Dois caminhos, um destino - A.Brito - degustacao

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Dois Caminhos, Um Destino.

A.Britto

DOIS CAMINHOS, UM DESTINO 1º Edição

Tocantins 2013 2


A.Britto

Revis達o Marcia Pinheiro

Capa Val. Totta

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Dois Caminhos, Um Destino.

Agradecimentos Não existe a possibilidade de se realizar um sonho sem ajuda de algumas pessoas, e me sinto honrada em dedicar um espaço deste livro a algumas delas. Minha linda mãe, Marcia Pinheiro, que me apresentou ao mundo literário na infância, e desde o momento em que demonstrei o desejo de escrever um livro, ela me apoiou e incentivou e auxiliou... Mãe, não há palavras que possam descrever meu sentimento. E há também querida amiga Val Totta, que tem acreditado em mim quando eu mesma não acredito... Amiga, você foi peça fundamental para que esse sonho seja uma hoje realidade. Muito obrigada por todo o tempo que você dedicou a mim. As lindas Marcia Simões e Micarla Juliana, amigas blogueiras que me incentivaram além do descritível... Não posso colocar em palavras com me sinto honrada em ter cada uma de vocês em minha vida... Obrigada por serem tão especiais e por terem tanta fé em mim.

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Dois Caminhos, Um Destino.

PRÓLOGO

-O

que você acha que está fazendo, Simon? Simon não conseguia entender por que a voz do amigo parecia estar dentro de sua cabeça. Tentou abrir os olhos, mas os mesmos pareciam colados. Escutou as cortinas sendo abertas e sentiu o cheiro de café fresco, ao mesmo tempo em que Paul lhe empurrava uma

xícara nas mãos. Sentou-se com dificuldade. Não se lembrava de muita coisa da noite anterior. Lembrava-se da dor. Do desespero. Da angústia. Da saudade. Do vazio. — Sabe que não pode continuar assim. Precisa... — Não preciso de nada, Paul! — cortou ele. O amigo ficou em silêncio, enquanto Simon tomava o café forte e amargo com uma careta. — Não precisa? — perguntou, observando o aborrecimento nas feições de Simon. — Eu acho que precisa. Precisa voltar a viver. Precisa ter gosto pelas coisas que gostava de fazer antes de... — Já chega! Não quero nada! Não preciso de nada! Só preciso que me deixe em paz, Paul. Sozinho. Entendeu? 6


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— Mais sozinho do que tem estado todos esses meses? Você afastou todas as pessoas que gostavam de você. Seus amigos, sua namorada... — Paul. — Simon suspirou na tentativa de manter a calma. De certa forma, concedeu, o amigo tinha razão. Tinha se transformado em outra pessoa. Um homem mais duro... Mais escuro. — Respeito muito você. — continuou. — Mas nem por isso vou escutar essa conversinha de comadre que você tem tido nos últimos tempos. Estou bem. Muito bem. — Bem na definição de quem? Você terminou um relacionamento de anos! Todos pensavam que você e Evelyn se casariam, e então... Simon, você perdeu a vontade de viver depois que Kara... — Pelo amor de Deus, Paul! Já disse que chega! Não quero ouvir mais uma palavra sobre esse assunto! Não quero! — Simon não saberia dizer quando aconteceu, mas quando deu por si estava com o rosto a centímetros do amigo, encarando-o ameaçadoramente. Olhando para Paul, seu melhor amigo, seu irmão... Ele era como família para Simon. A única família que lhe restara. — Paul... Por favor... Chega disso... — Então você prefere se excluir do mundo e das pessoas que o amam e se afundar nesse buraco que tem sido sua vida? — Que inferno! Vá embora! Ninguém o chamou aqui! — Simon estava exasperado e zangado. — A nossa amizade, Simon... Ela me trouxe até aqui... — olhou para o amigo, agora sentado no sofá com expressão contrariada. — Sei que não quer falar sobre isso... Sei que dói. — suspirou. — Sei que sente terrivelmente a falta de Kara. Eu também sinto, droga! Ela era amada por todos que a conheciam... Inclusive por mim. — sentou-se ao lado de Simon, que escutava 7


Dois Caminhos, Um Destino. silenciosamente, os olhos perdidos, vazios. — Mas ela não está mais aqui, Simon. Ela não iria querer que você se afundasse em tanta tristeza... — Mas ela não está aqui, está? — perguntou, com ódio na voz. — Ela está morta. Morta por culpa daquele desgraçado! — Simon foi até a janela. Morava no 15° andar de um prédio em Nova York, com uma visão privilegiada da Times Square. Kara adorava aquela vista. — Você melhor do que ninguém deveria entender como me sinto. Dizia que a amava, que queria se casar com ela. Dizia... —Sim, eu dizia tudo isso... E as sentia também. — disse Paul, tristemente. Ficou em silêncio alguns instantes e depois prosseguiu: — Mas ela não me quis amigo. Preferiu a ele. Ela o amava... — não se calou ante o olhar assassino de Simon. — Sim, Kara o amava, e ela fez sua escolha. Viveu como quis. Amou enquanto pôde... — suspirou pesadamente. — Sinto terrivelmente a falta dela, Simon. Mas sei que a seu modo ela me amava também. Como a um irmão, como sempre dizia. Queria que ela estivesse aqui, mas não está. Ela se foi, mas eu não. Nem você... — Como pode dizer tais barbaridades, Paul? Não consigo acreditar... — Oque? Que estou me levantando? Seguindo em frente? — desafiou. — Claro que sim! Não é fácil! Sei que nunca poderei esquecê-la, e nem quero isso. Ela vai estar sempre presente nas minhas lembranças e no meu coração... Mas ainda tenho uma vida para viver, amigo. Nós temos. — completou calmamente. Simon emitiu um som de descrença e frustração, mas não disse nada. O silêncio se seguiu tenso, desconfortável. — Devia tentar perdoar... 8


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Já escutara aquilo antes. Paul estava sempre lhe dizendo para esquecer e seguir em frente. Fazia o que podia. Ia trabalhar todos os dias. Conquistava novos clientes para o escritório de advogados no qual trabalhava. Mas não podia, não conseguia simplesmente seguir vivendo como antes quando sua irmã não estava mais com ele. Quando sua irmã estava morta. — Já conversamos sobre isso, Paul. E estou cansado dessa conversa. Não posso esquecer, nem perdoar. Minha irmã está morta. Foi assassinada. — Pense com clareza, Simon! Foi um acidente! Ela estava sozinha no carro. Atravessou o sinal vermelho. Ninguém teve culpa... — Ele teve culpa! — gritou Simon, transtornado. — Ele teve! Ele a matou! — Deveria reconsiderar... Talvez as coisas não tenham sido como pensa... — Você acredita, então, na versão dele? Você conhecia Kara, Paul, tão bem como eu! Você acredita que ela pudesse fazer algo assim? — As pessoas nos surpreendem, amigo. — o tom de Paul foi triste e cansado. Ficaram em silêncio. Já tinham tido aquela conversa dezenas de vezes antes. Sempre Paul insistindo que Simon deveria esquecer tudo. E Simon perdendo o controle e acabando por gritar com o amigo e manda-lo embora. Não que Paul desistisse. Era um amigo leal. O único que restara. Era o mais próximo que Simon agora tinha de uma família. — Há uma festa hoje.

