DIGESTO ECONÔMICO, número 245, setembro e outubro 1975

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ECOIMOMICO

Aprcscnlnçíio

As rcinçõcs diplomálicns

Drasil com a América Latina — Azeredo díi Silveira

A cmcrgOiicia cio Drasil como grande cconoini:i de merendo — João l’aulo dos Reis Vclioso Octavio Gouvêa de lUilhõcs

O ncOrdo nuclear c a indúslrla — Cduardo Celcbliiio Rodrigues loãü de Scantiinburgo

Atcool — o carburnnie do Drasil — Lauro de Harros Siciliano

Um novo Munieli — Eugênio Gudin

A cxijcclnliva do milagre brasileiro — Rubens Vaz da Costa

O Drasil c as multimicioiiais

1’crspccliviis urbanas na America Latina — ). C. de I-igucircdo rerraz

A economia dos soviéticos e o inslittilo do “jeito"’ — Frederico Hcllcr

A cstutizni;ão da economia — Alfredo Nagib Rizkailali

O papel do economista na sociedade brasileira

O papel do economista na sociedade brasileira — )osd Wiison Saraiva

O papel do economista na sociedade brasileira — Arislophanes Pereira

Uma curiosidado terapêutica do século XVI11 — A. Bernardes de Oliveira

O Terceiro Mundo entre o Oriente c o Ocidente — Samuel Pisar

Rclulório especial: fabricaremos liomcns todos iguais — Oriana Falaci c Alvili Tofflcr

Estados Unidos: ICissingcr

A revolução clctrOnica — Dcspcrlnr de uma nova era — líobert W. Sarnoff

A (cenlen c

Gustavo Corção

O mundo é monárquico — Jcaii François Rcvcl

Numa Europa conturbada os comunistas aguardam nas extremas — U. S.

A cslatiznçao na ceonomiu brasileira

Pc. josc Danti, formador de cristãos — Luiz Cintra do Prado Ruy Santos

LEBTyRAS OBRIGATÓRIAS

Livros de João de Scantimburgo

À CRISE DÀ REPUBLICA PRESIDENCIAL

Estudo socio-politico-historicü sobre o re gime brasileiro, suas crises através dos anos até à formação do processo revolucionário. O livro abrange o periodo de Deodoro a Castello Branco.

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ITRATADO GERAL DO BRASIL

Estudo completo sobre o Brasil, do desco brimento à prospecção do ano 2.000. Abrange todos os aspectos da evolução do povo brasileiro, com suas instituições, sua civilização e sua cultura, sua economia, sua politica social, a edu cação, a segurança nacional e outras questões importantes,

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APRESENTAÇÃO

o processo do desenvolvimento é juncado de dificuldades. Conhecem-no os brasileiros, sobretudo nos últimos que a política economico-financeira do governo se tem orien tado no sentido de promover o crescimento economico do país, a fim de que possamos ultrapassar a linha do país menos de senvolvido. Daí, o numero elevado de iivros, ferencias, discursos, entrevistas, artigos, sobre o fenomeno desenvolvimentista. Uma das profissões que tiveram mais relevo, no período de duas décadas, as décadas do desenvolvimento do Brasil, foi a de economista. Durante anos, as faculdades de economia procuraram alunos; havia, nesses estabelecimentos, vagas ociosas, por falta de interesse. Bastou, porérri, o Brasil entrar em cheio na avenida do desenvolvimento e até a língua passou por transformações, sob influencia dos economistas, que nela introduziram um grande numero de palavras, tomadas, prin cipalmente, do inglês e aportuguesadas. Hoje, a carreira dé eco nomista já é encarada como necessária, tanto na area da cro como da microeconomia, e todos os economistas, rem das escolas, encontram facil colocação em empresas pu blicas ou particulares. Sobre esse assunto, e o papel do eco nomista na sociedade brasileira, publicamos três trabalhos te numero. Chamamos a atenção, igualmente, para a conferên cia proferida pelo chanceler Azeredo da Silveira, na Universi dade de São Paulo, sobre a diplomacia brasileira na América Latina. É trabalho de um grande nome da siderações entroncam~se na tradição da política de Rio Bran de que o atual ministro das Relações Exteriores é seguidor, seoundo as exigencias do mundo contemporâneo. O milagre brasileiro — expressão que acolhemos,, segundo convenção aceita, — é tratado pelo economista Rubens Vaz da Costa. A estatização, os problemas urbanos, a técnica e a poesia, as mul tinacionais, o Terceiro Mundo, a ameaça comunista, o álcool como combustível, e outros assuntos de atualidade completam este numero do DIGESTO ECONOMICO, que, como sempre, agasalha em suas colunas colaboração da mais alta qualidade e de interesse permanente.

anos, em ensaios, conmaao sainescarrière”. Suas conco

GESTO EGOii n U

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o BRASIL E AS EMPRESAS MUL TINACIONAIS

Mario Henrique Simonsen

A FORMAÇÃO DO ECONOMISTA NO brasiL

Eugênio Gudin

O POLICENTRISMO E AS NOVAS ALIANÇAS

Nicolas Boór

DA IMUNIDADE TRIBUTÁRIA DOS BANCOS DE DESENVOL VIMENTO

Amoldo Wald

EVOLUÇÃO DA CASA URBANA BRASILEIRA

Ebe Reale

TENDÊNCIA DO TRANSPORTE NO BRASIL

Eduardo Celestino Rodrigues

O BRASIL E O MUNDO COMU NISTA

L. de A. Nogueira Porto

Acelta-se intercâmnio cun cações congêneres naclonata e eg trangelras.

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A GRANDE FIGURA DE D. PEDRO II

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As relações díplomaficas do Brasil com a America Latina

EM um grande significado para mim falar aos senhores, por oca sião da instalação do Centro de Documentação sobre a Améri ca Latina, da Universidade de São Paulo. Como os Senhores sabem, desde os primeiros momentos do Governo; o Presidente Ernesto

Ejti conferência pronunciada por ocasião da sessão solene de insta lação do Centro de Documentação sohre a América Latina, na Uni versidade de São Paulo, o chance ler Azeredo da Silveira pronunciou conferência sobre as relações di plomáticas do Brasil com a Amé rica Latina. Damos, a seguir, o texto da conferência. seu

Geisel destacou a importância espe cial da América Latina como cená rio para a política externa do pais. E o Ministério das Relações Exteriocomo principal executor da po- res, lítica externa, vem fielmente cum prindo essa diretriz, dando atençãc prioritária ao bom desenvolvimento das relações continentais, poder-se-ia pensar que essa aten ção prioritária para a problemática das relações com a América Latin seria uma conseqüência natural de nossa própria posição geográfica no Continente. E, de fato, nunca o Bra sil se perdeu da perspectiva hemis férica que lhe é fundamental. O qui Presidente Geisel salientou, po rém, foi a necessidade de reavaliade nossa política externa, à luz nacional realizado e

timos dez anos havia projetado o pais em escala nunca vista no cená rio latino-americano. Com isso, au mentaram nossos interesses e nos sas responsabilidades na área. Ine vitavelmente, essa presença maior do Brasil afeta tanto a nossa políti ca externa quanto a dos demais paí ses do continente.

Como 0 Brasil, outros países la tino-americanos passaram por trans formações que aumentaram subs tancialmente seus interesses regio nais e sua capacidade de atuação o externa.

COS

táveis repercussões namento dos países do continente resto do mundo e entre eles com o próprios. A emergência de novos fode poder econômico no plano .nundial, de que participam países

Por outro lado, o cenário mundial sofreu importantes modificações no curso dos últimos anos, com inevisobre o relaciocao do progresso das mudanças ocorridas em países hemisfério, e em outrcs quadi’ai- ÚO tes do mundo, que resultavam num novo sistema de poder relativo no continente e numa nova posição da América Latina no cenário mundial. De fato, 0 extraordinário cresci mento econômico do Brasil nos úl-

menos desenvolvidos, inclusive na ções latino-americanas, tem levado a uma redefinição das relações en tre os países desenvolvidos e sub desenvolvidos que afeta, também, a evolução das relações intra-continentais nas Américas. A reação norte-americana às novas realidades de distribuição do poder econômico e político no plano mundial tem imediatas repercussões na política hemisférica pelo próprio peso espe cífico daquele país no continente. A própria “détente” enquanto repre senta, sobretudo, uma tentativa de acomodação entre as superpotências, não deixa de influir no curso das re lações interamericanas. É caracte rístico, nesse sentido, que a grande maioria das nações que patrocina ram o levantamento das sanções contra Cuba — recentemeníe efeti vado em Costa Rica — tenham es grimido em favor de suas teses, ar gumentos baseados na “détente” e não no exame estrito das relações interamericanas e nos aspectos jurí dicos e políticos da questão no âm bito exclusivo do TIAR.

cionais se faria sentir (cito) “para o bem ou talvez para o mal". Obvia mente, o fenômeno de empresas com operações Iransnacionais, inclusive no setor da produção, não é peculiar desta fase em que vivemos. E não cabe aqui recapitular como toda a evolução das modernas economia.s de mercado se fez simultaneamente com o estabelecimento de uma vas ta rede de operações produtivas, co merciais e financeiras que transcen diam em muito as fronteiras nacio nais. Mas é indiscutível que foi nes te século e, muito particularmente, em sua segunda metade, que os in vestimentos internacionais se ex pandiram enormemente e penetra ram em setores tais como os da pro dução de manufaturas e da interme diação financeira, até há pouco re servados, em forma dominante, aos capitais nacionais.

Na América Latina, o impacto desse novo fenômeno é particular mente sentido. Por um lado, a re gião é uma das que tom recebido maior aporte de técnicas e de ca pitais, com todos os seus reflexos positivos nas exportações, no nível de emprego e no próprio crescimen to econômico de cada país. Por ou tro, é também um fato que a ma neira como operam muitas transnacionais tem sido razão de atrito.s entre governos de países da região e daqueles de onde se originam mui tas dessas empresas, com reflexos para o conjunto das relações intracontinentais, É assim que o Brasil, embora sem maiores problemas ele próprio nesse terreno, tem apoiado a realização de estudos que permie esta de impacto direto na l

Outra transformação importante do cenário político-econômico mun dial região latino-americana — é o sur gimento aí de novos atores que hoje se perfilam ao lado do Estado-nação. Refiro-rr.e ès corporações transnacionais — este ente ainda algo mis terioso e a cuja ambiguidade o Pre sidente Geisel aludiu em um dos seus primeiros pronunciamentos à nação, ao assinalar que ainda não nos era dado saber se a sua presen ça acrescida nas relações interna¬

tam alcançar um maior disciplinamento da atuação destes novos agentes, seja através de um código de conduta, seja através de um conjunto de normas indicativas negociadas e livremente acorda das entro Governos. Como os se nhores sabem, era este um dos te mas propostos como parte do “Novo Diálogo” com os Estados Unidos da América e que chegou a ser obje to de algumas reuniões intergovernamentais realizadas em Washing ton. Quando da interrupção das ne gociações sobre esse tema, por mo tivos políticos estranhos ao seu obje to específico, já havia sido possível chegar-se a uma posição comum da América Latina sobre algumas normas gerais. Tenho a esperança de que o “Diálogo” com os Estados Unidos da América seja retomado ao nível formal que propôs o Secre tário Kissinger e que a posição co mum fixada pela América Latina constitua a base de um texto que possa ser subscrito também por aquele país.

Assinalei até aqui algumas ten dências importantes das relações in ternacionais e como elas repercutem na América Latina. Quero agora de linear os objetivos básicos do Bra sil na região, para poder, em segui da, mostrar como eles se concreti zam em ações diplomáticas, tanto no plano bilateral como no multilateral.

Em suas relações globais com a América Latina, o Brasil é movido por algumas preocupações funda mentais ligadas ao seu desenvolvi mento e à sua segurança.

Uma delas comum, aliás, à maioria dos países americanos — é a de que, na medida do possível, não se altere o “status quo” territo rial. O Continente tem estado razoa velmente livre de conflitos armados em razão de disputas de fronteiras. Para o Brasil, país com dez vizi nhos e uma das mais vastas frontei ras terrestres do mundo, é impor tante que essa situação não se mo difique. Isso não quer dizer que dei xamos de reconhecer a legitimidade de certas pretensões de inequívoco significado político para todo o Con tinente, nem que deixamos de dar o nosso apoio às aspirações de popu lações do Continente à liberdade contra a presença colonial. Em qual quer hipótese, porém, nosso interes se é o de que essas mudanças'ocor ram através da negociação e do en tendimento e não de conflitos arma dos.

Quanto às disputas entre Estados americanos pela soberania sobre ter ritórios contestados, nossa posição segue sendo a de oferecer o exemplo brasileiro de haver resolvido pro blemas semelhantes sempre pela via da conciliação e do arbitramento. Temos procurado exercer a nossa ação nesse sentido e, pelo menos num caso, como também o fizeram outros países vizinhos, servimos de instrumento para a reaproximação entre dois países com problemas de fronteira: o Chile e a Bolívia. Da mesma maneira, espera o Bra sil que a evolução política interna de cada país se processe por vias pacíficas, com o mínimo de radica lização e de violência, para que não

se perturbe o clima de cooperaçao indispensável ao progresso ordeiro da região. Nesse sentido, nossa atua ção junto aos demais Governos tem de ser, necessariamente, a mais cui dadosa. Recusa-se o Brasil a inter ferir ncs assuntos internos dos seus vizinhos por convicções éticas e por saber quão ilusório é o equilíbrio resultante de pressões externas, ênfase de nossa política externa no quadro latino-americano é, assim, colocada no esforço de convenci mento de que as relações de colabo ração são mais eficientes do que as de antagonismo, para os fins do pro gresso material e social de todos. Uma terceira preocupação da nos sa diplomacia é a de evitar que pre dominem na América Latina ten dências para a aglutinação sub-regional em nódulos de países com es pírito confrontativo ou aspirações de rivalidade. Para nós, os elemen tos comuns entre os diversos países da região predominam e devem pre valecer sobre os de diferença ou di vergência. Longe de nos sentirmos separados dos nossos vizinhos pelas características a nós peculiares, a eles, a cada um deles, nos sentimos unidos pelas inúmeras coincidên cias raciais, culturais, sócio-econômicas e muitas outras, ou pela con vergência de interesses nacionais. Esse espirito que domina nossas re lações bilaterais com cada país, pro curamos infundir às relações conti nentais como um todo. Para culti vá-lo, fez 0 Brasil objetivo princi pal de sua política externa na áre.a criar com cada vizinho, individual mente, e com todos, coletivamente,

vínculos reais de interesse econô mico que tornem as boas relações Um .imperativo e não uma contin gência.

(O Brasil e os países da Bacia do Prata: a Argentina).

Dos nossos vizinhos, a Argentina é, obviamente, o mais importante. Seus recursos humanos e territo riais, bem como o grau de desenvol vimento que muito cedo alcançou em sua economia e sua cultura dela fazem um país de grande peso e in fluência na América Latina.

As relações entre o Brasil e a Ar gentina foram sempre tingidas por um sentimento ambíguo de admira ção e de receio de cada parte com relação à outra .Tem sido preocupa ção dos estadistas esclarecidos dc cada país ressaltar o lado positivo desses sentimentos e procurar lar as enormes virtualidades, o progresso de ambos os povos, quo estariam reprimidas pelas descon fianças recíprocas e que poderíam ser liberadas mais descontraída.

A principal tarefa da diplomacia brasileira com respeito á Argentina tem sido precisamente esta de dis';!par o lado negativo do nosso rela cionamento e de explorar todos os pontos de aproximação para culti vá-los e ampliá-los.

Os íntimos contatos entre nossas populações, favorecidos pelos dernos hábitos das viagens interna cionais, têm prestado importante serviço nesse sentido. No plano go vernamental, todo incentivo é.dado à expansão do comércio e da coope ração econômica.

revepara por uma cooperação / mo-

A Argentina é e será sempre o principal parceiro comercial do Bra sil no Prata, embora não necessaria mente nosso maior parceiro econô mico. Mesmo na atual conjuntura, foi possivel, até o ano passado, ex pandir nosso comércio muito além do ritmo de crescimento julgado viá vel há apenas seis anos atrás. A mé dio e longo prazo a tendência é pa ra o crescimento absoluto e relativo desse comércio, o que terá impor tantes reflexos para o estreitamento da cooperação noutros planos. Como com outros países vizinhos, acreditamos que a cooperação no aproveitamento conjunto de recur sos naturais realmente compartilha dos ou situados em áreas de frontei ra pode ser de gi*ande significado para o relacionamento bilateral. Es peramos ultrapassar as dificuldades que têm surgido nesse sentido, no benefício dos povos de ambos os países.

O Itamaraty procura manter com a Chancelaria argentina um diálogo constante e franco. São numerosas as ocasiões em que, tanto no plano bilateral como no multilateral, nos sas opiniões se assemelham ou coin cidem. Assim, procuramos evitar fazer das divergências existentes o ponto fulcral da nossa relação com 0 maior dos nossos vizinhos. Nesse, como em outros casos, trata-se, para 0 Brasil, de explicitar as áreas de convergências, multiplicando os con tatos mutuamente vantajosos, en quanto, por outro lado, procuramos, através da negociação, resolver, ate¬

nuar ou, em último caso, circuns crever os pontos de divergência.

(Os países da Bacia do Prata: Uru guai, Paraguai e Bolívia).

Também com relação ao Uruguai, sobressai a nossa preocupação de assegurar o equilíbrio e a estabilida de na região do Prata. Para tanto, muito contribuiu o cordial e amis toso encontro do Presidente Ernes to Geisel com o Primeiro Mandatá rio uruguaio, realizado no início de junho. Na ocasião foi fúmado o Tra tado de Amizade, Cooperação e Co mércio, que veio reconfirmar as in tenções de cooperação entre os dois Governos e dar renovado impulso à execução de programas bilaterais de grande interesse para ambos. Além desse Tratado, foram assinados diversos outros atos relativos ao in tercâmbio, à cooperação agrícola, ao transporte marítimo, fluvial e lacustre, à cooperação no setor hidre létrico, à cooperação técnica e cien tífica e à cooperação financeira.

O Protocolo de Expansão Comer cial, por exemplo, reconhece ao Uruguai a situação de país de me nor desenvolvimento econômico re lativo e atende, assim, a preocupa ção fundamental do Governo orien tal.

Outro importante resultado do Tratado foi o impulso que ele veio dar à conclusão das negociações de um instrumento relativo ao Projeto Integrado no Rio Jaguarão, na área da Bacia da Lagoa Mirim, que inclui o aproveitamento hidrelétrico em Passo do Centurião, e a criação de um sistema de irrigação para apro veitamento agrícola da região.

Eis aí um exemplo concreto da poanima o lítica de cooperação que Brasil com relação a seus vizinhos. Em Rivera, instauraram-se as con dições para uma crescente integra do interesses permanentes entre Uruguai, criando-se çao o Brasil e o vincules que transcendem as cir¬ cunstâncias do momento.

No que respeita às nossas rela ções com o Paraguai, o problema de criar vínculos reais e permanentes de interesse com.um na preservação do bom entendimento e da colabora ção bilateral não é menOs importan-

pleno desenvolvimento e ampliação. Favorece esse resultado a circuns tância de atravessar aquele pais an dino a mais longa fase de estabili dade que conheceu há muitos anos, o que permite ao Governo de La Paz mais largas perspectivas de pla nejamento t de engajamento nacio nal.

Graças ao bom entendimento en tre Brasília e La Paz, tem sido pozsível concluir importantes acordos para eslimturar a cooperação per manente entre os dois países. O Acerdo de Cooperação o Complementação Induí.lrial firmado no ano passado cm Cochabamba, na presen ça dos Presidentes Geiscl e Banzer, é o principal desses instrumentos.

Permitirá ele a instalação de u:r> polo de desenvolvimento industrial em território boliviano, com ajuda brasileira. ligado a um programa dc fornecimento de gás da Bolívia ra o Brasil. te.

É esse o sentido do programa que começou a tomar foi-ma com a De claração de 26 de abril de 1973 so bre o desenvolvimento integral do Alto Paraná. É essa a razão do em penho que vem colocando o Gover no na realização da grande obra que será a usina hidrelétrica de Ilaipu Não se pode subestimar o enorme significado que teve para esse resul tado a assinatura, em 1966, da Ata das Cataratas, pela qual o Brasil e o Paraguai se reconheciam o direito à repartição igualitária dos benefícios do aproveitamento hidrelétrico de rios contíguos, o que abriu para o' paises platinos todo um campo novo para a defesa de seus recursos na turais. A Ata das Cataratas é, as sim, um vivo exemolo da seriedade com que o Brasil persegue sua polí tica de realizar, com os seus vizi nhos, uma política de repartição equânime dos benefícios de coope ração recíproca.

Também com a Bolívia as relações do Erasil se encontram em fase d 2

pa-

Como com as demais nações pl tinas, uma atenção especial é dada ao problema da integração da rede de transportes. O Brasil vem cola borando com a Bolívia na expansão de suas redes rodoviária e ferroviá ria com vistas à integração desses sistemas aos brasileiros, A impor tância desse empreendimento ressal ta quando se considera que ele en sejará para a Bolivia uma saida pa ra o Atlântico, de enorme significaco para aquele pais mediterrâneo.

(O Erasil e os países andinos: o Chile, o Peru, a Colômbia, o Equa dor ,e a Venezuela), a-

Nossas relações com os países an dinos SC encontram hoje, também, em período de intensificação.

É bem revelador da importância adquirida pelo Brasil que esses pai ses, naturalmente voltados para o Pacífico, venham procurando, de forma crescente, uma aproximação com o nosso país. Já aludi à Bolívia })aís ao mesmo tempo andino e pla tino o com o qual mantemos estrei tas relações.

Com relação ao Chile, o Brasil tem dado o apoio material necessário pa ra ajudá-lo a superar a difícil si tuação econômica que atravessa. Nossa política com aquele país se caracteriza por um relacionamento correto e construtivo onde é funda mental a nossa preocupação de aju dá-lo a superar suas crises corren tes e a retomar seu papel no Conti nente.

Brasil e Peru sempre tiveram boas relações, nunca empanadas por qualquer questão bilateral. Sobre essa base de cordialidade, temos procurado dinamizar as relações econômicas entre os dois países.

Assim, já em agosto de 1974, reuniu-se no Itamaraty a Comissão Mista Brasileiro-Peruana que, cria da em 1957, se havia reunido apenas uma vez, em 1972. sem resultados, nessa mesma ocasião, muito positi vos. A reunião do ano passado teve completo êxito e, desde então, vêm sendo examinados operacionalmente os mais variados projetos, na área do comércio, dos transportes e da cooperação científica e técnica.

Há poucos dias, recebi em Brasí lia, em visita não oficial, o Chanceler

peruano, o General Miguel Angel de La Flor Vale. Pudemos então fazer um balanço das relações bilaterais e das possibilidades de cooperação entre nossos paises em organismos internacionais. Nossas conversações feram muito positivas e serviram para indicar que muito será possí vel realizar em beneficio de nossos povos e do próprio Continente.

Nossas relações com a Colômbia têm sido igualmente reexaminadas com vistas à identificação de novas áreas onde seja de interesse comum a' cooperação bilateral. Refiro-me, mais uma vez, a programas e proje tos de envergadura e que envolvam a cooperação regional nas zonas de fronteira. O mais destacado plano surgido nesse contexto foi o da ex ploração conjunta do carvão colom biano, numa operação que envolvia aspectos de comércio, de investimen tos e de financiamento de grande vulto, o exame do projeto não chegou a ser concluído, pois a própria novi dade do conceito de exploração con junta de recursos naturais dificulta seu entendimento. Acredito, porém, que esse tipo de dificuldade tende rá a diminuir à medida que os paí ses da região se aperceberem dos benefícios reais desse tipo de coope ração que, conduzida com honesti dade de propósitos, não representa qualquer perigo para os países que a praticam.

Com o Equador, embora não te nhamos fronteiras comuns, mante mos estreitos contactos nas áreas econômicas e cultural e nossas re lações têm se caracterizado por uma

constante harmonia. O Brasil vem se esforçando por dar prosseguimen to ao programa de cooperação para construção da via interoceânica que ligará o Pacífico ao Atlântico por sistema modulado de transporte

Ao regressar a Caracas, fez ques tão o Chanceler de dizer claramcnte que o que viu e ouviu no Brasil o autorizava a negar que houvesse de nossa parte qualquer ambição hege mônica, e que as suspeitas levanta das contra o Brasil são da mesma natureza e proporção das que se di rigem contra a Venezuela e tão in fundadas quanto elas.

tConclusôes sobre a América do um üuvial-rodoviário e ferroviário. Equador é, talvez, o país andino on de mais ativo é o programa de cotécnica com o Brasil. o operaçao

A Venezuela constitui exemplo destacado das transformações por que vêm passando os países latinoamericanos. A súbita e recente aflu ência de recursos para aquele país, em decorrência da elevação dos pre ços do petróleo, criou para o Goverde Caracas condições inéditas de projeção e de atuação no plano con tinental.

Sul).

Estes exemplos de colaboração bi lateral com os principais países da América do Sul dão uma idéia da preocupação brasileira de construir, ao longo das áreas mais próximas ao nosso país, uma teia de relações no em que a cooperação apareça clara mente não como o propósito exclu sivo de uma das partes, mas como um esforço mutuamente vantajoso. Lançamos assim os alicerces de interdependência verdadeira.

Para o Brasil, o surgimento de na ções na América Latina com maior personalidade e poder representa um fato positivo. A relativa plurali dade de centros de poder no Conti nente é benéfica para todos, na me dida em que desencoraja a forma ção de blocos monolíticos que pode ríam assumir características negati vas. O que é importante é que sai bamos conduzir nossas relações com cada um desses centros de modo equilibrado. Isso só pode ser obtido através do diálogo e não pela via do' isolamento.

A recente visita do Chanceler Es covar Salom a Brasília foi, nesse sentido, um marco de importância. Com ela se criaram as bases para amplos entendimentos entre nossos Governos com vistas à cooperação nos mais variados setores.

uma . que, além de constituir a base para fu turos projetos mais ousados de in tegração, possa servir de modelo para a interdependência que deseja mos ver estabelecida no plano mun dial: a interdependência horizontal, caracterizada pela equidade pela subordinação. e nao

(O Brasil e os países da América Central).

A nossa cooperação com o México tem-se tornado mais operativa des de que 0 Presidente Echeverria aqui esteve e como resultado mesmo dos entendimentos que então manteve com 0 Presidente Geisel.

Países em estágio semelhante de desenvolvimento, Brasil e México têm grandes possibilidades de com-

plementarcm seus esforços, sobretu do no ton-eno da tecnologia indus trial. Os trabalhos realizados pelo Comitê Permanente da Comissão Mista Brasil-Móxico, nos campos da siderurgia, da indústria farmacêu tica e da indústria aeronáutica, con quanto ainda preliminares, revela ram a existência de boas possibili dades para a intensificação do inter câmbio de técnicas e mercadorias entre os dois países, com grande pro\’eito para ambos .

A Chancelaria mexicana, cônscia da importância do Brasil para a po lítica intralatino-americana e interamericana tem sempre realizado consultas conosco com relação a te mas de relevância de natureza multilaleral, como é o caso do SELA e do chamado “Novo Diálogo” com os Estados Unidos da América. Quanto aos demais países da Amé rica Central, nosso relacionamento é necessariamente menos amplo em razão da separação geográfica e de suas limitadas dimensões econômi cas. Ainda assim, mantemo-nos atentos em explorar as possibilida des de comércio e de cooperação econômica bilateral com cada um deles e em praticar estreitas consul tas com seus Governos em assuntos de interesse regional e multilateral. No que respeita os países das Caraíbas, o Brasil, apesar das boas re lações que com eles mantém, pode ainda ampliar em muito a sua pre sença nessa região de grande rele vância estratégica para o conjunto do continente americano. As com provadas riquezas minerais da área fazem com que esses países detenham

uma importância nas relações entre os Estados, maior do que o tamanho de sua área geográfica e de suas populações poderia fazer supor. Por outro lado, as nações de fala inglesa das Caraíbas compõem, com a Guiapaís nosso vizinho — um gi'Upo que, por suas tradições étnicas e culturais, representa um elo impor tante entre a América Latina e o restante do Terceiro Mundo.

Do exposto, é evidente a modifi cação ocorrida no- clima geral que cerca o Brasil no continente latinoÉ esse resultado elo-

na americano, qüente demonstração do acex’to da política externa do Presidente Gei-^ sei, voltada para o cultivo sistemá tico das relações de cooperação. A maneira direta e convincente com que temos conduzido as nossas nego ciações com os países vizinhos tem sido uma constante demonstração da sinceridade de nossos propósitos. Quando dizemos que em nossos Acordos buscamos sempre a melhor repartição de benefícios, pois só os acordos equânimes são duradoui*os, estamos reti-atando a prática de nos sa diplomacia, e disso estão hoje convencidos os países amigos vizi nhos.

(O Brasil e a cooperação regional).

Dissemos no início que' o mesmo espírito que anima as nossas rela ções bilaterais procuramos infundir às relações multilaterais no Conti nente. Não regateamos, pois, nossa participação nas iniciativas latinoamericanas com vistas à coopearção intra-regional. Pelo contrário, as apoiamos e procuramos a elas dar o melhor de nossa contribuição.

A recente criação do Sistema Eco nômico Latino-americano, o SELA, é um exemplo em pauta. Compreendemos as razões profun das que conduziram ao surgimento da idéia do SELA. Os países lati no-americanos reconhecem, cada vez com mais nitidez, que a coope ração hemisférica em assuntos eco nômicos tem encontrado imensas barreiras ao passar do plano inten cional para o real. Isso os leva a pretender reforçar os mecanismos - de cooperação econômica ao nível sub-regional latino-americano.

Até certo ponto, o SELA é o re sultado da frustração latino-ameri cana com 0 insucesso do esforço de cooperação continental a que se de nominou de “novo diálogo”. Dai porque se pensou que o SELA pu desse surgir com intuitos de con frontação com relação ao parceiro do diálogo interrompido. Na verda de, nem o diálogo está terminado nem o congraçamento latino-ameri cano pretende substituí-lo.

Estas reflexões nos levam a medi tar sobre o sentido que tenderão a tomar no futuro as relações entre a América Latina e os Estados Unidos da América. Muitos falam de crise nessas relações, com a conotação ne gativa que se costuma emprestar a esta palavra. Para mim, o conceito de crise é eminentemente positivo, e carrega consigo, conforme sua eti mologia, as idéias de distinção, de escolha, de decisão e de solução. Nesse contexto, a “crise” nas rela ções interamericanas não é senão o resultado de um longo processo através do qual a América Latina

procura afirmar a sua maturidade e a sua capacidade de dialogar com os Estados Unidos da América co mo um parceiro cuja autonomia e especificidade de intei-es-ses se deve respeitar. A essa realidade distinta, precisa, deve corresponder o reco nhecimento de que novas formas de relacionamento hemisférico se im põem.

Diálogo é aqui a palavra chave. Por detrás de toda as suas manifes tações de insatisfação, pode-sc ler o desejo da América Latina de entre ter com os Estados Unidos da Amé rica um relacionamento mais cons trutivo. Esse relacionamento, se pres supõe pontos de vista diferentes, não os estima necessariamente confli tantes. O Secretário de Estado Kirsinger soube, a certa altura, apreen der esse estado de espírito. A reação favorável da América Latina à sua proposta de formalização de um no vo esquema de relações, na forma que chamou de “novo diálogo’’, de monstrou claramente que não pre valecia no continente o espírito de confrontação. É de lamentar-se que tão fugazmente se tenha esbatido 0 que por um momento se chamou de “o espírito de Tlatelolco”. Não devemos perder as esperanças, po rém, de que será possível retomar o diálogo na totalidade de suas inten ções originais. O continente latino-americano é e se sente parte da comunidade de nações que reparte a crença nos va lores fundamentais da civilização ocidental. Como país mais poderoso do Continente, os Estados Unidos da América têm uma responsabilidade

acrescida na condução das suas relações com os demais países do hemisfério, para que sejam realiza das as aspirações dominantes dos países da região, derivadas daqueles mesmos valores que são o nosso pa trimônio comum. Ao se transforma rem em realidade, essas aspirações terão de significar para todos os paí ses oportunidades crescentes de de senvolvimento econômico, e social, maior capacidade de atuação no pla no internacional para a defesa dos interesses nacionais, e a possibilida de de projetar-se no futuro com a certeza da paz e a esperança da concórdia.

Meus Senhores,

Esbocei um quadro muito geral das relações do Brasil com a Améo.

rica Latina. A brevidade com que o fiz, devido à natureza desta cerimô nia, não me permitiu aprofundar a análise dos múltiplos aspectos des sas relações que não se cingem, ob viamente, ao plano intergovernamental. Mas a riqueza de elementos dos laços reais entre os povos do continente transcende os objetivos de urna curta palestra. Ela é tarefa para historiadores, sociólogos, cien tistas políticos e economistas. Para o seu bom desempenho, muito con tribuirá 0 centro de documentação cuja criação celebramos. Espero que esta ocasião sirva de prelúdio a um contato intenso, nos mais diversos níveis, entre a Universidade de São Paulo e 0 Itamaraty, do qual muito lerào a lucrar ambas as instituições. Muito obrigado.

ESTADOS UNIDOS:- A INDÚSTRIA

TÊXTIL AMERICANA — A indústria têxtil nos Estados Unidos provê empregos para mais de um mi lhão de operários e, em 1973, produziu tecidos em valor superior a USS 30 bilhões. Todavia, durante o mesmo ano os Estados Unidos ainda im portaram tecidos e vestuários num total de US$ 3,5 bilhões enquanto suas exportações destes produtos totalizaram US$ 1,3 bilhão. Dez firmas são responsáveis por 25% da produção total da indústria têxtil norte-ameri cana; a maioi- destas é a Burlington Industries que produz 7% desse total. oFabricante norte-americano oferece a perfuratriz portátil “Hydra-Drill”, de gi'ande versatilidade, construção robusta, custo extremamente baixo e cuja ope ração fácil não requer conhecimento especializados por parte do usuário. Atinge profundidades até 60 metros, operando a uma velocidade de até 12 metros por hora, em solo arenoso, de rocha, de barro ou terra. Alta mente indicado para perfuração de poços de água, bem como para ser viços de posteação, abertura de buracos para plantação de árvores e ar bustos, e para abertura de buracos de drenagem.

ESTADOS UNIDOS:- PERFURATRIZ PORTÁTIL

JAPÀO:- USO DO ETILENO SERÁ INFERIOR EM 1975 — Segundo as mais recentes estimativas do Ministério da Indústria e Comércio In ternacional do Japao (MITI), a demanda do etilono cairá para cerca de 3,75 milhões de toneladas métricas, em comparação com a demanda de 1974 que foi de pouco mais de 4 milhões de toneladas métricas. Uma estimativa anterior do MITI calculava a demanda japonesa de etileno, para 1975 .em cerca de 4,60 milhões de tonelaads métricas. Para 197G, as previsões do ministério são de que a demanda atingirá 4.28 milhões de toneladas métricas, comparadas com uma estimativa anterior de 4,93 mjIhões. Dessa maneira, somente 73,6% da capacidade de etileno do país será utilizada este ano e 83,7% em 1976. Um dos grandes fabricantes de etileno do Japão, a Showa Denko, informou que, em abril, será iniciada uma paralisação de 40 dias em sua unidade de 220.000t.m./ano de etileno, em Oita A companhia observou que seus estoques de resina encontramse a um nível para 4 meses, aproximadamente o dobro do que deveríam estar. Apesar da queda na demanda de etileno, contudo, a Sumitomo Chemical está empreendendo todos os seus esforços para a construção de um complexo à base de etileno, de 1 bilhão de dólares, na ilha de Merbau, Singapura. A companhia pretende reunir os participantes de pro jetos combinados em junho deste ano e colocar toda a operação em ativi dade em 1979. Além de uma unidade de etileno de 300.000 t/ano, o com plexo incluirá fábricas para a produção de polietileno de alta e baixo densidade, etileno glicol, monômero de cloreto de vinil, polipropilcno e 2-etilexanol.

INGLATERRA: — ÔNIBUS ELÉTRICO E CUSTOS OPERACIONAIS

— Um novo ônibus elétrico urbano duas vezes mais econômico movido a diesel — iniciou testes de avaliação no transporte de passagei ros em Manchester. O veículo para 34 passageiros, acionado por leves ba terias de chumbo-ácido, foi desenvolvido pelo Grupo Lucas e percorrerá 0 dia todo as rotas do centro da cidade de Manchester, Ele pode acelerar suavemente, com lotação completa, até 48 km/h em menos de 15 do se atinge uma velocidade máxima de 72 km/h. — O ônibus já fez um teste de estrada de 160 km e, segundo um porta-voz da Lucas, há qualquer problema em operá-lo o dia todo nas condições do centro da cidade, onde ônibus médio percorre cerca de 64 km por dia. As baterias de chumbo-ácido. que a companhia acha que podem ser mais desenvolvídas para futuros veículos, são carregadas durante à noite, e a pesquisa tem por objetivo a produção de uma bateria com uma vida útil de várias centenas de ciclos. que o segunnao

A emergencia do Brasil como grande economia de mercado

1 E algo importante aconteceu, nesta última década, no mun do subdesenvolvido, foi a emergência do Brasil como grande economia de mercado.

A Revolução não precisa pedir desculpas do que fez, quer no to cante ao modelo econômico, quer

quanto às suas repercussões soeinbora, particularmente saibamos o ciais, nesta última área muito que existe por fazer.

O modelo de mercado revelou, no Brasil, ser eficiente.

Para o Brasil, como nação, não é preciso haver limites à ambição de crescer e realizar-se, tão logo superados os obstáculos que, por ora, precisaiJios reconhecer, equa cionar e superar, com determina ção e espirito de luta, afiryna o ministro chefe da Secretaria do Planejamento, concluindo confe rência na Escola Superior de Guerra.

descentralização do poder econô mico, construindo, segura e pro gressivamente, a sociedade econo micamente aberta.

Ou seja, de forma foi capaz do assegurar, continuada, o crescimento aceleE é a forma de realizar a sucesso alcançado graças ao pró prio esforço, com poupanças basi camente nossas, e pela diversifi cação realizada no comércio ex terno, nos investimentos estrangei ros, nas fontes de cooperação fi nanceira e de tecnologia (Qua dro I).

0 de baixa

Está evidenciado que tal modelo pode ajustar às condições de uma economia subdesenvolvida, à defesa do bem-estar do consumi dor, principalmente renda, às exigências da moderna competição tecnológica, aos recla mos da nossa consciência social e à identidade nacional brasileira. Nas relações com o Exterior, não é verdade que a experiência bra sileira da última década tenha trazido maior dependência: O po der nacional se afirmou, pelo sim ples fato de que a economia do País ganhou em dimensão, pelo se

No campo social, não é verdade que o desenvolvimento se tenha feito à custa dos mais pobres, nem que só 0 pequeno número se tenha beneficiado dos resultados do pro gresso (Quadro II/A, II/B e II/C).

O fato de julgarmos insuficien te o que foi feito, e de não nos so lidarizarmos com a atual distri buição de renda, não deve obscurecer a constatação de que em ne nhuma década anterior se realizou tanto desenvolvimento social — além de crescimento econômico — rado.

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como de 64 para cá. Isso, exata mente. acaba de salientar o Pre sidente Geisel.

O problema com o regime ante rior à Revolução não era apenas a incompetência administrativa e a desordem social e política. Era, ainda, que muito pouco se fazia quanto a habitação, saneamento, saúde e previdência quanto a desenvolvimento social.

Está, agora, a experiência bra sileira sendo posta à prova em vários aspectos.

dustrial de energia elétrica de 97«; crescimento expressivo de alguns setores industriais: metalurgia e miiierais não-metálicos. 67 : me cânica, 11%; material de trans porte, 87; produtos alimentares. 9'': ; niveis de venda em ascensão em praticamente todos os seto res, inclusive têxteis e eletrodo mésticos.

ou sa^a. especialnocos-

De um lado, na área econômica, pelos ventos da crise mundial. De outro, pelo esforço de tornar es treitamente solidários o cresci mento e o progresso social, com a alta prioridade dada a este no atual Governo. Ainda de outro lado, pela necessidade de assimi lar a distensão, no sentido amplo agora mesmo colocado pelo Presi dente.

A conclusão maior a tirar da evolução recente é a grande vitali dade da economia brasileira de mercado, que foi das poucas eco nomias importantes a não conhe cer a recessão, nem no campo in terno nem no “front” externo. Com isso, evitaram-.se os desperdí cios trazidos pelo desemprego, que sabidamente afeta muito mais a economia dos pobres que a dos ricos.

O País, após um primeiro tri mestre pouco brilhante, passou a apresentar recuperação econômica que, para o semestre como um to do, permitiu configurar o seguinte quadro: aumento do consumo in¬

É evidente que. conjunturalmen te. 0 crescimento agora enfrenta limitações, colocadas, mente, pelo setor externo: sidade de conter importações; di ficuldades trazidas às matrizes das multinacionais pela recessão muhdial; menor di.sponibilidade do crédito no sistema financeiro in ternacional.

Reconhecendo tais circunstân cias excepcionais, e a maior i teza e risco que envolvem incer. . _ para o empiesario, a ação governamental tem sido altamente flexível , .^. . para tiansmitir, pelos atos o decisões uma mensagem direta e básicana hora dos problemas e dificul dades, 0 Governo está ao lado da iniciativa privada.

A hora nao é de estabelece r no vas exigencias, ou ds qualificar apoio, ou de restringir empresário, brir risco.s. infundir traqüilidade, usar a inteligência criadora atender a novas situações frentar emergências. 0 a ação do O momento é de co¬ para e en-

Nas fases de problemas e inquie tações, 0 importante é solidarizarse, deixar agir, compreender, esti mular, levantar o ânimo, criar con dições para a expansão infundir

amadurecimento e coragem para investir.

Dai o especial cuidado que o Go verno tem tido em. por atos e decisões, caracterizar nitidamente duas posições básicas: a de de fesa da iniciativa privada, principalmente nacionai, e a de que o Brasil mantém inalteradas as “re gras do jogo" em relação à empre sa estrangeira, sem discriminações e sem legislação de caráter res tritivo, dentro da orientação bá sica estabelecida desde o começo da Revolução, segundo as Leis 4.131 0 4.390.

Ainda em seu último pronuncia mento. 0 Presidente Geisel, após referir-se ao amparo que vem sen do dado à indústria c à agrope cuária. particularmente, assina lou: “Apoiou-se significativamen te a esses setores, principalmente com o fortalecimento da empresa privada e atenção especial para a de pequeno ou médio porte”.

Nessa linha de comportamento, chegou 0 Governo a explicitar di retrizes que, mais que em épocas anteriores, cuidam particularmen te de evitar incursões indevidas do poder publico, diretamente ou por suas empresas, cm setores direta mente produtivos. Diretrizes como:

a) Qualquer criação de novas subsidiárias de empresas governa mentais, ou a realização de pro jetos fora da área normal de atua ção das empresas, passam a de pender de consulta prévia à Pre sidência.

’b) Os bancos oficiais deverão restituir à iniciativa privada, logo

que exeqüível, o controle de qual quer empresa privada que venha ter às suas mãos por inadimplên cia de mutuários,

c) O setor público procurará desfazer-se de empresas que. por circunstâncias históricas, tenham ficado em sua área. desnecessa riamente.

A conjuntura, a que há pouco nos referimos, tem. na sua oni presença e dinamismo, exigências imperiosas. Sem embargo, é ne cessário não perder de vista as várias dimensões da estratégia que se pretende executar.

Tais dimensões são, principalments:

1) A construção de uma estru tura econômica mais sólida, ajus tada às novas realidades da crise de energia e ao estágio de desen volvimento que o Pais já alcançou.

Essa nova estrutura, de um lado, significa alta prioridade ao' pro grama de energia e um perfil in dustrial mais definido, com ênfase em Bens de Capital e Insumos In dustriais Básicos. Pode-se, mes mo. falar em maioridade da Indústria de Bens de Capital sob en comenda, principalmente conside rando-se os grandes programas de investimentos em execução em Si derurgia, Petróleo, Energia ElétriFerroviá- Desenvolvimento ca rio. Construção Naval, Comunicacolocados. em valor abso- çoes luto, entre os maiores do mundo.

Em Bens de Capital e Insumos Industriais Básicos o País irá in vestir CrS 200 bilhões, até 1979.

Importantes mudanças de es trutura, com novas linhas de pro dução, decorrerão das descobertas de recursos naturais, principal mente no campo mineral, que o Pais está realizando. A dimensão dos projetos em curso, nessa área, pode ser indicada pelos investi mentos programados: aluminaalumínio no Pará, USS 2 bilhões; minério de ferro de Carajás, mais de US$ 2 bilhões; papel e celulose (dois projetos, CVRD e CRUZ), USS 1,5 bilhão; fosfato em Minas Gerais, USS 500 milhões.

Os programas de auto-suficiên cia em insumos básicos trarão im portante contribuição à progres siva eliminação do nosso déficit comercial, já em 1976 e muito mais ainda em 1977 (notadamente em siderurgia, fertilizantes, produtos petroquímicos, além de petróleo).

O efeito de substituição de impor tações esperado, até o fim da dé cada, é da ordem de USS 25 a USS 30 bilhões.

Com isso, já em 1977 a situação da conta corrente do balanço de pagamentos estará substancial mente desafogada.

A nova estrutura, de outro lado, está ligada a um progresso e auto nomia tecnológicos bem maiores em conformidade com o II PBDCT, que prevê dispêndios, no período 1975/1977, bem acima de CrS 15 bilhões.

O Brasil deseja ter tecnologia moderna, nos setores básicos — como já vem fazendo em Siderur gia e pretende fazer em Petroquí mica, Eletrônica, Telecomunica¬

ções (inclusive com a construção do satélite de comunicações e as centrais semi-eletrônicas).

A indústria de reatores, o enri quecimento de urânio e os demais estágios do ciclo de produção de energia nuclear, com absorção de tecnologia, integram programa da ordem de CrS 4 a CrS 4.5 bilhões. .

No ângulo de balando do paga mentos, se é relevante economizar dispêndios com o pagamento de tecnologia, em que anualmente vi mos gastando USS 150 a USS 200 milhões, é de grande alcance, igualmente, não perder de vista a necessidade de acelerar a trans ferência de tecnologia, para o País, a fim de substituir importa ções (só em equipamentos esta mos importando anualmentc mais de USS 4 bilhões ) e aumentar ex portações.

2) A realização das frentes já abertas nas novas áreas de desen volvimento — Nordeste, Amazônia e Planalto Central/Oeste —. atra vés de constelação de programas que inclui o POLONORDESTE (16 a 18 áreas integradas), o POLAMAZÔNIA (15 pólos), o POLOCENTRO (12 pólos), o Programa de Industrialização do Nordeste, o Profrrama de Desenvolvimento da Agroindústria do Nordeste, o Pro grama de Desenvolvimento do São Francisco e o Complexo MineroMetalúrgico da Amazônia Orien tal (Quadros III/A, III/B e III/C).

Somente tais programas com preendem dispêndios de cerca de Cr$ 12C bilhões, até 1979.

A efetivação cia sociedade solidária, a cjue aludiu o Presi dente Geisel. Sociedade em que o homem deve sentir-se bem. com acesso a oportunidades, e em que protegidos devem estar, principal mente, os mais carentes do ampa ro do Estado.

Certamente, tal objetivo é dificil de realizar, em pais ainda relativamente pobre, e marcado por descompassos entre regiões, setores, niveis sociais.

É preciso, entretanto, afirmar o propósito que anima a ação do Governo, para manter aberta a esperança, principalmente para aqueles que ainda pouco recebe ram, em bem-estar e em oportu nidades.

A Revolução de 64 teve origem nitidamente popular, nascida que foi da insatisfação nacional com o e.stado de coisas então reinante. Não predominaram, na sua rea lização, nem partidos, nem regiões, nem pessoas.

Os Governos que se sucederam, de 64 para cá, erigiram como cri tério dominante para as decisões o interesse nacional, sobreposto aos interesses, por mais legitimos que sejam, de regiões. Estados, grupos econômicos ou classes soTem-se evitado, desta for- ciais. ma. 0 personalismo e o favoritis mo, que beneficiam a alguns, e não à sociedade.

tivo por excelência da ação do Estado.

Isso confero, igualmente, ã Re volução. uma dimensão maior, de criação social. Pois não se pocleria esgotar o Movimento de Março na função repressiva, contra a corrupção e a subversão, nem. mesmo, no esforço de construção econômica, por relevantes que se jam tais propósitos.

em última instância, o

Assim é que o próprio binômio Desenvolvimento e Segurança só constitui, efetivamente, a sintese das aspirações nacionais na me dida em que adquire sentido inte grado e configuração humanista, abrangendo todas as dimensões da .sociedade que procuramos reali zar. Se alcançado, passa, então, a exprimir o bem-estar do maior nú mero objetivo que deve estar por trás de todas as preocupações da Re volução.

A Revolução nunca foi, nem poderia ser, a favor de grupos ou de privilégios. O apoio que se possa dar, em certos setores c programas, a grandes empreendimentos, ou a grandes empresas, destinase a criar uma estrut\ira econômi ca moderna e eficiente, mas está condicionado aos interes.ses da so ciedade.

A ênfase no crescimento acele rado é a maneira de fortalecer economicamente o Pais, e de criar uma base sólida para a distribui ção de resultados que está na ori gem de toda a ação governamen-

A implicação mais ampla dessa posição básica é >a procura do bem-estar para o maior número possível de brasileiros, como obje- tal.

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO DE AREAS INTEGRADAS DO NORDESTE

{ POLONORDESTE)

,DD NORTE i4t«l

CONVENÇOES

a're:as integradas

VALES ÚMIDOS IS SERRAS ÚMIDAS

1^3 AGRICULTURA SECA r I TABULEIROS COSTEIROS PRE-AMA2ÔNIA

RODOVIAS implantadas PAVIMENTADAS

iMPLANTACfiO ● PAVIMENTAÇÃO =^0UPLICAÇ5O . PREVISTAS NQ II PND

R.OGRÜNOÍ

Coerente com essa orientação, oue, com as limitações de meios disponíveis e consideradas as cir cunstâncias da época, tem nortea do os Governos da Revolução, o atual Governo, na palavra co Pre sidente, “vem mostrando ser pos sível motivar, criar e dinamizar na área social, da mesma forma que o chamado modelo brasileiro havia feito no campo econômico”.

Aliás, no Exterior já sa começa a entender melhor o que o Brasil tem feito na área social. Estudo recente preparado para o Centro de Desenvolvimento Econômico da Universidade de Yale chega às se guintes conclusões, revendo subs tancialmente análises anteriores, comparativas dos Ceiiios de bC c

70:

a) “O crescimento econômico que teve lugar na década atingiu as pessoas em todas as classes de ■ renda, e não apenas aquelas no mais alto nível”;

b) “Cs pobres se tornaram sensivelmente menos pobres. Ain da mais, as rendas dos pobres au mentaram no dobro da propor ção da renda dos “não pobres”. Isto fortalece a observação ante rior de que os ricos, no Brasil, não se beneficiarem, nos anos 60, à custa dos pobres.”

Tsso bem antes do progresso so cial realizado no Governo Médici e da nova ênfase estabelecida pelo atual Governo.

reconhecimento da alta priorida de dada a esse campo pelo Pre sidente Gelsel.

Gostaria dc encerrar com uma referência à importância da cria ção de instituições que vitalizem, continiiamente, no Brasil, um mo delo econômico de mercado, de forte conteúdo social, dentro do conceito de sociedade que deseja mos realizar.

Entre as instituições e mecanis mos que, nesses anos, têm sido estabelecidos, podemos destacar: na área econômica, o modelo de capitalismo industrial brasileiro, aplicado em setores como indús tria petroquímica, para viabilizar a presença da empresa nacional cm grandes projetos (associação de empresa nacional, empresa es trangeira e capital oficial» : as trigémeas do BNDE (JBRASA, FIBASE e EMBRAMEC) ; o FMRI. no BNDE; 0 CEBRAE; o FNDCT.

Na área social, o esquema de empresa de capital aberto do De creto-lei 157, 0 FGTS, o PISPASEP (agora com o abono especial de um salário mínimo para os inte grantes do PIS e PASEP com mais de 5 anos).

Nos dois campos, é importante manter em funcionamento a ima ginação criadora, para adaptar regime r’e merca(ío ao atual está gio de desenvolvimento e para dar ao maior número o sentido do participação, com realismo e obje tividade.

Sabemos das dificuldades que momento internacional apresenta, das limitações que nos levam a

O Benco Mundial está-se enga jando fortemente em financiar projetos de caráter social, no Bra sil (saneamento, por exemplo), no o 0

esperar, este ano, menor taxa de crescimento — certamente ainda muito superior à média dos países industrializados.

Não há alternativa senão en frentar tais dificuldades, convi vendo com os problemas e a in quietação que, de nossa parte, ape nas podemos tentar minimizar.

Mas não percamos de vista a perspectiva favorável que se pode esperar mais para o fim da dé cada, e não subestimemos a ex traordinária vitalidade da nossa economia, no modelo que temos consolidado.

Não esqueçamos, também, que a presente conjuntura mundial re forçou substancialmente a posi ção das economias de grande di mensão, com ampla disponibilida de de recursos naturais, e grande capacidade de produção de maté rias-primas escassas e alimentos.

A verdade é que, para o Brasil, como nação, não é preciso haver limites à ambição de crescer e rea lizar-se, tão logo superados os obstáculos que, por ora, precisa mos reconhecer, equacionar e su perar, com determinação e esnirito de luta.

QUADRO II-A

BRASIL: CrS bilhões (1975)

Dispendios da União e Estados em Educação. Educação

Saúde, Saneamento e Previdência Social co- Saúde mo Percentagem do PIB (1975>

Saneamento (),.ã

Previdência Social 34.0 .sobro o PIB (Exclusive Municípios e Setor Privado) TOTAL

Fonte: IPEA QUADRO II-B

Fonte: IBGE

QUADRO II-C

Discriminação

Expectativa de Vida da População (anos) Taxa de Alfabetização {%)

Porcentagem de Domicílios (URBANOS e Rurais) Dotados de:

— Abastecimento d’água (rede geral)

— Esgotos Sanitários (rede geral)

Iluminação Elétiúca

— Fogão Elétrico ou a Gás

Rádio

Geladeira

Indicadores

por Domicílios, (1972)

Fonte; IBGE

Discriminação

Abastecimento d’água (rede geral)

Esgotos Sanitários (rede geral)

Iluminação Elétrica

Rádio

Geladeira

Televisão

Automóvel

Fogão a gás ou elétrico Máquina de costura

VENEZUELA:- NOVO MÉTODO POR DIFUSÁO AÇUCAREIRA —

Ao situar-se a oferta mundial de açúcar abaixo da demanda, a Venezuela adotou algumas medidas para aumentar sua produção. Em setembro pas sado, entrou em operação a primeira de uma série de instalações extratoras de açúcar que produziram bem mais, e com qualidade superior, que os engenhos açucareiros tradicionais. Tais instalações denominam-se Cen tres de Meladura e foram concebidos pelo Dr. Alberto Caldeiro. O conceito envolve a construção de uma instalação produtora autonoma e sua locali zação próxima aos canaviais. Cada um desses centros contém todo o equi pamento necessário para o processamento e armazenagem da cana. fontes de energia e outros equipamentosauxiliares. O melado de cada centro vai para uma refinaria de localização também centralizada. A Dravo Corp., dos Estados Unidos, construiu o primeiro Centro de Meladura para a Meladuras Portuguesas C.A. em Guanare, Venezuela. O principal elemento do centro é um difusor Rotocel patenteado, com o qual se substitui o mé todo tradicional de moagem para se extrair a garapa. No Rotocel, água quente é filtrada repetidamente através de camadas de cana triturada. O rico teor de açúcar da solução vai aumentando progressivamente, à me dida que esta vai sendo bombeada entre as diversas camadas, em contracorrente com as camadas móveis de cana triturada. O diâmetro da unidade Rotocel da Venezuela é de 37 pés. O bagaço proveniente da instalação é utilizado como combustível da caldeira que supre o vapor para o processo, o que resulta em economias e redução das exigências para a eliminação dos desperdícios. As obras do Centro de Meladura foram iniciadas nos primeiros meses de 1973, após a divisão química Blaw Know da Dravo ter concluido um estudo de viabilidade para a adaptação do difusor Rotocel à extração de açúcar. Inicialmente, a unidade havia sido criada como um extrator para a indústria de sementes oleoginosas, especialmente a soja, caroço de algodão, semente de girasol, etc. A instalação venezuelana é a primeira onde a unidade é utilizada na indústria açucareira e entre as vantagens oferecidas por esse processo incluem-se: menor inversão de capi tal, exigência mínima de mão-de-obra e baixos custos de exploração.

INGLATERRA:- CALEIDOSCÓPIO ELETRÔNICO

Afirmando- se ser a última palavra em brinquedo, foi desenvolvido na Inglaterra um caleidoscópio eletrônico completamente controlável. Apesar de ter sido destina do inicialmente às indústrias de tecidos estampados e em malha quais proporcionará significativas economias de custo e tempo no trabalho de criação de padrões, o equipamento é a última palavra em dispositivo para qualquer pessoa interessada em fazer experiências com cores, novos usos da fotografia, e na exploração do pleno potencial de cores dos deseenhos e formas. para as nos

uMATURIDADE ECONOMICA

OCTAVIO GOUVEIA DE BULHÕES

M país ao desenvolver-se re vela progresso de maneira múltipla. O sinal do desenvol-

“O presidente Geisel está adqui rindo enorme prestigio, não pelos favores que concede, mas pelos sacrificios que nos adverte", afir ma o antigo ministro da Fazenda do gover7io Castelo Braiico.

vimento não se limita, nem po dería limitar-se, à taxa de crescimento do produto real. A cul tura adquire grandeza nas ciências, nas artes, nos esportes. Há, sobretu do, o aperfeiçoamento de compreen são dos problemas que desafiam o país. A opinião pública requer e aceita explicações. Preconceitos, prejulgamentos, paternalismo, inte resses constituídos vão cedendo lucentivos fiscais. Sendo uma concesespecial, é compreensível que as autoridades recomendem o cumpri mento do projeto aprovado e exijam gar à lógica da orientação econômi- prévia consulta, se a empresa preca. É nesse ambiente que se faz sen- tender vender o empreendimento a tir a motivação do progresso, onde predomina a disciplina, o interesse pelo trabalho, o espírito de sacrifí cio e o respeito pela coerência.

sao

O empreendimento outra empresa, beneficiado, com consideráveis in centivos fiscais, dá margem a tran sações lucrativas e pede haver a transferencia a empresas cuja situa ção de prosperidade dispense o pros seguimento üos favores. É preciso, pois, consultar previamente sobre transação, seja para evitar uma lu cratividade excessiva, seja para aveprocedência do prosse-

Sempre encontraremos indivíduos propensos à demagogia que pro curam despertar preconceitos e ali mentar descontentamentos. Mas um povo dotado da motivação de pro gresso prefere medidas que inspi rem confiança, ainda que exijam re núncia de interesses imediatos ou modificação de orientação, em face da lucideí^ dos esclarecimentos. a riguar-se a _ guimento das concessões fiscais. recentemente foi O que ocorreu precisamente uma venda sem con sulta às autoridades. Nota-se que, ● defeito da redação contratual, a O Brasil é capaz de manter seu desenvolvimento, vencendo adversidades e obstáculos porque sua po pulação adquiriu maturidade econô mica. Vamos citar um exemplo ca racterístico. O Governo, em seu es quema de oferta de proteção a de terminados empreendimentos nacio nais, concede-lhes importantes inpoi exigência da consulta fala em controle acionário”, quando. venda do no caso, já não De qualquer modo, porém, pelos mo tivos acima expostos, as autoridades deveríam ser cientificadas. existia esse controle.

O noticiário, porém, foi muito di ferente. A versão, como dizia o Mi nistro Alkimin, deixou longe o fato. Osjornais anunciaram que o Governo não admitia que empresas nacionais fossem vendidas a estrangeiros. Se o país ainda fosse subdesenvolvido, a versão recebería aplausos e o fato poderia ser esquecido. Mas estando amadurecida a compreensão econô mica do público, tornou-se evidente que a versão traduzia um procedi mento inadequado e contraprodu cente à melhoria econômica do país. Não é a proibição da venda de em presas a estrangeiros qu© pode pro teger as empresas nacionais. Estas serão amparadas se houver supri mento de capital, de maneira am pla e sistemática, através do merca do acionário. A concessão de favo res fiscais e a assistência financeira por meio de uma organização oficial constituem auxilios valiosos, mas são limitados. Número substancial de empresas deixa de ser ampara do. Esse o motivo do preparo de um ambiente propício à venda de ações novas. O meticuloso e sábio projeto de reforma da Lei das Sociedades Anônimas tem por finalidade faci litar a colocação de ações no mer cado. Cogita, também, de exigir das empresas a prestação de informa ções veridicas e suficientemente es clarecedoras de sua exata situação econômica e financeira, de modo a orientar o acionista na compra e na manutenção das ações. O espírito de rentabilidade deve sobrepujar a ex^●pectativa de ganhos de capital e é essa expectativa que prevalece nas Bolsas de Valores, em todos os paí ses. Não podemos condenar essa ten¬

dência universal. Mas devemos, pa ralelamente, aparelhar o mercado com outros instrumentos que evi tem uma ligação mais estreita do comportamento das carteiras de ações das grandes instituições fi nanceiras, com as flutuações capri chosas do mercado.

O Brasil atingiu um nível de pro gresso econômico e cultural capaz de inspirar confiança aos próprios bra sileiros. Mas não basta. Devemos almejar desenvolvimento superior ao já conquistado. Muitos recursos hão de ser acumulados para que pos samos generalizar o progresso obti do. Para tanto, ao lado de nossas disponibilidades técnicas e financei ras, nas diferentes áreas de nossas atividades, devemos contar, nos grandes empreendimentos, com a participação de recursos estrangei ros. Essa cooperação não nos traz qualquer ameaça à desnacionaliza ção. Ao contrário, quanto mais pidamente nos firmarmos acima da balbúrdia que reina na maioria dos países, tanto melhor será a solidez rado desenvolvimento, maior a inde pendência econômica de nossa nacionalidade. e segurança Cuidado e precaução são condições necessárias à conduta interna e externa. Outra cousa, porém, muito diferente, é deixar passar oportunidades únicas, por hesitação, preconceitos e, sobre tudo, por receio de impopularidade.

Compete, pois, ao Governo proce der com a correção que vem proce dendo. O Presidente Geisel está ad quirindo enorme prestígio, não pe les favores que concede, mas pelos

sacrifícios que nos adverte. Recebe rá. porém, maior apoio e mais con fiança, seja no combate à inflação, seja na correção do desequilíbrio do balanço de pagamentos, se conven-

cer-se de que a opinião pública bra sileira está plenamente amadure cida. Aceita explicações, ainda que desagradaveis, mas rejeita incoe rências.

BRASIL:- FARELO DE POLPA CÍTRICA —

O rápido desenvolvi mento da industrialização de citros em São Paulo vem produzindo gran de quantidade de resíduos provenientes da extração do suco. Repete-se ocorrido na Flórida há 35 anos, quando lá se industrializavam de 20 milhões de caixas de laranja, isto é, aproximadamente me-

assim 0 cerca tade da que se espera processar em São Paulo em 1974. Cogitou-se, pois, do preparo de sub-produtos, mna vez que o suco representa cerca de 50% da composição média das laranjas, sendo o restante completado pela albedo, sementes e membranas, todos eles chamados genericamen- casca, te de bagaço. Dessa forma, em grandes números, admitindo-se que sejam industrializadas na presente safra 40 milhões de caixas de citros, restaserem espalhadas aproximadamente 800 mil toneladas de ba¬ nam para gaço natural, úmido. À medida que se extrai o suco, ocorre a obtenção de óleo essencial da casca. O restante, ou seja, o bagaço, era inicialmente jogado fora, em terrenos baldios, ou dado ainda úmido como ração para gado. Com o fim de evitar inconvenientes, as firmas industriais passa- , processar grande quantidade de bagaço, através da secagem, para ram a servir como ração, como vem ocorrendo em escala comercial na Flórida, desde 1932. O investimento necessário para a secagem do bagaço é gran de e só se torna econômico quando se dispõe de grande quantidade de resíduo. Portanto ela é recomendável apenas em firmas de determinado diante. O farelo de laranja tem alto teor de cai'bohidratos taxa

Não porte em redor de 6% de proteína muitos sais minerais e flavonóides. existem dados oficiais a respeito da produção de farelo de polpa cítrica no Brasil, admitindo-se, porém, a relação de uma produção de 1.100 kg de farelo de bagaço com 10% de umidade por 1.000 kg de suco concen trado e, tomando-se em conta as fábricas que dispunham de equipamen to para tal fim, é possível estimar, aproximadamente, os seguintes po tenciais produzidos a partir de 1970, quando se iniciaram as exporta ções brasileiras até 1974: 3 mil, 35 mil, 58 mil, 130 mil e 150 mil toneladas, ao respectivamente.

