Diálogo Metropolitano
RIO DE JANEIRO
Entrevista exclusiva com o vereador Marcelo Queiroz PAG 8
» QUINTA-FEIRA, 14 DE MARÇO DE 2013 | ANO 1 | NÚMERO 2 | ALPHA PRIME: 50 ANOS DE JORNALISMO
Nas áreas de risco, ao soar da sirene, um alerta para salvar vidas A Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro, através da Secretaria de Saúde e Defesa Civil, realiza mensalmente exercícios simulados de desocupação em comunidades que são consideradas áreas de risco durante as fortes chuvas que assolam a cidade. Ao todo, 103 comunidades recebem o treinamento, que tem como objetivo educar e orientar a população para agir com segurança em eventuais tempestades. Representantes das famílias que vivem na região são convocados para participar e aprender como proceder em situações de risco. PAG 2
ECONOMIA
ESPORTES
Carga tributária chega a 37,27% do PIB em 2012 O atual cenário econômico brasileiro não é dos mais animadores: o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2012 não passou de 1% (ficou em 0,9%) e o país continua com uma das maiores cargas tributárias do mundo (36,27% do Produto Interno Bruto – PIB). No entanto, com algumas medidas de estímulos por parte do governo, é possível reverter o quadro. PAG 3
Quase pronto Segundo o cronograma da Copa das Confederações, o Maracanã estará disponível a partir do dia 27 de abril. No total, serão organizados dois eventos fechados e um grande evento para o público como parte da preparação. PÁGINA 6
NOSSOS COLUNISTAS
BRASIL E MUNDO
Região portuária do Rio será revitalizada até 2016 A Região Portuária do Rio de Janeiro irá passar por grandes mudanças até 2016. Impulsionada, principalmente, pelos grandes eventos que irá sediar nos próximos anos, a cidade maravilhosa está investindo em desenvolvimento e qualidade de vida. Uma das áreas que terá investimentos maciços é a Região Portuária, localizada na área central da cidade, que será beneficiada pelo projeto conhecido popularmente como Porto Maravilha – Operação Urbana Consorciada da Área de Especial Interesse Urbanístico da Região Portuária do Rio de Janeiro. PAG 4
CULTURA
O drama das 24 horas: administrando o tempo
Os riscos da impunidade: aí que mora o perigo
DÉBORAH FONSECA PAG 2
JOSÉ CARLOS BLAT PAG 3
Os submarinos e as fontes de energia renovável
Estreia: Liliane Ventura entrevista Helô Pinheiro
DANIELLE M. THAME PAG 3
LILIANE VENTURA PAG 4
Volta ao reino de Oz: falta o prazer da cumplicidade
Messi não pode salvar o time em todos os jogos
HAMILTON ROSA JÚNIOR PAG 5
JOSÉ CARLOS CICARELLI PAG 6
Saúde: AIDS estamos mais próximos da cura?
Secretaria de Prevenção à Dependência Química
DRA. LÍVIA MARIA GENNARI PAG 7
REINALDO COSTA PAG 8
Teatro: Bonifácio Bilhões traz dinheiro, amizade e risadas Pode tirar a velha e boa calça boca de sino do armário, um dos maiores sucessos de 2013 nos teatros cariocas é a peça Bonifácio Bilhões. Escrito na década de 70 pelo dramaturgo João Bethencourt, o espetáculo mexe com um sonho de quase todos os brasileiros: o de ganhar na loteria. “Se eu ganhar, te dou metade do prêmio!” Foi isso o que disse o dublê de socialista e economista Walter Antunes (vivido por José de Abreu) ao amigo vendedor de goiabada Bonifácio Brilhante (Tadeu Melo). Walter acaba, por sorte, ou não, ganhando o prêmio, o que traz à tona a promessa de dividir o dinheiro com o amigo. PAG 5
SAÚDE
Tuberculose: número de casos diminui a cada ano No dia 24 de março será celebrado o Dia Mundial de Combate à Tuberculose, instituído em 1982 pela OMS (Organização Mundial de Saúde) e pela União Internacional Contra Tuberculose e Doenças Pulmonares. PAG 7
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RIO DE JANEIRO
CIDADES
Nas áreas de risco, um alerta para salvar vidas A Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro, através da Secretaria de Saúde e Defesa Civil, realiza mensalmente exercícios simulados de desocupação em comunidades que são consideradas áreas de risco durante as fortes chuvas que assolam a cidade. Ao todo, 103 comunidades recebem o treinamento, que tem como objetivo educar e orientar a população para agir com segurança em eventuais tempestades. Representantes das famílias que vivem na região são convocados para participar e aprender como proceder em situações de risco. “Primeiro, nós capacitamos as pessoas a terem uma percepção do risco, terem ciência de que moram em uma área de risco” afirma o Coronel Márcio Motta, subsecretário de Defesa Civil do Rio de Janeiro. Em seguida, um membro de cada família que reside na região é escolhido para participar do exercício, agendado previamente. Agentes comunitários, técnicos da Defesa Civil e voluntários ministram o exercício simulado à população das comunidades onde o Sistema de Alerta e Alarme para chuvas fortes já está implantado. O sistema conta com sirenes localizadas nas áreas de maior risco - previamente mapeadas pelo Instituto de Geotécnica do Rio de Janeiro (Geo-Rio) - que são acionadas quando
Moradores do Borel recebem as orientações
há riscos de tempestades, enchentes ou deslizamentos de encostas. Ao soar da sirene, que emite um som altíssimo, a população deve agir e colocar em prática os ensinamentos aprendidos no treinamento. A pessoa, devidamente treinada, auxilia seus familiares e vizinhos próximos a evacuarem suas residências e se dirigirem aos locais seguros da comunidade, designados pela Prefeitura e Defesa Civil. “São chamados pontos de apoio, áreas seguras que foram criadas com a ajuda da comunidade, onde os moradores podem ficar até que a tempestade acabe”, afirma Robson Maciel, gerente do Centro Municipal de Saúde Carlos Figueiredo Filho, localizado em Borel.
