Diaba! Misândrica

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DIABA M I S Â N D R I C A

AGOSTO

V O L U M E

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A G O

D E

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D A S

L É S B I C A S

Quiz!

Quão feminazi misândrica você é?!

MULHERES QUE AMAM MULHERES

CineMulheres Filmes sobre mulheres lésbicas feitos por mulheres!


Concepção

Diana Reis Textos

Diana Reis Diagramação e projeto gráficO

Sofia Reis Fotos

Diana Reis Ilustrações

Sofia Reis


Apresentação Me parece muito útil, enquanto mulher, debater gênero, cultura e comunicação. Exatamente o que me foi proposto quando tive a ideia desse projeto. Especialmente em tempos como os de agora em que ideias totalitárias voltam a ascender, deixando para trás o constrangimento que acompanhavam os discursos de ódio que hoje são proferidos vestindo o disfarce de liberdade de expressão. São tempos também de supressão de direitos e retrocessos, que incidem principal e obviamente sobre nós, que estamos à margem dos ideais sociais construídos, que somos cerceadas dos nossos direitos por não sermos homens, brancos, abastados, heterossexuais. Principalmente no cenário brasileiro, lembremos do impeachment de Dilma Rousseff no final de agosto de 2016, primeira e única mulher e lésbica a presidir o país. Fatos como esses nos instigam a levantar ainda mais a voz para gritar “Ei! Nós existimos e não vamos deixar que você diga que não”. É exatamente este o grito boca do inferno machista, a Diaba Misândrica. Trabalho surgido de forma experimental para fins acadêmicos, que sofreu pequenas alterações ao longo do último ano, mas que busca discutir cultura, gênero, sexualidades, arte e sociedade, visibilidade aos trabalhos das mulheres e tratar de temas específicos de nossas vivências. O amor entre mulheres, seja qual for, é revolucionário!


Agosto das Lésbicas LESBOFOBIA E MISOGINIA: PORQUE O AMOR ENTRE MULHERES INCOMODA TANTO? O termo lésbica deriva do latim lesbius, palavra que originalmente se referia às habitantes da ilha de Lesbos, na Grécia. Durante os séculos VII e Vi a.c. a ilha foi um importante centro cultural onde viveu a . poeta Safo, muito admirada por seus poemas sobre amor e beleza, em sua maioria dirigido às mulheres. Por esta razão, o relacionamento sexual entre mulheres passou a ser conhecido como lesbianismo ou safismo. Safo foi considerada por alguns a maior de todas as poetisas, apesar de muios dos seus escritos foram censurados durante a Idade Média devido ao conteúdo erótico, tendo restado escassos fragmentos de sua obra. Os dados sobre ela são difíceis e imprecisos, mas provavelmente Safo viveu no século VII a.c. e sabe-se que ela concebeu uma escola para moças, considerada a primeira “escola de aperfeiçoamento” da história, onde lecionaria a poesia, dança e música. É com a dispersão das ideias cristãs que as relações homoafetivas, e principalmente aquelas entre mulheres, começam a ser marginalizadas e colocadas como anormais, uma vez que a Igreja Católica passa a pregar ideias como a de que o sexo deve servir apenas para a reprodução, associada à ideia de que as mulheres deveriam ser submissas aos homens. Como resultado dessas mudanças culturais as mulheres passam a ocupar um lugar de desigualdade em relação aos homens e, consequentemente, em uma situação de não humanização, que implicou na supressão de direitos. Assim, a misógina surge como uma repulsa, desprezo ou ódio contra esses seres inferiorizados e desenrolase na violência contra a mulher.


A lesbofobia pode ser entendida como uma dessas formas de violência contra as mulheres, com o adendo de que não aceito pelos demais indivíduos que as mulheres, já construídas socialmente para servirem como objetos de uso masculino, passem a subverter essa ordem ao desenvolverem amor entre elas mesmas. Daí é possível entender a leitura que é feita por algumas feministas materialistas de que a mulher só é lida socialmente enquanto tal, quando relaciona-se com homens. Entende-se disso tudo que a mulher, culturalmente já é posta em posição desprestigiada na sociedade, mas a situação é ainda pior para as mulheres que se relacionam com outras mulheres, pois sequer são lidas como mulheres, tão pouco como homens, e vivem num limbo social ainda maior. Diante dessa situação que durante o 1º Seminário Nacional de Lésbicas (1996), surgiu a necessidade de criar-se um marco para luta da mulheres lésbicas e bissexuais. Este marco é O Dia Nacional da Visibilidade Lésbica e Bissexual, celebrado anualmente no dia 29 de agosto e que tem por objetivo chamar atenção para a marginalização que essas mulheres sofrem por se relacionarem com outras mulheres. O dia da visibilidade LesBi se baseia na ideia de que o reconhecimento social é o que permite a existência dessas mulheres, ou seja elas lutam pela concessão e fim da violação dos seus direitos para poderem ter uma vida digna, sem discriminação devido à sua orientação sexual.