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Dois Caminhos, Um Destino. Isso era outra coisa. Paul estava sempre tentando arrastar Simon de volta ao meio social. Mas desde quando Kara morrera, ele não tinha mais animo para sair. Ele havia morrido junto com sua irmã. — Não quero ir. — Mas devia... Devia aproveitar esta chance e deixar o que passou para traz. Simon olhou para ele, intrigado. — Oque uma festa tem a ver com tudo isso? — A festa é na casa dos Michaels. — Então eles estão dando uma festa... Que bom para eles! — sentiu aquele gosto já conhecido do ódio queimando dentro dele. — A irmã caçula voltou para casa. — continuou como se não tivesse percebido o tom raivoso na voz de Simon. — Estudava em um internato na Inglaterra. Sabe quem é? Simon pensou um pouco. Pouco sabia sobre a irmã de Lucas Michaels. Pensando bem, só sabia o nome. Leigh. Não Sabia sua idade e nem sua aparência. Eles não pareciam se importar com ela. Há anos vivia longe de casa. Não vinha visita-los nas férias. Era a única mulher na família predominantemente masculina constituída pelo pai, Martin Michaels, e os filhos Lucas e John. Uma ideia começou a se formar em sua mente. A moça poderia ser distante da família. Não sabia o que isso queria dizer e não importava muito. Era uma Michaels. O sangue de Lucas corria em suas veias. Sangue traiçoeiro e enganador. 10


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Certamente a moça não era inocente como fora sua Kara. Simon sorriu. Parecia que enfim chegara o momento de se vingar de quem roubara o que tinha de mais precioso em sua vida.

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CAPÍTULO UM

L

eigh estava inquieta. Não queria festa. Não gostava delas. Na escola, não tinha tempo para elas.

Mas Lori insistira. Recém-casada com seu irmão John, a eterna otimista estava se empenhando em fazer com que os Michaels esquecessem mágoas passadas. Organizara esta festa como forma de reapresentar Leigh a sociedade, e de fazer com que a família se redescobrisse. Mas Leigh não tinha as mesmas esperanças. Há muito deixara de acreditar que fosse possível ter uma família normal. Sua família era quase estranha para ela. Também a casa onde nascera. Há anos não retornava aqui. Não que alguém sentisse sua falta... Não. Estava sendo injusta. Os irmãos sentiam. Com certa frequência se comunicavam por telefone e e-mails. Mas estavam acostumados a não terem a irmã em casa há muitos anos. As visitas que lhe faziam duas vezes ao ano no colégio interno eram o suficiente. Era quase como se fossem somente os irmãos, Lucas e John, e o pai, Martin. Estremeceu ao pensar no pai. Lembrava-se de quando era criança e ainda morava naquela casa, de ver fotos espalhadas pelos cômodos, imagens que registravam momentos felizes, onde o pai 12


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aparecia sorridente ao lado da mãe, ele vestido de terno e ela linda em seu vestido de noiva. Os dois na lua de mel. Em passeios. Com o primeiro filho, John, recém-nascido nos braços, enquanto a câmera eternizava o momento feliz. Outra com o segundo filho recém-nascido, Lucas, enquanto John, agora com dois anos, sentava-se no colo do pai. Retratos e mais retratos da família perfeita que um dia tinham sido. Até que ela chegara. Até o dia em que nascera, e tudo o mais se perdeu, dando lugar ao sofrimento, a perda, e à infelicidade. O pai nunca a aceitara. Nunca havia tido um gesto de carinho com ela. Leigh fazia-o lembrar-se de Gracie, a mulher que tinha amado e perdido. Eram muito parecidas. Mesmo quando criança, a semelhança era gritante. Os cabelos cor de mel. A pele clara. Os olhos verdes que nenhum dos irmãos tinha herdado da mãe, somente ela. Suspirou. Todos estavam se divertindo. E ela ali, remoendo o passado. Há muito entendera que o pai não conseguia ama-la por culpa-la pela morte da mãe. Não que falasse isso. Não que a maltratasse. Mas estava sempre lá. A frieza. A secura na voz. O desprezo. O rancor. O pai nunca a olhava nos olhos. Nunca lhe telefonava na escola. Não se importava com ela e com seus planos. Até os seis anos, ela sempre tivera babás. Mulheres amorosas, outras nem tanto. Mulheres que cuidaram dela com carinho, mas que não podiam suprir a falta de uma mãe. Naquela 13


Dois Caminhos, Um Destino. época os irmãos também não entendiam a dor que sentia por ser ignorada pelo pai. Eram carinhosos, mas afinal, eram meninos, que não gostavam de garotas, ainda mais uma irmã mais nova. Nessa idade fora mandada para a escola. Não lhe disseram nada. Um dia estava em casa e no seguinte rumava para outros país, longe de casa, longe dos irmãos e do pai. No inicio fora muito difícil. Chorava a noite e pedia à mãe que não conhecera que viesse busca-la para morar com ela no céu. Sentia terrivelmente a falta de casa, dos irmãos, dos empregados, da babá, do pai. Mas, claro, isso não acontecera. Naquele verão os pais vieram buscar suas filhas para passarem as férias em casa. Mas não ela. Ela ficara, porque, segundo a diretora, seu pai queria que ela se acostumasse ao colégio e às novas amizades. Estava com oito anos quando recebeu permissão para voltar. Mas então era uma estranha em sua casa. Lucas tinha quinze e John dezessete. Eram rapazes e ela era uma criança. Não tinham assuntos em comum, embora tivessem esperado por ela e ouvido com paciência e interesse os assuntos da escola e das companheiras que havia feito por lá. Eram amáveis com a garota. O pai era um homem bonito de quarenta anos, sério e sisudo, que ela não via se não nas refeições matutinas e noturnas. Nos cinco anos seguintes retornara a casa do pai. Mas sempre sentia-se uma estranha. Era uma estranha. Não a queriam ali. Era uma obrigação para o pai. Então desistira de tentar ser aceita. Aos quatorze anos decidira ficar no colégio nas férias. No ano seguinte os irmãos foram visitá-la, passando a irem vê-la duas vezes ao ano desde então. O pai acompanhava-os a uma visita anual, e não parecia 14


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muito feliz com isso. Sempre falando o mínimo possível, sempre muito sério, nunca a olhando nos olhos... Sacudiu a cabeça, voltando ao presente. O passado estava para traz, como deveria ficar. Era uma mulher agora. Tinha vinte anos. Tinha uma profissão. Não era mais aquela criança triste e amedrontada. Era adulta e podia fazer o que quisesse da sua vida. Estava aqui para observar a situação com os olhos objetivos de uma mulher crescida, não com a emoção de uma criança. Queria saber se tinha lugar naquela família. Se poderia conviver com aquelas pessoas que tinham seu sangue. Claro, as coisas não haviam mudado. Com exceção de Lori, que realmente a fazia se sentir bem vinda, todos estavam iguais. O pai distante, os irmãos carinhosos e amáveis, mas cuidando das próprias vidas. Não precisava ficar se não quisesse. Mas não podia seguir em frente antes de realmente tentar se aproximar do homem que era seu pai. E por isso ia fazer o seu melhor esta noite. Iria dançar e conversar com as pessoas. Ia fazer com que ele tivesse orgulho dela. Com que quisesse conhece-la. Viu que Lori vinha em sua direção. Em um vestido longo, vermelho, com um generoso decote, ela estava linda e sexy. Era uma loura de olhos azuis brilhantes e sorridente. — Não fique ai escondida, como se estivesse com medo do BichoPapão! — implicou quando a alcançou. — Vá dançar com um desses belos rapazes que estão aqui esta noite. 15