INTERNACIONAL:

FIBRAS SINTÉTICAS

NA EUROPA: — O excesso de fibras sintéticas na Europa Ocidental será muito mais prolongado do que estava previsto há algum tempo. Em fins de 1974, alguns líderes da indústria falavam sobre a ocorrência de uma melhora em meados de 1975, quando os estoques baixariam para proporções mais flexíveis. Agora, contudo, alguns representantes da indústria calculam que a supcrcapacidade e baixos lucros perdurai'ão por mais três anos, a menos que algumas das expansões, atualmente em fase de projeto, sejam adiadas ou canceladas. As fábricas de fibras sintéticas da Europa Ocidental já operam, no pre sente, a cerca de 50-60'/r de sua capacidade. Alguns dos principais pro dutores de fibras sintéticas da Europa, incluindo subsidiárias de compa nhias norte-americanas, continuam otimistas com relação ás perspectivas a longo prazo. De fato, um porta-voz da Monsanto diz que há uma preo cupação, amplamente difundida, com o fato de que a escassez de matériasprimas ocorrerá novamente em fins de 1975, como resultado da elevada utilização de fábricas e expansão de capacidade. A Monsanto está expan dindo sua fábrica de fibras acrílicas, na Irlanda do Norte, de 105.000 t.m./ano para 135.000 t.m./ano e, segundo os planos da companhia, essa expansão deverá entrar em funcionamento no final de 1976. E, em Lingen, Alemanha Ocidental, a Monsanto, espera duplicar a capacidade de sua fábrica de fibras acrílicas de 16.000 t.m./ano, em fins de 1975 ou início de 1976. A companhia afirma ainda que não está planejando qualquer adia mento ou cancelamento. Por o.utro lado, a Courtaulds, do Reino Unido, está colocando íreios em algumas de suas expansões. Recentemente, a companhia concluiu a construção de uma unidade de fibra de náilon de 10.000 toneladas/ano na Irlanda do Norte, mas, segundo um porta-voz da Courtaulds, a unidade está “congelada”. Uma outra fábrica de fibra de náilon, de 10.COO t/ano, também está prestes a ser concluida em Aintre, próximo a Liverpool, mas, segundo a Courtaulds, não há pressa alguma em colocá-la em funcionamento. O quadro abaixo indica as quedas mundiais na produção de fibra sintética:

(em 1.000 t.m.)

1973 1974

Percentagem da alteração

Europa Ocidental Estados Unidos

O Acordo Nuclear e a Indústria

1. Inicialmente devemos lembrar que o Acordo Nuclear assinado com a Alemanha Ocidental, em 27 de ju nho, é um acordo para produção de Usinas Nucleares com Reator de (LWR-Light Water

Leve Agua Reactor), usando como combustível urânio enriquecido (idênticas a de Angi'a dos Reis) e ao mesmo tempo Produção e reprocessamento desse urânio enriquecido.

2. Usinas Nucleares

As Usinas Nucleares compõem-se essencialmente de:

Reator Nuclear que produz calor a partir do combustível, no caso, urânio enriquecido.

Caldeira produtora de vapor d’água, usando o calor fornecido pelo Reator para produzir o vapor d’água.

Turbina que recebe o vapor d’água e transforma a energia do vapor d’água em movimento rota tório.

Gerador que aproveita o movi mento rotatório e produz eletricida-

de*

Deste modo, o Brasil já está apto, por várias de suas indústrias, a pro duzir as caldeiras, turbinas e geradoreSi

A grande novidade tecnológica é o reator nuclear com elementos alta mente sofisticados, com necessidade de importação de tecnologia.

Deste modo já antes do acordo previa-se que a indústria podia for necer:

O autor é vice-Presidente da Fe deração das Indústrias do Estado de São Paulo. Seu artigo reveste a maior ovoHunidade, em face dos deloates suscitados pela compra da usina.

Entre 1975 e 1977 — 61% dos com ponentes.

Entre 1980 e 1982 — 66% a 70% dos componentes.

Iníelizmente só produzimos para a Usina de Angra dos Reis 8% dos componentes!

O anexo 3 do Acordo Nuclear pre vê a criação de uma Indústria de Usinas Nucleares, com participação majoritária brasileira prevendo-se compra de;

— 4 Usinas produzidas na Alema nha com participação progressiva da indústria brasileira (já há protocolo de intenção para a compra de 2 usi nas de 1.300.000 kW cada, a serem instaladas em Angra dos Reis) e — 4 Usinas produzidas no Brasil com participação decrescente da in dústria alemã.

Fala-se numa participação da in dústria brasileira na primeira usina de apenas 30%. Não há pressa e po deriamos já começar com participa ção maior. Há 27 indústrias prepa radas para produzir equipamentos nucleares.

Outro risco que a indústria priva da corre é que a empresa estatal

_C. K

Erasil-Alemanha se entusiasme e queira produzir ludo, quando ao nosso desenvolvimento interessa que ela seja mais uma distribuidora de encomenda para a Indústria Pri vada Nacional do que produtora de componentes.

O perigo é a fúria estatizante da máquina burocrática brasileira.

3. Produção e reprocessamento do urânio enriquecido

O acordo prevê instalações para as várias fases do chamado ciclo do combustível (vide gráfico) através empresas com participação majori tária brasileira.

3.1 — Enriquecimento do urânio que será feito pelo processo- do jato centrifugo, ainda em fase de estuda pelos alemães. Será instalada no Brasil uma usina semi-indústrial com produção final de aproximada¬

mente 50 t de urânio enriquecido a ●3 C/. 3Vo por ano e com participação 7õ'; da Nuclebrás e a Nuciebrás lerá 50% em idêntica usina na .Mema,nha.

A exploração da patente resultan te será dividida em parles iguais pe los dois países.

3.2. Fábrica de Elementos Combus tíveis (preparo do combustível) com capacidade inicial de 25 t/ano e fi nal de 250 t/ano.

3.3. Usina de Reprocessamento de Combustível com caoacidads inicial de 2 t/ano,

3.4. Empresa para trabalhar em pesquisa e lavra de urânio.

Como dissemos anteriormenle o importante é que as empresas esta tais não queiram produzir tudo e realmente coloquem a indústria pri vada nacional a trabalhar para si.

dela comprando a maioria dos com ponentes.

4. O sucesso da parte industrial do acordo dependerá de rigoroso acom panhamento para obtermos o máxiuso da indústria nacional. Se

mo isso não for feito, estaremos apenas comprando mais usinas nucleares e indústrias de reprocessamento, en riquecimento e preparo do combus tível, ou estaremos criando mais In dústrias Estatais.

Devemos absorver o máximo da tecnologia alemã para ficarmos real mente adultos em Energia Nuclear usando urânio enriquecido como combustível.

O sucesso do enriquecimento do urânio dependerá do resultado final do processo que ainda está em fase

experimental e sua comercialização dependerá também da obtenção, no Brasil, do urânio necessário hoje com reservas estimadas oficialmen te em 15.000 toneladas (medidas apenas 3.940 toneladas), o que é pouco.

Temos boas perspectivas de ter mos mais urânio e esperamos que as experiências comprovem o que se espera do processo jaio centrífugo para assim termos realmente suces so no acordo assinado.

Achamos louvável o esforço do Governo Brasileiro na solução do problema da produção de Energia Nuclear e nos congratulamos pela assinatura do Acordo Nuclear Brasil-Alemanha Ocidental.

MÉXICO:- BAGAÇO: NOVA FONTE DE PAPEL DE IMPRENSA — Depois de vários anos de pesquisa e ativa promoção, uma técnica para fazer papel de imprensa a partir do bagaço de cana de açúcar, .está pron ta para ser usada comercialmente. A primeira fábrica de papel de im prensa a usar o processo Cusi — que recebeu o nome de seu inventor, o engenheiro mexicano Dante Cusi — será construida em Trupal, no Peru. Planejada para entrar em funcionamento em 1977, a unidade produzirá 112.000 toneladas métricas por ano de papel de imprensa, que diz-se ser competitivo em preço e qualidade com o papel feito de polpa de madei ra. A tecnologia comprovada, para a fabricação de papel a partir de ba gaço de cana de açúcar, já existe há vários anos, e desponta agora em área de plantio de cana como nas Filipinas, Cuba, Taiwan e América do Sul. Contudo, o processamento do bagaço em papel com as qualidades especiais exigidas para impressão — por exemplo, absorção de tinta apropriada, resistência à ruptura — levou mais tempo para alcançar o estágio comercial. Além de Cusi, somente a firma americana W. R. Grace & Co. parece ter desenvolvido um sistema de papel de imprensa (3e bagaço que possa ser usado comercialmente. Não há números disponíveis para a comparação dos métodos Grace e Cusi. Os engenheiros mexicanos, contudo, dizem que os dois foram testados lado a lado durante as expe riências da firma americana com sua técnica de papel de imprensa, em Paramonga, no Peru, em 1972. Aparentemente, como decorrência do resultado, a agência estatal Induperu optou pelo método de Cusi para a I fábrica de papel de imprensa em Trupal.

BRASIL:- PERFUMES — A INVESTIDA DOS FRANCESES — Após a Guerlain e a Dior, a Marcei Rochas é mais um fabricante francês de per fumes que passa a operar diretamente com seus produtos no Brasil. E, de pois que o governo federal instituiu a sobretaxa para os supérfluos, a ten dência parece ser a de que essas marcas levem cada vez mais o rótulo Made in Brazil. A Niasi S.A. detinha há 55 anos a licença de fabricação dos produtos Rochas no Brasil. Terminado o contrato, a Rochas preferiu instalar sua própria fábrica no país, pois, ao invés de procui'ar outro agente tinha uma facilidade; poderia fazer um acordo operacional com o Labo ratório Silva Araújo-Russel (Sai-sa), pertencente ao grupo francês RussellUclaf. Esse grupo tem 50% das ações da Sociedade de Perfumes Rochas na França e, no Brasil, o Sarsa ficou com 40% das ações da empresa, que iniciou suas atividades com capital de 300 mil dólares. Com isso, a fábrica de perfume Marcei Rochas se instalou em janeiro de 1974 nas dependên cias do Sarsa, no Rio. para fazer frente aos transtornos causados pela inci dência de contrabando (no Brasil, existe um mercado potencial para 20 mi lhões de dólares anuais, dos quais 5 milhões seriam provenientes de mer cadorias de contrabando), é que a Rochas se empenha em que outros fa bricantes franceses de perfumes venham operar diretamente no mercado brasileiro. E a Chancel parece ser uma das empresas mais interessadas. A Rochas tem 186 clientes que representam 350 pontos de venda em todo o Brasil. Mas a política da empresa não é a quantidade e sim o prestígio e a qualidade através da seleção dos revendedores, sistema que considera ideal para quem comercializa perfumes de luxo. Dentro dessas limitações, a empresa, que em 1974 faturou 600 mil dólares, pretende chegar este ano a um faturamento de 1 milhão de dólares. E acredjta que isso seja possível porque a fase de resolver problemas já passou. Agora, a questão é plane jar e vender.

ESTADOS

UNIDOS;- USO INDUSTRIAL DE MICRO ONDAS

— A destruição controlada de líquidos e vapores tóxicos por meio de micro ondas foi atingida, experimentalmente, num trabalho de laboratório e poderá ser desenvolvida para comercialização. Num artigo da revista “Environmental Science and Technology”, Lionel J. Baüin e Merle E. Sibert do Laboratório de Pesquisas Paio Alto de Lockheed, na Califór nia, Leonard A. Jonas do Arsenal de Edgewood, em Marylànd, e Alexis T. Bell da Universidade da Califórnia anunciaram uma decomposição eficiente e segura de dois componentes semelhantes ao gás que ataca o sistema nervoso. A técnica envolve a passagem desse elemento químico tóxico através de um “plasma de micro ondas — uma mistura supera- quecida de partículas carregadas eletricamente e criadas por intensas des cargas de micro ondas — que degrada o material em subprodutos inofensivos. Os cientistas preveem que a técnica será utilizada, eventualmente, para a decomposição em larga escala de resíduos de inseticidas, gases que atacam o sistema nervoso (agentes G) e “materiais ainda não sensíveis à hidrólise ou aog procedimentos padrões de incineração”.

'

SARTRE E 0 ESTÍLO LÍTERÁRI©

DE

revista “gauchiste” france sa, ‘‘Le Nouvel Observateúr”, recolheu uma entrevista dc Jean Paul Sartre, para co memorar o 70.O aniversário cie um dos mais festejados escri tores contemporâneos. Deixando cie lado sua filosofia, cuja expo.sição nos tomaria muito tempo, va mos nos ocupar de sua opinião .sobre estilo literário. Ela vem a calhar, sobretudo no Brasil, onde o desleixo linguístico assume di mensões calamitosas para o futu ro do idioma. Não só a “geração sem palavras”, da feliz expressão de um publicista, descuida-se da língua, como, também, não se preocupa em conhecer o sentido exato dos vocábulos que conhece, O muito que ouvimos é, então, aterrador. Não é a língua portu guesa das mais belas dentre as la tinas. O francês, o italiano, o es panhol levam-lhe enorme vanta gem, mas é a nossa língua, e nela se expressaram siiperiormente bem

Camões, Vieira, Bernardes, Cami lo, Castilho, Eça, Ramalho OrtiAlmeida Garrett, Oliveira gao, Martins, Latino Coelho, Fernando Pessoa, Machado de Assis, José de Alencar, Raul Pompeia, Euclides da Cunha, Rui Barbosa, Lafayette, Graciliano Ramos, Fernando de Azevedo. E poetas e prosadores como Menotti Del Picchia, Guiiherme de Alm^^ida Cassiano RiGuimarães Rosa, Afonso

A defesa ão estilo, por um estilista da língua.

Arinos de Melo Franco, Tristão de Athayde, José Geraldo Vieira, Sérgio Buarque de Holanda, transmitiram, e transmitem por ela, a mensagem da inteligência e da emoção, com extremo bom gosto. Lê-se, porém, nos dias de hoje, não páginas onde a preocu pação com 0 estilo se associe à correção da frase e à precisão do verbo mental, mas algaravia em que a intencional procura de pa lavras raras toma o lugar da be leza e da fluência. Em suma, as novas gerações escrevem mal, com raríssimas exceções, que se podem contar nos dedos. Como essa ge ração é mais ou menos “gauchis te”, mais ou menos influenciada por Sartre, se não o Sartre de “L’Étre et le Neant”, ao menos o Sartre do teatro e de “Situations”. sua entrevista deveria ser lida e meditada pelos “quimbundos” das nossas letras.

Respondendo a uma pergunta de seu entrevistador, disse Sartre”, “muitos jovens de hoje em dia. não têm nenhuma preocupação do es tilo e pensam que o que se tem a dizer, é preciso dize-lo simples mente, e isso é tudo. Para mim, o estilo — que não exclui a simpli-

cidade, ao contrário — é, desde logo, uma maneira de dizer três a quatro coisas em uma. Não há frase simples, com seu sentido imediato, e, em seguida, embaixo, simultaneamente, sentidos dife rentes, que se ordenam em pro fundidade. Se não se é capaz de dar à linguagem esta pluralidade de sentidos, não vale a pena es crever”. Ai estão uma opinião e um julgamento a serem medita dos, pelos cacografos da lingua. Não é um nome qualquer, mas, justamente, um revolucionário militante, para quem a língua, o estilo, o uso das palavras obede cem a cânones que não podem ser infringidos. A língua deve ser respeitada. Devemos cultiva-la com o maior dos carinhos, buscan do no vocábulo exato a expressão do pensamento, segundo a natu reza do genero. Nesse mesmo tem po, outro idolo das novas gera ções, um dos melhores testemu nhos das modas intelectuais, “gauchiste”, embora menos vee mente do que Sartre, Roland Barthes, afirmava, numa entrevista (5-7-1975) ao “Le Figaro”, ser fiel à cultura clássica, seu último livro.

E quem leu 'Barthes par o

lui-mcme” (Scvil, Paris, 1975), vê-se diante de autentico escritor francês, amoroso de sua lingua maravilhosa.

Está definida a função da lin guagem, ]3ara que, ainda, venha mos lembrá-la. Desfiguraram-na os cultores de ideologia, cuja so brevivência e aliciamento de adep tos dependem da distorção do sen tido das palavras. Juntando o de poimento de duas celebridades, diante das quais as novas gera ções se prosternam, reforçamos nossa tese, reiteradamente defen dida, a de que é preciso escrever o melhor possível, expressar-se com a maior correção, fazer do estilo uma obra de arte, sacrifi cando, por ela, o tempo e os com plexos de exibicionismo. Sartre afirma, ainda, que ‘‘o trabalho do estilo não consiste tanto em cinzelar uma frase, quanto a conservar em permanência, em seu espírito, a totalidade da cena. do capítulo, c ainda mais, do livro inteiro”. Sar tre como Barthes, como outros deuses do Olimpo das novas gera ções, cultiva o estilo literário, sem o qual — e este é o lado pratico, também importante do assunto — os leitores fogem da obra.

SUÉCIA:-

DEPURAÇÃO DE ÁGUAS SERVIDAS — Foi desenvol vido na Suécia um novo sistema de purificação de águas servidas, tituido por floculação com agentes químicos seguida de flutuação, cuja eficácia é avaliada em 99%. Com esse método, desprende-se o ar do fun do dos tanques esféricos onde estão armazenadas as águas municipais e os resíduos industriais. A medida que o ar sobe, ele transforma-se em bolhas microscópicas que transportam para a superfície resíduos tais como fibras e partículas de metal que são logo eliminadas. Com esse mo processo desenvolvido pela Eletrolux, pode-se remover também as bactérias. consmesJ

TÁlcool - © carburaríte do Brasil

LAURO DE BARROS SICILIANO

ALVEZ a melhor maneira de provar que o álcool é um exce lente carburante e que no Bra sil, em face da atual (e futu ra) situação do petróleo, ele deve merecer maior atenção por parte do governo, da indústria au tomobilística e do povo em geral, é apelar-se para uma ficção, não cientifica, mas histórica, mais es pecificamente, da história do iní cio da era motorizada. Assim, fa remos um recúo de 80 anos no tempo, quando encontraremos uma indústria automobilística nascente e muito promissora.

O motor a combustão interna aperfeiçoado por Otto, já é uma realidade, em que pese, como é na tural, o modesto estágio tecnoló gico nes.se campo, nos idos de 1895. Todavia, o próprio Otto, a quem se deve o ciclo, ou princípio básico de funcionamento do motor a centelha, já preconizava o álcool como 0 combustível adequado ao mesmo.

E aqui começa a ficção. Sendo o álcool, o carburante abundante e barato da época, todos os fa bricantes dos primeiros carros, Panhard, De Dion, Peugeot, Daimler, Darracq, Fiat, ítala, Olds, Ford, etc., desenvolveram seus motores para queimar álcool, bem como, os produtores deste, tam bém cogitaram de melhorar cada vez mais o seu produto, já de con sumo espetacularmente crescente.

Artigo muito oporttuio em face ão proble?na do custo do petróleo, e de sua provável escassez futura. O autor é engenheiro, com vários diplomas de especialização, entre outros 0 de engenheiro de com bustão.

E assim, desenvolveu-se e progre diu a indústria automobilística, fa bricando carros cada vez melho res, mais possantes, econômicos e pouco poluidores. Mas, eis que surge a desgraça!

O álcool passa a escassear; seu preço sobe vertiginosamente, ha vendo grande preocupação quanto ao futuro, pois, o automóvel e seus similares, passou a fazer parte da vida do homem moderno. Tremen da preocupação invade os setores automobilísticos, pois, os gigantes do automóvel, Ford, General Mo tors, Chiysler, Fiat, Renault, Volkswagen, Merceles, Leyland Motors, Toyota, Mazda e tantos outros, estão em pânico. Rareia 0 encarece o combustível que im pulsiona seus veículos, o álcool. A grita é geral contra os “tropicais”, os principais produtores do álcool etílico. E o Brasil está na tor menta, apontado como um dos países que ameaça a segurança mundial.

Todavia, o Brasil não pode au mentar sua quota, uma vez que

também tem necessidade de outros produtos agrícolas, além da cana e da mandioca. Mas, a essa al tura dos acontecimentos, surge o único caminho a seguir: a pesqui sa científica e tecnológica para a obtenção de um substituto parcial ou total do alcooi, como carburante. Imensos recursos são atribuí dos a essa pesquisa, desenvolvida pelas universidades e pelas gran des industrias do automóvel. E de fato, felizmente, um americano, Charles Katerino, descobre que um destilado leve do petróleo po de, com certas alterações nos mo tores, substituir, total ou parcial mente, o álcool.

A esse produto deram o nome de gasolina que passou, assim, a ameaçar sua magestade, o álcool. Mas, a simples substituição do álcool pela gasolina, não propor cionou um funcionamento perfei to dos motores. Estes, com gaso lina, passaram a detonar, ou ba ter pino como se costuma dizer; além disso, sua carburação era fa lha, provocando gases de escapamento que poluiam o ar.

Porém, a tecnologia tudo resol ve e com os fartos recursos dispo níveis, a indústria automobilística e a já nascente indústria petrolí fera, ambas em perfeita sintonia, conseguiram adaptar o motor a álcool para funcionar com gaso lina, mesmo porque, basicamente, esse motor pode funcionar com combustível líquido ou gasoso. Assim, começaram as soluções e medidas de adaptação. A pri meira, foi que para que o motor não detonasse com gasolina, sua

taxa de compressão teria que ser reduzida de 12 para 1 para 7,5 para 1. Com isso, o rendimento térmico passou de õ3',; para 46%, o que veio afetar o rendimento global do motor. Mas, além disso, como a gasolina tem um calor la tente de vaporização 3 vezes me nor que o álcool, o rendimento volumétrico í quantidade de mistu ra que entra nos cilindros, é infe rior, tudo isso provocando uma diminuição na eficiência global do motor.

Esta situação se fez sentir mui to nas corridas automobilísticas, onde os carros da Fórmula 1, quei mando álcool, desenvolviam per formance potência, aceleração, velocidade — sensivelmente maior que os atuais, obrigados agora a usarem o novo carburante chama do gasolina. Mas, a tecnologia faz milagres e os cientistas do pe tróleo descobriram um produto, o chumbo tetraetila, que apesar de muito venenoso, consegue aumen tar a otanagem da gasolina, equiparando-a à do álcool. Eureka! Mas, eis que surge, nos Estados Unidos, um órgão oficial, chama do EPA — tion Agency meio pelos pelos gases de escapamento dos veículos pesados que queimam óleo. E o EPA proibe o chumbo tetraetila como aditivo anti-detonante da gasolina. E agora, epal... as coisas se complicam, porque os fabricantes de automó veis terão que produzir motores Environment Protecpara proteger o ambiente, muito abalado resíduos industriais e

com menor taxa de compressão para evitar a detonação.

Com isso, cai o rendimento e a potência dos motores, o que sig nifica um recuo tecnológico. Novas e intensivas pesquisas são feitas e eis que surge uma nova descoberta: a adição de 15% de álcool etílico na gasolina, aumenta sensivelmente a otanagem desta, não sendo necessário, pois, diminuir a compressão, nem alterar nada no motor. A coisa parecia estar resolvida, quando os produtores de gasolina decidem contra a mistura. Tudo ou nada! Não poderiam continuar depen dendo dos “tropicais”. Decidiu-se, então, sacrificar a eficiência e po tência dos motores. Resumindo, ficou acertado que a gasolina seria 0 sucedâneo do álcool, mesmo que isto acarretasse, como acarretou, um certo “pioramento”, na per formance do motor.

No Brasil as coisas são menos dramáticas.

Estamos em 1976; temos uma puj ante indústria automobilística e um Governo vigilante. Nossa produção de álcool etílico é da ordem de 30 bilhões de litros por ano, produção essa, que envolve uma área cultivada de apenas 1% do território nacional. Desse mo do, o Brasil terá o privilégio de continuar a produzir veículos atualizados, utilizando o álcool, combustível inesgotável, eis que é fruto da fotossíntese recente e re novável, através da cana e da mandioca.

álcool, que proporciona bilhões de calorias indispensáveis aos moto res térmicos, tanto quanto o açú car proporciona a fonte energéti ca para o motor humano.

0-

E aqui termina a ficção. Con tudo, antes de encerrar, gostaria de transcrever o que dentro da pura realidade, isto é, em plena civilização petrolífera, disse Harry Ricardo, grande autoridade mun dial em motores térmicos, no pre fácio de seu clássico livro “The Internai Combustion Engine”: Diz Ricardo: consumo desses combustíveis mi nerais será maior que a produção, o que poderá criar uma situação muito grave. Como a civilização está absolutamente integrada no uso de motores a combustão inter na, quer no transporte,, como para outros fins, urge de uma maneira decisiva que se procure um com bustível substituto.

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A escassez de álcool no mundo, que tantos transtornos causou no setor do transporte rodoviário, obrigando muitos fabricantes de veículos automotores a adaptarem, seus produtos para a gasolina, des tilado do petróleo, trouxe para o Brasil grandes benefícios, uma vez que consideráveis reservas petro líferas foram descobertas no País. Assim, passa o Brasil a exportar petróleo, anunciando-se que, con siderável volume dé divisas será obtido no decorrer dos próximos anos. \ 1 ‘*1 'i 0

'Em pouco tempo, o i Assim, enquanto ti vermos terra, sol e chuva, teremos -i

Felizmente êsse combustível já foi achado: é o álcool. É um pro-

duto vegetal cujo consumo não implica num dreno permanente do que foi acumulado pela natureza e que nos países tropicais, em to das as épocas, pode ser produzido em quantidades que satisfaçam às necessidades.

Pelo uso de combustíveis derivados de vegetais, o homem está utilizando o calor do sol para a produção de força motora e esta energia é-nos fornecida diaria mente; pelo uso de combustíveis minerais, ele está consumindo uma herança — e uma herança limitada — constituída pelo calor armazenado há milhões de anos atrás.

No primeiro caso, êle está vi vendo dentro de suas rendas; no segundo caso éle está gastando o seu capital.”

No Brasil, também houve e há que se batem pela utilização do etanol como carburante. A pro pósito, convém citar o engenheiro paulista Eduardo Sabino de Oli veira, autor do excelente livro, “Álcool Motor e Motores a Explo são”, que foi traduzido para o francês e inglês. Elaborado na década de 30, o trabalho e as pes quisas de Sabino de Oliveira con tinuam sendo válidas.

nos modernos motores fabricados no Brasil, além de pesquisas iné ditas no mundo com relação ao emprego do álcool cm motores diesel.

A revista “Engenharia”, também estampa vários artigos e traba lhos sobre álcool motor, de auto ria de quem escreve este artigo.

E para terminar e ainda dentro da realidade, pois a ficção termi nou, é dada a palavra a um ilus tre brasileiro, professor da Uni versidade de Stanford, EUA, o Eng. Brigadeiro do Ar Aklo Viei ra da Rosa:

“No setor do petróleo nada é possível fazer além do que a Petrobras está fazendo: ou achamos mais petróleo ou teremos que im portar.” Preconiza o professor a utilização do álcool — produto da fotossíntese para o suprimento de energia calorífica.

E justificando a ocupação da área agrícola envolvida no plantio de cana, mandioca, etc., para êsse fim, diz: “... Os Estados Unidos dedicam à plantação de soja e do milho uma área de 50 milhões de hectares, bem maior que a neces sária para o programa da cana.” E ainda: “É claro que nossa polí tica energética não poderá se basear numa descoberta ainda não feita, nem podemos contar apenas com importações. Precisamos nos voltar para outros e, se o fizermos com sabedoria, poderemos não só satisfazer nossas próprias 7iecessidades, como inverter o pre~ sente dreno na nossa balança de pagamentos e vender coiiibustiveis a outros países. os

Aliás, colabora ele atualmente num grupo de trabalho do Insti tuto de Engenharia, que revê essa questão do álcool motor. Desta que especial também deve ser da do ao professor Urbano Stumpf, do CTA de São José dos Campos, que desenvolve, no momento, interes santes experimentos com álcool

um grande mas uma Yalta eufórico por

final da Ale-

TALIN não era um ignoran te; foi redator-chefe do Pravda e autor do capítulo Materialismo Histórico e Dialético ícap. IV da História do Par tido Comunista). Mas não era um europeu; sua mentalidade de caucasiano era asiática. Teve a sorte de encontrar cm Yalta um Franklin Roosevelt depauperado e qua se decrépito, de quem conseguiu arrancar incríveis concessões. Roosevelt levava ideal de paz universal, grande carência do realismo ne cessário para enfrentar a astúcia política de Stalin. Saiu da con ferência de acreditar ter lançado os alicerces de uma paz duradoura e atingido seus dois grandes objetivos: a or ganização das Nações Unidas e o compromisso da Rússia de decla rar guerra ao Japão, 3 meses de pois da derrota manha!

Yalta, longe de ser a precursora de uma paz duradoura, foi a pla taforma donde a Rússia se lan çou para toda sorte de aventuras. Além da incorporação dos 3 Esta dos Bálticos, já absorvidos e do jogo sobre a Finlândia, o golpe de Estado de Praga, o caso da Coréia, o caso da Indochina, a vitória de Mao-Tse-Tung, o bloqueio de Ber lim, o caso de Cuba, tudo isso ger minou dos acordos de Yalta, de 11 de fevereiro de 1945.

O ilustre ensaísta e professor dis corre sobre dois trágicos equívo cos que desviaram o curso da his toria.

O caso da futura entrada da Rússia na guerra contra o Japão é fenomenal. Pelo simples gesto de entrar em guerra contra um país já vencido, Stalin obteve, de mão beijada, a melhor parte da ilha Sakhalina, as ilhas Kurilas, a totalidade das ferrovias mandchúrias e o porto de Dairen.

Os tratados de paz com os países satélites da Alemanha foram assi nados em fevereiro de 1947, em Paris. A Tchecoslováquia, que ha via feito um tratado de aliança com a Rússia em 1941 e 1943, foi logo depois da guerra objeto de rápida comunização, culminando em 1948, no golpe de Praga, que instalou o comunista Gottwald no Poder.

Coisa parecida aconteceu na Po lônia, onde se instalou um “Go verno provisório”, tendo Gomulka como um dos vice-presidentes, que rapidamente eliminou os demais membros do Governo e instalou na Polônia a ditadura comunista e soviética.

A Hungria foi despojada, em fa vor da Rússia, da Tchecoslováquia e da Rumânia, de vários territó rios, ficando a Rússia com o di reito de manter na Hungria “as forcas que fossem necessárias para a comunicação com a zona sovié tica de ocupação na Áustria”. Em 1956, 0 Mundo presenciou a tra gédia do esmagamento do povo húngaro pelos tanques soviéticos nas ruas de Budapeste.

Na Bulgária, como na Rumânia, instalavam-se Governos de “Fren te Patriótica” dominados pelos co munistas.

Assim se firmou e consolidou o domínio da Rússia Soviética sobre toda a Europa Oriental, separada do resto do mundo pelo que Churchill chamou de Cortina de Ferro. Neste andar não se podia pre ver até onde chegariam as gar ras de Stalin.

No dia 12 de março de 1947, Truman participou de uma sessão conjunta do Congresso e declarou, peremptoriamente, que a seguran- à ça dos Estados Unidos estava ^ ameaçada com a imposição de re gimes totalitários a países livres, “por agressão direta ou indireta”.

Os Estados Unidos estavam no de ver, explicou, de ajudar aqueles po vos livres a “resistir à tentativa de subjugação por minorias armadas ou por pressões externas.

Os princípios assim expostos por Truman em 1947 eram essencialmente os mesmos que ele advogara antes da reunião dos três Grandes em Potsdam, em 1945. Ele não fez segredo de que apoiaria todos aqueles que quisessem permanecer

livres e de que estava preparado para tomar medidas militares con tra a Rússia se os Soviéticos ten tassem dominar uma nação livre.

Truman teve, entre outros, o grande gesto de arrestar a Coréia do Norte em seu propósito de inva dir a Coréia do Sul. Mas ai apa rece 0 SEGUNDO ERRO TRÁGICO

DOS ESTADOS UNIDOS, de pre tender agir por simples ação ca talítica de sua presença militar, sem atacar as bases donde partia o inimigo. O protesto de MacArtur contra esse absurdo valeu-lhe a exoneração do comando. Truman e Eisenhower tiveram a sorte de safar-se do caso da Coréia por não terem ali encontrado um Ho-ChiMin.

No caso do Vietnam a “gaffe” foi mais grave. Escreveu o Almi rante Sharp que foi durante 4 anos o comandante em chefe no Pacifico durante a Guerra do Viet nam:

“O trágico fracasso dos Estados Unidos, não utilizando seu po derio aéreo convencional duran te todo 0 curso da guerra do Vietnam é, em minha opinião, o maior erro de toda a história militar dos Estados Unidos”. “Teria sido fácil déstruir com o bombardeio aéreo a estrutura econômica do Vietnam do Nor te. Mas nem a destruição dos parques ferroviários em torno de Hanoi fomos (os militares) autorizados a fazer”.

Não se compreende que um dis positivo militar da ordem do que venceu a Alemanha em 1944 se

mostrasse, durante anos, impoten te diante de um pequeno país sub desenvolvido, como 0 Vietnam do Norte.

Ao fim de 7 anos o povo ame ricano revoltou-se contra a farsa do Vietnam.

O preço pago. no Vietnam, foi, em vidas humanas, de õ6 mil 550 americanos mortos, 303 mil 602 fe ridos. Em dinheiro, 150 bilhões de dólares. Em material, 3 mil e 700 aviões c 5 mil helicópteros abati dos.

Houve, além disso um outro grande preço em termos políticos: o de um profundo abalo na estru tura política dos Estados Unidos. Tanto 'i'alta como a doutrina Tru man tinham sido obra do Exe cutivo, isto é, de Roosevelt e de Truman. Na hora do fracasso, que por sinal coincidiu com a catás trofe de Watergate resolveu cobrar a diferença, conde-

0 Congresso o

nando os erros do Executivo e abrindo uma insidiosa ofensiva contra a Casa Branca.

O desmantelamento do Vietnam do Sul, assistido de corpo presen te por uma grande esquadra ame ricana, foi talvez o espetáculo mais melancólico e mais humilhante da História Política dos Estados Uni dos. Em termos de política inter nacional foi uma SEGUNDA MUNICH.

O Repórter John Hersey, que acaba de passar oito dias conr o presidente Ford, conclui, tão eufemisticamente quanto possível, que não há mais presidente nos Esta dos Unidos. Enquanto um dos maiores Secretários de Estado cue 0 país já teve, Henry Kissinger, confessa o fracasso de suas ten tativas de construir a Paz.

Tudo parece assim ter conspira do para que neste bicentenário da Independência Americana se vies se escrever uma das mais tristes páginas de sua História.

INGLATERRA: — DESCARTE DE RESÍDUOS PERIGOSOS ernbalagem ,em plástico, de resíduos perigosos antes de usá-lo em aterros, eyitará que o material lixivie-se no solo, diz a Crossford Pollution Ser vice Ltd.^ inventora do Sealosafe, um processo químico-mecânico de po- limerizaçao. A firma não identifica o polímero, e diz que é mais durável que o material embalado por ele. A Polimeric Treatments Ltd. licenciou o processo e investirá US$ 230.000 na construção de uma fábrica para 50.000 toneladas métricas/ano para tratar resíduos de tratamentos de metais. O processo inclue a desintegração química e mecânica e o pretratamento químico dos resíduos antes de ser adicionado o agente polimerizador à mistura. O endurecimento leva três dias; a resistência defini tiva é atingida em 100 dias. A Crossford diz que estão sendo planejadas outras fábricas de Sealosafe para o Japão e a Bélgica. A

BRASIL;- UMA EMPRESA NO ROL DOS PRIVILEGIADOS A po luição e a crise do petróleo são dois dos assuntos mais discutidos atualmen te .E, como em terra de cego, quem tem um olho é rei, os que apresentaqualquer proposta de solução para esses problemas podem-se dar ao luxo de um otimismo fora de época. A Wheelabrator International, que recentemente adquiriu no Brasil o controle acionáiio da Equipamentos In dustriais — Edsa, está no rol desses privilegiados. Acreditando que o Brasil também é um privilegiado, resolveu somar seu potencial ao da Sintobrator. uma empresa japonesa especializada em equipamentos para fundição. A filha promissora dessa união — a primeira joint-venture industrial bra sileira com capitais norte-americanos e japoneses — ca Wlieelabrator do Brasil Equipamentos Industriais Ltda. Esse background dá à Wheela brator condições de atacar o mercado brasileiro em três frentes: indús tria siderúrgica, controle da poluição e obtenção de energia a partir do lixo, do carvão de baixa qualidade e até mesmo do esterco. Numa pri meira fase, que se espera completar até o final do primeiro semestre deste ano, foram feitos investimentos de 5 milhões de dólares, pai*a a construção da fábrica de equipamentos de limpeza e fundição. A médio prazo a Wheelabrator pretende produzir aqui toda a linha de equipamen tos de controle da poluição e, num futuro bem próximo, a exemplo do que vem fazendo nos Estados Unidos, construir usinas que transformam o lixo em vapor, gerando energia.

BRASIL;- O PRIMEIRO MINERODUTO — Quando um trem corre so bre os trilhos, ele não leva apenas a sua carga. Leva também o peso morto dos seus vagões, da sua máquina, das suas rodas. E, principal mente se o transporte é de minérios, não é difícil se esperar que ele re torne vazio, constituindo-se em despesa adicional para o transporte. Para as minas de itabirito de Germano, Minas Gerais — até agora inexplora das — esses são problemas que nem chegarão a acontecer: será construído ali, até o litoral do Espírito Santo, numa distância de 408 quilômetros o l.° mineroduto brasileiro. Ou seja, um processo de transporte pelo qual o minério é moído, purificado e, num total de 60%, misturado a outros 40% de água, formando uma pasta. Essa pasta é bombeada através de tubos até um terminal marítimo, onde é embarcada em navios, ou trans formada antes em “pellets” para exportação. Esse processo, por ser de custo muito inferior aos outros meios de transportes, permite a explora ção de minas como a de Germano, que possui baixo teor de ferro. As pri meiras pesquisas foram realizadas pela Samitri e pela empresa norteamericana Marcona, que formaram a Samarco Mineração, com o fim de comercializar o minério no mercado internacional. Atualmente o mineroduto pode ser utilizado como meio de transporte para o carvão, o ferro, o cobre e o calcário e já se estudam possibilidades para o transporte de fosfato. Dos minerodutos transportadores de ferro, o do Brasil será o de maior capacidade no mundo: 12 milhões de toneladas ao ano. Isso porque será feito com tubos de diâmetro também maior.

re Brasileiro

I - - CONSIDERAÇÕES GERAIS

1. O senso de humor carioca não perdeu a oportunidade de “go zar’’ o chamado “milagre brasilei ro”. Circulavam no Rio, há alguns anos, várias anedotas. Um amigo encontra outro c lhe pergunta que é o milagre alemão? — Olha, a Alemanha perdeu a guerra, foi ocupada pelos aliados ocidentais e pelos russos, teve seu parque in dustrial quase totalmente destruí do, perdeu 6 milhões de pessoas, loi dividida em dois países, ficando economicamente prostrada. Gra ças ao dinamismo e à disciplina do povo alemão, ao seu trabalho ár duo, à rápida recuperação da pes quisa científica e à ajuda econômi ca do Plano Marshal, em poucos anos o país foi reconstruído trans formou-se na maior potência eco nômica da Europa, exportando equipamento e bens de consumo para todo o mundo e assumindo a liderança do mercado comum eu ropeu. Isto é o milagre alemão. Prosseguiu o Amigo — e o milagre japonês?

O antigo superintendente da Sudene e ex-presidente do Banco Na cional da Habitação, desenvolveu o tema do milagre ec07iÔ77tico brasi leiro, numa conferência proferida na Semana de Economia promovi da pela Facilidade de Economia da Fundação Armando Alvares Pen teado.

ziu 0 Império do Sol Nascente ape nas às ilhas nipônicas, pobres de recursos naturais e de energia e super povoadas.

Em poucos anos, graças ao tra balho, disciplina, forte poupança, salários baixos e à ajuda econô mica dos Estadòs Unidos, o Japão reconstruiu sua economia, expor ta rádios, máquinas fotográficas, calculadoras eletrônicas, equipa mento pesado, etc. para todo o mundo, tornando-se a 3.a potência industrial da terra.

Ah, disse o Amigo, já entendi. Os milagres econômicos dependem de muito trabalho, esforço, ajuda ex terna, conquista de mercados, etc. Agora explica-me como é o milagre brasileiro?

Responde o Amigo: esse é mila gre mesmo!

l— É muito parecido. O Japão também saiu arrasado da Guerra. Os americanos destruiram duas de suas grandes cidades com bombas atômicas, suas tropas ocuparam todo o território japonês, Mac Arthur desmontou suas grandes empresas, impôs toda classe de restrições a sua economia e redu-

2. O Prof. Stefan Robock, da Universidade da Columbia, inicia o seu livro a ser brevemente publi cado “BRAZIL; A Study in Development Progress” (no prelo) so-

●milagre brasileiro”, com “era bre 0 esta anedota, aduzindo que teologia, milagre é um aconteci mento que aparentemente contra ria leis científicas conhecidas e que, por isso, deve ser motivado por forças sobre-naturais”.

3. O humor carioca define diferentemente o “milagre brasilei ro” como sendo nosso desejo de obter taxas japonesas de cresci mento, com poupança de hindú...

4. O Ministro Delfim Netto cos tumava insurgir-se contra essa ex pressão dizendo que milagre é efei to sem causa e que o modelo eco nômico brasileiro é o produto de boas políticas econômico-financeiras, do esforço e diligência do ope rariado nacional, do senso de opor tunidade de nossos empresários e da constelação de recursos natu rais com que conta o País.

5. Os milagres alemão e japo nês estão defrontando-se com a realidade da crise de energia, da contaminação ambiental, da crise monetária mundial, da inflação, das altas taxas de desemprego e de outros desafios. Há os que pen sam que as condições que deram lugar aos “milagres” não voltarão a se reproduzir. O milagre brasi leiro continuará ?

II — TENDÊNCIAS HISTÓRICAS DO CRESCIMENTO DA ECONOMIA BRASILEIRA

6. Nos últimos cinquenta anos, a economia brasileira tem apre sentado índices crescentes de ex pansão que culminaram com as ta xas de crescimento de 10%. ao ano.

no período de 68-74, ou seja, com o "milagre brasileiro".

7. Na década de 1920, o cresci mento da produção foi inferior a 4'^ ao ano, tendo a agricultura crc.scido mai.s do que a indústria íTabela 1). Na década seguinte, o crescimento econômico atingiu a média anual de 4,6'/ó ano, ape sar da grande depressão mundial nc começo dos anos 30. O desem penho da indústria, refletia o iní cio do processo de substituição de importações, que foi a base da nossa industrialização.

8. De 1941 a 1947, apesar da Guerra, acelerou-se nosso processo de expansão econômica. A taxa média anual elevou-se a 5,1%, sendo que a indústria cresceu a 6,5% ao ano.

No período 48-56, continuou a aceleração da expansão econômi ca, ultrapassando a taxa média anual a cifra de 6% a.a., riodo 57-61, houve anos eni que a economia cresceu a 10%, sendo a média anual de 8,3%. A indústria cresceu em média 10,7%. Foi a época da implantação da indústria automobilística e de muitas indústrias de base.

No pe9.

No período seguinte — 62-67 -- vemos pela primeira vez, em 40 anos uma recessão prolongada da economia brasileira. A aguda infiação dos anos 62 e 63, a redução violenta da produção industrial e a desorganização política, culminaram com os acontecimentos de março de 64. Seguiu-se período de austeridade e de profundas refor mas, que lançaram as bases para a retomada e aceleração da ten-

tíência histórica de ascenção eco nômica e de utilização do nosso potencial de recursos naturais. A lição política desta análise, talvez possa ser resumida na assertiva de que o povo brasileiro não aceita a estagnação e que está disposto a pagar elevado preço pelo progres so econômico.

10. Nos anos 68-74, a economia brasileira cresceu à taxa média de 10% a.a. A produção nacional du plicou em sete anos, passando o PNB de cerca de USS 40 bilhões, a quase US$ 80 bilhões. Este o “milagre” econômico brasileiro. Todos os se tores apresentaram altas taxas de expansão, tendo a indústria lide rado com quase 12% de crescimen to ao ano. A agricultura atingiu a taxa sem precedentes de quase 6%, tendo os demais setores ultrapas sado a média de 10% anuais.

11. Selecionamos doze indica-

dores para ilustrar o “milagre”. A capacidade geradora de eletricida de mais que duplicou, passando de 8,5 milhões de kw em 68, para 17,5 milhões em 74 (Tabela 2).

elevou-se de 4,4 milhões de tone ladas para 7,5 milhões. A produ ção de soja saltou de 600 mil to neladas, para 8 milhões.

critica ao esforço governamental para aumentar o comércio externo, peca pela base. O Brasil não é um país com elevado grau de depen dência externa. As exportações têm correspondido a cerca 8-10 dc PNB, enquanto em muitos paí ses desenvolvidos a participação das exportações é superior a 20% do PNB. Se atingirmos as metas do II PND, o coeficiente das ex portações subirá a 16% do PIB, em 1979.

Nossas exportações do corrente ano, estimadas em US.o 10 bilhões equivalem ao aumento de 12 mi lhões de consumidores, com a ren da média atual do brasileiro.

13. A capacidade instalada da indústria de cimento mais que du plicou, passando de 7,7 milhões de toneladas em 68, para 17,2 milhões em 74. A produção de veículos motorizados, subiu de 279 mil uni dades em 68, para 858 mil no ano passado. A de tratores mais que quintuplicou, enquanto a de refri geradores domésÜcos duplicou, ul-

A produção de aço em lingotes trapassando um milhão de gela deiras em 74, 0 mesmo ocorrendo com a produção de televisores.

As exportações quadruplicaram, passando de US$ 1,9 bilhões, para 8 bilhões ,enquanto as importações mais que sextuplicaram, pulando de US$ 1,9 bilhões, para US$ 12,5 bilhões.

12. Embora o ano de 74 possa ser considerado “atípico” no que toca às importações, bem como em vários outros aspectos, a crescente

14. A produção de condiciona dores de ar e de liquidificadores sextuplicou e a de rádios transisto rizados quase triplicou. Mas, o ín dice mais representativo do au mento do bem estar da família brasileira é o crescimento de folha de pagamento do setor privado (medida pela arrecadação do FGTS) que triplicou entre 68 e 74, enquanto a produção de bens e ser viços duplicou no mesmo período.

*

15. O impressionante desempe nho da economia brasileira, ex presso por estes indicadores e por muitos outros que dada a limita ção de tempo não me é possível analisar aqui, justifica que se fale em “milagre” econômico brasilei ro. Quais as causas do “milagre”?

16. O Prof. Stefan Robock, no livro referido antes, identifica as seguintes causas do nosso cresci mento econômico:

a) A existência de muitos in gredientes básicos, sobre os quais foi construído o esforço de desen volvimento;

b) O papel profundo e imagina tivo do governo, através de políti cas e de uma estratégia desenvolvimentista adotadas e executadas por intermédio de maciços investi mentos em infraestrutura e pela participação direta em atividades econômicas por empresas estatais;

c) A resposta vigorosa tanto da iniciativa particular brasileira, quanto de empresas estrangeiras, aos incentivos e oportunidades de desenvolvimento e

Forças exteriores como em préstimos e ajuda externa.

mentos referidos por Robock, de ve-se levar em consideração a exis tência, em 1967, de considerável capacidade ociosa na economia nacional, que permitiu aumentar a produção com reduzidos investi mentos adicionais, a mobilização da poupança financeira através de oportunidades de investimento em papéis com correção monetária, a unificação e consequente ampliação do mercado nacional pela ex pansão e melhoria do sistema de comunicações e de transporte e a vigorosa política de fomento à agricultura exercida através de fi nanciamentos a juros preferen ciais, às vezes negativos, e do sub sídio ao uso de fertilizantes, bem como de quase exoneração do se tor agrícola do imposto de renda e de vários outros tributos.

III — A EXPECTATIVA DO MILAGRE

Robock detalha e analisa fontes do crescimento econômico sem no entanto, quantificá-las estabelecer a importância relativa de cada uma delas, lise inclui, entre os ingredientes do nosso crescimento, desde o “jeitinho” brasileiro, até a fraqueza dos sindicatos, o que facilita a exe cução de uma política trabalhista sem greves e sob a orientação e controle do Governo.

Em sua aná17.

Eu acho que além dos eled) essas ou

18. Mas, o que nos reune esta noite aqui é a expectativa do milagre, isto é, a perspectiva de que ü Brasil continue a crescer a taxas da ordem de dez por cento ao ano. A análise do passado nos fornece um marco de referência no qual devemos procurar ver o futuro que estamos construindo. Este exercicio futurológico é arriscado, pois como diz o Ministro da Fazenda, Mário Henrique Simonsen, estes são tempos cruéis para os futurólogos.

19. A expectativa do milagre nos próximos cinco anos 75-79 — está contida no II Plano Nacional de Desenvolvimento. Elaborado sob a inspiração otimista do Mi nistro do Planejamento, João Pau-

lo dos Reis Velloso, quando ainda não se percebia clarainente a ex tensão da crise econômica que as sola a Europa, o Japão e os Esta dos Unidos 0 II PND postula que o Brasil terá uma economia de US$ 12Õ bilhões em 1979, ultrapassando nosso PIB per-capita a cifra de mil dólares (Tabela 3). Estes in dicadores significam que a produ ção crescerá 61% neste quinquê nio e a renda percapita 40%.

20. Tomadas as cifras do II PND c adicionadas às do periodo 68-74, teremos que nos doze anos 68-79 o Produto Interno Bruto do Brasil quase triplica em termos reais, e a renda per-capita duplica. Sem dúvida, um crescimento sustentado a taxas de 10% ao ano, por doze anos consecutivos, é desempenho que somente o Japão terá logrado.

21. Os ingredientes que infor mam a estratégia do II PND, são um aumento de 60% nos investi mentos em ativo fixo, que passa riam de USS 196 bilhões eni 75, para 316 bilhões em 1979, o au mento de 75% na produção mdustrial, 0 aumento de 40% na pro dução agrícola e um aum»;nto do mercado interno de consumo de 55%. Elemento chave é o incre mento de 150% nas exportações, que passariam de US$ 8 bilhões para USS 20 bilhões, corresponden do, a 16% do Produto Interno Bruto. Este volume de exporta ções, para repetir analogia antes feita equivale a aumentarmos 20 milhões de consumidores ao mer cado brasileiro de 1979.

22. O modelo econômico do II PND é coerente intemamente e corresponde a uma continuação das tendências da economia brasi leira nos últimos anos. É portan to, uma extensão do “milagre”. Diante da crise de energia, da con tinuada inflação nos países desen volvidos e da recessão que assola o Mercado Comum Europeu, o Japão c os Estados Unidos, permanecem viáveis às metas do- II PND? É o Brasil uma “ilha” de prosperidade . num mundo conturbado de forma a ter seguimento o seu “milagre”, enquanto outros “milagres” che garam ao fim, ao triplicarem os preços do petróleo?

23. Ao analisarmos as perspec tivas da continuação do milagre, há que considerar três elementos importantes:

a) as tendências históricas de nossa economia:

b) os efeitos da atual conjun tura mundial; e

c) os efeitos das pressões sóciopolíticas internas sobre o modelo econômico brasileiro.

24. A história de nosso desen volvimento nos últimos 55 anos, mostra que o desempenho da eco nomia tem se aprimorado constan temente, apesar de guerras, de pressões, crises, etc. com exceção do hiato 62-67, quando as taxas de crescimento declinaram para 3,7% a.a. (taxas mais elevadas, diga-se de passagem do que as experimen tadas historicamente por muitos países desenvolvidos). Os perío dos decenais ou quinquenais evi denciam taxas de crescimento eco nômico em ascenção, que culmina-

ram coni o “milagre" 68-74, quando a produção duplicou em apenas 7 anos.

25. Não há qualquer fato que autorize a se pensar numa inver são nas tendências históricas do nosso crescimento. Afora a ele vação do preço do petróleo, que será absorvida menos arduamente pela nossa economia do que pela de outros países, porque basica mente usamos petróleo para trans porte, não vemos qualquer elemen to de longo prazo capaz de redu zir consideravelmente nosso cres cimento. Sou, portanto, otimista no que toca à continuação do “mi lagre", se não a taxas de cresci mento de dez por cento a.a., pelo menos a taxas de 7 por cento, com o que a produção duplicará em dez anos e não em sete anos, como ocorreu entre 68 e 74.

26. A conjuntura externa des favorável tem efeitos imediatos so bre a economia nacional. Apesar disso, a previsão de exportações de US$ 10 bilhões em 75 é compatível com o II PND. A aceleração da inflação no primeiro semestre de 74, exigiu a tomada de medidas que afetaram a expansão do mer cado interno. Assim, por exemplo, a produção de eletro-domésticos aumentou apenas 2% em 1974, en quanto a de eletronico-domésticos diminuiu 11%. A taxa de cresci mento da indústria de transfor mação reduziu-se de 16% em 73 para 7% em 74.

Certos setores básicos expandi ram-se lentamente no ano passa do, ou registraram taxas negativas. Assim, enquanto no “rush" final

do Governo Mediei, foram implan tados 5.500 km de estradas pelo DNER em 73, no ano passado, de vido à cautela que caracteriza o início das administrações, o DNER implantou apenas 2.500 km de es tradas. Em 73, foram pavimenta dos 5.400 km de estradas, em 74, apenas 3.100. Assim, o desempe nho do DNER em 74. correspondeu à metade do que foi realizado no ano anterior, com evidente redu ção da folha de pagamento e da demanda de bens c serviços.

27. As medidas que o Governo vem adotando, certamente ativa rão a economia c resultarão em ta xas elevadas de crescimento, contrarrestando as tendências recessionárias do primeiro semestre de 75. O ponto fraco da economia é o setor externo, devido à lentidão com que se está equacionando o problema da reciclagem dos petrodólares. As reservas em divisas acumuladas até 73, embora redu zidas em 74, e crédito sólido do Brasil no Fundo Monetário Inter nacional e nos mercados mundiais de capital, nos asseguram tranqui lidade relativa no futuro próximo. Até lá, deverá ter sido superada a recessão econômica nos países de senvolvidos, de maneira que pas saremos a ser beneficiados pelo aumento da demanda dos nossos produtos e pela melhoria dos seus preços. Teremos, assim, convivido com a recessão nos nossos princi pais clientes, sem havermos sido por eia seriamente contaminados. Sou por conseguinte, otimista quanto à superação das dificulda des de origem externa que se

continuação dc elevadas çarem a declinar, o desemprego a aumentar e o custo de vida a subir.

opoem a taxas dc crescimento pela nossa economia.

28. Os re.sultados das eleições ano passado, que evidenciam profunda insatisfação do eleitorado peia primeira votaçao do expressa ivaciça em candidatos da oposição, prenunciam a necessidade de rea valiação, revisão, retificação e rati ficação do modelo econômico e landúvidas sobre a continuidade cio “milagre", que não foi respal dado nas urnas. O modelo polí tico que é o substrato do modelo econômico, foi igualmente posto cam cm xeque.

29. Não ó ciue o eleitorado es teja contra duplicar a produção nacional cm sete anos e quase tri plicar a folha de pagamento. Secontrasenso alguém ficar na um contra desempenho tão brilhante quanto excepcional. O propalado argumento do aumento da concen tração da renda, não me parece explicar satisfatoriamente o desas tre eleitoral da Arena, pois todos participaram do bolo acrescido — uns mais do que outros, é verdade — e o voto na oposição não parece ter tido conotação de classe social, ou de situação econômica.

30. Até que os cientistas polí ticos expliquem satisfatoriamente as causas do não — referendo nas urnas do “milagre” econômico, há campo para muita especulação. Sem embargo, o Governo necessita formular a política econômica que o leve à vitória eleitoral em 76 e 78, o que é tarefa extremamente difícil, especialmente se as taxas de crescimento econômico come-

31. As especulações dos jornais e alguns pronunciamentos de au toridades autorizam a pensar que se ampliará a abertura política, com a consequente diminuição do arbítrio do executivo na formula ção e na execução das políticas econômica, fiscal e salarial. A po lítica de redistribuição da renda passou ao primeiro plano das preo cupações governamentais e o deba te inter-ministerial sobre o falso dilema “aumento das exportações X ampliação do mercado interno*’, chegou às colunas dos jornais. Até que ponto estas novas circunstan cias afetam as perspectivas do “milagre" e, por extensão, do II PND?

32. Forte esforço redistributivista, justo, necessário e oportuno, não se compagina com o “milagre". Este se fundamentou, em parte, no aumento da poupança governa mental — entre 70 e 73 a poupan ça do Governo elevou-se de 30% para 35% dos recursos para a for mação de capital — e da poupan ça privada. A poupança global elevou-se de 16% para 22% do PIB no período 68-74. Obviamente, o que é poupado não é consumido. A ênfase na redistribuição significa redução da poupança e aumento do consumo, do que poderão re sultar menores taxas de crescimen to econômico, a médio e longo pra zos. A ampliação das medidas de redistribuição de renda, referidas no II PND estão colocadas noutro contexto. Assim, enquanto prevê um aumento de 61% na produção

de bens e serviços e dos investi mentos, o PND estima o aumento do consumo pessoal em 55%, entre 75 e 79. O aumento do consumo pessoal per-capita é de 35%. é fácil, pois, compatibilizarmosos fundamentos econômicos do “mi lagre” e os indicadores do II PND, com a execução de uma política de redistribuição de renda que torne o Governo popular e assegure o seu êxito nas próximas campanhas eleitorais.

33. O “crescimento para fora” é outro substrato do “milagre”, mantido no PND. As exportações aumentariam de 8% do PIB em 68, para 16% em 79. Este modelo que expande nossa economia além das nossas fronteiras, adicionando milhões de consumidores ao mer cado brasileiro, é posto em dúvida no debate que se trava dentro e fora do Governo. A contraposição à estratégia de aumentar as expor tações — para poder aumentar as importações — de argumentos a favor da redução da “dependência” externa e da necessidade de am pliar o mercado interno, embora não tenha sentido economicamen te, é fácil de apresentar emocio nalmente e pode gerar políticas que reduzam o ritmo de crescimento das exportações.

34. Ainda é cedo para se ava liar se a recem instalada Comissão

Parlamentar de Inquérito (C.P.I.) sobre a atuação das multina cionais no Brasil se orientará no sentido de obter uma vi são equilibrada dos prós e cohtras dessa fonte de capital, capa cidade gerencial e “know-how”

para nossa economia, ou se abri gará preferentemente os argumen tos daqueles que são contra o au mento da chamada “dependência externa”, isto é, de uma crescente participação do Brasil nas relações económico-financeiras internacio nais e do consequente aumento da participação de estrangeiros em nossa economia.

35. De toda forma, este aspecto do “milagre” parece .sujeito a contestação mais veemente de parte dos parlamentares emedebistas, de setores mais “nacionalistas” da opinião pública, de certas áreas militares e de parte do empresa- riado brasileiro.

36. A política salarial em que se fundamentou o “milagre” está sendo revista. Os aumentos con cedidos nos primeiros meses deste ano ultrapassaram de muito a cor reção monetária dos últimos 12 meses, incluindo margem bem su perior ao incremento da produti vidade. Noutras palavras, se não forem transferidos ao consumidor, participarão da remuneração per tencente ao fator capital. O pro jeto de lei enviado ao Congresso pelo Executivo, desvinculando o sa lário mínimo dos contratos de locação e outros, é indício claro de que o Governo pretende decretar elevação do salário mínimo bem superior aos 34% da inflação do ano passado. Não me surpreen dería que o salário mínimo fosse elevado em 50%.

37.

É indiscutível que o salário mínimo real sofreu considerável erosão a partir de 1964, a qual foi minorada nos últimos anos. Uma

correção desta situação é desejável e inevitável Antecipando-se a uma política de aumentos consi deráveis do salário minimo, o BNH, em minha administração, desvin culou do salário minimo, o paga mento das prestações, embora o Plano de Equivalência Salarial (PES) continue formalmente a ele relacionado, com o fim de evitar que sejam prejudicados os mutuá rios. A fórmula de cálculos exclui, por conseguinte, qualquer aumento acima da elevação dos preços no atacado. A concessão de aumentos salariais que recomponham o po der de compra do salário, absor vam todo o aumento da produti vidade e mais, pode configurar uma politica redistributivista. Mas será, sem dúvida, altamente infla cionária. Nesta hipótese, a nova politica salarial se afastaria fun damentalmente do modelo do “mi lagre” e do que se pode inferir dos indicadores do II PND.

38. A política salarial do “mi lagre” mantinha os aumentos de correntes dos dissídios e o reajustamento anual do salário minimo dentro de parâmetros rígidos, mas deixava os demais salários ao jogo das forças do mercado. Como há abundante oferta de assalariados menos qualificados ou sem quali ficação, tal politica evitava que os salários reais caissem ainda mais. Já as categorias profissionais mais qualificadas, de que há escassez em nosso País, tinham sua remu neração ajustada pelas forças de mercado. Seus salários subiram rapidamente e, em muitos casos, se equiparam e ultrapassam os salá¬

rios de profissionais da mesma experiencia e treinamento, nos paí ses desenvolvidos.

39. Esta é a principal razão porque a folha de pagamento do setor privado praticamente tripli cou durante o período 68-74. Como é evidente, aumentaram as dispa ridades salariais e a concentração da renda.

A alteração dessas tendências por outra via que não seja a polí tica fiscal (aumento do imposto de renda) representará divergência fundamental em relação a outro esteio do “milagre”.

40. Noutras palavras, o “mila gre” se baseou numa politica sa larial austera, no que toca ao sa lário direto e liberal no que se re fere ao salário indireto; implanta ção do FGTS, PIS, aumento dos benefícios de previdência social, etc.. Agora, parece que o Gover no dará maior ênfase aos aumen tos salariais diretos, inclusive cor rigindo eventuais excessos do pas sado, de maneira a melhorar a dis tribuição da renda e reforçar o mercado interno, arrostando o ris co de um recrudescimento das pressões inflacionárias e de uma redução da poupança interna.

IV — CONCLUSÕES

41. À guisa de resumo e con clusões, do que lhes disse, quero salientar;

a) A economia brasileira no último meio século, a despeito das dificuldades externas e internas, apresentou índices crescentes de desempenho, salvo curto hiato no começo da década passada.

b) O chamado ‘●milagre” bra sileiro é a culminação das tendên cias de crescimento de nossa eco-

o brasileiro em 74 tevi lagre”a sua disposição, em média, a mais de bens c serviços do qin em 68 —. o Governo sofreu contun-l nomia, apoiadas em modelo econô mico implantado em 1964, que in centivou a poupança e os investi mentos, atraiu capital, capacidade gerencial e tecnologia externa, es timulou as exportações e as im portações, conteve os aumentos no minais de salários dos setores em que há superoferta de mão de obra, os suplementando com be nefícios indiretos, aumentou a par ticipação do Governo na economia c implantou reformas que facilita ram a modernização da nossa so● ciedade.

