O Diário As Beiras completa 22 anos a olhar para Coimbra e para a região Centro. Como é hábito, a ocasião sugere a publicação de um caderno especial cuja temática versa a relevância regional. Neste ano de 2016, a opção incide na valorização dos ícones de referência dos diversos, e díspares, espaços regionais. São, ao todo, 22 autênticos ex-líbris de cada cidade, de cada comunidade, de cada sub-região. Todos eles assumem incontornável e inatacável notoriedade pública. Todos eles projetam a cidade, a comunidade e a região no plano nacional, e até internacional. São eles a Académica, o Portugal dos Pequenitos, a Rainha Santa Isabel e a Universidade, em Coimbra; o Museu de Conimbriga; a Praia da Claridade da Figueira da Foz; a Chanfana; o Leitão e o Vinho da Bairrada; os Ovos Moles de Aveiro; o Jardim do Paço de Castelo Branco; o Castelo de Leiria; os Mosteiros da Batalha e de Alcobaça; Fátima; as Aldeias de Xisto; a Serra da Estrela e o Queijo da Serra; a Sé da Guarda; a Feira de S. Mateus e o Museu Grão Vasco de Viseu; o Vinho do Dão
ex-líbris
da região
centro Este Caderno Especial faz parte do Diário As Beiras de 19 de Março de 2016 e não pode ser vendido separadamente
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aniversário
A excelência de uma região marcada pela diversidade
S
Se Guimarães foi o início da nacionalidade, Coimbra e o Centro foi a região onde Portugal se construiu e solidificou, mesmo já depois de Lisboa ter sido conquistada aos mouros e os algarves terem sido incluídos no Portugal medieval. Por isso a nossa região é vetusta e cheia de sinais dessa origem primeira da nacionalidade. Por isso a nossa região está cheia de ‘pérolas’, a que nesta edição chamamos de ex-líbris, pelos quais fazemos uma pequena viagem, neste caderno do 22.º aniversário do Diário As Beiras. São eles a Académica, a academia mais antiga de Portugal que conta histórias desde 1887. Histórias de estudantes, de combates ao antigo regime, de futebol com algumas taças a marcar a força da sua existência e 58 estruturas de âmbito cultural, desportivo, académico e organismos autónomos. As Aldeias do Xisto, um conjunto de 27 aldeias que se recortam pelos territórios das zonas do Açor, Zêzere e Tejo-Ocreza. Aldeias que oferecem a quem as visita um contacto íntimo entre a natureza e as tradições culturais. O Castelo de Leiria que guarda
o meu jornal, a minha região
PROPRIEDADE Sojormedia Beiras SA
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intactos oito séculos de história e se apresenta como um dos monumentos mais belos da região enquanto espaço de história, de cultura e de lazer. A Chanfana é um dos sabores mais antigos e típicos da zona de Coimbra fazendo, por isso, a diferença num distrito onde a gastronomia, tendo alguns pratos bastante apreciados, não é, no entanto, dos mais ricos do país. O Santuário de Fátima e tudo o que ele representa no país e no mundo. Um local de culto que já prepara o centenário das aparições e a vinda do Papa Francisco. Um espaço que passou a integrar a região de Turismo do Centro garantindo-lhe uma resposta única no mundo ao nível do turismo religioso. A Feira de São Mateus, em Viseu; é a mais antiga feira franca da Península Ibérica. E os números falam por si: 950 mil visitantes em 2015. Números que a organização quer ultrapassar na edição deste ano investindo em novas apostas para novos públicos. O Jardim do Paço Episcopal de Castelo Branco, um monumento nacional que é um dos principais pontos de atração de visitantes à