Dois Caminhos, Um Destino. Leigh sorriu. Lori era o máximo quando se tratava de animação e alto astral. Sempre alegre, sempre sorridente. Deus sabe o quanto aquela família precisava disto. — Não sei se algum deles estaria disposto a arriscar seus pés dançando comigo... — Não brinque comigo! — deu um leve empurrão na cunhada. — Aquele pomposo colégio inglês não a formou em dança também? Isso não é requisito básico no mundo atual? Ambas sorriram da brincadeira. — Você sabe o que dizem sobre a prática. — Hum. Sei sim. Ela leva a perfeição. — Lori sorriu, concordando, enquanto observava a cunhada. Leigh estava linda em seu longo vestido azul escuro com um decote reto e sem alças. Os cabelos cor de mel presos em um penteado sofisticado e meio solto, onde algumas mechas emolduravam o rosto de pele de porcelana e maquiado com perfeição. — Vamos abrir a pista de dança. Você vai dançar com Lucas. — levou Leigh pela mão até onde o restante da família estava reunido. — Vamos abrir a pista de dança, rapazes. Querido — pegou a mão do marido. — Vamos arrasar! Os quatro foram para a pista de dança, os convidados observando a beleza e graça dos dois casais. Enquanto dançava com Lucas, Leigh percebeu que todos os olhos estavam sobre ela. — Me sinto desconfortável. — reclamou para o irmão. — Como um animal no Zoológico. — Você esteve longe de casa por muitos anos e agora voltou, querida. — lhe disse ele carinhosamente. — E está linda. Todos querem conhecê-la. 16


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— Ou será por que você é um dos homens mais bonitos aqui neste salão e está dançando comigo, quando poderia estar com qualquer linda garota? — sorriu para ele. — Ora, você é minha irmãzinha. É a garota mais linda deste lugar. — Você é um conquistador, isso sim! — rodopiaram. — Tenho certeza que pelo menos meia dúzia de mulheres aqui queriam estar no meu lugar, dançando com você... — Mas isso não tem importância. Não gostaria de dançar com nenhuma. — Leigh percebeu a tristeza na voz de Lucas. — Estamos aqui eu e você agora, Leigh. Vamos aproveitar a noite. — sorriu para ela. — Será que consegue suportar uma dança comigo? — Acho que sim... — disse docemente, encostando a cabeça no ombro dele. Ficaram em um silêncio confortável por algum tempo. Em um momento, Leigh sentiu os braços de Lucas a apertarem e ele ficar tenso, fixando um ponto qualquer atrás dela. — O que aconteceu? — Nada. Leigh acompanhou o olhar do irmão. Na entrada havia dois homens. Os dois muito altos, mais de 1.80m, calculou ela. Um era loiro, com cabelos cacheados, mas foi o outro que lhe chamou a atenção. Moreno, tão alto quanto o loiro, tinha ombros largos e corpo forte. Os cabelos eram negros, e o rosto era bonito. Lindo, na verdade. Forte. Sensual. Percebeu que ele olhava para o irmão com a bonita boca apertada. Não conseguia identificar a expressão dos seus olhos àquela distancia. — É seu amigo? 17


Dois Caminhos, Um Destino. — Um conhecido. Nós não nos damos muito bem. Mas não se preocupe com isso. — rodopiou com ela ao som da musica. Continuaram a dançar, mas ela podia sentir o olhar daquele homem sobre si. Terminada a música, um homem, que lhe fora apresentado mais cedo naquela noite como Ângelo Sardelia, um italiano que tinha negócios com seu pai, se aproximou e a tirou para dançar. Lucas se afastou deles e foi em direção aos recémchegados. Leigh observou o irmão conversar com os dois homens e a tensão que, mesmo a distancia, ela conseguia identificar. Quem seriam eles? O que estaria acontecendo? Não teve mais tempo de pensar sobre isso. De repente parecia que todos no salão queriam dançar com ela. Na maioria das vezes dançava com Ângelo, que flertava abertamente enquanto ela apenas sorria educada. ali.

Não estava procurando romance. Tinha outros objetivos

Agora Ângelo estava dizendo o quanto ela era linda e que gostaria de leva-la para jantar. — Se quiser podemos esticar em uma boate. Você dança divinamente... — apertou-a mais um pouco e Leigh estava prestes a lhe responder quando ouviu uma voz atrás de si. — Poderia dividir a dama com o restante dos mortais desta sala, Sardelia? Não segure tanta beleza para si mesmo... — a voz masculina soava irônica. Leigh se virou e bateu de frente com os olhos dele. Olhos negros e misteriosos, como uma noite sem luar. O homem tinha uma sensualidade latente. 18


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Ela sentiu a boca seca diante deste homem que era pura dinamite. — Ora, ora, voltou a socializar? — Ângelo perguntou com sarcasmo, — Infelizmente para você, Leigh está acompanhada e pretendo aproveitar de sua companhia a noite toda. — Você continua o mesmo, Sardelia. Deixe que a moça fale por si. — os dois olharam para ela. Leigh sentiu-se como um osso entre dois cachorros. Como ousavam colocá-la em uma situação tão constrangedora? Pensando em uma forma de sair dessa situação sem ofender nenhum dos envolvidos, ela olhou para o desconhecido, se sentindo atraída por seu magnetismo. Viu um sorriso convencido surgir naqueles lábios tentadores. — Vou tomar alguma coisa! — Ângelo disse irritado, enquanto se afastava. Ela não virou para olhá-lo. O homem a sua frente prendia seus olhos e monopolizava sua atenção. Ele era muito mais bonito visto de perto. — Me concede a honra? — havia certo cinismo em sua voz, o que fez voltar à realidade. Então, ele achava que era irresistível... Bem, na verdade era, mas não iria deixa-lo perceber que a afetara. — Na verdade, senhor, eu não o conheço. Dessa forma, sinto muito decepcioná-lo, mas não poderei acompanha-lo na dança. — ela começou a afastar-se, mas ele segurou seu braço. Leigh levantou os olhos para encontrar os dele, ainda mais escuros do que antes.

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Dois Caminhos, Um Destino. Sentiu um tremor percorrer seu corpo, e algo mudou no olhar dele. Ele desceu as mãos em uma carícia sutil, enquanto lhe segurava a mão. — Simon King. Advogado. Absolutamente respeitável. — ele sorriu de forma charmosa. Um lindo sorriso, ela percebeu, sentindo que retribuía. Ele a enlaçou pela cintura, enquanto colocava a pequena mão nos ombros largos. Começaram a dançar sem conversar. A música era lenta e sensual, e ele a apertou contra o corpo másculo, enquanto a mão pressionava suas costas. A cabeça dele estava abaixada, a boca próxima à orelha de Leigh. Não pensara que a irmã de seu inimigo fosse tão bonita. Ou tão cativante. Aquele ar de inocência, combinada com a sensualidade que ela obviamente não tinha consciência, a transformavam em uma perigosa mulher. A pele clara e macia era encantadoramente suave, e surpreendeu-se desejando toca-la delicadamente, sentir sua calidez morna na ponta de seus dedos. — Então, você está de volta depois de vários anos fora de casa? — ele tinha que conhece-la. Conhecer como pensava e o que sentia. Leigh abriu lentamente os olhos, saindo daquele sonho que era estar nos braços desse homem. Claro, já dançara com outros homens. Já namorara. Já beijara. Mas nunca sentira o que sentia neste momento. Era o que suas amigas do internato chamavam de desejo. Era uma sensação poderosa. 20


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Piscou confusa. Nem o conhecia! Certamente precisaria conhecer o homem que lhe despertasse tal sentimento. Sorriu diante do pensamento inocente. Claro que não precisava conhecê-lo! Homens e mulheres faziam sexo diariamente sem se conhecerem. — Um dólar para saber o que provocou este sorriso encantador. — Como? — ela o olhou confusa, então percebeu que não respondera a sua pergunta. — Oh, sim. Estudei na Inglaterra. Agora voltei para casa. — a palavra queimou em sua boca. Não se sentia em casa ali. — Você me parece tão nova para já estar voltando para casa... — Tenho vinte anos. Ela disse aquilo orgulhosamente, como um grande feito. Mas a verdade é que ela era nova, muito nova. Por um momento, a consciência de Simon o acusou. Quase uma menina. Sua própria irmã tinha vinte e oito anos quando morrera, há seis meses. Olhou novamente para a garota que tinha nos braços, enquanto ela o encarava de volta com olhos verdes sinceros e calorosos. Momentaneamente esqueceu seus planos. Esqueceu-se do porque de estar aqui. Esqueceu-se da irmã. Esqueceu-se de tudo. Só o que importava era essa garota que tinha em seus braços, a pele macia, o olhar de desejo que ela lhe lançava. Leigh o queria. E não podia disfarçar, não sabia como. Ela era muito doce e inocente. Mas ele também a queria, e sua vingança não tinha nada a ver com isso. Simon a desejava com uma intensidade assustadora. 21