Antes de se deslocarem para os pontos de apoio, os moradores precisam ser alertados a tomarem algumas ações que seriam facilmente esquecidas mediante momento de desespero. Eles são lembrados de levarem juntos de si documentos pessoais, cartões, dinheiro e alimentos rápidos como biscoito e água. “Se a pessoa toma remédio controlado, deve levar também, além de desligar a luz, fechar o gás e a casa” diz o Coronel Márcio Motta. Instalada nos pontos de apoio, a população recebe suporte por parte da Defesa Civil e aguarda o fim da tempestade em segurança. “Quando eles ficam aqui, estão seguros. Após o perigo passar, nós os encaminhamos de volta para suas
REFLEXÕES Déborah Fonseca | Jornalista O drama das 24 horas
O desafio de administrar o tempo e ainda desfrutar das emoções que permeiam o cotidiano. Generalizar é sempre um risco, reconheço. Contudo, não posso negar que sempre cultivei um certo preconceito com o gênero de autoajuda e seus descendentes. Penso que a vida seria fácil se pudéssemos ser mais felizes, saudáveis ou prósperos seguindo um apanhado de regras. Por isso, desconfiei quando me deparei com um dos novos best seller do momento, cujo mote é ensinar a aproveitar melhor seus dias, sem correria e ansiedade. O objetivo é identificar por onde o precioso tempo está se esvaindo, encontrar soluções, encarar mu-
danças e alcançar o nirvana, que é dispor de tempo para fazer tarefas que julga importantes, mas que ficam para depois por pura falta de tempo! Bem, ao fazer uma lista das tarefas diárias proposta pela autora num dos capítulos, percebi que passo diariamente cerca de 70 minutos dentro do metrô, um meio de transporte que me ajuda a driblar o trânsito infernal de São Paulo e a ganhar tempo! Nesse período, me distraio observando as pessoas. Adoro reparar o estilo, o comportamento, a diversidade. Mas poderia aproveitar o trajeto para tarefas mais tangíveis. Contudo, perderia esse tempo de observação, que julgo precioso. Sigo a lista procurando alternativas e, de repente, percebo que eu e pro-
vavelmente a grande maioria das mulheres (só tenho propriedade para falar por nós) somos capazes, sim, de fazer o tempo multiplicar. Filhos, casa, marido, trabalho, família, amigos, compras, cabelo, unha, maquiagem. Estava tudo na lista diária. Ok, admito, stress e ansiedade assombram meus dias, e tarefas menos urgentes também são adiadas. Mas o que seria deles se optasse sempre pela praticidade, tudo racional e organizado. Acredito que perderia pequenos detalhes, contatos e emoções. Então, desculpem, voltei à livraria e optei por um clássico da literatura, escolhendo usar o meu tempo com o que, acredito, realmente faz diferença.
casas”, afirma Maria Helena Lopes, voluntária do CIEP (Centro Integrado de Educação Pública). Morro do Borel No dia 02 de março, os moradores da comunidade do Borel, localizada na Tijuca, participaram do exercício simulado de desocupação realizado pela Defesa Civil na região. Técnicos da Defesa Civil, Assistentes Sociais, Agentes Comunitários e voluntários demonstraram como a população deve agir e se locomover para um ponto de apoio quando as áreas onde moram apresentarem riscos iminentes. O Morro do Borel foi o primeiro a receber o serviço do Sistema de Alerta e Alarme e hoje conta com seis pontos de apoio disponíveis para moradores de cerca de 900 casas localizadas em áreas de risco. “As pessoas podem ir para o ponto de apoio ou para casas de amigos e parentes que moram em áreas seguras na comunidade ou em qualquer outro local”, afirma o Coronel Márcio Motta. A sirene foi acionada “de verdade” por duas vezes na Comunidade do Borel, em 2011 e em janeiro deste ano. Na ocasião, tiveram deslizamentos e desabamentos na região, mas nenhuma pessoa se feriu. “A estratégia da sirene está funcionando, as pessoas ficam atentas e não conseguem dormir com um barulho como esse, quando a chuva é de madruga-
da”, afirma Motta. “O poder de reação é sempre muito maior quando as pessoas estão acordadas”, completa. De acordo com o Coronel, a importância do exercício simulado é muito grande, pois é uma estratégia nova no país e na cidade do Rio de Janeiro, onde a cultura de prevenção ainda está longe do sistema de países de primeiro mundo como o Japão. “É fundamental testar e praticar para que a população entenda bem os procedimentos que devem ser feitos no dia em que a sirene tocar”, diz. Para Luis Antônio Silva dos Santos, morador do Morro do Borel, a comunidade precisa saber o que fazer e se conscientizar que sair da área de risco é vital. “Tem muita gente que ainda mora em área de risco e não sai de lá”, afirma Luis. “Ao ouvir a sirene é bom que eles já fiquem inteirados e saiam de casa, porque a vida vem em primeiro lugar”, completa. Um integrante de cada família que mora em áreas de risco na Comunidade do Borel participou do exercício simulado e recebeu uma camiseta e orientações para futuras emergências. “Esse membro passa a ser responsável pelas orientações dentro de casa e até aos vizinhos mais próximos”, diz Robson Maciel. Maria Helena Lopes é voluntária do CIEP (Centro Integrado de Educação Pública) e líder na comunidade, onde mora há 43 anos. Quando a Defesa Civil entra em contato com ela, alertando sobre o risco de chuva forte nas próximas horas, Maria começa a conscientizar as pessoas para ir aos pontos de apoio. “Tenho a
chave da escola Dr. Antoine Magarinos e abro o portão para abrigar e apoiar os moradores”, diz Maria. Disciplina Escolar Enxergando as crianças da Comunidade do Borel como agentes multiplicadores de informações para suas famílias, a Defesa Civil entrou em contato com o CIEP para que juntas passassem informações às crianças através de exercícios simulados, realizados na escola Dr. Antoine Magarinos Torres Filho. Chamadas de agentes jovens, as crianças são peças fundamentais, que podem ajudar a salvar vidas com o conhecimento adquirido. “Foi feito um trabalho para mostrar a essas crianças que, no momento em que começa a chover, a sirene é acionada e eles têm que sair de suas casas e procurar as pessoas que necessitam de ajuda para chegarem ao ponto de apoio”, afirma Lenita Vilela, diretora do CIEP. Após o treinamento ser realizado nos anos de 2011 e 2012, em 2013 tornou-se um projeto que irá entrar no Programa Pedagógico, onde as turmas do quinto ano do Ensino Fundamental terão o conteúdo como parte da disciplina. “As crianças são agentes mirins comunitários”, diz Lenita. “Elas estão bastante empolgadas e se sentem importantes. Quando uma criança se sente importante e valorizada, ela faz tudo com muita alegria”, completa. “A gente ajuda as pessoas a saírem de casa e não esquecer o documento, nem identidade, nem remédio” afirma o agente jovem Daniel dos Santos. “Foi tranquilo aprender, porque eu fiz na escola”, finaliza.