Mulheres que amam mulheres

MÊS OITO

Meu primeiro amor me largou quando eu disse "eu não largo o meu amor". Não aguentou. Era largo o ego

Lc agosto não é um mês desgostoso para nós talvez pros outros e tantos dias em que dia qualquer, agosto permanecemos visíveis te escrevo um poema nos muros ruas calçadas das cidades pra destemperar a língua goste ou não a normatividade que te pinta insosso pois que carregas os nomes agosto é um mês de luta das minhas irmãs de rixa a favor de nós & as pesadas palhas & que se gastem os outros do meu orixá de cabeça 31 dias amenos mas agosto compõem o seu corpo não se esqueça: pra lembrar dos outros trezentos apesar do variado de seus gostos todo dia eu acordo sapatão Barbara Esmenia



Amar uma outra mulher é lindo. As páginas mais bonitas da minha história incluem mulheres divertidas, com brilho nos olhos, sorrisos contagiantes e muita paixão. Mas as rosas carregam seus aculhos e, como um livro que aperta o peito, amar uma outra mulher pode doer muito. Cada página ameaça um conflito seu; a crítica apela, outros leitores apontam; o autor parece ter escrito palavras muito pesadas para serem lidas sem o marejar dos olhos. Porque milhões - eu disse milhões, incluindo o meu - desses amores, milhões dos amores de uma mulher por outra, são amores assim: incríveis, envolventes, intensos, gostosos e... escondidos. Barrados. Limitados por olhares que desprezam e mãos que objetificam. E é difícil. Muito difícil. Bem mais difícil que esses finais de best-sellers românticos feitos para serem vendidos. Mas se eu me arrependo? Não me arrependo. Não paro. Porque, como comecei o texto, amar outra mulher é lindo e o que eu amo, quero, sinto, preciso, vivo; lindo, e libertador, e um ato político que aponta quem sou eu no mundo; porque não calo o que meu corpo deseja, não calo pelo falo. Sou mulher lésbica e ainda assumo isso tremendo a caneta - mas a mão de uma outra mulher sustenta a minha Lc


Resistir e existir, todos os dias

Salvador, 8 de marรงo de 2018.


Salvador, 8 de marรงo de 2018.


Salvador, 8 de marรงo de 2018.


Salvador, 8 de marรงo de 2018.


CineMulheres Pensar em representação das mulheres na sociedade, consequentemente, implica pensar sobre as mulheres nas artes, pois estas atendem tanto ao caráter estético quanto ao educador e ao formador. O cinema, a literatura, a fotografia são formas de entretenimento, mas também são responsáveis por criar e reproduzir as imagens construídas pela sociedade sobre diversos assuntos, influenciando assim nas culturas. Historicamente, assim como nas mais diversas áreas, o cinema também se consolidou como um lugar de exclusão feminina. Os maiores diretores que conhecemos são homens. Para ser exata, 86% dos cineastas são homens. A presença das mulheres nesse espaço, seja atrás das câmeras, seja protagonizando as tramas, foi apagada e transformada pelo cinema de Hollywood, responsável pela criação dos estereótipos de mulher que tomaram as telonas, como a mulher fatal, a esposa chata, a mulher-troféu do herói no final da história, a mocinha indefesa, mulheres inimigas, todas influenciadas ou influenciadoras dos papéis sociais das mulheres. O cinema, em especial, tem características próprias que intensificam a sua aproximação com a realidade e essa proximidade que o torna uma ferramenta útil para a análise social, permite alcançar o olhar da sociedade sobre os diferentes temas, bem como perceber as mudanças culturais. Hoje apenas 8% dos filmes hollywoodianos são produzidos por mulheres, mas, até 1925, metade deles eram de autoria feminina. Daí a necessidade de pensarmos e darmos visibilidade às minorias quando representadas nessas artes ou quando produzem-nas. É importante lembrarmos que ninguém fala melhor de nós, nossas dores e das nossas necessidades do que nós mesmos. Foi pensando nessas construções de comportamentos, discursos ideológicos e imaginário coletivo que, em 1970, surge a Teoria Feminista do Cinema.