Como resultado a pro dução anual de bens e serviços du plicou entre 1968 — 1974, embora tenha aumentado a concentracão de renda-

C) Para o período 75-79, foi ela borado o II PND que postula a continuação do “milagre mico brasileiro. Entrementes, so brevieram a crise energética mun dial,^ a triplicação dos preços do petróleo, surto inflacionário vio lento nos

econopaíses industrializados, queda dos preços de matérias pri mas e escassez generalizada de ca pital nos mercados internacionais. Tnternamente, a despeito do êxito econômico sem precedentes do <( mi-

dente derrota nas urnas. d) A crise externa e a necessl*i dade de determinar o que pode da;' voto aos candidatos da Arena eirj 1976 c 1978, abrem interessante de-' bate sobre o modelo econômicoc. o regime político — que produ-! ziram um ‘●milagre” econômico e, lograram um desastre eleitoral. e» Alguma-s alterações de curso, já transcendem do debate que sej inicia, com participação mais efe-j tiva dos políticos, e se consubstan-j ciam em novas politicas. Melhor distribuição da renda através dapolítica salarial, fortalecimento d0| mercado interno com possível con* tenção das exportações, controle mais rígido da atuação das multl* nacionais, são temas em discussão, O Governo Geisel estimula o diá* logo, pois deseja conhecer todas as opiniões e espera receber sugestões sobre como manter o acelerado rlt-! mo de crescimento econômico —, “o milagre” — consolidar a democracia e constituir uma sociedade pluralista e aberta. E isto é o que mais interessa aos brasileiros, de qualquer região, filiação partidá ria, ou classe social.

TABELA II

BRASIL: ALGUNS INDICADORES SELECIONADOS

População (Milhões de habitantes)

Pi*oduto Nacional Bruto (US$ Milhões)

Capacidade Geradora (Milhões de KW)

Produção de aço em lingotes (Milhões de T;

Produção de Soja (Milhões de T)

Exportação (US$ Milhões)

Importação (US$ Milhões)

Consumo de Fertilizantes (Milhões de T)

Cimento (Capacidade instalada) (Milhões de T)

10. Indústria Automobilística

Veículos Produzidos

Tratores Produzidos

Eletrodomésticos

Refrigeradores

Condicionadores de Ar

Liquidificadores

Ventiladores

Rádios Transistorizados

Televisores

Arrecadação do FGTS (Milhões de CrS de 74)

TABELA III

PERSPECTIVAS DA ECONOMIA BRASILEIRA; 1979

MAGNITUDES GLOBAIS

Produto Interno Bruto (PIB)

íCrS bilhões de 1975) (*)

BIP (USS Bilhões) (*■●)

População (milhões)

PIB Per Capita (CrS mil de 1975)

PIB Per Capita (USS) (-*)

Investimento Bruto Fixo (Cr$ bilhões de 1975)

Consumo Pessoal

íCi'$ bilhões de 1975)

Produto Industrial (CrS bilhões de 1975)

Produto Agricola

(CrS bilhões de 1975)

População Econômicamente Ativa (milhões)

Emprego Industrial (milhões)

Exportações de Mercadorias (USS bilhões)

Previsão Indicador Aumento para 1974 para 1979 no período

Valores correspondentes aos dados revistos das Coirtas Nacionais (-) para o período 1970 — 1973 (FGV)

Taxa de conversão: Cr$/US$ = 6,776, estimada pelo IPEA, para 1973

Fonte: II PND

Abril 75

ESTADOS

Isso produz um algodão com cerca de 57í

UNIDOS:- TECIDOS DE ALGODÃO ANTIBACTÉRIAS - * Um tecido de algodão antibactérias — de grande utilidade para a confecção de lençóis para hospitais, ataduras e, talvez, até mesmo roupas — poderá tornar-se realidade dentro de alguns anos, se a pesquisa que esü sendo realizada no Centro de Pesquisas da Região Sul do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) for bem sucedida. Essa pes quisa visa ao desenvolvimento de métodos que imprimam aos tecidos de algodão uma durável resistência às bactérias. O fato de haver ou não um mercado significativo para tais produtos, contudo, é ainda um assunto s ser discutido, embora sua utilidade pareça ser bastante desejada. Esse conceito não é totalmente novo. A Europa e a União Soviética vêm rea lizando pesquisas sobre esse assunto já há vários anos. Nos Estados Uni dos, tentativas anteriores já haviam sido feitas para desenvolver um du rável acabamento antibactérias principalmente para ataduras e similares. porém, até agora não foi possivel obter um produto comercial. Agora, os cientistas do USDA anunciaram dois novos métodos que poderão ser 03 primeiros passos para a produção de tecido de algodão que impede o crescimento de bactérias. Um dos métodos é, na verdade, o estágio inter- mediáido para o segundo, mas ambos envolvem a reação química do algodão para obter os resultados desejados. O primeiro estágio é constituido pela cloraçâo do tecido de algodão com oxicloreto de fósforo em dimetiformamida a 65-80°C. de cloro por peso que é antibactéria. Porém, o grupo de cientistas vai ainda mais adiante; o tecido clorado, por sua vez, é reagido com tiocinato de potássio em dimetilformamida para produzir um tecido de algodão que contém um grupo de tiocianatos como parte da molécula de celulose. Utilizando-se 20% por peso de tiocianato de potássio no solvente de for- mamida a 150®C, mais de 80% dos átomos do cloro, presentes no algodão clorado, são substjtuidos por grupos de tiocianatos. A reação química do tecido de algodão, através desses dois processos, não altera dramaticamen te as características físicas do material. Esse fator é muito importante, uma vez que o tecido antibactérias destinado à confecção de roupas teria que ser processado exatamente como o tecido de algodão convencional e deveria ter as mesmas características de desempenho.

ESTADOS UNIDOS:- PESQUISAS SOBRE CLOFIBRATO E NIA-

CINA — As drogas que reduzem o nível do colesterol não prolongam a vida do paciente. Essa é a parte principal de um relatório sobre um estudo de 15 anos, no valor de 40 milhões de dólares, no qual foram analisados 8.341 pacientes, na faixa etária de 30 a 64 anos, que se recuperaram de. pelo menos, um ataque do coração. O estudo, denominado Coronany Drug Project e que se concentrou nos efeitos do clofibrato e da niacina foi pa trocinado pelo Instituto Nacional do Coração e Pulmão e envolveu 55 hos pitais e clínicas de pesquisa.

O BRASIL

AS MULTBNACBONÁIS

criação do uma Comissão

Parlamentar de Inquérito para investigar as multina cionais pelo Congresso Na cional, cm março de 19751.1), reacendeu o debate pú blico sobro 0 papel desempenhado por essas sociedades na economia brasileira, matéria que já consti tuía, há longo tempo, preocupa ção do Poder Legislativo e do Go verno Federal e que, no exterior, tem provocado recentemente im portantes estudos c justificado, até, a revisão da política interna cional dos Estados Unidos.

2. Ê preciso lembrar que foi o próprio Presidente da República, General Ernesto Geisel que, ainda candidato, em discurso que pro feriu, em setembro de 1973, aler tou a Nação para “o surgimento no cenário dantes restrito aos Estados-Nações, de novos protago nistas singulares, as grandes em presas multinacionais, cujo poten cial, para o bem, ou talvez para o mal, ainda não nos é dado ava liar (2) De modo contínuo, o Po der Executivo tem dado a neces sária atenção ao problema da ati vidade das multinacionais e do capital estrangeiro em geral, ten tando, numa fase de crise mun dial, conciliar o investimento se letivo dos gruix)s estrangeiros com 0 fortalecimento da empresa na cional e a presença do Estado, restringindo-se esta às situações de interesse da segurança nacio-

O cmtor entende que deve ser con denada qualquer 'posição dema gógica que possa identificar^ a priori, as multinacionais como instrumento de pressão política.

ilal e/ou de complementação da iniciativa privada nas áreas em que fosse insuficiente a atuação dos capitais particulares. Não houve, assim, qualquer conflito entre o Executivo e o Legislativo na criação da Comissão de Inquéri to, cuja finalidade básica foi levan tar a situação do capital estrangei ro em nosso país.

3. A posição brasileira se en quadra perfeitamente no contex to mundial, no momento em que os Estados Unidos estão lançando a política do Novo Diálogo, inau gurada em 1974, por Rogers e Kissinger com a finalidade de re formular a posição norte-ameri cana em relação às multinacio nais. Reconheceu o Secretário de Estado norte-americano que a di ficuldade básica decorre de uma divergência de premissas entre as multinacionais e os países hospe deiros. Assim, esclareceu, em seu discurso proferido em l.° de mar ço de 1975, em Houston, Texas„ que, enquanto os paises latinoamericanos querem aplicar as suas próprias leis às empresas es trangeiras, os Estados Unidos in-

sistem em apoiar os investidores americanos quando “são tratados de uma forma que viola os pa drões legais internacionais.'’(3). O problema consiste, pois, basica mente, em saber se é ou não possivel a multinacional cumular as vantagens de empresa estrangei ra e de empresa nacional, esco lhendo o regime que lhe for mais favorável de acordo com a situação existente em cada caso e exclusivamente

nião pública cm torno do assunto, õ. Na Inglaterra, a Câmara dos Lords está realizando impor tante discussão sobre as multina cionais, que foram acusadas de desenvolver uma politica de neocolonialismo. afirmando Lord Davies of Leek que alguns desses monstros (referia-se às empre sas multinacionais) poderão até ameaçar o futuro do mercado co mum europeu, por serem verda deiros “elefantes .solitários” (“ro gue elephants”) que, pela sua po lítica em relação às matérias-pri mas, são capazes de prejudicar as relações dos países europeus com as nações em vias de desenvolvi mento.

“Num enquadramento justo e üe mútua responsabilidade, as miilt.inacionai'.? são o grando veiculo do progresso, Basta que, dentro cio Nuvo Diãlugo, institua-sc que elas dialoguem, de fato, com os paíse.s latinoanrericanos, em lugar de se fe charem num monólogo supe rior de empresas demasiada mente engolfadas em seu multinacionalismo para levarem em conta os interesses nacio nais de cada país da América Latina.” (4).

quo ensejou

G. Nos Estados Unidos, a transposição, ]:)ara o campo eco nômico, do movinumlo de purlfif.arfio dos rosf.nmoK Watorgato na área política, ou .seja, a chamada autoflagolação purificadora a que se refero Mary Mc Carthy — ensejou importantes e numerosas investigações cm re lação às multinacionais, entre as quais se destacam as que recentemente alcançaram empresa ame ricana que se dedica ao comér cio de frutas c tem a sua base operacional na América Central. Há uma espécie de legítima obses são dominante nos Estados Uni dos 110 sentido de que “as regras do sistema econômico devem ser cumpridas com lisura, para que o próprio sistema seja mantido fora do perigo de qualquer contaminação.” A literatura chama, aliás, a atenção para as distorções exis tentes nas multinacionais e exiatendendo seus próprios interesses. É essa a questão que deve merecer a ade quada solução na negociação po litica entre os Estados Unidos e aos os demais países da América La tina. Poder-se-á concluir, assim. que;

4. A ONU acaba de publicar a conclusão dos seus estudos a res peito dos “Efeitos das sociedades multinacionais sobre o desenvol vimento e solore as relações inter nacionais” iõ), cujas conclusões ensejaram vasto debate entre economistas e homens políticos de vários países, mobilizando a opi-

ge que a empresa so compenetre do seu iiapel social, como se veri fica no Arlequim de Morris West em The Entrepreneurs e no estu do sobre The Corporate Conscience. (6).

7. Seria totalmente dcspiciendo relembrar a importância das multinacionais. Os investimentos dessas empresas no exterior al cançavam, em 1971, um valor con tábil de 86 bilhões de dólares, ten do aumentado mais de treze ve zes desde 1946.

Mundial, do mesmo modo que a sociedade anônima tornou-sc o instrumento formal da mobiliza ção de capitais da época da revo lução industrial do século pas sado.

Das 300

ro:

Já cm 1967, as vendas dos com plexos multinacionais norte-ame ricanos teriam alcançado 340 bi lhões de dólares, valor equivalen te ao PNB total dos grandes paí ses da Europa Ocidental e mais alta do que o PNB cio Japão e Alemanha juntos (6-A). muUinacionnls, das dois if'-''cio.s Estados fnto, países, oontabillclncle nem sempre COtível de uma vorificaçao ade quada, pelas implicações interna cionais que 1'eflete.

9. É incontestável que, por longo tempo, essas empresas con centraram os seus esforços no insenão teresse predominante exclusivo — da sua matriz no ex terior e, eventualmente, no caso de conflito, em detrimento da po litica econômica do pais hospedeique as multinacionais nem sempre desenvolveram adequada mente a pesquisa local e não se dedicaram, em todos os casos, à formação de técnicos nacionais, a fim de garantir a independência não só de direito, mas ainda de às suas filiais nos vários Ocorre ainda que a sua é RU.S-

ços são «)rif,^ii)ú'iu.s Unidos, mais cie dez se incluem entre as entidades que têm os 40 maiores PIBs do mundo, de tal modo que o movimento dos seus negócios e os seus orçamentos su peram, em muitos casos, os dos Estados hospedeiros.

8. Não há, por outro lado, como deixar de reconhecer a contribui ção que as multinacionais deram desenvolvimento mundial, tanto dos países indus trializados como daqueles que es tão em vias de desenvolvimento. Poder-se-ia, até, dizer que as mul tinacionais constituiram a nova estrutura que permitiu a concen tração financeira e a utilização da tecnologia de após a 2.a Guerra

10. Por outro lado, essas em presas permitiram a mobilização de importantes capitais destina dos a áreas que, naquela época, não possuiam poupança própria, aceitaram riscos ponderáveis, ajudaram a diversificação de paí ses monocultores e foram os cata lizadores ■ do desenvolvimento de indústrias locais complementares de suas atividades, melhoraram a qualidade do trabalho, novos produtos e efetivamente para a introdução do manacjement nas empresas lo cais, a reestruturação das impor-

economico ao criaram contribuiram

taçoes e o crescimento das expor tações.

11. A criação da multinacional correspondeu a uma mudança fundamental do comércio inter nacional que foi assinalada, com muita acüidade, por ROBERTO CAMPOS. Antes, o comércio in ternacional se baseava na idéia dicotômica da imobilidade relati va dos fatores (de produção) em contraste com a mobilidade dos bens. Enquanto isto, a empresa multinacional representa não a exportação de produtos, mas de fatores de produção, notadamente capital e tecnologia que, por seu turno, geram exportação de pro dutos Í7).

12. O preço da admissão da multinacional nos países em vias de desenvolvimento foi a aceita ção do risco político e econômico . calculado, de dominação do mer cado, que existia especialmente nos Estados que não tinham ade quada estrutura administrativa ou nos quais as grandes empresas es trangeiras estariam em condições de corromper o poder político. O medo da dominação das multina cionais se justifica diante das suas dimensões e de sua capaci dade financeira, que fazem das macro-empresas contemporâneas verdadeiros concorrentes dos Es tados. Esta idéia, que já consta do discurso do Presidente da Re pública, mereceu ser desenvolvida por ANTONY JAY (8), sendo, ou trossim, título da obra de ANTHONY SAMPSON(9). A evolu ção se deu, todavia, aos poucos: a medida que os países em vias de

desenvolvimento foram estrutu rando o .seu Poder Político e ra cionalizando a sua administração, as multinacionais foram, aos pou cos, perdendo os seus privilégios políticos.

13. Na realidade, do mesmo modo que, na área interna, tive mos a fa.se do capitalismo selva gem, que medrou em todos os paí ses, embora cm épocas históricas distintas, também no campo in ternacional, conhecemos o perío do de agressividade desenfreada das multinacionais, que chegou a envolver situações políticas que, evidentemente não se coadunam com as finalidades exclusivamen te mercantis de tais sociedades. Sem remontar às Companhias das índias, sem dúvida que ainda recentemente algumas multinacio nais tentaram influir na estrutura política do Chile e de alguns paí ses africanos, mas tais abusos e distorções não podem envolver uma condenação genérica da mul tinacional.

14. Acresce que a própria po sição das multinacionais sofreu importante alteração com a re cente crise do petróleo e com o desenvolvimento da tecnologia japonesa e européia de após a úl tima guerra mundial. Efetiva mente, de um momento para o outro, deixou de ser o mesmo pais que possuia simultaneamente os recursos financeiros, a tecnologia a mais desenvolvida, a adminis tração a mais racional e os equi pamentos os mais adequados. Com o desenvolvimento do mercado in ternacional de euro-dólares e a

relativa facilidade de obtenção de financiamento internacional para os países em vias de desenvolvi mento e, especialmente para o Brasil, a contribuição mais impor tante das multinacionais deixou de ser o aporte de capital e pas sou a ser a transferência de tec nologia sofisticada e de novos mé todos gerenciais, como assinalava recentemente o

VELLOSO, na IV Mesa Redonda sobre Inversões Estrangeiras na América Latina, realizada em Sal vador. Naquela ocasião, o Minis tro do Planejamento salientou a importância da pesquisa científi ca e tecnológica que as empresas estrangeiras deveríam fazer no Brasil, contratando a engenharia nacional para a realização dos seus projetos, introduzindo novos métodos de “management”, desen volvendo as exportações e orien tando os seus investimentos, prin cipalmente para os setores de tec nologia mais avançada. (10).

15. Verificou-se, na realidade, uma mudança na própria concep ção da atividade da entidade mul tinacional. Enquanto no passado, o interesse nacional consistia em receber, por exemplo, a empresa norte-americana que viria ao Bra sil para comprar, com financia mento do Eximbank, o equipa mento oriundo dos Estados Uni dos e trazer a tecnologia do seu país, hoje, com as ofertas de di nheiro dos países árabes e de tec nologia e equipamentos do Japão, da Europa e até dos países socia listas, cabe optar em relação a cada um dos elementos necessá¬

rios ao desenvolvimento da em presa (equipamento, tecnologia, financiamento) por aquilo que se apresenta mais eficaz, mais bara to e mais adaptado ao nosso país. Assim, o critério que se defende atualmente é o de só permitir a transferência de tecnologia quan do essencial, devendo, outrossim, “justificar a sua presença em nos so mercado com os mesmos pa drões de qualidade que (as em presas multinacionais) oferecem consumidor de seus países de (11) 0 próprio estudo da

ao origem.

ONU adverte os países hospedei ros de empresas multinacionais quanto ao perigo da dependência tecnológica e da ausência de cria ção de uma tecnologia própria de senvolvida no país, incentivando criação de alternativas válidas e propondo, inclusive, para tanto, o agências internacioTanto o Banco Cena apoio de nais. (12). trai como o Instituto Nacional de ●Propriedade Industrial têm, aliás, exercido adequado controle sobre os contratos internacionais com esta finalidade.

16. A posição tradicional do direito brasileiro em relação ao capital estrangeiro e, em parti cular, às multinacionais, foi sem pre extremamente acolhedora, não estabelecendo no tocante ao ingresso nenhuma espécie de restrição ou limitação. Só se co nhecia um sistema fiscal desti nado a desincentivar a remessa de dividendos acima de 12% ao ano do capital investido. Mesmo quan do passou a haver condições mí nimas de duração em relação aos seu

Ministro REIS

financiamentos internacionais e quando se restringiu a possibili dade de utilizá-los em favor de empresas holdings e/ou para aquisição de imóveis, os investi mentos estrangeiros no pais con tinuaram a gozar da mais ampla liberdade.

isenções ou incentivos, cabendo em tal hipóte.se, pedido de autorização prévia das autoridades com petentes. a

17. A legislação sobre socieda des anônimas exige a autorização governamental para o funciona mento, no Brasil, de empresas es trangeiras (artigo 64 e seguintes do Decreto-lei n.o 2627 26.10.1940), mas nenhuma medida restritiva existe quanto à possibi lidade de entidades estrangeiras serem acionistas de empresas bra sileiras (art. 64 citado in jine) e de, assim, participar na criação de uma sociedade anônima brasilei ra. Admite-se, pois, que uma em presa brasileira possa ser consti tuída por duas ou mais empresas estrangeiras, sem necessidade de qualquer autorização prévia, sen do 0 registro no Banco Central feito a 'posteriori, como simples formalidade para assegurar a reexportação do capital estrangei ro no futuro. Esse sistema, que consta da legislação vigente, é, ao que parece, também o que vai predominar no novo projeto de Lei das Sociedades Anônimas que o Governo pretende submeter ao Congresso Nacional (13).

18. Não existe, assim, na legis lação brasileira, ao contrário do que ocorre em outros direitos, qualquer necessidade de aprova ção prévia ou a posteriori dos in vestimentos estrangeiros feitos em nosso país, ressalvados os casos em que se pretende obter certas

O problema básico consiste em saber se deve continuar a vi gorar essa sistemática em relação aos investimentos das multina cionais ou se um outro regime, de caráter seletivo, deve ser implan tado e, caso a segunda alternativa seja a preferida, qual a forma que deve ser escolhida pelas autorida des para encaminhar o capital es trangeiro para certo tipo de ativi dades, reservando-se outras áreas, às empresas controladas por gru pos brasileiros.

20. inicialmente no

O Governo Brasileiro fixou a sua política na matéria no 2.o Plano Nacional de Desenvolvimento (1975-1979), qual fixou expressamente linhas de ação para definir nitidamente como se deve situar a empresa es trangeira na estratégia nacional de desenvolvimento (14). Preten de o Governo que haja:

“Explicitação, de forma di nâmica 0 continuamente atua lizada, das prioridades para a atuação da empresa estrangei ra no país, em termos de fun ções a desempenhar e de seto res para onde destinar-se pre ferencialmente.

Trata-se, não de baixar legis lação restritiva, mas de indicar como se deseja atue a empresa estrangeira no país, através de estreita cooperação entre as autoridades econômicas e a iniciativa privada” (15). 21. Esclarece ainda o 2.o PND que enquanto, no passado, se es19.

perava da empresa estrangeira que trouxesse recursos externos, realizasse a transferência de tec nologia e de capacidade gerencial, inclusive pelo treinamento de téc nicos e executivos nacionais, atualmente se quer que ela tam bém possa criar novos mercados, expandindo as exportações, que contribua ao desenvolvimento da pesquisa tecnológica no Brasil e que analise as repercussões de sua posição no mercado evitando as práticas de controle ou absorção de competidores (16).

22. Pretende-se, ainda, obter das empresas estrangeiras uma crescente diversificação de suas atividades, evitando a excessiva concentração e esperando-se, de cada sociedade, a sua contribui ção no setor em que revele maior poder de competição econômica e tecnológica (17).

23. Finalmente, tendo excluído o uso de instrumentos legislativos ou regulamentares, entendeu o Governo Federal que deveria al cançar as metas fixadas, ou seja, 0 encaminhamento seletivo e ra cional das multinacionais, me diante o_ uso de instrumentos eco nômicos, tais como incentivos e desestímulos, financeiros e fiscais destinados a obter os resultados desejados, sem o recurso à legis lação de caráter restritivo, e man tendo a estabilidade nas “regras do jogo”.

Concluiu o 2.0 PND afirmando

sem efeitos secundários indese jáveis, e serão utilizados de forma coordenada pelos órgãos do Governo incumbidos de sua gestão (GDI, CPA, bancos ofi ciais, BEFIEX, Superintendên cias Regionais”, (18).

24. Na realidade, a legisla ção na matéria se restringiu às normas de proteção à engenharia nacional e de reserva às empresas nacionais de crédito público e de importante parcela dos financia mentos de instituições particula res, ficando quanto ao resto em situação de perfeita igualdade ju rídica a empresa controlada por estrangeiros e a empresa nacional, a não ser em campos especiais considerados como interessando a segurança nacional, tais quais a mineração, a navegação, jornais, rádios, televisão, etc

25. Firmou-se, outrossim, uma política governamental no senti do de facilitar as joint-ventures entre capitais estrangeiros e na cionais, garantindo uma melhor absorção de tecnologia em campos de atividade considerados de inte resse governamental, ao mesmo tempo em que se solicitava às em presas multinacionais sediadas no Brasil que se integrassem na po lítica geral do Governo Brasileiro. Assim, por exemplo, o BNDE pas sou a financiar a aquisição de ações de empresas mistas (com postas de grupos estrangeiros e nacionais) por brasileiros. Dentro da mesma orientação condicio nou-se os futuros contratos de fornecimento de certos equipa mentos à transferência do conque:

“Tais incentivos e desestímu los, afetando de maneira signi ficativa a rentabilidade dos projetos, revelam-se eficazes e

26. A tendência governamen tal brasileira se reflete na posi ção que sobre a matéria estaria tomando o Conselho de Desenvol vimento Econômico e que abran gería as seguintes hipóteses e so luções:

“1.0 — O setor que recebe o investimento externo precisa de tecnologia sofisticada, pouco disponível no mercado, cara, exigindo, portanto, grandes in versões. Nesse caso, devem ser concedidas as necessárias faci-

2.° — O setor que recebe o investimento já dispõe de tec nologia nacional e de empresas locais capazes de o tocarem; porém, de supleexterna tanto de precisa-se mentação “know how” quanto de capi tal. Nesse caso, a participação externa deveria se dar através de associações com o capital nacional, privado ou estatal;

3.° — O setor que recebe o investimento dispõe de tecnolo gia e de capital nacionais com capacidade operar na escala de produção adequada e com o nível de in vestimento desejável. Nesse ca so, não seria permitida a pre sença externa.” (20).

lidades e benefícios para que empresas estrangeiras eleveca sua participação na área; trole acionário das empresas fa bricantes para grupos nacionais. Finalmente, no caso de conflito de interesses em matéria de exporta ção entre a empresa "bolding es trangeira da multinacional e a empresa brasileira subsidiária, as autoridades obtiveram decisão das diretorias locais no sentido de competir para assegurar que a ex portação fosse feita pelo Brasil, algumas vezes, em detrimento da empresa controladora sediada no exterior. Houve, assim, uma polí tica que foi firmada no sentido de conciliar os interesses nacionais com os das multinacionais, fazen do prevalecer, em caso de diver gência, a posição brasileira da fi lial ou subsidiária instalada em nosso pais. Mediante uma polí tica negociada de “pequenos pas sos” realizada de fato, conseguiuse, assim, um “ajustamento muito maior (das multinacionais) aos objetivos da política econômica do país, inclusive com relação ao pa gamento pela transferência de tecnologia, ao controle da polui ção, ao reinvestimento, etc. ...(19).

27. A filosofia do Governo se identifica na matéria com a da oposição, mas enquanto as auto ridades administrativas preferem a discussão negociada caso por caso, a oposição sustenta a neces sidade de textos legislativos espe cíficos sobre a matéria, entenden do que a administração não tem condições de impor o investimen to seletivo se não houver normas expressas sobre as multinacionais(21). É, assim, incontestável que a Comissão Parlamentar de Inquérito constitui um fecundo ponto de partida para o debate que é oportuno, ensejando o co nhecimento por todos de impor tante fluxo de informação, que deve ser do conhecimento público. para suficiente

38. O que pode ser condenado é uma posição demagógica que possa identificar, a priori, as mul tinacionais como instrumento de pressão política, partindo-se, ex clusivamente, do pressuposto de que “a atuação das empresas mul tinacionais tem derrubado muitos governos, sobretudo na América Latina” (22) esquecendo os aspec tos construtivos que caracterizam a contribuição dessas empresas para o progresso econômico. Com muita razão, esclarece a respeito HERCULANO BORGES DA FON SECA que “seria inadequado, in fantil ou imaturo adotarmos po líticas e legislação de caráter his térico nacionalista-comunistóide, como soem fazer determinadas nações de pequeno porte e de grandes lideres carismáticos, do tados de invulgar capacidade de gritaria, para espancar os fan tasmas e os pavores que tantas ve zes eles próprios criam”. (23).

29. As próprias empresas mul tinacionais reconhecem que de vem integrar-se completamente na política nacional, para pode rem gozar das regalias e vanta gens atribuídas às sociedades bra sileiras. Afirmam que sua con tribuição não pode ser apenas fi nanceira e tecnológica, mas deve levar em conta as condições pe culiares do nosso meio ambiente, a absorção da mão-de-obra local e as necessidades de redistribuição da riqueza e da integração das várias regiões brasileiras ao pro cesso global de crescimento, asse gurando, assim, ao País o seu status de potência mundial. (24).

30. Como medidas de even tual controle governamental das multinacionais, duas podem ser cogitadas desde logo: a primeira sujeitando a entrada dos capitais a um registro prévio, que só seria concedido, quando a finalidade se integrasse dentro dos programas governamentais e a segunda de acompanhamento da evolução das empresas, visando obter as infor mações necessárias relativamente ao índice de nacionalização do produto, as operações entre a filial e a matriz no exterior, a mão-de-obra utilizada, as despe sas realizadas no país e fora dele, etc. ...

31. Complementando tais meca nismos, seria possível estabelecer um Código de Conduta inspirado naquele que os países latino-ame- : ricanos propuseram na Assembléia Geral da ONU e que visaria ex cluir as atividades políticas das multinacionais, sujeitando-as, outrossim, aos objetivos e priorida des nacionais, fazendo-as contri buir para o desenvolvimento da capacidade científica e tecnológi ca do país hospedeiro e vedandolhe qualquer tipo de prática res tritiva. Resta saber se tais nor mas não serão meraniente programáticas se não houver meca nismos adequados de diálogo e fiscalização, a fim de garantir o seu cumprimento e execução.

32. Na realidade, não se pode pedir às empresas multinacionais que esqueçam os seus fins lucrati vos, pois se trata de sociedades comerciais que visam distribuir

dividendos aos seus acionistas. É destituída de realismo a tese do recente relatório da ONU que pre tende exigir da multinacional um comportamento desinteressado no plano econômico, impondo-lhe, outrossim, uma contribuição so cial sem qualquer compensação. O que se pode, quando muito, é evitar os abusos da multinacional, do mesmo modo que se condena as distorções da própria sociedade anônima nacional. Enquanto não existe um órgão internacional de fiscalização das multinacionais concebidas como Cosmocorps í25), os Estados podem, mediante tra tados bilaterais, estabelecer san ções para as sociedades que não cumprem os deveres que represen tam um mínimo ético consagrado num Código de Conduta. Assim por exemplo, a sociedade multina cional que não fornecesse as in formações dela exigidas ou infrin gisse o Código ético, poderia per der 0 direito às vantagens dos acordos de bitributação.

Talvez mais do que nor mas legais, novas estruturas pu dessem ser criadas com a finali dade de despolitizar as empresas multinacionais e nelas estabelecer um equilíbrio de poderes que constituiría a melhor garantia do país hospedeiro.

34. Estrutura adequada im plantada no setor foi a empresa binacional, na qual se entrosam os capitais estrangeiros e nacio nais, permitindo uma participação igualitária de grupos de diversos países, ressalvando-se sempre ao capital brasileiro uma fatia nunca

inferior à metade do capital so cial. As binacionais de Itaipu, no campo da energia elétrica, e a organizada com o Kuwait para a realização de investimentos e fi nanciamentos no Brasil, são exemplos de formas novas de co laboração comercial e industrial de caráter internacional, que po derão ser seguidos em outras áreas, como as do cobre ou do Não há dúvida que as carvao. binacionais também necessitam de um regime legal próprio, por não poderem constituir unidades marginalizadas no sistema admi nistrativo e econômico do país. Neste sentido a nova legislação sobre sociedades anônimas deveria comportar normas especiais sobre o regime tanto das binacio nais, como das multinacionais. Acresce que as empresas binacio nais não devem cingir o seu cam po de ação à execução dos acordos governamentais. Ao contrário, é admissível e recomendável que surjam também binacionais das quais possa participar o capital privado brasileiro, evitando assim a tendência estatizante que o Go verno tem repelido com energia e veemência, especialmente nos úl timos meses.

35. No campo internacional, justificar-se-ia até que o Gover no e as empresas públicas abris sem o caminho para o capital pri vado, dando-lhe assim o adequado acesso ao mercado internacional, acesso que as dimensões atuais das empresas privadas brasileiras nem sempre torna fácil. O Esta do poderá assim ser o catalizador 33.

da formaçao das binacionais constituídas com capital privado brasileiro. Uma das funções da sociedade de economia mista con siste, justamente, em ajudar a iniciativa privada nas áreas em que ela ainda não tem a robustez necessária para caminhar sozi nha. Assim, no campo interna cional, empresas como a Braspetro e Cobec poderiam dar apoio aos grupos privados para a orga nização de empresas binacionais, eventualmente com a presença inicial de capitais tanto parti culares quanto públicos, desde que a finalidade efetiva fosse a pri vatização gradativa e não a pro gressiva estatização do comércio exterior (26).

36. Não há dúvida que a me lhor forma de integração fecunda da multinacional é a sua miscige nação com grupos nacionais, fi cando estes, em situação majori tária ou igualitária. Com vistas para tal orientação, é altamente relevante a política do BNDE de financiar a participação de grupos brasileiros em sociedades mistas, (formadas por grupos estrangeiros e nacionais) e de impedir, dentro do possível, a desnacionalização de empresas já existentes e até de setores inteiros nos quais o capital privado, sem a ajuda do poder pú blico, não consegue alcançar as dimensões financeiras indispensá veis para acompanhar as necessi dades do país e as eventuais possi bilidades de exportação. Parecenos, pois, muito mais importante do que uma legislação restritiva das multinacionais a formação de

grupos brasileiros em condições de negociar e de se associarem efe tivamente às empresas interna cionais adaptando-as às pecu liaridades do nosso meio am biente e à política do governo e assegurando-se, assim, que elas se coadunem com os interesses nacio nais, passando a ter, o Brasil, um dos seus centros de comando e de cisões.

sos

37. Outra fórmula que merece ser estudada nos casos em que não é possível garantir uma participa ção igualitária ao empresário bra sileiro é a formação das chamadas ●‘empresas transideológicas”. há alguns anos, o advogado SA MUEL PISAR defendeu e conse guiu realizar com sucesso, no cli ma de distenção internacional, a associação de grupos oriundos do Ocidente e dos países do Leste, a fim de uni-los em joint ventures com empresários locais do tercei ro mundo. Superando as divergên cias ideológicas, essas empresas unem os capitais e a tecnologia de países do Ocidente, e do mundo socialista com a participação do empresariado nacional, garantindo assim um equilíbrio de poderes, neutralizando as eventuais velei dades políticas dos grupos partici pantes e acumulando facilidades de exportação para os mais divermercados do mundo. Embora ainda não tivesse uma estrutura definida, a empresa transideológica já está funcionando em vários países, provando que é mais fácil alcançar um acordo nos problemas práticos da vida comercial inter nacional do que nas concepções fi-

losóficas e na wéitanschaung (27). O verdadeiro nacionalismo não é aquele que veda a entrada no país de capitais e da tecnologia estrangeiros, mas sim o que os aproveita da melhor maneira, no interesse nacional. Neste sentido, a empresa transideológica, como meio de garantir um equilíbrio de posições no qual acabe predomi nando o interesse nacional e se realize efetivamente a absorção de tecnologia, é matéria merecedora da atenção dos poderes públicos.

39. Com muita sensibilidade para o assunto^ o Presidente do Banco Central teve o ensejo de afirmar recentemente que “o Bra sil tem condições de se beneficiar da internacionalização da econo mia e do desenvolvimento das multinacionais desde que não seja a multinacional vinculada a al^ gum país em particular” (28). A oportuna ponderação de PAULO PEREIRA LYRA nos leva a con siderar que cabe, desde já, no de bate que se está abrindo em torno das multinacionais, o estudo ade quado do papel que as sociedades transideológicas poderíam desem penhar no Brasil, pensando-se na fixação de uma política do go verno na matéria.

(I) Foi criada a Comissão Parlamentar dc Inquérito atendendo ao Requerimento n.o 4/75 de 15-5-1975 publicado no Diário do Congres so Nacional, Seção I, dc 1-4-1975, pág. 777.

(2) Trecho do discurso do Presidente da República citado no requerimento de consti tuição da Comissão Parlamentar de Inqué rito referido na nota anterior.

(3) Ap. Editorial do Jornal do Brasil, de 12-3-1975, intitulado Multinacionais e Sobe rania.

(4) Conclusão do cdiioriül mencionado na nota anterior.

(5) Effcis des socicic muliinuiionalcs sur Ic dcvcloppcmcnt ci .sur Ics rclaiions internationalcs, publieacão tia ONL'. Nova Iorque, 1974. V, ainda a respeito Siimmary cí Ibe Hcaring Before lhe Group of Emincnt Po^ sons to Siudy ihc Inipncí uf Multinolional Corporation on nevelopment and on Intcínallonnl Kclations. United National, 1974, The aculsltlon of iccimology froin multinallonnl corporailons by dcvcluping counlrles, United Nations, 1974. c The Impact oí Muilinaliomil Corporailons on Uevclopmcnt and on International Rclaiions Tcchnicnl Papers: Taxatlon, United Nations. 1974. passim.

(6) Gazeta Mercantil de 24-12-1974, png. 1. reportagem intitulada Preocupação <5 laaior nas multinacionais.

(6A) Ap. ROBF.RTO CAMPOS. A empress multinacional e a América Latina in Diálogo, vol. VI. n.o 1. 1975, pág. 65.

(7) ROBF.RTO CAMPOS, artigo citado, 65. Pag.

(8) ANTONY |AY. Maquiuvcl c gerência dc empresas. Rio. Xahar Editores. 1968. pág. 25 e seguintes.

(9) ANTMONY SAMPSON. TLc Sovercígn Fawcctl Publication Inc., State of ITT, Crccnwicli, Conncciicul. 1974.

(10) lOÃO PAUI.O DOS REIS VELLOSO. A importância tias empresas multinacionais. in Digesto Econômico, n.o 241. janciro-feve- rcii'0 tic 1975. pag. 24.

(II) Pmnunciamcnlo cio economista ROMÜin Gnzctii Mercantil. LO ALMEIDA.

(12) IIERCUI.ANO BORGES DA FONSE CA, A localização das multinacionais c o 'crcclrp_ mundo in Cnrtn Mensal da Con- fivlcniçao Nacional do Comércio, Fevereiro 1975. 11,0 2_39, pág. 4 c seguimes. V. ainda n publicação da ONU, The acuisition of Iccnology referida na nota 5 supra.

(13)V._ o texto cio anlcpiojeio, numa das suas primeiras versões in O Estado dc São Paulo, de 2-2-1975

(14) 2 o PND aprovado pela Lei n.o 6.151. dc 4-12-1974, publicação pelo IBGE cm se tembro de 1974, pág. 45.

(15) Obra e local citados na nota anterior.

(16) Obra c local citados na nota anterior.

(17) Obra c local citados na nota anterior.

(18) Obra citada na nota anterior, pág. 46.

(19) Ministro lOÂO PAULO DOS REIS VELLOSO. artigo citado na nota 10 supra, pág. 24

(20) O Globo, dc 5-4-75. pág. 18.

(21) i’roiuinciameiito do Deputado AURÉ LIO CAMPOS do MDI5 de São Paulo no Congresso Nacional, cni

(24) Pronuncinmento do Presidente da Volks wagen do Brasil, Woufgong Sauer na Câmara Americana dc Coméi;cio.

(25) GEORGE W. BALL. Cosmocorps: The Importoncc of being staiclcss !n Columbia journal of world business, novembro-dezembro de 1967.

(26) V. A politlca dos grandes negócios in Visão dc 29-10-1975, pág. 91 e seguintes

(27) SAMUEL PISAR, The Third world Bctwecn East and West: A Proposal for Transldcologlcal Enterprise in Abidjan World Conference on World Pcacc Tlirough Law, August 26-51, 1975, workpapcr. abril de 1975.

(22) Veja, dc 13-4-75, pág. 15.

(25) HERCULANO BORGES DA FONSE CA. artigo citado na nota n.o 12 supra, pág. 10.

(28) Declaração do Dr. PAULO PEREIRA LYRA in Gazeta Mercantil de 7-4-1975, l.a pág.

Para ampliar a produção na cional de sorbitol e manitol, iniciada em 1967 na fábrica de São Gonçalo. RJ, a Getec — Guanabara Química Industrial S.A. vai implantar em Maceió outra unidade — a Alagoas Quimica Industrial S.Á., com início das ativi dades previsto para 1976. O objetivo é atender ao mercado interno e ex portar para os Estados Unidos, Canadá, Japão e países da Alalc. Usado como agente umectante e condicionante, o sorbitol tem larga e crescente aplicação nas indústrias de cosméticos farmacêutica alimentícia, de cigar ros, fumo para cachimbo, papel liso e gomado, etiquetas e bebidas. Apesar das sucessivas ampliações da produção da fábrica fluminense t/ano para 6.000 t em 1973, e para 9.000 t a partir deste ano — a de manda interna não é totalmente atendida. A nova fábrica de Alagoas irá produzir 6.000 t/ano, permitindo satisfazer o consumo interno e exportar para a Argentina e Peru. A produção de manitol. atende completamente ao consumo nacional e o restante (90%) é exportado. Empregado como aromatizante para chiclete e comprimidos, o manitol é fabricado em pó, mas, a partir de 1975, também será oferecido na forma injetável.

BRASIL:- SORBITOL E MANITOL de 1.200

iBRASIL:- ÓLEO DE SEMENTE DE UVA — O ITAL vem desenvol vendo pesquisas para a extração de óleo de semente de uva, considerado um dos melhores óleos comestíveis que se conhece. A tecnologia necessá ria à extração e refinação do óleo difere em muito da exigida para a obten ção de outros óleos vegetais, salvo quanto à fase de preparo da matériaprima. Informam ainda os técnicos que o óleo de uva já vem sendo utili zado comercialmente mais como produto medicinal para auxiliar no com bate à arteriosclerose e também em certos restaurantes de classe.

●o-

ESTADOS UNIDOS: RESÍDUOS DE VCM NÃO DEVEM SER

QUEIMADOS — A B. F. Goodrich Chemical abandonou o uso da incineração a alta temperatura, um método que vinha sendo utilizado de maneira satísíatória para a destruição de resíduos de hidrocarboneto clorado que eram difíceis de serem eliminados. Em seu lugar, a companhia adotou uma unidade_ de oxidação catalítica de camada fluida, desenvolvida em suas instalações, para processar as 25 milhões de libras/ano de resíduos de hidrocarboneto clorado produzidas por sua fábrica de monômero de clo reto de vinil, de 1 bilhão de libra/ano, em Kentucky. A companhia, que vem operando a unidade desde julho último, já possui dados considerá veis que apoiam as vantagens da troca. As economias diretas de energia, baseadas numa comparação com o sistema de incineração que a compa nhia utilizava, totalizam 14 milhões de Btus hora. Além disso, o processo, denominado Catoxid e baseado em tecnologia de camada fluida seme lhante àquela utilizada pela companhia nas unidades de oxicloração, re cupera a maior parte do valor do cloro nos subprodutos. A tecnologia do processo, que será licenciada pela Goodrich, oferece uma nova alterna- tiva de eliminação a outras companhias químicas que tem problemas corn^os resíduos do hidrocarboneto clorado. Nos Estados Unidos, a pro dução de mais de 10 milhões de t/ano de hidrocarbonetos clorados para produtos tais como o cloreto de vinil, os solventes clorados e os inseti cidas, gera cerca de 380.000 t/ano de resíduos. E os meios de eliminação tradicionais aterros, despejo no oceano e injeção em poços profundos f^^^rn quase que completamente proibidos pela legislação de controle ambiental. A Goodrich é a primeira a utilizar uma unidade de oxidação catalítica para os resíduos de, hidrocarboneto clorado; entretanto, ela nao e a primeira a oferecer esse tipo de sistema pará resíduos. A Lurarnu^; que em 1971 desenvolveu o processo Transcat para a produção de cloreto de vinil a partir do etano, já vem oferecendo esse processo para resíduos de hidrocarboneto clorado e para a produção de outros hidrocarbonetos clorados, aldeidos,_cetona, acidos e nitrilas. Uma unidade Transcat deverá entrar em operaçao ,em fins de 1975, na fábrica de cloreto de metano da Shinetsu Chemical Industry, do Japão. O processo Transcat utiliza sais liquefeitos de um metal multivalente (por exemplo: uma mistura de cloretos^ de cobre) para três funções: como catalizador, agente de transferencia do calor e reagente. Neste sistema, o fluxo de resíduos é incinerado antes que o gás entre em contato com o catalizador e o ar esteja a aproximadamente 60QOF.

Perspectivas Urbanas na America Latina

TEMPO houve, e não há mui to, em que o panorama so cial e.specifico de determinada área do globo podia ser apreciado e interpretado à luz dos próprios dados regionais, com tênues e remotas conotações com a malha universal.

O adensamento continuo do mundo atual; a trama de interes ses internacionais, cada vez mais compacta; a participação de no vas e numerosas nações, num ce nário ocupado antes por um re duzido número de participantes; o contato e relacionamento mais estreito entre os povos; a inten sificação dos meios de comunica ção, difundindo conflitos políti cos e econômicos, determinaram um comportamento de tão pro funda reciprocidade e interdepen dência que poucos são os fenôme nos sociais a permitirem uma aná lise isolada, com o uso exclusivo de parâmetros apenas locais.

O processo de relacionamento que vigia entre os povos e nações em passado ainda bem próximo, se caracterizava por ações e res postas que se defasavam no tem po, com prçdução de efeitos quase sempre amortecidos.

Em certos casos, havia mesmo um completo alheiamento de al gumas nações, mantendo hábitos e comportamentos próprios como

Bíisquejnos uma forma latinoamericana de sociedade aberta, livre, independente, o mais autosuficiente possivel, estruturada em bases solidas, genuinas, são pala vras do autor, em conferência pro ferida na Conferência LatinoAmericana sobre Desenvolvimen to urbano, realizada em agosto, em Bogotá, Colombia.

se pertencessem a mundos dife rentes.

Hoje não há mais aqueles totais alheamentos mesmo que pretendi dos ou forçados, c todas as nações compartilham da marcha univer sal dos fatos, reciprocamente in fluenciadas por ações e reações quase concomitantes.

Passou agora a imperar uma espécie de universalização, e uma certa homogeneidade nos grandes movimentos ascensionais da so ciedade hodierna, independente mente das ideologias políticas rei nantes.

A evolução, pois, de todo este sistema universal — malgrado as marcadas posições político-ideológicas que conturbam, neste lustro da história, o curso de um proces so orientado para o desenvolvi mento — identifica as relações

homem-meio, unifica os procedi mentos sociais e assemelha os comportamentos.

para não

As marcantes diferenças, em termos de riqueza e poder, que por condicionantes históricas se im plantaram entre as nações, con trolam a marcha universal e a submetem à liderança dos mais fortes, ao longo de uma rota nem sempre condizente dizer até incompatível com os an seios da sociedade como um todo ou do indivíduo como elemento intangível.

A diferenciação entre os que conduzem e os que são conduzidos, ao longo de um sinuoso caminho, mas em direção sempre ao que se convencionou chamar de pro gresso, é flagrante e cada vez mais contundente: de um lado o grupo dos países capitalistas mais avan çados e o bloco socialista; do ou tro, os incluídos simplesmente no chamado terceiro mundo, dois campos pois cuja distancia recí proca aumenta continuamente quer em desnível de desenvolvi mento, quer em volume popula cional, hoje nas proporções de 1/3 e 2/3, respectivamente.

Este duplo aspecto de distancia mento sempre crescente deve ser contido o quanto antes, para não agravar a situação de grande ins tabilidade que já compromete o destino da humanidade.

Apesar da significativa inferio ridade demográfica dos mais adiantados, os seus níveis de de senvolvimento entretanto, a condição de conduto res supre,mos do terceiro mundo

emprestam-lhes,

procurando impor, cada um a seu modo, a sua orientação ideológica. Os comandantes e os comanda dos colocaram-se, pois, em duas órbitas distintas que, se mantidas as condições reinantes, jamais se tocarão: a órbita dos desenvolvi dos e a dos subdesenvolvidos. Esta situação, assim traduzida em termos de trajetórias orbitais, se nos afigura com a imagem mais correta de uma realidade eviden te. Mantida a ação pura e sim ples dos determinantes e impera tivos vigentes, e que regem toda a estrutura sócio-económica mun dial, nenhuma alteração ulterior advirá, e as separadas e, entre si, cada vez mais afastadas.

órbitas continuarão

Colocamo-nos entre os que con sideram 0 subdesenvolvimento não como etapa de uma ascensão rumo ao desenvolvimento, mas tão so mente um estado, que abandonado a si mesmo permanece como tal. Não é, pois, um estágio no curso de um processo ascensional.

O país que pretende deixar a órbita do subdesenvolvimento há que valer-se de uma energia adi cional enorme, e submeter-se a pesados sacrifícios para eliminar as amarras que o prendem a um estado, por força de um como que fatalismo histórico.

Neste sentido a América Latina, como todo o terceiro mundo, está desperta. Ainda atrasada, mas desperta. E este grande desper tar a impulsiona, nela provocan do movimentos de auto afirmação, impregnando-a de uma consciên cia regional e universal.

Nenhum dos países que a inte gram consente mais em se margi nalizar, numa posição de mero es pectador, isolado de um processo de desenvolvimento mundial. Dele quer participar, repudiando as flagrantes disparidades interna cionais de riqueza e de abjeta po breza, contrastantes.

Aquele quase alheamento, com pequena ou nenhuma participa ção do latino-americano no desen rolar progressista de um mundo em marcha célere, desapareceu. Ele reconheceu a sua situação de desnivelamento frente aos eleva dos padrões universais de vida, ou mesmo em relação aos próprios padrões diferenciados regionais e nacionais. Por isto se movimenta,

xos constantes, rumo aos centros urbanos.

A topografia sócio-econômicacultural latino-americana apre senta reduzidas áreas de relevos significativos, em cotas mais ele vadas: e as restantes situam-se, ainda, na baixada, a cotas razantes. No topo dos relevos altos estão as cidades.

Como consequência lógica desta aspiração ascencional da massa latino-americana, já conscientiza da da inferioridade de suas condi ções, é a sua movimentação mi gratória acelerada rumo a uma única e possível direção: a dire ção da cidade, e em particular da cidade, e em nível econômico e cultural mais elevado.

E este se movimenta em massa, movimento de massa, que se ma nifesta por uma migração física, no sentido de um deslocamento espacial, identifica uma escalada, Ímpeto de migração cultural ascendente. um como nucleos-elites

Duas forças se somam a provo car tão violento fenomeno: as de impulsão, afastando o homem do campo onde vegeta uma situação de simples sobrevivência, e as de atração dos centros urbanos onde, aparentemente, e mesmo possivel mente, estejam as respostas aos seus anseios de melhores condi ções de vida.

É importante consignar que as capitais latino-americanas de há muito constituem centros culturais incontestes. De início, apenas ré plicas das metrópoles do período colonialista e, ao depois da inde pendência consagrados. Elas foram também sede e o palco de um processo industrialização incipiente, brotado dentro de uma estrutura agrária e de mineração, riam, pois, de se tornar, como real mente se tornaram, os grandes polos de atração de hoje.

A resultante destas forças com ponentes, imidirecionais e orien tadas para uma elevaçãp de pa drões, é por demais poderosa e continuará provocando gigantescos movimentos migratórios, em flua de Have-

Este processo de urbanização latino-americana, que até certa fase se fazia em ritmo lentOj ad quiriu nos últimos decênios uma violência inaudita, que o diferen cia e o caracteriza, se confronta do com o europeu ou o norte-ame ricano. E quanto maiores os des-

níveis regionais, tanto maiores o volume e o ritmo migratório.

Como fenômeno universal irre freável, a urbanização se insere entre aqueles que denunciam as tendências incontidas da socieda de para uma industrialização como resposta também ao desmedido crescimento populacional. É, pois, fenômeno que perdeu o cunho re gional, para se caracterizar como universal, consequência compulsó ria de uma adaptação forçada e contínua de uma sociedade caren te e insatisfeita a uma estrutura nova, imposta pelo avanço da ciência e da tecnologia.

Algumas particularidades reves tem, entretanto, o processo de ur banização turbilhí.onário que se implantou na América Latina, com diversificações regionais acentuadas, já que se trata de uma grande área, mas não de todo homogênea, influenciada diferencialmente na sua estrutura social pelos vínculos históricos de uma colonização Hispano-Portuguesa.

As massas migratórias não fluem apenas para as cidades re ceptoras, mas tomam-nas como se as assaltassem: e, qual manchas imensas, cercam-nas por comple to, numa ocupação territorial convulsionada configurando um cin turão de miséria.

Nestas últimas décadas tundência do fenômeno fez sur gir metrópoles gigantes, megalópo lis que, em pouco, se nada obstar este grotesco e comprometedor processo de crescimento, tornarse-ão os maiores aglomerados ur banos do mundo, perdendo por a con-

completo sua antiga condição de cidade, para se tornarem autênti cos acampamentos humanos.

As capitais têm sido o destino final desta avalanche migratória, e as cidades menores, simples pa radas temporárias destas carava nas imensas, na sua marcha im placável.

A industrialização, como fator básico de emprego para grandes contingentes humanos, estimulou também a urbanização, numa de- pendência íntima do causa-efeito

Assim caminham elas em para lelo mas, via de regra na Améri ca Latina, a urbanização tem assumido significativa dianteira, dando origem à marginalização de uma multidão não absorvida pelo mercado de trabalho.

Os diferentes países latino-ame ricanos, na ansia de desenvolvimento, vêm reagindo, cada um a seu modo, segundo atitudes e com portamentos próprios. A urbanização é uma destas, se não a maior das reações.

Ela certamente acarretará mudanças estruturais profundas e uma compulsória reformulação institucional, para a disciplina de um processo desenvolvimentista.

Um fato é incontestável: a urbanização já é uma característica da sociedade atual, e implantada de modo progressivo e muito rá pido. É a forma que ela encon trou para o seu pleno desempenho, para a compatibilização do ho mem com 0 espaço e para o suporte de suas aspirações, em con tínua elevação.

Assim, dominam hoje um com portamento e mentalidade urba nos, dos quais o próprio homem do campo não mais pode se furtar.

Aquele confinamento rural, de auto-subsistência, até então imperante na maior parte da Amé rica Latina, à maneira de um ar quipélago, e suportado por uma economia primitiva regional de simples sobrevivência, desapare ceu quase que por completo. A cidade estendeu sua área de in fluência e atingiu o campo e, com todos os seus implementos sócioculturais, passa a reger o compor tamento do homem rural rema nescente, já totalmente dependen te dos produtos urbanos nas suas próprias atividades.

Ao se apreciar a fenomenologia urbana latino-americana, há que se ressaltar ainda outros fatores regionais que lhe imprimem ca racterísticas singulares. Existem, contudo, algumas profundas se melhanças. Assim, uma particu laridade marcante é o enorme pre domínio de uma cidade sobre to das as demais e sob vários los, em particular quanto lume demográfico. Quando muito, duas cidades se destacam sobre maneira e assumem a condição de megalópolis. Isto pode ser carac terizado como verdadeira encefalite urbana.

Os centros preferenciais, que se comportam como os receptáculos maiores do caudal migratório, estão cada vez mais longe de ofe recer aquelas sonhadas melhorias. O resultado é o aparecimento de

condições subhumanas, aviltantes; impondo a uma não pequena par cela da população uma vida abai xo do nível compatível com a pró pria dignidade. Não obstante, a migração prossegue e não se vêem perspectivas de contenção.

Este potencial, esta grande energia, até então latente e que se transforma agora na impulsão das massas que buscam trajetórias ascensionais, não póde ser desper diçado, mas sim controlado sob pena de se chegar ao desgoverno e à total insolvência dos centros urbanos. Cumpre, pois, protegêlos para que eles possam continuar a desempenhar as suas funções de usina social, trabalhando e mol dando a matéria-prima humana, das áreas rurais e das estagnadas, para colocá-la níveis mais altos, numa trans formação continua de elevação de padrões. egressa áreas

em Se, ao contrário, estes centros urbanos forem mergulhados no demográfico, grande turbilhão parte das suas energias seria inu tilmente consumida na busca in glória e impossível de uma infraestrutura física para o suporte de população gigante sempre E aquela sua função anguao vouma crescente, especifica de elevação dos níveis de vida, de impregnação de cul tura e tecnologia, seria inapelavelmente esmagada. Um mero e simples indicador deste grande perigo é a infima porcentagém despendida com educação e assis tência social, em confronto com as vultosas verbas destinadas ao su-

porte físico da estrutura urbana. E, como tal suporte precisa atin gir, pelo menos, um grau mínimo, abaixo do qual sobreviria um total bloqueio das atividades urbanas, imensos recursos são a ele destina dos sem a menor perspectiva de que 0 objetivo do bem estar cole tivo seja alcançado.

São recursos para transporte, sistema viário, água, saneamento, assistência social, além de uma soma enorme para outros imple mentos básicos; e tudo para a rea lização de obras inadiáveis traordináriamente despendiosas. e que absorveriam imenso contin gente de mão-de-obra adicional, estimulando ainda mais a migra ção.

Configura-se, assim, um circulo vicioso que jamais será quebrado, para, ao final, implantar-se o caos.

prefeitos, dos alcaides, que são vencidos, menos pela dinâmica da urbanização e mais pelas podero sas forças que dela se beneficiam, através de sistemática exploração imobiliária, a ditar uma esdrúxula e irregular textura urbana.

As megalopolis latino-america nas, já implantadas e outras em vias de implantação, exigem de imediato algumas .severas atitu des político-administrativas, inte gradas nas três esferas de ação: federal, estadual e municipal.

um

Um processo predatório, assalto ao solo e uma incontida e parasitaria -exploração imobiliá ria comprometem os de água, devastam a vegetação circunvizinha, degradam os valores históricos, poluem as praias, rios, os lagos e os lençóis freaticos. E o sol, o ar e a água, então abundantes e dadivosos, já se escasseiam e serão muito em breve avidamente buscados como ciosos bens econômicos.

O poder público assiste, impo tente, a esta “urbanização espon tânea”, esboçando algumas peque nas e tímidas reações, sobrepuja do que é pela própria violência do processo. E se reação há, parte apenas do poder municipal, dos

No Brasil estas atitudes tém sido tomadas, denunciando uma gran de preocupação federal, e seus re sultados já começam a surgir. En tretanto não tiveram a profundi dade necessária e novas ações e coações se impõem para fazer de saparecer as grandes diferenças regionais, os hiatos e os vazios econômicos, responsáveis maiores pela continuidade do crescente fluxo migratório.

Toda uma política, baseada na análise das potencialidades ainda latentes das diferentes regiões do território brasileiro, foi deflagra da. E novas enfases têm sido da das aos setores básicos como ener gia, transporte, comunicação e em preendimentos vários para a eli minação daquelas discrepancias regionais.

Todas as áreas devem ser veitadas de acordo com

mananciais os preaproos seus recursos naturais, segundo as suas vocações agrícolas ou industriais, para a composição de todo o or ganismo nacional e o equilíbrio dos seus orgãos. Mas há muito por fazer. A urgência se impõe, e as

ações devem ser intensificadas. Só seriam contidos ou melhor assim orientados os fluxos migratórios para um maior número de polos, racionalmente distribuidos para absorvê-los sem serem por eles massacrados.

Outros grandes obstáculos ao controle do desenvolvimento das áreas metropolitanas são a amor tização dos poderes, a descontinuidade e multiplicidade adminis trativas e a ausência de legislação eficaz.

As megalopolis latino-america nas não fogem à regra e se com põem de várias cidades já conurbadas; que mantêm sua indepen dência administrativa, não obs tante pertencerem todas a uma única e grande cidade. Isto difi culta, para não dizer obsta, o con trole. Impõe-se. assim, uma legis lação que, sem ferir as autonomias políticas dos municípios, as disci plinem e as condicionem para sa tisfazerem as exigências da metró pole que as incorpora, como orga nismo único que é. casos justifica-se até mesmo a fu são de alguns municípios envolvi dos, de pequena importância e cuja independência pode ser con testada.

Aos estados que contém as inegalopolis, caberia uma ação com plementar importante de descen tralização industrial e adminis trativa, mediante a conjugação de estímulos e severos desestimulos. Aos municípios sobrariam as atua ções de carater legal, normativo e tributário subjacentes, visando Em certos

também a eliminação gradual das deseconomias e a minoração dos custos sociais.

A propriedade urbana teria que se submeter a um maior número de condicionamento em benefício social. Isto aliás está contido na consagrada assertiva: o controle da urbanização significa restrição da propriedade.

Só assim as megalopolis seriam passíveis de comando. Frutos que são de um crescimento populacio nal acelerado, elas são vitimas do processo de ocupação. E, porque nelas, todos, e desarvoradamente, vêem buscar melhores condições de vida, não só a usufruem, mas extraem delas o máximo, poluin do, castigando e depredando. Ne nhum ou quase nenhum espírito comunitário de contribuição ou de ajuda espontânea existe. Em seu lugar 0 fel de uma competição desvairada.

As cidades desempenham papel primordial no desenvolvimento do país. Seu futuro é o futuro do próprio país. Daí a grande aten ção que os governos a elas devem devotar. O seu fracasso, o seu des controle, tem vítima importante, 0 país.

Avaliadas monetariamente todas

as deficiências infraestruturais da maioria das megalopolis latinoamericanas, chega-se à dramatica conclusão: os recursos disponíveis estão muito aquém do necessário mínimo, fato este sempre agrava do com o correr do tempo. Somas fabulosas deveriam ser E isto em vão, eis regra quase geral, o mobilizadas, que, como

crescimento das já megalopolis latino-americanas vem ultrapas sando todos os limites adrnissiveis. O mais grave é que isto acontece na América Latina com possibili dades econômicas diminutas e onde o processo de desenvolvimen to, buscado na industrialização, alia-se ao processo de urbaniza ção. com todos os aspectos ne gativos apontados.

A ruptura desse círculo vicioso seria conseguida pela rapida in dustrialização racionalmente dis tribuída, e pela contenção do desarvorado processo de urbaniza ção a ser posto sob controle, para dele fazer um instrumento de de senvolvimento.

A industrialização acelerada, proporcionada por recursos huma nos e materiais, é a força que fa ria libertar por completo a Amé rica Latina da órbita do subde senvolvimento.

É preciso entender como indus trialização não aquela produzida por indução externa apenas, ne cessária, sim, mas em caráter ini cial provisório e não permanente como se delineia.

É aquela industrialização endógena, intrínseca, criadora pre na busca incessante da autosuficiência basilar.

cessário em todo o período inicial possa ser absorvido c integrado, continuaremos nós, latino-ameri canos, como simples fornecedores de matérias-primas, canteiros de serviços e de mão-de-obra barata para uma indústria alienígena. E permaneceremos sempre ausentes e marginalizados de um legítimo processo

observadores apenas de uma in dustrialização aparente, exógena, cujo saldo maior é a consequente poluição devastadora.

Dai a importância das nossas universidades, o ambiente latino-americano tornar-se-á permeável às conquistas tecno-científicas externas e será capaz também de uma ação cria dora interna, de uma produção intelectual de escala, para atingimento da tão almejada auto-sustentação, É importante pois que elas sejam protegidas dos efeitos da massificação do ensino, fruto da urbanização avassaladora.

Só através delas

É perigoso e arriscado fazer uma generalização dos fatos, mas pa rece ser este o quadro latino-ame ricano. desenvolvimento, . de

e sem- Insistimos, pois: a cidade é a vanguarda do desenvolvimento, o acervo cultural de um povo, a de positária de suas tradicionais. Ela deve crescer em número e em di-

Se não for de imediato prepara do um terreno fértil, onde o “know-how” científico e tecnoló gico exterior, absolutamente ne-

Até então pode-se afirmar que na América Latina existe indús tria, mas a América Latina não tem indústria. mensões de modo a cumprir todas as suas funções maiores. O seu gigantismo deformante precisa ser evitado a qualquer custo, pois ele testemunha, no caso latinoamericano, onde a densidade de- mográfica é ainda muito baixa,

um caso típico de subdesenvolvi mento.

O progresso impõe-se e nada se lhe deve contrapor. Mas o legí timo progresso. O progresso que proteja a cidade, da quãl ele inapelavelmente depende. O progres so feito à custa de uma racional exploração dos nossos recursos naturais — suportes de industria lização e da agropecuária — mas realizado sem predação. Não há nenhuma incompatibilidade entre desenvolvimento e preservação ecológica. Esto ecocidio. que já se alastra pelo mundo, atinge com violência a América Latina, a pre texto de um desenvolvimento até agora" não legítimo, com a devas tação de nossas florestas e a po luição generalizada, em particu lar dos centros urbanos.

As elites que governam as na ções latino-americanas, devotadas ao apressamento de um processo desenvolvimentista, devem se acautelar e meditar sobre o ver dadeiro sentido de progresso e de desenvolvimento que nos convém.