cidade e região. O Leitão da Bairrada ou à Bairrada porque é único no país e que se afirma na gastronomia da região integrando as quatro maravilhas (água, pão, vinho e leitão). O Mosteiro da Batalha que todos os anos recebe milhares de visitantes e que é a jóia do estilo gótico em toda a Europa. O Mosteiro de Alcobaça que, por entre muitas outras riquezas perpetua o amor de Pedro e Inês nascido em Coimbra. Os Museu Monográfico de Conimbriga no coração das Ruínas Romanas que querem ser Património da Humanidade. O Museu Grão Vasco que colocou Viseu no mapa dos museus nacionais mais visitados fora da capital. Os incomparáveis Ovos moles de Aveiro, o primeiro doce conventual certificado na Europa. O Portugal dos Pequenitos pensado por Bissaya Barreto que põe Portugal ao alcance da mão de uma criança. A praia da Figueira da Foz, a Praia da Claridade é a rainha das praias de Portugal. O Queijo Serra da Estrela que é uma das marcas únicas no país e
no mundo que conta histórias saborosas de pastores e queijeiras de mãos frias. A Rainha Santa Isabel, que é a primeira santa de Portugal. Vinda de Espanha, “abençoou Coimbra” que a acolheu como sua padroeira. A Sé da Guarda imponente e de porte austero, que sobressai numa das zonas mais altas e frias de Portugal. A Serra da Estrela que “casa” a neve com uma riquíssima oferta ao nível do turismo de natureza. A Universidade de Coimbra que continua a ser uma das mais antigas da Europa e que soube aliar tradição e modernidade, cativando estudantes de todo o mundo. Uma “mistura” que a ajudou na sua caminhada para Património da Humanidade. O (mais que premiado) Vinho da Bairrada que marca, por exemplo, uma região responsável por 65 por cento da produção de todo o espumante do país. A terminar, o Vinho do Dão, a mais antiga região demarcada de vinhos, que se assume como um dos setores mais importantes na economia agrária de 16 municípios que envolve.
Diretor Agostinho Franklin | SubDiretora Eduarda Macário | Chefe De reDação Dora Loureiro | CoorDenaDora Dep. GráfiCo Carla Fonseca textoS: CoorDenação Eduarda Macário// Bruno Gonçalves (aCaDémiCa); José Armando Torres (alDeiaS De xiSto e JarDim Do paço); Dora Loureiro (CaStelo De leiria e moSteiro De alCobaça); Paulo Marques (Chanfana e Sé Da GuarDa); António Rosado (fátima e ovoS moleS); Eduarda Macário (feira De S. mateuS e muSeu Grão vaSCo); Joana Santos (leitão Da bairraDa e vinho Da bairraDa); António Alves (moSteiro Da batalha); Lídia Pereira (muSeu De ConimbriGa e Serra Da eStrela); Patrícia Cruz Almeida (portuGal DoS pequenitoS e univerSiDaDe De Coimbra); Jot’Alves (praia Da ClariDaDe); Cláudia Trindade (queiJo Serra Da eStrela); Rute Melo (rainha Santa iSabel e vinho Do Dão); fotoS: Carlos Jorge Monteiro e Luís Carregã ContaCtoS: SeDe: Rua Abel Dias Urbano, n.º 4 - 2.º 3000-001 Coimbra, tel. 239 980 280, 239 980 290, Telem: 962 107 682 fax 239 980 288, administrativos@asbeiras.pt reDação Tel. 239 980 280, Fax 239 983 574, redaccao@asbeiras.pt publiCiDaDe tel. 239 980 287, fax 239 980 281, publicidade@asbeiras.pt ClaSSifiCaDoS tel. 239 980 290, fax 239 980 281, classificados@asbeiras.pt aSSinaturaS tel. 239 980 289, assinaturas@asbeiras.pt
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aniversário Nascida da fusão de duas associações, em 1987, a Associação Académica de Coimbra tem hoje 26 secções desportivas, 15 culturais, 10 grupos académicos e ainda sete organismos autónomos. O mais conhecido de todos é o de futebol, que antes de o ser até foi Académico. Até já se viram “duas Académicas”, em campo, mas, no fim de contas, ambas envergam uma das principais bandeiras do desporto na região e partilham uma história ímpar em Portugal
José Eduardo Simões, Presidente da Académica/OAF
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Fundada em 1887, a Associação Académica de Coimbra/ OAF é uma instituição centenária que alia a defesa de valores e ideais de uma cidade ao brio e carisma que a camisola negra ensina pelos vários relvados espalhados pelo País e pelo Mundo.
Dona de uma história singular, a Briosa, como também é conhecida, sempre se pautou por uma causa que passa, em muito, as quatro linhas do futebol. O losango que carrega a mística estudantil honra toda uma região que se orgulha dos feitos da sua Académica.