Dois Caminhos, Um Destino. Queria beijá-la e aperta-la mais contra seu corpo, mostrando a prova de seu desejo por ela... Abaixou a cabeça em direção a ela, que entreabriu os lábios, em um convite silencioso. Ele apenas a olhou, enquanto se aproximava ainda mais daqueles lábios tentadores... “O que diabos estou fazendo?”, ele se perguntou. A sedução deveria ser lenta, sua intenção era que ela se apaixonasse por ele. Precisava manter a cabeça fria, não ser dominado por uma menina de corpo tentador e lábios sensuais. Afastou-se dela enquanto pegava a mão delicada e a levava até os lábios, beijando-lhe os dedos. — Até mais, Pequena. Dito isso caminhou entre os outros casais que enchiam a pista, deixando-a sozinha.

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CAPÍTULO DOIS

N

o dia seguinte ao da festa Leigh estava dentro de um taxi, indo ao para o escritório de um advogado que lhe foi recomendado por Lori.

A empresa de Stamford e Reyes ficava em um arranha-céu no centro da cidade, e era bem conceituada no meio dos ricos e de posses, e Leigh precisava de aconselhamento quanto à herança deixada por sua mãe. Desceu do taxi em frente ao prédio ás 09h50min, exatamente dez minutos antes do horário marcado com o advogado. Pegou o elevador, que parou no andar seguinte. Quando a porta se abriu um homem alto e de ombros largos entrou. Simon. Por um momento se olharam enquanto as portas se fechavam. Então ele sorriu e ela sentiu as pernas enfraquecerem. Um sorriso mais que sexy. Explosivo. Que prometia prazeres indescritíveis. — Olá... — ele a cumprimentou, a voz arrastada, sensual.

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Dois Caminhos, Um Destino. — Oi. — embora estivesse trêmula, Leigh tentava aparentar calma. O que havia nele que tanto a perturbava? Claro, ele era lindo e misterioso, e aquela aura de poder e sexualidade eram extremamente excitantes. Mas tinha coisas a fazer naquele prédio e naquela cidade, e namorar não estava entre elas. Isso sem levar em consideração que Simon estava somente sendo charmoso. O que um homem experiente como ele, acostumado com mulheres lindas e sensuais iria querer com uma mulher de vinte anos, recém-saída da escola e virgem? — Veio me ver? Ele estava flertando? Ela estava confusa agora. — O que? Nã... Não! — ele sorriu novamente para ela, percebendo o nervosismo. Leigh ficou corada, e suspirou profundamente, de repente irritada com a atitude dele e com sua própria reação. — Não vim vê-lo, Sr. King. Vim ver um advogado. — disse com seriedade, não se deixando abalar pelo brilho abrasador do olhar dele. — Sim? Um advogado? Qual deles? — James Muller. Irei encontrar-me com ele... — as portas do elevador se abriram, e ela sorriu aliviada. — Agora! Foi um prazer revê-lo, Sr. King. Ele segurou sua mão antes que ela saísse do elevador. — Por que a formalidade? Ontem nos tratávamos simplesmente por Leigh e Simon... O que aconteceu? — Nada aconteceu... Ontem estávamos dançando em uma festa. A situação é outra hoje... — tinha vontade de lhe dizer que quando estava com ele, quando o olhava se sentia uma menina, se comparada à experiência e sofisticação que ele emanava, mas que 24


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quando ele a tocava, como na noite anterior enquanto dançavam, e agora, se sentia uma mulher desejosa de algo indefinido. — Não importa a situação, Leigh. Gostaria que sempre me chamasse pelo primeiro nome. Já me sinto velho o suficiente perto de você sem precisar que me traté como a seu avô. O sorriso que ele deu em seguida a fez estremecer, enquanto sentia os dedos dele acariciando sua mão. O que estava acontecendo ali? Em que mundo o charmoso, experiente e sexy Simon King iria flertar com ela? Leigh o encarou, sem conseguir dizer nada. Sabia que deveria se despedir, afinal, o elevador já estava novamente em movimento e ela precisava ir ao encontro do advogado. Mas não conseguia se mover. A carícia em sua mão a estava deixando desejosa de estar em outro lugar com ele. Queria que ele a beijasse. Que fizesse amor com ela. Esse pensamento a tirou da áurea de desejo onde estava. Antes que agisse como boba puxou rapidamente a mão, enquanto apertava novamente o botão do andar do advogado. — Tenho que me apressar. Vou acabar me atrasando. — sorriu sem jeito para ele. — Disse-lhe o que estou fazendo aqui, mas o Senhor não me falou. — Eu trabalho aqui, Leigh. E, por favor, não me chame de senhor! — disse rudemente. A insistência dela em impor um limite a ele o estava irritando. Não queria que fosse difícil firmar um relacionamento com ela. Era quase uma criança, pelo amor de Deus! Inexperiente. Devia estar ansiosa para provar as novidades que o mundo dentro do colégio interno não proporcionava. Mas ao contrário ela estava reticente, como a se preservar. Dele? Lucas teria conversado com a irmã? Não acreditava. 25


Dois Caminhos, Um Destino. — Desculpe... É que no Colégio, as madres eram extremamente severas quanto ao correto tratamento... — Desculpe a mim, Leigh! Eu que preciso me desculpar por ter sido rude... O fato é que minha consciência já tem me acusado o suficiente sem que você demonstre tão claramente nossa diferença de idade. — Não entendo... Sua consciência? O que quer dizer? — agora estava realmente confusa. — Ora, Leigh... — ele se aproximou dela, finalmente cedendo ao desejo da noite anterior, tocando sua face, o contato com a pele suave fazendo o desejo correr rápido em suas veias, queimando como fogo líquido, incandescente. — Pode mesmo ser assim tão inocente? Não percebe o quanto estou fascinado por você? Ela fechou os olhos, sentindo o carinho, enquanto o desejo a dominava, forte e explosivo. Então era disso que as meninas que passavam os verões em casa falavam. Luxuria. Paixão. Desejo. Queria que ele a beijasse e a fizesse descobrir o sabor dessa experiência. Queria que ele a tocasse. Ergueu os lábios para ele em um silencioso convite, mas as portas do elevador se abriram, trazendo-a de volta a realidade. Ela o olhou por um momento, entorpecida demais para se mover. Ouviu vozes do lado de fora e notou algumas pessoas paradas, observando-os. Saiu apressada do elevador, sem olhar para traz.

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Ele a viu desaparecer pelo corredor, com os pensamentos confusos. O que aconteceu? Perguntava-se enquanto passava pela secretária e entrava em sua sala. Em um momento estava seduzindo, friamente tentando faze-la deseja-lo, e no seguinte o desejo de beijá-la era forte, mais potente do que qualquer coisa, qualquer sentimento já experimentado antes. Ela era linda, claro. Jovem e dona de uma sensualidade que ela mesma parecia ignorar. Os olhos dela haviam queimado por ele, o corpo estremecido, um momento antes de fugir... Pelo amor de Deus, tinha que se concentrar! Ela não era uma mulher para ser conquistada, era irmã de seu inimigo, sua arma de vingança! Não podia ser subjugado por ela! Leigh era só uma colegial que ainda corava com as atenções de um homem. Podia lidar com ela. Tinha que pensar como agir daqui pra frente, caso contrário a assustaria. Duas horas depois Leigh saia do escritório do advogado. Sim, ele era tão competente quanto Lori lhe garantira. Dr. Muller fizera diversas anotações sobre suas necessidades e sobre a herança que recebera da mãe, a qual se avolumou ao longo dos anos. Agora Leigh teria varias possibilidades de empregar esse dinheiro, e James Muller garantiu que lhe apresentaria algumas propostas de negócios. Saindo do prédio do advogado, por um instante Leigh pensou no que fazer. Tomando uma rápida decisão ela caminhou os três quarteirões, entrando no edifício onde sabia ficar a empresa de seu pai.