Se elas se cingirem, apenas e tão-somente, ao sentido econômi co açodado e trêfego, várias frus trações advirão, uma vez que, por

antecipação, podemos já divisar o futuro que nos aguarda: uma sim ples réplica da marcha seguida pe los países mais adiantados, repe tindo os seus erros e passando pe las mesmas fases que levarão a sociedade, beneficiada pelo supos to progresso, a conflitos de toda ordem e o homem a tensões que 0 denigrem e o desagregam.

Busquemos, pois, uma forma la tino-americana de sociedade aber ta, livre, independente, o mais au to-suficiente possível, estruturada em bases sólidas, genuínas. E pa ra a própria defesa de nossas ins tituições e dos sagrados princípios de liberdade, de justiça social e de nossa tradição cristã, intensifi quemos a busca de uma distribui ção mais justa de rendas, cobrin do número cada vez maior de con templados e eliminando a concen tração excessiva, que caracteriza subdesenvolvimento contra o um qual lutamos. Busquemos um con ceito de desenvolvimento compa tível com as aspirações do homem, sem vinculações a formas préconcebidas ou a sistemas pré-esCom isto estaremos tabelecidos. eliminando a angustia dos nossos vêem o futuro com jovens que apreensão e medo.

■o

MÓVEL DE TRATAMENTO

DE ÁGUA — casos de emergência ou catástrofe em que há interrupção no fornecimen to de água potável, a unidade móvel Sulzer transforma rapidamente aguas contaminadas de rio, lago e solo em pura água potável. Consiste de unida des de precipitação, floculação, filtração, adsorção e esterilização, ^em de tanque de água tratada, soprador de ar e dispositivo de controle. Embala em sacos de plástico, água pura ou leite, com adição de leite em po. Tem capacidade para 4.000 l/h de água potável e 3.000 l/h de leite.

Em BRASIL:- UNIDADE

INTERNACIONAL:- NOTÍCIAS PARA OS PRODUTORES

DE AÇÚ

CAR — Abafadas pelo barulho relacionado com os preços recordes do açúcar, surgem discretamente duas notáveis modificações no processa mento de cana-de-açúcar. A primeira, baseada no versátil difusor Rotocel da Dravo Corp., promete significativa melhora na extração do caldo de cana; a outra, uma nova técnica de clarificação desenvolvida pela Tate & Lyle Interprises Ltd., proporciona um aumento substancial na qualidade e refinabilidade de açúcar bruto. O método da Dravo consiste em substituir-se o método tradicional de moagem por um difusor. A divisão Blaw-Knox Chemical Plants, da firma, usou este processo na cons trução de uma instalação de processamento de açúcar para a Meladuras Por tuguesa C. A., localizada próximo a Guanamare. no oeste da Venezuela, e projetada para processar 1200 toneladas métricas de cana/dia. A Tarte & Lyle utiliza um clarificador especialmente projetado e um auxiliar de floculação patenteado para remover as impurezas não solúveis do mela ço concentrado. A técnica britânica aprov^ou em um teste de trés anos realizado numa usina de 5.000 toneladas métricas/dia, pertencente a uma subsidiária em Jaagbaan, África do Sul. Os testes continuam em três outras unidades de capacidade total nicas), Venezuela e Jamaica, e o método deverá estar disponível para licenciamento neste ano ou no próximo.

Belize (antiga Honduras Brita- em ●o

BRASIL;- NORDESTE CUIDA DAS PLANTAS — Utilizar matériasprimas regionais para a produção de rações é um dos objetivos da Alionor — Alimentos do Nordeste S.A. Há dois anos, ela vem desenvolvendo pesquisas na sua granja de Paudalho, a 30 km de Recife, para diversifi car sua linha^ de produção, aproveitando as sementes do tomate e da goiaba, os resíduos do abacaxi, pedúnculos do caju, caroços de jaca e o faveleiro, um vegetal do agreste nordestino. Seus diretores estão espe rançosos. Um deles, João Pires, é também pesquisador. Há quinze anos trabalha com^ o tórula, síntese micro-biológica de proteínas da calda das usinas de açúcar, através do fungo “candida utilis”. Seu último trabalho, no entanto, é com a semente de uma palmeira, a macaíba, que pode ser aproveitada para fazer óleo e torta. De cada 1.000 kg de semente podem ser extraídos 22 kg de óleo. No entanto, ele acredita que a utilização do faveleiro seja atualmente mais viável. E, como a empresa tem 50.Ò00 ha. de cajueiros, está pesquisando também o aproveitamento do bagaço do caju para a produção de rações. A Alionor pretende no futuro aprovei tar o suco pasteurizando-o para exportação. Além das 2.500 t. de rações e concentrados a partir da soja e farinha de peixe, a Alinor também produz mensalmente 100 t. de caroços de maracujá, comprados pela Gessy- Lever para fazer margarina, .Deste caroço é extraído um óleo, de carac terísticas semelhantes às do óleo de girassol e qualidade superior ao de algodão. O caroço contém 34% de gorduras e 32% de proteína bruta e é rico em ácido linoleiro. A Alinor pretende aproveitá-lo para produzir tortas para ração bovina, cuja base é 38% de proteína. No futuro, preten de fazer também a extração do óleo, desde que as pesquisas comprovem a viabilidade econômica.

pA ECONOMIA DOS SOVIÉTICOS

E O INSTITUTO DO "JEITO ii

ARA um desavisado, as bases doutrinárias da politica econômico-financeira da União Soviética bcin poderíam pare cer uma criação de Benedito Valadares e José Maria Alkmin e não de Lenin e Bukarin, tal a ma leabilidade c fluidez que ofere cem, tal 0 pragmatismo e a capa cidade revelados por seus elocubradores para aplicá-las oportu namente, dando um ‘‘jeito” de su perar qualquer problema.

A taxa cambial do rublo, oficial mente, é de 1,45 dólares. A este cambio, a economia soviética seria inundada por ● produtos agrope cuários e manufaturados estran geiros, sendo ao mesmo tempo in viável a exportação pelo pais, es tando 0 valor real da moeda so viética ao redor de 25 centavos de dolar.

Entretanto, com países de eco nomia livre, a exemplo do Brasil, Moscou negocia em dólares. A taxa oficial da sua moeda está sendo aplicada unicamente no in tercâmbio comercial .com os paí ses da Europa Oriental., E quan do as pressões do governo rumeno se tornam fortes o Kremlin ape nas se limita a fazer algumas compras neste país, contra paga mento em dólares ou a uma taxa especial para o rublo. De fato, consoante as evoluções conjuntu-

O economista Frederico Héller mostra as v^culiaridaães da economia soviética e as diferenças que existem na U.R.S.S., “tal e qual como nos paises capitalistas’^

rais do bloco soviético, funcionam ali taxas cambiais múltiplas.

U?7i mercado consentido

O mercado negro de moedas es trangeiras encontra-se pratica mente oficializado em Moscou. Se gundo a legislação em vigor, so mente estrangeiros têm autoriza ção para comprar nas lojas espe ciais, as “beryoscas”, onde há de tudo, mediante pagamento em dó lares, marcos alemães, suiços e franceses, liras e outras moedas. Entre p que se pode ad quirir a preços bastante inferiodo mercado geral, consta o francos res ao uisque, a vodca, perfumes frantecidos ingleses, calçados ceses, espanhóis. particularmente às de datas festivas, as fiberyoscas” se alonNão raro vesperas Ias junto às gam, formadas contudo por uma minoria: os diplomatas e empre sários estrangeiros radicados na União Soviética.

De que modo conseguem os rus sos, especialmente as mulheres, moedas conversíveis para adquirir mercadorias importadas? Pois nu merosos artigos de luxo ou semiluxo, ainda que fabricados na pró pria União Soviética, são oferta dos unicamente naquelas lojas reservadas a uma elite. E o que fazem os gerentes dessas “beryoscas” com as moedas “capitalis tas"? Levam-nas aos bancos ofi ciais ou às revendas no mercado negro?

Questão não menos delicada propicia o mercado de automóveis. Normalmente, isto é, sem se utili-

um

ropa Oriental. Cabe lembrar, porém, que dentro desta área os pre ços de importação e exportação sujeitam-se inteiramente à mani pulação. Moscou não elevou tanto 0 preço do petróleo e dos deriva dos que fornece à Checoslovaquia, Alemanha Oriental, Hungria, Bul gária e à Romênia, como os ára bes e venezuelanos o fizeram no abastecimento do mercado mun dial, efetivamente, um tratamento pre ferencial a seus aliados o subordi nados.

Mas é oportuno registrar, tam bém, que o Ka*emlin determina igualmente o custo de produtos manufaturados e semimanufatu-

Os soviéticos concederam. zar do apoio de amigos influentes, os soviéticos submetem-se a filas desalentadoras, que obrigam peras de três a quatro anos para obter, ao preço de 7.500 rublos veículo

Zhijuli”, aliás de boa qualidade. Mas não querendo per der um minuto sequer, qualquer pessoa poderá comprar o automóvel (aparentemente usado) preço de 12.000 rublos. A quem cabe a diferença? Quais e quan tas pessoas a compartilham? de que modo se resolve o proble ma de lançamento das diferenças entre preços reais e oficiais na contabilidade da indústria auto mobilística?

mesmo ao

a esOs termos de intercâmbio são rigorosamente definidos em Moscou, constituindo isso motivo de constantes queixas e atritos que, certamente, jamais extrava sam pela imprensa.

rados que adquire em Pankow, Praga, Budapeste, Sofia e Bucarest.

ar-

Motivo para as mais amargas queixas é, entre outros exemplos, 0 custo dos armamentos forneci dos pela URSS aos seus satelites. As exportações soviéticas de mas, em dólares de 1972, evolui ram do seguinte modo:

Ano Milhões de dólares As oportunas manipulações

Já nos referimos ao funciona mento de um “mercado paralelo" de câmbio e à vigência de taxas cambiais múltiplas no intercâmbio comercial da URSS com os países de sua área de influência na Eu-

ficção. Também como no mundocapitalista, os que se encontram nas cupulas auferem as conheci das vantagens indiretas como pa gamento de aluguel de residência, direito a periódicas viagens de redisponibilidade de1.151,2

Os governos da Europa Oriental reclamaram que o Kremlin cobra preços mais altos do que aos paí ses árabes. creação ou transporte pago. Nesse sentido, nunca falta igualmente o “jeito” providencial para as imperativas diferenciaNo caso da URSS, porém, o-

O mito distributivista coes. util instrumento tem seu uso am plamente disseminado na alta hierarquia partidária e governa mental.

Ainda 110 tocante aos problemas internos da URSS: as diferenças salariais entre as diversas cate gorias profissionais existem tal e qual nos países capitalistas, como Estados Unidos, a Alemanha Ocidental e outros. A distribui ção de renda não passa de mera

A proposito, observe-se URSS 0 celebre “complexo- que na militar-industrial” opera tão pleeficazmente como nos Esta- na e dos Unidos, o pais-lider do capi talismo universal. os

ESTADOS UNIDOS:- TINTA MULTICOR

Já há 20 anos o inven‘rei da

tor John C. Zola de Alhambra, Califórnia, é conhecido como o Os acabamentos multicor de sua invenção, vendidos fabricados, sob licença, por

tinta de bolinhas' sob a marca Zolatone e outras marcas, sao várias companhias no mundo inteiro. Mais recentemente, contudo, Zola da caracterização de “bolinha”, porque soa muitodiversas variações sofis-

está tentando se livrar frívola. E pode estar conseguindo isso, gi’aças a ticadas de sua idéia original. A Chrysler está aplicando um dos acaba mentos multicor de Zola ao interior do porta-mala de seus carros mode lo 1975. A tinta composta, à base de água, tem boa cobertura e espessu■ ■ 2 aplicada em uma única demão a revolver, cobrindo marcas de solimperfeições semelhantes em porta-mavárias demãos, se a ra, e e da, materiais acústicos, riscos e Ias não acabados, ao passo que seriam necessárias tinta de cor uniforme fosse usada. Além disso os fabricantes de automó veis estão considerando o uso dessa tinta como um substituto do vinil ele produziria uma capota de alto brilho que refletiría o calor.

ESTADOS UNIDOS:-

NOVOS DENTIFRfCIOS VISAM CONQUIS TAR O MERCADO — Há grandes esperanças na Lever Brothers e Col gate-Palmolive, de que os novos produtos, que agora deixam o estágio de teste de mercado, ajudarão estas companhias a liderarem o mercado ●de dentifrícios que é de USS 425 milhões. E se o ramo continuar seu padrão histórico com referência à liderança de mercado por uma com panhia durante quase uma década, a hora pode ser propícia. O novo lan çamento da Lever, chamado Aim, é baseado num conceito de dentifrício introduzido em junho^ de 1970 com o Close-up, uso de geléia de sílica como abrasivo, ao invés dos compostos de fosfato ou combinações de car bonato de sódio, óxido de alumínio hidratado e silicato de zircônio usados na maioria dos dentifrícios. As geléias de silica, por suas propriedades refrativas, tornam o dentifrício translúcido. São menos abrasivos do que os compostos e combinações de fosfato, e são usadas em menores quan tidades — 20% comparado com 50-55% para os fosfatos. O novo produto da Colgate chama-se Peak. Ele se enquadra na categoria não-terapêutica dos chamados dentrifícios cosméticos — como o Close-up da Lever ●e os produtos préfluor. Ao contrário da maioria das pastas dentais cos méticas, contudo, o Peak contem bicarbonato de sódio. Antes da compa nhia introduzir o Peak, ela teria de descobrir uma forma de estabilizar o bicarbonato para mantê-lo suspenso na fórmula. O produto, introduzido no ano passado no Sudeste, é agora vendido em cerca de 55% do país. Segundo um fabricante de dentifrícios, o mercado está “bem saudável” e ●espera-se que cresça pelo menos tão rápido quanto a população — e prova velmente um pouco mais rápido à medida que a higiene bucal for enfa tizada. Presentemente cerca de 190 milhões de libras do produto são ven- ■didas. As pastas terapêuticas possuem 70% do mercado, as pastas cosmé ticas e geléias 25%, líquidos e pós os 5% restantes. a seguir

●o

ESTADOS UNIDOS:- NOVA MATÉRIA-PRIMA PARA ESTERÓIDES

—- A G. D. Searle & Co. começará a produzir em escala total, em sua fábrica em Harbor Beach, Michigan, um intermediário de esteróide, ●androst-4-ene-3, 17-dione (AD), pela oxidação do sitosterol. Este último é um^ abundante subproduto do processamento da soja, sendo obtenível, também, a partir de outros produtos vegetais e “tall oil”. O AD pode ser usado para fazer numerosas drogas esteróides, inclusive anticoncepcionais orais, e agentes para tratar a pressão alta do sangue. A etapa da oxida ção implica na fermentação microbacteriana. A extração convencional por solvente orgânico recupera o produto AD. A Searle crê que seja a pri meira companhia a comercializar a produção de esteróide a partir dc sitosterol, apesar de a Upjohn Co., já ter usado um outro derivado da soja, o estigmasterol, por mais^ de 20 anos. Atualmente, a matéria-prima de esteróide de maior importância é obtida da raiz do barbasco mexi●cano, cujo suprimento tem permanecido inalterado. A Searle continuará a basear parte de sua produção nessa raiz. Em meados do ano passado, -a Mitsubishi Chemical Industries do Japão revelou a tecnologia que produz um outro intermediário de esteróide, um androstalidene-di one, ●a partir do colesterol. 0

0A estatizaçõo da economia

tema da estatizacão -é da maior importância sob os pontos de vista político e

Conferência do presideiite da Bolsa de Valores de São Paulo^ durante sessão da I Semana de Economia, realizada -pela Faculda de de Economia da Fundação Ar mando Alvares Penteado economicO; social. Interessa ao in divíduo, à empresa e ao Estado, porque todos podem ter lucros ou prejuízos, num momento ou no tempo, conforme seja a sua deíi-

niçao.

Teceremos considerações apenas sob 0 ângulo econômico, pois os dois outros são certamente conse quência deste, conforme a história dos povos é plena de fatos e en sinamentos. ao mesmo-

O Governo do Presidente Geisel tem-se caracterizado pelo estimulo ao debate em torno de assuntos de interesse nacional, e por se tratar de matéria econômica, esse debate é essencial.

Na acepção de considerado mes tre, a economia é a ciência das opções, e se pode minimizar o risco pela ampliação do conhecimento dos mais variados caminhos.

Quase todos os setores, públicos e privados, tem-se manifestado, e por feliz coincidência, todos são unânimes em negar apoio à estatização e empregar a eficiência e o estímulo à privatização.

A citação de todas as mensagens da Presidência e dos Ministros da área econômica consumiría folhas de papel, daí porque me permito citar apenas uma.

No panorama mais amplo da es trutura empresarial do pais cab& assinalar que, da evolução recente da economia nacional, tem resul tado espetacular aumento em efi ciência e dimensões das grandes empresas estatais, e a participa ção cada vez maior da empresa privada estrangeira passo de relativa estagnação da. empresa privada nacional. Urge, pois, cuidar do fortaleci mento deste último setor empre sarial, para que venha ocupar olugar de equilibrio que lhe com pete, até mesmo para maior con forto e estímulo dos dois outros

setores, hoje praticamente em confrontação direta.

Transcrição literal das palavras do Presidente Geisel, na primeira reunião ministerial, a 19 de março de 1974. Isto é mais que uma de finição. Ê como se fora uma. ordem do dia para que cada um de nós participe do processo de fortalecimento da empresa priva da nacional, como exigência do interesse da coletividade. pais, no Este é o motivo da nossa pre sença hoje aqui, bem como de sucessivas manifestações nossas

' anteriores, e se continuamos deba tendo a estatização é porque a realidade dos fatos não está aten dendo a definição da tese.

A tese, como eu disse, e como o Prof. Marcei também teve a opor tunidade de repetir, sobejamehte repisada desde a nossa Constitui ção até 0 2.0 PND, até todas as manifestações das autoridades responsáveis.

Cumpre-nos, então, procurar diagnosticar os desvios, apontar opções de solução e assim corres ponder ao chamamento presiden cial.

panhas promocionais ou educati vas. Em resumo, não precisa de marketing.

Em resumo, esta peculiar situa ção vem determinando os seguin tes resultados. Nós, de vez em quando, precisamos inserir alguns números, para que as teses possam ser traduzidas.

empresa sob uma

Para isto, voltamos a afirmar que, por detrás da teoria dos espa ços vazios, ou da justificativa do Estado, do avanço do Estado ante a inércia do setor privado, ou da conveniência econômica da inte gração vertical, zontal, para aproveitamento da potencialidade da controle do Estado, existe causa orgináida, a crescente esta tização da e mesmo hori-

poupança nacional, poupança que gera a formação de capital. A condição fundamental para qualquer projeto de desenvol vimento ou qualquer ainda é capital.

empresa

Significativo e determinante desse crescimento da poupança nas mãos do Estado, é que o Es tado detem o monopólio da pou pança compulsória, enquanto o setor privado atua na área da captação voluntária.

Portanto, na maior, parte das suas captações, o Estado não tem concorrentes. Não tem pratica mente custos. Não necessita cam-

Segundo dados fornecidos pelo Banco Central do Brasil, entre de zembro de 1971 e dezembro de 1974, os recursos arrecadados pelo governo, através do PIS, PASEP, FUGATIS depósito de poupança e a prazo, e ORTN, evoluiram em termos nominais, de 22.3 bilhões de cruzeiros para 93.8 bilhões de cruzeiros. No mesmo período, os totais de haveres não monetários, representados por aceites cam biais, depósitos a prazo, caderne tas de poupança e letras imobiliá rias, acumulados pelo setor pri vado, passaram de 27.5 bilhões para 91 bilhões de cruzeiros. O crescimento na área estatal foi de 4,2 vezes, contra 3,3 na área pri vada, diferença entre esses dois multiplicadores tende a aumentar se verificarmos que entre dezem bro de 1973 e dezembro de 1974, para os mesmos haveres conside rados, o setor público apresentou um crescimento de 76,1% contra 27,5% do setor privado.

Como a correção monetária no período foi de 33,3%, houve perda real para o setor privado.

Feita a projeção para os próxi mos três ou cinco anos, estará acentuada a centralização dos re cursos e a consequente centraliza ção do poder de decisão.

Analisemos a etapa seguinte, o destino desta poupança.

No atual -estágio de acelerado desenvolvimento brasileiro, e para ter condições de competição com as empresas estatais e as multi nacionais, a empresa privada na cional necessita crescentes volumes de investimentos, superiores à ge ração própria de recursos. O aporte de capital de terceiros torna-se obrigatório e se traduz em emprés timos ou co-participação acio nária.

A não utilização dos instrumen tos para a captação de recursos a médio e longo prazo no mercado de capitais, pela simples razão de que este mercado não tem recur sos para tal fim, tornou o governo, através de suas instituições finan ceiras, o único gestor de financia mentos a longo prazo. E assim o governo assumiu a grande respon sabilidade de atuar sozinho, ora financiando, ora investindo, crian do uma incompatibilidade evi dente com uma economia de mer cado cuja premissa básica pres supõe a diluição daquela respon sabilidade, para minimizar os riscos e exercitar a salutar facul dade das opções.

Cumpre alertar que o estabele cimento de uma política de finan ciamento a longo prazo, a politica que o governo estabeleceu na área de financiamento, pelos órgãos governamentais, baseadas em cor reção monetária mais juros, estes maiores ou menores, pode ter sido válida no'período de inflação ca dente.

O importante é que a reversão da curva inflacionária, ocorrida em 1974, devida a causas de ori gem internacional, inviabilizou q processo para a maioria das em presas. Então, poderá ocorrer o pior para todos, pois o governo,, contrariando o seu desejo e o seu objetivo, e com a agravante de possíveis prejuízos, será estatizante, pois eventuais empresas, também a contragosto, se verão obrigadas a entregar suas ações^ pela incapacidade de pagar os. crescentes custos de seu endivida mento. E quem vai administrar e arcar com tudo isso? Na área dos custos, talvez houvesse solu ção, porque realmente o governO' detem parcela considerável de re cursos e poderia arcar com isso. Mas na área da administração, há que se compreender que o governo não é onipresente ou dispõe de uma equipe ilimitada de gerentes de investimento e de financia mento.

Em outros países do mundo, o problema foi amenizado, conce dendo-se a projetos de interesse nacional taxas subsidiadas de fi nanciamento.

Mas a solução recomendável para custear ativos fixos é a do investimento.

Também nesta área, como subs titutivo do que ocorre em inúme ros países, onde o mercado secun dário de ações gera recursos para as empresas, através de subscricriou-se uma alternativa çoes, através do investimento direto nas empresas, pelo BNDE.

Realmente, como disse o nosso prezado Marcei, nós temos uma possibilidade de geração, de cria ção na área legislativa, na área operacional realmente sem limites.

Nesta altura, criamos um mo delo próprio de investimento di reto. Existe um outro modelo si milar na Itália, o IRI, que real mente foi constituído com objetivos, mas que hoje, me falham os dados detem ticipação em 450 mil

todos convir que 11 é um número bastante modesto.

Em matéria de risco, que nem o governo aceita, e nem a em presa promissora pretende o prin cipal ainda é a estatização. Por sinal, não se pode afastar a hipótese, mesmo em projetos viá veis que, por razões outras, seja impossível à empresa durante tres anos, pagar dividendos às ações preferenciais, o que as transfor maria em ordinárias, e, portanto, com provável controle estatal.

os esempea sua

açoes adquiridas

Por mais louvável esses se nao parempresas. . . . _ que seja -a iniciativa do banco, por maiores que sejam e estão sendo íorços de atendimento, pelo nho com que está assumindo responsabilidade, quer nas caute las contratuais, quer na avaliação dos preços das * somos obrigados a apontar im perfeições e riscos.

A imperfeição inicial é derivada da incapacidade física, não finan ceira, no atendimento à demanda e neste aspecto o tempo pode vital para muitas empresas, nas convém lembrar, convém fi xarmos as dimensões geográficas do Brasil, a enormidade dós polos econômicos onde estão localizados e a grande agência de financia mento governamental, BNDE, lo calizada na cidade do Rio de Ja neiro, a dificuldade física que este processo pode trazer. Aliás, vem trazendo, porque neste sistema de participação acionária, o BNDE já efetuou, desde outubro até hoje, 11 participações. Em termos ■do número de empresas carentes de recursos no Brasil, deveremos

ser Ape-

Por outro lado, da perfeita ex posição de motivos subscrita pelos ministros da área econômica ao recomendarem a IBRASA subsidiária destacamos o seguinte: a compa nhia de investimentos incluiría ações e outros titulos de empresas a serem lançados ao público.

criação da do BNDE.

A IBRASA é a subsidiária do BNDE que, no sentido de estabe lecer uma política de fortaleci mento da empresa privada nacio nal, substituindo a política de fi nanciamento, adquire ações -na maioria das vezes preferenciais das empresas, alocando, portanto, com provável custo apenas de pa gamento de dividendos.

Mas, a intenção da IBRASA, ex pressa na sua exposição de moti vos é, naturalmente, posteriormehte, revender estas ações no mercado. A viabilização da IBRASA pressupõe, portanto, a existência de um mercado de ações, sem o que, de um lado, ela corre o risco de participar minoritariamente de milhares de em- ,i

outro lado, pela impossibilidade de rotação de seus recursos, tor na-se no tempo um enorme fun do de investimentos imobilizado.

Dentro deste quadro geral, o mercado de ações surge não tra duzido como uma aspiração das Bolsas, dos profissionais do mer cado ou do desejo dos investidores, mas, sim, como o mais engenho so sistema para o qual convergem necessidades e brotam soluções, soluções que vão desde a capitali zação das empresas, à democrati zação das oportunidades, à des centralização das decisões, até à justiça da participação geral nos lucros do desenvolvimento.

Neste momento me permito, como representante deste merca do, destacar, entre muitos, o tes temunho de fonte absolutamente isenta de interesse direto. Con cluindo uma série de 11 análises, reportagens plenas de pesquisas e dados administrativos sobre a

lo constatamos que em uma amos- , tra de 321 empresas, que repre sentaram 96% das negociações nos últimos anos, no período de 71 a 74, excluindo-se as sociedades fi nanceiras privadas, o setor públi co vem sendo o grande beneficiá rio na captação de recursos para novas subscrições. As sociedades financeiras estatais tiveram um aumento de 16,1% sobre o seu capital, as sociedades de economia, mista de 14,3% e as empresas pri vadas apenas 4,3%.

Tal distorção determinou cor reta decisão do Conselho de De senvolvimento Econômico vedando acesso das empresas estatais aos recursos do mercado de ações em 75. E, por coincidência, são as empresas que dominam as nego ciações do mercado aquelas que podem prescindir do mesmo.

Das cinco empresas mais nego ciadas em São Paulo, quatro sãO' estatais que detinham 29% do mo vimento em 71, e conquistaram 60% do movimento em 74. Nos-, últimos 12 meses, das 321 empre sas analisadas, 222 não chámaram capital, e não o fizeram porque não havia necessidade de capital,, porque simplesmente não havia condição de captar recursos ho mercado para estas empresas.

Daí a pergunta: para onde ca minha 0 mercado sem liquidez e para onde irão as empresas sem recursos? Por que continuar mar ginalizando aquele mercado cria do, regulamentado e fiscalizado pelo governo, no qual tanto já se investiu em legislação, estrutura, instalação e formação de profisestatização, o jornal "O Estado de S. Paulo”, em sua edição de 2 de março último, destaca a certa altura é o jornal, depois de uma pesquisa de 11 reportagens, não é a Bolsa —: Pode-se afirmar que o elemento chave de um progra ma de desestatização é o fortale cimento do mercado de ações. En quanto não existir um dinâmico mercado de capitais não haverá possibilidade para o setor privado de se desenvolver, nem perspec tivas para que as participações provisórias do governo não se tor nem definitivas e crescentes. Em recente análise elaborada pela Bolsa de Valores de São Pau-

maiores econo4<

sionais? Não se pode fugir à rea lidade das duas mias de mercado, a americana e s japoneza que tiveram no mer cado de ações a condição vital do seu desenvolvimento brilhante e desestatizado. Por que não usu fruir desta experiência sem pagar royalties”, e ainda aproveitando corrigir distorções havidas? que não investir no mercado se cundário de ações parcela dos re cursos de contribuição popular administrados pelo governo, a titulo de ajuda

como condomínio lucrativo, a lon go prazo, e com isso garantir a so brevivência e o desenvolvimento da empresa nacional?

Em vez de alimentar as empre sas com dívidas, estaríamos todos dentro de um mercado aberto, fis calizando e estimulando a compe tição com relação às eficiências e capacidades de gerência, o que nos leva, com serenidade e segurança, a dizer: o mercado de ações não pode ser um mito e não é um pas satempo, ele é o caminho natural à participação e à desestatização.”

ESTADOS UNIDOS:- ETILENO A PARTIR DO PETRÓLEO

Por nao ou socorro, mas o reator de sal-íundido e parcial- no

— Os w numa fábrica-piloto, com o processo de sal-íundido da ■ ^^ííogg, demonstraram que o mesmo pode converter até 33% (por peso) de óleos pesados em etileno e cerca de 18% em propileno. Este é o mais recente desenvolvimento da atual tendência para a descoberta de novas fontes de matéria-prima para o etileno. A Kellogg vem desenvol vendo esse processo há cerca de 10 anos, e seu mais recente estudo foi leito com 0 carvão para produzir gas encanado de alto-Btu e um com- Dustivel para turbinas a gas e caldeiras de baixo-Btu. Entretanto, os novos dados obtidos pelo laboratório de pesquisas da companhia indicam que o processamento do óleo pesado no reator de sal-fundido produz um ren- <nmento máximo de etileno na faixa de 1.300 a 1.400 F e um máximo de propileno a 1.200 F. A Kellogg afirma, também, que óleo combustível e gasolina podem ser produzidos pelo processo a partir de resíduos atmos- lenços da torre de destilação e que são obtidos a partir de um óleo bruto pesado. Num fluxograma, típico para essa operação, os resíduos ●atmosféricos seriam processados numa torre a vácuo. Saindo dessa uni dade os resíduos seriam craqueados mente dessulfurados. O sub-produto, coque, é gaseificado com ar para produzir um gás combustível de baixo-Btu, Parte do enxofre e todos os metais provenientes do petróleo crú permanecem na corrida e são remo vidos através de purgação no setor de remoção de metais. Nesse setor, o vanádio, o ferro, o níquel e outros metais são separados em sub-produ- tos de valor. A Kellogg calcula que o custo de capital, para o processa mento de 40.000 barris/dia de resíduos atmosféricos da torre, é de cerca de 50 milhões de dólares, incluindo os “off-sites”. Segundo a Kellogg, uma comparação da pirólise de sal-fundido com outros tipos de craqueamento demonstra que o processamento com sal-fundido proporciona iguais ou melhores rendimentos de olefinas e ainda possui a vantagem de uma flexibilidade de alimentação bem maior.

O papel do economista no sociedade brasileira

ifENHOR presidente e de mais componentes da Me

sa, meus jovens, já estou afastado das minhas lides acadêmicas liá alguns anos e, na minha atividade atual, esta é a primeira vez que aceito um convi te para falar aos jovens de uma Fa culdade.

E a razão de eu ter aceito este convite, preciso explicar: primeiro, a relação de amizade que me liga a Roberto Pinto de Souza e sua se nhora, aos meus amigos João De Scantimburgo, ao meu amigo Sonino, à nossa querida amiga Renata, elementos diretivos desta Faculda de. Um convite de amigos é praücamente uma imposição. Relutei tre mendamente em assumir o encar go de falar aos jovens, por que os jovens de uma nação, para mim, são os que merecem mais conside ração. São a nação de amanhã, a nação do futuro. O jovem bem pre parado, bem inspirado, o jovem so nhador, é o recurso de que uma na ção dispõe para o seu progresso. O dia em que o jovem deixar de acre ditar, em que deixar de lutar, em que deixar de se bater pelas suas idéias, essa nação será uma nação morta.

Mais uma razão ainda eu queria tornar pública; tive algum papel na criação dessa Faculdade. Ao lado de

Transcrição do registro Taquigrafico da conferência do professor Luís de Freitas Bueno da Univer sidade de São Paulo, na I Semana de Economia, da Faculdade de Economia da Fxindação Armando Álvares Penteado.

toda a minha satisfação, como disse, 0 amigo determina, o amigo me co locou numa situação difícil. Como sair de um tema “O Papel do Econo mista na Sociedade Brasileira?” Fa lar sobre ele juntamente com pes soas do mais alto gabarito, do mais alto nível, de formação intelectual, de que dois exemplos os Senhores já tiveram?

Eu, que na minha vida sempre fui um professor de metodologia, en tão perdoem-me os senhores a saí da que vou dar ao meu tratamento que é uma saída metodológica. Vou me preocupar mais com os aspectos filosóficos e culturais que o tema envolve, tirando deles algumas apa ras que, como é evidente, são da mi nha predileção. Perdoem-me, por tanto, isto.

Vou tocar em alguns aspectos da atualidade que, às vezes, podem pa recer desagradáveis, mas não o são. Conquanto o tema quando me foi

proposto, tenha-me dado muito tra balho para pensar sobre ele, acho que ele é de muita importância pa ra 0 debate no contexto dos senho res e cumprimento os organizadores desta Semana pela inclusão desse tema entre os que aqui serão deba tidos. A minha posição é muito ra dical e pessoal e talvez que ela pos sa vir a provocar alguns debates acirrados, alguns de satisfação trcs de não satisfação com a posi ção que vou tomar. Isto porque vou considerar o economista como um tecnocrata. Esta posição pode con trariar a muitos, principalmente àqueles que querem atribuir tam bém ao economista uma posição de cientista político. O fato de cia economica, às vezes, ser chama da de economia política, com a de vida venia, no meu entender não tem o economista uma posição de político, no sentido de homem de decisões.

do a posição de político, na maio ria das vezes de técnico e de políti co, isto é, estudando a realidade, ela borando as decisões possíveis e suar consequências e optando por uma delas e, às vezes, colocando-a em execução.

A nossa análise c feita, não par.: defender ou para condenar proce dimentos como esses, mas, tão-so mente, como um exemplo metodoló gico, isto porque, na maioria dos casos que poderemos tomar comc e.xemplo, um exame mais aprofun dado levaria à conclusão de que foi o próprio político que cumulativamente, a função de téc nico e de político. As duas posições são legítimas: o técnico a exercer a posição de técnico e de político o político, a exercer a posição de téc nico e de político. O único elemen to é ele ter formação e capacidade e ouexerceu. a cien-

para a sua posição.

Desde logo, é importante assina lar e recordar o último decênio d'’ realidade brasileira, durante o qual assistimos aos exageros, os mais va riados, na prática da profissão do economista. O técnico, para nós, é c profissional que estuda o problema e desse estudo elabora um catálogo de alternativas de decisões

E conclamo os Senhores, fora dt> que eu escrevi: para esta formação e esta capacidade só há uma época, só há um lugar onde o homem podo adquiri-la: é na escola. Não haverá bom profissional se não houver bom escolar. Uso sempre loara o jovem a minha imagem: o melhor profissio nal é aquele que obtém na escola a melhor formação teórica, não é a teoria. O difícil é como usar a teoria para interpretar a rea lidade. Falando para jovens, fora do quo escrevi, não quero perder a oportunidade de fazer essa conclamação. O futuro da nação está nas mãos dos Senhores e o futuro dos Senhores está na medida da sua de-

O difícil e suas consequências. O político é o profis sional que, de posse do elenco de decisões possíveis, e com pleno co nhecimento de suas consequências, opta por uma delas. Vejam bem que são duas posi ções bem diferentes. Muitas vezes — e isto tem ocorrido com muita frequência o técnico tem exerci- _ dicação ao estudo.

É importante destacar que a de signação “político" se refere ao cien tista- político e não ao homem no sentido partidário. O destaque, no entanto, não elimina o fato de uma posição, cuja atividade na area da ciência política, ser exercida por po lítico no sentido partidário.

É, aliás, lógico que, no nosso sis-

sociedade, o importante é que o eco nomista exerça, e bem, o seu papel como tecnocrata que é, na esperan ça de que o político, por sua vez, saiba, em nome da sociedade, esco lher a melhor das opções.

Dentro, porém, do assunto perti nente à atividade profissional do economista e, por conseguinte, do tema de organização política, as po- seu papel na sociedade, o que mais sições de políticos, no sentido de importa, o que mais interessa é a própria teoria econômica, corpo de conhecimentos racionais a presidir toda a atividade dos economistas. Dai, 0 que iremos dizer a seguir concentra-se mais em aspectos fi losóficos do que, praticamente em alguns conceitos fundamentais.

, A economia, meus jovens, é uma ciência cujo objeto é a satisfação das necessidades humanas. O indivícientista-políüco, sejam exercidas por políticos no sentido partidário. Isso decorre da forma de organiza ção política, pela qual aqueles que e.xercem o poder de decisão em no me da coletividade são escolhidos dentro das organizações partidárias. Qualquer que seja a forma de esco lha, porém, ela deverá nunca proi bir que a escolha de uma pessoa pa ra exercer uma posição política pos sa recair num técnico. Isto porque o técnico é também um participan te da organização política e porque a forma de escolha pode permitir que ela recaia em um que profissionalmente exerça uma atividade técnica.

humanas, são recursos para a pro dução dos mesmos bens de serviços. Por outro lado, em condições de sa tisfazer às necessidades e como re cursos, os bens de serviços não são suficientes para a satisfação de to das as necessidades de todos os indi víduos da sociedade. São, portanto, escassos. Daí, dizer-se que o proble ma da economia é o problema da escassez, impõe escolha. Assim, toda socieda de deve possuir um mecanismo caO problema da escassez

duo, para viver, apresenta vários ti pos de necessidades biológicas, en tre outras, e resultantes da própria vida social, que são satisfeitas por coisas adequadas, denominadas bens participante óe serviços. A maioria desses bens de serviços, não encontrados no seu estado natural em condições de sa tisfazer diretamente às necessidades O mais importante, no nosso en tender, para os objetivos dessa nos-è sa Semana é nos aprofundarmos na quilo que é também interesse técni co, isto é, do tecnocrata, já que a Semana é uma semana de economia, organizada por estudantes de Eco nomia, e dirigida fundamentalmen te aos estudantes de economia, por conseguinte, o que interessa, mais diretamente, à discussão, são os as suntos pertinentes à atividade pro fissional do economista como tecno crata que é. Dentro do interesse da

paz de permitir a decisão do que produzir e em que quantidade, e de como distribuir a produção entre os seus componentes.

Perdoem-me se minhas palavras Po.dem ser interpretadas como que rendo ser uma aula, mas fazem par te de um todo de uma mensagem. A tentação de falar a jovens me obri ga, talvez, a massá-los um pouco. Em outras palavras, os recursos são administrados e sua administração sofre a influência da sociedade em que o indivíduo vive. A economia pois, assim, uma ciência social. A economia trata, portanto, de pro. cesso de produção de troca de dis tribuição, de formação de preços e de renda, e com relações internacio nais nesses campos. Como qualquer ciência, a economia não está interes sada somente na descrição dos fenô menos e, sim, na descoberta de pa drões de uniformidade sos econômicos, isto é, de formas ge rais ou leis que, sob certas condições e circunstâncias, governam a satis fação das necessidades humanas. Como qualquer lei científica econômicas são construídas objetivo de permitir previsões sobre o comportamento dos fenômenos econômicos.

A teoria econômica, como qual quer ciência, apóia-se postulados e hipóteses estabelecidos com base na realidade e se apresen ta como uma abstração e uma sim plificação do mundo dos fatos.

Fazendo um parêntesis, a realida de econômica é tão complicada que se eu, para fazer a teoria econômi ca, não considerasse uma abstração

dos aspectos essenciais, a teoria eco nômica seria tão complicada que não teria utilidade nenhuma para o ho mem. Dessa forma, as construções da teoria econômica, muito embora abstratas, têm uma base empírica real no sentido de que o conjunto de abstração ou hipcHeses em que ela se baseia, são supostas a descrever certas relações do mundo real. Isto não implica dizer que a teoria econô mica é puramente dedutiva, mas que em suas construções, a teoria eco nômica observa as regras do méto do científico. Visando à realidade, a teoida econômica pretende explicar como ela funciona e como ela é, em essência, complexa. Essa teoria — repito — para ser útil, para o poder operar com ela, tem de se apresen tar como uma simplificaçao dessa realidade.

nos procesas leis com o em alguns sao

Formalmente, a teoria econômica, como qualquer outra teoria racional, envolve um conjunto de definições, um conjunto de hipóteses, um pro cesso de análise lógica, e um pro cesso de implicações ou previsões. O conjunto de definições deve estabe lecer, de forma clara e precisa, os vários conceitos visados pela teoria, e o conjunto de hipóteses deve ca racterizar a forma em que a reali dade opera. Estabelecidos os concei tos e a forma em que a realidade opera, atx’avés de um simples pro cesso de dedução lógica, podem-se obter as implicações decorrentes das hipóteses. Tais implicações consti tuem afirmações, ou, melhor dizen do, explicações da forma em que a realidade opera. As explicações da teoria, em última análise.

previsões estabelecidas por ela para tendo em vista produzir nela certo o comportamento da realidade, se as tipo de modificação. As modificações hipóteses iniciais sobre as quais que se visam sobre a realidade têm elas foram construídas forem verda- sempre um fim, uma meta: transfordeiras. má-la. Mas, se a idéia é transformá-

Quando estudamos a realidade, la, a transformação exige um padrão nossas afirmações sobre elas podem a ser alcançado e esse padrão a ser ter dois tipos de caráter: podem ser alcançado só pode ser fixado em uma afirmação de caráter positivo, termos de juízo de valor . como uma afirmação de caráter nor mativo.

Tanto os economistas, como os de mais indivíduos vivem sob institui-

As afirmações de caráter positivo ções de uma sociedade e sob padizem respeito ao que ela foi, é, ou drões de uma determinada civilizaserá. As afirmações de caráter nor- ção, cuja interação produz um certo mativo dizem respeito sobre o que juízo de valor, com base no qual se ela deveria ser. Como consequência, estabelece um padrão de comporteas possíveis controvérsias entre afir- mento, que é tido como ideal. maçÕGs positivas podem ser dirimi das com o apoio, com o apego à rea lidade. Portanto, dentro do domínio da economia positiva de como a rea lidade opera, qualquer divergência de opinião pode sempre ser dirimi- drão quem determina o esforço pe da apelando-se para o exemplo da la alteração da realidade atual. Mas realidade. Já as afirmações de cará- essa modificação só será possível se ter normativo dizem respeito ao que tivermos um tão perfeito quanto a realidade deveria ser. Possíveis di- possível conhecimento de como a vergências entre elas decorrem de realidade opera. Chamo sempre a diferentes juízos de valor, cujas raí- atenção de que a base de todo o tra zes são de natureza filosófica, cultu- balho é o conhecimento da teoria ral e religiosa, e não podem ser diri- econômica e sempre não perco opormidas com um apelo ao comporta- tunidade de dizer: mento da realidade.

É importante destacar o problema da interação do indivíduo e da so ciedade e sua influência na fixação das metas econômicas que a socie dade deve visar. É a meta desse pa-

— Jovens, estudem!

O aspecto normativo da teoria eco¬

Se, porém, examinarmos a forma sob a qual esse conhecimento econô- nômica pressupõe um conhecimento mico deve .ser entendido, veremos positivo da realidade economica. que, sem dúvida, ele' constitui um Realmente, as metas estabelecidas instrum.entointelectual preparatório em termos normativos são obtidas para ação sobre a realidade. A ex- através da política econômica e esplicação que a teoria oferece sobre ta é estabelecida com base na ecoa realidade econômica não é um fim nomia positiva. Do ponto-de-vista em si mesmo, e, sim, um meio de profissional, o economista procura permitir a ação sobre a realidade, construir explicações de como a rea-

lidade opera de modo a tornar pos- ternativas de decisões é aquela que sível prever o seu comportamento conduzirá as metas compatíveis pesob certas circunstâncias. A socieda- los mesmos padrões. Finalmente, repetimos: muito em- de fixa os padrões desejáveis para o comportamento da realidade. E o político procura determinar as cir cunstâncias necessárias para que o comportamento da realidade alcan ce os padrões desejáveis.

Vejam que é ao político que cabe verificar as circunstâncias necessá rias para que o comportamento da realidade alcance os padrões desejá veis. Na verdade, dentro da nossa organização política, aos políticos cabe identificar os anseios da coleti vidade, com eles elaborar os padrões que lhes correspondem e, desses padrões, decidir qual das al-

bora, tanto o economista como o po lítico tenham tarefas bem definidas dentro dos objetivos de análise da realidade, elaboração de catálogo de decisões e tomada de decisões, nada mero acaso, por impede que, por mera circunstância o sistema de or ganização política da sociedade per mita que assuma uma posição polí tica de tecnocrata. Nesse caso, pomelhor análise verá que rem, uma nenhum mal poderá haver se esse tecnocrata for, em verdade, um po lítico também de formação técnica. dentro Muito obrigado.

. BRASIL:- SETOR DE VESTUÁRIO

— A reformulação dos atuais sis- emas brasileiros de comercialização de artigos de vestuário é um dos principais objetivos da União Tecnológica do Vestuário (UTV). uma em- frS formada pela Técnica de Organização e Consultoria P nnç«5tn,^r.ro”^ ’ B^rcelona, a maior indústria de confecções da Espanha +aT>Q tecnologias mais avançadas no setor. A UTV pres¬ tara serviços as industrias jâ existentes, às quais fornecerá tecnologia, treinara pessoal altamente especializado e pesquisará as tendências de consumo, ara isso, será montado um centro de desenvolvimento indus trial, onde se testarão os equipamentos fornecidos às indústrias, e serão desenvolvidos novos métodos de produção e técnicas de comercialização mais sofisticadas. O projeto inclui, também, a criação de uma escola su perior de vestuário, que formará engenheiros e técnicos em confecção, de signers e até pessoal administrativo especializado. A idéia, em resumo, não é complicada: a aplicação da tecnologia da Unyl nas indústrias interessa das permitirá^ um aumento de produtividade e de rentabilidade. O centro de desenvolvimento industrial reunirá as informações quanto às tendên* cias da moda e preferências do consumidor. De posse desses dados, a UT\ entrará em contato com as indústrias têxteis para a compra de matéria- prima. Os eventuais descontos obtidos nessas operações serão dividido? entre as fábricas de confecção e os lojistas que estiverem participando do lançamento, com a condição de que seja dado, também, um desconto ao consumidor.

O papel do economista no sociedade brasileira

0expositor que me precedeu, lembrou que o curso de eco nomia no Brasil apresentou uma fase, digamos assim, de um perfil indefinido. Efeti vamente, .se formos fazer uma análise retrospectiva da evolução do curso de economia, mesmo na evolução da profissão de econo mista no Brasil, verificaremos que, realmente, ele surgiu de forma um pouco indefinida.

Quando os primeiros cursos de economia surgiram no Brasil eram como que uma evolução do curso de contabilidade, e era admitido um economista, ao menos pelos leigos, como um contador de ní vel superior. Entre os contadores, de cuja classe me honro perten cer, também, dizia-se até que o economista era o “contador dou tor”, porque então não havia o curso de contabilidade em nível universitário. Na verdade, na épo ca em que os primeiros curriculos de economia surgiram no Brasil, eles eram essencialmente teóricos e de uma teoria algo indefinida, particularmente para o brasileiro. A par das dificuldades que ainda existiam para se compreender, efetivamente, a função da ciência econômica na sociedade, quando ainda se debatiam as teorias antikeynesianas, que não estavam bem definidas para a sua reformulação posterior, era algo um pouco in-

Conierència transcrita de notas taquigráficas, do professor José Wilso7i Saraiva, da Facilidade de Economia e Administração da Universidade MacTcenzie, na I Se mana de Economia da Fundação Armando Alvares Penteado.

compreensível no quadro do ensi no universitário brasileiro. Esses cursos apresentavam, por tanto, os seus programas, não di riamos distanciados da realidade, mas com algumas dificuldades para aqueles que deles saiam, di ficuldades de identificação com a sua aplicação na vida prática, particularmente num país como o nosso, que se debatia, ainda, com problemas tremendamente incom preendidos, numa incipiente eco nomia dependente e que se esfor çava para sair da sua fase agrá ria e entrar numa fase de indus trialização e de desenvolvimento maior. Portanto, víamos que as matérias básicas do curso de eco nomia eram essencialmente teó ricas e o profissional que dele saía, quase sempre possuia uma forma ção científica, mas com uma difi culdade tremenda de adaptá-la a uma realidade prática, como vinham eles, na sua maio ria, dos cursos de contabilidade, pois assim foi no seu início, tentaTodavia,

vam, quando muito, misturar, fa zer uma miscigenação dos seus co nhecimentos, da prática contábil, com um pouco de teoria de admi nistração e com aquilo que os cur sos de economia ensinavam para, talvez, entender um pouco e apli car o que lhes fosse possível de racionalidade econômica, E tal vez ficássemos aí. Nesta fase ini cial da macro-economia, pelo me nos em nosso país, ela estava mui to distante de ser aplicada; se as matérias de economia aindá não eram bem entendidas, quanto mais levá-las ao campo amplo da ma cro-economia e, particularmente, à orientação da nação e dos gran des problemas nacionais.

O economista no Brasil, portan to, nesta fase inicial, volto a di zer, era um profissional que ter minava 0 seu curso, e não tinha posição definida no quadro das profissões então praticadas. Lá estava a economia no quadro das profissões liberais, sim, ainda não regulamentada, porque a sua re gulamentação veio em 1951, mas como um profissional que trazia um título que talvez lhe enfeitas se 0 curriculum e talvez lhe desse, como diriamos, um status, porque nem isso, na época, havia. Toda via esta situação modificou-se. A nossa economia desenvolveu-se, os cursos de economia, eminente mente teóricos, sem matérias que pudessem deferir uma obrigação, quer no campo macro-econômico, quer no campo micro-econômico, iriam enfrentar, logo em seguida, justamente mais adiante, uma ne cessidade da sociedade brasileira

para um profissional que realmen te começasse a compreender as leis econômicas, as leis macro-econômicas, as leis econômicas de mercado. Nessa evolução, os cur sos de economia de então, passa ram por uma necessidade mais observada talvez pelos lentes de economia que os profissionais que saiam desses cursos precisavam ter à sua saída uma profissão, que dela pudessem viver, passa ram a sugerir — e assim foi feito — que os currículos, os programas, neles inserissem alguma matéria, não de macro-economia, que já havia, mas algumas matérias de maior aperfeiçoamento na macro economia, particularmente maté rias de administração empresarial. Surgiu, então uma coisa curiosa: nossos cursos de economia tra ziam dentro do seu bojo, dentro do seu programa, matérias exclu sivamente de economia, matérias de contabilidade, do curso de ad ministração de empresa, como até hoje têm e algumas matérias es pecíficamente da área do conta dor e também matérias do curso de administração de empresas. Era 0 início, basicamente, do supri mento de conhecimentos básicos para que o economista, ao sair da escola, mormente aqueles prove nientes da carreira de contabilista, tivessem, além de matérias de na tureza econômica que pudessem lhe dar uma visão mais objetiva do trabalho empresarial, trouxessem também uma pequena bagagem daquilo que hoje se define clara mente como matéria dos cursos de administração de empresas. Ace-

nava-se-lhe, portanto, uma opor tunidade um pouco mais ampla, até que mais tarde essa profissão viesse definir, como um divisor de águas bem acentuado, como hoje já encontramos entre os cursos de contabilidade, de economia e de administração de empresa.

Mas o tema deste painel é a contribuição do economista para a sociedade brasileira.

Como, dentro deste quadro ini cial, já agora, este profissional tem contribuido para a evolução da nossa sociedade ou para a evo lução do nosso País?

Nessa fase inicial, dizíamos, maioria dos economistas veio dos cursos de contabilidade, atua vam eles na empresa. Posterior mente, passaram a dar assessoria às entidades públicas, já no perío do mais triste, porque, até então, por lamentável que seja, a visão econômica da administração piiblica era um pouco perturbada por fatos ou condutas políticas que não definiam o verdadeiro sentido econômico e os objetivos econômi cos desta administração global. Portanto, era ele mais utilizado na área micro-econômica, na área da empresa. Todavia, nele se busca va, volto a dizer, mais o conheci mento do contador e porque não dizer, mais o conhecimento dp ad ministrador do que, propriamente, o do economista. Mas vinha ele contribuindo com o que podia, vi nha ele colocando nas suas aná lises contábeis, colocando nas suas orientações administrativas aque la racionalidade econômica que já

os primeiros ensinamentos ou já as matérias que vinha recebendo no curso com toda deficiência que esses cursos inicialmente no Brasil apresentavam, vinha ele oferecen do à empresa um material mais sofisticado, não direi, mas mais proveitoso para o desenvolvimen to, mais equilibrado da unidade econômica da empresa.

Essa contribuição, evidentemen te, foi muito valiosa numa época em que o desperdício ainda era mais pernicioso do que hoje, por que menores os recursos, nmna época em que cada esforço, cada parcela do esforço da comunida de deveria ser aplicada para o salto seguinte do desenvolvimen to econômico e antes que os pro gramas globais, dentro do desen volvimento, surgissem por parte dos economistas macro-econômicos já estava o economista con tribuindo de alguma forma, na unidade de produção na unidade econômica para, finalmente, criar um embasamento disto que hoje aceitamos nesse desenvolvimento integrado, obedecendo a planos bem orientados.

e cientificamente feitos e, particularmente.

Os cursos de economia, poste riormente, à medida que a nossa sociedade se desenvolveu, à medi da que a especialização passou a ser a tônica dos nossos profissio nais, começou a ter o seu divisor de águas, diferenciando-se acentuadamente, no curso de contabilidade. As con fusões, especialmente por parte dos leigos, ainda existiam. Ainda havia aqueles que confundiam o

economista com o contador de ní vel universitário, 'evidentemente desconhecendo o curriculum do curso, desconhecendo, efetivamen te, como as matérias eram de senvolvidas e com que finalidades. Todavia, aqueles ligados à área já viam que ocorria um desmembra mento mais acentuado das maté rias de cunho econômico e das

matérias de cunho empresarial ou de administração empresarial.

Nesta evolução, como dissemos, surgiram, depois, os cursos de ad ministração de empresas to recentemente. veio dar mas is-

As matérias de administração de empresa foram deslocadas dos currículos e dos gramas dos cursos de economia, passando a constituir, num pri meiro momento, fases de complementação do curso de mia. proecono-

Quando .o economista ter minava 0 seu curso, seguia mais duas ou três series, e o comple mentava, então, com um curso de administração de empresas.

A despeito de que, no

sua conseo

nomista que sempre atuou na área econômica e por muitos anos le cionou a cadeira de Análise Eco nômica, dentro do problema, foi de apontar aos senhores alguns aspectos dessa contribuição do economista para a sociedade bra sileira no campo micro-econòmico. Evidentemente, isso não vai, do realce que aqui se der a esta con tribuição, ao campo micro-cconômico, em demérito para o econo mista macro-econômico e, digase de passagem, foi aquele que, nos últimos dez anos. destaque, status inclusive, a esta profissão até então incompreendi da. Foi 0 trabalho dos economis tas macro-econòmicos que, efeti vamente, destacou a profissão e a elevou no conceito nacional, como uma das mais valiosas entre tantas outras que existem para efetivamente transformar e con duzir o esforço da nação bra sileira, em lerado, de sorte cada brasileiro possa participar, de forma mais intensa, do produto do seu trabalho e da formação desta, grande nação.

Mas, já que nos propusemos a falar do economista na micro-economia, voltemos, então, ao ponto onde paramos.

desenvolvimento acea permitir que seu curso básico de economia, já algumas dessas matérias ele já as tivesse recebido como contribuição de formação de profissional, de sorte que pudesse, no mercado, guir um emprego e usar o que aprendeu na escola. Ainda mais, nesta evolução, evidentemente, divisor de águas se acentuou e hoje temos o que todos os senho res conhecem; cursos definidos de contabilidade já mais tempo; cur sos definidos de administração de empresa e de economia.

A preocupação que tivemos, ao fazer esta exposição, como um eco-

A despeito de que haja, hoje, bem definidamente curricuUtm de administração de empresa, curri culum de contabilidade, de econo mia, o economista, na empresa, ainda é, como será sempre e cada vez mais, um elemento da mais alta importância e a contribuição que oferece nesta atuação para a

sociedade também é muito signi ficativa. Leva ele, quando atuan do na alta administração, seja num trabalho de assessoria, seja num trabalho de assistência e seja num trabalho executivo mesmo, quando êle tem vistas voltadas pa ra todo o complexo empresarial e da unidade econômica onde atue, tem principalmente a possibilida de de levar a racionalidade eco nômica nas suas decisões. Sim. Parece que seria óbvio que a ra cionalidade econômica devesse prevalecer nas decisões empresa riais. Todavia, nem sempre isto acontece, como nem sempre acon tecia no passado com muita fre quência. Permite ele, ao dar esta orientação de racionalidade, que os recursos da empresa sejam apresentados ou sejam utilizados de forma a se obter um resultado maior, o que vale dizer, enquanto a preocupação com temas visan do à racionalidade econômica e à preocupação da produtividade da empresa tenha sido sempre cons tante, nem sempre essa preocupa ção se voltou para a chamada pro dutividade econômica. Houve sempre a preocupação, evidente mente, de uma produtividade téc nica, o que vale dizer, obtenção de um resultado melhor em fun-

ção dos fatores utilizados. Mas, efetivamente na economia, 0 que há de mais proveitoso e so bretudo para que se possa tirar o maior beneficio da soma de fa tores de produção utilizados será a produtividade econômica, a ra cionalidade porque, neste caso, busca-se obter o meeconomica.

Ihor resultado dos fatores empre gados, mas resultados que possam, efetivamente, ser usado.s e apro veitados pela comunidade. Não é possível termos um resultado material, sem que isso venha fi nalmente beneficiar a comunida de de maneira intensa e a mais produtiva. Quando isto se conse gue, quando a soma de recursos oferece à comunidade a maior so ma de proveitos, se traduzirmos isso em termos econômicos e mes mo em termos monetários, se fos se o caso, para termos um deno minador comum, poderiamos ter a efetiva medida da produtivida de econômica. Esta racionalida de econômica, poderiamos dizer, tem sido uma das grandes contri buições que os economistas têm levado à empresa, ao campo micro-econômico, seja uma empresa de prestação de serviços, uma em presa de produção ou qualquer que seja ou mesmo uma instituição de ensino ou uma instituição de qualquer outro tipo de serviço, a sua preocupação de fato é obter 0 melhor resultado em proveito daqueles que vão usá-lo com a me nor soma de recursos.

E aqui mencionamos uma con tribuição genérica dentro do cam po micro-econômico, mas para aqueles que efetivamente estão vi sando 0 objetivo de uma profissão que lhes possa dar, não só o seu sustento, mas, dignamente, o su cesso na vida, podemos mencionar que 0 papel do economista na empresa é o de utilizar, e de for mar muito intensa, na orientação e execução dos projetos de desen-

possibilidade de retornar ou fazer retornar os investimentos nesse Isso seria um volvimento, particularmente da determinação e da formação da quilo que necessário é para a fixa ção da viabilidade econômica des se projeto.

Uma empresa, quando vai fazer uma expansão, uma empresa quando vai fazer a implantação de um projeto, necessariamente isto é elaborado por uma equipe, claro, se vai participar, por exemplo, um engenheiro, na parte de instala ções técnicas, se dele vão partici par alguns outros técnicos, se efe tivamente, a assim 0 exigir.

área da empresa

Mencionou-se a contribuição do economista juntamente aos médi cos, quando tivemos a instalação de um hospital ou de uma insti tuição para serviços médicos ou serviços hospitalares. Efetivamen te, ai estará o médico tentando resolver e tentando equacionar as soluções técnicas. O economista, no caso, coordenará e tem coor denado, nas empresas, nos depar tamentos econômicos, a elabora ção desse projeto, com vistas à consecução do objetivo econômico do projeto a alcançar, portanto, o equilíbrio de recursos empregados no projeto em condições de um fi nanciamento, o que vale dizer, de meios financeiros para que o pro jeto possa ser realizado e, final mente, com uma previsão e, por tanto, antecedentemente, conse guir, obtidos esses dados, montálo de tal sorte que, ao ser implan tado e colocado em execução, ele venha a alcançar aqueles resulta dos econômicos que já se deseja, ou se estabelece, para que haja

como Análise as

cias da procura oferta global,vamente, a posição do produto da sua empresa, analisar de tal maofereça aos departa mentos executivos da empresa, se ja o departamento comercial, pelo seu setor de marketing, seja o seu departamento de produção, ele mentos analíticos que permitam utilização melhor e mais obje tiva dos recursos que a empresa tem; numa economia ou num mercado altamente competitivo.

projeto aplicado, trabalho de natureza mais ampla na empresa. Vamos ver economis tas particularmente trabalhando em departamentos econômicos da empresa, onde, basicamente a sua função é da maior significação, as áreas quando contribui para de administração de empresa ofe recendo as suas análises de merAí, Senhores, ele efetiva- cado. mente vai usar, e muito, daquele aprendizado que teve das suas ma térias de teoria econômica na es cola para não citar todas, eviden temente. ou, pelos menos, aquelas que já tenho lecionado muito, ele usará sensivelmente uma matéria Infra-Econômica, onde terá que determinar, coni os | elementos disponíveis, as tenden-condições da onde situar, efeti-

neira que a quando, efetivamente, a empresa, para manter a sua faixa de mer cado, para manter a sua lucrati vidade inalterada ou sempre em crescimento, deve acompanhar pa ri passíí as modificações desse mercado, as tendências da con- i

jà.

corrència, o economista colabora, sensivelmente, fazendo projeções, utilizando todo o instrumental e métodos quantitativos aprendidos na escola e toda a sua racionali dade para conjugar o seu conhe cimento da ciência econômica, das leis econômicas do mercado e de monstrá-las e concluir essas de monstrações com base nos méto dos quantitativos utilizados.

Hoje, Senhores, uma empresa que enfrente um mercado compe titivo, uma empresa que tenha constantemente de modificar o seu composto mercadológico de produto, a composição dos produ tos da empresa, que esteja enfren tando situações diferentes a cada momento no mercado, tem de manter, necessariamente, estudos dessa natureza, que o seu depar tamento de marketing fará, sim, porém com subsidios indispensá veis do técnico chamado econo mista, porque será ele capaz de interpretar e projetar, consequen temente, soluções com base na in terpretação das leis de mercado que o aprendizado obtido na es cola efetivamente lhe fornece.

Então, Senhores, todos aqueles que estão aqui, como futuros eco nomistas, certamente já encon tram, ao terminarem o seu curso, afora as perspectivas que o campo da macro-economia oferece, e que é efetivamente vasto, também uma perspectiva muito valiosa e muito promissora no campo da macro-economia e um campo que não se vê no seu final o horizonte que se perde diante das nossas vistas num país onde a sua eco-

nomia se desenvolve de maneira tão intensa e com problemas tão sérios a resolver.

Finalmente, para mencionar a inter-relação da atividade do nomista na área micro-econõmica, com os estudos ou com os econo mistas da área macro-econòmica, é bom lembrar que hoje os nossos governos já estabelecem os seus programas globais, as suas proje ções sejam setoriais ou globais, ba seados em estudos de análises eco nômicas profundas, análises evi dentemente

Mas, também, para a consecussão ou obtenção dos resultados pre vistos nestas metas macro-econômicas, é de se contar com a ati vidade dos economistas na área micro-econõmica, sem o que, sem esta compatibilidade de ação das duas áreas, não se pode conseguir 0 máximo, sem, efetivamente, con seguir o global, sem, efetivamente, as partes caminharem para o mesmo objetivo.

E daria um exemplo só, para terminar esta nossa exposição: em 1966, o governo federal preocupou-se com o problema da nossa inflação, como tantos outros, mas buscou dar alguns tratamentos mais objetivos e pragmáticos à contenção inflacionária. Entre eles estabeleceu uma sistemática de contenção de preços em que as empresas deveríam, ao solicitar aumento de preços para os seus produtos — porque não poderiam praticar esses aumentos senão au torizados — deveriam apresentar a evolução dos seus custos ao ór gão do governo, no caso a Coecomacro-economicas.