Académica De capa aos om a escrever história(s) desde Fotos cedidas por João Santana
Equipa vencedora da Taça de Portugal em 1939, no Campo das Salésias
A Apesar de ter perdido, a Briosa fez história na final da Taça de 1969
A Associação Académica de Coimbra, Académica de Coimbra, AAC, Briosa, ou apenas Académica. Todos sabem de quem se fala, um pouco por todo o mundo. E, mesmos os mais desatentos, que dizem “o Académica”, referindo-se à equipa de futebol, sabem de onde vem: Coimbra. É preciso recuarmos até ao dia 3 de novembro de 1887 para começar a contar a história de uma associação que teve como primeiro presidente António Luiz Gomes, um jovem estudante de direito, que um dia chegaria a reitor da Universidade de Coimbra. Uma e outra tornaram-se, desde
essa altura, indissimuláveis, e a velhinha universidade ainda continua a orgulhar-se de ouvir falar nos seus estudantes… dentro de campo. E a entrada em campo, pelo menos no que se refere ao futebol, deu-se em janeiro de 1912, numa partida frente ao Ginásio Club de Coimbra, naquele que seria o primeiro campo da Briosa: a Ínsua dos Bentos (zona do Parque Verde do Mondego e o Parque Manuel Braga). Na altura o “onze” titular foi composto por cinco estudantes de direito, três de medicina, um da Escola Agrícola e outro de matemática – a conta não bate certo, porque um
permanece incógnito. E foi de estudantes que a depois Secção de Futebol da AAC viveu, pelo menos até ao 25 de Abril. Ou melhor, até 20 de junho de 1974, data em que, numa Assembleia Geral, a AAC extinguiu a secção, por entender que esta não cumpria os fundamentos amadores das restantes que a compunham. Foi preciso vencer um verdadeiro contrarrelógio, com grande determinação dos adeptos, para conseguir manter a Académica na 1.ª Divisão. Ou melhor… o Académico. A AAC virou CAC, ou seja Clube Académico de Coimbra, forma encontrada para continuar a ter o representante dos estudantes –
mesmo que estes assim não achassem – entre o principal campeonato português. Um regresso ao passado, já que a AAC tinha nascido da fusão entre a Nova Academia Dramática e o CAC, fundado em 1861. E durante 10 anos, a Académica foi o Académico, até que Ricardo Roque, presidente da AAC e Jorge Anjinho, seu homólogo do CAC, se sentaram à mesa para o regresso do futebol à academia, sob a forma atual, de organismo autónomo (AAC/OAF). Ironicamente, este regresso à casa mãe nunca foi bem aceite por alguns e ainda hoje se continua a
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A AAC produz um impacto significativo a nível local, nacional e internacional. Na primeira vertente, é um autêntico motor de cultura e desporto, através das suas quinze José Dias, presidente da secções culturais, vinte e seis secções desportivas e sete Direção-Geral da Associação organismos autónomos. A nível nacional é uma grande Académica de Coimbra
promotora de mudança de políticas, principalmente nas áreas da educação e do emprego. E, relativamente à parte internacional, permanece a sua influência nas grandes políticas desportivas e educativas junto das instituições europeias de relevo.
mbros e 1887 DB-Luís Carregã
modelismo à pesca desportiva, passando pelas lutas amadoras e até pelo basebol, a AAC é considerada por muitos como o “clube” ou associação mais eclética do país. São 26 as secções desportivas na AAC, a maior parte delas com múltiplas modalidades e, todos os anos, são às centenas os títulos nacionais e internacionais conquistados pelos seus atletas. Isto, à parte do tal Organismo Autónomo de Futebol, que já teve também outras modalidades, como o futsal, mas que hoje vive exclusivamente para o futebol. A estas, juntam-se ainda as 15 secções culturais, os 10 grupos académicos e ainda mais sete organismos autónomos culturais, todos a espalhar o nome da Associação Académica de Coimbra pelo mundo fora.
