidades individuais e por uma parte do setor de apoio administrativo. Pensando no modo de projetar um espaço privativo para o desabrigado, porém que proporcione aos mesmos um contato, mesmo que visual com o ponto de encontro de pessoas no terreno, é que este pavimento possuí duas áreas de convivência. Estes espaços estão voltadas para a praça principal do terreno, onde foram pensados de forma a propiciar um ponto de encontro dos usuários do abrigo, oferecer uma visual agradável e que já deixaria visível a relação do indivíduo com a comunidade. O segundo pavimento é destinado a área habitacional e a área de serviço. A área de apoio ao morador de rua, que contempla um grande espaço de área de varal e lavanderia, será utilizado por tos os moradores do abrigo. Sua localização foi pensada de forma a ficar voltada para a fachada Norte e Oeste, que são as áreas com maior incidência solar, visto que o espaço se trata de uma área molhada. Os demais pavimentos são compostos apenas por unidades individuais, onde estas estão dispostas de forma intercala-da para favorecer a iluminação e ventilação das unidades e ao mesmo tempo trazer ao morador uma sensação de privacidade, visto que se tratam de unidades modular.

Como foi apresentado durante a pesquisa deste trabalho, Joinville tem cerca de 719 pessoas em situação de rua, deste número 75% correspondem a trecheiros, ou seja, pessoas que ficam na cidade de 3 a 90 dias. Dos 180 moradores de rua que vivem na cidade efetivamente, o intuito da proposta é atender 1/3 desta população, por este motivo o propósito é desenvolver 60 unidades individuais. Visto que há várias tipologias de desabrigados, conforme já apresentado, entende-se então que uma parcela irá utilizar o módulo portátil, outra parte será encaminhada para tratamento, em outros equipamentos que atendem o sem teto na cidade e uma parcela utilizará o abrigo permanente.

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8.4 ESTUDO DE VOLUMETRIA Fachada de vidro para iluminação natural dos corredores de circulação de acesso as unidades.

Marquise de circulação e interação de acesso aos blocos de trabalho, administrativo e social.

Módulo das u n i d a d e s individuais.

Área coberta destinada a feiras.

Área de Lavanderia: Espaço aberto para valorizar a visual do morador para a rua e usufruir da insolação da manhã vinda do leste.

Brise área de varal: Á r e a d e I n t u i t o d e d ei x a r o Área destinada a estacionamento espaço mais reservado h o r t a coberto. e diminuir a incidência comunitária. direta de sol.

O próposito da volumetria exposta nas imagens foi de unir em uma só edificação todas as diretrizes projetuais estudadas durante o trabalho, juntamente com as análises realizadas do entorno, das condicionantes ambientais e das necessidades do usuário, unindo-as há uma estrutura que também oferece-se um valor estético.

Sendo esta apenas uma proposta inicial para o desenvolvimento de um anteprojeto arquitetônico de um abrigo permanente, destinado aos moradores de rua da cidade de Joinville, a mesma já foi pensada durante a sua composição nos quesitos necessários para esta tipologia de abrigo, tendo como intenção principal ser um espaço de acolhida tanto para o morador de rua quanto para a cidade.

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8.5 ESTUDO DE PROPOSTA PARA O ABRIGO TEMPORÁRIO Com a intenção de propor um recurso humanitário, destinado a dar suporte ao morador de rua que pertence a categoria ‘’trecheiro’’, ou seja, que está na cidade de passagem, além de auxiliar aqueles que ainda não conseguiriam um acesso a um abrigo permanente, foi que se pensou em apresentar uma proposta de um abrigo efêmero. Este deverá servir de amparo para o descanso da pessoa em situação de rua, visto a carência encontrada por eles por locais apropriados para o pernoite.

Figura 127 – Sustentação e fechamento do abrigo.

Sistema estrutural de sustenação

8.5.1 Maquete volumétrica para estudo

Para testar o funcionamento da proposta, foi desenvolvida uma maquete volumétrica de papel, apenas para verificar como o conjunto iria se comportar. A maquete foi feita em escala 1:10 com as medidas do abrigo sendo: 2,15m de comprimento, 1,30m de largura e 1,30m de altura, conforme mostra a figura 129.

Figura 129 – Estudo a partir da maquete volumétrica em escala 1:10. Vista lateral e frontal do abrigo, mostrando as aberturas fechadas.

Com o desejo de dispor de um abrigo portátil, que fosse flexível e de fácil transporte, estudou-se diversas formas, tamanhos e materiais para serem empregados na proposta; até que se chegou a ideia de compor o abrigo em um formato sanfonado, assim o mesmo poderia ser aberto quando o sem teto fosse utiliza-lo e posteriormente fechado para o transporte. Para que este sistema sanfonado se tornas-se usual, a intenção é utilizar como material principal da estrutura do abrigo as chapas de polipropileno, visto que este é um material dobrável e com boa resistência.

Abrigo sendo fechado.

Pensando nestas questões é que se apresenta o projeto abaixo:

Figura 126 – Croqui esquemático do abrigo temporário.