«v-

missão Interministerial de Pre ços, orientada pelo Ministério da Fazenda e subordinada ao Minis-tério da Indústria e Comércio. Evidentemente, empresas organi zadas simplesmente com suas contabilidades, e muito bem organi zadas às vezes, de inicio sentiram alguma dificuldade na montagem, não só dessas matrizes, mas, efeti vamente, em condicionar, em ade quar a evolução e adaptação dos seus custos nas necessárias econo-

mias internas que deveríam pro ceder, sem uma orientação do eco nomista na empresa. E, de fato, muitas delas sofreram intensamente. O problema era visto só de um ângulo contábil: quanto custa e quanto devemos compro var ao governo. Mas o governo, com as suas equipes agora já bem

fremos demais. Sofremos porque a adaptação exigia alguma celeri dade para a qual a empresa não estava organizada. Mas, paulatinamente, nesses quase dez anos desse tipo de trabalho, a maioria dessas empresas realmente apren deu com a orientação desses téc nicos como tentar conciliar os seus custos internos, alcançando máxi mos de economia, realmente ten do problemas de escalas de pro dução e escalas de mercado, ade quando estes aspectos à rentabi lidade desejada, tendo possibili dade de obter lucros, porque o lu cro é fundamental na empresa, porque sem ele a empresa não so brevive, não se organiza e conse quentemente, falece, desaparece e, desaparecendo, deixa sem em prego uma parte da comunidade, montadas e com economistas — e sendo, portanto, obrigação da em- muitos deles conhecemos e con vivemos com eles — provindos de áreas privadas ou instituições de classe que atuavam assessorando

as empresas privadas, conhecendo 0 mecanismo da empresa privada, mas também tendo visão do pro blema macro e do problema global, tentavam orientar estes represen tantes de empresas, estes técnicos

sobreviver para dar a sua

A em¬ presa contribuição à sociedade, presa, com este novo tipo de orga nização, conseguia, agora, sobre viver obtendo lucros razoáveis e contribuía para que a nossa infla ção não continuasse naquela ace leração medonha que nos levaria ao cáos e à desorganização total.

É evidente que alguns setores da nossa atividade econômica so fre as consequências dessa estabi lização de preços mas é um pro cesso de ajustamento que, a cada momento, se faz necessário e para cuja solução temos, a par de uma organização administrativa e con tábil, que a empresa deve ter mais do que nunca na sociedade braside empresas para que aplicassem, para que formulassem a sua polí tica de custos, de custos internos e a sua política de preços, de sorte que elas tirassem o benefício nemas que também não cessano, comprometessem as políticas glo bais do governo.

Os empresários e administradores . de empresas, como sou um deles, efetivamente nesta fase so-

observa de fora, a contribuição do economista é e será, indiscutivel mente, valiosa e será reconhecida por toda a nacionalidade. leira, hoje, e neste esforço de de senvolvimento que felizmente va mos alcançando a nível cada vez mais elogiável, mesmo para quem o-

ALEMANHA OCIDENTAL;- SUBSTITUTO PARA O FUMO

— Em breve, será submetido a testes de consumidor um novo substituto para o fumo. O IMinistro da Saúde da Alemanha Ocidental aprovou a produção limitada de cigarros contendo 25% de um material à base de celulose, de senvolvido pela Bayer AG e a companhia de cigarros sediada em Ham burgo pertencente à H. F. e P. S. Reemtsma. Esse material não contem nicotina, e produz somente cerca de 20 a 30% de alcatrão durante a quei ma, comparado aos níveis do fumo natural. A Bayer espera por em fun cionamento uma fábrica-piloto, com capacidade de 8 t.m./mês, em Dormagen, em meados de 1975, pai'a produzir o material. A companhia não lou seu material celulósico e informa, somente, que o processo não envol ve alterações químicas. Entrementes, substitutos do fumo baseados em polpa de macieira, estão sendo preparados na Inglaterra, por uma subsidiá ria da Imperial Chemical Industries chamada New Smoking Materials Ltd. e, nos EUA, pela Celanese. reve-

ESTADOS UNIDOS:- SISTEMA À PLASMA APLICA PLÁSTICO

Este novo sistema de revólver a plasma aplica uma variedade EM Pó de plásticos em forma de pó, a baixa e alta temperatura. Uma aplicação é suficiente para se obter um revestimento protetor e decorativo em ma teriais como metal, cerâmica e pedra. Este sistema pode recobrir, tam bém, materiais sensíveis à temperatura, incluindo madeira.

Sealectrocote I” manipula plásticos com alto ponto de fusão. O sistema

Sealectrocote II” pode aplicar quase todos os plásticos oferecidos comercialmenle, incluindo polietileno, polipropileno, resinas epóxicas, nylon, vinis e poliesteres. A espessura do revestimento pode ser controlada desde O sistema 4Í 0,025 a 0,25 mm.

ESTADOS UNIDOS:- NOVO POLÍMERO DE URETANO

— A W. R. Grace & Co., tradicional fornecedora de aglutinantes de latex para a in dústria dos não-tecidos, pretende introduzir no mercado uma nova classe de polímeros de espuma de poliuretano que, segundo a companhia, po derão estimular o desenvolvimento de novos produtos e ampliar os mer cados dos fabricantes de não-tecidos e descartáveis. Os novos polímeros, os primeiros uretanos de um componente para a formação de espuma, podem ser espumados “in loco”, através de uma mistura com grandes quantidades de água. Além disso, essas espumas de célula aberta pos suem uma baixa taxa de combustão inerente e são hidrófilas, uma pro priedade que aumenta consideravelmente a captação e retenção da umi dade, bem como a transmissão do vapor de água. A Grace acredita que, através desse desenvolvimento, a espuma de uretano atingiu um estágio onde poderá ser seriamente considerada como um aglutinador, impregnador, revestimento ou laminado dOs não-tecidos. A nova linha de pro dutos recebeu o nome de Hypol (série poliisocianato hidrófilo espumá- vel) e os dois primeiros tipos já encontram-se a venda. O polímero 3000 Hypol é para finalidades gerais e pode ser convertido numa ampla faixa de espumas: de espumas com células diminutas até espumas com células ^ de grandes dimensões; e de espumas macias a espumas rígidas, O Hypol 200 é particularmente adequado para a criação de espumas exlremamente macias, denominadas “Angel Foams” pelos pesquisadores da Grace.

INGLATERRA:- O SUBSTITUTO PARA O FUMO — A primeira fá- brica em escala total para a produção de um substituto artificial do fumo esta tomado forma em Ardeer, na Escócia. O início de produção foi ® ^ unidade, de um único andar, custará Uüb àu mnnoes. Ela terá uma produção inicial de quase 14.000 toneladas/ ano, e^ivalente a cerca de um décimo do atual consumo britânico de fumo. O poduto à base de celulose é denominada NSM (New Smoldng Maatenal) e imcialmente será misturado com fumo natural nos cigarros, ^em de satisfazer os requisitos de segurança sanitária, o substituto do fumo foi talhado para proporcionar os parâmetros apropriados do ci garro (como ritmo de queima, comportamento da cinza e “número de tragadas ) e para ser manipulado por maquinaria convencional de pro cessamento de fumo. O substituto do fumo resultante é acinzentado, tem relativamente pouco sabor e odor, e não contem nicotina. Espera-se que seja misturado a níveis de 30-40% ou mais ainda. Com o consumo de fumo atingindo, atualmente, niais de um milhão de t/ano, somente na América do Norte e Europa Ocidental, há um enorme mercado em poten cial para NSM. Desenvolvido no decorrer dos últimos nove anos por uma equipe de pesquisa da Imperial Chemical Industries Ltd., o substituto do fumo foi testado e avaliado em cooperação com a Imperial Tobacco Ltd. Em 1967, as duas firmas criaram um empreendimento conjunto, agora de nominado New Smoking Materials Ltd., para explorar o produto comer cialmente.

O papel do economista na sociedade brasileira

Todavia,

Senhores componentes da Mesa presentes a esta Semana de deba tes sobre os temas anunciados, prezados alunos da Faculdade de Ciências Econômicas, gostaria de fazer algum registro inicial dizen do que, para concretizar o meu desejo de estar presente a estes debates, tive que arrumar as coi sas dentro de um calendário que terminou por me jogar num tema como este que vamos iniciar a expor. Aparentemente, esta mi nha atitude poderia ensejar até o pensamento de que eu não sei bem o que quero ou, então, teria a pre tensão de conhecer os variados temas aqui colocados, aqueles que olharem, a indicação primeira do nosso debate, da nos sa exposição e a primeira para a qual terminamos por aceitar, ve rão que o primeiro tema poderia ser de amplo espectro e debatido até mesmo para trazer uma maior gama de informações por um nú mero grande de profissionais ou de pessoas que desejassem mani festar-se sobre o papel do econo mista na sociedade brasileira.

E, ainda mais me animei a esta modificação, me permitindo inclu sive fazer uma retificação: na realidade, por formação escolar, não sou economista. Sou enge nheiro. Mas, justamente por isto provavelmente desvirtuei — como

O autor é economista do Banco do Brasil. O texto é transcrição taQUigrafica de conferência não lida, proferida na Semana de Eco nomia da Fundação Armando Alvares Penteado.

muitos engenheiros fizeram isto . — uni pouco a minha formação escolar para, desde os primeiros momentos até mesmo quando co mecei a minha vida como bancá rio no Eanco do Brasil, me iden tificar ao longo de toda uma vida profissional de já há vinte e três anos, com os diversos trabalhos de economia e com um variado nú mero de economistas. Assim, con sidero-me, senão um economista, mas pelo menos alguém que tem tido um convívio com os econo mistas, com quem frequentemen te se permite hoje entrar na aná lise de um tema vago, na análise de uma colocação como esta para identificar o papel do economis ta na sociedade brasileira.

Iniciaria .tentando, e por esse enunciado que faço aqui da mi nha posição, desejaria justamen te que me vissem, não como o portador de uma tese, ou de um estudo muito específico, mas, jus tamente, como um profissional

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que, tendo passado por diversas entidades, pretendería conversar com os futuros economistas e dar algumas informações quase com intuição popular sobre a maneira de vê-los.

Tenho a impressão de que a ^ ‘ primeira tentativa que eu faria era a de definir o economista. O que eu vi e o que aprendi me pro porciona uma primeira definição, - a do profissional que frequentou uma escola de economia, mos, também, que as escolas de economia no nosso país, não pos suem um passado muito longo. São bastante recentes. A sistematização do estudo de economia pode- se dizer que é contemporânea de quase todos nós. Então, verifica mos que poderiamos identificar economistas por esta qualificação, que eles adquirem, por estudar economia numa esco la de economia. Daí termos uma indagação sobre como isto teria ocorrido.

Sabe& os primeira Não creio que pudesse fazer generalizações que as minhas palavras e nao desejo sejam assim interpretadas sobre o te ma, mas tenho que expender, ape nas, opiniões colhidas ao longo de uma experiência própria. E faço também uma ressalva: uma expe riência própria adquirida não nes ta parte do país, mas adquirida, particularmente, no Nordeste bra sileiro, onde diversas variáveis de vem ser olhadas com conotações diferentes destas que se passam no Sul. Então, o que vimos verifi cando, pelo menos em tempos não muito distantes, é que aquela pri meira qualificação do economista,

Digi-si'o Econômico

por ter estudado numa escola de economia, muitas vezes ocorreu um tanto ao acaso. Convivi em escola de economia, fui, mesmo, professor na Universidade Federal da Paraíba, lecionando para alu nos de economia, e um tanto com desprazer, um tanto, às vezes, com tristeza, podíamos veíificar que muitos daqueles que frequentavam a escola tinham escolhido a facul dade ou a carreira, às vezes, por uma determinada circunstância, às vezes por acaso, às vezes por alternativa de vestibular, enfim, por muitos outros motivos que não seriam, necessariamente, na sua origem por convicção e desejo desde a primeira infância mani festados.

Ficávamos, por exemplo, moças e rapazes, dentro de uma escola de economia, porque muitas vezes o curso era noturno, outras vezes porque teria sido o vestibular que permitiu ao jovem o ingresso em curso superior, outras vezes por um comentário, vinculando sua atividade de bancário, sua ativi dade no comércio, sua atividade no escritório, à economia, ou se ja à carreira que melhor o iden tificaria com futuras necessidades profissionais.

Evidentemente, se isto, no meu modo de ver e de ter passado pela experiência me dava uma certa tristeza, porque certamente não estaríamos formando prnfissionais muito convencidos dos seus dese jos vindouros, mas, de alguma for ma tiraríamos, no futuro, de um contingente de formados, talvez um percentual que se aprofunda-

ria e melhoraria seus estudos no campo da ciência econômica. Por outro lado, se isto acontecia com 0 economista que teria procurado a escola de economia, fosse por acaso, fosse por convicção, veri ficavamos também, em diversos campos da atividade econômica, a distorsão de um profissional de outra categoria, de outra forma ção para enveredar e invadir o campo específico do economista. Aí, situo-me eu com a minha pró pria experiência de engenheiro formado numa escola onde pro curei até me especializar em enge nharia civil, iniciando a minha primeira etapa de formação pelo cálculo estrutural, mas, depois, talvez por contingências ou aca sos ou até por uma certa simpa tia, com dez anos por trás de uma formação de bancário, no Banco do Brasil, cheguei à economia, pas sando a conviver com economistas, trocando idéias com eles, sensibi lizado pela beleza da quase uni versalidade dos conhecimentos, que nos proporcionam o estudo das ciências econômicas.

pressão de profissionais de outras carreiras, de outras formações, que foram levados a procurar o cam po dos economistas. E devo dizer, até como uma experiência pito resca, no Nordeste, talvez por uma insuficiência de economistas, a SUDENE, naquela época utilizou um método não muito ortodoxo de formar economistas ou profissio nais identificados com a ciência econômica. Ainda hoje, provavel mente, não se encontre no Nor deste uma nomenclatura para esse tipo de profissional, um misto de economista com outra profissão. É 0 chamado TDE. Técnico em Desenvolvimento Econômico.

A SUDENE, então carente de profissionais, pretendeu formar, num curto prazo, especialistas que pudessem dar, pelo menos, ou sen tir a maneira de dar um trata mento econômico às diversas ati vidades que lhe estavam afetas, porque o órgão precisava interpre tar, analisar e procurar soluções. Os cursos de TDE nada mais eram do que cursos intensivos em que profissionais de engenharia, de economia, de direito e, às vezes, até mesmo de medicina e outras mais afastadas do eco-

Esta decisão foi particularmente motivada quando, nessa etapa da vida, tivemos um primeiro contac to com a Superintendência do De senvolvimento do Nordeste, onde se procurou, no início da década de 1960, levar o planejamento econômico, aprofundar a raciona lização dos estudos do projeto e da programação para a solução de problemas regionais de desen volvimento. Foi na SUDENE, no convívio com economistas que ti vemos também esta segunda imcarreiras nomista, propriamente dito, eram levados a fazer cursos intensivos receberem, vamos dizer uma tintura com a mepara assim, Ihor das boas intenções, mas uma tintura, por serem cursos rápidos, de seis meses, em que eles se iden tificavam com a maneira de se aproximar, a maneira de tratar o problema do desenvolvimento den tro do enfoque econômico. T:: Foi

mais uma experiência em que vi mos como 0 economista foi buscala. Se aqueles primeiros iam pelo acaso, estes outros eram procura dos e posteriormente rotulados de economistas. Isto ainda que de uma forma um tanto apressada, permitiu que excelentes profissio nais viessem a abandonar suas antigas origens e se tomarem bons analistas, bons projetistas, bons planejadores, enfim, bons econo mistas no sentido geral do termo.

Por outro lado, identificamos também no economista, no papel que ele tem a desenvolver no seu trabalho a necessidade de uma aproximação constante com profis sionais de outra área. Por ter eu essa impressão, numa tentativa de definir a quase universalidade do economista, tenho a certeza de que 0 seu trabalho, mais do que o de outros muitos profissionais, pode ficar isolado e constantemente a contactos aproximações com profissionais de inúmeras outras categorias interpretando o problema

nao leva e a 0 para, especí fico de cada um, procurar a di mensão econômica deste mesmo problema.

la especialização para melhor sen tir a maneira de colocá-lo e de trazer a dimensão econômica para c problema. Então, se muitas ve zes a reciproca não é verdadeira, 0 médico poderia viver muito tem po ou totalmente isolado do eco nomista, nem sempre o economis ta pode se divorciar desses outros especialistas, na medida em que ele terá sempre que ver a dimen são do problema econômico, quer no tratamento micro-econômico, quer no tratamento macro-econômico.

Por isto tudo, por estes rápidos delineamentos do que eu chamaria uma tentativa, na minha experiên cia, de identificar o economista, eu temo que o vocábulo economis ta, por si só traga uma distorsào limitativa do seu amplo campo de ação, poderiamos talvez, como te nho encontrado outras definições, chamá-lo de uma forma mais uni versal, como uma espécie de cien tista social, ou num campo mais restrito como um planejador, pla nejador dentre aquele tipo que olha 0 problema pequeno em nivel do que poderiamos identificar no plano da micro-economia, como aquele outro que extravasasse os seus conhecimentos, as suas aná lises para um campo mais amplo da macro-economia.

Por outro lado, o economista também justamente por essa uni versalidade, essa amplitude de sua atuação, ele se torna hoje um tipo vulnerável à popularização de sua ciência. Ainda que encontremos na economia, na estrutura mais científica do problema econômico

Ainda que uma especialidade afastada do economista, medicina pudesse nos levar a não identificar nenhum ponto de con tacto, poderiamos dizer que o eco nomista, no tratamento de uma questão de projetamento, vamo.s dizer, de um hospital naquela par te em que há que se identificar custos, racionalizações de ordem econômica, eles têm que conhecer, eles têm que se aproximar daquecomo a i

uma complexidade das mais em polgantes, até mesmo porque é na economia, hoje, onde vemos a fronteira e as grandes novidades, os tratamentos matemáticos mais modernos para a solução de muitos dos problemas da sociedade mo derna, mas, por outro lado, ele se torna vulnerável a um tratamen to muito popular da sua ciência ' e não é difícil identificarmos a necessidade de, muitas vezes, o economista ser chamado o ho mem que trata do problema eco nômico, vamos dizer assim, ser chamado constantemente a po pularizar, a traduzir, de uma ma neira mais massificada, o proble ma com que ele se defronta. Es tão aí, cotidianamente, nos jor nais, os especialistas, as colunas de tratamento econômico, os comen taristas e, até mesmo, na vida do méstica a necessidade do debate sobre os grandes temas econômi cos, a tal ponto que o economista sofre, de uma maneira até pejora tiva, muitas vezes, a culpa ou, va mos dizer assim a antipática de turpação de que ele tem uma lin guagem difícil a que temos cha mado muitas vezes “economês”, dizendo:

— Vê se explica o problema sem muito economês!

Ninguém pede isso do médico, ninguém pede isso, às vezes, do engenheiro, ninguém pede isso do dentista ou de tantos outros pro fissionais, vamos dizer de um cien tista nuclear, para que ele nos ex plique como é que se dá a fissão nuclear, sem a utilização dos ter mos próprios da sua ciência. Mas

o economista, muitas vezes, jul ga necessário popularizar a sua ciência, quando, na realidade, não há, necessariamente uma imposi ção que o seu ferramental seja levado para aquele campo. É que a própria dimensão do problema econômico se situa num plano que atinge tanto a todos, que se ne cessita de uma linguagem com a qual todos queiram se identificar e, a meu ver, será sempre dificil de se conseguir, salvo a capacidade didática ou não de algum de ex plicar os seus temas e os seus pro blemas de natureza profundamen te econômica.

Vamos ver, depois, uma outra experiência que temos, todos, como pontos para o nosso debate, que é a etapa seguinte, a formação es colar do economista. As escolas preparam os economistas segundo a ortodoxia dos curriculum clássi cos ou até mesmo a modernização desses curriculum para uma adap tação às necessidades da vida mo derna e da evolução normal dos problemas de natureza econômica. Então, vê-se aí o profissional recém-formado, com a necessidade de se identificar com a sua nova profissão. Necessariamente sur gem, a meu ver, novas distorsões.

Dificilmente, e eu tenho recor rido muito aqui à imagem do mé dico, porque me parece aquele pro fissional mais típico e mais restri to a sua formação, mas o econo mista, pela experiência que tenho visto, ele é um tipo, uma espécie de argamassa que serve para diversos tratamentos de ligação dos mate riais de construção. Ele se forma

na sua escola e dificilmente e mui to raramente tenho identificado aquele que já sai com urna espe cialização no campo da ciência econômica. Quando muito talvez ele possa visualizar um comporta mento que o leve para o campo da macro-economia ou para a vida na empresa ou seja, na microeconomia. E muitos outros talvez ainda venham a procurar durante muitos anos a simples posição do executivo dentro da empresa, onde será, muitas vezes, um generalista. Será um homem que terá o seu grau de eficiência na medida em que uma visão dos problemas econômicos por uma formação es colar mais ou menos boa lhe per mita o convívio com a empresa e de toda uma compreensão do me canismo e do funcionamento da parte administrativa, da parte fi nanceira, da parte até mesmo do problema técnico dessas empre sas. de tal sorte que é outra coisa que identificamos, outro ponto que identificamos na formação e no papel, vamos dizer assim, do nosso economista. É uma certa dificul dade de sair da escola devidamen te preparado para se identificar com determinadas especializações no campo econômico. Ele está preparado certamente para se de frontar com os problemas econô micos, mas, muitas vezes, anos ainda pela frente vão indicar-lhe uma maneira mais especializada de acampar neste ou naquele pon to da economia numa dimensão que nas grandes linhas definiria mos como 0 economista-macro.

o economista-micro ou

No campo da micro-economia geralmente ficando junto à em presa, principalmente no nosso País, junto à empresa que explora uma atividade produtiva e o outro que busca o tratamento macro econômico, geralmente na área de do grande pla¬

governo, na area nejamento ou da programação paos dois começarem a se se¬ rá, ai, parar, que é outro ponto que tam bém identificamos na nossa expe riência na vida prática dos nostrabalhos, a separação que ^ dá a partir dai entre estes dois tide economistas, porque um sos pos buscando o plano mais puro. o pia vamos dizer assim, elevado, aí, sem juízos de valor, elevado numa situação que é e lhe dá uma visão mais global das coisas, consequentemente mais afastada da prática e aquele outro que vive o ambiente da empresa com o seu dia-a-dia, com seus ti pos de sofrimento que o distanciam da teoria mais limpa, vamos dizer assim, menos afetada por variá veis incontroláveis como são as variáveis do dia-a-dia.

Esses dois tipos de profissionais, às vezes, se separam tanto que num modelo como o nosso Brasil, onde o domínio do plane jamento e, consequentemente, a presença do economista se faz tão fortemente, onde o Estado preten de ter uma posição diretora, indi cadora da atividade econômica no mais elevado, no para o alcanço dos objetivos eco nômicos e sociais, evidentemente, estes dois tipos de profissionais precisam ter um tipo de diálogo muito sem arestas para que pos-

sam, enfim, alcançar objetivos, com uma melhor utilização do trabalho. Mas, nem sempre isto se dá e 0 que vemos é, muitas ve zes. aqueles colocados nesta posi ção. afastados do dia-a-dia. iden tificarem com tanta precisão o número de variáveis que defor mam um pouco, mas deformam na vivência, deformam na necessida de de sobreviver ao problema mi cro, a maneira deles dois atuarem.

Enfim, estão ai jogados apenas alguns fatos para um futuro de bate.

O tema, como disse de início, é muito vago. Não é uin compên dio. não é uma tese formada em torno da qual pudéssemos elabo rar novas teorias ou novas ramifi cações desta nossa análise.

São apenas experiências colhi das no cotidiano, trazidas para vo cês quase todos alunos que vão ser futuros economistas, por parte de quem tem todo um convívio no ramo da economia, com profissio¬

nais que certamente se defronta ram ou identificaram esses mes mos problemas que estão suscitan do para a análise de vocês.

Sobre o problema do economista, sem que isso se constitua uma novação e uma tentativa de ex primir para vocês o apreço e a mi nha simpatia pela profissão do economista. Considero um gran de papel que o economista tem a desempenhar na nossa sociedade, poderia dizer que quase uma so ciedade em torno do eterno pro blema econômico que passa a ser o problema do desenvolvimento e, consequentemente, sendo proble ma do desenvolvimento requer técnicas aprimoradas de uma ciência essencial para esse estágio do desenvolvimento do nosso País.

Vocês têm, portanto, um grande papel a desempenhar, desde que possam acertar com correção aquilo que, no campo econômico, vocês tenham desejado alcançar no início da escolha da profissão de cada um. Muito obrigado.

ESTADOS UNIDOS:- FOSTER GRANT NO BRASIL

— A Foster Grant participará com duas companhias brasileiras de um empreendimen to conjunto que produzirá e comercializará plásticos e produtos de plás ticos no Brasil. Cada companhia terá participação de um terço na nova firma, Estireno do Nordeste. As companhias brasileiras são a Petrobrás Química e as Indústrias Bakolar, um grupo de investidores particulares brasileiros. A nova companhia construirá uma fábrica na região de Camaçari, no Nordeste do Brasil, que deverá ser inaugurada em 1977. unidade deverá atingir sua capacidade total de 200 milhões de libras/ano de monômero de estireno e 90 milhões de libras/ano de poliestireno, por volta de 1978. A

IBRASIL:- À PROCURA DE ESPAÇO NAS IVIESAS

— A NesÜéCompanhia Industrial e Comercial Brasileira de Produtos Alimentares entrou no ramo dos produtos do mar supergelados e agora se prepara para lançar uma nova marca de água mineral. Se alguém ficar surpreso diante do que parece ser uma ampla e profunda guinada mercadológica dessa tradicional manufatureira de farinhas e artigos para a alimentação infantil — além das sopas e produtos derivados do leite, cacau e café — então se prepare para surpresas ainda maiores, pois, como diz o diretor geral da empresa, “tudo o que vai para a mesa nos interessa’’. E o que, na guarnição da mesa do brasileiro, pode interessar à Nestlé? Certa mente não são os “ketchups”, as salsichas, os óleos comestiveis ou as massas alimentícias porque a matriz suíça não tem essa linha de pro dutos e a subsidiária brasileira não se interessou em desenvolver uma tecnologia própria para produzir esses artigos. O mais provável então, ê que a Nestlé esteja interessada, por exemplo, no mercado de refeições supergeladas, sobre o qual muito se fala, apesar do pouco que se conse gue nele. Efetivamente a empresa resse, mas seria difícil encontrar uma razão melhor para explicar por que a empresa insiste em continuar no ramo de produtos do mai- super gelados, onde admite que está perdendo dinheiro. Os produtos do mar seriam, assim, uma espécie de “cavalo de Tróia”. Uma porta aberta pela qual a Nestlé se infiltraria no setor dos alimentos supergelados em geral. Ficaria difícil entender a razão de a empresa estar empenhada em abrir 0 seu leque de produtos, se não se soubesse do consenso dos diretores em tomo da idéia de que a diversificação da linha de artigos é uma das maneiras mais seguras de conservar a liderança.

confirma formalmente esse inte- nao

ESTADOS UNIDOS:- PURIFICADORES ELETRÔNICOS DE AR —

A poluição p^la fumaça e névoa de óleo é uma parte inevitável de qual quer operação de texturização. Removê-la pode ser dispendioso. Mas. além de evitar possíveis intimações pelos órgãos encarregados da pro teção ambiental por colocar em perigo a saúde do empregado, a atmos fera interna mais limpa melhora as operações gerais. A Rohn & Haas constatou que sua pequena operação de texturização, na sua fábrica de fios para tapetes em Fayetteville, podia funcionar somente a 60% de sua capacidade antes que as condições internas da fábrica se tornassem intoleráveis. Foi quando o produtor de fibras testou quatro métodos para purificar o ar; filtros, lavadores de ar, exaustão da fumaça e névoa d® óleo, e purificadores eletrônicos de ar. A única solução prática foi a últi ma. Os purificadores eletrônicos de ar, funcionando sob o princípio úe precipitação eletrostática, removem efetivamente 95% dos contaminan- tes de fumaça, névoa de óleo e outras partículas do ar. O custo inicial ú maior, mas é compensado pela economia de operação e manutenção do sistema.

Uma Curiosidade Terapêutica do

Século XVIII:

A ínsuflação peranal da função do tabaco

A. BERNARDES DE OLIVEIRA

sENDO o tabaco uma planta de origem americana todas as questões a êle referentes en cerram para nós brasileiros peculiar interesse. Assim pen sando afigurou-se-nos cabível a divulgação de uma das menos co nhecidas, por ser das mais im previstas, aplicações desse vegetal no campo da medicina: a utiliza ção da sua fumaça em insuflações por via retal para tratamento de vários estados mórbidos.

A primeira descrição da planta que os indigenas da região cha- de cojibá, cohibá ou gali, mavam deve-se ao padre Romaro Pane, companheiro de Colombo na sua segunda viagem e que com êle não retornou, quedando-se em Haiti. Julgava 0 sacerdote ser o uso do fumo adotado pelos nativos como recurso para afugentar os inse tos, além de usarem-no também com fins medicinais.

Das mais antigas descrições do. fumo, com suas eventuais aplica ções à medicina, é a que faz Monardes, no seu livro publicado em 1565. Aí encontram-se assinala dos múltiplos empregos das fo lhas do fumo, mas não há refe rências ao seu uso para insufla ções intestinais.

Curioso liso do tabaco, exposto pe lo professor A. Bernarães de Oli veira. As fontes e ilustrações sãO' de obra da biblioteca do autor.

As histórias de viagens de Jean de Lery silenciam a respeito de semelhante aplicação. Nas ilus trações que ornam a coletânea de De Bry os selvagens estão repre sentados como fumantes de gran des charutos nos preparativos dos combates ou das cerimônias reli giosas. Fig. 1.

Introduzido o vegetal na Euro pa e desde logo cultivado tantona Espanha, em 1570, quanto na Inglaterra, em 1586, foi o hábito de fumar combatido com energia,, tanto que havia proibição formal de se fumar nas ruas e lugares pú blicos, donde a grande frequência às tabernas onde os fumantes se Mestres da pintura ho-

reuniam, landesa retrataram em seus qua dros cenas de tais lugares, como se pode ver no óleo de David Tenier aqui apresentado. Fig. 2.

Na botânica médica de Dalechamps, obra justamente bem reputada, bem como em Piso na

Pig. 1

Navigalio in Brasiliam Americae — loanne Lerio Burgundo in Theodorum de Bry Leo Francofurti. loannem Wechelum — 1592

sua monumental “Indiae Utriusque Re Naturali et Medica”, ape nas encontram-se alusões aos co-

Contudo, segundo Warren (An. of Med. Hist. 1919, vol. II, pág. 14) teria sido Pia quem pela primeira vez referiu ser de uso entre os selvagens da Acadia (Nova Escó cia, no Canadá) um método de ressuscitar os afogados que ele des'Enchem nhecidos empregos da planta, seja para fumar, seja para aplicações externas.

Somente em 1740 foi quando o fisico Reaumur propôs, em comudestinada a alcançar

creve com vivas cores: a bexiga de um animal ou um segmento de intestino amarrado numa das pontas, com fumaça de tabaco, ligam-no a um tubo cuja extremidade é introduzida no reto nicação grande sucesso, o uso da fumaça do tabaco em insuflações intesti nais como recurso de valor no tratamento dos afogados.

óleo sobre madeira representando uma cena de taberna David Lenier (1582-1649) — Esc. Holandesa
Fig. 2

do paciente e por semelhante pro cesso a fumaça é injetada no ven tre até que fique bem distendido. Penduram, então, o afogado de pernas para o ar em uma árvore, e, pela pressão exercida, a fuma ça força a água a sair pela boca.

Outros testemunhos não foram encontrados nos relatos dos demais viajantes e exploradores talvez porque esse uso tenha sido priva tivo da citada região.

O fato é que a partir do traba lho de Reaumur o método rapida mente se divulgou, sendo assaz abundante a literatura a respeito.

Gobius, famoso cirurgião holan dês, emprega a fumaça do tabaco por via intestinal para combater a prisão de ventre, as cólicas e curar as hérnias estranguladas. Assevera ter usado o método em ●centenas de casos.

De Haen, em 200 casos, tanto de animais como de homens, re lata ter usado o método empre gando grandes volumes de fumaça.

só em Paris como também em Lyon, Tours, La Rochelle, Lille e outras cidades mais.

Cangiamila, em trabalho datado de 1754, menciona, entre outros recursos para reanimar os recémnascidos, o uso de clisteres de fu maça de tabaco, afim de obter-se uma ação peristáltica dos intesti nos e despertar, por meio da cooperação do diafragma, a ação do coração e dos pulmões.”

Na última metade de sec. XVIII encontrava-se em Paris, destinada a socorrer os afogados, uma orga nização dotada de uma ‘máquina defumatória’. Nos relatórios dessa entidade acha-se escrito existirem instalações do mesmo gênero não

Consiste em introduciente.

Depois de interpretar 4(

Um dos preconizadores do mé todo foi o famoso cirurgião e ana tomista holandês, Lourenço Heister, o qual no capítulo relativo aos clisteres, faz sua apologia nos se guintes termos: “Existe uma ou¬ tra espécie de lavagem de empre go muito moderno, se comparar mos com aqueles que acabo de fa lar; é a que se faz com a fumaça do tabaco, remédio eficaz que os ingleses, segundo posso saber, fo ram os primeiros a usar e que as outras nações da Europa a seguir adotaram, zir, por meio de instrumento “es pecial, considerável quantidade de fumaça de tabaco, no anus do paEmprega-se com sucesso esse clister nos casos de hérnias estranguladas, de paixão ilíaca, ou mesmo, se quisermos, em outras moléstias quando o ventre esta tenazmente paralisado e os de mais recursos tenham sido em váo. Agem esses clisteres muito rapi damente e tiram dos braços da morte, desde que empregados em tempo, pacientes que pareciam perdidos, a ação do fumo como se fazendo através de uma contração provo cada pela irritação das paredes intestinais, aconselha, Heister, o emprêgo de fumos mais fortes quando os mais suaves se tenham mostrado ineficazes. Figs 3 e 4.

Após ter desfrutado de grande voga começou o processo a sofrer severas críticas, entre as quais de¬

Di.LÂ<JílSN.TÍ1 HE IS T E RI

SEREl^SS: BRUHSÜlCEHSfS ET XülíEBURGlCI DUCIS

■ Cmifiisri:^lici&^bii^i^McJtciru^.<^rurgUacliofanlca in RrZ'* Ducéli iWiiJlaJn ejly Tnfcfi. ' ^ Scicrtíijf. C^re* Londinenfs étqut ^ ‘BvroUfKntfs CoUegx-, ●

-’í'N ' Q,U J R U S *“ r QU1CQ.UID AD REM CHIRtJRGICAM PERTINET, j[ ● OPTIMA ET novíssima RATIONE PERTRACTATUR

’ AnJBC ia <»bulis multií *neii pfenatrtiíTima ac tnadimenecetranainftrnmfat* itcmc^uc ar(i6ciji, firo cr>cKpuÍfçs pr*cÍpu* & ^‘ioUucie cEifurgicr rêpr*Centff^Kir.-.

OPUS TRIGINTA ANNORUm'

,1a' Tscao^a ^eneu Edisto&e afiquibai difliemiioaibas «odotn >c 1 pls(^ut . ncaiii qus (om in prtartm'V<ft<um, arm przcipac iá noTÍ0iiatn ● NMpoUynin» ifrtpfcfc, aetHaw cipargita®. .

T O JMIXS-,, S E C U N D U S.

Fig. 4 — Transcrição da legenda da figura de Heister, loc. cit. pg. 274:

rig. 13 — exhibetur machina pro CLYSTERE, ut vocant. TABACALI, sive pro fumo labaci in anum & intesiina impellendo. A capsulam. qua labaci folia dissecla continehtux, incensa, ex orichalco paraiam; B fisiula osseam, quae in anum demiltitur; C fistulam ore comprehendendam per quana aer, posíquam nicoiiana incensa est, una cum fumo hujus foriiter impellitur, iía ut per fistulam coriaceam flexilem DD, fumus E, in intesiina ingrediatur repraesentat.

Te ser lembrada a advertência íeíta por Desault, famoso cirur gião do Grande Rospício da Hu manidade, de Paris, em 1801. Bichat, o grande anatomista que coletou e redigiu a obra do mestre, assim se exprime ao tratar das hérnias estranguladas: juízo deve-se fazer a propósito dos clisteres irritantes, os de fumaça do tabaco, por exemplo; Desault presenciou os mais graves incon venientes em um homem da Pra ça Mauhert, que morreu duas ho ras após 0 uso imprudente de se melhante recurso.” Pig. 5.

Não obstante tão eloquente de monstração, ainda em 1826, en contra-se no Dicionário de Cirur gia do famoso Cooper a citação do recurso às insuflações de fumaça do tabaco nas hérnias estrangu ladas. ‘O mesmo

Coube, porém, a Daniel Legare, em 1805, (Cit, Warren) dar a con denação fundamentada do método mercê de trabalho experimental em animais, quando conseguiu de monstrar acentuada redução dos movimentos peristálticos dos in testinos e a prova da ineficácia e, mesmo, nocividade do processo.

Os métodos acima relatados constituem um capítulo estranho e até bizarro na história da me dicina. Está fora de dúvida que a idéia inspiradora partiu da ob servação feita por exploradores das plagas americanas, então, terá se conservado a ma nobra terapêutica sem aplicação na Europa, até ter sido proposta pelo eminente físico Reaumur, em 1740? Segundo o já citado Pia, o processo deve ter se transmitido pela tradição oral, pois que se Reaumur o tivesse conhecido, pela leitura de algum relato de viagem.

Como,

Cli I R ÜRGICALES,

o Ü

EXPOSÉ DE LA DOCTRINE

HT DE LA PRATIQUE

DE P, J. DESAULT,

<Thirurgien en chef du GrandHospice d^Humamté de Paris j

Par Xav.

BICHAT,

Son élève, Médecin .adjoinl du môme Hospíce.

NOUVEJLLE ÉDITIOW , CORRIOÉB ET AüGMESTÉá.

^vec Figures»

N D. M A LAD I ES DES PaRTIES MOILES.

CíitfxMKQUÍGNONruÍné,]ibraire,rued8J’Écoíe de Médecine, n^ 3, vis-à-vls Ia rue Hautefeuille. AN iX. i 8 0 i.

frffnttoiTílfo tÇwí -íÇcmícííupcf4cnno 4GJtcÇcfeG« Íorícitô%niAÍcntínf(fcfí,?ffem4 ú\vcx>ii c4fú9co 4n6ím4ct4»

©30 vij capitelftcrden rractatee vcurt dícK leretifoeínineurcb flangé oder antiwürmDes ^lycfciimirmin.^ícmlyPcÇíiton fcÇgbcn von^cin mcnfc^cn^ú Pn»Jcicf»

Fig. 6 — H. Brunschwig — edição fascimilada de R. Lier — Milano — 1923

sua honestidade científica o teria levado a declará-lo na sua comu-

Qual 0 motivo da boa acolhida encontrada pela sugestão de Reaumur? De acordo com as noções predominantes na época, o afo gado teria engulido muita água e, portanto, qualquer pressão exer cida em sentido oposto iria con tribuir para sua expulsão. Aliás, o hábito de colocar o paciente pen durado de perna para o ar já se encontra em textos dos fins do sec. XV, quando se trata de fa cilitar a eliminação de algum corpo extranho ou verme pela bo ca. É 0 que se vê numa das figu ras da Cirurgia de H. Brunschwig, edição de Strassburg, 1497. Fig. 6. Foi, também, invocada uma ação reflexa a distância que se faria sentir através da solidariedade

justifica as interpretações dadas , mediante um mecanismo de refle xos nervosos suscitados pela distenção mecanica e pela irritação quimica da fumaça. nicaçao.

Por outro lado, mais de um fisiologista antigo incluiu os mús culos elevadores do anus no grupo' dos músculos da respiração como antagonistas do diafragma. O aumento da pressão abdominal, pela contração do diafragma, se ria normalmente acompanhado de uma contração reflexa dos eleva dores que bloqueando o intestino terminal, impediriam a expulsão involuntária do seu conteúdo gaou consistente. Talvez, por- soso tanto, julgassem êles que um for te estímulo aplicado ao nível dos elevadores que circundam o reto, pudesse, por via reflexa, se trans mitir aos músculos toráxicos da e iniciar sua movimen-

funcional do diafragma com o co ração. Semelhante conceito expli ca a aplicação do método na rearecém-nascidos. respiraçao tação.

Como conclusão somos forçados a encarar muitas das rudes práti cas da antiga medicina com certa benevolência e tolerância, pois, embora errôneas, encerram racio cínios lógicos, consentâneos com os conceitos em voga na época e frutosi do método dedutivo pbr tanto tempo predominante pensamento médico. dos nimaçao Heister, por sua vez, interpreta o mecanismo de ação no caso das hérnias estranguladas, como de pendente de um reflexo local de assim contração das alças que iriam se retrair e deixar o saco herniário. Os antigos sempre tide ser o reto do¬ no veram a nocao tado de alta sensibilidade, e isso o

JAPÃO:- EMPREENDIMENTO CONJUNTO PARA POLPA SINTÉTI

CA — A polpa sintética produzida a partir de fibra de copolimero d,e estireno será comercializada no Japão pela Topka Co., um empreendimento conjunto de 50-50% que deverá ser formado pela fabricante de fibras Toray Industries e pela Kanzaki Paper Mfg. Co. A Topka venderá, também, pro dutos de papel sintético produzidos a partir de misturas de polpa natural e sintética.

cavam o

ESTADOS UNIDOS:- CRESCIMENTO DO MERCADO DE RAYON — A falta de expansão de capital pode impedir que o íiocco de rayon capitalize sua melhor oportunidade em 20 anos para aumentar sua par ticipação no mercado, adverte o dr. Peter Von Buchner, da Chemtex IncA situação atual para o fiocco de rayon representa uma reviravolta com pleta em relação a dois ou três anos atrás quando o fiocco em franca ^sponibilidade mundial alcançava preços de venda tão baixos, que justififechamento de fábricas. Agora, há escassez de fiocco de rayon, tanto 0 comum quanto o de alta tenacidade, e os preços de venda no mercado internacional estão três vezes mais altos do que a 32 meses atrás. Contudo, devido aos anos de preços de venda não compensadores, a nova capacidade para o rayon parece permanecer, em grande parte, no estágio de conversações. O que causou o recente surto na demanda de rayon foi um novo conjunto de mercados e o desempenho irregular do algodão. Devido a mudanças no mercado americano, 60% do fiocco de rayon vendido hoje, estão sendo usados para finalidades não conside radas a sete ou oito anos atrás, e isto, segundo a definição da Du Pont, torna o fiocco de rayon quase uma nova fibra.

HOLANDA:

NOVO MÉTODO

PARA

LIQUEFAZER O

CLORO —

Um novo método de absorção-distilação para liquefazer o cloro está pron to para ser licenciado pela Akzo Zout Chemie Nederland, da Holanda. Segundo esse método, o cloro é absorvido em tetracloreto de carbono e a solução é então distilada. A empresa afirma que o processo consome menos energia que a compressão e condensação e, como resultado, obtem- se um produto contendo 99,9% de cloro.

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ESTADOS

UNIDOS:- PNEU LAMEIRO “INSTANTÂNEO’ unidade da J. P. Stevens & Co., Produtos Elastoméricos e Plásticos, está desempenhando um papel chave na fabricação de um novo produto — um pneu lameiro “instantâneo” que é colocado sobre um pneu comum, quando necessário, O resto do tempo guarda-se o “Sno-Treds” no porta luvas. Segundo o New York Testing Laboratory, o sistema de tração do pneu mais que duplica a tração de partida de qualquer pneu na lama ou na neve. A chave do sistema é a própria banda de rodagem. Feita de um poliuretano leve mas extremamente durável, cada banda de rodageni é moldada por injeção pela unidade Stevens. Basicamente, Sno-Treds é uma série de desenhos uniformemente espaçados, alinhados entre duas correias paralelas como os degraus de uma escada de mão. Quando colo cadas, as correias ajustáveis firmam os desenhos junto à banda de roda gem do pneu, de forma semelhante às correntes convencionais de pneus. A durabilidade desses pneus lameiros é 10 vezes maior do que as corren tes, em estradas asfaltadas. Pesam 1,8 kg. e são colocados facilmente em qualquer pneu, em minutos. Apesar de os pneus lameiros serem prin cipalmente para uso ocasional, sob severas condições climáticas, pode-se conservar os “Sno-Treds” nos pneus para uma viagem relativameníe suave em estradas asfaltadas, a velocidade de até 96 km/hora. Uma

O TERCEIRO MUNDO ENTRE O ORIENTE

E O OCIDENTE

I

\

Através de toda a guerra fria, o Terceiro Mundo tem servido de campo de batalha para o confron tação ideológica entre Oriente e Ocidente, em prejuízo próprio e dos dois blocos contendores. Atual mente um conjunto de novos re lacionamentos. dando ênfase . à cooperação econômica, ao invés do embate político, consolida uma era de “detente” ("distensão). A ex tensão da cooperação econômica Oriente-Ocidente com as nações da África, Ásia e América Latina, que é parte desta evolução históri ca, representa uma oportunidade e um desafio.

À medida que se relega para um plano secundário a intensa ri validade ideológica entre comunis mo e capitalismo, o Terceiro Mun do experimenta um misto de espe rança do fortalecimento da paz e 0 receio de ser negligenciado. Há compreensível apreensão de que a Rússia, os Estados Unidos e seus respectivos aliados, cada vez mais preocupados com seus pró prios problemas econômicos, dêem prioridade a pactos negociados entre eles, sem atentar para as aspirações e necessidades premen tes dos países em desenvolvimento. Entretanto, o quadro tem urna parte mais fecunda. Após anos de

Proposta para uma Empresa Transideológica. O autor é advo gado internacional sendo o autor de *‘Co-existence ánd Commerce” (McGraio Hill, New Yor.k) e "Les Armes de la Paix” {Denoel, Paris).

desencanto universal com as rela ções de comércio e com a ajuda das nações mais ricas às mais po bres, 0 conceito de coexistência e comércio entre Oriente e Ocidente apresenta ao Terceiro Mundo a oportunidade de tornar-se o im portante elo da cooperação eco-' nômica e do desenvolvimento con sequente.

Para que todas ás partes envol vidas se beneficiem desta nova equação, sem os abusos políticos do passado, é preciso formar, por meio de esforços comuns, inova dor conjunto de instrumentos co merciais e legais. Um instrumen to que poderia desempenhar papel de modelo neste contexto é a “cor poração transideológica própria uma nóvel corporificação do conceito de coexistências e co mércio.

Pertencendo a empresas parti culares do Ocidente e a empresas estatais do Oriente e por elas con juntamente operada, a “empresa ela

transideológica” é altamente indi cada para ativar as melhores ca racterísticas econômicas e elimi nar as piores facetas políticas de intervenção estrangeira em áreas altamente sensíveis.

O relacionamento econômico do Oriente com os Estados recém-desenvolvidos cresceu dramatica mente nas duas últimas décadas, mas a abordagem básica diferiu da do Ocidente.

que a rápida industrialização ocu pava lugar prioritário na agenda econômica da Europa Oriental. Era provável, por isso, que a pro cura de seus produtos primários, tais como algodão, borracha, lã e juta, crescesse com a planejada expansão das indústrias de beneficiamento, propiciando um escoa douro dinâmico para novas tran sações. Era evidente, da mesma forma, que, com o aumento da produtividade econômica do Ori ente, a expectativa de consumidotambém tenderia a elevar-se. Isso prometia alargar o mercado para grande variedade de artigos exóticos, inclusive gêneros alimen tícios tropicais tais como chá, ca fé e frutas cítricas.

Instrumentalidades comerciais híbridas desse tipo poderiam mi norar de muito os problemas com que se deparam os países comunis tas, os países capitalistas e os pró prios países menos desenvolvidos em seus respectivos programas de comércio e ajuda. I res

O tra¬ que dera sua um

Cada ano esses

A União Soviética, na qualidade e líder da órbita comunista transformou em artigo de fé a li bertação dessas regiões da tutela economica do capitalismo, tamento eventual política anteriormente aos países emergentes veio a ser considerado como de curta visão, que passava demonstrava que novos países não eram, como Stalin os rotulara, “o quintal das po tências imperialistas”. Em verda de, demonstraram ser entidades políticas independentes, com inte resses próprios, reais e duradouros, que poderiam servir de base para cooperação econômica e política.

Os líderes dessas jovens nações tinham perfeito conhecimento de

De não menor importância para os países em desenvolvimento foi o potencial industrial da órbita oriental. Não deixaram de aten tar para o fato de abranger a se gunda entre as maiores nações in dustriais do mundo, bem como tradicionais produtores de bens industrializados como a Alemanha Oriental e Tcheco-Eslováquia. Dessas fontes poderiam contar com fluxo de maquinaria pesada e respectivos componentes recebi dos em transações de troca, sem dispêndio da moeda estrangeira, que estava escasseando.

Os governos do Oriente compro meteram-se não só a negociar com os países que acabavam de obter a sua independência mas também a promover a sua indus trialização, com ênfase nos seto res pesados da indústria: siderur gias, minas de carvão, poços de

óleo, estações geradoras, fábricas de cimento e de maquinaria bási ca. Desta maneira, o Oriente, em verdade, recomendava sua própria estratégia de desenvolvimento eco nômico em vez daquela do Ociden te, tendo a empresa estatal, em lugar da empresa particular pri vada, na sua base.

Apesar dessas perspectivas mu tuamente interessantes, os esfor ços do Oriente no mundo em de senvolvimento não se depararam com dificuldades menores do que os esforços do Ocidente. O pro blema de transpor tradicionais la ços comerciais com paises capi talistas, estabelecidos por associa ções coloniais realizadas no pas sado, não foi 0 único obstáculo. Os que traçam a política comunis ta tiveram de vencer a grande re lutância de seus próprios planeja dores econômicos em consignar largas verbas para projetos es trangeiros de longa extensão. Ti veram dificuldades para fornecer sólida orientação gerencial e trei namento para operação de empre sas em sistemas subdesenvolvidos e não obstante dirigidos pelo mer cado. O mais doloroso era que suas próprias economias de moe da fechada achavam difícil satis fazer a procura no seu mercado interno de artigos de melhor qua lidade, pois sua própria perfor mance industrial e agrícola deixa va transparecer maior esforço. Embora o debate público tenha sido muito mais restrito do que nas sessões públicas das comissões de orçamento dos Parlamentos do Ocidente, a questão de ajuda ex¬

terna gerou, em c/erdade, forte controvérsia em todo o Oriente. Os Chineses, especialmente, mani festaram verbalmente dúvidas so bre se a assistência russa não teria fortalecido, em vez de enfra quecer, as estruturas pós-feudais das nações pobres.

À medida que crescia a rivali dade sinosoviética em áreas espe cificas de influência, as implica ções das dúvidas chinesas não es capavam à atenção dos que tra çam a política em outros paises. Na medida em que a ajuda comu nista contribui para o progresso econômico das nações subdesen volvidas, os interesses a longo pra zo do Ocidente são também por ela servidos. Um marxista coeren te poderia argumentar que a aju da efetiva a essas nações faz com que tenham algo mais a perder do que as correntes (que as amar ravam aos países dos quais tinham sido colônias)', tornando-as assim um solo menos fértil para a re volução.

III

As frustrações que experimen tam as políticas econômicas do Ocidente nos países menos desen volvidos são ainda mais aparentes. O ressentimento contra a explora ção neocolonial, o imperialismo e a interferência parece ter cresci do proporcionalmente à importân cia investida por governos estran geiros e ● empresas multinacionais nas áreas não comprometidas do mundo. Os maiores programas bi laterais de ajuda — o da França

na África, o da Inglaterra na Ásia e 0 dos Estados Unidos na Améri ca Latina — não apenas falharam na tentativa de reduzir o hiato entre paises ricos e pobres; a di ferença do nível de vida entre as elites opulentas e as massas ne cessitadas, na realidade, aumen taram na maioria dos territórios recipientes. As nações tanto do Ocidente, como do Oriente, que forneceram recursos ao Terceiro Mundo, foram acusadas de enco rajar a dependência diplomática e de transformar regiões livres de tensão em áreas de concentração de material bélico caro. Além dis so, foram acusadas de apoiar o re gime de ditaduras e oligarquias corruptas.

De um modo geral, as nações capitalistas não foram mais bem sucedidas do que suas rivais co munistas na consecução dos obje tivos que se propuseram, como o demonstraram claramente a ex periência russa no Egito e a expe riência americana no Chile. Os que traçam a política, em ambos os países, reconhecem, hoje, que recursos nacionais urgentemente exigidos pelo pais estão sendo des perdiçados no exterior, em inves timentos duvidosos, de impacto econômico pouco duradouro. Nos Estados Unidos e na União Sovié- ' tica as pressões para restrição da ajuda se fazem sentir, cada vez mais fortes, enquanto políticos do Terceiro Mundo atiçam a compe tição diplomática entre esses pai ses, ameaçando um lado de pas sarem-se para o outro.

Em consequência, tanto o Orien te como o Ocidente estão mais propensos a colocar seu relacio namento econômico e comercial com 0 Terceiro Mundo em novas bases. Sem dúvida, os países da África, Ásia e América Latina es tão preparados para estabelecer novas e melhores bases para a ne gociação. O que é necessário é a criação de instrumentos imagina tivos com os quais se possa cons truir uma associação mutuamente benéfica e psicologicamente acei tável. A corporação transideológica é esse instrumento. i k

A corporação transideológica. embora ainda nova e experimen tal, é uma consequência lógica, em verdade, inevitável da nascente cooperação econômica OrienteOcidente.

Surgiu recentemente um número de empresas que agrupam interes ses capitalistas e comunistas em várias partes do Oriente, do Oci dente e do Terceiro Mundo. Em essas empresas são conce- regra bidas com base na divisão equltativa de capital, diretoria equili brada e administradores designaBasicamente. dos em conjunto, seu principal objetivo é estabele..cer conjuntamente efetivo sistema de produção e distribuição. Os cri térios orientadores são a máxima eficiência e o lucro máximo, ficando a política e a ideologia re legadas a um segundo plano. Dentro da órbita oriental, instrumentalidades mistas comunisto-capitalistas foram pioneira-

mente estabelecidas pela Iugoslá via, de acordo com legislação bai xada em 1967. Em 1971. leis se melhantes íoram baixadas pela Romênia e, em 1972, pela Hungria. A Polõnâa. Tclieco-I:Jslovàquia e vários outros Estados orientais es tudam presentemente reformas le gislativas análogas. A própria União Soviética escolheu até ago ra um curso um tanto diferente. Seus empreendimentos em con junto com firmas capitalistas para projetos de desenvolvimento na Sibéria í madeira com consórcio japonês, gás natural com consór cio americano) são estruturados com base contratual, sem divisão da propriedade do capital.

Fora dos países comunistas, associações entre empresa estatal e empresa privada são até mais fáceis de moldar, visto que os obs táculos ideológicos são menos mar cantes. Firmas capitalistas e or ganizações comunistas estabelece ram, em conjunto, companhias num número de economias diri gidas pelo mercado que propicia ram um clima hospitaleiro de um ponto de vista comercial, legal e de taxação. Na maioria dos casos, pretende-se que essas companhias sirvam de veículos para estreitas e duradouras relações comerciais em escala internacional.

volvida em que existam oportuni dades promissoras. Evidencia-se que essas tendências são mais do que aberrações excepcionais dian te da existência de numerosos pro jetos de empresas onde estão asso ciados o Oriente e o Ocidente. Em presas húngaras e tcheco-eslovacas associaram-se recentemente a firmas austríacas para fornecer ao Líbano, índia e Egito estações termo-geradoras. francesas e tcheco-eslovacas coo peraram para o fornecimento de fábricas texteis ao Iraque. Mar rocos recebeu da Alemanha Oci dental equipamento fabricado com “know how” húngaro. Tran sações semelhantes de mais ambi cioso alcance estão sendo negocia das no presente momento.

A cooperação Oriente-Ocidente, visando o desenvolvimento de inCompanhias fra-estruturas industriais, esque mas de irrigação agrícola, recur sos enei'géticos, sistemas de trans porte e outros projetos básicos dentro de países do Terceiro Mun do, oferece singular combinação de benefícios e proteção mútua, natureza intrínseca, uma empresa transideológica pro tege o pais recipiente contra o nsco de dominação ou subversão do exterior, promove seus próprios interesses obrigações

Por sua Ao mesmo tempo que assume comerciais, econômicas negociadas, sem liga ções ideológicas ou políticas, pois os sócios do Oriente e do Oci-

As tendências atuais fazem su por que a empresa transideológica SB tornará fator cada vez mais importante no mercado mundial e estenderá gradualmente suas ati vidades a toda região subdesendente se neutralizam eficazmente um ao outro. Pode-se confiar em que ambos tenham cuidado para que suas atividades conjuntas se

restrinjam aos imediatos fins co merciais da associação e para que envolvimentos estranhos, do tipo daqueles que recentemente desa creditaram a empresa multinacio nal em certas partes do mundo, sejam eliminados. Quando inte resses locais participam do em preendimento comum em base ativa trilateral, a soberania poli tica e 0 destino econômico de uma nação vulnerável são ainda mais resguardados.

Do ponto de vista econômico, tanto o país anfitrião quanto os acionistas se beneficiam de alta mente vantajosa especialização e divisão do trabalho, que abrange a contribuição de ambos os gru pos (Ocidental e Oriental) para assegurar "know how” industrial, meios de produção, capacidades gerenciais e técnicas de Marketing compartilhados. Por exemplo, se 0 empreendimento conjunto com preende uma firma privada sueca e um empreendimento estatal po lonês ou uma firma privada ita liana e empresa estatal búlgara, a parte ocidental geralmente for nece sua tecnologia superior, equi pamento avançado, capacidade de financiamento e organização fisticada; a parte oriental fornece engenheiros, agrônomos e outra mão de obra especializada, barata e livre de greves, certos materiais primários, equipamento pesado e maquinaria e vários elementos em que tenha adquirido perícia espe cial ou vantagem de custo.

dades de Marketing no exterior do projeto, pois o pais em desenvolvi mento onde se localize o empreen dimento pode razoavelmente espe rar vender sua produção tanto no Oriente como no Ocidente. É muito provável que a complementariedade politica e econômica dos co-empreendedores facilite o acesa outros mercados onde o lado comunista ou o capitalista desfru te de posição diplomática ou de moeda mais favorável a qualquer tempo.

Pinalmente, a dupla origem dos associados aumenta as possibiliso

Ainda está em estágio embrio nário a formação de estrutura ade quada de regras procedimentos necessárias para encorajar os em preendimentos transideológicos a desempenhar papel construtivo no Terceiro Mundo. Por enquanto, soluções para os imensos proble mas práticos, legais e econômicos que obstruem o canuinho estão sendo improvisadas por negocia dores de ambos os lados da bar reira ideológica. Uma abordagem mais universal e sistemática des ses problemas torna-se agora essencial. Aqueles que traçam a política e os juristas do Oriente, do Ocidente e das próprias regiões menos desenvolvidas devem con jugar esforços neste processo, com suas implicações de longo alcance para todos os segmentos da econo mia mundial. No caminho aberto pela distensão Oriente Ocidente nenhuma tarefa mais elevada se propõe aos que se batem pela paz mundial por meio do comércio e da lei. so-

Relatório especial: fabricaremos homens todos iguais

IIVIAGINE um homem e uma mulher que caminham conver sando ao longo dc uma rua de altos arranha-céus, em Nova York, vinte e cinco anos antes do ano dois mil. Discutem mais do que conversam, ora parando, ora interrompendo-se, ora, até, le vantando a voz. O argumento é, de fato, fascinante o controvertido: como será o mundo no ano dois mil. O homem é um sociólogo muito famoso na América. Ensina na universidade, escreveu um li vro do qual venderam-se milhões de cópias: “O Choque do Futuro”. Chama-se Alvin Toffler. A mu lher é uma jornalista. De repente a conversa recai sobre uma estó ria atroz, ou aparentemente atroz: o transplante de embriões huma nos de um ventre materno a um outro ventre materno. Dali salta para a conquista cíé uma tecnolo gia que, vista superficialmente, pode parecer fantástica, mas que não é mais fantástica do que seria imaginar, em 1875, o aeroplano ou a televisão. O sociólogo tem uma tese sua: todas as confusões polí ticas, morais, sociais, que afligem o mundo de hoje, nascem de um fato: A era industrial acabou, a era tecnológica começou. O caos nos devora porque aplicamos à era tecnológica, os antigos concei tos da era industrial. Como exem plo a idéia do socialismo e do ca-

Fala Alvin Toífler, o sociólogo do futuro: "A era industrial acabou e co7)ieço2i a era tecnológica: há o caos, somente vorque aplicamos à segunda, as regras da primeira”. pitalismo; a escola compreendida como disciplina e noções do pas sado; a família vista como laços de sangue. E a jornalista percebe que a tese podería ser justa. To davia é interessante e: “Porque não recomeçamos a conversa do principio e a conduzimos ao magnetofono para o meu jornal”? propõe.

Esta entrevista surgiu assim e assim vô-la transmito; sem pre tender oferecer revelações sensa cionais, mas com a esperança de induzir quem lê a pensar, um pou co, em como livrar-se dos dogmas que, mais ou menos consciente mente, afligem todo o nosso racio cínio. Tudo se agita à nossa volta, tudo se desfaz. Mas a causa não estará também no fato de que não paramos nunca para pensar, para interrogar-nos sobre o porque dos porquês, sugerir idéias novas? o futuro, diz Alvin Toffler, é uma arquitetura baseada na- imagina ção; é a contribuição de todos.

ALVIN TOFFLER — ... e não

A

estou absolutamente seguro de que a experiência não se tenha reali zado com mulheres. Se com as vacas não é mais experiência, mas rotina, quem pode anular a sus peita de que se tenha realizado até com as mulheres. O negócio acontece assim. Tomam o ovo fer tilizado do útero de uma vaca e o transplantam para o útero de_uma outra vaca que leva a termo a prenhez. Em alguns casos tiram logo 0 embrião já bastante desenvol vido e o transplantam para a se gunda vaca; não por capricho, não por divertimento, mas porque a primeira vaca é uma vaca supe rior, mais sã, mais jovem. A se gunda vaca serve somente recipiente. Pois bem, o que acon tece? como Acontece que se produz mais carne para o matadouro por que, enquanto a segunda vaca leva avante a gravidez, a primeira vaca será fertilizada de novo. cicloreprodutivo pode ser fertili zada novamente. A primeira vaca, afinal de contas, é uma fábrica de ovos frescos, quer dizer, de briões frescos. Começaram com as plantas, guiados pelo pretexto de desenvolver a agricultura. De pois continuaram com as vacas e agora estão prestes a aplicar sistema em seres humanos.

cada emo

ORIANA FALLACI — O que não entendo é por quê em uma época na qual se discute o direito do aborto e nos angustiamos pelo ex cesso da população terrestre, se vá procurar novos sistemas para pôr crianças no mundo.

A ciência nunca coloca para si, semelhantes problemas e não se esqueça de que para alguns cien tistas o excesso de população não existe absolutamente. Sustentam que o problema não é o excesso de população mas o modo de alimen tar a todos. Por isso, se desco brirmos novas técnicas, dizem, to dos terão o que comer. Ao menos teoricamente, por outro lado. apli car essa descoberta nos humanos é mais do que possível. Poder-se-ia, verdadeiramente, constituir uin banco de ovos fertilizados ou por fertilizar e depois dá-los a quem os pede: matando, assim, o próprio conceito de maternidade. Quero dizer: a maternidade não seria mais um conceito biológico, mas jurídico. De quem é filho de fato aquele filho? Da mulher que o concebeu ou daquela que o aco lheu no seu ventre? Continuando neste caminho, pode-se realmente imaginar uma classe de mulheres que concebe filhos, uma outra que dá à luz filhos, uma outra que os adota. Assim, a criança chega a ter três mães, não duas. E depois há o “cloning”. O “cloning” é a reprodução exata de um ser vivo sem a relação sexual. Também isso começou com as plantas e de pois continuou com as rãs. To ma-se uma célula dos ovários de uma rã, por exemplo, ou do fí gado ou de qualquer órgão ou te cido que se queira e, através de um processo químico, se reproduz uma oópia a carbono da rã. Quero di zer: se é uma fêmea, nasce uma rã fêmea; se é uma rã macho nas¬

ce uma rã macho, mas em tudo e por tudo idêntica.