à volta questionar qual é a “verdadeira Académica”, herdeira da conquista da primeira edição da Taça de Portugal, em 1939. Tudo porque, desde 1981 que a Secção de Futebol tinha sido novamente inscrita nos campeonatos distritais da Associação de Futebol de Coimbra (AFC). Essa recuperou a “génese” estudantil, sendo composta maioritariamente por atletas estudantes, algo que há muito já não acontece na AAC/OAF e só na presente temporada conseguiu subir a equipa sénior masculina aos “nacionais”. E deste 2008 que a coexistência entre estas “duas Académicas” se tornou ainda mais peculiar, já que
a Secção de Futebol inscreveu pela primeira vez equipas nos escalões de formação da AFC, o que resultou num inédito embate entre as duas. Dois anos Estádio depois, foi Sérgio a v e z d e o Conceição país dar, pela primeira vez, conta desta dupla identidade, no Campeonato Nacional de Iniciados. Ecletismo Do andebol ao xadrez, do radio-
Campo de Santa Cruz
Ínsua dos Bentos
Um losango no mundo Todos os anos, centenas ou mesmo milhares de eses tudantes chegam a CoimCoim bra um pouco de todas as partes do globo. A interinter nacionalização é cada vez uma das maiores “bandei“bandei ras” da Universidade de Coimbra e, por isso, não é de estranhar que haja adeptos, nem mesmo várias “académicas” por todo o mundo. O presidente da AAC/OAF, José EduEstádio Municipal de Coimbra ardo Simões, reforçou recentemente as ligações da Académica com as várias filiais de Cabo Verde. Mas tamtam bém um pouco por todo o mundo lusófono, como Moçambique, Angola, e não só, existem filiais. | Bruno Gonçalves
curiosidades
Da Ínsua dos Bentos ao Cidade de Coimbra
Até 1922, a Ínsua dos Bentos foi a “casa” dos estudantes, que se mudaram para o Santa Cruz de 1922 a 1949. Foi na viragem para a segunda metade do século XX que nasceu o Estádio Municipal (“Calhabé”), que foi abaixo em 2002 para que nascesse o Cidade de Coimbra, atual estádio da Briosa. Durante as obras, a Académica ainda jogou no Estádio Sérgio Conceição, em Taveiro.
Entre 1939 e 2012 A Académica venceu, em 1939, a primeira edição da Taça de Portugal e, em 2012, conseguiu a segunda Taça da sua história. Mas, entre estas duas conquistas, houve mais três finais – 1950/1951, frente ao Benfica; 1966/1967, com o V. Setúbal e 1968/1969, novamente com o Benfica. A última, em plena crise estudantil, perpetuou na história a imagem dos atletas de capa aos ombros.
Campeões do mundo Corria do ano de 1992 quando se festejou no seio da Académica o título mundial... de Pesca Desportiva. O troféu foi conquistado em Merida (Espanha). Em 2015 a AAC conseguiu outro campeão mundial, agora no boxe. Paulo Silva foi o melhor na categoria K1 de -63,5 kg.
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aniversário As Aldeias do Xisto são hoje um importante polo turístico na região Centro, distribuídas pelas zonas das serras da Lousã e Açor, Zêzere e Tejo-Ocreza. Ao todo, são 27 os locais onde a tradição se alia à paisagem natural e a gastronomia oferecendo momentos ímpares de tranquilidade e rara beleza. A cor da pedra impõese, num ambiente marcadamente rural, longe da rotina das cidades. Sítios onde a história do passado se perpetua agora e no futuro.
Paulo Fernandes, Presidente da ADXTUR
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São a concretização de uma vontade deste território em mostrar-se ao país e ao mundo, carregado de potencial e capacidades. Trata-se de um conjunto de aldeias que são verdadeiras células vivas, que atraem capacidades positivas e que funcionam como referencial de boas práticas em termos de desenvolvimento regional.
Pedro Machado, Presidente da Turismo Centro de Portugal
Constituem um do turismo do C reside na sua p social. Represe mento público
Aldeias do Xisto Contacto com a natureza e as tradiçõ
D
Depois da desertificação verificada em meados do século XX, as Aldeias do Xisto “renasceram” e atravessam hoje um processo de regeneração, com a chegada de novos residentes, que devolveram a vida a este vasto território. Os primeiros vestígios da presença humana nestas paragens remontam à pré-história, como atualmente documentam as gravuras rupestres ou os vestígios arqueológicos encontrados. Numa zona de rara beleza, surgem então 27 aldeias, distribuídas pelas zonas das serras da Lousã e Açor, Zêzere e Tejo-Ocreza, situadas no Pinhal Interior, zona vasta e homogénea, marcada pela floresta, montanha e forte rede hidrográfica.