Vista frontal do abrigo, mostrando aberturas e um boneco de 1,75m na escala 1:10, simulando o morador de rua no interior do abrigo temporário.

Fonte: Própria autora, 2017.

Para que o abrigo pudesse ser transportado, é que o mesmo tem toda a sua estrutura de fechamento em formato sanfonado. As paredes e coberturas serão sustentadas a partir de um sistema estrutural em formato de L com uma trava transversal. Para o fechamento, esta trava seria retirada e o L se dobraria, deitando assim toda a estrutura. (Figura 127)

Figura 128 – Transporte do abrigo temporário.

Vista posterior.

Vista do abrigo sendo fechado.

Fonte: Própria autora, 2017.

Ao se pensar no sistema sanfonado, a ideia foi que a base comporta-se confortavelmente uma pessoa deitada e a altura abriga-se uma pessoa sentada. A proposta é que este espaço seja coberto por algo que pude-se depois ser fechado e transportado, sendo assim, este formato permite esta flexibilidade, além de favorecer a entrada de iluminação e ventilação através das aberturas. (Figura 126)

Vista lateral.

Abrigo fechado pronto para o transporte.

Fonte: Própria autora, 2017.

Já para o transporte, a intenção é que após o abrigo ser fechado, a estrutura seja dobrado em várias camadas e presa com um sistema de não permita a sua abertura. Este mesmo sistema servirá de alça, para que o morador de rua possa carreguar o abrigo consigo. (Figura 128)

Fonte: Própria autora, 2017.

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8.6

MEMORIAL JUSTIFICATIVO

O anteprojeto arquitetônico deste trabalho sucedeu-se de uma proposta para um abrigo permanente e um abrigo temporário, destinos aos moradores de rua da cidade de Joinville. Para a implantação do anteprojeto do abrigo permanente, utilizou-se de um terreno de 2.272m², localizado no bairro Bucarein. Já o abrigo portátil, este se trata de uma proposta efêmera, sendo assim, o mesmo será incorporado no meio urbano da cidade.

Para a concepção das duas propostas, apropriou-se de conceitos humanitários que serviram como premissa para o processo de projeto, bem como o conhecimento das necessidades do morador de rua e a sua dificuldade de reintegração no corpo social.

O senso de urbanidade e a fenomenologia que foi o conceito utilizado neste trabalho, trouxe itens a serem prezados no projeto, sendo eles: a relação social do indivíduo com o espaço, a vivacidade do lugar, buscando uma integração homogenia e promovendo um local permeável e ativo, e principalmente aflorar a recordação de lar para o morador, ofertando ao mesmo um espaço de recomeço, onde este possa ter segurança. Para o abrigo portátil, a intenção é disponibilizar as pessoas que estão em situação de rua temporariamente, que não permaneceram na cidade ou até mesmo os que aguardam uma vaga em um abrigo permanente, condições mais humanas para se viver.

Levando em consideração que este indivíduo habita a cidade, porém não é contemplado pelos projetos urbanísticos da mesma é que a proposta do abrigo portátil tem o intuito de ser uma solução paliativa, que utiliza-se de elementos de caráter provisório, porém que tem como propósito dar suporte aos desabrigados e ao mesmo tempo desencadear uma maior percepção social do problema. Durante o processo de desenvolvimento do anteprojeto do abrigo permanente, iniciou-se dividindo os setores que este iria contemplar, sendo eles, a área de trabalho, a área administrativa, o setor de apoio social e o espaço habitacional. Todos estes locais estão interligados por espaços públicos, que tem o objetivo de ser o núcleo de encontro com a cidade. Para se apropriar do espaço externo, foi definido um eixo de pedestres que irá valorizar os trabalhos artesanais, produzidos pelos moradores de rua no abrigo, e favorecer a integração dos indivíduos, através do uso da horta comunitária pela comunidade, junto a pessoa que estava em situação de rua.

Já no espaço habitacional, destinado aos moradores de rua, este foi desenvolvido a partir de habitações individuais, baseadas no conceito de loft, em formato modular. As mesmas oferecem três tipologias, sendo uma delas destina a pessoas com mobilidade reduzida.

A escolha por uma solução que abriga-se permanentemente o morador de rua, se deu ao fato de que há uma diversidade de perfis que fazem parte desta classe, e estes dispõem de necessidades diferenciadas. Portanto, pensou-se em oferecer uma estratégia de apoio diferente das usualmente apresentadas, visto que se a pessoa permanece em situação de rua por um longo período, é provável que apareçam novos problemas e estes custos sociais podem ser diminuídos se o desabrigado tiver um lar. Sendo assim, a idéia principal de toda a proposta foi ofertar ao desabrigado novas possibilidades, tanto de abrigo quanto de reinserção social; propiciando assim a apropriação do espaço por toda a comunidade, além da pessoa em situação de rua, ocasionando direta e indiretamente a integração do sujeito com a sociedade.

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9.2 Artigos, Legislação, matérias em jornais e periódicos:

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8. Desenvolvimento Inicial 9. Referências

TUAN, Yi-fu. Espaço e lugar: a perspectiva da experiência. São Paulo: Difel, 1983, p.83-151.