Terrijicante. Não me diverte realmenie a idéia de -poder haver a cópia caróono de mn Kissinger ou pior ainda, centenas de Kissin ger ou de cavalheiros da sua quali dade. E se tudo isso fosse usado para fms políticos? E se luii regime totalitário, por exemplo, se servisse disso para criar um novo tipo de humanidade? Parece-me um ris co pior do que a b077iba atômica.

De fato foi definida uma Hiroshima biológica. Certamente existe 0 risco e não só com os re gimes totalitários. Mesmo os re gimes democráticos podem usar isso, com fins políticos: trata-se de uma tecnologia desde já aces sível a todos. O pior é que certas descobertas são irreversíveis; quando se começa a brincar com a ciência, é impossível voltar atrás. É também impossível ima ginar as consequências disso. Não foi por acaso que um cien tista russo falou sobre a eventua lidade de uma nova guerra fria entre os Estados Unidos e a União Soviética, não baseada em armas nucleares, mas na biologia. E sabe como? Através da criação de ho mens de gênio. Já não é um se gredo que a química pode ser usa da para desenvolver a inteligên cia. Dito assim, parece bonito, mas realmente não é, porque nin guém nos garante que um gover no, democrático ou não, totalitá rio ou não, não explore esse sis tema para produzir cidadãos mui to inteligentes e cidadãos muito es túpidos. Os primeiros para co¬

mandar, os segundos para obede cer. No princípio o objetivo cienti fico parece sempre louvável, hu mano, mas as suas consequências podem ser mais que desumanas.

Aldous Huxley falou no mundo Os homens Alfa e os ho- novo. mens Beta e os homens Gama a serem produzidos em garrafas para criar uma raça de eleitos, uma raça de funcionários, uma raça de escravos...

Exatamente. Com a tecnologia de que hoje dispomos, o mundo de Huxley é absolutamente possível. Alguns biólogos estão tão cons cientes disso que, em fevereiro úl timo, em “Pacific Grove” na Ca lifórnia, sugeriram uma reunião internacional para pedir a inter rupção das pesquisas genéticas. A mesma coisa aconteceu na Ingla terra onde 0 “Medicai Research Coiincil” invocou um inquérito go vernamental e já é bem frequente cientistas de todo o mundo reu“Paremos. 4 * I nirem-se para dizer: As consequências disto que esta mos fazendo podem ser desastro sas, infinitamente piores do que as derivadas dos estudos no campo O grito de de física nuclear”, alarme foi lançado por Watson, o descobridor da DN/': uma molé cula de DNA pode ser decomposta e depois recomposta em uma nova combinação, disto? Significa que em teoria é possível isolar uma célula huma na, fazê-la crescer de um certo modo em um certo virus e dai ex trair uma criatura diversa de qualquer outra conhecida neste planeta no curso da evolução. Sabe o significado

Watson pediu que tal pesquisa fosse proibida internacionalmente e os outros dizem concordar mas... Mas basta que os outros estejam de acordo? Não é suficiente um único, mesmo sendo o benévolo doutor Jekyll?

note bem: não errado na visão do desenvolvimento científico; er rado na visão da estrutura social na qual tal desenvolvimento teria acontecido.

Porque?

ra¬ para Aquelas

E, muitos, todavia, conti nuam tranquilamente essas pes quisas; talvez protegidos pelo se gredo militar ou comercial. Os cientistas não percebem nunca que há uma estreita relação entre ciência e politica. Para com a ciência têm uma espécie de mís tica, sustentam que deve ser livre para fazer aquilo de que é capaz. Apresentam sempre justificativas nobres: “Com o “Cloning” é teo ricamente possível reproduzir mil Einsteins!” Não estou seguro de que reproduzir mil Einsteins seja uma boa idéia; nem mil Leonardos da Vinci, mil Jesus Cristos. E depois quem nos garante que eles reproduziriam apenas Einstein? E se reproduzissem todos Hitler ou, como a senhora teme, mil Kissinger? A filosofia Hitlerista da ça pura não está inteiramente su perada e bastaria que um regime financiasse aquelas pesquisas que .. . Mas há mais. pesquisas não precisam de apare lhagens grandiosas; com a tec nologia moderna podem realizarse em qualquer laboratório. A tec nologia, de fato, está ao alcance de todos e não é necessariamente custosa. Até os países podem ma nipular os nascimentos e usá-los politicamente. Neste sentido Aldous Haxley errou. O seu livro era genial mas errado. E

Porque a sociedade que ele ima ginava era, ainda, uma sociedade industrial e, nos países ultra de senvolvidos já se está vivendo uma revolução na era industrial; isto é, uma revolução tecnológica. Muitos, sobretudo na Europa, con tinuam a ver o futuro como o descreveu Charlie Chaplin em “Tempos Modernos": grandes fá bricas, cadeias de montagem, etc. Como por exemplo as cidades de Detroit, Pittsburg, Turim. Mas esse não é o futuro. O futuro é a eletrônica, é a viagem espacial, é a televisão das “videocassette”, é o computador em casa, a “xerox’' em casa, é o trabalhador de ca misa branca e colete duro, é o pro letariado burguês que de um certo modo não é mais proletaiíado, mas burguesia, é a produção indi vidual e não a produção em mas sa, é o ocaso da fábrica Em su ma, é a tecnologia ao alcance de todos e aplicada em tudo, até o desespero. Forneço-lhe um exem plo. Até hoje, os americanos ves tiam-se com roupas já feitas, ta manhos 10 ou 12 ou 14 ou 16. Na nossa sociedade industrial não era mais possível fabricar roupas sob medida e assim tínhamos fábricas com máquinas em condições de cortar até dez mil roupas por mi nuto; tamanhos 10 ou 12 ou 14 ou 16. Mas duas corporações inventa-

-ram máquinas diferente-., e, máquinas que não cortam mais dez mil roupas por minuto, cortam uma de cada vez, sob medida. A coisa mais extraordinária é que não há necessidade de serem to madas as nossas medidas ou de experimentar a roupa; basta dei xar-se fotografar por uma má quina especial, depois colocar a fotografia em um computador que providencia o resto.

Não é também esse um processo industrial?

do de pensar, daquela civilização. Relacione isso com o que está acontecendo no campo da biologia e entenderá onde quero chegar. Ao ocaso da familia, suponho. Ou à morte da familia?

Eu não diria morte mas ocaso, ou pelo menos declínio. O declí nio da familia nuclear, isto é, da família composta pelo pai, mãe e filhos; o modelo imposto e dese jado pela sociedade industrial. Se olhamos para a família modelo da sociedade agrícola e de qualquer dos países ocidentais antes da re volução industrial, vemos realmen te que ela era diferente; compu nha-se dos avós, dos tios, dos pri mos, dos netos, dos parentes po bres, enfim, de um grande número de pessoas. Viverem tantos jun tos era uma necessidade econômi ca considerando que todos traba lhavam nos campos; quanto mais numerosa a família, mais cultiva da era a terra. A revolução indus trial criou uma outra necessidade, a da família reduzida ao indispen sável, a família móvel, em condi ções de deslocar-se na cidade e de cidade em cidade. Não havia mais lugar para os avós, os tios as tias, os primos, os sobrinhos, os parentes pobres. Eram sobrecarga expressiva para os deslocamentos e para a própria cidade. E assim, surgiu a família nuclear; o inteiro sistema começou a forçar para que a gente se tornasse membro da família nuclear, e de nenhuma outra. Quem, por exemplo vivia só e recusava ter

Não. É um processo tecnoló gico que anula a produção em massa e torna a grande fábrica inútil. Ou a fábrica entendida co mo aglomerado que emprega mi lhares de pessoas e requer a sua presença em horário determina do. Os operários, de fato, podem levar o trabalho para casa e o ne gócio reflete-se sobre a cidade surgida em volta da fábrica. Peter Goldmark, o inventor do “vi deocassette" já está trabalhando em um projeto que é uma alter nativa para as cidades industriais e que, na prática, consiste no sur gimento de pequenas comunidades onde seja possível deslocar-se sem automóvel e em que cada um se comunique com os outros graças à tecnologia. E eis o ponto. Quan do se fala de industrialismo a gente pensa somente nas fábricas e na produção em massa; nunca pensa que isso é também pin modo de viver, um modo de pensar, uma civilização. Ao que leva o ocaso da era industrial? Ao ocaso da quele modo de viver, daquele moSomente dela

filhos, era considerado herege. Com um tal fim, ficamos absolu tamente convencidos de que o ca samento era símbolo de amor e que 0 único casamento aceitável era o casamento por amor. O amor foi institucionalizado com a cum plicidade da literatura. E a famí lia tornou-se uma máquina de produzir trabalhadores industriais, operários da fábrica.

É um raciocínio marxista.

Em parte, sim. Para explicar a civilização industrial é preciso, ao menos por um pouco, vestir a roupagem marxista. E é vestindo a roupagem marxista que lhe expli carei como a família nuclear tornou-se uma máquina para produ zir trabalhadores

industriais. Tornou-se, assim, através da cola. esNa sociedade agrícola, de fato, cada função social surgia seio da família; da função econô mica à religiosa e à educativa. Na sociedade industrial, ao contrário, tais funções desapareceram e logo coube, à família, apenas o dever de parir crianças e criá-las, sim bolizando certas necessidades psi cológicas. Refiro-me à companhia, à amizade, à colaboração, e a tudo que tem o nome de amor. O dever de educar os filhos passou a um instituto chamado escola. no E 0 que ensinava a escola? Antes de tudo, a pontualidade: quando toca a campainha, deves entrar na es cola, assim como quando toca a sirena deves entrar na fábrica. Depois a obediência; quando o prpfessor te dá uma ordem ou te re-

preende, deves obedecè-lo como se obedece ao patrão da fábrica ou ao diretor. Enfim, a rotina; a re petição dos mesmos gestos, dos mesmo conceitos, até o tédio, até a náusea, como a cadeia de mon tagem. O que se ensinava e ainda se ensina na escola não é a histó ria, a geografia, a matemática; é a disciplina vista como pontualidade-obediência-rotina. Isto é. o exercício para o sistema autoritá rio da fábrica, o qual não pode existir sem o rebanho disciplinado que se chama classe trabalhadora

E, em que momento, doutor Toffler, o senhor tira a roupagem marxista?

Principalmente quando me lembro que a sociedade é muito mais complicada do que crém os marxistas. Os marxistas erram sustentando que a única causa é a economia. O conceito newtoniano da causalidade única, que está na base do marxismo, não se sus tenta, se observarmos que a socie dade é composta de numerosas forças que agem, simultaneamen te, uma sobre a outra por milha res de decisões, tomadas em mi lhares de lugares diversos. A arte e a literatura, por exemplo, não são superestruturas determinadas pela economia e, às vezes, prece dem a economia em vez de seguila. Mas, sobretudo, devo despir a roupagem marxista quando paro de explicar a sociedade industrial e preparo-me para explicar a so ciedade tecnológica. Porque a

Digicsto Econômico

grande revolução da sociedade tecnológica, não é econômica; é cultural, moral, psicológica. Na sociedade agrícola, a relação entre as pessoas era, substancialmente, a relação familiar e as mudanças eram mínimas, como os novos en contros. Na sociedade industrial, superado o caos do inicio, a rela ção ceiitral era a relação familiar, alongada no tempo. Na sociedade tecnológica, são muitas as rela ções e todas curtas. Não somente graças ao telefone, à televisão, ao aéreo, aos vários meios de trans porte e de comunicação, a socie dade tecnológica nos oferece no vas informações e novos encon tros: e até novas profissões e no vas experiências de vida. Por isso nada de idéias, nada de fantasias, nada de permissões. Tudo a uma velocidade fantástica; no trans-

de informações e de encontros? A falta de emoções. Conhecemos tanta gente e tantas coisas, mas ficamos frios. Temos uma espécie de medo de desenvolver uma ami zade, de aprofundar um amor. Pensamos: e se depois o perco com a mesma facilidade com a qual o encontrei? E se eu ou ele formos trabalhar em um outro pais, em uma outra cidade? Re sultado, as crianças que antes eram educadas na disciplina, na rotina, agora são educadas nlo acreditando na permanência, na quilo que dura, aprendem a tro car-se números de telefone, sa bendo que, no máximo, usarão so mente aqueles, por algum tempo e pronto.

E isto rejlete-se na familia. correr de poucos anos verificamse mudanças que, antes, não se ve rificavam nem em trezentos anos. E qual é a primeira consequência desta aceleração? A relação que dura pouco, que se interrompe. Pessoas que, no passado, não teriam acreditado poder encontrarse, encontram-se, sim, mas pelas mesmas razões pelas quais se en contram, logo depois se perdem; dividem-se, deixam-se. Mesmo que não queiram. Com uma outra consequência.

A superficialidade. Além de "bre ves, as relações tornam-se super ficiais como as informações que nos são fornecidas, pelo excesso de informações.

Exatamente. E o que provoca esta superficialidade, este excesso

“É

Na familia, no amor, no sexo. Isto explica, como exemplo, por que tantos jovens vão para a cama mal se encontram e dizem: um modo de nos conhecermos sem véus”. Explica a intimidade ins tantânea, a amizade instantânea; ambos conscientes de que logo não se verão mais. Qual é pois a so ciedade na qual vive a família de hoje? Uma sociedade baseada nos produtos temporários, nos lugares temporários, nas relações tempo rárias, nos sentimentos temporá rios, nas famílias temporárias. As famílias, enfim, para jogar fora como as caixinhas vazias. Não se casa mais com a idéia de que será para toda a vida. Seria bom que assim fosse, mas secretamente

percebemos que, segundo o cál culo das probabilidades, isso é um sonho e nada mais. Os vossos antidivorcistas, na Itália, fazem mal em dizer que existem tantos di vórcios porque se vive em uma so ciedade tolerante. A tolerância não tem nada com isso, como não tem a pornografia, o aborto, os hippies. Os divórcios existem e em tão grande número, porque vi vemos em uma época de revolu ção tecnológica. O verdadeiro mo tivo é a aceleração à qual estamos sujeitos pela mudança continua. Quando tudo se apressa e muda, também a família muda e acelera o seu fim.

Há um ponto fraco nesta versa: o C071mesmo que observei qua7ido falavamos do “cloning" e dos embriões transplantados. _ , Re- fere-se à sociedade tecnologica- ^ mente superdese7ivolvida, isto é, à América. ’

Não, não acontece somente aqui. Aqui acontece antes, simplesmen te porque somos um país que pletou, primeiro, a sua revolução industrial e um país tradicional mente móvel. A revolução tecno lógica está acontecendo e acon tecerá em toda a parte, mesmo nos países pobres; aliás será tecnologia que os tornará menos pobres. Não se esqueça de que a nova tecnologia é tão monstruosa mente fácil de usar, que até um rapazinho pouco inteligente o conDigamos que em alguns com-

particular à União Soviética, por um motivo evidente. Os países co munistas permanecem fiéis a um sistema tradicional e arcaico, por que continuam ligados à típica sociedade industrial. A sua estru tura é ainda, a dos países em via de desenvolvimento, enquanto lhes restam largos setores baseados na agricultura e ainda não comple taram a sua industrialização. Não se transformaram em uma socie dade móvel e não estão sujeitos ritmo acelerado da mudança.

As suas escolas, as suas famílias, continuam a produzir cidadãos dis ciplinados, condicionados ao tripontualidade-obediénciaNão só por razões econôpor razões nomio rotina, micas, mas também, políticas. Eles bem sabem que, realmente, toda mudança traz idéias novas e que, quando as idéias novas aparecem no hori zonte, todo sistema está em peri go. Em outras palavras, os países comunistas estão presos na arma dilha por um dilema insolúvel: acomodar-se ou não? Desejariam tornar-se uma civilização contem-

porânea, naturalmente, mas tornar-se uma civilização contempo¬ rânea, significa tornar-se uma ci vilização tecnológica, significa en frentar mudanças que os aterroConceda um pouco de lia rizam. berdade, repito, e tudo oscila. As¬ sim, ei-los atrelados a um siste ma industrial que deverá cair mas que, por ora, não podem permitirse ao luxo de deixar cair. Ei-los ligados à família nuclear, embo ra tenham entendido que não é segue, países 0 processo demorará. Reíiro-me aos países comunistas, em

mais 0 modelo dominante e cada vez será menos o modelo domi nante.

E qtial é, segundo o senhor, o sistema fa7)iiUar que acabará por predominar?

Nenhum. Uma vez rompida a família nuclear, o modelo transforma-se em muitos modelos. Um destes será, apesar dos divórcios, a família nuclear. E não deve ria nem mesmo dizer “apesar dos divórcios’': no fundo, somente o divórcio sustenta a família nu clear em pé, porque, quase sem pre, provoca a formação de outras famílias nucleares. Divorcia-se, em geral, para casar-se novamen te. Os outros modelos, depois, se rão infinitos. Já o são. Veja o caso da mulher que não quer a carga de um marido, mas deseja ter um filho. É o caso mais fre quente na América onde uma criança, em cada quatro, tem a mamãe e não o papai. Pois bem, aquele é um novo tipo de família. Ou então considere o caso do ho mem que vive com os filhos e não com a mulher. Também este é frequente na América, onde o mo vimento feminista causou muitos divórcios e muitas mulheres fo ram-se embora, não para tornar a casar, mas para viver a sua pró pria vida. Indo embora, deixaram o filho ou os filhos com o ex-ma rido. Mesmo esta, é uma família: ou seja, o caso dos homens soltei ros que adotam uma criança, o que na América e na Inglaterra é permitido. Até essa é uma famí-

lia. Ou então, o caso de um ho mem e de uma mulher que vivem juntos sem ser casados. Também essa é uma familia. E depois, 0 caso de dois homosexuais ma chos que vivem juntos. Até essa, na minha opinião, é uma família. Enfim, 0 caso de duas lésbicas que vivem juntas e que querem um filho, de modo que uma delas deixa-se engravidar e depois, em conjunto, criam o filho. Mesmo essa, no meu parecer, é uma fa milia.

Então é necessário perguntar-se 0 que é uma íamília.

Uma familia são duas ou mais pessoas que partilham a vida por um período de tempo, e têm certas funções em comum, mente essas funções são o sexo, o amor, a companhia. Ás vezes, até a função de parir um filho ou de adotá-lo e, naturalmente, de criálo. O que é certo é que uma fa mília, hoje, não é mais um núcleo econômico-; as suas funções eco nômicas estão completamente su peradas, mesmo porque não se po de mais misturar a economia de duas pessoas que vivem uma re lação temporária, uma família temporária, que não ficarão juntos para sem pre, mesmo se o quiserem, tomase natural manter as duas econo mias separadas.

Portanto é mais justo falar do ocaso do matrimônio do que do Qcaso da familia. Habitual-

Quando dois sabem

Não sei, Muitos não se casam desde o inicio da sua longa re lação Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir. Casos semelhantes aumentarão. Ao mesmo tempo aumentará o número dos que vi vem sós, na fase da passagem de uma família temporária para uma outra familia temporária. E a so ciedade tecnológica deverá con siderar isso. Já está ciente. Na Califórnia já existem conjuntos arquitetônicos construídos para os “unrelated to others”, aqueles que não têm ligação com outros; as Trata-se de apartamais, numerosas famílias são ago ra famílias que a lei não reconhe ce como tais, todavia continuam, muitos, a casar-se. A minha sus peita é que 0 casamento se tor nará, cada vez mais, uma ceri mônia que não tem valor legal, como já acontece na América. A coisa faz-se assim; convidam-se amigos e parentes para uma reu nião, lê-se uma poesia ou um tre cho de Shakespeare, faz-se uma festa e juntam-se, sem assinar coi sa alguma e sem mudar de sobre nome.

O fenômeno, obviamente, é mais frequente nas cidades tec nológicas como Nova York ou Los Angeles, mas está se espalhando até pelas cidades industriais. Nos últimos cinco sairam tantas variantes não le gais que mais tarde ou mais cedo, a lei e a burocracia deverão cur var-se ante tal realidade; não po derão ignorar mais a mudança, insistir nos velhos processos jurí dicos. É inconcebível continuar com uma jurisdição baseada família nuclear e indiferente caso de milhões e milhões de ci dadãos que vivem outros modelos familiares.

na. anos na América

pessoas sos. mentos minúsculos, mas providos de estruturas que permitem rece ber muitas pessoas. Por exemplo, a estrutura do jardim com pisciQuem vive só, enfim, não é mais considerado um herege ou

E sempre o sera um pecador, menos.

iSe biem gue não se trate da mu lher, doutor Toffler, 7ião existe tecnologia no mundo gue possa anular a lavagem cerebral impos ta por milênios, através de reli giões, da sociedade patriarcal, da divisão do trabalho. Queremos, por isso, falar do papel gue a mu lher terá na sociedade de amanhã. Pior: acredita gue esse papel mu dará?

E agueles que vivem sós? Viver só não é talvez uma outra carac terística do presente e do futuro?

Sem dúvida. Já existem homens e mulheres que, não obstante li gados por profundos vínculos afe tivos, sexuais e morais, vivem em casas separadas. O que fazem

Sou um grande defensor do mo vimento feminista. Considero-o um movimento são, precioso e o veículo mais importante da re volução superindustrial tecnológi ca; movimento que, mais do que qualquer outro, reflete as suas mudanças e as acelera. Mais do que um movimento social, antes o na ao

considero, realmente, um movi mento politico-sindical e respon do: será esse o movimento que transformará o papel da mulher.

Já transformou muito; nos escri tórios, nas fábricas, nas famílias, nas relações sexuais. E agora está exercendo uma ação politico-sin dical que não pode deixar de pro vocar graves mudanças; aquelas relativas ao super trabalho da mulher, por exemplo. Não é pre ciso vestir 0 uniforme marxista, para dizer que a mulher sujeitase a uma triplice exploração: a que lhe é imposta pelo que dá o trabalho; a que lhe é imposta pe los sindicatos que estão de acordo em pagar-lhe menos que ao ho mem; a que lhe é imposta pelo marido dentro de casa. O fato de que alguns maridos ajudem a la var os pratos, bem o sabemos, não significa coisa alguma; em noven ta e nove por cento dos casos, o trabalho caseiro pesa sobre a mu lher, mesmo que ela tenha um emprego. Pois bem; os economis tas, como os sindicatos, fecham os olhos para o negócio. Real mente fingem ignorar que todo o produto nacional de um país, de pende do trabalho caseiro, que o trabalho caseiro representa uma contribuição econômica funda mental para a sociedade; que sem ele a economia oscilaria. E quan do condescendem em reconhecer tal verdade, como é inevitável, de vemos agradecer isso ao movimen to feminista. Mas precisamos também lembrar que esse movi mento nasceu na América, isto é,

em sociedade tecnológica e que não teria podido desenvolver-se sem os computadores, quer dizer sem a cultura nova e as idéias no vas introduzidas pela tecnologia.

Sim, mas o problema não é sin dical. É moral e biológico.

Em outras palavras, resta o fa to de a mulher dar à luz, de ser sacrificada pela gravidez e ama mentação, de sofrer as discrimi nações morais dessa realidade biológica. Concordo, mas não po dería a biologia tecnológica solu cionar isso? Talvez sou um ro mântico, talvez um utópico, mas assim como temo que certas des cobertas escapem ao nosso con trole, espero que possam ser aplicadas de modo inteligente. Quero dizer: Não se disse que o trans¬ plante dos embriões seja necessa riamente mau; poderia tornar-se uma forma de adoção. Se no caso das vacas o problema é ter mais bezerrinhos, no caso dos humanos, 0 problema não é parir mais crian ças, mas adotar as já concebidas. Pense bem nisso; a descoberta po deria ser explorada para resolver 0 problema do aborto, ou melhor, 0 trauma do aborto nas mulheres que não querem filhos. Não es queçamos que, se muitas mulhe res não querem filhos, outras tan tas os querem e não podem tê-los. E uma sociedade em que a família não é mais a familia nuclear, não vejo porque uma mulher estéril não devesse prestar-se ao trans plante do embrião de uma mulher que, de outro modo, abortaria.

E se, ao contrário, o transplante dos embriões se tornasse um co mércio, como 0 senhor mesmo di zia? Se as mulheres fossem usa das ou se deixassem usar como as vacas? Muitas produtoras em lugar das amas que numa época vendiam o próprio leite?

Uma mãe ve-

enmais ou que, são necessários Mas então porque

Sei disso. Em uma sociedade to talitária isso seria possível e realmente os nazistas nos prova ram; já 0 consideramos falando do “cloning”; mas existe o outro lado do negócio e insisto em dizer que o transplante dos embriões poderia ser uma coisa boa. Al guma vez indagou-se se os pais melhores, são os jovens ou os ve lhos? Na minha opinião são velhos, porque têm mais experiên cia, mais tempo, mais doçura e menos distrações, lha é 0 que se pode desejar de melhor para uma criança. No tanto, por volta de quarenta e cinco anos e mesmo antes, acon selha-se a mulher a não ter filhos ou 0 seu primeiro filho porque poderia nascer doente mongólico. Com repugnante bru talidade, costuma-se dizer para ser mãe, ovos frescos, não transplantar um óvulo fresco no ventre de uma mulher que não é mais jovem? E porque não au mentar a adoção das crianças lo go que nascem, por velhos de ses senta anos e mais? Porque não criar uma classe de pais velhos e tornar felizes tantas crianças e tantos velhos marginalizados por uma sociedade que, na maior par¬

te dos casos, os coloca em pen sões e os ignora? Porque não li vrar os jovens do peso da mater nidade e da paternidade, deixando-os apenas conceber? Eu não faço esforço algum para imaginar uma sociedade do amanhã. Quan do menos, seria o fim daquela es túpida frase ligada ao princípio da propriedade: “voz do sangue” — essa frase, que só de ouvi-la sinto 0 desejo de segurar uma me tralhadora e disparar. Porque sabe à suástica, a passo do ganso. Foi a monocultura da sociedade industrial que no-la ensinou, nias a multicultura da sociedade tec nológica nos livrará dela.

Enfim, o senhor está mesmo convencido de que os conceitos morais que nos oprimiram, atê hoje, estão fadados a desaparecer.

Absolutamente. E tenho pro vas: que me foram fornecidas pe la revolta das mulheres e dos jo vens, dos estudantes. Na Europa vós politizastes muito a revolta dos estudantes, não percebestes que ela era social e não política; isto é, dirigida contra a escola da sociedade industrial, contra seu tríplice mandamento: obediênciapontualidade-rotina, não contra governos. De acordo, o fenômeno é muito mais complicado para vós do que para nós. Alimentado pela vossa bancarrota, pelos vossos dramas políticos, o fenômeno produz estudantes que espancam os professores. Quer dizer, um fascismo invertido. Sei, sei. Mas 0 autoritarismo conduz ao autori tarismo e, para isso, e para nada

mais, educamos os jovens. Assim, agora eles nos dão a resposta que lhes ensinamos, impedindo-os de pensar e comandando-os como a operários de uma fábrica. Não será talvez um comunismo auto ritário a desafiar o capitalismo autoritário? O verdadeiro drama é outro: os jovens revoltam-se sem saber em nome de que se re voltam. Como nós, não têm idéias. Como nós, ainda não encontraram os valores pelos quais substituir os velhos valores, até hoje, repre sentados pela igreja, pela escola, pela moral inventada pela igreja e pela escola.

O fato é que aquela moral teve séculos e séciilos j)ara desenvol ver-se. Nós, ao contrário, temos somente poucos anos à disposição.

Exato, Imagine uma tribo afri cana que vive à margem de um rio. Tudo que um menino daque la tribo deve aprender é pescar naquele rio, como os seus pais e os seus avós e os seus bisavós fi zeram, por milhares de anos. Mas se a quinhentas milhas de distân cia chega alguém com dinamite e tratores e constrói um dique se cando aquele rio, o que acontece à tribo e ao menino da tribo, ao qual ensinaram somente pescar no rio. Não há mais rio. Os hábitos, as emoções e os valores, no curso dos séculos, não ajudam mais nem à tribo, nem ao menino. Pois bem, somos como aquela tribo; como aquele menino. A dinamite e o trator secaram o nosso rio, de modo que nos sentimos perdidos e impotentes, já que só sabemos

pescar no rio. Mas há uma dife rença entre nós e aquela tribo africana: a tribo africana não sabe, nem ao menos, que o rio secou por causa do dique cons truído com a dinamite e com os tratores; nós, pelo contrário, mos chegar a dinamite e os tra tores.

E entretanto não soubemos cal cular as suas consequências, isto é, 0 futuro e continuamos a ensi nar Dante e Virgílio e Parini. é isto que pensa?

Somente há poucos anos sistema

Nós, na América, ensinamos também as ciências; mas sem di zer para que serviam ou para o que poderíam servir. Sem ensi nar os valores. Nós lhes falamos do transplante dos embriões, sem dizer o que significa e èm que sentido podia ser aceito ou re cusado. Somente, há poucos anos, na América, ensina-se a sociolo gia do futuro, isto é, as discipli nas intelectuais ampliadas para o futuro, compreendemos que o americano não pode durar mais do que um quarto dc século ainda, que a revolução produzida por Washington, Jefferson, Tom Payne, é, hoje, como um trem puxa do por uma máquina a vapor; e este atraso é uma culpa' imper doável. Explicando melhor, sem pre recorrendo ao exemplo da tri bo africana. Em uma sociedade que não muda, o passado tornase o presente e o presente tornase futuro. Assim, o futuro pare ce-se com 0 passado e o melhor modo para preparar-nos para o VI-

PAs velhas forças capitafuturo é estudar o passado. A pes ca no rio. Em uma sociedade que muda moderadamente, ao contrá rio, 0 futuro parece-se com o pre sente e 0 melhor currículo para preparar-nos para o futuro é es tudar o presente. Mas em uma so ciedade que muda rapidamente, o futuro não se parece nem com o passado nem com o presente; é futuro absoluto. Assim, o único currículo para o futuro é o pró prio futuro, imaginado e escolhi do antes que chegue. É necessá rio trabalhar a fantasia, decidir com antecipação o que queremos fazer com os embriões transplan tados. Ainda que individualmente.

O doutor Toffler não quer me dizer que a sociedade do íuturo oferece escolhas individuais.

Ao contrário, sim. A tecnologia não favorece o sistema autoritário, porque oferece infinitas varieda des, infinitas escolhas. Oferece vários modelos de família, ofere ce... os “videocassettes”. Olhe que o “videocassette” é importan tíssimo. Com ele qualquer pessoa pode ver na televisão o que quer, não é mais obrigada a deixar que o seu cérebro seja levado por pro pagandas impostas e iguais para todos. É como ler um livro esco lhido entre mil livros, em vez de escutar um sermão na igreja. É importantíssima tam|Dém, a morte dos grandes semanários como “Li fe” e “Look” e o nascimento dos semanários que imprimem poucas cópias. Os primeiros monopoliza vam o pensamento de milhões e milhões de leitores, os segundos

favorecem a multicultura. Eu não excluo a possibilidade de que o futuro próximo nos traga totalita-

rismos.

listas, por exemplo, tentarão, de sesperadamente, manter de pé o sistema industrial para, assim, instaurarem novos regimes autocomunistas Os países rítários. permanecerão, ainda, cristalizados seus regimes autoritários, mas por muito tempo. Quando os paises comunista.s se convencerem de que Marx tinha razão sobre muitas coisas, mas não a tinha em muitas outras, quando as ve lhas forças capitalistas resignadeterioração total nos não rem-se com a do industrialismo, então, os totalitarismos cairão.

O serihor fala como se o voder fosse uma simples palavra.

O poder é a capacidade de mu dar o futuro ou de forjar o futu ro, segundo sua escolha. Quando você tem de aceitar um futuro que não escolheu, não tem poder. Hoje 0 poder tem de aceitar um futuro que não escolheu: o siste ma tornou-se tão complicado, pela rápida transformação, que, fre quentemente, aqueles que estão no poder não têm poder. Não con seguem controlá-lo mais, nem no nível governamental, nem no ní vel político, nem no nivel econô mico, nem no nível moral. Deve preparar muita gente que lhe es capa da mão e quanto mais alta a pirâmide, mais se sente impo tente. É inútil procurar razões pe las quais, na América, o telefone não funciona mais como antes ou

na Inglaterra o correio não fun ciona mais como antes, ou no Ja pão as ferrovias não funcionam mais como antes; é inútil interro gar-se porque, na Itália, não fun cionam mais as ferrovias, nem os correios, nem os telefones. A ra zão é uma só: o sistema tornouse tão complicado e assim tão de pendente de escolhas individuais

ou de grupo, que não é mais con trolado de cima. Ou melhor, não é mais controlado porque procurase controlá-lo com os sistemas e com a cultura da sociedade indus trial. Tentar resolver os novos problemas com a sabedoria dos três últimos séculos, significa sim plesmente alimentar o caos.

E agora? Qual o caminho de saida; a nova civilização?

É muito cedo para saber qual será a nova civilização. E o ca minho de saída está apenas na fantasia: isto é, na reação aos acontecimentos, inventando res postas. Podemos apenas imaginar a nova civilização; partindo do fato de que, quando um sistema se torna muito complicado e não mais manejável, é preciso dividilo em muitos sistemas pequenos e manejáveis. Por exemplo, é ne cessário caminhar-se em direção de uma economia mais democrá tica, quer dizer, baseada na autogestão. Ao mesmo tempo cabe caminhar para grupos comunitá rios que pela recordação, levam

a um passado remoto mas que. com 0 passado remoto nada tem a ver na medida em que forem organizados em bases altamente tecnológicas. Tecnologia indivi dual... Como vê não estou falando de socialismo. No passado eu teria podido definir-me como socialista, hoje não. A palavra socialismo realmente, é interpretada em sentido tradicional; a pa lavra socialismo é tão antiquada quanto a palavra capitalismo, por que requer centralização, nacio nalização e a história nos demons trou que a nacionalização não re solve os problemas, porquanto é ineficiente, antidemocrática e a centralização é um fenômeno in dustrial. O futuro, repare: o fu turo eu 0 vejo como um misto de sentido mais nobre

anarquia no da palavra e de sindicalismo no sentido mais novo da palavra. Mas não existe uma síntese in telectual das duas coisas. É muito cedo. Mas está simultaneamente muitos países e de muitas forO futuro não é o resultado Não. amadurecendo em mas. de uma ou duas ideologias, mas de mil ideologias decompostas em .mil É uma arquitetura ba- escolhas, seada na imaginação de todos e infinitas oportunidades, isso não sou pessimista. Sem tar que sê-lo, é politicamete peri goso, porque produz inativos e paralizados. Nova Iorque, Abril Por conem o

BRASIL;- NATIONAL DISTILLERS PRODUZ VINHOS FINOS — Com 0 objetivO de dar grande impulso à indústria viti.vinifera brasileira, com o estabelecimento de unidade agro industrial em Bagé, Rio Grande do Sul, a National Distillers do Brasil, subsidiária da National and Chemical Corporation acaba de estabelecer uma opera ção no Pais que servirá de base para a implantação em grande escala da produção de vinhos íinos.

BRASIL:- FORNO DE CAL DE FLUXO PARALELO — A ICAL — Indústria de Calcificação S.A., com sede em Belo Horizonte e mina (pe dreira) de calcário e instalações industriais no Município de Vespasiano, está terminando a construção e montagem do primeiro forno de cal de fluxo paralelo da América do Sul, patente da firma suiça Maerz Ofenbau AG, forno este especialmente desenhado e projetado para a produção de cal industrial de alta reatividade, para atendimento dentre outros e prin cipalmente, da siderurgia X,D. A conclusão do referido forno, a par de permitir à ICAL manter sua posição de uma das empresas brasileiras líderes no setor, significará a complementação do Plano de Expansão da Empresa, constante, basicamente, de uma instalação de Britagem e Peneiramento de calcário para 2.000.000 t/ano, de alta flexibilidade em ter mos de atendimento das diferentes faixas granulométricas exigidas pelos diversos mercados-construção civil, fábricos de pré-moldados de concre to, siderurgia, pó calcário para agricultura em pleno funcionamento, e o acréscimo de sua produção de cal virgem, das 400 t/dia atuais em 3 fornos, para 700 t/dia atuais em 3 fornos, para 700 t/dia em 4 fornos; a estes produtos devem ser ainda acrescentados 250 t/dia de cal hidratada.

FINLÂNDIA:- NOVA MÁQUINA PARA

PRÉ-PROCESSAMENTO DE POLPA — Um método, destinado ao pré-processamento de polpa em fardos, madeira moída e reciclagem de material rejeitado nas linhas de produção, foi aperfeiçoado recentemente na Finlândia. A Oy Suomen Va- nutehdas-FINNWAD Ltd., após um ano de pesquisa, desenvolveu uma unidade compacta, e com alta flexibilidade. O espaço total do piso exigido para uma unidade completa, incluindo os refinadores para quatro máqui nas conversoras, é inferior a 150 metros quadrados. Uma unidade piloto já se encontra em operação na fábrica da FINNWAD e vem apresentando ótimos resultados quanto à capacidade e qualidade do produto final. O novo equipamento recebeu o nome de "sistema FINNWD”. O interesse geral concentra-se em torno da flexibilidade do novo maquinário, pois ó possível alimentar uma ou quatro máquinas conversoras. É possível, tam- bem, ehminar-se a madeira moída ou os componentes rejeitados na des- fibraçao, sem que seja necessário modificar a produção do sistema. O maquinario da FINNWAD é constituido de três unidades desfibradoras para polpa em fardos, madeira moída e componentes rejeitados respecti vamente, combinados com um misturador/distribuidor ahmentação para os refinadores. martelo comuns ou refinadores a disco.

0

BRASIL:- TORTA DE MAMONA — O laboratório de química de pro teínas, do Instituto Nacional de Tecnologia, órgão do Ministério da I^“ dústria e Comércio, está desenvolvendo uma pesquisa sobre o aproveita mento do valor protéico da torta de mamona, com o objetivo de expan dir a sua utilização na alimentação animal e setores industriais. Até agora o resíduo da mamona, obtido após a extração do óleo, é empregado apenas como adubo. No entanto, a baga da mamona possui 20 por cento de pro teínas que podem ser retiradas por métodos adequados, segundo pesquisas daquele Instituto. com unidades de Os refinadores podem ser moinhos a

STÁDOS UNIDOS: KISSINGER NOS ARRUINA

sE alguém não entende de música, não pode pretender ser diretor de orquestra. Henry Kissinger, o secretá rio de Estado americano, não "entende” de economia e não pode querer impor à América e aos seus aliados planos planetários para o petróleo e a energia.

Assim diz Paul A. Samuelson, prêmio Nobel de economia, docen te no "Massachusets Institute of Techlonogy”, economista que, no último quarto de século, contri buiu, através de seus livros, talvez mais que qualquer outro, para en sinar a milhões de pessoas em todo 0 mundo a "conhecer” a economia.

"L’Europeo” entrevistou o pro fessor Samuelson porque os planos grandiosos de Kissinger, após o fracasso da conferência prelimi nar sobre a energia em Paris, tornaram-se, ameaçadoramente, de grande atualidade e porque atin gem a Itália muito de perto. Em poucas palavras, os planos de Kis singer, que tiveram uma primeira exposição (para uso interno ame ricano) na mensagem sobre o es tado da União do presidente Gerald Ford em 15 de janeiro passa do e que foram esclarecidos (no seu aspecto internacional) pelo mesmo Kissinger, em uma confe rência no "National Press Club” de Washington, em 3 de feverei ro, significam o seguinte:

Paul Samuelson, ■prêmio Nobeí de economia, nos explica por que os planos de Kissinger para a ener gia ameaçam a recuperação eco nômica.

'■ O preço do petróleo deve per manecer alto por tempo indeter minado (e deve aumentar logo na América, através de um imposto de três dólares por barril), mesmo na hipótese de que os paises pro dutores decidissem dever baixá-lo.

A garantia de que o preço do petróleo permanecerá alto, indu zirá as empresas a desenvolver fontes alternativas de energia (engorduramento e liquefação do carvão fóssil, tratamento dos xis tos betuminosos, urânio, energia geotérmica, etc.);

Os países consumidores, à me dida em que dispuserem de novopetróleo e metano e de fontes al ternativas de energia, conquista rão uma posição mais forte, fren te aos países petrolíferos e não se sujeitarão mais, assim, a extorsões, econômicas e políticas;

Tudo isto deve acontecer dei xando livre jogo às "forças do> mercado”; isto é, às companhias petrolíferas multinacionais, que aliás já controlam, agora, uma boa parte das jazidas de urânio, car-

vão, xisto e são as únicas que têm os capitais e a tecnologia para fi●carem independentes dos “maldi tos sheíks”.

Para um pais como a Itália, a^ceitar o plano Kissinger significa alguma coisa diferente do que pôrse aó abrigo das extorsões dos sheíks. Dependentes como somos das importações de energia, o pla no Kissinger significa, para nós, ■cairmos nas mãos das multinacio nais petrolíferas e pagar energia mais cara, de agora até a eterni dade; apertando o cinto e renun ciando a administrar a nossa eco nomia e o nosso comércio inter nacional.

Muitos economistas e autoriza dos expoentes políticos america nos, acusam, porém, Kissinger não só de ser brando com as multina cionais, mas de sê-lo de modo de sastroso; o seu plano teria fra cassado porque não calculara andamento da economia. É este ponto de vista do professor Samuelson.

Nada de confusões

Professor Samuelson, o novo tributo americano sobre o petróleo ■e os projetos do secretário Kissin ger ãè manter altos os \preços da energia em todo o mundo indus trializado, estão suscitando preo cupações muito graves. Como o senhor vê a situação?

O problema da energia não é um problema a curto prazo, é um pro blema a longo prazo; qualquer que seja o raciocínio deve partir desta ●constatação: que não se trata de um problema imediato.

Ao contrário, hoje, encontramonos em face de um problema mui to importante a breve prazo: o recesso, que se está agravando, acompanhado da inflação que ainda não cessou.

Se fazemos alguma coisa para tentar resolver o problema da energia, a longo prazo, não fa zemos senão agravar os problemas que temos presentes: o do recesso e o da inflação.

Por isso o meu conselho é: coloquemos o problema a longo prazo a cozinhar em banho-maria. Esmude a tendência peremos que econômica, aguardemos a certe za de que começou a recuperação, esperemos que a inflação dos pre ços se acalme, que passe da infla ção com duas cifras à inflação com uma única cifra; então, mas só então, podemos começar a en frentar o problema da energia. Mas, uma vez que se tenha de cidido não misturar o problema do recesso e da inflação com o pro blema da energia, este último tios fica suspenso sobre a cabeça co mo a espada de Dámocles. O que fazer?

O problema da energia, proble ma de longo período, em minha opinião pode ser resolvido assim: na América devemos oferecer um preço alto para o petróleo deri vado dos xistos betuminosos, se se encontrar o sistema para utilizalos praticamente, devemos com portar-nos para com essas novas fontes de energia assim como nos comportamos para com o urânio. Mas devemos garantir este pre ço “somente” para os produtores

americanos de petróleo de xisto. Não há razão para manter alto o preço do petróleo em todo o mun do. Ao contrário, há razões para oferecer um preço alto àquele que enfrenta uma nova tecnologia, de outro modo, não executariam todo 0 trabalho experimental necessá rio, que é consideravelmente cus toso.

Se entenãi bem, 2jro/essor Samuelson, o senhor é de opinião que 0 aproveitamento de novas jontes de energia, como o petróleo do xisto seja estimulado através de subsídios especiais, no interes se jutv.ro do pais. Assim como se jinancia a pesquisa cientifica e técnica e o rejlorestamento.

Kissinger tem razão, com cer teza quando nos diz que não se pode procurar qualquer um para convencê-lo a investir uma imen sidade de dinheiro para desenvol ver a exploração industrial de no vas fontes de energia, como xisto e a gaseificação do carvão e, de pois, -se o cartel petrolífero do OPEC se esfacela e os preços do petróleo oscilam, abandonar aque le alguém à sua sorte.

Mas Kissinger falha quando, na previsão de que o cartel petrolífe ro possa esfacelar-se chega a dizer-nos que é necessário man ter, de qualquer maneira, altos os preços do petróleo, com o fim de garantir lucros para as empresas que enfrentam o desenvolvimento de outras fontes de energia.

O perigo é que, os Estados Unidos, se devesse continuar a tendência atual, em vez de importarem três milhões de barris por dia, sobre

dezoito que consomem, chegassem a precisar importar doze milhões por dia sobre vinte e três.

Sou favorável por isso, a pagar um preço para diminuir a depen dência dos Estados Unidos do exte rior, desde o momento ém que, as fontes de reabastecimento Mas

nossas atuais parecerem precarias. suponhamos que, amanhã, o cartel petrolífero se esfacele por causa dessas fontes alternativas de ener gia ou porque a nossa procura di minua; a procura da Itália dimi nui e toda a Europa reduz a prode petróleo. E suponhamos concura que os países produtores nao sigam mais vender todo o seu pe tróleo. Neste caso, eu não dese jaria que se voltasse simplesmen te à situação anterior, isto é, a depender em tudo e por tudo dos mesmos países produtores. Eu não faria outra coisa senãO' importar petróleo e armazená-lo. Alguns pesquisadores do MIT cal cularam quais seriam os custos e- a coisa é possível. Isto nos poria abrigo de qualquer queda re pentina dos preços. Não podere mos mais ser explorados. O segreao do do sucesso seria importar o pe tróleo mesmo a preços ínfimos, mas não usá-lo como temos feitoaté agora; quer dizer, evitar que nossa economia fique de nove condicionada pelos preços baixís simos do petróleo importado e, por tanto, sujeita a qualquer extorsãoO petróleo larmazenado seria a volante da economia no setor ener gético. (L’Europeo, 16-5-1975) a

Queda e avalanche

Samuelson chega a ser extremamente crítico nos confrontos das economias que inspiraram e con tinuam a inspirar a política con juntural do governo americano.

“Se derrubardes o atual recesso € olhardes o que está escrito em baixo”, diz, “lereis: “Made in Washington”, a baixa da produção foi forçada, não é uma coisa aci●dental.

“A intenção de quem tomou es ta decisão era arrefecer a econo mia”, diz ainda Samuelson, “e ao contrário, provocou uma avalan che incontrolável”. O produto nacional bruto dos Estados Unidos toi diminuído no primeiro tri mestre deste ano a um juro anual de 10,4 por cento, a queda mais brusca jamais registrada de 1947 até hoje.

O efeito da avalanche da qual fala Samuelson já se faz sentir em todos os setores. As ferrovias licenciaram 32.000 dependentes entre dezembro e janeiro, porque os transportes carris diminuiram de 11,8 por cento nas primeiras cin co semanas desta ano. Os bancos reduziram os juros e têm dinhei ro em abundância, mas a ninguém

ocorre tomá-lo emprestado. Nesta { situação, o único sinal positivo, a baixa do juro de inflação de 14,4 por cento do primeiro trimestre de 1974 a 8 por cento, no primeiro tri mestre deste ano, se reveste de um significado, pelo menos, am bíguo.

O plano de Kissinger para a energia, diz Saniuelson, “não fa ria senão acelerar o curso da ava- t lanche para o abismo. Kissinger ) que se ocupe de relações de poder e deixe que outros assumam a di reção da economia".

com ela

Mas Kissinger baseou toda a sua última batalha na exploração da crise petrolífera, para atingir resultados definitivos: A América, única interlocutora dos potentados do petróleo (ar-

novos mados e protegidos pela lei), e fiadora da sobrevivência dos seus aliados, já de joelhos, pelos altos preços da energia, perfeito para as multinacionais. Há um ponto fraco: é que hoje, com o recesso, nem tudo aquilo que é bom para a Exxon é neces sariamente bom para a América.

É um plano

LTluropeo, 16-5-1975.

INGLATERRA:- PROCESSO THERMOSOL PARA TINGIR possível agora tingir-se fibras, tanto de algodão como poliéster ,num te cido misto, durante uma única fase de thermosol. Antes, era necessário, para esses tingimentos, um processo de dois estágios que era ao mesmo tempo caro e demorado. (Isto implicava no tingimento therrhosol da par te de poliéster da mistura, com corante de dispersão, seguido de uma fase de tingimento de algodão com corantes de enxofre, cuba, reativos ou diretos). Com o novo processo, empregna-se o tecido misto com um ba nho de tingimento contendo corantes apropriados para ambas as fibras.

A revolução eletrônica - despertar de uma nova era

nÁ cêrca de dois séculos na Grã-Bretanha, o progresso da ciência pura na aplicação prática, deu início à revolu ção industrial. O processo foi bastante acelerado neste século pela aplicação de recursos parti culares e do govêrno em pesquisas científicas e no desenvolvimento tecnológico, em volumes sem pre cedentes.

Essa aceleração já produziu efei tos em todos os níveis da socieda de humana. Somente nas três últimas décadas, permitiu que a humanidade conseguisse obter energia do átomo, explorar o códi go genético, cercar a terra com vi são e som instantâneos e vencer as correntes da gravidade.

Estamos agora no meio de outra tempestade que indica novas transformações tão fundamentais e penetrantes, que poderão cons tituir outra revolução. Ela se ori gina da tecnologia da eletrônica e, principalmente, das admiráveis habilidades implícitas em mate riais e aparelhos em estado sólido. Todo o campo da eletrônica apre senta hoje uma enorme atividade, realçada frequentemente por es petaculares descobertas na comu nicação de satélites, tecnologia laser, e informações sobre técni cas e processamento e desenvol vimento.

Poderemos realizar a maior e mais henefica revolução de todos os temvos.

Esses desenvolvimentos tecnoló gicos já revolucionaram nossos meios de comunicação — as ma neiras com que a geramos, trans mitimos e recebemos; os meios que usamos para acumulá-la, apanhá-la e utilizá-la. Os tempos de capacidade dos canais de comu nicação foram multiplicados mi lhares de vezes, da mesma forma trabalho de volume e velo-

que o cidade de informação. O impacto foi enorme, principalmente sobre grandes instituições públi- nossas cas e particulares e seus métodos de operação. Mas é evidente que esse admirável progresso repre senta somente um prelúdio, e muito mais virá.

As recentes pesquisas e desen volvimento da eletrônica, por exemplo resultaram em gran de escala, na fonnação de elemen tos transistores ativos aos milha res em mínusculas partículas para criar circuitos extensos, e até mes mo computadores completos, con tidos 110 espaço de alguns milíme tros quadrados. Essa nova tecno logia surgiu com surpreendente ra pidez. Até por volta de 1960, os-

transistores eram usados como dis cretos elementos, custando talvez 120 cruzeiros cada um. Hoje. até 10.000 deles podem ser incorpora dos num único circuito integrado, que custa de $80 a $160 Cruzeiros. Com o atual ritmo de progresso, unidades contendo um milhão de elementos poderão estar no mer cado com a mesma variação de preço, por volta de 1980.

Consideremos o que isso signi fica; um fornecimento de compli cados circuitos eletrônicos, produ zidos em massa e tão economica-

de trabalho efetuado hoje pelo homem ou pelas máquinas, exceto geração de energia e veículos de propulsão. Ela promete aumentar o impacto de tudo o que aconte ceu antes, e influenciar toda a atividade humana organizada, se ja ela institucional ou pessoal.

A revolução industrial levou mais de um século para atingir sua to talidade. A “revolução eletrôni ca” poderá conseguir o mesmo nas próximas duas décadas. Ao con trário de sua

predecessora ela será silenciosa e não provocará nem nem poluição ambiental, arruinação urbana, fazer suas modestas exigências de materiais e energia, não precisa remos saquear nosso planeta.

TA revolução industrial foi uma centralizante. mente, que seu uso involve um custo quase nulo por função, e feitos por um processo controlado com tanta precisão que são quase absolutamente seguros. Como no caso de muitos aparelhos de estado sólido, eles precisarão de muito pouca energia. Com variedade de aplicações, precisarão somente da energia fornecida por pequenas baterias, da mesma forma

Para satispoderosa

força comerciais com liA re- que os rádios transistores e calculadores ●de bolso de hoje.

DE VOLTA ÀS ORIGENS

Comparada com outras recentes e importantes conquistas da ele trônica, a ‘integração em larga escala tem baixa visibilidade. En tretanto, ela é talvez a mais ver dadeiramente radical, isto é, ela atinge as raízes. Ela lida com os blocos de construção, o material com que todo o resto é feito. Ela toca todas as funções de proces samento de sensação, controle, co municações e informação, na ver dade, praticamente toda a espécie

Transformou sociedades de lavra dores e mercados locais, numa complexa estrutura de emprêsas industriais e gações no mundo inteiro, volução eletrônica encorajará a flexibilidade e decentralização das atividades organizadas. Ela liber tará aqueles que tomam e execu tam decisões, para que se estabeçam onde quiserem.

A revolução industrial tendia a subordinar o indivíduo à organi zação, mesmo que isso multiplicas se as capacidades físicas humanas, a produtividade, e a riqueza ma terial. A revolução eletrônica transformará a eletrônica num instrumento pessoal de aplicação universal. Ela concentrará unia quantidade de sistemas e apa relhos com a energia que

OS faz funcionar — em embala gens tão pequenas, que poderão ser carregados na mão. Ela pro mete levantar o padrão individual, pela amplificação do poder da mente humana, e da precisão do controle humano, da mesma for ma que a revolução industrial am pliou a fòrça dos músculos hu manos.

O resultado durante o resto des te século, será uma fundamental e crescente modificação nos pa drões de trabalho e maneira de viver, baseada em melhores ma neiras de utilização do cérebro. Uma crescente quantidade de aparelhos bauatos, compactos e versáteis, desempenharão as mais simples tarefas da mente — cál culos, memorizações, pesquisas de referências, [medida de riscos e oportunidades — toda a varieda de de atividades mentais não cria tivas, que precedem a decisão ou a criação.

Sem ajuda, o cérebro precisa gastar uma enorme quantidade de tempo e esfôrço nessas tarefas. No léxico do processamento eletrô nico de dados, a mente humana normal pode pensar somente cêrca de 100 parcelas de informação de cada vez, e pode transmitir só 25 parcelas por segundo. Considere mos ao contrário, que até os equi,^ pamentos eletrônicos já existentes podem memorizar, chamar, tornar a chamar, e processar milhões de parcelas em bilionésimos de se gundos.

AS TRANSFORMAÇÕES SERÃO DRÁSTICAS

Que acontecerá quando esses instrumentos se tornarem univer salmente acessíveis às necessida des pessoais e organizacionais? Não é difícil prever-se grandes transformações em toda parte, a começar com a direção e estru tura das emprêsas públicas e par ticulares.

Um dirigente é essencialmente um produtor de informações, que passa a maior parte de seu tempo reunindo e analisando informa ções, afim de tomar decisões. Com instrumentos eletrônicos integrados, ele obterá informa ções da mesma forma como acen de uma luz. Em sua mesa poderá inteligente os novos I haver um pequeno e terminal, com o qual ele dialoga para determinar suas exatas neAtra- cessidades de informação, vés do terminal, os dados são re cuperados imedíatamente de um mini-computador em sua mesa, ou de um sistema local ou central de memorização e processamento Ele não precisará de de dados, arquivos, pois tudo será guardado e procurado eletronicamente, com imensa economia de tempo, espaço, e dinheiro.

Quando o dirigente precisar conferenciar com colegas em qualquer outro lugar, poderá vêlos e conversar com eles a qual quer distância, através de uma pequena televisão colocada em sua mesa, e ligada à rêde comum de comunicações. Onde quer que ele vá, levará consigo seu próprio

Pcomputador de bòlso para ajudálo a calcular e analisar alterna tivas referentes a aquisições de materiais, ou concessões de con tratos ou política de preços, ou inúmeras outras complicadas de cisões que deverá tomar.

Haverá uma decentralização maior. Quando os dirigentes pu derem conferenciar, eletronica mente, mesmo sem sair de casa, as viagens regulares se tornarão desnecessárias. Poderemos nos comunicar para trabalhar. Não teremos mais aquelas viagens de dois dias, para um encontro de apenas uma hora. Nem haverá

variação mais ampla na estrutura organizacional,já que oferecem os meios para um controle mais uni ficado, ou atividades a longa dis tância, ou para a delegação de poder a vários centros. A organi zação pública ou particular de amanhã será capaz de reformular sua estrutura quando for necessá rio, para satisfazer às transforma ções de condições e objetivos.

Que será do indivíduo nesse am biente que está surgindo? O im pacto será profundo, porque nos defrontamos pela primeira vez com importante tecnologia capaz de servir às necessidades do indiA eletrônica integrada já uma uma razão que obrigue uma com panhia nacional ou empresa mul tinacional a fixar seus escritórios em uma cidade super-populosa. Elas poderão se estabelecer em qualquer parte, e simplesmente apertar um botão.

Além dessas implicações sociais e econômicas, essa tendência cria rá organizações mais flexíveis e abertas.

Quando houver possibi lidade de informação total qualquer lugar, as decisões do dia-a-dia se simplificarão em todos os níveis. Os dirigentes e admi nistradores locais poderão agir mais prontamente, e satisfazer, autonomamente, as condições lo cais e exigências do mercado. A alta direção poderá se dedicar mais ao planejamento criativo e efetivação de programas e menos à supervisão detalhada. A longo prazo, esses desenvolvimentos po dem dar origem a conceitos mais fluidos de administração de em presas e de govêrno. Permitirão

viduo. está operando mudanças em pro dutos domésticos, e desenvolvendo novas aplicações pessoais, como relógios de pulso e calculadores eletrônicos de bòlso. Não há dúvida de que a nova tecnolo gia transformará o ambiente do méstico, fornecendo-lhe grande variedade de serviços interessanMuitos serão. tais

tes e convenientes, eventualmente, amplos sistemas de informação doméstica, ligando o lar, em co municação dupla, com o povo, ins tituições, e computadores pratica mente do mundo inteiro.

Seja qual for a natureza espe cifica dos aparelhos e serviços do futuro, ocorrerá uma transfor mação terrivelmente importante, com consequências que não podem ser totalmente previstas agora. Essa será a aplicação de uso pes soal do moderno processamento de informações, que hoje é disponí vel somente em sistemas grandes incorporados a em

e dispendiosos. O resultado pode rá ser a elevação geral do nivel de poder mental para ser aplicado em nossos estudos, nossos traba lhos, e outras atividades criativas. Esta previsão envolve uma vasta aplicação para a educação. Hoje, o ensino é muito formal e insti tucionalizado. Com a integração em larga escala e o desenvolvi mento de sistemas pessoais com pactos, 0 processo de aprendiza gem pode ser libertado de limita ções fisicas. O computador indi vidual de bòlso, o terminal de me sa com interação, e as comunica ções de largo alcance, podem dar ao estudante um acesso instan tâneo aos conhecimentos registra dos eni qualquer lugar. Sua capa cidade de processamento de infor mações pode ser multiplicado por várias ordens de magnitude. A sala de aulas poderá tornar-se um lugar usado exclusivamente para discussão em grupo e estimulo in telectual, com o estudo e aprendi zado normal sendo efetuado à vontade do estudante no lugar que ele escolher. Ao mesmo tempo, a biblioteca poderá se transfor mar, através de técnicas econômi cas de registro de dados, com pos sibilidade de recuperação, poderá ser ligada a rêdes nacionais, ou mesmo internacionais, de centros de pesquisas, cujos conteúdos são imediatamente acessíveis ao estu dante em seu terminal.

Essa mesma capacidade no lar, poderá se extender a processos de aprendizagem muito além dos atuais limites. Com acesso ime diato a materiais de pesquisa e

facilidades de processamento de dados, qualquer pessoa de qual quer idade poderá dedicar seu tempo de lazer a estudos de qual quer assunto, tanto para progres so pessoal, como para alargamen to de seus horizontes intelectuais. Essa possibilidade poderia abrir caminho a melhores niveis de compreensão, e a novas formas de expressão cultural nos anos futuros.

MEIOS DESENVOLVIDOS E NOVAS PROMESSAS

A revolução eletrônica encerra também uma promessa especial para o países menos desenvolvidos. Como a nova tecnologia reduz o custo e a complexidade de forne cimento de informação em maior formas variadas,

quantidade e produtos estarão cada vez alcance das nações em de senvolvimento,suas escolas, repar tições públicas, negócios, k até Como novos instru mentos de ensino e aprendizagem a estabelecer seus mais ao indivíduos.

poderão começar uma base firme para o crescimen to econômico e social dos nacio nais, e a estreitar o espaço exis tente entre as nações ricas e as que não tiveram o benefício da tecno logia. Esse beneficio pode ser pliado pelo alcance mundial dos satélites de comunicação, ligando sociedades menos desenvolvidas mundo industrializado, e am¬ as com 0 aumentando o comércio e os in vestimentos. Na verdade, a revo lução eletrônica poderá conseguir mais da metade da humani- que

dade alcance a etapa da revolu ção industrial.

Não se pode afirmar, natural mente, que 0 progresso futuro se guirá o traçado que elaborei, promessa da tecnologia é de uma vida melhor para todos, mas mui tas vezes a promessa falha. Deve ser feito um grande esforço em de fesa da tecnologia, tentando com pensar os efeitos de nossos pró prios descuidos ou leviandades. Atualmente enormes recursos es-

inteligência humana nos traba lhos de tecnologia que nos cercam. Habilidade humana, segundo a definição de Whitehead, é uma qualidade, bem mais rara.

Mais uma vez, com o advento da nova eletrônica, existe oportuni dade de demonstrar essa habili dade. Ela poderá, na verdade, ser nossa última e melhor esperança uma sociedade

A de desenvolver aberta e humana, para evitar um passo paralizador num mundo tec nológico padronizado, ou o desli zamento de encontro a uma frag mentação maior e máximo caos. Este é um desafio direto, princi palmente para aqueles treinados para a ciência e a tecnologia. É tarefa merecedora de esforSe formos bem siitão sendo desviados para sistemas militares para nos proteger de nós mesmos e para a tecnologia am biental para livrar nossas redon dezas do barulho, sujeira, e veneresultantes da aplicação in discriminada de antigas descober tas e invenções.

Alfred North Whitehead, o fiIntelinO; uma ços supremos, cedidos desta vez, no combinar fundamental progresso na tecnecessidades soculturais e econômicas da lósofo inglês, escreveu: gência é vivacidade para apren der, distintamente de habilidade que é a capacidade de agir inteli gentemente com 0 que se apren deu.” Existem amplas provas da

um nologia, com as ciais, humanidade, teremos conseguido a maior e mais benéfica revolução de todos os tempos. ■o-

ITÁLIA:- A MONTEDISON E OS FERTILIZANTES LÍQUIDOS — A

Montedison espera promover através da instalação de centros de distribuição. O primeiro desses cen tros foi inaugurado em 1973, e outros cinco serão inaugurados este ano. Esses seis centros terão capacidade para distribuir 7.000 t de amonia anídrica e 24.000 t de fertilizantes líquidos por ano. Ao todo, deverão ser instalados 35 desses centros de serviço, os quais terão uma capacida de total de distribuição anual de 40.000 t de amonia anídrica e 130.000 t de fertilizantes líquidos. de fertilizantes líquidos na Itália, o uso

A TÉCNICA E A POESIA

GUSTAVO CORÇÃO

PUANDO se exaltam as mara vilhosas conquistas da técni ca, que hoje estão na base, não apenas da riqueza das nações, mas também do seu poderio, há sempre alguém para ponderar que. numa sociedade bem conformada o desenvolvimen to técnico deve acompanhar o cres cimento harmonioso da cultura geral. E tem muitíssima razão. Ao lado dos portentos mecânicos, é bom que existam conservatórios de música, pinacotecas, grêmios literários, museus, planetários, institutos filosóficos, laboratórios onde se pratique alguma ciência liricamente inútil, lugares onde se encontre a poesia boêmia e até lugares onde se acomoda a poesia oficial. Tudo isto é sabidamente bom para o homem. Mas não bas ca dizer, é preciso provar, melhor, não basta reclamar essas coisas como quem reclama, para 0 homem educado, a camisa limpa e a gravata bem atacada: ou co mo quem reclama para a socie dade civilizada certas práticas a que a nobreza da condição exige, É preciso mostrar o valor vital das humanidades, da poesia e da mú sica no conjunto das atividades humanas.