Coronel Márcio Mota e Robson Maciel
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Diretora Mônika Santos Ferreira Diretora de Redação Déborah Fonseca Jornalista Responsável Editor Chefe Jônatas Mesquita | MTb 63370 jonatas@dialogometropolitano.com.br Redação Jonas Gonçalves Raul Ramos Pâmela Mendes contato@dialogometropolitano.com.br Revisão Bianca Montagnana Diagramação Roberta Furukawa Bartholomeu
colunistas Déborah Fonseca, José Carlos Blat, Thell de Castro, Hamilton Rosa Jr., José Carlos Cicarelli, Lívia Gennari e Reinaldo Costa Projeto gráfico e editorial News Prime Comunicação & Web www.newsprime.com.br contato@newsprime.com.br Redação Avenida das Américas, 3.500 Bloco 05 | Sala 313 Rio de Janeiro | RJ Impressão Gráfica Lance REDES SOCIAIS Twitter - twitter.com/dialogometro Facebook - migre.me/drPtc
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ECONOMIA
O fardo brasileiro: carga tributária chega a 36,27% do PIB JONAS GONÇALVES
Alberto Borges Matias
O atual cenário econômico brasileiro não é dos mais animadores: o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2012 não passou de 1% (ficou em 0,9%) e o país continua com uma das maiores cargas tributárias do mundo (36,27% do Produto Interno Bruto – PIB). No entanto, com algumas medidas de estímulos por parte do governo, como foi o caso da isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para a aquisição de veículos promovida no ano passado, é possível reverter o quadro. É o que defende o economista Alberto Borges Matias. Para ele, as causas para a elevada carga tributária brasileira são a alta taxa de juros e o volume expressivo de despesas do Governo Federal. Entretanto, Matias chama a atenção para o fato de que o sistema de arrecadação vem se aperfeiçoando, o que deve gerar benefícios para a população.
“Com o crescimento da economia, é normal haver um aumento da arrecadação de impostos. Ao mesmo tempo, com o avanço das notas fiscais eletrônicas e por meio de um controle mais efetivo em todas as esferas, é possível fazer com que todos paguem os tributos, o que é o justo. No entanto, é necessário que, com uma arrecadação maior, haja uma contrapartida por parte do governo no oferecimento de melhores serviços em setores como a saúde e a educação. Isso já vem ocorrendo, pois comparando o Brasil com países que têm carga tributária similar, a prestação de serviços é melhor no geral”, analisa o economista. A queda na taxa de juros é um dos estímulos à economia mais reivindicados e vem sendo realizada de forma gradativa. Mas, o economista cita que o Governo Federal também já direcionou esforços em várias direções ao reduzir a carga tributária em segmentos estratégicos, além dos automóveis, como é o caso da compra de eletrodomésticos da chamada “linha branca”, das folhas de pagamentos das empresas e da energia elétrica. Como sugestão para aprofundar esse processo de ajustes tributários, que ensejam a tão desejada reforma, Matias sugere mais mudanças pontuais. “Ainda
temos muitos impostos individualizados. Alguns poderiam ser extintos ou agrupados, e alíquotas poderiam ser reduzidas”, ressalta. Com relação à taxa básica de juros (Selic), o fraco desempenho da economia, representado pelo baixo crescimento do PIB, fez com que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central a mantivesse em 7,25% ao ano. A inflação preocupa pela alta verificada nos preços de alimentos e de prestação de serviços. Porém, o setor produtivo, capitaneado por entidades como a Confederação Nacional da Indústria (CNI), defende que o combate à inflação seja feito por outras medidas que não o aumento nos juros, citando como alternativa a redução nos gastos públicos. “O uso da política monetária como único instrumento de combate à inflação coloca em sério risco a retomada da atividade econômica em curso”, alertou a entidade ao analisar a manutenção da Selic.
cada, em que a carga de impostos subiu 3,63%. “Nem mesmo as desonerações e o fraco desempenho do PIB conseguiram diminuir a carga tributária brasileira”, afirmou o coordenador de estudos do IBPT, Gilberto Luiz do Amaral, em nota divulgada pela instituição. A arrecadação total atingiu R$ 1,59 trilhão no ano passado, ante R$ 1,49 tri-
lhão em 2011. Os tributos federais são responsáveis pela maior parte (69,96%). Complementam a receita os impostos estaduais (24,71%) e os municipais (5,33%). No ranking dos maiores arrecadadores figuram, pela ordem, o INSS, o ICMS, a Cofins e o Imposto de Renda. Outra informação relevante que atesta a dimensão do fardo carregado pelos
brasileiros é fornecida pelo Impostômetro, instrumento utilizado pela Associação Comercial de São Paulo para mostrar o volume anual da arrecadação de impostos no país. Nos últimos cinco anos, o total ultrapassou R$ 1 trilhão. Em 2013, o primeiro trimestre ainda nem terminou e mais de R$ 313 bilhões já foram pagos, sinal de que ainda há muito a ser feito.
Dados Um estudo divulgado pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) aponta que a carga tributária brasileira subiu 0,25% de 2011 para 2012 (36,02% para 36,27%). Os dados mantêm a tendência apresentada na última dé-
PAPO SÉRIO
ECONOMIA VERDE
José Carlos Blat | Promotor de Justiça Os riscos da impunidade
Danielle Mendes Thame | Advogada Submarinos deveriam ter fonte renovável de energia
Nesta semana, quero abordar os riscos da impunidade no Brasil. Todos os dias nos noticiários vemos uma verdadeira enxurrada de crimes e de criminosos expostos perante as autoridades policiais. Muito se fala em cadeia, prisão e condenação, mas só no momento em que as coisas estão fervendo, logo após as práticas criminosas. É aí que mora o perigo, pois depois de algum tempo já esquecemos o que assistimos, até porque somos bombardeados com mais crimes e criminosos. Pois bem, o que caiu no esquecimento público começa a ser objeto de julgamento pelo poder ju-
diciário, e o emaranhado de leis e de recursos benéficos aos criminosos acabam deixando a sensação verdadeira de impunidade. Como promotor de Justiça criminal, assisto todos os dias ao que acontece com aqueles que são condenados por crimes de toda a espécie, desde os mais leves até os mais graves. E a sensação é a mesma em todos os julgamentos, pois os réus já sabem quanto tempo vão cumprir pena na cadeia e quanto tempo vão ser colocados em regimes prisionais mais benéficos, e pouco se importam com o tamanho das condenações nas sentenças, porque os benefícios são tantos que a pena de prisão fica, literalmente, apenas no papel.
E que não se diga que a justiça criminal não funciona, funciona sim. A lei de execuções penais é que precisa ser reformulada, de forma que dê a efetividade da prisão, ou seja, se o indivíduo é condenado por um crime grave a cinco anos de cadeia, que cumpra os cinco anos na cadeia e não um sexto, um terço da pena ou coisa que o valha e seja colocado em um regime mais benéfico, saindo – literalmente - nas ruas como um cidadão de bem. Quem assistiu ao julgamento de Gil Rugai teve essa sensação, pois ele foi condenado por duplo homicídio qualificado a mais de trinta e três anos de prisão, e saiu pela mesma porta que seus julgadores, já calculando que em quatro ou cinco anos estará em regime semiaberto, caso seja confirmada a condenação pelo Tribunal de Justiça. Devemos colocar um basta a esse Estado benevolente, que, ao final, sempre se esquece das vítimas e de seus parentes.