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Dois Caminhos, Um Destino. A mesa da secretária estava vazia. Ela aguardou um pouco, em dúvida de como seria recebida pelo pai se batesse na porta. E se interrompesse algo? — Pois não? Uma mulher, elegante, de aproximadamente quarenta anos, encarava-a profissionalmente da porta. — Estou aqui para ver meu pai. — Seu pai? — a mulher indagou, uma pequena ruga de curiosidade de revelando entre os belos olhos azuis. — Desculpe, já trabalho aqui há algum tempo, mas não sei de quem se trata. Quem é seu pai? Leigh sentiu a punhalada, a dor tocando fundo no peito, reabrindo a ferida que ela teimava em garantir a si mesma que há muito não sangrava mais. Então era isso. Ela não era importante. Não havia fotos suas na sala de seu pai, assim como não havia na casa. Sua própria secretária não sabia que sua filha havia voltado. Ainda haveria alguma esperança? Leigh começava a pensar que não. Mas ela não se daria por vencida. Não ainda. Assim como não permitiria que aquela amável estranha percebesse sua dor. — Eu me chamo Leigh. — aguardou por um momento, esperando que isso esclarecesse algo à mulher, o que não aconteceu. — Leigh Michaels. Sou filha de Martin. Eu poderia vêlo? A mulher a sua frente ficou corada, enquanto a estudava mais cuidadosamente. Leigh viu a curiosidade se acentuar ainda 28


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mais em seus olhos, mas a cortesia não permitia que ela a questionasse. — Gostaria de sentar-se? Como eu havia saído por alguns instantes, não sei se o Sr. Michaels se encontra. Vou verificar. Leigh a viu afastar-se rapidamente, batendo levemente na porta do escritório de seu pai, entrando em seguida. Alguns minutos depois ela retornou, autorizando sua entrada na sala. Leigh entrou no escritório, olhando ao redor. Sentiu novamente a dor da exclusão. Tudo aquilo era desconhecido para ela, quando na verdade não deveria ser. — Boa tarde, querida. O que a traz aqui? — Martin a cumprimentou cordialmente por trás da grande mesa. Não se levantou para abraça-la. E nem ela esperava que o fizesse. — Estava próxima e decidi vir até aqui para verificar se tem compromisso para almoçar. — Leigh olhou disfarçadamente ao redor, examinando a decoração do local. Sim, havia alguns porta retratos. A mesma foto de casamentos dos seus pais estava ali também, sua mãe tão linda e delicada em seu vestido branco. Uma foto familiar, os pais com os dois irmãos, em um lugar qualquer, talvez de férias. Uma foto de Lori e John no dia de seu casamento. Nenhuma dela. Leigh o encarou novamente, utilizando oque aprendera em anos de sobrevivência dura na escola. Não demonstre dor. Não demonstre fraqueza. — E então? Aceita almoçar comigo? — Leigh perguntou firmemente, não demonstrando nenhuma emoção. Mas ela as estava sentindo. Muita coisa dependia do que conseguisse através deste encontro. 29


Dois Caminhos, Um Destino. Martin a olhou fixamente, como se não estivesse acreditando no que ouvia. — Almoçar com você? Hoje? — ele parecia perdido e confuso, como se a ideia fosse absurda. — Sim... Suponho que você não tenha almoçado ainda. Eu estava próxima daqui, e decidi passar e ver se poderíamos sair juntos. — Não, ainda não almocei, Leigh. — Martin continuava sentado, olhando-a, segurando uma caneta no ar. Ela sustentou firmemente o seu olhar. Não se esconderia dessa vez. Não era uma criança. Ela iria até o final. Era a sua última chance. A última chance dos dois, como uma família. — Bem, então vamos! — ela caminhou para a porta, esperando-o, como se não percebendo sua indecisão. Após alguns instantes ele se levantou, pegando o paletó atrás da cadeira, e a acompanhou. O restaurante para onde eles foram ficavam um pouco distante do escritório, e o trajeto foi feito em silêncio desconfortável, assim como os pedidos dos pratos. O garçom se retirou após servir vinho nas taças de ambos, deixando-os sozinhos. Martin olhava para qualquer lugar, menos para Leigh. Ele parecia estar fora de seu ambiente ali, embora Leigh soubesse, não era o ambiente, mas sim a companhia. — Fui até o escritório do advogado hoje... — ela disse calmamente, tomando um gole da bebida. — Ele me pareceu muito competente. 30


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— Sim? Fico feliz em saber. — Martin disse, monótono, olhandoa brevemente. — Sim, mas eu ainda preferia que você cuidasse disso. — James Muller é um grande advogado, muito conceituado em sua área. Sua herança não poderia estar em melhores mãos. Você pode confiar nele cegamente. — Não duvido que ele seja o melhor. Mas você ainda é meu pai. Diante dessas palavras, Martin finalmente a encarou. Pálido, ela percebeu. Estava ali, naquela simples frase, tudo oque ele tentara negar uma vida toda. Tudo pelo que Leigh estava lutando para ter pelo mesmo tempo. O ar ficou carregado entre eles. Eram pai e filha, mas desconhecidos um para o outro. Leigh sentiu o coração bater forte, em antecipação. Seria esse o momento de conversarem? Ela sentiu suas mãos geladas esfriarem ainda mais. — Papai... — Papai! Uma bela mulher estava próxima à mesa deles. Leigh viu as feições de Martin mudarem, transformando-se em uma expressão de prazer e felicidade. Papai? O que era aquilo agora? Ela viu seu pai levantar-se e abraçar carinhosamente a moça, e Leigh aproveitou para estuda-la. Os cabelos loiros estavam soltos em grandes cachos que desciam por suas costas. Parecia ter em torno de trinta anos, estava em estado avançado de gravidez e era verdadeiramente bonita. Ela viu Martin acariciar o ventre da mulher, e seu coração, já apertado, se contorceu no peito. Todo aquele amor, todo aquele contato... 31


Dois Caminhos, Um Destino. Leigh assistiu com crescente mal estar seu pai chamar a mulher de querida e perguntar por Howard, mas não estava mais prestando atenção nas palavras trocadas animadamente entre os dois. Só conseguia ver a mão de Martin no braço dela e a outra descansando carinhosamente no ventre. Ela sentiu o golpe, a dor da rejeição fechando sua garganta, deixando-a sem ar. Finalmente a moça olhou em sua direção, notando sua expressão. — Sente-se bem? Está pálida! — perguntou, com preocupação. — Sim... Sim, claro, estou bem! — Leigh respondeu, a voz baixa. A moça sorriu e virou-se para Martin. — Papai, você não apresentou sua linda acompanhante... — ela falou, olhando novamente para Leigh, e sorrindo. – Eu me chamo Claire Reynolds. Sou afilhada de Martin. Ela lembrava-se vagamente de comentários sobre alguns amigos chamados Reynolds, durante as visitas na Inglaterra. E lembrava-se de uma linda mocinha, dez anos mais velha do que Leigh. Sim, lembrava-se agora. Seus pais eram padrinhos de batismo da menina. E ela o chamava de pai? Ela percebeu que ficara em silencio, encarando Claire, quando seu pai fez as apresentações. — Claire, esta é Leigh... Minha filha. — Leigh! Meu Deus, como você está linda! Lembro-me vagamente de você quando criança... Era tão silenciosa! Que prazer vê-la aqui! — Claire abaixou-se para beijar as faces de 32