A primeira e mais alta razão vem da própria natureza do ho mem. Sendo um animal racional, 0 homem precisa viver predomi nantemente pelo espirito. Ora,

Sendo um animal racional, o ho7116711 precisa viver, preãomina7itemente pelo espirito.

viver espiritualmente é sinônimo de orientar a vida por um fim. Os animais vão vivendo à custa dos meios que encontram. O pro blema do sentido da vida não se arma para eles. Suas tendências seguem as linhas de força do finalismo inscrito na espécie e mani festado pelos instintos. O homem, ao contrário, por sua natureza específica, goza o privilégio de uma terrível liberdade e de uma majestosa solidão. Cada um tem de orientar sua vida. descobrir seu norte, polarizar seu fim. A técni, sendo uma atividade racional, tem um teor de espiritualidade, mas não tem caráter de fim. É uma glória do homem, por ser uma afirmação de domínio sobre as forças naturais, mas não basta para dar ao homem a mais leve indicação de itinerário, sentido a técnica é inteiramente neutra e estéril e por isso não po de e não deve predominar no con junto cultural de uma sociedade. Tentarei mostrar, em outra oca sião, que não é no trabalho, na produção, na hora de engendrar o mais prodigioso aparelho eletrô nico que está o ponto alto da vida. Por incrível que a muitos pareça, ca

Nesse

é na hora do lazer, ou nas horas de atividades soberanamente inú teis, que o homem atinge o grau máximo de sua humanidade.

ca-

ou

Deixando para mais tarde essa tese, quero hoje mostrar um as pecto do problema que não tem sido, creio eu, suficientemente esclarecido, Todos admitem com facilidade que nós dependemos para o exercício das coisas mais altas, dos bens essen ciais e materiais que a técnica nos proporciona. Mas nem todos véem a recíproca, isto é, a dependência que prende a técnica à poesia. Ora, dentro do complexo dinamis mo social essa dependência exis te e funciona. Uma sociedade que descurar o cultivo das huma nidades, não dará bons engenhei ros e não produzirá inventores. Uma sociedade que não tiver rinho pela música de Mozart, pela poesia de Camões, não será capaz de produzir bons aparelhos eletrônicos. É claro que não exijo de cada homem, de cada indiví duo, tal universalidade. O mundo moderno precisa de especialistas, de homens confinados num domí nio restrito do conhecimento e arriscados a certa mutilação da vida. Para os indivíduos, é na vida moral e afetiva que se recompõe sacrificada integridade. Não há mal em ser especialista apesar do que deles dizer certos autores que nisto me parecem retrógrados. Mas se é admissível que o engenheiro não tenha ouvidos para uma Can tada de Bach e olhos para um quadro de Klee, não é admissível que toda a sociedade padeça de

OlT. a Tomedeterminada palavra Combina-se com outras a

tal surdez ou de tal cegueira. E se isto acontecer, ou na medida em que tem a sociedade tal ten dência, os próprios técnicos deixa rão de ser bons técnicos. O ponto aonde queria chegar é o seguinte: não se separam as atividades — técnicos para um lado e poetas para outro se supõe, mum. environment cultural, é o perfuda poesia que vivifica a alma do técnico, sem que ele o saiba, e que lhe dá o poder criador. Re ceando que o leitor me acuse de estar fazendo literatura passo a explicar-me com mais clareza. O mecanismo psicológico da in venção técnica e da descobertacientífica tem grande semelhança com o pi'ocesso da invenção poé tica. O denominador comum é a capacidade que tem o espirito hu mano de aproximar, num. ato in tuitivo, as coisas distantes, melhor, é a capacidade de ver novidade profunda de cada coisa e sua independência em relaçãoao uso rotineiro e oficial, mos uma Dentro de certa margem, ela tem para o comum dos homens um em prego de rotina, uma significação oficial, seguindo nisto a mesma lei douso consagrado. As almas rotinei ras se comprazem com os valores oficiais e se deleitam com os lu gares comuns. Quando empregamum desses chavões marcados pela oficialização da linguagem, elas se alegram com o confortador senti mento de solidariedade nas modas como geralmente Há uma atmosfera coE nessa atmosfera, nes?e me

ditaram seu comunicado, como di zem que Mozart ouvia sua música. Em cada momento cultural exise usanças. Amam repetir. Sabo reiam a segurança das fórmulas feitas. Apegam-se ao uso estrito de cada coisa.

tem coisas inventadas e admitidas em seu novo uso pelas almas de Assimilada, a invenção rotina, perde seu caráter subversivo e por assim dizer e'ntra nas academias. Imagino com alma arrepiada, o terá sido para o homem a desQue coisa! De repente aparece no mundo, obe diente ao homem,' esse elemento estranho, desconcertante, que todos os adjetivos... que coberta do fogo! mePas-

Fogo serve

eficiência das usinas inverno e a siderúrgicas grande patrimônio, e a tendencia se não existissem poetas e inven tores, é a de transformar tudo em Há algum tempo inscrevem no se lugar comum, inventor humorista achou uma glosa nova para o mesmo vetusto mote: fez um refrigerador tér mico, isto é, uma máquina em que fogo produzia gelo.

O poeta, ao contrário, descobre serventias ignoradas das mesmas palavras sabidas, e sobretudo des cobre a possibilidade de imprevis tas aproximações. E consegue re sultados novíssimos, formas cris talinas, palavras lavadas de fres co, com 0 mesmo material que to do 0 mundo usa nos seus discur sos de rotina. Assim também o inventor técnico. As coisas, para rece o gênio inventivo, tem potenciali- sam-se os anos, os séculos, e o dades extravagantes. Um cano, fogo entra na rotina, para todo o mundo, servia para para aquecer e iluminar o acamlevar água. Para o monge bene- paniento. Serve para cozinhar a ditino, precursor de Graham Bell, caça. Surge então outra apioxi- 0 cano serviu para levar a voz. mação imprevista: o fogo e a er O ferro, na Idade Média, só servia ra dão os metais e os metais ao para fazer espadas e lanças, mas espadas e lanças. Quem imagina houve um inventor, ou melhor, ria que uma espada pudesse nas- um doido medieval que, observan- cer do estranho conúbio da areia do os fenômenos magnéticos que com o fogo? A rotina se apo e- estavam na sua primeira infância ra das novas conquistas. O con teve a idéia estapafúrdia de pre- forto das lareiras em noite de ver um meio de gravar a voz por meio do magnetismo. Escreveu em latim seu profético comunica do a que ninguém deu importân cia, e que aliás não tinha o menor fundamento científico. Como pode esse homem, antes da descoberta um da eletricidade e do telefone, ter tal idéia? Eu creio que o proces so não deve ser muito diferente daquele que levou Mozart a com- o por seus quartetos ou daquele ou tro que levou Camões a escrever suas canções. O inventor medieval sonhou, ou delirou e no seu êx tase viu, ou ouviu vozes que lhe

Uma sociedade será tanto me nos inventiva quanto mais assen tados e ajuizados forem seus com ponentes. Ou menor for o número de poetas e melhor, quanto

ra. técnicos.

No.s dias om que vivemos o pres tigio técnico está disputado por dois grandes países, desfrutam os resultados consegui dos pela louca, pela desvairada Europa, que cantou e dançou, e agora pede esmolas, manha de Goethe que saíram os estudos dos foguetes; foi da In glaterra de Shakespeare que saiu Newton e a gravitação universal: foi da França e da Itália que saiu a eletricidade.

A rigor, uma

Mas ambos Foi da Alesociedade pode conseguir prodígios de técnica cciin sacrifício da cultura geral. A fór mula do sucesso imediato pode funcionar nessa sociedade dopada.

Perderá as utilidades. Os de doidos. Doidos digo, mas da quela divina loucura a que se re feria o não menos divino Platão, e não doidos da espécie inferior, que dia a dia se tornam mais nu merosos, e que realizam — notam bem os psiquiatras — a máxima retração do espirito e a máxima condensação da rotina. Não pre tendo, de modo algum, afirmar que a poesia foi feita por Deus e pelos homens para uma espécie de serviço público. Ela é como a metafísica, soberanamente inú til. I.las são justamente essas coi sas inúteis que mais servem aos homens. A sociedade que se tor nar predominantemente pragmá tica não perderá somente a poe sia, 0 latim e a múscia: perderá também aquilo mesmo que vene-

BRASIL:- TRANSFER; OPÇÃO NA ESTAMPARIA — Com a inti-odução do sistema transfer print no Brasil, os estampadores contam com mais uma alternativa. Estampar tecidos de fibra sintética através de pres são, temperatura e tempo de aplicação é a característica principal do sis tema transfer print, que reproduz desenhos com até seis cores. Esse sis tema, que é cerca de 20% mais caro que os métodos tradicionais, tem entretanto suas vantagens. Uma delas é que o tecido entra na máquina e sai pronto do outro lado, sem nenhuma perda e num espaço de tempo muito curto. Com emprego de pouca mão-de-obra, o transfer permite que se estampe somente a quantidade necessária, evitando o estoque. Outra vantagem do transfer é que, ao mesmo tempo em que estampa, a máquina dá um toque no tecido, deixando-o mais sedoso que nos outros proces sos. Além disso, o transfer possibilita a fixação de cores exatamente iguais numa peça de grande metragem. O processo de estampagem do transfer é simples; o papel impresso é aplicado sobre o tecido a ser estam pado, que deverá estar purgado e colocado na largura certa. Juntos, o pa pel e o tecido são submetidos a uma temperatura aproximada de 200 graus centígrados, através de uma calandra especial. Dez a 40 segundos depois, a cor está fixada na superfície do tecido, sendo resistente à luz, ao atrito, à água do mar, ao suor e à lavagem a seco e comum.

América - Um Gigante em Crise

0Médio Oriente, o Cambodge. o Vietnã. Portugal. Todos os lugares em que a política ex terna falhou. E é preciso juntar-se, ainda, Chipre, Grécia, a Turquia, a índia; e, na América Latina, a Venezuela, o Equador, a Colômbia, paises que, assim como a Argentina e o Brasil, Kissingei' visitará neste mês. Para não falar na Cliina, que nem sequer dignou-se responder, quando o se cretário de Estado pediu (,a título pessoal) que Pequim o ajudasse na negociação com Norodom Sihanuk, 0 príncipe comunista, sobre o cami nho de volta ao Cambodge.

Guliver imobilizado: eis o que é hoje 0 colosso USA. Depois da derrota na Indochina, o jracasso dc Kissinger no Médio-Oriente e os reveses diplomáticos em todo mundo, o Pais tende a encolher-se sobre si mesmo, dilacerado pela crise econômica. A "pax america na” faliu. A mais poderosa de mocracia de todos os tempos pa rece à beira da catástrofe, há ainda energia suficiente pura repor-se em pé. Talvez à custa de seus a Mas hesitantes aliados.

Estes acontecimentos repentinos e recentissimos, não obstante amadu recidos lentamente, dão a impressão cie uma catástrofe política de pro porções mundiais. Ford e Kissinger se interrogaram mutuamente se os Estados Unidos não correm o peri go de se tornarem um gigante im potente, imobilizado, como Gulliver, por uma multidão de adversários oportunistas. Mas a América enfren tou crises piores. No breve espaço de três anos, de 1948 a 1950, por exemplo, a Checoslovaquia e a Chi na cairam sob o controle comunis ta, a URSS fez explodir a sua pri meira bomba atômica, os Estados Unidos encontraram-se enredados na guerra da Coréia. “Hoje, depois de tudo”, dizem em Washington, “não há tropas americanas empe-

nhadas em conflito em parte algu ma do mundo”. E, um alto funcio nário do Departamento de Estado,“uma vitó- insiste em afirmar que khmer vermelhos no Cam- ria dos bodge não é, certamente, compara■Pearl Harbour”. A Amemotivos vel a uma rica retoma alento, procura de consolo.

Não falta absolutamente quem Estados Unidos não im- pense que os possam tentar, ulteriormente, por ao mundo uma "pax america- . A América, dizem eles, deve, antes, dedicar-se aos próprios gócios internos. O que não signifinecessariamente lamber as feri¬ na neca das.

As interpretações, no exterior, são opostas: Arafat diz que uma

Anderson, as possao, agoan-

quinta gueiTa árabe-israelita é ine- da Asia) mas não a uma crise munvitável, mas é também certo que os dial. O abalo de Huó e de Da Nang americanos (e, naturalmente Kissin- (trágico em termos humanos) não ger) tentarão uma nòva missão de pode ser comparado com a perda da paz no Médio Oriente. O senador Checoslováquia, ou a construção do McGovern, democrático, aspirante à muro de Berlim. O fracasso de Kiseleição para a presidência de IQTtl, singer que tentava chegar a um vai a Tel-Aviv, como particular, compromisso nas suas negociações para “descobrir como as coisas es- com Sadat e Rabin não deve ser tão realmente”. Os israelitas lhe dão considerado mais do que um capía entender que têm confiança na tulo de uma estória que promete ser generosidade dos seus protetores no muito longa. A prova disso é quo, seio do Congi*esso. Mas o chefe do depois de ter tomado ciência do que grupo republicano na Câmara dos Representantes, John não hesita em declarar que sibilidades, para Israel, de receber todos os auxílios pedidos ra, muito mais remotas do que tes da missão de Kissinger.

Ássisiência humanitária'

A América está abalada, não há dúvida. Mas já está reagindo às ca tastróficas e cruéis análises das condições de salvação, feitas pelos aliados europeus interessados. O

o secretatáticas, em um desastre estratégico e tenham feito as coisas parecerem piores do que são realmente: tudo, dizem, limita-se a um insucesso de Kissinger (e obviamente a um pro blema muito sério no Oriente-Médio, no Mediterrâneo e no sudeste

tinha acontecido em Jerusalém, o Congresso entrou em férias e Ford foi jogar golf em Palm Springs, na Califórnia. Depois convocou uma conferência em San Diego e disse que a América fará o possível pa ra evitar que o Cambodge e o Viet nã do Sul caiam nas mãos dos co munistas. De que modo poderá ser evitado, não o disse; o limitou-se a anunciar de antemão

Presidente

que pedirá ao Congresso “um em penho americano certo, para uma assistência humanitária às vitimas da agressão norte-vietnamita” e di rigiu um apelo para que seja sus tentado o seu programa de despe sas para a defesa, afirmando; “Só os fortes são livres”. Acrescentou: “Re jeito os profetas da desgraça que não vêm senão depressão na pátria e desespero no exterior. Sob a mi nha presidência não baixaremos nunca a bandeira nem abandonare mos a esperança. Manteremos a fé na política americana, na pátria e no exterior”.

“A Europa e o Japão, que são os pilares da política externa america na” dizem em Washington, “não essuas que surpreendeu os velhos profissionais da diplomacia em Washington, fo que 0 presidente Ford e rio de Estado (os quais, de costume fazem as coisas parecerem melhorej: do que são) tenham ultimamente realizado autênticas contorções pa ra transformar algumas derrotas

condem sua satisfação pela situação embaraçosa à qual chegamos; mas esquecem que os interlocutores com os Estados Unidos têm sao, os quais maior interesse em manter o diálo go aberto são a União Soviética e a China". O futuro deste colóquio de cúpula da potência mundial, (na América estão convencidos disso) não se apresenta menos róseo por causa de Saigon, Portugal, Chipre, Turquia e até da Itália, dado que, em Washington, não se perceberam a falência do compromisso históri co e continuam a falar do aumento da influência comunista na Itália. Por isso, o “gendarme do mundo” um pouco humilhado e muito ofen dido, pretende deixar, por algum tempo, de sair em serviço de pa trulha. A acreditar-se nas sonda gens, o povo dos Estados Unidos apóia largamente esta vontade do país de recuar: somente 39%

canos “além de terem a vista cur ta, são incapazes de terem uma via longo prazo, dos problemas mundiais”.

O íato é que os americanos estão vivendo em uma situação de cidse econômica interna. O bom senso na cional é hostil à ambiciosa política

externa da Casa Branca; porque gastar em outra parte o dinheiro de primeiro plano, tanto pre- que, em cisamos?

Todavia as cifras, por dramáticas que sejam, não justificam, absoluta mente, um pessimismo tão propalada Coréia do. No tempo da guerra a produtividade desceu ainda mais, baixo e a grande crise dos anos trin- havia paralizado 25% da popula-com 8% a certas ta ção ativa em comparaçao 9% atuais. Certos Estados e _ _ indústrias, entretanto, foram atinpdos mais duramente. Na Califórnia, j desemprego (supenacional )atinge 10% r k.. por exemplo, o americanos seria favorável a uma rior à média ^ m- intervenção militar em defesa da da populaçao. Com a g ●● Europa e apenas 34% aceitaria pro- ticos: os do“- teger Berlim contra um ato de for- aeronáutica, ", ça soviética. Menos de um terço (27 glas, e o setor de con ® , por cento) justificaria o envio dos mente bloqueado, m da GI ao Oriente Médio para evitar Califórnia em oito esty cargo uma derrota de Israel por parte dos assistência socia , a > exércitos árabes. O líder israelita nanciada pelos impos os o . da oposição nacionalista, Menahem São Francisco, um quai o os i Begin. pôs em guarda o governo tantes se encontra nesta situaça . de Jerusalém contra uma “phnom- Na indústria automobilística a faipenhização de Israel”. Em Washing- ta de trabalho_ alcançou 20 por cen- ton o embaixador israelita manifes- to dos operários em dezembro, 24 por cento eni janeiro, sabe que, nos Estados Unidos, um dos Quando se tou publicamente o temor de uma “nova Munique” da qual Ford seria o Chamberlain, Claude Cheysson, empregado sobre dez, depende dire tamente da fabricação, da venda ou da manutenção do automóvel, temfrancês, membro da Comissão Euro péia, disse, agastado, que os ameri-

se uma medida da dimensão do pro blema. Na auto-estrada que leva a Detroit, a “motor city”, enormes painéis chamam a atenção anuncian do todos os dias o total dos auto móveis fabricados desde o início do ano. Em 8 de março, eram 910 mil, quer dizer, 30 por cento menos que no ano passado na mesma data.

A mini-depressão (como a batiza ram os economistas americanos) tem muitas causas: a guerra no Vietnã sobretudo. O ímpeto dos emprésti mos durou dez anos e o déficit que provocou, nunca foi absorvido; este ano atinge ainda 17 por cento do balanço total. E depois, é preciso acrescentar as despesas para susten tar as empresas periclitantes já em 1970: a Loockheed, aeronáutica; Chrysler, automóveis; a Pen Cen tral, ferrovias; que estavam à beira da falência. Mas era a época das explosões de violência nos bairros negros, da revolta dos pobres. Ago ra, para que a máquina não pare, reduzem-se as taxas. Ford firmou, depois de três dias de profundas meditações, a lei que decreta a maior diminuição nos tributos ja mais aprovada pelo Congresso; 22 bilhões e 800 milhões de dólares dois anos. Na prática significa que qualquer pessoa que esteja a cargo da assistência pública, pagará 50 dó lares a menos por ano e que cada contribuinte empregado pagará 30 a menos. A restituição das taxas já pagas está prevista para maio; 19,8 bilhões de dólares que serão devol vidos à circulação para sustentar a indústria através do. consumo. Uma inversão de tendência, consideran-

do que, até agora, o Banco Federal das Reservas se contentou em enca rar a subida dos preços restringin do ao máximo os créditos.

Mas esta injeção de dinheiro e confiança não bastará para resolver de choíre os problemas. Na “mino ria” (como a chamam pudicamente os americanos, isto é, a população de cór) a taxa de desemprego supe ra 13%, isto é, cinco pontos acima da média nacional. E é verdadeira mente superior a 40% no gueto ne gro de Los Angeles. Os sbciológosavisaram; “Se a crise durar além da primavera, devemos temer um ve rão quente”.

este recesso

Dura há 15 meses americano. Quinze meses, o que derruba os prognósticos, os avisos, as profecias. E 15 meses cujo íim o mundo inteiro espera ansioso. 1974 uma baixa de 2

encerrou-se com por cento do produto nacional bru to. Com uma redução de 3 por cento da renda pessoal. Com um au-. mento dos preços no varejo de U por cento e no atacado de 19. Com um déficit da balança comercial de 6 bilhões de dólares. E enfim em ja neiro passado o índice da produção industrial desceu, definitivamente, de 4 por cento. O aumento do pre ço do petróleo teve consequências dramáticas mesmo considerando que, no ano passado, os Estados Unidos continuaram como o maior produtor do cru, na frente da U. RS. S., da Arábia Saudita e do Iran. em

Guetos urbanos

Nunca se viram tantos desempre gados percorrerem o País, de Estado

em Estado, em busca do custo de vida mais baixo. Alguns deles, beneficiário.s das amplas indenizações previstas nos contratos coletivos. Mas muitos não têm outro recurso senão o da mesa dos pobres. Para eles o sistema de segurança social è ■praticamente inexistente. A indeni zação muda conforme os Estados e as indústrias e, em caso algum, su pera 400 dólares por mês, uma ba gatela para esse País.

Por quê o mundo foi abalado pela América que vacila?

Porque os Estados Unidos são a maior potência mundial, os primei ros consumidores do globo.

Sozinhos, os Estados Unidos forne cem 20% de todo o aço produzido na terra, 32% de alumínio, 20% de cobre, 40% de fosfato, 65% de soja, 45% de trigo sarraceno, 12% de tri go. E produzem 33 por cento dos au tomóveis e dos caminhões, 90% dos aviões civis, emprggados no mundo ocidental, 55% dos computadores (mas poder-se-ia dizer 80 por cento, já que a maior parte dos outros saem de oficinas que pertencem à sociedade americana).

Aqui se esconde talvez, o perigo maior para a segurança interna dos Estados Unidos. Depois do movi mento de 1967 nos bairros negros, os industriais e os sindicatos se interessaram pela sorte dos guetos ur banos. Foi lançado um programa de ajuda para a casa, criação de em pregos, luta contra a droga. Mas a crise econômica secou a fonte. As reformas sociais dependem, eviden temente, do ritmo das atividades econômicas. Agora, para um socióloDaniei Bell, professor da go como Universidade de Harvard, a chave da crise atual está em uma melhor ■‘Devia-se repartição dos recursos, destinar mais dinheiro para as des pesas sociais; elas representam por cento do produto nacional bru to Precisam passar para 15 por cenequivalente

to, quer dizer, quase o à metade do balanço federal .

Corações e carteiras

diz Le-

“Será pior que em 1967 roy Tacker, 54 anos, 4 filhos, operá rio negro da Chrysler em Detroit. Está desempregado há 3 meses. Ca da semana vai aos escritórios de-

Nos ambientes universitái’ios ame ricanos. a onda de activismo lirico dos anos sessenta cedeu lugar a realismo sábio, mas exigente, grande explosão anarco-politico-se- xual acabou. A droga está em re gresso, mesmo se o alcolismo luve- nil (tequila e vodka sobretudo), aqui tenha substituido. A juven tude'contesta menos mas quer um inexorável. Nao um A

crépitos do “welfare”, receber a sua pensão de 53 dólares. Até há pouco tempo recebia em acréscimo uma in denização suplementar da sua fabri ca. a Sub. Agora não mais; os fun dos da Sub se esgotaram. um ex-

e ali, a “job” e torna-se obstante esta revolução tenha come çado antes da crise atual, as dificul dades econômicas a acentuaram: “Até nós temos o coração à esquer da e a carteira à direita”, explica militante da Universidade da

Columbia. “Agora, com a chegada do recesso, corações e carteiras se reencontram no centro”. Calcula-se que na Universidade de Michigan a situação dos neo-diplomados, à pro cura de emprego, seja mais difícil que a de 1945: “Por causa do reces so, Nova-York pode gabar-se de ser a primeira cidade a ter tal quantida de de motoristas de taxis munidos tanto de patente carteiras profissio nais como de diplomas”, lamenta um jovem professor de história.

Sete americanos em dez, viam, em Ford, um salvador, no outono pas sado. Hoje a porcentagem é de qua tro a defenderem o presidente. “Jerry” Ford foi levado à Casa Branca pelas circunstâncias, não pela apro vação popular. Não conta com o apoio do eleitorado oposto ao poder do Congresso. Não tem armas con vincentes. Depois de Watergate, o homem da Casa Branca devia ser um redentor, um fazedor de mila gres. Gerald Ford colocou como mo delo, no seu escritório oval, o busto de Harry Truman, que venceu as eleições de 1948 após dois anos de sondagens desfavoráveis. Espera conseguir fazer o mesmo.

O Ocidente, no entanto, tem os pe sadelos. O esforço de calcular to das as consequências desta repen tina impotência do Guiliver ameri cano, ligado, como um salame, pelas cordas que ele próprio teceu. Adver te sobre a nova fragilidade dos equilíbrios mundiais. A maior, a mais poderosa democracia do mundo, ba luarte, bandeira das liberdades fun damentais do homem, vacila.

Podia sej- uma ocasião única para a Europa ocidental propor, aos ame ricanos em dificuldade, a melhor re partição dos encargos e das respon sabilidades da defesa diplomática, econômica e militar do mundo livre. Mas onde está a Europa? Sob a pros peridade estadunidense a sua unida de não se fez. Ninguém pensa que a contingente fraqueza americana lhe ofereça uma nova possibilidade.

John Tuthill, diretor do “Atlantic Institute” de Paris, observa que “é uma boa, antiga, tipica tendência dos americanos, a de consideraremse responsáveis por todas as coisas erradas que sucedem nos outros pai ses do mundo”. Os Estados Unidos, salientou o “Time”, têm cometido grandes erros e aplicado a sua táti ca às cegas; tinham, mesmo, fracas possibilidades de prevenir os lasti máveis últimos acontecimentos, que são a consequência de uma série de circunstâncias extraordinárias. Con tinuam, porém, em lodo o caso, a. maior potência mundial. Dotada de tanta força própria que os possibili ta a ficar novamente de pé; com prejuízo, se for necessário, dos seus hesitantes aliados.

DOZE PONTOS CRÍTICOS PARA WASHINGTON

Europa

A maior parte dos Países da Euro pa Ocidental concordou sobre as po sições americanas. Mas os europeus temem sempre mais que a disten são conduza a um desempenho dos

Estados Unidos cujas despesas se jam pagas por eles.

Cuba

que enfraqueceu o flanco oriental da NATO.

Indochina

No Cambodge e no Vietnã do Sul os regimes americanófilos estão para ser abandonados e o Congresso re cusa-se a intervir em seu auxílio. O frágil edifício da “paz honrosa” que mascarava a retirada america na da Indochina, fendeu-se.

O boicote inspirado por Washing ton não conseguiu por de joelhos o regime de Castro. Os Paises latinoamericanos já começaram a restabe lecer relações diplomáticas com Ha vana e os Estados Unidos, mais tar de ou mais cedo, deverão dar o mes mo passo, -k.

Venezuela

Médio Oriente

O assassínio de Faiçal e sobretudo 0 fracasso da mediação de Kissinger assinalaram o fim da política ameri. Israel

A nova lei americana sobre mercio provocou uma elevação geral da moeda na América-Latina, principalmente na Venezuela. Este País, que nunca participou do boicote dos árabes, fornece aos Estados Uni dos um décimo de suas necessida des petrolíferas. o cocana dos “pequenos passos perde a confiança na capacidade dos Estados Unidos de garantir a sua segurança. A U.R.S.S. reentra em prepotentemente. r

cena

Argelia-Marrocos

entre 1967 e 1974, as Argentina Excelentes relações americano-argelinas se des fazem depois que a Argélia assume intransigente

Anulou a conferência interamericana que deveria realizar-se em fe vereiro último em Buenos Aires e fez, assim, uma afronta calculada a Kissinger. Os governos latino-ame ricanos não admitem mais o desca ramento de Washington.

Turquia

no uma posição OPEC. A União Soviética reforça a Argélia e até em aliados sua presença na Marrocos, que, antes, eram dos privilegiados de Washington.

Zaire

O presidente Mobutu foi, por muito dos pupilos dos Estados A interrupção dos fornecimentos de armas americanas, em seguida ao caso de Chipre, logo depois de ha ver Washington forçado a proibição da cultura da papoula (da qual se extrai o ópio) abalou a Turquia, o

tempo, um Unidos na África. Em nome da au tenticidade e da unidade Africana, ele adota, agora, uma política de não-concordância e se choca com os interesses dos seus ex-protetores.

India-Paquisíão

retomou contacto com a China e desvalorizou o dólar. O Japão faz a A escolha de Washington em fa- sua diplomacia agir e procura garanvor do Pasquitão por ocasião da tir, para si, a independência energuerra do Bangladesh, o acesso da gética. índia às armas nucleares, o desejo dos americanos de implantar bases no Oceano Indico, agravaram a ten são com a índia, que se inclina para Moscou.

África do Sul

Para assegurar a sobrevivência do regime branco, Washington encora ja Pretória a iniciar um diálogo com os seus vizinhos negros. Mas esta abertura se firma na África do Sul, na manutenção do “apartheid” e de Jan Japão na

Não é mais o aliado incondicional dos Estados Unidos depois que, em 1971, Nixon, sem prevenir Tóquio,

Kodésia na intransigência Smith.

ALEMANHA OCIDENTAL:- FITAS INDICADORAS DE TEMPERA

TURA — As fitas indicadoras de temperatura são um meio bastante fácil de medição de temperatura. Entre série de indicadores de temperatura que proporcionam um e preciso para a medição da temperatura de quase todos os tipos de su perfície. As fitas são fornecidas sob a forma de brochuras com dez fitas cada uma, sendo que cada fita contém oito ou nove pontos indicadores que são aferidos para uma determinada faixa de temperatura. As fitas são flexíveis e auto-adesivas. A fita é presa à superfície a ser controlada e, quando a temperatura aumenta, um ponto preto aparece próximo número, mostrando, em graus centígrados, o valor de temperatura que foi atingido ou excedido. Uma mudança de temperatura é indicada quase que imediatamente dentro de um grau de tolerância de aproximadamente 1% do valor respectivo. Há faixas de temperatura cobertas por esses in dicadores numa série de cinco tipos diferentes: de 35,8 a 65,'3° C; de 71 a 110° C.| de 116 a 154° C; de 160 a 199® C; é de 204 a 2600 C. Cada uni dade possui oito ou nove subdivisões.- As fitas indicadoras são resistentes à água e ao óleo e podem, por exemplo, registrar se acondicionamentos, enrolamentos, transistores de alta capacidade, mancais, etc., foram superaquecidos, desde que a temperatura máxima seja indicada. Essas indi cações são irreversíveis, isto é: se um dos limites de temperatura for ultrapassado, esse ponto indicador de temperatura ficará permanente mente preto.

as fitas disponíveis encontra-se método fácil uma ao

O MUNDO É MONÁRQUICO

cHARLES MAURRAS, o teóri co e o partidário da monar quia, está hoje esquecido e no entanto suas idéias são aplica das em quase toda a parte. Karl Marx não o é, mas suas idéias não são encarnadas em nenhum re gime verdadeiramente de acordo com o que ele desejou.

A influência de um pensador po lítico sobre as idéias e paixões é tanto mais forte quanto sua influên cia nos atos é reduzida? Talvez. Se for rigidamente seguido, acabará sendo devorado pela realidade e desfaz-se como mito. Inaplicado ou inaplicável, contínua excitando a agita ção e a nutrir o comentário. O no me de Marx talvez seja pronunciado alguns milhões de vezes por dia nos 3.000 idiomas falados em nosso pla neta, ao passo que — e talvez por que des, conforme admitem os socialis tas, é autenticamente socialista, nome de Maurras não será prova velmente proferido uma vez por se mana na língua materna do autor, nem sequer atrás das muralhas aris tocráticas da Vendéia, e no entanto o mundo inteiro, ou quase, é gover nado consoante os seus princípios: os da monarquia absoluta.

O celebre articulista de “UEx~ press” considera Charles Maurras, teorico da monarquia, durante longos anos, pelas colunas de “UAction Française” e em livros famosos, um pensador atual, pois a maioria dos regimes do mundo se ria monárquica. Somos de opinião que o axLtor faz confusão entre mo narquia e monocracia, pois Charles Maurras nunca defendeu nem de fendería nenhum dos regimes to mados como exemplo pelo articulis ta. Publicamos o artigo por sua originalidade e porque'o assunto também foi focalizado em livros, pelo professor Maurice Duverger (Les vionarchies républicaines).

nenhuma das atuais socieda-

A monarquia, e não a realeza. A Suécia, a Dinamarca, a Grã-Breta nha têm reis, mas estes não são po liticamente monarcas. O poder de um só, ou então, o que não é menos

pior, o do seu substituto (lhe second best), 0 poder de alguns — a oligar quia — não precisa, para ser exer cido e ampliado, de prosseguir a re gra essencial no poder real: a here ditariedade. Outro princípio de su cessão pode garantir a continuidade, como se viu através da História. Ho je, os regimes políticos modernos, aqueles que parecem, na prática, merecer a preferência da humani dade contemporânea, podem ser de finidos como monarquias absolutas, cujo princípio de sucessão é o golpe de Estado.

Entre os cento e quarenta Estados soberanos que podem ser. alinhados

em 1975, admite-se que vinte e oito a trinta sejam considerados demo cráticos.

O caso de alguns destes é, porém, duvidoso; é exato que são feitas eleições livres e periódicas no Mé xico, por exemplo, mas cada presi dente de fato, designa seu sucessor. Por vezes, a anarquia, como na Ai'gentina ou no Líbano, desagrega a democracia. É mais frequente ver um país passar da democracia à mo narquia que o inverso, mas, feliz mente, a mudança não se processa sempre neste sentido unico. Nestes dois anos, o Chile tornou-se fascis ta, mas a Grécia e Portugal deixa ram de o ser, ainda que o ultimo quase tenha trocado a monarquia salazarista pela monarquia estalinista.

Pemergência da sra. Indira Gandhi, em junho de 1957?

O golpe de Estado da sra. Gandhi foi um daqueles em que um chefe democrático se sucede a si mesmo, tornando-se monarca a partir do instante em. que se considera moles tado pelas leis constitucionais: é um golpe de Estado de tipo bonapartista. Nas monarquias já instaladas, esse golpe garante, pelo contrário, a alternativa no poder. É um meca nismo mais cômodo que o das elei ções, evitando aos povos as férias do Executivo exigidas pelas campa nhas presidenciais, e assim o meca nismo é posto eni ação sempre que necessário.

Em poucos meses, Madagascar, Ni géria, Comores, Bangladesli, Chade e Peru demonstraram que o sistema funcionava bem, tanto no caso do recurso à pena capital para o mo narca destronado quanto naquele em que a sucessão não inclui a mor-

te.

A superioridade do golpe de Esta do sobre a transmissão hereditária baseia-se no fato de que o preten dente corre um risco e deve merecer o seu posto. Golpes que atingiram diversos estádios cie preparação aca baram malogrando na Líbia, Uganda, no Sudão c no Equador. Neste último país, foram os tanques de fabricação francesa que — regis tro o evento com satisfação — impe diram os “putchistas” de obter a le gitimidade. Na Bolívia, o presidente simulou um golpe de Estado, semena

Se os Estados democráticos cons tituem minoria, no mundo atual, o triunfo da monarquia revela toda a sua extensão quando se consideram, por acréscimo, as populações go vernadas por um e outro sistema, respectivamente. Com efeito, na lis ta das nações democráticas, assinalase que uma grande parte conta me nos de 15 ou até 10 milhões de ha bitantes, como acontece na Áustria, Noruega, Suiça, Venezuela, Dina marca, Nova Zelandia. Excetuando os Estados da América, a maioria dos gigantes demográficos encon tra-se no campo das democracias. Quanto pesam os 9 milhões de gre gos que recuperaram a democracia,frente aos 600 milhões de indianos lhante, aliás, às manobras militares, anexados pelo sistema monárquico, a fim de que todos os participantes

zairensc, diplomado por Universidade norte-americana, cidadão uma onde havia defendido com talento

Politburo talvez hajam evitado a deposição de Brezhnev, e parece ter sido semelhante à de Kruchev, lide rada por Brezhnev, em 1964. acoi'do coni o espírito de Helsinque, monarquias comunistas deveríam democratizar seus golpes de Estado, quer dizer, autorizar cidadãos nãoíiliados no partido a participar de suas atividades e o povo no seu con junto a divertir-se com o espetáculo, como acontece na África. Pois não é o golpe de Estado um zer circular livremente as pessoas e as idéias?

Idade de ouro do maurrasisinstrutiva obra paugain (ed. Denoel), A mo”, título de uma do sr. Jacques não se registrou antes da guerra —

é agora.

De tese sobre o tema “Como pregolpe de. Estado correndo, ao sua uma parar e vencer um no Zaire”, regressou país com 0 propósito de pôr teoria em prática, mas falhou lastimosamente. as seu Mas 0 imprevisto não i constitui, infelizmente, nem a priúltima prova de uma meira nem a certa esterilidade da ciência política.

modo de fa- ii Nas monarquias comunistas, os golpes de Estado são desferidos ^no seio do partido único. As mutações reprimidas e enigmáticas da equipe dirigente chinesa, após a Revolução Cultural, resultam visivelmente de golpes de Estado e dos contragolpes que adivinhamos. A queda de Shelepiu, na URSS, e sua exclusão do f

—0-

INGLATERRA:- CARVÀO ELIMINA

carvão revestido de uma

mente eficiente de remoção

TOXINAS DO SANGUE

● um meio altado sangue. A

hidrogeléia acrílica promete sei de barbituratos e glutetimídeos sido usada com sucesso no alternativos de purifi- técnica, chamada hemoperfusão em carvão, tem métodos Guy’s Hospital de Londres. É superior aos diurese forçada, a he- diálise peritoneal e a tratamento de pa- cação do sangue tais como a modiálise, e pode desempenhar um importante papel cientes gravemente envenenados. O uso do carvão já foi tentado for ti-atado, ele pode causar no mente para desintoxicar o sangue, mas se nao uma série de efeitos colaterais. Por exemplo, partículas na guínea poderão causar embolia. Anteriormente tentou se com substâncias como corrente sancontornar as colódio e albú- desvantagens revestindo o carvao men bovino com glutaraldeído. O Dr. Goulding selecionou um prepaiado de hidrogeléia acrílica tão. O revestimento não reduz seriamente a capacidade de adsorção do desenvolvido especificamente para o fim em quescarvao.

PESTADOS UNIDOS:- MÉTODOS DE ELIMINAÇÃO DE CONTAINERS DE PESTICIDAS E DE PESTICIDAS NÃO USADOS

— Os méto dos de eliminação de “containers” de pesticidas e de pesticidas não usa dos, sugeridos pela Agência de Proteção Ambiental (EPA) dos Estados Unidos poderão tornar-se obrigatórios muito em breve. A EPA diz que, após reunir mais informações adicionais, poderá emitir algumas normas para essa eliminação. A agência prefere que tais materiais não usados, cuja venda foi proibida no país, sejam utilizados de alguma forma — como por exemplo: devolvê-los a seus fabricantes para reprocessamento ou para venda a países estrangeiros onde sua utilização não seja ilegal. Caso isso não seja possível, a EPA aprova a incineração controlada de pesticidas orgânicos que não contenham mercúrio, chumbo, cádmio ou arsênico. Segundo a EPA, os pesticidas que contêm tais metais pesados deverão ser enterrados sob condições controladas. Os containers, por sua vez, poderão ser reutilizados ou reprocessados como sucata após enxaguamento adequado.

INGLATERRA:- OVO — ALARMA REDUZ PREJUÍZOS NA AVI- CULTURA

— Um ovo ajustável para detectar choque e que acende uma luz vermelha como sinal de perigo pode parecer impossível ou até mesexiste. Criado pelo Centro de Pesquisas Avícolas de ^imburgo, ajuda a resolver o constante problema dos ovos quebrados. 1 perde-se cerca de 1 bilhão de ovos por ano porque em ^gum lugar entre a galinha e as seções de embalagem eles se quebram, uescobnu-se que o maior perigo se dá quando o ovo é posto pelas ga- nnnas e rola para fora das gaiolas. Em uma linha de produção pode quando se choca com outros e pode ser afetado quando re- coimdo e empacotado por máquinas. A dificuldade consiste em saber-se exatamente onde, e para isto foi projetado o ovo detector de choques. Ele e leito de Perspex e tem o mesmo peso de um ovo de galinha médio 59,6 gramas.^Quando o ovo detector passa por uma linha de produção, acenae-se toda vez que encontra um ponto que possa causar uma quebra e, assim, o produtor fica apto a descobrir esse ponto e eliminá-lo.

ÍNDIA;-

ESCASSEZ

MUNDIAL DE PROTEÍNAS

— Teve início em Coimbatore, no sul da índia, um teste em que a proteína extraída de folhas e gramas esta sendo servida como alimento, em várias formas, a 300 crianças de idade escolar. Iniciado pela agência assistencial britâ nica “Find Your Feet , o teste durará três anos. Se os resultados forem positivos, a suplementação de proteína de folha, que se aproxima do valor nutritivo do leite, será incluida nas dietas de alimentação pré- escolar do governo indiano e outros programas oficiais de nutrição. O teste objetiva estabelecer o v^or nutritivo do concentrato de proteína de folhas, como um suplemento à dieta, descobrir meios de incorporá-lo de forma apetecível e determinar o custo para produzí-lo tropical. ambiente num

Numa Europa conturbada os comunistas aguardam nas extremas

U. S. NEWS AND WORLD REPORT

DEPOIS de duas décadas de indiferença, os Comunistas da Europa Ocidental voltam, novamente, a se movimentar, lutando uma vez mais pelo poder político.

É uma grande transformação, que afeta aos governos da Aliança Atlântica, os quais se rr.unlram, a partir de 1940, para defender a Europa Ocidental de uma tomada de poder dos comunistas.

Não há nenhuma pressão mili tar aberta, por parte da Rússia, hoje, como existia então. Ao iiivés, o que está preparando o ca minho de volta dos Comunistas é a economia doméstica, são os con flitos sociais e a falta de habili dade da maioria dos governos em se mexer, rapidamente, para frentar todas estas inesperadas dificuldades.

Isto é o que está acontecendo:

● Portugal até recentemente go vernado por uma ditadura, mudouse para a esquerda e já tem um Comunista em seu Gabinete.

● Na Itália, o Partido Comunis ta é forte, junto aos governos lo cais, pretendendo, agora, ganhar o poder, na esfera nacional.

● França, essencialmente, está no mesmo barco da Itália.

● O Partido Comunista da GrãBretanha controla muitos dos ma s importantes sindicatos e tem uma

Os “novos comunistas” assustados com a revolução, usam edição de bolso para conqtiistar adeptos. Vma pesquisa ampla e variada mostra os resultados até aqui ob tidos. forte voz, na solução dos proble mas nacionais.

● Os Comunistas Gregos estão montando suas organizações, em um país onde, antigamente, eram banidos.

● Na Espanha, o Partido Comu nista continua na ilegalidade, mas existe subterrâneamente.

●LIMPO” MAS

Quase em todas as partes, os partidos comunistas da Europa Ocidental são “politicamente lim pos” — e não são mais considera dos párias, devido seus laços com a União Soviética.

Além disso. Estados Unidos e outras autoridadesestão preocupa das com o fato de que onde quer Comunistas desempenhem papel ativo, em governos na cionais, haverá riscos inaceitáveis para a Aliança Atlântica.

Uma reunião, novembro passa do, dos Ministros de Defesa, ^da Organização do Tratado do Atlânenque os um

tico Norte, discutindo a questão de planejamento nuclear, foi can celada quando os americanos in formaram que eles não divulga riam notas secretas, a um de seus aliados, Portugal, que possue um Ministro Comunista em seu Ga binete.

Algumas autoridades norte-ame ricanas vêem, com crescente apre ensão, o crescimento dos movimen tos comunistas, na Grécia e Es panha. Temem um impacto, na região do Mediterrâneo, caso os Comunistas se juntem ao Gover no da Itália. Os Comunistas de Portugal têm, agora, liberdade para realizar comícios públicos e disputar as eleições.

Atrás do ressurgimento dos Co munistas está a falha de' governos individuais, em não se entender com uma quantidade imensa de problemas, como os descritos antericrmente.

A Alemanha Ocidental é uma

servem-se das

voluçáo ou violência. Lideres do Partido, na Itália e França, insis tem que eles apoiam a idéia de seus paises permaneczrem na OTAN.

Para os americanos, a questão chave é saber quanto o cresci mento do poder do Partido Comu nista na Europa Ocidental afeta rá as alianças e a cooperação eco nômica.

A seguir, uma pesquisa, pais por pais, sobre as forças e us fraque zas dos Comunistas, de acordo com os escritórios da revista “U. S. News & World Report”, na Alema nha Ocidental.

LISBOA

Porítugal é o único aliado da OTAN com um Comunista detendo posição no Gabinete. Entre 1933 e o golpe militar de abril de 1974, 0 partido encontrava-se banido. Depois do golpe militar, os Co munistas emergiram e, rapida mente, se tornaram o partido na cional melhor organizado. Desde então, consolidou uma forte posi ção, na burocracia ministerial, nos sindicatos e na imprensa.

Uma pesquisa de opinião públi ca, realizada cm outubro passado, estimava que o PCP Comunista Português 12 por cento dos votos, em uma eleição. Recebeu quasi 20%.

Neste estágio, os técnicos oci dentais em inteligência estão con vencidos de que o PCP é muito li gado a Moscou e pode ser conside rado como um expressivo seguidor das ações soviéticas, inclusive da

Nenhum comu- notável exceção, nista tem assento no Parlamento Nacional ou em qualquer legisla tivo estadual. Nas últimas elei ções nacionais, em 1972, o Parti do Comunista alemão recebeu ape nas quatro décimos de 1 por cento dos votos. Mas o Partido é muito mais forte do que se pensa, universidades e sindicatos. nas Partido recebería Em outras nações chaves da Eu ropa Ocidental, os Comunistas es tão tentando se apresentar como uma alternativa, diante dos fracos governos democráticos de ditaduras militares. Estes “no vos comunistas^ edições de bolso. Eles evitam ree diante

invasão da Checoslováquia, fin 1968.

“Cunhai quer depreciar a polí tica do partido, no momento, aliança da OTAN não é uma ques tão controvertida em Portugal e se for colocada, o governo provi sório se dividiria exatamente no meio”.

Lideres do partido portu guês tentam depreciar suas l’gações com o Cremilin. Mas é ampla mente reconhecido que o PCP tem contado, de forma substancial, com verbas vindas diretamente da União Soviética. A

MANGAS DE FORA

A maioria dos mais importantes líderes do PCP viveu no exílio, na Europa Ocidental, durante mu'tos anos, antes do golpe de abril. Mas alguns permaneceram dentro de Portugal, Operando movimento clandestino subterrâneo, com ra mificações pelos sindicatos.

entre as POLÍTICAS DO PCP:

9 Nacionalização em grande es cala de negócios e indústr as, in clusive a maioria das companh as de propriedade estrangeira. Com pensação, se paga, seria mínima. Pesadas taxas seriam tributadas srbre grandes indústrias, e mais baixas sobre pequenas frmas.

9 Reforma agrária para distri buição de terras aos camponeses.

9 Independência imediata para todas as restantes colônias portuguêsas.

O objetivo de Cunhai é manter relações cordiais com o Movimen to das Forças Armadas, no poder, até que a força do partido seja testada na programada eleição ge- ' ral do próximo mês de março.

ROMA

Para alguns, mas de modo al gum para os especialistas, parece inevitável que o Partido Comunis ta Italiano — o maior movimento marxista no Ocidente — entr3 em coalização governamental. As tendências eleitorais recentes indicam que os Comunistas estão beneficiando com as trocas das atitudes sociais, ferendc, em maio do ano passado, partido registrou vitórias politiatravés de sucessiva campafavor de uma nova lei

Na questão das alianças milita res portuguesas, inclusive o acor do que dá acesso aos Estados Uni dos a uma base aérea nos Açores, Álvaro Cunhai, o secretário geral do Partido e Ministro sem pasta, permaneceu silencioso. Um diplo mata ocidental deu a seguinte ex plicação a respeito: se Durante um re-

0 caS; nha, em divorcista, nesta grande nação ca tólica. Um mês mais tarde, o par tido marcou importantes vitórias em eleições regionais.

No momento, o partido tem mais de 1.5 milhões de membros e, ge ralmente, recebe 30 por cento dos votos, em eleições nacionais. Tem 175 das 630 cadeiras, da Câmara dos Deputados, e 74 dos 315 as sentos, no Senado.

O Partido também controla 10 por centô das 8.000 municipalida-

des da Itália e 3 dos 20 governos regionais.

Enrico Berlinguer, o líder do partido, está forçando o que ele classifica de “compromisso histó rico”, 0 qual poderá facilitar o ca minho de um governo comunista, em nível nacional. O compromis so proporcionaria, em seu estágio inicial, ao PCI — o Partido Co munista Italiano — um importantf- papel na política governamen tal e, posteriormente, em postos üo Gabinete.

O PCI apresenta ponto de vista moderado em relações internacio nais e é considerado independente, c-m relação a Moscou. Publlcamente, apoia a continuidade da Itália tanto no Mercado Comum quanto na OTAN.

SEGUINDO AS REGRAS

O partido parece não ver razão para dividir a culpa, do desastre que ele prevê, em um futuro breve.

A estratégia partidária atual é no sentido de consolidar a filia ção e reeducar elementos mais radicais, com o objetivo de nego ciar barganhas políticas, com a “classe inimiga”.

PARIS

so-

se

Um dos mais importantes lídederes comunistas disse, recente mente, que a intenção do partido era “agir dentro de um quadro ds realidades específicas internacio nal, geográfica e política”. A de claração destinava-se a acalmar apreensões de outros partidos bre a atitude do PCI, com rela ção a sua filiação junto à OTAN. Embora o futuro jamais tenha mostrado tão promissor, para os Comunistas Italianos, eles pare cem estar menos ansiosos em se mover para uma posição de res ponsabilidade, no governo, caso essa oportunidade surja, agora. Eles pensam que o tempo está do lado deles. Com os conflitos so ciais e econômicos da Itália, que aparentemente irão de mal a pior.

Em nenhum lugar, a nova rou pagem comunista se mostra mais evidente, do que na França. Sob a liderança de Georges Marchais, 0 partido é menos revolucionário e muito mais flexível do que no passado. Numa coalisão com os Socialistas, 49 por cento dos votos foram obtidos, nas eleições pre sidenciais de maio do ano passado. O partido é o mais forte, melhor organizado, mais disciplinado e que reune militantes de todas as organizações políticas francesas. Seu corpo de membros é duas vezes superior a seu mais direto rival, 0 gaullista UDR. No momento, tem mais militantes do que todos os outros partidos franceses juntos. Além disso, em duas ocasiões — em 1936 e, novamente, durante o primeiro governo de Charles de Gaulle, depois da libertação da França, na Segunda Guerra Mun dial nistros do Gabinete.

Hoje, a França tem 1.094 pre feitos comunistas e um sem nú-

os Comunistas foram Mimero de vereadores empregados que, frequentemente, lideram cé lulas comunistas regionais, comunistas Os conquistaram mais de 5 milhões de votos ou 21.3

por cento de votação, nas eleições de maio, para a Assembléia Nacio nal. Elegeram 74 dos 487 deputa dos e 20 dos 283 senadores. Seten ta por cento dos novos membros do partido têm menos de 40 anos c 30 por cento são mulheres.

APROXIMAÇAO SOCIALISTA

Uma razão para o sucesso es petacular dos Comunistas France ses tem sido uma campanha de alta pressão, para transformar suas imagens radicais. O partido organizou um clube social, férias a baixo custo, grupos de viagem, rede de livrarias, centros cultu rais, clinicas e hospitais e lares para pessoas idosas. O primeiro resultado desse esforço: uma re cente pesquisa mostrou que 45 por cento daqueles que votaram, acre ditavam que o partido fosse de mocrático.

a crise de petróleo “uma invenção dos imperialistas monopolizado res”.

LONDRES

Os Comunistas da Grá-Bretanha desfrutam da influência de gran des proporções, graças a seu apoio eleitoral.

As filiações apresentam-se inal teradas, em torno dos 30.000 e o Partido Comunista Britânico (BCP) não causa impactos sobre as eleições. Contudo, sua voz jun to aos sindicatos transforma o par tido em uma força poderosa, den tro da economia britânica.

Em duas eleições gerais, em 1974, o partido obteve apenas 0.1 por cento dos votos. Não consegue enviar nenhum membro ao ParlaMesmo nos ● mento, desde 1950. níveis de eleições governamentais locais, há pouco mais do que 50 sustentando postos Os pontos básicos do partido são os sindicatos, comunistas, eletivos, no Reino Unido. Entretanto, sob a liderança de John Gollan, o partido desempe nha importante e algumas vezes decisivo papel na vida britânica. Em pelo menos duas ocasiões, — n batalha de 1972 sôbre as obri gações legais dos sindicatos e, em 1974, a greve dos mineiros de cardesafiou o Governo Conmutilantes cujas greves em maio de 1968 e, nova mente, em fins de 1974 mostraram quão efetivos são os Comunistas, no movimento trabalhista francês.

Para estabelecer a estratégia de Parfdo Comunista moderou sua platafor ma. A mais radical proposta foi o apelo para a tomada das nove principais empresas francesas e algumas multinacionais, como a International Telephone <Sc Telegraph.

O partido não está cooperando com o governo francês nos esfor ços para economizar energia. Ao contrário, os comunistas chamam união com os socialistas o

vao, que servador e seu controle salarial — intervenção do partido é consi derada como de crucial importàna cia.

A chave desse paradoxo reside na penetração comunista nas po derosas organizações sindicais bri tânicas. Por exemplo:

● Dez por cento dos membros executivos eleitos, dos principais sindicatos, são reconhecidos como comunistas.

● O apoio dado ao partido é o mais forte possível, nos três mais poderosos sindicatos britânicos — O Sindicato Nacional dos Minei ros. O Sindicato Amalgamado dos Trabalhadores em Construção e o Sindicato dos Trabalhadores Ge rais e de Transporte, — os qua’s. juntos, controlam quase metade dos votos concedidos durante a Conferência Anual do Partido Tra balhista.

● Em nível operário, os Comu nistas dominam muitos conselhos de porta-vozes de trabalhadores, particularmente aqueles nas in dústrias de construção naval e na combalida indústria automobilís tica.

● No partido Trabalhista, pelo menos 80 membros do Parlamen to pertencem ao chamado Grupo de Tribuna siderado como seguidor dos obje tivos comunistas.

O Grupo de Tribuna concorda com o BCP, em suas principais metas políticas : retirada do Mer cado Comum e OTAN; abandono da intimidação nuclear britânica e corte nos gastos com a defesa nacional, em cinquenta por cento; severa redução da autonomia de multinacionais, — principalmente americanas — firmas e estabele cimento de controle estatal sobre a indústria privada.

industrial" dc BCP, Bc-rt Ramelson, disse, recentemente: "O Par tido Comunista tem apenas que circular uma idéia, no começo do ano, para que ela se torne uma po lítica oficial do Partido Traba lhista, no fim do ano".

ESTOCOLMO

Os comunistas desempenharanr unr papel relativamentc importan te. nos países nórdicos, desde o fi nal da Segunda Grande Guerra Mundial.

Na Finlândia e na Islândia, o partido participou em governos de coalisão apesar de não ter sido capaz de introduzir radicais modi ficações, nas polit'cas internas e externas dessas nações.

Na Suécia e na Dinamarca, os comunistas apoiaram os governos Social-Democratas.

Os laços comunistas são tão es treitos, com as secções do Partido Trabalhista que o “organizador que pode ser con-

Os comunistas da Finlândia emergiram da guerra com uma base política sólida e participa ram de uma coalisão até 1948. Fo ram novamente membros de uma segunda coalisão, de 1966 a 1571, mas se retiraram devido a uma divisão dentro do partido, entre os moderados e os elementos mais ra dicais.

Em eleições mais recentes, reali zadas em 1972, eles receb?ram 17 por cento dos votos e ganharam 37 das 200 cadeiras, no Parlamen to. Tanto o governo finlandês quanto o de Moscou gostaria de ver os Comunistas retornarem ao comando governamental, mas o partido ainda se encontra atingi do por profunda cisão.

Na Islândia, os comunistas uni ram-se a uma coalisao esquerdis ta governamental, em 1971, rece bendo 2 dos 7 postos do Gabinete. A coalisão, entretanto, caiu em maio de 1974, devido a desacordos em relação ã política para estabili zação de uma economia enferma.

Nas eleições de junho de 1974. o partido enfrentou um severo revés, quando os eleitores islandesss mudaram-se para a direita e apoia ram a continuidade da base norte-americana em Keflavik. Os esquerdistas queriam quü os ame ricanos abandonassem o pais.

Apesar de tudo, os comunistas islandeses controlam 18 por esnto do voto popular e 11 dos 60 assen tos, no Parlamento.

O pequeno partido comunista sueco apoia o governo minoritá rio socialista do Primeiro Minis tro Olof Palme. Nas eleições de 1973, os comunistas receberam 5.3 por cento dos votos e ganharam 19 das 350 cadeiras, no Riksdag.

O partido sueco

Na No-

grupo pode contar com 5 ou 6 por cento, do voto popular, ruega, os comunistas faz am parte da Aliança Eleitoral Socialista, de esquerda, que venceu 16 das 155 cadeiras parlamentares, em 1973. Um partido minoritário, entretan to, o Social Democrata, forjou uma coalisão governamental, sôbre a qual os comunistas têm pouca influência.

● Mas as apreensões dos ociden tais estão concentradas na costa norte do Mediterrâneo e o novo papel comunista na Europa. Os comunistas espanhóis estão se organizando, por antecipação, à morte, do forte homem de 81 anos, Generalissimo Francisco Franco. Fies esperam que sua morte faci lite o retorno do partido à lega lidade.

está divid do entre os moderados tomadores de militantes stalinistas. so-

Com a viética no quecimento dos aliados, no sul da Europa, poderia ser uma ameaça interesses estratégicos, na voto e os ((ue. desejam mais estreitos laços com Moscou. re- aos

Na Grécia, os comunistas, ape sar de duramente divididos, por rivalidades, ganha- suas próprias ram 9 por cento dos votos, nas Esse total « eleições de novembro, foi inferior ao esperado, crescente influência Mediterrâneo, o enfra-

A extrema-esquerda da D*namarca está dividida em grupos. O Partido Socialista do Povo, versão dinamar:uesa do “co munismo nacional”, mantem 11 das 179 cadeiras no Parlamento, enquanto que o tradicional Par tido Comunista, apoiado por Mos cou, sustenta apenas 6. Cada gião vários comunistas italianos esticertos e o tempo provar-se

Se os verem do lado deles, a estrutura das alianças política atlântica, nômicas e militares, poderão ser abaladas, como jamais aconteceu passado. íEdição de 30-12-1974) econo

INGLATERRA:- AEROSOL CONGELA RAPIDAMENTE — Alguns segundos de pulverização com um aerosol de congelamento nao-tóxico reduz a temperatura de uma vasta gama de materiais para aproximada mente 3Q0C negativos. O aerosol, criado para aplicações domésticas e gerais por uma firma britânica, pode ser usado para qualquer coisa, da criação instantânea de cubos de gelo à remoção de goma de mascar de tapetes. Uma das principais aplicações domésticas a que se destina é a remoção de substrjicias altamente adesivas como tintas e goma de mas car de cortinas, tapetes e roupas. O congelamento torna dura e quebradiça a substância pegajosa. Nessas condições, ela pode ser esfarelada com fa cilidade e retirada com vassoura ou aspirador de pó. Para o mecânico amador o aerosol tem diversos usos, particularmente em soldagem. Tu bulações domésticas de pequeno calibre, por exemplo, podem ser conge ladas localmente, permitindo que trabalhos de rotina, como a mudança de uma torneira, sejam feitos sem necessidade de se fechar a chave geral. Em piqueniques o aerosol se transforma praticamente numa geladeira portátil, para manter alimentos, gelar vinhos e mesmo fazer cubos de gelo.^ O fabricante afirma que o aerosol não está confinado a aplicações domésticas. Na indústria, poderá ser de utilidade na descoberta de defei tos em circuitos elétricos e eletrônicos, congelamento de amostras de te cidos para microscopia e controle de temperatura, além de calibraçao termométrica.

Pno seu

BRASIL:- LÍDER DO COURO JAPONÊS NO BRASIL — Pressiona das pelas sucessivas altas nos custos de matérias-primas e da mão-de-obra próprio país, grandes empresas do Japão decidiram transferir suas operações industriais para o exterior. Seguindo esta tendência, o grupo Toyobo, de Osaka, uma das maiores indústrias têxteis e o maior fabricante de couro artificial e papel sintético do Japão, associou-se ao grupo Mitsubishi para fundar em agosto deste ano a INPASA — Indusquímica Paulista S.A., com sede em São Paulo, que produzirá couro ar tificial à base de poliuretano (polyurethane leather), sob marca “EOF”. A fábrica brasileira será localizada no Distrito Industrial de Salto (SP), e terá sete mil m2 de área construída em um terreno de 1.200.000 m2. A em presa entrará em funcionamento em maio de 1975, com uma produção ini cial de 220.000 m mensais. Aproximadamente 40% da produção serão des tinados aos mercados americanos e europeu, tendo como intermediário a Mitsubishi Trading. Inicialmente, a INPASA não produzirá artigos acabados mas apenas o couro de poliuretano que é utilizado no Brasil principalmente para revestimento de estofados. Mas, eventualmente, entrará também no mercado de confecções. Na segunda fase do projeto, a fábrica estará em condições de produzir e preparar as próprias matérias-primas do couro artificial.

A estotização na economia brasileira

análise da participação do Estado na economia brasileira deve partir de uma primeira cons tatação de fatos: a de que houve nos últimos trinta anos um crescimento muito grande da participação do Estado na econo mia. Podemos apresentar alguns dados sobre este aumento, primeiro lugar, se tomarmos, sim plesmente, a despesa do governo em relação ao produto interno bruto, veremos que em 1920 essa participação do Estado era 12,5%, para em 1947 subir a 17,7%, atingindo em 1969, 32,2%. Se to marmos, não apenas o governo, mas este e as empresas públicas, a participação do Estado e das mesmas empresas públicas produto interno bruto deve estar bastante próxima de 50%. Em termos de investimento, formação de capital fixo em relação ao produto interno bruto, também veremos que a participação do Estado cresceu muito e que hoje é preponderante dentro da econo mia brasileira.

A conferência que publicamos foi transcrita de notas taquigráficas.

O autor a proferiu na I Semana de Economia da ^-Fundação Ar mando Alvares Penteado, realiza da em abril. O autor é professor da Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas. Em

havia ocorrido nas empresas púcas. As empresas públicas, em 1969, controlavam 26,7 verno 33,9%, somando um total de 66.6%. O restante, menos de 40%, ficava para a iniciativa privada. O Brasil é, assim, um pais onde a participação do governo já é de 50% na produção e mais de 60% na formação de capital, que é o elemento dinâmico por excelência dos processos de desenvolvimento econômico.

Quais as razões deste aumento da participação estatal na econo mia brasileira? Prefiro fazer uma análise em duas etapas. Na prifazer uma análise cr. e o go¬ zo de

1947 a 1953 a participação do Es tado nos investimentos totais — Estado aqui é tomado como Esta dos Federal, estadual, municipais, além das empresas públicas e autarquias — era de 28%.

Em 1969 este número havia crescido para 60,6%, sendo que a maior parte desse crescimento

no meira, quero mais histórica e econômico-política do problema, e, em seguida, faço uma análise mais especifica mente econômica. No período de Nessa análise da política podemos pensar na participação do Estado na mia brasileira em três momentos. O primeiro momento é o período anterior a 1930, chamado, do ponto de vista econômico, período moecono-

delo primário exportador; do ponto de vista político podemos chamá-lo de semi-colonial brasi leiro. É, basicamente, o período do café. Nesse período a partici pação do Estado na economia é extremamente pequena. O Estado tem, a rigor, apenas duas funções, as quais são essencialmente polí ticas. A primeira é uma tenta tiva de cópia do Estado liberal, 0 Estado polícia, Estado que man tém a ordem interna e defen de o país de inimigos exter nos. De outro lado, o Estado tem uma função cartorial: de ve fornecer empregos para uma classe média improdutiva que vi via de alguma forma ligada à oli garquia que era dominante no Pais. Essas eram as funções do Estado, funções políticas. O Es tado era um mero agente do sis tema capitalista agrário mercan til da época; não tinha pratica mente nenhuma influência efeti va na economia, que se mantinha, inteiramente subdesenvolvida. Foi esse período, da independência até 1-930, que definiu o subdesenvolvi mento brasileiro. Foi nesse perío do que a Inglaterra, a França, os Estados Unidos e outras nações tornaram-se grandes potências industriais, enquanto o Brasil per maneceu um país agrícola e sub desenvolvido.