A presidente Dilma Rousseff se orgulha da potencial construção do primeiro submarino nuclear brasileiro, pois apenas cinco países possuem esse equipamento (Estados Unidos, China, França, Rússia e Inglaterra), todos membros permanentes do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). A inauguração da Unidade de Fabricação de Estruturas Metálicas (Ufem), em Itaguaí, no Rio de Janeiro, é sem dúvida um avanço. Por mais que o Brasil seja um país pacífico, a indústria bélica é uma das principais pro-
pulsoras do conhecimento. A maioria das comodidades tecnológicas com que contamos atualmente originouse de pesquisas militares. Alimentos enlatados, penicilina, internet são apenas algumas delas. Quanto à reestruturação da Nuclebrás Equipamentos Pesados (Nuclep), encarregada de construir os cilindros do submarino nuclear, a lógica foi na contramão da história. Apenas para citar um exemplo, a Alemanha desistiu da energia nuclear em 2001, pois modernos geradores eólicos e placas fotovoltaicas produzem energia mais barata e segura. Depois do desastre ocorrido na central
japonesa de Fukushima Daiichi em 2011, Angela Merkel anunciou o fechamento de todas as usinas nucleares alemãs até 2022. Ao que parece, mais uma vez, o Brasil vai importar indústrias sucateadas que não interessam mais aos países desenvolvidos. O complexo industrial de Itaguaí seria sim motivo de orgulho se a proposta fosse socioambientalmente comprometida, se os submarinos brasileiros fossem os primeiros do mundo movidos a fontes renováveis de energia. De novo no Brasil as ideias estão fora do lugar.
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BRASIL E MUNDO
Estamos em obras: região portuária do Rio será revitalizada até 2016
Simulação de como ficará a área do Porto Maravilha
A Região Portuária do Rio de Janeiro irá passar por grandes mudanças até o ano de 2016. Impulsionada, principalmente, pelos grandes eventos que irá sediar nos próximos anos – Jornada Mundial da Juventude, Copa do Mundo e Olimpíadas – a cidade maravilhosa está investindo em desenvolvimento e qualidade de vida. Uma das áreas que terá investimentos maciços é a Região Portuária do Rio de Janeiro, localizada na área central da cidade, que será beneficiada pelo projetoconhecido popularmente como Porto Maravilha – Operação Urbana Consorciada da Área de Especial Interesse Urbanístico da Região Portuária do Rio de Janeiro. A operação foi criada pela lei nº 101/2009 e tem por objetivo promover a reestruturação local através
da ampliação, articulação e requalificação dos espaços públicos da região, visando à melhoria da qualidade de vida de seus atuais e futuros moradores e também à sustentabilidade ambiental e socioeconômica da área. A primeira etapa das ações, que irão atingir uma área de cinco milhões de metros quadrados, já foram concluídas e tiveram como objetivo a construção de novas redes de água, esgoto e drenagem nas Avenidas Barão de Tefé e Venezuela, urbanização do Morro da Conceição e restauração dos Jardins Suspensos do Valongo. As obras têm como limite as avenidas Presidente Vargas, Rodrigues Alves, Rio Branco e Francisco Bicalho e tiveram a segunda etapa iniciada em julho de 2012. A previsão é que esta etapa seja finalizada até 2016, quando toda re-
gião será reurbanizada e adotará um novo padrão de qualidade dos serviços urbanos, como coleta seletiva de lixo e iluminação pública eficiente e econômica. O projeto Porto Maravilha é uma realização da Prefeitura do Rio de Janeiro com apoio dos Governos Estadual e Federal. Para atrair interesse de investidores e conseguir financiamento para as obras, a lei autoriza o aumento do potencial construtivo na região, ou seja, permite a construção além dos limites atuais, com exceção das áreas de preservação, de patrimônio cultural e arquitetônico e dos prédios destinados ao serviço público. Uma das obras que visa levar cultura à Zona Portuária do Rio foi inaugurada no dia 1º de março, aniversário da cidade maravilhosa. O Museu de Arte do Rio de
LILIANE VENTURA ENTREVISTA Liliane Ventura | Jornalista
Janeiro (MAR) está instalado na Praça Mauá e tem como objetivo promover uma leitura transversal da história da cidade, seu tecido social, sua vida simbólica, conflitos, contradições, desafios e expectativas sociais. A revitalização da área do porto do Rio de Janeiro irá modificar não apenas o cenário físico da região, mas o ambiente social. Serão criadas novas condições de trabalho, moradia, transporte, áreas de cultura e lazer para a população que ali vive. Creches, UPAs e escolas que atendam a densidade populacional também fazem parte do projeto, que estima que a área tenha cerca de 100 mil habitantes em 10 anos. Demolição do Elevado da Perimetral Uma grande modificação no cenário e na mobilidade da Região Portuária é a demolição do Elevado da Perimetral. Construída no início dos anos 50, a avenida que liga o bairro Caju ao Aeroporto Santos Dummont tinha como objetivo servir de alternativa às vias congestionadas da época. Estudos técnicos apoiam a remoção do elevado, medida fundamental para melhorar o trânsito da região. Além disso, o viaduto contribuiu, ao longo dos anos, para a degradação da área, o que gerou um esvazia-
mento do local, que tem a menor densidade populacional do município, sendo habitada por apenas 22 mil pessoas. A remoção do Elevado da Perimetral irá trazer um novo conceito de locomoção, centrado nas pessoas e na sustentabilidade ambiental, privilegiando o transporte público, a integração entre os meios de transporte, as ciclovias e as áreas de circulação, garantindo maior fluidez ao trânsito e aumentando o desenvolvimento da região. As ações para remoção do Elevado começaram em fevereiro deste ano. A primeira viga de aço da rampa do Elevado, em frente à Rua Antônio Lage, próximo ao Moinho Fluminense, foi removida pela Concessionária Porto Novo. Métodos de implosão, demolição e desmonte serão aplicados no processo, de acordo com as características de cada trecho.
Obras como a remoção do Elevado da Perimetral e a modificação da Avenida Rio Branco – uma das mais importantes da capital – irão alterar o tráfego das regiões, causando alguns desconfortos. Contudo, de acordo com o Prefeito do Rio de Janeiro Eduardo Paes, os transtornos são inevitáveis, mas fazem parte do processo de melhoria da área. “Todas essas intervenções que inevitavelmente irão pipocar no centro da cidade nos próximos anos requalificam, porém trazem, sim, um transtorno. Mas o Rio vive um momento especial para que a gente possa fazer essas intervenções todas, para que a gente possa trazer para a cidade, principalmente para o centro, uma realidade completamente diferente da que a gente vivia”, disse em entrevista à Agência Brasil.