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Leigh, que retribuiu automaticamente. — Então você decidiu voltar para visitar seu velho pai? Aquilo foi a gota d’água. Ela estava cansada de tudo. De ser apresentada às pessoas que deveriam saber de sua existência. Cansada principalmente de lutar sozinha para ter um lugar na família, quando era claro que não tinha. E finalmente, cansada de presenciar aquele amor todo de seu pai com Claire... Um amor que deveria ser seu. Agora conseguia entender. Não era que Martin não podia amar... Seu pai só não podia amar a ela, sua filha. Leigh levantou-se, sem responder. Se ficasse mais um minuto naquele lugar iria explodir. — Preciso ir... — viu a confusão nas faces da loira e a tristeza no rosto de seu pai. — Sinto muito não poder conversar, mas lembrei de que tenho um compromisso importante. — ela falou, olhando para Claire. Sorriu levemente, sabendo não estar sendo convincente, e não se importando. — Parabéns pelo bebê, Claire. — virou-se e caminhou rápido por entre as mesas em direção à saída. Sentiu as lágrimas molhando a face, e abaixou um pouco o rosto para não chamar atenção das pessoas. Já estava quase na porta quando sentiu uma mão forte se fechar ao redor de seu braço. — Leigh? Você está bem? — Simon perguntou, olhando-a preocupado. Ela olhou para ele, não conseguindo mais controlar as lágrimas que rolavam livres agora. Olhou para seu pai, aos fundos 33


Dois Caminhos, Um Destino. do restaurante, olhando para eles. Sentiu um soluço romper sua garganta, sua alma se rasgando. Aninhou-se no peito largo, e sentiu os braços dele em volta de sua cintura. — Não... Tire-me daqui!

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CAPÍTULO TRÊS

E

le a viu assim que entrou no restaurante, e levou um segundo para perceber que algo acontecera. Mas ver a dor nos olhos verdes fez seu coração, enterrado junto com sua irmã, se contrair de pesar.

Ouviu o pedido desesperado e rapidamente a colocou no carro. Ela olhava pela janela, os soluços suaves haviam se acalmado até se transformarem em eventuais suspiros. Simon parou no sinal vermelho, olhando fixamente para frente, dando o espaço que sabia que ela precisava. O que havia acontecido exatamente? Claro, sabia que havia ocorrido algum desentendimento entre pai e filha, visto a presença de Martin no restaurante. Só um bastardo machucaria a carne de sua carne. — Desculpe-me. — a voz baixa interrompeu seus pensamentos. Virou-se para ela, mas Leigh não se movera, não o olhava. Ele conseguia ver seu reflexo pela janela, o rosto marcado pelas lágrimas. — Eu não tinha o direito de envolver você... — Não diga isso! – a veemência em sua voz assustou a ambos, fazendo Leigh se virar e olhá-lo. — Eu me envolvi, Leigh. Eu quis oferecer auxilio. Assim como quero estar aqui, com você, neste carro. Não poderia estar em outro lugar. — pela primeira vez desde que a encontrara no restaurante, as faces pálidas adquiriram um tom rosado. Ele sorriu calorosamente para ela, e Leigh desviou 35


Dois Caminhos, Um Destino. o olhar. O semáforo abriu e ele acelerou, parando alguns quarteirões depois em uma rua de casas e prédios residenciais. — Eu moro nesse prédio. Trouxe você até aqui por que supus que precisaria de um lugar tranquilo. Posso ficar com você, se quiser companhia, ou você pode ficar sozinha aqui e pensar. Você decide. Ele viu a indecisão nos olhos dela, e sentiu novamente o coração pesar. Ela parecia tão perdida... Tão diferente da jovem charmosa da festa, e da cheia de vontade e fibra daquele mesmo dia, mais cedo, no elevador. — Você não precisa fazer isso. Eu poderia ir para outro lugar qualquer... — Não, você não poderia! – ele a interrompeu decidido, mas gentil. Segurou a mão dela, apertando calorosamente. — Acrediteme, Leigh... Nada me faria sentir melhor do que saber que você está aqui, em segurança, na minha casa. Isso não está em discussão. Você só pode decidir se quer ficar sozinha ou se quer companhia. Encarou-o, os olhos arregalados. Ninguém nunca falara assim com ela, tomara decisões por ela. Mas ninguém nunca cuidara dela, nunca a amparara. Apesar de não conhecê-la, ele estava ali... E Leigh se sentia segura com ele. — Obrigada, Simon. — ela respondeu, olhando para a mão dele sobre a sua. — Você está sendo um grande amigo. Obrigada, de verdade. — Não precisa agradecer, Leigh. Estou feliz em ajudar, em estar com você. — ele sorriu para ela, que retribuiu, timidamente.

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Eles entraram no apartamento, e Leigh olhou curiosamente ao redor. Era lindo, e em nada parecia o apartamento de um solteiro. Decorado elegantemente, o apartamento era bem mobiliado e espaçoso. Caminhou até a grande porta de vidro que dava acesso a uma varanda, tendo a visão da cidade a seus pés. — Uma linda casa, Simon. — E é toda sua, pelo tempo que quiser. — ele disse, se aproximando dela. Eles ficaram em silêncio por alguns minutos. Ele estava se sentindo... Em paz. Sim, em paz ali, com ela, olhando a paisagem, simplesmente passando o tempo, sem dizer nada. — Você quer ficar só, ou quer que eu vá? — perguntou, ainda olhando a paisagem. Ela se virou para ele. Simon era tão bonito e charmoso. Humano também. Bom. Algo que ela precisava, depois deste dia... Na verdade, depois de todos esses anos. Leigh estava cansada de toda aquela dor que a acompanhava desde sempre, e que crescera insuportavelmente na última hora. Ela queria um pouco de aventura, um escape da realidade de sua vida e da profundidade da decisão que precisava tomar. Queria aquelas sensações do elevador, e tudo o que as acompanhava. Desejava-o. Ela soubera disso pela manhã, mas não estava disposta a levar isso adiante. Agora era diferente. — Eu gostaria que ficasse, Simon. — aproximou-se dele, colocando a mão no seu peito. — Na verdade, gostaria muito que você ficasse... E que me beijasse. 37


Dois Caminhos, Um Destino. Simon a encarou, sem ação. Ela o estava seduzindo? Leigh se colocou na ponta dos pés e pressionou seus lábios nos dele. Movimentou-se levemente contra ele, demonstrando suas intenções. Ele ainda não estava reagindo, e Leigh o beijou com mais força, segurando seus ombros para se apoiar. Por um momento ele se sentiu correspondendo... Ela era tão doce... Tão frágil, e machucada... Contra tudo o que pensava sobre si mesmo, Simon não poderia aceitar o que ela estava oferecendo naquele momento. Segurou-a pela cintura, afastando-a. Viu os olhos dela se abrirem em choque, e então se nublarem com a compreensão do que ele queria dizer. — Eu... Eu sinto muito, Simon. Desculpe... Realmente, eu não sei como... — gaguejou enquanto se afastava dele, olhando ao redor. Pegou a bolsa no caminho para a porta. — Obrigada novamente... — Para onde você vai? — ele a interrompeu, confuso. — Embora. — Por quê? — ele caminhou rapidamente até Leigh, e agora estavam de frente um para o outro, próximos da porta. — Porque eu não deveria estar aqui. Não deveria ter tentado... Eu deveria saber que você não... — ela gaguejou, sentindo-se envergonhada. Ninguém a queria. Porque não se conformava com isso? — Você acha que eu não a quero? É isso que está pensando, Leigh? — ele perguntou duramente, o cenho franzido. — Não precisa dizer nada, Simon... Você me trouxe até aqui como um cavalheiro... Você tem razão e eu... 38