10 filmes sobre lésbiscas dirigidos por mulheres Pensando nesse falar de si em consonância com essa teoria, a Diaba selecionou uma singela lista de 10 filmes dirigidos por mulheres que trazem como protagonistas mulheres lésbicas.

1) Nunca Fui Santa (1999) Dirigido por: Jamie Babbit Gênero: Comédia romântica

2) Um Belo Verão (2016) Dirigido por: Catherine Corsini Gênero: Drama, romance

3) A Arte de Andar Pelas Ruas de Brasília (2011) Dirigido por: Rafaela Camelo Gênero: Ficção


4) A Incrível História de Duas Garotas Apaixonadas (1995) Dirigido por: Maria Maggenti Gênero: Comédia romântica

5) Pariah (2011) Dirigido por: Dee Ree Gênero: Drama

6) Lírios D'Água (2007) Dirigido por: Céline Sciamma Gênero: Drama

7) Bye Bye Blondie (2011) Dirigido por: Virginie Despentes Gênero: Drama, comédia romântica


8) Hide and Seek (1996) Dirigido por: Su Friedrich Gênero: Documentário

9) O Caso de Hana e Alice (2015) Dirigido por: Shunji Iwai Gênero: Animação

10) A Viagem (2004) Dirigido por: Ligy J. Pullappally Gênero: Drama, romance


Feminilidade (Subs. fem.)

Conjunto de comportamentos, papéis e atributos construídos socialmente

Caráter, índole de mulher

Mera performance social.


Quão feminazi misândrica você é? Descubra a partir da sua reação às seguintes situações o quão feminazi misândrica você é.

Você não tem muitos amigos homens héteros. Só uns poucos que sobraram da época de escola ou do começo da faculdade Na verdade você não tem nem muitos amigos homens, no geral. Sua paciência pra homice e nojo de ppk já foi pro beleleu faz tempo! Tá às vezes você até se força e aceita o convite daquele amigo gay pra sair, mas chega lá só tem homem Nada contra, mas cadê as mulé, por favor, mulheres! Quando você marca o rolê com as amigas assegura-se que a chance de ter homem hetero no espaço vão as menores possíveis pra evitar ter que interagir. Nem pensar em ter que desgastar algum momento do rolê tendo que desviar de boy que não aceita um “Não” ou que pede pras meninas se beijarem pra provar que são lésbicas né? Quando você vai sair com aquela amiga hetero que namora e ela diz que vai levar o boy você já prepara a paciência com antecedência para apenas sorrir e acenar. Tem coisa pior do que conversa de homi???


Na sala de aula, você revira os olhos quando aquele menino chato que só faz perguntar pra inflar o ego pede pra falar. Já não basta dividir o espaço com um omi ainda tem que dividir com ego dele?? Na verdade você nem frequenta muito as aulas porque não tem muita paciência pras aulas dos professores homis heteros meritocratas. Aqueles discursinhos de homem que acha que entende as causas das minorias, mas só quando tem que fazer artigo pro cnpq, ninguém merece né? Falando em acadêmicos, quando o evento tem a mesa 100% composta por homi você nem passa na porta Afinal se 1 homi já incomoda muita gente, imagina uma mesa repleta deles? Você finge que está dormindo quando está sentada no corredor e algum homem pede pra sentar do seu lado no ônibus. A melhor forma de evitar que eles sentem do seu lado com as pernas abertas e puxem conversa pra pedir seu número do zap. Você nem deixa o cara terminar de falar quando ele decide dar um palpite em algo da sua vida pessoal Por favor, né? Esses omi não tão achando nem o clitóris quem dirá a solução dos nos nossos problemas?!


Resultado

Rihanna 4e20 (0 a 3 pontos) Você se incomoda com algumas situações, mas você prefere ficar na sua e tentar conviver em #pas evitando as tretas com os macho.

Gretchen- feminazi (4 a 6 pontos) Você se irrita, mas ainda tenta manter a compostura pra usar com sabedoria seus argumentos feministas, por mais difícil que possa ser às vezes.

Mc Carol- Feminazi Misandríssima (7 a 10 pontos) Você nem se esforça mais pra dizer que tem tolerância com os homens e tá nem aí pro que os outros vão dizer das suas reações.



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