Eduardo Paes, Dilma Rousseff e Sérgio Cabral Filho
Principais obras do Porto Maravilha » Construção de 4 km de túneis; » Reurbanização de 70 km de vias e 650.000 m² de calçadas; » Reconstrução de 700 km de redes de infraestrutura urbana (água, esgoto, drenagem);
Helô Pinheiro, a eterna Garota de Ipanema Abro o meu Diálogo com vocês com a carioca mais cantada em prosa e verso do Brasil, Heloísa “Helô” Eneida Menezes Paes Pinto Pinheiro. Célebre por ter sido a musa inspiradora de Tom Jobim e Vinicius de Moraes para a canção que projetou a MPB internacionalmente: Garota de Ipanema. Helô, você mora em SP há 30 anos. Qual a sua relação com o Rio hoje? Mantenho as minhas raízes no Rio de Janeiro. A minha formação aconteceu nesta cidade, que é maravilhosa. Tenho muitas lembranças inesquecíveis. A minha família é do Rio, bem como a do meu marido. Tivemos dois filhos cariocas e entendo este lugar como se fosse também a minha cidade. Qual o local de que você sente saudades? Ainda fico arrepiada ao passar pela Rua Vinicius de Morais, antiga Monte Negro, onde fica o Prédio Garota de Ipane-
» Implantação de 17 km de ciclovias; » Plantio de 15.000 árvores; » Demolição do Elevado da Perimetral (4 km); » Construção de três novas estações de tratamento de esgoto.
Principais serviços » Conservação e manutenção do sistema viário; » Conservação e manutenção de áreas verdes e praças; » Manutenção e reparo de iluminação pública e calçadas; » Execução de serviços de limpeza urbana; » Implantação de coleta seletiva de lixo; » Manutenção da rede de drenagem e de galerias universais; » Manutenção da sinalização de trânsito; » Instalação e conservação de bicicletários; » Manutenção e conservação de pontos e monumentos turísticos, históricos e geográficos; » Atendimento ao cidadão.
ma. O point - Posto 11 em Ipanema me traz grandes recordações. Já a tranquilidade eu encontro até hoje na Lagoa Rodrigo de Freitas. Como você avalia as políticas públicas no Rio de janeiro? Gosto do governo do prefeito Eduardo Paes, percebo que as ruas estão mais limpas, a cidade tem
policiamento e arrisco dizer que a pacificação deu certo. Claro que desejo que fique melhor em todos os setores. Falta a perfeição, e torço para que os governantes cheguem a ela. Helô, mande um recado aos seus fãs. Eu amo o Rio! O Rio de Janeiro é que é mais cheio de graça!
Principais Impactos » Aumento da população de 22 mil para 100 mil habitantes em 10 anos; » Aumento da área verde de 2,46% para 10,96%; » Aumento de 50% na capacidade de fluxo de tráfego na região; » Redução da poluição do ar e sonora, com a retirada da Perimetral e a redução do transporte pesado na região; » Aumento da permeabilidade do solo; » Aumento e melhoria da qualidade da oferta de serviços públicos; » Transformação da região em referência para a cidade.
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CULTURA
Bonifácio Bilhões: dinheiro, amizade e boas risadas
Duque de Caxias terá um Centro de Memória Cultural
GIRO
Duque de Caxias terá um Centro de Memória Cultural Duque de Caxias, município de Baixada Fluminense, vai ganhar um centro de memória para preservar a história cultural da região. No espaço, serão reunidas atividades como música, dança, artes plásticas e artesanato. O projeto para a instalação do centro foi apresentado durante encontro do secretário municipal de Cultura e Turismo, Jesus Chediak, com representantes de movimentos culturais, no Teatro Raul Cortez, no centro de Caxias. “Queremos fazer um centro de referência cultural, em Duque de Caxias, com o objetivo de resgatar a história e também a parte turística do município para os moradores e visitantes. A partir dessa ideia, vamos reunir as diferentes expressões artísticas, de danças folclóricas à história da fundação do município”, disse secretário. (Agência Brasil)
Márcia Cabrita, José de Abreu e Tadeu Melo
RAUL RAMOS Pode tirar a velha e boa calça boca de sino do armário, um dos maiores sucessos de 2013 nos teatros cariocas é a peça Bonifácio Bilhões. Escrito na década de 70 pelo dramaturgo João Bethencourt, o espetáculo mexe com um sonho de quase todos os brasileiros: o de ganhar na loteria. “Se eu ganhar, te dou metade do prêmio!” Foi isso o que disse o dublê de socialista e economista Walter Antunes (vivido por José de Abreu) ao amigo vendedor de goiabada Bonifácio Brilhante (Tadeu Melo). Walter acaba, por sorte, ou não, ganhando o prêmio, o
que traz à tona a promessa de dividir o dinheiro com o amigo. A peça toda, apesar de escrita em um outro contexto político, outra moeda e um Brasil hoje diferente do que era há 37 anos, não perdeu o seu contexto e frescor. “Discutimos duas posturas humanas. Um não quer pagar, e o outro começa a provocar. Uma hora, Walter fuma um baseado e fica bonzinho, mas o efeito passa. A Márcia Cabrita, que vive minha mulher, é o equilíbrio. É muito engraçado, mas faz refletir”, revela José de Abreu. Mesmo com toda essa questão envolvendo moral, dinheiro e amizade, a peça
garante ao espectador bons momentos de diversão. “É um vaudeville, pelo ritmo de entradas, saídas e marcas. Mas antes de tudo é uma comédia desencadeada por uma situação inusitada, que acaba por colocar valores essenciais à prova”, define Ernesto Piccolo, diretor da nova montagem. Bem e mal, bom e mau, honestidade levada ao extremo e malandragem idem são alguns dos motes do espetáculo. O que alguém é capaz de fazer por um prêmio milionário? Vale a pena ser honesto? São essas as perguntas que Bonifácio Bilhões leva ao palco, de maneira leve e descontraída.
THELL VÊ TV
» O programa mostra que até mesmo assuntos com opiniões quase unânimes podem ter outros pontos de vista. Serão abordados temas como crack, consumo, educação, madeira e comida, entre outros, sempre com vários pontos de vista. A comple-
xidade das relações em um mundo cada vez mais cheio de gente faz com que todos os grandes problemas contemporâneos tenham sempre diferentes e apaixonados argumentos de defesa ou ataque. » “Nós optamos por ouvir quem ousa viver as próprias convicções”, declara Marcelo Machado. Com narração do ator Milhem Cortaz, “A Verdade de Cada Um” mostra os impasses da sociedade em uma ciranda televisiva que se vale da linguagem dos documentários diretos e dos “reality-shows” para
A Obra Social Rio Solidário, em parceria com a Secretaria de Estado de Cultura do Rio, vai premiar este ano os dez melhores grupos de manifestação cultural do estado. O Prêmio Rio Sociocultural 2013 contemplará vencedores nas categorias Teatro, Dança, Música, Cinema e Circo. As inscrições vão até 5 de abril e os vencedores serão anunciados no dia 2 de maio De acordo com a diretora presidenta da Rio Solidário, Daniela Pedras, nas três edições anteriores, o prêmio contabilizou mais de 750 inscrições vindas de todos os municípios fluminenses, mas este ano aparecem projetos projetos oriundos de comunidades pacificadas. A iniciativa do prêmio tem o intuito de valorizar as características das atividades socioculturais do estado. “É importante mostrar a criatividade do Rio”, destacou Daniela. (Agência Brasil)
NA TELONA Hamilton Rosa Júnior | Jornalista e Crítico de Cinema A volta ao reino de Oz
Thell de Castro | Jornalista » Com produção de Fernando Meirelles e direção geral de Marcelo Machado, a nova série nacional do Nat Geo se chama “A Verdade de Cada Um” e estreia no próximo dia 20, quartafeira, às 22h15.