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— Leigh. — ele se aproximou mais dela, interrompendo-a. — Eu a quero... Muito. Você não pode imaginar o quanto. — um sorriso torto marcou seus lábios. — Nunca senti isso por ninguém, e não me importo com o significado disso agora. Desde o primeiro instante que a vi eu a quis aqui, comigo, na minha casa, na minha cama. Desde o primeiro instante eu quis beijar você até esquecer quem sou. — segurou o queixo dela, levantando seu rosto para que pudesse encara-la. — Só não queria que você estivesse tão chateada como obviamente está. Eu esperava ter o prazer de seduzi-la, e não ser um remédio para a sua tristeza. — a mão em ser queixo fazia pequenos movimentos carinhosos. — Eu queria ter você em um momento especial. — Você não entende, Simon? Eu o quis desde a primeira vez... Sim, estou chateada, mas quero que você me faça esquecer tudo. Quero conhecer toda essa loucura de que falam, e quero que seja com você. Quero sentir-me viva, e também quero esquecer como tem sido minha vida... E sei que você pode garantir que... Ele a interrompeu com um beijo apaixonado e urgente. Não podia mais se conter. Não podia mais negar a si mesmo e a ela o prazer de estarem juntos. Leigh era magnifica, uma mulher de fibra e determinação, e, sem querer, ele sentiu a admiração crescer por ela, juntamente com outro sentimento que não quis nomear e nem mesmo pensar. Ela estava ali com ele, e nunca um beijo fora tão bom. Ele a segurou pela cintura, levantando-a até que seus rostos ficassem na mesma altura, sem interromper o beijo. Ela o segurou pelos cabelos com uma mão, enquanto a outra o abraçava pelo pescoço. Simon interrompeu o beijo para deslizar os lábios pelo pescoço macio e quente, e sentiu-a estremecer ao mesmo tempo 39


Dois Caminhos, Um Destino. em que ouvia seu gemido rouco. Olhou-a, e viu seus olhos verdes em chamas, queimando-o na paixão e no desejo explícito. — Eu quero muito você. — Ele disse, dando uma leve mordida no seu lábio inferior, e Leigh gemeu novamente, fechando os olhos. — E você pode dizer agora que não quer isso, e eu posso leva-la para casa, ou pode dizer que me quer, e eu a levo para a minha cama. Você escolhe. Ela o olhou por alguns instantes, analisando. Sim, deveria ir embora. Empurrou levemente seus ombros, e Simon soltou-a. Leigh deslizou por seu corpo, sentindo a rigidez de seu desejo por ela. Encarou-o novamente, olhos arregalados. Além de nunca ter estado com um homem, também nunca tivera um contato íntimo como este com um, e sentir seu membro contra o corpo a fez estremecer. Ela se afastou dele e foi em direção a uma porta que, supunha, levava aos quartos. Parou e se virou para ele, sorrindo sedutora. — Acho que vou ficar por aqui, com você, se não se importa, Simon. Ele sorriu, deliciado com a ousadia dela. Caminhou rapidamente ao seu encontro e a beijou duramente, seus lábios exigentes agora, enquanto a pressionava contra a parede do corredor. Deslizou as mãos pelo seu pescoço e ombros, e os lábios vieram logo em seguida, beijando a pele alva e macia. Ela gemeu, arqueando as costas, inclinando a cabeça para trás, e ele aproveitou para passar a língua em uma veia pulsante do pescoço. Tocou um dos seios por cima da roupa, experimentando seu peso na mão, e a sentiu estremecer ao seu toque. Simon abriu 40


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lentamente o zíper de seu vestido, deixando-o escorregar pelo corpo esbelto. Afastou-se para olha-la, tão linda vestindo apenas calcinha e sutiã de renda preta. Usando sapato de salto alto, também preto, ela era a visão do Paraíso. — Eu quero tanto estar dentro de você que chego a sentir dor. Ela o encarou, os belos olhos verdes agora escurecidos, nublados pelo desejo. — Eu também quero você. Muito. Ele a levantou nos braços, levando-a para o quarto e a colocou em pé, próximo da cama. Beijou-a demoradamente, a língua contornando os lábios dela e entrando e saindo de sua boca, em movimentos tão sensuais que ele mesmo pensou que explodiria. Começou a despir-se, tirando rapidamente a gravata e começando a desabotoar a camisa. Ela interrompeu o beijo para colocar as mãos sobre as suas. — Posso? — Me despir? — Sim. – ela respondeu timidamente. Ele abriu os braços para ela, sorrindo encantado com o rosado de suas faces. — Eu sou todo seu. Ela começou a abrir os botões da camisa, e beijava cada parte de pele que ia sendo, até que se abaixou para beijar o 41


Dois Caminhos, Um Destino. abdômen. Simon a segurou pelos cabelos e a trouxe de volta para cima, para um beijo que deveria ter incendiado o quarto. Enquanto ele a beijava, Leigh deslizou as mãos para o cinto dele, abrindo-o, assim com a calça. Ele a empurrou para a cama, e ela o observou terminar de tirar as roupas com rapidez, se juntando a ela na cama, começando a beijar os seios claros e sensíveis, enquanto a mão passeava lentamente pelo corpo de Leigh, conhecendo, explorando. Ele encontrou sua feminilidade e a acariciou, e ela respirou fundo, transtornada pelo prazer. Simon sorriu e reclamou seus lábios, beijando-a com paixão, enquanto sua mão continuava brincando com seu sexo. Leigh arqueou o corpo em sua direção, ao mesmo tempo em que tencionava as pernas e se afastava levemente do toque, atormentada pelo prazer desproporcional. Ele soltou seus lábios e sugou ferozmente os seios macios, a mão impiedosa ainda lá embaixo, produzindo maravilhas que se espalhavam por todo o corpo dela. Simon mordeu delicadamente o bico de um dos seios... E Leigh gritou, puxando-o para um beijo profundo, e enquanto a mão dele continuava lá, ela estremeceu violentamente, sentindo seu corpo vibrar sob o corpo dele. Ele se afastou um pouco para vê-la no ápice do prazer, o rosto e colo vermelho, os olhos vidrados, a boca suculenta em um O lindamente desenhado. Ela parecia uma Deusa. Uma Deusa do prazer. Excitante e enlouquecedora. Apaixonante. Perfeita. Ela o encarou, e parecia estar enxergando a sua alma. Leigh sorriu timidamente para ele, e foi a expressão mais sexy que já vira no rosto de uma mulher. 42


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E aquilo foi a sua ruína. Beijou-a duramente agora, esfregando sensualmente a ponta de seu membro na entrada do sexo dela. Leigh gemeu alto e arranhou suas costas. Ele podia ver que ela estava descontrolada, o desejo renovado. E Simon não estava menos ansioso. Não podia mais esperar. Precisava possuí-la. Ele a olhou nos olhos enquanto a penetrava. Sentiu-a tencionar o corpo e parou, beijando seus seios e pescoço, até que a sentiu relaxar, novamente entregue ao momento. Continuou a avançar para dentro dela, sentindo o quanto estava pronta para ele, e o quanto era apertada... Com uma última e decidida investida ele estava lá, todo dentro dela, sentindo sua carne quente e acolhedora ao seu redor, sentindo os tremores do corpo dela como se fossem seus... Deus! Era o Paraíso na Terra... Ele a beijou sensualmente, movimentando sua língua no interior da boca macia em sincronia com os movimentos que fazia dentro dela. Em instantes ela o acompanhava instintivamente, movimentando os quadris juntos, em uma melodia que apenas os apaixonados entendem e conhecem. Ele a sentiu iniciar a subida do prazer absoluto e não mais se controlou... Com uma última e firme estocada ele sentiu tudo a sua volta desaparecer, enquanto seus sentidos eram tomados completamente por ela, enquanto sentia o cheiro dela na pele e o suor da paixão se misturava ao dele... Tudo isso, toda a essência de Leigh o levou ao orgasmo mais intenso de toda a sua vida.