7. Estudo Preliminar

PANERO, Julius. Dimensionamento Humano Para Espaços Interiores. México: Ediciones G. Gili, S.a. de C.v., 1979. 320 p. Disponível em: <https://arqlemus.files.wordpress.com/2014/04/las-dimensiones-humanas.pdf>. Acesso em: 19 jun. 2017.

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6. Considerações

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5. Diretrizes

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4. Lugar

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3. Construção

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1. Introdução 2. Pessoas

9. REFERÊNCIAS 9.1 Bibliografias:


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8. Desenvolvimento Inicial 9. Referências

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7. Estudo Preliminar

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6. Considerações

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5. Diretrizes

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4. Lugar

ESQUINCA, Michelle Marie Méndez. Os deslocamentos territoriais dos adultos moradores de rua nos bairros Sé e República. 2013. 236 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Arquitetura e Urbanismo, Fausp, São Paulo, 2013. Cap. 2, p. 68-68.

3. Construção

DIEGO ANTONELLI (Curitiba). Jornal Gazeta do Povo. A difícil decisão de viver nas ruas: Pesquisa revela que conflitos familiares, desemprego e fracasso escolar estão entre as causas que levam as pessoas a morar ao relento. 2012. Disponível em: <http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/a-dificil-decisao-de-vivernas-ruas-2ripfb51stwieu3zsipn88lla>. Acesso em: 10 mar. 2017. Acesso em: 21 mar. 2017.

1. Introdução 2. Pessoas

9.2 Artigos, Legislação, matérias em jornais e periódicos:


1. Introdução 2. Pessoas

9.3 Publicações em suporte eletrônico: GRIECO, Lauren. Van bo le mentzel: uma casa de metros quadrados. 2012. Disponível em: <http://www.designboom.com/architecture/van-bo-le-mentzel-one-sqm-house/>. Acesso em: 13 abr. 2017.

3. Construção

JOINVILLE. Ibge (instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Prefeitura Municipal de Joinville. Programa Cidades Sustentáveis: População em situação de rua - Joinville, SC. 2015/2016. Disponível em: <http://20132016.indicadores.cidadessustentaveis.org.br/br/SC/joinville/populacao-em-situacao-de-rua>. Acesso em: 02 mar. 2017.

4. Lugar

MARSIGLIA, Ivan. Vida e morte na rua: Eliminar albergues e cracolândias não garante a segurança pública nem os direitos dos desabrigados. Entrevista com Daniel De Lucca Reis Costa. O Estadão. São Paulo, p. 1-1. 12 jul. 2009. Disponível em: <http://alias.estadao.com.br/noticias/geral,vida-e-morte-na-rua,401646>. Acesso em: 17 mar. 2017.

5. Diretrizes

MONTEIRO, Sandra. Papelão é alternativa rápida e limpa na construção civil. Agência Usp de Notícias. São Paulo, p. 1-1. 23 dez. 2010. Disponível em: <http://www.usp.br/agen/?p=45272>. Acesso em: 28 mar. 2017.

6. Considerações

PUGLIESI, Nataly. Sistema construtivo Concreto PVC: vantagens e desvantagens: Solução promete reduzir tempo de construção em três vezes e diminuir a geração de resíduos. Porém, é pouco difundida e o preço superior ao da alvenaria estrutural. Entrevista com Giovani Luiz Mandel. 2016. Disponível em: < h t t p s : / / w w w. a e c w e b . c o m . b r / c o n t / m / r e v / s i s t e m a - c o n s t r u t i v o - c o n c r e t o - p v c - v a n t a g e n s - e desvantagens_11162_0_1>. Acesso em: 19 mar. 2017.

7. Estudo Preliminar

SCHOR, Silvia Maria. É utopia pretender impedir que surjam moradores de rua. O Estadão. São Paulo, p. 1-1. 01 jun. 2010. Disponível em: <http://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,e-utopia-pretender-impedir-quesurjam-moradores-de-rua-imp-,559677>. Acesso em: 13 maio 2017. TAGLIANI, Simone. A quem pertence a cidade? Uma reflexão sobre a arquitetura hostil e o espaço público. 2017. Disponível em: <http://blogdaarquitetura.com/a-quem-pertence-a-cidade-uma-reflexao-sobre-aarquitetura-hostil-e-o-espaco-publico/>. Acesso em: 16 mar. 2017.

8. Desenvolvimento Inicial 9. Referências

TERRA: Você repórter: chuva desabriga 60 em Joinville. São Paulo, 16 dez. 2008. Disponível em: <http://noticias.terra.com.br/brasil/fotos/0,,OI80004-EI306,00vc+reporter+chuva+desabriga+em+Joinville.html>. Acesso em: 07 mar. 2017. UFSC, Redação (Ed.). Estudantes elaboram protótipos de abrigos temporários individuais para moradores de rua. 2016. Disponível em: <http://joinville.ufsc.br/2016/07/14/estudantes-elaboram-prototiposde-abrigos-temporarios-individuais-para-moradores-de-rua/>. Acesso em: 09 mar. 2017.

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