De volta ao passado Toda história ou trama tem um “pano de fundo” ou “fundo de cena”, isto é, possui um contexto onde acontece o drama. Em Bonifácio Bilhões não é diferente. A peça se passa em 1975 e em cena são retratados costumes e músicas da época, além de comidas, propagandas e citações que remetem a grandes lojas de departamento, boutiques e supermercados. Algumas dessas marcas estão até hoje presentes em nossa memória, como as Lojas Mesbla ou aquele Chevette que acelerava na rua de casa, aquela goiabada cascão comprada no Supermercado Disco. Tudo isso torna a peça ainda mais especial e nostálgica.
Abertas inscrições para o prêmio da Obra Social Rio Solidário
dar uma volta nas questões, acompanhando quem forma opinião na prática da vida cotidiana. » O primeiro episódio da série, “Crack”, mostrará a opinião e o cotidiano de usuários, um ex-viciado, um familiar de usuário, um policial e um psicólogo que possui uma ONG que ajuda viciados. A verdade de cada um é contraposta com a exposição de depoimentos sobre os motivos que os levaram a defender aquilo em que acreditam. » “A exposição de assuntos com os quais convivemos na sociedade é marca registrada do Nat Geo. Esta produção nacional é mais um passo importante do canal, ao retratar nossa realidade com a qualidade reconhecida mundialmente” afirma o VP sênior de Programação e Conteúdo da Fox International Channels, Paulo Franco.
Sam Raimi é um grande diretor, sua trilogia Homem Aranha é uma das melhores transposições do mundo dos quadrinhos para o cinema. Porém neste ambicioso Oz, Mágico e Poderoso, os efeitos de computação gráfica de última geração, animais falantes e dublagens de celebridades não bastam, falta aqui o prazer da cumplicidade. O novo Oz não tem a doce Dorothy na história, pois explica o que aconteceu antes, e a história é de como o mágico Oscar Digs (James Franco) foi parar ali. A abertura é promissora: começa como uma aventura em preto e branco, num mundo que parece que perdeu sua fé na aventura e na imaginação, mas a tela se amplia quando ele chega a outra dimensão, ganhando cores, a ponto de deixar o personagem diminuto. Ele tem muitas possibilidades de aventura pra viver, no entanto o roteiro do filme é acanhado,
recai sempre nos clichês, e o pior: não tem humor. Percebe-se que o diretor Raimi quer transcender a própria questão do bem e do mal. É a melhor parte do filme: aqui os lados se alternam e as simpatias do espectador junto com a do diretor vão de um lado para o outro. Os cidadãos de Oz são trabalhadores esforçados, mas também gananciosos, falsos e im-
prudentes, e as criaturas mágicas de repente viram monstros. Essa luta alegórica não pode ser resolvida com uma vitória clara para qualquer um dos lados. Fora isso, não há grandes imprevistos, surpresas ou encanto. Na comparação com o antigo O Mágico de Oz, de 1939, o novo está bem longe do arco-íris.
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RIO DE JANEIRO
ESPORTES
Copa das Confederações: Maracanã está quase pronto para a festa te antes da estreia oficial. Segundo o cronograma, o Maracanã estará disponível a partir do dia 27 de abril. No total, serão organizados dois eventos fechados e um grande evento para o público como parte da preparação. Isso garantirá que todos os aspectos operacionais, após a reforma do estádio, passem por testes detalhados, sendo um deles com a capacidade máxima, no dia 2 de junho, no jogo entre Bra-
A três meses da estreia da Copa das Confederações, a maioria dos estádios brasileiros correm contra o relógio para concluir as obras no tempo estipulado. Pensando nisso, a FIFA, o Comitê Organizador Local (COL) e o Governo Federal participaram de uma construtiva reunião no início do mês com representantes do estado do Rio de Janeiro e da construtora Odebrecht. O objetivo foi discutir os preparativos do Maracanã para a Copa das Confederações, in-
cluindo o roteiro para a entrega de cada um dos elementos-chave do estádio. O governador não participou da reunião, mas foi representado pelo secretário estadual de Casa Civil, Régis Fichtner. “Sabemos que não temos um cronograma fácil, mas o Maracanã estará pronto para receber eventosteste no dia 27 de abril. No total, organizaremos dois eventos fechados e um grande evento para o público como parte da preparação para a Copa
Testes O Objetivo da FIFA é realizar três eventos-tes-
TABELA DA COPA DAS CONFEDERAÇÕES
José Carlos Cicarelli | Cronista esportivo » Maradona está sempre preocupado em defender o argentino Messi, que passa por uma fase apenas discreta do Barcelona. Ele declarou que seu sonho é ser seu treinador no time catalão. Maradona acha que Messi tem sido o melhor jogador do mundo nos últimos anos e que ele não pode salvar o time em todos os jogos em que atua. Brasil precisa reverenciar sempre o futebol que você praticou. » O governo do Rio, a cerca de três meses do início da Copa das Confederações, continua preocupado com os preços das diárias de hotéis na cidade durante a realização do evento. Nas reuniões que trataram sobre o assunto, o sindicato do setor procurou tranquilizar as autoridades, informando que não haverá abusos e os estabelecimentos continuarão a praticar preços considerados justos e
Aldo Rebelo
das Confederações”, disse Fichtner. Mesmo no meio de toda a polêmica e as broncas, o secretário da FIFA,Jérôme Valcke, chegou a declarar seu entusiasmo pelo Maracanã. “Comentei com o ministro (Aldo Rebelo) que estaremos aqui neste estádio para assistir à final da copa de 2014. É um lugar espetacular, um estádio fantástico.”
PASSA A BOLA...