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Dois Caminhos, Um Destino. Leigh sabia que estava perdida no momento em que tomou a decisão de ficar e o viu caminhar apressadamente em sua direção e beijá-la como se estivesse tomando posse dela. Como se estivesse marcando-a como dele. Toda a experiência fora marcante, única, intensa. Mesmo agora, algumas horas depois do ato sexual, ainda podia senti-lo dentro de si. Sentiu seu ventre se contorcer a lembrança das carícias, dos beijos... Delicadamente saiu dos braços dele, que ainda dormia, e foi para a sala em busca de suas roupas. Vestiu-se rapidamente e buscou o telefone na bolsa. Oh, droga, eram quase dezoito horas! Dormira mais tempo do que supunha. Colocou a bolsa no ombro e foi em direção à porta. — Isso não é muito gentil. — Simon estava de pé, encostado na parede do corredor, usando somente de cueca boxer preta. Leigh sentiu as faces corarem. Vê-lo nu enquanto estavam no auge da paixão era uma coisa. Vê-lo ali, tão lindo, desejável e a vontade era outra, muito diferente. — O que não é gentil? — ela perguntou, corajosamente encarando-o, sem querer demonstrar o quanto estava afetada pela quase nudez dele. — Você sair sem se despedir. — Simon caminhou calmamente ao seu encontro, parando a centímetros dela, a respiração roçando em seu rosto. — Bem, não faço ideia do comportamento adequado a tal situação. Realmente, não é algo que se ensina em um tradicional colégio inglês. — Desafiadoramente levantou o queixo, e o viu sorrir diante do gesto. 44


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— Agora você já sabe. — passou as mãos pelos cabelos dela, o carinho suave e estimulante. — Me lembrarei disso no futuro. — ela o viu ficar sério, os olhos escurecendo, enquanto a mão em seu cabelo o puxava com mais força, não machucando, mas levando sua cabeça para trás para que pudesse encara-lo quando ele trouxe seu próprio rosto para junto do dela. — Não diga isso! — a voz dele pareceu mais profunda, perigosa... Sexy. — Isso o que? — estava trêmula de desejo, e ele apenas acariciara seus cabelos. Podia sentir como se a estivesse tocando lá. — Não faça alusão a outros homens quando há pouco tempo eu estava dentro de você. Quando eu ainda posso sentir você tão apertada e quente a minha volta. Quando eu ainda sinto sua respiração ofegante no meu rosto. Quando eu ainda posso ouvir o seu gemido rouco de prazer. Quando há pouco tempo você estava se desmanchando em meus braços e gritando meu nome. – os olhos deles não se desviavam, e ela podia sentir de novo todo aquele desejo tomando conta do seu corpo, toldando seu raciocínio, dominando-a. Ela só queria tê-lo novamente, não importava onde nem como. Leigh beijou-o, faminta. Queria-o novamente. Agora. Abraçou-o pelo pescoço e colou o corpo ao dele, enquanto Simon a beijava com desespero, segurando-a pelas nádegas. Quando ele a levantou nos braços e a pressionou contra sua 45


Dois Caminhos, Um Destino. ereção Leigh enlaçou-o com as pernas, o vestido permitindo o delicioso e frustrante contato entre seus corpos em chamas. Mas ainda não era o suficiente. Simon caminhou com ela assim, segura em seu corpo, e a encostou na parede, próximo à porta. Abocanhou rudemente um seio, enquanto a mão alcançava seu clitóris, massageando-o. Leigh gemeu alto, e arranhou suas costas, apertando as pernas em volta de sua cintura. Ele continuava a tortura, brincando com as mãos e boca em seu corpo, enquanto ela se contorcia, gemia e gritava seu nome. Ele a penetrou então, firme e profundo, e o violento orgasmo a engolfou, fazendo-a perder-se. Mas ele não cessou os movimentos, e em instantes Leigh estava novamente subindo os montes do prazer total, dessa vez acompanhada por Simon, que gemia e murmurava seu nome, enquanto lambia seu pescoço e apertava sua cintura. Simon a colocou no chão delicadamente, enquanto saia de dentro dela. Leigh gemeu, em um cansado protesto. Sentia-se vazia sem ele. Simon a encarou demoradamente, tentando decifra-la. Quem era ela? Uma criança, inocente e doce, ou uma mulher, desejável, linda e apaixonante? Leigh sustentou corajosamente seu olhar, sem pestanejar, lutando contra a timidez que a fazia sentir as faces coradas. Ela tinha se entregado àquele homem, e agora sentia vergonha de seu olhar perscrutador? 46


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Ele sorriu e acariciou seu braço. Pegando sua mão, conduziu-a para o quarto, silenciosamente despindo-a e a si mesmo. Levou-a para o banheiro, e delicadamente esfregou seu corpo, massageando-lhe os ombros, enquanto a água morna acariciava seus corpos. Virou-a de frente para ele e com os olhos fixos nos dela, delicadamente esfregou seus seios, sentindo-os endurecerem ao seu toque. Leigh enrubesceu, envergonhada da resposta do seu corpo. — Acho simplesmente perfeito a forma como você ainda consegue ficar envergonhada, mesmo sabendo que conheço seu corpo como ninguém... Mesmo estando aqui, nua, comigo. — disse, sorrindo, tocando os lábios sensualmente entreabertos dela. — Essa mistura de menina e mulher tanto me encanta quanto me enlouquece. — beijou castamente nos lábios, e ela gemeu, protestando, quando ele se afastou. — Ah, Leigh, o que vou fazer com você? — ele perguntou serio, acariciando seu rosto. — Eu não sei. — foi a resposta sincera.

Algum tempo depois eles estavam sentados à mesa, comendo sanduíches que Simon fizera. — Por que você estava indo embora? Ela interrompeu a mastigação, encarando-o. Engoliu calmamente, esperando que ele não tivesse notado a pausa. — Porque estava tarde, Simon. Está tarde, e eu não deveria mais estar aqui. 47


Dois Caminhos, Um Destino. — Então por que você ainda está? — seus olhos não se desviavam, e ele a viu ficar ainda mais corada do que antes. — Acho que podemos dizer que os últimos acontecimentos não obedeceram a um espaço de tempo politicamente aceito. Ele sorriu, e Leigh o acompanhou. Simon estendeu a mão e segurou a dela por cima da mesa e assim eles ficaram por alguns momentos, em silencio. — Eu preciso ir... — Leigh disse baixinho. Ela não queria ir. — Eu sei... — contra sua própria vontade, ele não queria que ela fosse. Leigh sorriu para ele, encantadoramente sexy com os olhos brilhando, enquanto deixava a cozinha rumo ao quarto. Simon a observou sair, sorrindo satisfeito. Ter Leigh nos braços fora além de todas as expectativas... Ela era linda, apaixonada, desejável e enlouquecedora, tímida e desafiante... Era uma mistura inebriante de menina e mulher que o fazia deseja-la ainda mais só em lembrar-se de seus sorrisos tímidos, faces vermelhas e corpo sensual. Sorriu pela lembrança, enquanto se levantava para ir encontra-la. Ela não estava no quarto. Simon não sabia definir como, mas sabia onde ela estava... Caminhou até lá, aquela porta mais a frente no corredor, onde não entrava há muito tempo. 48


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Encontrou-a ali, no meio do quarto, olhando-se no espelho que certa vez transmitira o reflexo de sua linda irmã. Ele sentiu seu coração gelar. As lembranças de tudo o que havia acontecido agora o fazendo sentir-se egoísta, traidor, sujo. Ela olhou para Simon e sorriu. Leigh Michaels. No santuário de sua irmã. — O que faz aqui?

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