O segundo período é o de 1930 a 1964, o qual corresponde aproxi madamente, no plano econômico, ao processo de industrialização por substituição às importações; no plano político corresponde à chamada política populista.

Em termos políticos o papel do Estado agora é o de ser. funda mentalmente, o instrumento do capitalismo industrial nascente no Brasil, inicialmente sem muito vigor, sem muitas possibilidades de ação por falta de instrumen tos — isto nos anos trinta; e de pois — anos quarenta e cinquenta — cada vez mais forte, mais claro e consciente vai o Estado se trans formando num agente decidido do capitalismo industrial e da indus trialização brasileira.

O Estado tem ainda uma função de mediador no pacto social po pulista. O populismo é um sis tema político vigente no Brasil nesses últimos trinta anos, em que nem um grupo dentro das classes sociais detem o poder claramente. No sistema populista esse poder está dividido entre diversas fracções da classe capitalista, que es tão em conflito entre si; funda mentalmente a velha classe agrá ria mercantil, decadente, mas ainda razoavelmente poderosa, e a nova classe de empresários in dustriais. Fazem parte ainda do processo político as novas classes médias urbanas, assim como as novas classes operárias urbanas que estão surgindo com a indus trialização.

Na ausência de uma força polí tica e de um grupo social que detenha o poder com clareza, o Estado então faz uma mediação entre esses quatro grupos.

Dentro desse processo, no plano econômico, a função do Estado é em primeiro lugar facilitar o pro cesso de acumulação capitalista,

o processo dc investimento, moto res do desenvolvimento capitalis ta. Como é feito isto? De um lado, é feito através de um pro cesso de fortalecimento da de manda legada da economia. O Estado tem como papel, em todas as economias capitalistas moder nas, a partir dos anos trinta e quarenta, através da política eco nômica, política monetária, polí tica fiscal, a responsabilidade pela manutenção da demanda legada, evitando, portanto, que o país entre em crise, ou, pelo menos, minorando as crises que eventual mente ocorram. Esse papel é de sempenhado já pelo governo a partir dos anos trinta de maneira bastante efetiva. O governo de senvolve uma política monetária, que às vezes se perde em termos de inflação; desenvolve também uma política de investimentos governa mentais, a qual fortalece a de manda e facilita um processo de acumulação capitalista.

Em segundo lugar, esse proces so de facilitar a acumulação ca pitalista é feito através de um processo político de transferência de renda de determinados setores para a indústria. Nós sabemos que nos processos de industria lização, de desenvolvimento in dustrial, não é suficiente que haja um processo de acumulação capi talista derivada exclusivamente dos aumentos de produtividade ocorridos na própria indústria. O processo de industrialização, his toricamente, em quase todos os países, àlém do próprio aumento da produtividade, é acompanhado

No Brasil foi isto o que houve uma grande ras

de dois tipos de transferência de renda. De um lado temos a trans ferência de renda da agricultura, dos fazendeiros, para a indústria — isto ocorreu de uma forma ou de outra em quase todos os países do mundo. É condição para que haja industrialização a existência, anteriormente, de uma agricul tura mais desenvolvida, a qual transfere renda para a indústria, cujo agente transferidor é o Es tado, aconteceu: transferência de renda das cultude exportação, especialmente do café, para a indústria. E, o Es tado foi o elemento deste pro cesso.

Além disto, há um outro prode transferência de renda, dos trabalhadores para a cesso que e 0 indústria, ou seja, o processo de concentração de renda. Este é processo também normal nos sis temas capitalistas. No Brasil istò ocorreu no período de 1930 a 1964, embora não de maneira muito de cidida porque o modelo de distri buição de importações, pelo menos duas décadas iniciais (anos um nas trinta e quarenta), era um mo delo baseado na produção de bens de consumo básico, bens que de viam ser consumidos também pe-

De forma quç de concentração de los trabalhadores. o processorenda não foi uma característica marcante desse período, inclusive política populista, até porque a certo ponto, exigia a participaçgo dos trabalhadores nos frutos do desenvolvimento.

i Nesse período, portanto, do mo delo de distribuição de importa ções, o papel do Estado é agora político e no mesmo tempo ecoAntigamente era só po-

auxiliar subordinado ao sistema capitalista, mas sim um associado do sistema capitalista. O Estado, à medida em que é controlado mais diretamente por tecno-burocratas civis e militares, passa a ter certa condição de autonomia, certa possibilidade de agir de acordo com os interesses da prótecno-burocrata. nomico.

litico — antes dos anos trinta — agora também é econômico, sua função basicamente é a de auxiliar do sistema capitalista, de subordinação básica aos interesses do sistema capitalista vigente no pais.

A camada pria

A partir de 1964 algumas modi ficações ocorreram. As funções econômicas do Estado permane cem as mesmas. A única diferen ça sensível é que o processo de transferência de renda para timular a fiscalização deixa de ser, principalmente, a partir da agri cultura para a indústria, e passa a ser, principalmente,a partir dos trabalhadores para a indústria através de um processo de centração de renda. Esta, talvez, a modificação econômica importante.

Então, esse Estado se associa, por que seus interesses são comuns, com a classe capitalista nacional e internacional das empresas mul tinacionais. Agora, desta auto nomia que o Estado adquire nes ses últimos dez anos nem sem pre têm consciência os próprios tecno-burocratas que controlam o Estado. Então, verificamos que em todos os seus pronunciamentos eles afirmam a sua subordinação ao sistema capitalista a sua idéia de que o objetivo é estimular a iniciativa privada, o objetivo é o de reduzir a participação do Esta do na Economia.

escon\ mais

No plano político há uma mo dificação muito importante: Estado passa a ser controlado mais diretamente por uma da de tecno-burocratas civis litares, a qual vai se associar à classe capitalista, à classe inter na e ao capitalismo internacional. Controlando o Estado através dessa tríplice aliança, desaparece o Estado populista e também de saparece, como consequência, a participação dos trabalhadores no sistema político. Há, porém, uma diferença importante no proces so: é que 0 Estado agora não é mais um mero agente, um mero

camae mi¬

Mas na verdade, objetivamen te, eles agem já com uma certa autonomia, já interessados em participar efetivamente do poder, não mais como meros assessores, mas agora como associados, o que é um pouco diferente.

Esta é uma análise política inicial que nos permite agora exa minar rapidamente as razões mais especificamente econômicas do aumento da participação do Es tado na economia.

Nós podemos, em primeiro lu gar, fazer uma distinção entre dois tipos de aumento de partici pação. O aumento da participao

cão do Estado, através dos órgãos governamentais propriamente di tos. e o aumento da participação do Estado, através das empresas públicas.

Em relação aos órgãos gover namentais, acho que basta dizer o seguinte. Que em todos os esta dos nacionais, em todo o mundo, tem ocorrido um aumento muito grande da participação do Estado, de fato. em função principalmente do aumento das responsabilidades sociais do Estado. A previdência social, principalmente, mas além dela, a educação, a saúde, são áreas em que o Estado começou, desde o inicio do Século XX, em todos os paises do mundo, a par ticipar muito mais ativainente do que antes, e isto, claro, aumentou fortemente a participação do Es tado.

Além disso, o Estado passou a investir em certos setores de infraestrutura que ainda não são controlados pelas empresas, em bora comecem a ser, como por exemplo no setor de estradas de rodagem.

Mas vamos examinar mais par ticularmente o problema da inter venção do Estado no setor empre sarial, propriamente dito. porque este é mais interessante, e foi ai que realmente houve grandes in vestimentos na participação do Estado na economia. Foi através das empresas públicas que o Es tado aumentou de maneira deci siva a sua participação.

Eu creio que se pode dividir isso em quatro tipos de investimentos, que depois podem ser conjugados

até um certo ponto mas que vale a pena separá-los.

Em primeiro lugar, nós temos o problema de assegurar, uma mo tivação básica do Estado ao in vestir, de assegurar a realização dos serviços públicos em volume suficiente a preço barato, serviços públicos esses que são monopolis tas. Estou falando agora, então, da energia, das comunicações e do transporte ferroviário. Estes ser viços são serviços públicos mono polistas.

É fundamental para o Estado, política econômica, assevolume grande desses mesmo tempo fazer

na sua gurar um serviços e ao com sejam os seus que os preços desses serviços baixos, de forma então, que usuários, sejam as empreconsumidores, se be-

sas. sejam os neficiem deles.

Eram áreas inicialmente, controboa parte por capital também uma parte ladas em estrangeiro, e por capitais nacionais privados.

O governo, então, se via na se guinte alternativa: ou os investi mentos eram insuficientes, a/ou preços eram elevados para que fossem suficientes os investios nao mentos.

Entendo que agora estamos diante de um problema de mono pólio. A energia é um serviço pú blico monopolista por natureza e Estado tinha duas alternativas: ele permitia que os lucros, na produção de energia, fossem mui to elevados, e então os preços da energia fossem muito altos, e com, esses lucros muito elevados, o re-. 0 ou

investimento desses lucros permi tiríam que 0 volume de produção de energia fosse adequado; ou se ele não queria isso, se ele queria que os lucros fossem apenas ra zoáveis, ele tinha que ele próprio estatizar o serviço, e passar a in vestir recursos dele próprio, por que aí, então, é claro que a ini ciativa privada não teria interes se em colocar dinheiro num setor onde os lucros fossem baixos.

Então, foi, fundamentalmente, por este motivo que o Estado ínterveiu na energia elétrica, o Es tado interveiu nos transportes, o Estado interveiu nas comunica ções. Era um serviço monopolista, e ele queria um preço baixo, e ao mesmo tempo um volume grande.

Um segundo motivo, uma segun da razão para o investimento do Estado é o crescimento das áreas vazias, como diz o ministro Mário Henrique Simonsen.

Aqui se trata estritamente de um caso de investimentos priva dos insuficientes.

No caso anterior, nós tinhamos 0 caso de investimento privado insuficiente, mas dependendo do preço do serviço a ser cobrado.

insistiu para quo o aco fosse pro duzido pela iniciativa privada, e como isso não aconteceu, a Com panhia Siderúrgica Nacional foi fundada em 1942. inicialmente, criada pela inicia tiva privada, e estimulada pelo governo nesse sentido, mas como não conseguiu acumular capital suficiente, foi entregue ao Estado. A USIMINAS nasceu também com capital estrangeiro e com capital de Minas Gerais, e acabou nas mãos do governo federal.

Além do aço, outro exemplo tí pico da intervenção do Estado, para preencher uma área vazia, onde havia necessidade de que o Brasil produzisse aquele produto, e a iniciativa privada não tinha condições para fazê-lo foi o caso da barrilha, da soda cáustica. En tão, a Companhia Brasileira de Alcalis foi fundada nestes termos. Uma terceira motivação para o Estado intervir na economia é a necessidade ou interesse que o Es tado tem em implementar a po lítica econômica do próprio Es tado.

O caso mais típico desse tipo de motivação é o caso dos ban cos, do Banco do Brasil, do BNDE e do Banco do Nordeste, além dos demais bancos de desenvolvi mento estadual.

porque o caso era monopolista. Aqui não. Estamos pensando em áreas não monopolistas, como por exemplo o aço, em que há para o produto um preço definido inter nacionalmente. E há interesse do Governo na produção do aço e se que a iniciativa privada aco. A iniciativa Os senhores sabem que os bano Estado COS servem para que possa implementar a sua política econômica. Se o Estado quer de senvolver certos setores, se o Es tado, por exemplo, no momento e.stá muito preocupado em de senvolver a indústria de bens de espera produza esse privada não tem condições para fazê-lo. caso de Volta Redonda. O govèrno Não teve condições no

COSIPA foi,

capital nacional, ou a indústria de bens de metais não íerrosos, o Estado então, através de um sistema bancário, como é o caso do BNDE, por exemplo, poderá fa cilitar o desenvolvimento desses setores.

Há anos atrás, ele estava inte ressado em desenvolver a indús-

tria do aço, e coube ao BNDE fi nanciar fundamentalmente todo o desenvolvimento da indústria do aço no Brasil, ou a indústria hi droelétrica, idem.

No caso do Banco do Brasil, se o governo federal está interessado em financiar a agricultura, vai ca ber ao Banco do Brasil, funda mentalmente, esse financiamento nas áreas mais longínquas do país.

Além de uma motivação de im plementação de política econômi ca, pode haver uma outra moti-

Quer dizer, essa motiva-

o governo tentou desenvolver al ternativas de financiamentos a longo prazo, não através do BNDE; tentou basicamente as formas clássicas de financiamento a lonI go prazo.

Quais são essas formas clássicas de financiamento a longo prazo? São duas: Uma é o mercado de capitais, a Bolsa de Valores, ba sicamente; a outra é o sistema bancário privado, formas de financiamento a longo prazo no sistema capitalista.

O Estado, a partir de 1964, criou. toda uma série de estímulos para desenvolver a Bolsa de Valores e tentar captar as poupanças ^pri vadas através dessa instituição.

isso vaçao. cão, no caso do BNDE,particular mente, que está sob fogo muito forte atualmente tem uma outra

Em primeiro lugar, o Estado tentou, de todas as formas, pro mover a fusão dos bancos, e com então, permitir que grandes bancos, resultantes dessas fusões, realizassem os investimentos. Iiifelizniente, nenhuma das estraté gias deu resultado.

A Bolsa de devido, reduzida motivação, aquela a que me referi anteriormente, que é o problema das áreas vazias.

Acredito que essas motivações podem-se conjugar para casos es pecíficos.

Vejam o que aconteceu com o BNDE.

Todo sistema capitalista indus trial tem um problema fundamen tal: o problema de financiamento a longo prazo de seus investimen tos. É preciso financiar a longo prazo os investimentos, e para isso foi criado o BNDE em 1952.

Mas desde aquela época, especialmente. a partir do ano de 1964,

mao

Valores não conseguiu, fundamentalmente, à poupança que existe no pais, pou pança privada, que esteja na de capitalistas não ativos, pois podemos dividir os capitalis tas em ativos e inativos, pitalistas ativos não usam a Bol sa de Valores. Eles reinvestem seus próprios lucros nas suas pró prias empresas, através dos lucros Então, a Bolsa de Valosistema bancário, de modo

Os ca-

retidos, res e o geral, têm de ficar, apenas com poupança dos capitalistas ina tivos e essa poupança, ao que tudo indica, no Brasil é muito pequena. a

Ikj

São as duas

Grande parte dela é utilizada no crédito direto ao consumidor, de forma que pouco sobra para o fi nanciamento de investimentos. _

Dada esta situaçao, o governo criou o PIS, o PASEP, de inicio en tregou à Caixa Econômica Fede ral, depois viu que essa iniciativa viável e acabou voltando nao era ao BNDE. Hoje todo o financia mento a longo prazo neste País, está concentrado no BNDE, por falta de outras alternativas, as quais,,tentadas, não deram certo. O governo vai fazer tentativas, ainda, e eu espero que alguma me lhora haja nesse sentido, mas o provável é que o BNDE continui sendo, de longe, o grande finan ciador a longo prazo da indústria privada nacional.

Uma quarta motivação, e última, para o investimento estatal, é po lítica, e é a única que é política, é a motivação nacionalista.

Só há dois casos que eu conheça de motivação nacionalista para investimento estatal, é o famoso caso da PETROBRÁS, que todos conhecem, que foi tipicamente uma motivação nacionalista levou à intervenção do Estado na Economia, e o outro caso anterior a este, é o caso da criação da Com panhia Vale do Rio Doce, em 1942, que.também, ao que tudo indica, foi criada com o objetivo de pre servar e defender os recursos mi nerais de ferro do Brasil. Esta análise que acabo de fazer - mostra basicamente o seguinte. Em primeiro lugar , que, sem o grau de intervenção do Estado que o que

houve neste pais, nos últimos anos, ou nos últimos trinta anos, e, par ticularmente, nos últimos dez anos, seria muito pouco pro vável que o desenvolvimento bra sileiro tivesse sido tão grande. O Brasil desenvolveu-se muito for temente nestes últimos trinta anos. DesenvoIveu-se mais forte mente nestes últimos sete anos, e este desenvolvimento ocorreu, em grande parte, graças à interven ção do Estado, seja ele como in vestidor direto, seja ele como um estimulador do desenvolvimento industrial, como facilitador do processo de acumulação capita lista privado.

O Estado aumentou a poupança nacional. Existem dados, hoje, que revelam que nos últimos anos, apesar do processo de concentra ção de renda que houve, não se verificou aumento da poupança privada no Brasil. A poupança to tal do país aumentou, mas aumen tou apenas graças aos investimen tos do Estado e aos investimentos estrangeiros. A poupança privada, propriamente dita, continua a mes ma.

O Estado garantiu um nivel de demanda agregada elevada. O Es tado estimulou a iniciativa pri vada, como eu disse. O Estado vem resolvendo razoavelmente a contento o problema dos pontos de estrangulamento na infraestrutura econômica, o problema das áreas vazias. E graças a tudo isso. graças a essa participação na eco nomia, o Estado pôde tornar efe tiva a sua política econômica, e oJ.

seu processo de planejamento eco nômico.

Na França, por exemplo, que talvez seja o único pais capitalista desenvolvido em que o sistema de planejamento econômico é bem organizado, pelo menos entre os países importantes, o Estado tam bém é muito importante. Ele con trola, também lá, mais de 50% dos investimentos, e um dos motivos que os seus técnicos de planeja mento dão como principais para que o Estado seja tão eficiente no planejamento econômico indica tivo na França, é o problema da sua grande participação na eco nomia.

O que nós devemos nos pergun tar, finalmente, é até que ponto este tipo de investimento se cons titui num perigo, constitui um perigo em termos de autoritaris mo. O Estado brasileiro tem sido, nos últimos anos, autoritário. Até que ponto esse autoritarismo-pode ser atribuído ao aumento da par ticipação do Estado na economia.

Este é um problema difícil de ser respondido. Nós temos Esta dos autoritários com maior ou menor participação na economia.

Houve um caso clássico em que a participação do Estado foi to tal no processo inicial de investi mento, e depois o Estado resolveu revender todas as indústrias que ele havia criado, para a iniciativa privada. Foi o caso do Japão. Praticamente, toda a indústria do Japão foi criada pelo Estado aindá no fim do século passado, e depois

tudo vendido aos particulares a preços bastante baratos. Isso não impediu que o Estado japonês fosse extremamente autoritário e militarista.

Eu tenho a impressão de que, pa ra evitar o autoritarismo, é preciso algumas medidas de cunho eco nômico, especialmente em proces so de descentralização econômica ao nível do próprio Estado, que é viável. Mas eu tenho a impressão que 0 problema se coloca muito mais fundamentalmente no pró prio plano político.

Eu nao vejo nenhuma relação direta e necessária entre uma par ticipação do Estado na economia, há no Brasil, e num sistema como autoritário.

Acho que é perfeitamente possí vel compatibilizar democracia com Estado forte, um Estado eco nomicamente forte. um

O que é realmente importante plano político, haja, e que, no realmente, muito mais participa ção política de todos os setores da sociedade, desde os trabalha dores até os estudantes, políticos e todos mais. Este sim é um pro cesso político que não deve ser necessariamente ligado ao prograde uma participação efetiva do Estado na economia, que é uma necessidade das sociedades indus triais modernas, especialmente as sociedades modernas subdesenvol vidas, como é o caso do Brasil, e que precisam sair do seu subde senvolvimento.” ma

r BRASIL:- OS SABORES VARIADOS DA AMÊNDOA DE SOJA — O H principal obstáculo para aproveitamento de amêndoa da soja foi o resistente sabor desagradável, que provocou a desistência de grande número de pesquisadores. Mas a equipe de Hilmar Fuggman, professor de tecno logia dos alimentos da Universidade Federal do Pai*aná. conseguiu dar variados e agradáveis sabores às amêndoas. Doces ou salgadas, defuma das ,com cebolas ou recheados de chocolate, elas têm invejável qualidade r nutritiva: 40% de proteínas, teor de gordura entre 20 e 25 e, segundo seu V ' inventor, apenas 40 g. de amêndoas alimentam tanto como uma refeição comum. Apesar de, até agora, ele ter se detido somente no processo in’ dustrial, sem enviar o produto para exame de nutricionistas. Até agora » foram feitas amostras em escala-piloto, não sendo acrescentado nenhum * aditivo químico. As amêndoas apresentaram boas condições de estabili¬ dade, resistindo ao tempo e à temperatura, durante seis meses, embala^ das em polietileno. Pelos primeiros estudos feitos elas são economica- :R- mente bem mais compensadoras que a castanha de caju e seu custo de /' produção é menor que o de leite de soja em pó. Seu processo de fabrica¬ ção compreende a secagem, quebra de grão, separação de casca e finos (pedaços menores inutilizáveis), hidratação, escorrimento, cozimento, fritura, resfriamento, e colocação dos aditivos, como sal e açúcar.

ESTADOS UNIDOS:- NOVA TÉCNICA REDUZ USO DE ENERGIA

NO ALUMÍNIO

Uma pequena companhia de pesquisa da Califórnia patenteou um novo processo para produzir alumínio e outros metais, sem usar a enorme quantidade de eletricidade consumida atualmente. O pi’®* sidente da Parlee-Anderson Corporation disse que o novo processo eco nomiza “até 50 por cento” do custo total da energia empregada para pro duzir alumínio e outros metais reativos. Atualmente, a produção de alu mínio consome cinco por cento de toda a energia elétrica gerada nos Estados Unidos, e equivale ao total de força gerada por todas as usinas nucleares em funcionamento. O processo de Parlee-Anderson envolve a dissolução do minério num metal liquefeito, sob calor intenso. Esse mé todo evita a formação de carburetos inúteis e por isso é mais eficiente que os processos metalúrgicos utilizados atualmente. O custo da nova técnica é de um dólar para cada libra-peso de metal produzido e, portan to, ainda não é econômico em relação ao alumínio. Por outro lado, na produção de metais mais caros como por exemplo o zircônio, o processo pode reduzir drasticamente o consumo de energia, além de diminuir 50 por cento do preço do metal. O zircônio, muito resistente à corrosão, é utilizado em instrumentos cirúrgicos especiais, como também em usinas nucleares e lâmpadas. Seu custo é de sete a 14 dólares a libra-peso. Os Estados Unidos consomem cerca de cinco milhões de libras-peso desse ji

Pe. José Danti, Formador de Cristãos

IZ um ditado antigo: “mor rem jóvens aqueles que são caros aos Céus”. Ao longo das crônicas, desde os tem pos pagãos até hoje, os exem plos vão se repetindo e fazem re lembrar o adàgio, ao qual não se pode negar um fundo de verossi milhança. Correto ou não, ele su gere uma interpretação consoladora para o fato, insólito em gelal, doloroso cm cada caso, de que tivessem de partir tão cedo desta Terra tantas criaturas humanas, justamente na flôr da idade, quando estavam se revelando ou se afirmando realmente grandes pelo espirito 0 pelo coração.

Se a sentença põe em causa um desígnio dos Céus, é natural que ela pareça mais verossímil sob a luz daquela passagem, no Sermão da Montanha, em que o Mestre nos ‘ ensina a superpor e unificar a no ção de uma Providência, atenta r.os acontecimentos do mundo, e a convicção de que é um verdadeiro Pai quem vela por nós, pensando em nós mais ainda que nos lírios dos campos e nos pássaros do céu.

Todavia, a antiga sentença não pode S2r interpretada às avessas, como se para os Céus apenas os jóvens pudessem ser queridos. Há de existir no Além outra predile ção, explicável também essa, para determinados longévos que ficam neste mundo por muitos e muitos decênios praticando o bem, aper-

O Professor Luiz Cintra do Prado foi professor catedrático ãa Esco la Politécnica e antigo reitor da Universidade de São Paulo.

feiçoando aquela grandeza de es pirito e de coração que já havia marcado os anos de sua juventu de. É que a Providência, o Pai ce leste, teria desígnios especiais para lhes confiar. Portanto, a par com o antecipado chamamento nas fi leiras dos jóvens, dá-se também o tardio toque de recolher para ou tros humanos, de bem longa idade, que parecem caros aos Céus tam bém eles por predestinação.

O padre José Danti nasceu na Itália, há pouco menos de um sé culo (23/11/1875), em Esto Fiorentino. cipia em

Sua existência adulta prin1890, com sua entrada Seminário de Florença. para o Passando depois, aos 21 anos, para Companhia de Jesus, em Catelgandolfo, completa sua formação Universidade Gregoriana de Roma, doutorando-se em filosofia. Veiu para o Brasil em 1901, em plena mocidade. Aqui permanece Colégio São Luís, de Itú, numa primeira temporada de quatro anos. Em 1905 volta a estudar na Universidade de Roma, a na no mesma onde obtém o doutoramento em teologia, e a seguir, já sacerdote.

●«

arremata a sua formação na Áus tria. De novo no Brasil em 1910, com 35 anos de idade, dai por diante é ao nosso Pais que irá con sagrar a parte restante — e que foi a parte mais longa — de sua vida benemerente. Aqui ficou mais 36 anos, divididos entre São Paulo, Nova Friburgo, Santos e novamen te São Paulo. Por último, pres tando ainda serviços ao nosso Pais, trabalhou até o fim, durante 28 anos. no Pontificio Colégio Pio Brasileiro em Roma, lá falecendo no centésimo ano de sua vida (07/12/1874).

Em diferentes institutos lecio-

um pre-

nesta época conturbada, em que se discute entre nós a indissolubilidade do matrimônio ceito da Lei Natural, que o Evan gelho consagrou (Quod ergo Deus conjunxit, homo non separe. Mat. XIX, 6; Marc. X, 9).

Nos últimos tempos de sua vida produziu e retocou o manuscrito de um livro, que ele mesmo foi ca paz de datilografar, e ao qual in titulou “Pequeno Tratado sobre Jesus Cristo Redentor". Confie mos em que logo chegue aos nossos olhos esse derradeiro trabalho seu, certamente magistral, suscetivel de iluminar o caminho das dou trinas, em que hoje especialmente precisamos distinguir o trigo do Grande e justificada a ex pectativa com que desejamos ver aberto esse tesouro, o testamento do Padre Danti, que sempre nos falou como “um daqueles que sa bem”.

nou disciplinas profanas e sagra das, com notória competência e agradáveis dons de comunicação jóio. fácil, aliando a erudição de um humanista à cultura de um filóso fo e à formação de um teólogo. Do minava todos os diversos campos de seu estudo e de seu magistério, os quais se extendiam desde as le tras clássicas e as ciências huma nas, até a História da Igreja, a Patristica, as Sagradas Escrituras.

üm exemplo, dentre muitos que poderiam atestar sua cultura ral, envolve curiosa conjuntura de nomes: conhecia bem a obra de Dante Alighieri, e sabia dissertar sobre a Divina Comédia, o que fez certa vez como introdução a prédicas sobre o desenvolvimento da vida espiritual. Outro exemplo podería ser o seu trato com o Diríito Natural: há muitos anos, em dada ocasião, organizou confe rências, nesse campo, para os antigos alunos dos Jesuítas; pu desse ele ser de novo ouvido agora. A

Exerceu o sacerdócio católico por mais de 66 anos, num total de 80 dc vida religiosa. Foi diretor e orientador de inumeráveis cons ciências. Uma relação, que se ge- quisesse fazer, mostrando a varie dade de seus consulentes, inclui ría leigos, clérigos de diversas pro cedências, ministros de confissões protestantes, bispos e cardeais, propósito, poderão ser ouvidos ou lidos comovedores testemunhos, que se referem aos extraordinários movimentos de espírito, ascenções de alma, conversões e reconver sões, vidas reformadas mundo impressionante de fatos espirituais em que o Pe. Danti sa bia intervir — diretamente a pe-

um

terá todo esse Que valor não bem realizado? Sabe-o certamente dido e indiretamente pelas suas pregações — sempre com descortinio, tàctú, prudência, fôrça persuasiva, oportuna energia. Dis tribuiu largamente o precioso ca bedal dc sua cultura religiosa e moral, de sua vivência ascética, de sua experiência mistica. Estava destinado a ser um formador de verdadeiros cristãos.

Muitos são os chamados, poucos os eleitos (Mat. XX, 16). O pa dre Danti ficou entre nós até tor nar-se quase centenário, com ple na lucidez e vigor de espirito, por que tinha de participar intensa mente nessa realização inestimá vel, a ser conseguida contra as fraquezas humanas: não se extra viem os que foram chamados, não desfaleçam os eleitos. O bem imenso que assim prestou aos outros, ao longo de tantos decê nios, não ficou registrado em atas ou escrituras. Tudo se passou num mundo velado, em que se filtra a misteriosa claridade da Graça, e cm que as almas podem abrir-se em segredo perante um guia ihspirado por um Poder mais alto, o mais alto e mais forte que pode haver.

ESTADOS

Aquele que declarou a Nathaniel: “Antes que Felipe te chamasse” (para vires ao meu encontro) “eu te vi quando estavas sob a figuei ra” (Jo. I, 48).

Deu-nos também, o Pe. Danti, 0 exemplo constante de sua humil dade. Poucos meses antes de seu falecimento, dizia ele nas notas autobiográficas que ditou: "Esta mos esperando que Nosso Senhor me chame para a outra vida (...) Parece-me que (Ele), tão bom, não me teria conservado mais de oiten ta anos a trabalhar assim na Igrej.a, se me quisesse mandar ao in ferno: ou creio que me enviará ao Guardemos também purgatório”, esta lição de humildade, uma das últimas que nos deixou. Mas este jamos seguros de que, para o Pe. José Danti, o que se passou foi Aquele que já o conlietambém conhecera Nadilercnte. cia, como thaniel, há de lhe ter dado logo, muito logo, a plena felicidade que tão longa vida teria de coroar sempre consagrada ao Bem. o

UNIDOS: ADITIVO AUMENTA

A

DA INDÚSTRIA DE PAPEL — Um aditivo para a produção de promete um aumento no rendimento de 10-12% será submetido a comercial, num programa de modernização, na fábrica de P^P^l haueuser em Springfield, Oregon. O aditivo, a resina A c ^ lOO-NK-A da American Cyanamid permite uma drenagem de agua mais rápida da massa de papel, além de uma melhor retenção de do e outros enchimentos. Quase um terço do investimento da weyerhaueu- ser em Springfield será para renovar a máquina de papel que o^:^ra com a nova resina. Pelo menos uma outra companhia — a Longview Fibre. de Longview, Washington — está, também, fazendo expenencias com a resina.

A ESTADOS UNIDOS:- NOVA DROGA PARA A ARTRITE

Upjohn anunciou a comercialização de um produto que ela descreve como “o primeiro agente antiartrítico a ser aprovado nos Estados Unidos em aproximadamente uma década”. A droga, denominada “Motrin”, é quimicamente constituída de 2 — (p-isobutilfenol) Acompanhando os testes clínicos, iniciados em 19Ô9, a Food and Drug Administration aprovou o uso da droga, especialmente para o tratamento da artrite reumatóide e da osteoartrite. A Upjohn diz que a droga pode ser útil no tratamento de distúrbios reumáticos crônicos, porque apre senta somente mínimos efeitos colaterais. Em estudos realizados pela em presa, foram associadas menos reações gastrointestinais ao Motrin do que à aspirina ou outras drogas não esteróides para a artrite. A companhia calcula que existem 20 milhões de pessoas com artrite nos Estados Uni dos, sofrendo de cerca de 100 tipos diferentes dessa moléstia. Os tipos mais comuns são a osteortrite, que ataca e desírói ossos e cartilagens nas juntas sobrecarregadas pelo peso, e a artrite reumatóide, que inflama as juntas.

o-

ácido propiônico.

FRANÇA:- ALUMÍNIO SEM BAUXITA — Uma nova técnica de pro dução de alumínio sem emprego de bauxita foi desenvolvida na França pelo Grupo^ Pechiney-Ugine Kullmann. A técnica experimentada pelo grupo francês consiste em extrair a alumina (da qual o alumínio é deri- vado) não da bauxita, mas de minerais silico-aluminosos como argila caolinica, xistos carboníferos e betuminosos, que contém de 28 a 38 por cento de alumina; praticamente a mesma quantidade presente em certas bauxitas. As vantagens desse processo são muitas e evidentes: o material do_ qual parte o “H positivo” está disseminado em quantidades incalculá veis sobre toda a crosta terrestre; pode utilizar vários tipos de minério; pode ser realizado em pontos onde haja matéria-prima, evitando altos custos de transporte; e finalmente, o alumínio obtido através dele é de grande pureza.

ESTADOS UNIDOS:- FABRICANTES DE PRODUTOS

FARMACÊU TICOS INGRESSAM NO RAMO DE PRODUTOS ALIMENTÍCIOS — A Merck dos Estados Unidos concordou, em princípio, em adquirir a Hubbard Fajms, Inc,^ (Walpole, N. H.). No ano passado, a Hubbard somou 24 mi lhões de dólares em^ vendas, 75% das quais provenientes da criação de aves de corte. A fusão está sujeita à aprovação por partes das diretorias das duas companhias^ e pelos acionistas da Hubbard. A aquisição custaria à Merck, 902.000 ações comuns da Merck, avaliadas em 70 milhões de dólares, e deveria ajustar-se à linha de produtos veterinários da Merck. Enquanto isso, o Miles Laboratories está fazendo planos para colocar linhas escolhidas de análogos da carne em distribuição nacional. A com panhia fez testes para a comercialização de análogos texturizados a base de proteína vegetal de presunto e de salsicha, na Flórida, sob o nome comercial de Morningstar Farm. A companhia espera lançar seus produtos no mercado dentro de um ou dois meses e a distribuição nacional dentro .

PEDRO ALEIXO

RUY SANTOS

PERDEU o Brasil, com o faleci mento de Pedro Aleixo, um dos poucos liberais com que ainda contava a vida pública brasilei ra. Um homem de idéias libe rais, um homem que confiava no li beralismo. Ele mesmo se declarou li beral ao reafirmar que confiava no liberalismo:

“Os liberais não trazem qualquer proposta de salvação; não prome tem ao homem felicidades novas e inalcançadas. Não são animados pelos programas de melhor condihumana. Seu projeto é modes-

O senador Ruy Santos traçou o ■perfil de Pedro Aleixo, grande homèin publico, que Minas Gerais deu ao Brasil. É essa pagina de sau dade e de justiça, sobre um patriota puro, que publicamos a seguir.

E porque sempre a mos e das mutilizações que as dou trinas milagi'osas trouxeram à hu¬ manidade.”

De fato. Apenas há no liberal mais uma atitude, que uma disposição de luta; um comportamento e não um pelejar. O liberal é o pregador pelo exemplo. De um modo geral ele não prega para fazer prosélitos: antes acende uma luz, um facho, que des perta atenção e a que se procura se guir. Missionário e não revolucioná rio. Verdade que há missões que despertam revoluções. A revolução de Cristo por exemplo.

Esse liberal entretanto grande liberal — foi marcado, na

sua vida pública de quase meio sé culo, pelo signo das missões inter rompidas. Em 1930, eleito deputado federal, não teve seu mandato re conhecido pelas celebres e condena das depurações que antecederam a revolução de 30; em 37, de novo vi tima da cassação coletiva, com a dis solução do Congresso; em 68, im pedido de exercer a Presidência da República com a doença e conse quente falecimento do Presidente Costa e Silva. Em 1937, quando se deu a implantação do Estado Novo, presidia a Câmara dos Deputados. Enviou então, ao Presidente Getulio Vargas este telegrama:

!f çao to: pretendem apenas preservar a sua liberdade essencial e, preser vando-a defendê-la das deforma ções impostas pelos salvadores te nham boas ou ilegítimas intenções, não querem salvá-la, salvaram dos despotis-

verifi-

“Com amarga surpresa quei, hoje, que o edifício da Cados Deputados foi ocupado mara por forças armadas. Divulgaramlogo depois notícias de que o Governo da República havia ex pedido Decreto de dissolução do Poder Legislativo. Não conheço os fundamentos de tão graves atos. Impedida materialmente de funtomar consequentemente se, esse cionar e qualquer deliberação sobre assun-

eu

“Chegou o meu instante. As láolhos.

■ sinto-

tos de tanta relevância, a Câmara dos Deputados não pode levar a Vossa Excelência o pensamento da senão da totalidade de grimas me enevoavam os Curvei-me e vi aquelas mãos, que conheci desde o nascimento, agora sagradas para o serviço de Deus. Ao beija-las, senti uma ale gria intensa, uma alegria profun da, mas uma alegria serena, como deve ser aquela ale-

maioria, seus membros. Por isso, na quali dade de Presidente da Câmara dos Deputados — Poder que se consti tuiu nas mais puras fontes da von tade do povo brasileiro me no dever de levar até Vossa ,.,4

Excelência o meu protesto contra os referidos atos e espero que o Brasil saberá fazer justiça à ho nestidade, à fidelidade, à lisura à operosidade e ao patriotismo de seus legítimos representantes”.

Era a única coisa que podia fafazer, e fez.

imagino eu gria reservada aos bem aventura dos que entram no Reino do Céu. Aprendera antes que não é a tris teza que produz o choro, nem o prazer que faz o riso. Ensinam os psicólogos que a gente fica triste porque chora, que a gente fica ale gre porque ri. Mas alt estava eu chorar estáva-

a chorar, como a todos que me cercavam, mi- mos nha mulher, minha filha, meu amítodos estávamos possuídos

go e da mais tranquila alegria, de uma alegria misteriosa, tão extraordi nária que eu a senti como se fos se uma benção divina. Ergui os olhos para a face de meu filho. Nele ví resplandecer a felicidade. Ele estava feliz. Ele era feliz. A felicidade dêle era também a mi nha felicidade.”

O monge laico chorava à frente do filho padre; o pai beijava as mãos. que se consagravam a Deus, do fi" Iho. o

Cada um de nós, não pode fugir ao destino de se deixar marcar pelo ferro, pela marca de sua terra': de sua província ou de sua cidade. Pe dro Aleixo tinha, assim a tranquili dade da gente mineira e o ar místi co, religioso, de sua cidade. Ele nas ceu em Mariana, em Minas Gerais, e passou a infancia em Ouro Preto. E tinha como que o jeito de um mon ge. O andar meio arrastado, a cabe ça caida sobre o peito o trajar desa linhado, os óculos tradicionais ventre crescido. Era como que um monge, um velho monge a que só faltava o hábito. Mas se não o ves tiu, tinha, a ostentar, a batina de jesuita de um de seus filhos o Pa dre José Carlos. A única vez que Pedro Aleixo saiu do Brasil, foi paassistir a sagração do filho. Em Comillas, na Espanha. Emocionouse à solenidade, até as lágrimas. E ele mesmo diria, anos depois, da sua emoção, falando no Dia Nacional da Oração, em Brasília:

\ Pedro Aleixo fez o seu curso se cundário inicialmente no colégio Malheira, de Ouro Preto. E um seu contemporâneo previu o seu êxito, o Mestre Midosa de Sá e Benevides que há pouco se solidarizaria com ele na tentativa de constituir um terceiro partido; lembra o que disse ao seu pai: — “Seu Aleixo, esse menimo Pedro vai alcançar, neste País ra

mais notoriedade que seu filho mais velho, já renomado dermatologista, Belo Horizonte, o saudoso pro fessor Antonio Aleixo. Esse menino voi longe. É vivo, é inteligente e não é de entregar fácil a rapadura”.

um

grande batalhador pelas garan tias individuais. Êm conferência na Faculdade de Direito de Conselhei-

em ro Lafaiete, ele diria:

Esquecia-se Mestre Midosa que a umidade pode desfazer a rapadura... Fá-la perder a consistência... umidade da lula na vida.

em a sua

m

vida do homem em uma a

“muito antes de se haver conver tido em disciplina jurídica autônogarantias para a prática de ma. as certos atos e para resguardo de cer tas prerrogativas vinham sendo re clamadas como indispensáveis para - sociedade data do primei-

Influenciado pelo ambiente da Ouro Preto pensou Pedro Aleixo hvre. Tem-se como ^ fazer-se engenheiro. Chegou a ro ^ . ,215 auan- ser aprovado em preparatórios com homem o j sem esse fim. Cedo, porém, fez-se forte do o rei Inglaterra Joao^^Sem vocação, e. dois anos depois. Terra, cercado pe os campinas udava de idéia para em 1917. ter- p;eto geralmenfestejado pela expressão da con ciliaçáo do princípio da com o exercício da liberdade. Ue então para diante, “as pretençoes do rei começaram a opor-se as r quias reconhecidas no conflito en r a assembléia dos súditos e Quem reputado a figura real da Decorridos cinco séculos, quando s povos da América romperam suas vinculações com as metrópoles, ou francês fez da Toma-

minar em Belo Horizonte os prepa ratórios para o Curso Jurídico, in gressando, no ano seguinte, na culdade Livre de Direito da Capital do seu Estado, onde foi aluno briRio te Falhante, detentor do prêmio Branco. Teve como colega de turma Milton Campos, o admirável Milton . E, era de quem só a morte o separaria diplomado, passou a exercer a advo- escritório de Abilio Macha do, ao lado ainda de Milton, Espe cializou-se em direito criminal, aca bando professor da disciplina na Universidade de Minas Gerais. Conaceitando defender duas envolvidas em processo criamigo o interpelou: cacia no

Nãoí Vou defender duas inocentes.

quando o povo da da Bastilha o simbolo da derroassembleiaa ta do absolutismo as discussão e apro- chamadas para a vação dos documentos, nos quais se disciplinava e se estruturava a or- política das nações liberemancipadas, tivera como trabalhos a deta-se que irmãs me, um ganizaçao tadas, ou ponto alto de seus claração de Virgínia, 1776, as emen das à Constituição de 1787, ap^va-Declaração FranMas você vai defender duas cri¬ minosas?

Certo, foi o contato, pelo estudo e das em 1791, f ^ , na realidade com os problemas da cesa dos Direitos do Homem e liberdade e direitos da pessoa hu- Cidadão, entusiasticamente aprovamana, que fizeram de Pedro Aleixo da em tumultuosa sessão da Assem-

bléia Constituinte Francesa, 1789”.

E mais adiante:

de pela emenda n.° 1, em vários dos seus parágrafos.

“queremos ressaltar bem que mais importante do que a inserção, em diplomas constitucionais, de um ca tálogo contendo todos os direitos do homem ou do cidadão, é a criação de instrumento indispensável para torná-los respeitados e insusceptiveis de ataques e agressões irrepri míveis. É por isso que consideramos conveniente transcrever aqui esta li ção de antigo publicista;” postos sempre ao serviço da pessoa, para que os direitos sejam, eficazes, têm êstes que fazer face a situações his tóricas, aparecendo em consequên cia, condicionadas por circunstân cias de tempo e lugar. Existem cer tamente direitos comuns a todos homens, porém também existem di reitos específicos que atendem contorno social. Isso explica que os direitos do homem sofram altera ções ao longo dos anos; que surjam constantemente novos direitos en quanto outros se extinguem. Os di reitos do homem são instrumentos ou medidas de defesa para fazer frente a forças desumanizadoras e como estas mudam incessantemente, também aqueles estão sujeitos a uma constante mutação (Heras).”

os a um

O penalista, por dever de ofício, é um defensor da liberdade indivi dual. Onde se a cerceia surge sua ação em defesa da vítima. Isto po rém. seria pouco para um homem da sensibilidade de Pedro Aleixo. Na sua missão, era pouco o pretório; in gressou então na política. Foi elei to, inicialmente, ainda bem jovem, para a Câmara Municipal de Belo Horizonte. Foi conselheiro Munici pal, a designação da época. Era o curso primário da política, boa nor ma de então. Na chamada Repúbli ca velha, era esse normalmente, o primeiro mandato que se buscava. Depois a Câmara Estadual e, por fim Federal. A sua ação entretanto, no Conselho Municipal, clareou de mais, pelos seus méritos, a ambição natural. E pelo seu trabalho, em fa vor da Aliança Liberal foi incluido na chapa de deputados federais. Foi eleito. Não chegou porém, a se em possar, porque o seu mandato não foi reconhecido na Comissão dos Poderes. Foi depurado; como tantos outros aliancistas pelo Brasil a fora, depuração que foi um dos fatores — para o eclodir da re-

um a mais volução de trinta. Seria eleito, todavia, em 34 e ocuparia a liderança do Governo na Assembléia Nacional, Tenho ainda presente a ação de passando à presidência, posto em Pedro Aleixo em favor de aceitação pelo Presidente Castelo Branco da Na que encontrou o golpe de 37. Constituinte de 33, foi o grande batalhador por um capítulo limpo so bre os direitos e garantias indivi-duais, uma especie de obcessão na sua vida pública. Diria, então:

emenda do Senador Eurico Rezende, que passou a constituir o capítulo dos Direitos e Garantias individuais da Carta de 67, mais claro, mais preciso que o constante do projeto; redação lamentavelmente alterada

“o que sei é que, na luta de to do o dia, no conflito de todos os

“Ademais socorrendo-nos da li- instantes, é no texto das declara ções de direitos que o cidadão oprimido vai buscar o remédio contra a opressão...” “os governan tes, nessas normas hão de encon trar o limite do poder; os gover nados farão delas a armadilha de fensiva dos seus direitos.”

Voltando à admirável planíce mi neira, Pedro Aleixo retomou os seus trabalhos de advogado, chegando a Presidência da Ordem; voltou à sua cátedra. Sem arredar pé porém, da luta pelo restabelecimento da de mocracia. Foi um dos signatários do

Só assim manifesto dos mineiros. .Deposto Getulio em 45, e convocadas eleieminente mineiro não ten- çoes, o tou um lugar na bancada mineira à Constituinte Nacional; preferiu es perar o pleito para a Constituinte mineira. Faria aí, o curso secundá rio de sua vida pública, eleito que foi. E lhe coube a tarefa de elabora-

ca ção da Carta.

A caminhada maior entretanto, na sua vida parlamentar se daria a par tir de 1959, quando foi novamente eleito para á Câmara Federal, onde deixou pareceres notáveis em Co missões de que fez parte e esplen didos discursos. Lí, há pouco, vários deles. E deles, alguns ouvi. E como que ainda tenho os ouvidos da alma cheios de alguns destes, na frase perfeita, na argumentação clara uma dicção sem falhas. E nos olhos, umedicidos pela saudade, a sua fi gura serena na tribuna, de gestos discretos, o monge laico no púlpito democrático. Um mestre da ciência política, como nesta passagem de pronunciamento em 61;

çào de Georges Burdeau, pai*a que se tenha conhecimento preciso e exato de um regime político não é bastante que se estudem os tex tos das Constituições. O estudo desses textos nos permite conhe-aspecto estático da cer apenas o estruturação jurídica do governo. Para que se conheça integralmen te o regime instituído é indispen sável que se verifique o funcionamentp do Poder Púbhco, a di nâmica da instituição, saberemos, em cada país, qual o regime político que vigora, pois o estudo integi'al da estática e da di nâmica nos vai mostrar na pratiquais as variações, quais as pe culiaridades que muitas vezes têm até 0 alcance de desnatui*ar o^ rsj gime origináriamente instituído . Ou se insurgindo contra o poder do dinheiro nos pleitos:

trumentos

“É sabido, por exemplo, que a pro paganda através dos modernos ins- de publicidade influi orientação do

decisivaniente na _ _ eleitorado. Ora, a utilização de tal propaganda só se consegue, o mais das vezes, pelo emprego pródigo do dinheiro. Então temos o direito de afirmar que de quanto mais candi- dinheiro puder dispor um dato, mais propaganda poderá ele fazer pela imprensa e principal mente pelo rádio e pela televisão; quanto mais propaganda o candi dato fizer, mais votos ele alcança rá; logo, "em tal caso, o que se apresentar com votação será o candidato que mais houver manobrado com recursos dinheiro. Então, em lugar do candidato mais alta em

.

candidato estar em condiçoes de jactar-se de ter sido o mais vota do, 0 que deve é conhecer que sua votação é conseqüencia de práti cas viciosas e as centenas de mi lhares de votos que obteve e que constituem a razão de ser de sua arrogância significam únicamen te a imensidão de recursos do po der econômico de que dispôs”.

Como verberando a pressão con tra o Congresso!

“Admitir-se que grupos não identificados viessem a reclamar dos representantes de todo o povo que procedessem de acôrdo com as reclamações impostas, seria ad mitir que se revogasse o mandato por intermédio de ação de quem não o outorgou. Iriamos então conformar-nos em porceder nesta Casa, não segundo as orientações dos que nos elegeram, mas de acordo com imposição de quem, mobilizando massas anônimas, atribuísse a essas massas a com petência de representar o povo, de exprimir a vontade nacional.”

E ainda no mesmo tema;

querem é promover e realizar imaginada felicidade pessoal.

o

E defendendo a revolução de 64: "Foi para impedir o caos foi pa ra impedir a dissolução das insti tuições nacionais, que se preparou movimento, cuja vitória não per tence aos que o deflagraram, mas, sim, ao próprio povo que o aplau diu, que o prestigiou, que para ele contribuiu decidida e decisiva mente, em manifestações inequi-

vocas

Para que essa vitória não se perca, imprescindível é que nòs devotemos à grande tarefa de consolidá-la.”

Tenhamos desde logo bem pre sente no espírito que o alvo visa do pelo movimento era a preserva ção da legalidade e a manutenção da ordem jurídica. Assim, nao tí nhamos por objetivo impedir que reformas não venham fazer.”

Este o homem público que me ha bituei a admirar, antes mesmo de conhecê-lo. A vida deu-me porém, ele privar diariamente, seu Vi-

a oportunidade de com mais de perto, quase durante alguns anos como Lider. Sentia nas menores coisas gestos autoridade, na

“Senhor Presidente, insisto em proclamar que todas as acusações feitas ao Congresso Nacional, notadamente fundadas na alegação de inércia de incapacidade de re solver os problemas de decidir as questões, são realmente improce dentes, e muitas vêzes, não pasde mero disfarce, de intenceo seu espírito público, mais simples a sua .. conversa mais despretenciosa a sua cultura, — cultura de grande huma nista afeito aos clássicos da língua portuguesa —, dotado de memória prodigiosa. A fidelidade às idéias e a fidelidade às grandes amizades. Eleito para a Academia de Letras Mineira, transformou a sua posse numa festa de saudade — se possí vel festa em saudade — a Milton Campos, a quem substituia. nos sam ções que não se revelam, mas cumpre sejam investigadas para que se apure que os promoventes da campanha de supressão do Po der Legislativo, o que realmente

Dizia o dr. Octávio Mangabeira que pouco valem os fatos políticos: o que vale é a interpretação do fato. E realmente, sempre tem sido as sim. Episódios por vezes sem importfmcia adquirem destaque no inter pretá-los. E devem ser poucos no Brasil, os que, até hoje não são jul gados ou sobre quem pesa a respon sabilidade não tanto de fatos, mas da interpretação dada a estes mes mos fatos.

desta tribuna o que desde a prihora a Vossa Excelência

meira mesmo declarei: nenhum reparo fiz ao fato de Vossa Excelência ha ver aceitado a indicação do seu nome à presidência; cumpriu um imperativo. Se, porventura, me fosse permitido indicar um nome que ao meu substituísse, dentre os que eu sugeriría estaria o jovem mas já ilustre mineiro, so bre cujos ombros o futuro de Mi nas poderá repousar que da sua atuação a dignidade daquele povo sairá sempre ressaldesse na certeza de Durante toda sua longa vida pú blica foi Pedro Aleixo, acusado dè um grande crime, sem absolvição — o de ter concor- vada.” dado em substituir Antonio Carlos Antonio Carlos absolveu lo Assembléia. Aleixo do seu pecado pecado a que Getulio Vargas estão sujeitos tantos homens pu i- contingências, da poiio seu pecado presidência

Quando o senhor criou o senhor Benedito Valadares, disposto a faze-lo o homem todo po deroso de Minas Gerais procurou, de logo retirar do seu caminho o grande Andrada. E começaria por não concordar com a sua recondução à presidência da Assembléia; e pa ra substituí-lo foi escolhido Pedro Aleixo, então lider brilhante do go verno. Antonio Carlos fora o granda na

A absolvição de Pedro Aleixo ende chefe da Aliança Liberal, que, tretanto, até o fim dos través a revolução de 30, fez de Ge- foi aceita. O fato ora ^ tulio Vargas Chefe do Governo; e No regime presidencia f era tido como das mais destacadas chefe do F>xecutivo par cip r figuras da vida pública brasileira, colha do Chefe do ^ l " Derrotado por Pedro Aleixo, Anto- terpretação porém, nio Carlos ocupou a tribuna da As- Aleixo se prestara a uma sembléia, historiando o seu passado, bras a que Getulio * criticando fortemente o Presidente Os últimos anos de vi a e Getulio Vargas, para, ao final dizer: Aleixo foram de luta, uma ima “Sou extremamente grato a todo instante pela consiuiçao Vossa Excelência senhor Presiden- um terceiro partido, no rasi e te, — era Pedro Aleixo — pela.s sabia, como todos nós sabemos, que palavras de apreço constante do a tradição brasileira fala em avor discurso de sua posse, e repetirei, do bipartidarismo, e que na rea iEm notar o seguinte; os

COS. São as . . tica. Pedro Aleixo mesmo ja disse¬ ra: minha vida política pude adversários de hoje foram os correligionários da véspera; os correligionários de . hoje são os adversários de ama nhã.”

dade nacional ou se é governo ou se é oposição. Pôs-se contudo, até ã morte, a serviço da negativa dessa tradição — dessa realidade. Na vi da, as decepções, a não obtenção da vitória que se busca, ajudam o agra vamento dos males físicos. O tercei ro partido que, com ele, não chegou

a ter vida, levou-o à morte prema tura. E pena que tenha desapareci do. E não só Minas; a Nação intei ra há de sentir a falta de sua pre sença de um lutador bravo, de um democrata pela ação, de um politico padrão para a vida nacional. De um liberal.

BRASIL;- COBRE: AS MINAS DA CVRD — Para mostrar que nem só de ferro vive o Vale do Rio Doce, sua mais nova subsidiária, a Docegeo, vem ampliando cada vez mais sua atuação no campo da prospecção, pesquisa e exploração de outras áreas mineralógicas. Com pouco mais de dois anos de existência, a Docegeo desenvolve pesquisas nas cidades mi neiras de Tapira e Salitre, mantém uma promissora jazida em Cachoeiro do Itapemirim, ES, e outra importante reserva de níquel em São João do Piauí, PI. Apesar do silêncio é quase certa a localização de uma imen sa jazida de cobre na serra do Espinhaço, que se estende de Itabira, MG, até 0 sertão baiano, numa extensão de 2.000 km. Nenhum técnico da Do cegeo informa algo a respeito do assunto. A falta de notícias sobre a lo calização dessa importante jazida cuprífera é uma preparação, talvez, para o impacto que poderá causar na economia nacional a confirmação da existência do cobre da serra do Espinhaço, que nos trará auto-suficiência desse nobre metal dentro de um quinquênio. Afinal, até agora, as únicas reservas cupríferas exploradas no país são as de Caçapava do Sul, RS, que em 1972 produziram 5% do consumo interno de cobre primário: 5.100 t. para a demanda de 125.750 t.

ESTADOS UNIDOS:- CARROCERIAS DE ALUMÍNIO

— A Compa nhia Ford experimentará o alumínio nas carrocerias de seus carros mo delos 1976, em bases limitadas, como parte do empenho da companhia em fazer automóveis mais leves. A companhia já produz chassis totalmente de alumínio para alguns de seus caminhões para serviços pesados. A fir ma tem também um ativo programa para estudar o uso de plástico em seções da carroceria, e planejava introduzir uma cabine de caminhão to talmente de plástico em setembro, mas vem sendo impedida pela es cassez do material. O uso de plástico em carros, contudo, já traz proble mas aos recicladores de sucata, segundo um relatório do “U. S. Bureau of Mines/Solid Wastes Program,” Um carro típico de 1960 continha 3.043 libras de metal ferroso, 157 libras de não ferrosos e 26 libras de plástico. Um Montego 1972, contudo, tem 3.140 libras do metal ferroso, 182 libras de não ferrosos e 107 libras de plástico. O “Bureau of Mines” diz que esta mudança de materiais está tornando o processamento de sucata de auto móveis menos rentável; novos métodos terão de ser desenvolvidos para reciclar plástico e metais leves, em carros, junto com o aço.

Nova técnica laser, combustível

atômico e armamentos

MA técnica laser que segundo os cientistas iria facilitar a produção de armas nucleares e de energia nuclear comercial, foi desenvolvida pelo Labora tório Científico de Los Alamos.

O, até então, secreto processo po dería, presumivelmente, ser usado para extrair, do metal de urânio bruto, de maneira mais simples e mais econômica do que os métodos até agora empregados, o urânio 235 — um isótopo básico usado para produzir energia nuclear.

O processo pode acelerar o desen volvimento da energia nuclear mais econômica. Mas, por outro lado, es pera-se que dificulte, também, os esforços para limitar a proliferação de armas nucleares, pois tornaria possível a produção de urânio 235. usado em tais armas, com um míni mo de sofisticação técnica.

O processo lança nova luz sobre os temores a respeito do roubo, por parte de terroristas, de combustível para bombas potenciais, como, por exemplo, o plutônio uma vez que nele se sugere que o combustível para a bomba, poderia ser mais fàcilmente extraido do urânio bruto, sem a necessidade de assaltos de dificil elaboração.

A notícia do processo chegou ao conhecimento público esta semana, seguindo-se a ela a revelação de que a nova técnica foi, também, alcan-

Grandes perspectivas para o uso de uma tecnologia de ponto.

çada por cientistas da União Sovié tica.

O novo processo separa as varias formas, ou isótopos, de um elemento, por meio de um raio laser ajustado, precisamente, à frequência de res sonância característica de cada isó topo. É possível, deste modo, arranisótopo de um composto quí- car um mico de que faça parte, sem afetar 7 idênticos isótopos vizi- seus quase nhos.

A totalidade de Nêutrons diferencia

Cada um dos elementos, desde o mais leve (hidrogênio) até o mais pesado (urânio) se apresentam em forma de isótopos que dentro de_ca- da elemento são idênticos química mente, mas variam ligeiramente, em pêso, em razão da diferença^ no de nêutrons do seu núcleo. nu¬ mero

O isótopo de urânio 235, com 235 prótons e nêutrons núcleares pode utilizado para gerar, ou energia nuclear ou uma explosão nuclear. O Urânio 238 contendo três nêutrons adicionais não pode ser utilizado paser ra isso.

Mais de 99% do urânio bruto é do último tipo e por essa razão o maior desafio no projeto original da bom ba atômica, foi a extração do urâ nio 235.

A notícia do novo progresso na pesquisa em Los Alamos, nada diz a respeito de tentativas para utili zar o método na separação do urâ nio. Fala, porém, do recente sucesso com isótopos de boro, cloro e enxôfre.

O líder do grupo dos Los Alamos todavia, o Dr. C. Paul Robinson acredita que o método “se for perfeitamente bem sucedido”, extrairá urânio 235 com um centésimo a um milésimo da energia requerida pe los métodos atuais.

Num encontro que aqui houve a respeito da tecnologia do laser, êle disse, ainda, que isso poderia agra var o problema do controle da pro liferação nuclear. Apresentou, outrossím, um relatório sôbre isso na terça-feira e elaborou, também, con siderações a respeito, numa entre vista ontem.

Tendo em vista que todos os isó topos de um elemento reagem quimicamente da mesma maneira, eles não podem ser separados por meios químicos. O que tem sido explora do em lugar disso são suas muito leves diferenças de pêso ou proprie dades magnéticas.

Isso levou, por exemplo à cons trução da grande usina de difusão gasosa em Oak Ridge, Tenn., onde o composto hexafluoreto de urânio percorreu cerca de 3.000 estágios su cessivos para produzir suficiente urânio 235 para as primeiras bom bas atômicas. Cada estágio enrique-

ceu o produto num fator de apenas 1,004.

No trabalho relatado, esta semana, isótopos de boro cloro e enxofre en riquecidos — num único estágio — por fatores de 5 a 33.

Nas tentativas anteriores de sepa ração do isótopo por meio de lasers, varias etapas foram necessárias. Um laser, gerando luz infra-vermelha, sintonizado para provocar vibrações em um só isótopo de um elemento foi dirigido sobre um composto con tendo o elemento em sua forma bru-

ta.

O isótopo foi, assim, levado ao próximo nível de energia superior e, então um outro raio laser de com primento de onda ullra-violeta. ele vou o isótopo a um grau de energia suficientemente alto para separá-lo do composto do qual fazia parte. As moléculas do composto contendo ou tros isótopos do elemento não fo ram afetadas.

Em 1973, Dr. Robinson propôs que se um raio laser infra-vermelho fôsse suficientemente poderoso, faria o trabalho todo sozinho. Foi o que se provou ser correto nas experiências em Los Alamos e no Instituto de Espectrcscopia em Moscou. O grupo de lá é liderado por R. V. Ambartsmanian, filho do astrônomo soviético que, antes, chefiou a União Astronô mica Internacional.

O grupo de Los Alamos ficou evi dentemente decepcionado quando, há poucos dias atrás, a notícia do trabalho soviético chegou até eles. Dr. Robinson disse que os cientistas soviéticos alcançaram níveis ainda mais altos de enriquecimento do en' xôfre.

● Comparação de custos industriais, médicos ou outros como, os usadcs como indicadores das funDr. Robinson relatou que o enxò- ções do corpo, fre 34 custa normalmente 81,000 a O isótopo do enxofre 34, por grama, em termos da energia reque- exemplo é considerado potencialrida para sua extração, enquanto mente útil para rasti*ear a maneira que o custo da energia sob o novo pela qual o alimento de plantas emétcdo é de 40 cents a grama. O animais passa através de um commétodo seria, desse modo aplicável plexo sistema de organismos vivos a um. largo campo de situações, em (New York Times 26 de abril de que isótopos são utilizados para fins 1975).

BRASIL;- CARBOMAFRA AMPLIA PRODUÇÃO DE GOMA-LACA

— A Indústrias Químicas Carbomafra S.A. elevará de 800 para 3.960 to neladas sua produção anual de goma-laca e obterá um aumento substan cial de outros produtos com a execução de um plano de expansa^ para 0 qual obteve do BNDE um financiamento de Cr$ 24 milhões. Com o projeto, que estará concluído em 1976, a Carbomafra poderá destinar 50% de sua produção de goma-laca à exportação. Em relação aos demais pro- . dutos, o aumento previsto é o seguinte: respin, de 600 para 2.640 tone ladas anuais; carvão ativo granulado, de 150 para 1.500 ativo em pó, de 1.000 para 1.500 t/ano; carvão ativo em po, de_1.000 para 1.5C0 t/ano; carvão ativo lavado, de 50 para 520 t/ano; e alcatrao vegeta oe 600 para 1.430 t/ano. Instalada no município catarinense ? Carbomafra está relocalizando suas instalações num terreno de 24U.ÜUU m Cidade Industrial de Curitiba. A matéria-prima fundamental da Car- Estados do Parana. na bomafra é o nó-de-pinho, produzido largamente Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A goma-laca e a resma de no-depinho (respin), dois dos principais produtos da Carbomafra, são aplicados nas indútsrias flexográficas, vernizes para móveis, produtos frigoríficos, pasta veda-juntas, indústrias de laminados plásticos e chapas de fibra de madeira. nos

SUÉCIA:- NOVA TÉCNICA DE PRESERVAÇÃO DE ALIMENTOS

— Um sistema para esterilizar alimentos por micro-ondas, de forma que permaneçam frescos por meses, sem refrigeração, está sendo desenvol vido pelo fabricante sueco de equipamentos para processamento de ali mentos, Alfa-Laval. Será logo construída uma fábrica protótipo, quase em tamanho real. Apesar da Alfa-Laval não ter ainda revelado detalhes do seu novo sistema multitérmico, um porta-voz explica que o processo consiste em se submeter alimentos a micro-ondas por um período de tem po relativamente curto (até 60 segundos) e, em seguida, acondicionar 3’imento em recipientes ou sacos plásticos de fechamento hermético, para distribuição e venda. o AÊJk

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