» Foi muito comemorado o aniversário de 60 anos do craque Zico, não só no Rio, mas por todo o país. Ele merece, pois foi um dos maiores jogadores do futebol brasileiro de todos os tempos. Como locutor esportivo de rádio e TV, tive a felicidade de narrar vários de seus jogos, sempre esbanjando categoria e atuando com seriedade. Zico foi o responsável por alguns dos mais belos gols de “bola parada” que vi em campo. Parabéns, Galinho! O
sil e Inglaterra. Na Copa das Confederações, o estádio receberá três partidas: México x Itália (16 de junho), Espanha x Taiti (20 de junho) e a decisão (30 de junho). De acordo com a FIFA, equipes técnicas do COL dos responsáveis pelo estádio terão reuniões semanais. Além disso, todas as partes envolvidas integrarão os seus calendários e se reunirão regularmente para continuar monitorando o processo.
normais. O importante é que isso realmente se confirme, para não prejudicar a imagem da Cidade Maravilhosa em futuros eventos de nível internacional que vêm por aí. » Está confirmado o megashow que será promovido no Rio na abertura da Copa de 2014. A cerimônia oficial de abertura acontecerá em São Paulo. Os artistas que participarão do evento do Rio já estão sendo convidados. Até o mês de maio a lista estará fechada.
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RIO DE JANEIRO
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SAÚDE
Número de casos de tuberculose no Brasil diminui a cada ano No dia 24 de março será celebrado o Dia Mundial de Combate à Tuberculose, instituído em 1982 pela OMS (Organização Mundial de Saúde) e pela União Internacional Contra Tuberculose e Doenças Pulmonares. A doença infecciosa e contagiosa atingiu cerca de 8,7 milhões de pessoas em 2011, levando 1,4 milhão a óbito. Apesar dos números alarmantes, a doença regrediu, se comparada ao ano de 2010, o que traz esperança aos profissionais da área de saúde. No Brasil, foram notificados 69.245 casos da doença em 2011, número 3,54% menor que o total registrado em 2010, que totalizou 71.790 casos. A tuberculose é a doença infecciosa mais mortal do mundo e afeta, principalmente, os pulmões. “A tuberculose também pode acometer a cadeia linfática (gânglios) e, em casos mais raros, órgãos como rins e fígado”, afirma a Dra. Lívia Maria Gennari. Os principais sintomas da doença são febre baixa, dor no peito, tosse com expectoração – por vezes com raia de sangue -, perda de apetite, emagrecimento e inapetência. O quadro pode, em alguns estágios, se assemelhar à pneumonia, mas enquan-
to esta se desenvolve em horas e dias, a tuberculose evolui mais lentamente, em semanas, o que faz com que o paciente procure atendimento médico após dois meses, geralmente. A transmissão da doença ocorre de pessoa para pessoa através de gotículas de saliva contendo o agente infeccioso. O risco de contrair a doença é maior se o contato com a pessoa infectada se der por tempo prolongado, em ambientes fechados e com pouca ventilação. O Rio de Janeiro lidera uma lista desagradável no que se refere à tuberculose. O estado é o que tem o maior índice de incidência da doença, enquanto a capital carioca registra a maior taxa de mortalidade pela tuberculose. “Fatores históricos, como o fato de a sede do governo ter sido no Rio, atraiu imigrantes de países europeus, que trouxeram a doença e fizeram do estado uma porta de entrada da tuberculose”, diz Dra. Lívia. O grande número de favelas com ventilação, higiene e acesso à saúde precários também são responsáveis pela proliferação da doença. De acordo com a Dra. Lívia, algumas medidas podem ser tomadas para evitar a contração da doença.
“A vacina tomada ao nascer protege apenas em casos graves”, diz. “A investigação precoce dos sintomas e viver em ambientes ensolarados e ventilados ainda são as melhores formas de prevenção”, completa. Para diminuir a incidência da tuberculose no Rio de Janeiro, está sendo desenvolvido um trabalho de fortalecimento do Sistema de Atenção Básica de Saúde, como a expansão das Clínicas da Família. Os agentes comunitários que atuam na região conhecem de perto a rotina dos portadores da doença, seus hábitos e as instalações onde vivem. Sendo assim, eles podem intervir positivamente para modificar os hábitos errados dessas pessoas, melhorando a qualidade de vida. A atenção primária realizada pelos profissionais das Clínicas da Família na cidade do Rio de Janeiro tende a contribuir para a diminuição e controle da tuberculose e outras doenças. “As visitas domiciliares são muito importantes, o trabalho da atenção básica busca ativamente os pacientes e melhora a relação da Equipe de Saúde com eles, auxiliando no tratamento e combatendo a tuberculose” diz a Dra. Lívia.
Medicamentos serão reajustados a partir de 30 de março
A VIDA É FRÁGIL. VIVA COM SAÚDE Dra. Lívia Maria Gennari | Médica
Remédios poderão ter os preços reajustados a partir do dia 30 de março, segundo autorização da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (Cmed), formada por uma equipe interministerial liderada pelo Ministério da Saúde. A autorização com os critérios de composição dos ajustes dos preços foi publicada terça (12) no Diário Oficial da União. Para esses reajustes, serão consideradas as expectativas de inflação, de ganhos de produtividade das empresas de medicamentos e o preço dos insumos usados na produção dos remédios. Para a inflação, deverá ser usado o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), acumulado entre março de 2011 e fevereiro de 2012, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). (Carolina Sarres/Agência Brasil)
AIDS - Estamos mais próximos da cura? Um inimigo mortal, impiedoso e munido de proteções desconhecidas pelos seres humanos: este é o vírus da Imunodeficiência Humana Adquirida (HIV). Há 30 anos, quando os primeiros casos dessa síndrome se manifestaram, a cura era impensável. Configurando-se como o maior problema de saúde pública do século XX, só em 1988 observávamos 11 contaminações por
minuto e 2,5 milhões de mortes. Para desespero daqueles com o diagnóstico, ter uma sorologia positiva nos anos 80 era uma sentença de meses de sofrimento. O tratamento só foi iniciado no ano de 1987, e mesmo assim com uma eficácia muito baixa e com efeitos colaterais diversos e incapacitantes. Diante de um histórico tão obscuro e recente, a notícia da cura de uma paciente de 02 anos, trazida por cientistas americanos, provoca
inquietação. Será que estamos próximos da cura da AIDS? Infelizmente a cura ainda está longe de ser alcançada para todos os pacientes, mas a evolução foi muito rápida. Em apenas 20 anos, a qualidade de vida dos doentes em tratamento melhorou de forma significativa e a sobrevida após o diagnóstico passou de meses para muitos anos. Um bebê nascido hoje e infectado pela mãe tem, em média, uma sobrevida de 50 a 60 anos antes da infecção manifestarse. Se imaginarmos que há 100 anos o tratamento de doenças tidas por séculos como incuráveis, tais como a tuberculose e a lepra, também era algo impossível, podemos considerar as notícias como um novo fôlego para a comunidade científica na procura da solução definitiva para o HIV.
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DIáloGo Metropolitano
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RIo DE JANEIRo
DIÁLOGOS
vereador marcelo Queiroz: “Rio de Janeiro precisa regularizar os hostels” Marcelo Queiroz é o vereador mais jovem da atual legislatura da Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Aos 28 anos, foi eleito pelo Partido Progressista (PP), mas sua veia política mostrou-se forte ainda antes. Nascido Marcelo André Cid Heráclito do Porto Queiroz, formou-se no colégio cristão Santo Inácio. Mais tarde, formou-se em Direito pela PUC-Rio, especializando-se em Direito Fiscal. Foi presidente da Atlética de Direito, do Diretório Central dos Estudantes (DCE) e do Centro Acadêmico de Direito da PUC-Rio. Também foi presidente da Junior Chamber International (JCI). Engajado na luta contra a corrupção, em 2007 Marcelo liderou uma passeata que reuniu cerca de cinco mil pessoas no Rio de Janeiro. O vereador também foi um dos criadores do Movimento “Ficha Limpa”. Atualmente, Marcelo cursa pós-graduação em Administração Pública na FGV e Gerência e Gestão de Projetos na UFRJ. Conheça um pouco mais do perfil do vereador mais jovem do Rio de Janeiro, que concedeu entrevista exclusiva ao Diálogo Metropolitano. Marcelo, você é o mais jovem vereador da atual legislatura da Câmara Municipal do Rio de Janeiro. O que motivou essa candidatura e sua entrada na política da cidade? Eu comecei no movimento estudantil. Fui presidente do diretório de estudantes da PUC, eleito com 4 mil votos dentro da minha faculdade. Depois comecei a fazer essa política com os outros centros acadêmicos, as Atléticas de Direito, e foi tudo isso que me motivou e me fez conseguir a vitória para vereador do Rio de Janeiro. Quais são suas principais plataformas nestes quatro anos de mandato? Eu tenho três principais focos. O primeiro é o esporte. Eu defendo o esporte universitário e o esporte escolar, então incentivo a volta do Campeonato Universitário do Rio de Janeiro, do Campeonato Escolar do Rio de Janeiro, o desenvolvimento das Atléticas. O segundo ponto é o turismo. O Rio de Janeiro vai vivenciar dois grandes eventos, que são a Copa do Mundo e as Olimpíadas, além de outros eventos, como a Jornada Mundial da Juventude, agora em junho. Por isso, é preciso desenvolver, tornar a cidade mais internacional. Temos que
Jônatas Mesquita, editor-chefe do Diálogo Metropolitano, e o vereador Marcelo Queiroz
ter mais informações, mais placas nas ruas, precisamos tratar melhor o turista, saber receber, participar das questões de reforma dos aeroportos, portos, e é nesse sentido que estamos indo. E o terceiro é a questão do empreendedor. O Rio de Janeiro tem uma vocação natural para o desenvolvimento do empreendedorismo, é uma cidade que atrai, todo mundo gosta de morar aqui, todos querem morar no Rio de Janeiro, então temos que tornar a cidade cada vez mais atrativa para que as empresas se instalem aqui e, com isso, sejam criados mais empregos. Em relação à segunda plataforma que você citou, que é o turismo, nós temos grandes eventos na cidade nos próximos anos. Como é que vocês estão preparando a cidade, como estão ajudando tanto a Prefeitura quanto o Governo do estado nessa preparação? O primeiro ponto que eu propus foi a questão dos Hostels. O Rio de Janeiro não tem uma regulamentação para esse tipo de acomodação, por isso o que se vê são as velhas pensões ou os hotéis, e uma cidade moderna como o Rio de Janeiro, que vai receber inúmeros jovens, precisa regulamentar isso. O segundo ponto que propus são algumas novas áreas de turismo no Rio, por exemplo o Complexo do Alemão, que merece ser visitado. Tem também Paquetá, que é uma ilha no meio de uma cidade como o Rio de Janeiro. En-
fim, é necessário haver um olhar turístico sobre locais como esses. Acho que estou colaborando nessa parte, tentando mostrar ao prefeito e ao governador que existem áreas no Rio de Janeiro que podem ser transformadas em atração turística para a cidade. Nós estamos falando também sobre a juventude. Você, como vereador jovem, acha que o jovem pode participar da política
atualmente? Como é que você avalia isso? Eu tenho uma visão um pouco diferente. Acho que o jovem participa da política, mas não participa da política partidária, o que talvez seja culpa de todos nós políticos, pois há uma infinidade de partidos. Acho que os partidos têm que começar a qualificar mais, que é o que meu partido, o PP, vem fazendo. Acho que o jovem que quer entrar na política tem que se perguntar “Qual
é minha bandeira?”. Eu não venho de família de políticos, vim do movimento estudantil e consegui! Perdi algumas eleições, ganhei outras e agora estou aqui, vereador do Rio de Janeiro! Gostaria que você deixasse uma mensagem para todos os cariocas e também para todo mundo, já que a TV pode ser acessada pela internet em todo o mundo.
Acho que o Rio de Janeiro e o Brasil vêm passando por uma fase esplendorosa e que a internet vai ter muito a acrescentar nesse processo democrático. Um projeto que eu tenho agora aqui no Rio de Janeiro é para que população possa dar entrada em projetos de lei pela internet, utilizando uma assinatura virtual. A expectativa é que melhore cada vez mais, que haja mais jovens na política e que façamos uma política mais dinâmica.
PoR DENTRo DA NoTÍCIA Reinaldo Costa | Jornalista » O governador do Estado do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, através de decreto, criou a Secretaria de Prevenção à Dependência Química.
pelo Estado. Aproveitando a oportunidade, o secretário falou sobre a internação involuntária de dependentes do crack. Temos que centralizar nossos esforços na necessidade que a Secretaria terá de abrir vagas para que a internação seja possível, seja ela compulsória ou não.
» O governador nomeou para o cargo de secretário o deputado federal Filipe Pereira (PSC/RJ). » A situação do consumo de droga no Rio de Janeiro vem assustando as autoridades. Segundo o governador, não podemos ter a ilusão de acabar com o tráfico de drogas, mas precisamos trabalhar para que o Estado possa se tornar uma referência na redução do consumo. Vamos dar ao orçamento desta Secre-
taria 2% da arrecadação de ICMS do fumo e álcool no Estado. Sempre com o foco na prevenção e reabilitação de dependentes, a nova Secretaria vai desenvolver parcerias com instituições que já desenvolvam trabalhos com dependentes químicos.
» Logo após ser anunciado como secretário, o deputado federal Filipe Pereira disse que sua primeira ação será analisar o cenário de todo o Estado, levantando número de vagas disponíveis para internação através de convênios que poderão ser firmados
» Segundo o secretário, este é um tema que desafia o poder público e a sociedade como um todo. A criação desta Secretaria é uma resposta para a necessidade que temos de combater as consequências das drogas, que tiram a liberdade individual de cada um.
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