Na serra lousanense situa-se o maior núcleo – 12 povoações –, distribuídas pelos concelhos da Lousã (Candal, Casal Novo, Cerdeira, Chiqueiro e Talasnal), Góis (Aigra Nova, Aigra Velha, Comareira e Pena), Miranda do Corvo (Gondramaz), Penela (Ferraria de S. João) e Figueiró dos Vinhos (Casal de S. Simão). Seguem-se os núcleos de Zêzere (Álvaro, Barroca, Janeiro de Baixo, Janeiro de Cima, Mosteiro e Pedrógão Pequeno), Serra do Açor (Aldeia das Dez, Benfeita, Fajão, Sobral de São Miguel e Vila Cova de Alva) e Tejo-Ocreza (Água Formosa, Figueira, Martim Branco e Sarzedas). Locais onde a cor da pedra se destaca e a vegetação envolve a paisa-
gem singular, a permitir momentos de grande tranquilidade. O ambiente, marcadamente rural, vira-se agora para um novo conceito – mais turístico –, cativante e propício a permanência mais prolongada, potenciando, contudo, o ambiente de cada aldeia, onde está muita da resposta diferenciadora turística. As habitações aliam a tradição ao conforto moderno, salvaguardando a herança ancestral do xisto, mas com preocupações ao nível das comodidades do século XXI. Para além da história e do património, a experiência prolonga-se ao sabor da tradição e cultura, onde não faltam a gastronomia e a arte de
bem receber, que tão bem caracteriza o nosso país. Os visitantes têm ainda a possibilidade de desfrutar de uma estada ativa, usufruindo dos passeios de bicicleta por trilhos e percursos de rara beleza, canoagem ou escalada, entre outras atividades. Tudo isto num ambiente de grande tranquilidade, onde merecem atenção a fauna e flora, bem como o restante património natural (destaca-se ao nível da conservação da natureza), ou as praias fluviais, com instalações de apoio e qualidade reconhecida. Nas Aldeias do Xisto há propostas para os mais variados gostos e idades, que podem ser apreciadas ao
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m produto turístico único e diferenciador da oferta Centro de Portugal e de Portugal, cuja mais-valia plena integração no meio paisagístico, cultural e entam uma das melhores realizações do investie privado na recuperação do nosso património.
Ana Abrunhosa, Presidente da CCDR Centro
Excelente exemplo, que reforça o argumento daqueles que convictamente acreditam que há futuro para os territórios mais frágeis e que o desenvolvimento sustentável desses territórios, sendo um processo muito longo, se faz em primeiro lugar a partir das pessoas, recursos e instituições. Bom exemplo de aplicação de fundos comunitários.
íntimo ões culturais
Presentes no Portugal dos Pequenitos
DB-Luís Carregã
à volta longo de todo o ano. Simbiose público-privada Projeto de desenvolvimento sustentável de âmbito regional, a rede de Aldeias do Xisto é liderada pela Agência para o Desenvolvimento Turístico das Aldeias do Xisto (ADXTUR). São 19 os municípios da região Centro envolvidos, o que traduz a cooperação intermunicipal, a que se aliam mais de uma centena de operadores privados, criando-se uma das primeiras marcas territoriais. O envolvimento das entidades públicas conseguiu mobilizar o projeto para o investimento privado, tornando-se, portanto, num programa
de política pública, mas muito orientado para os privados – empresas e comunidade. Tem como objetivo a preservação e promoção da paisagem cultural, mas dá também especial atenção ao património arquitetónico, dinamização do tecido socioeconómico e
Aldeias Históricas de Portugal
curiosidades
renovação das artes e ofícios. Como começou O programa das Aldeias do Xisto começou e desenvolveu-se entre os anos de 2000 e 2006, no âmbito do 3.º Quadro Comunitário de Apoio, através do Programa Operacional Regional do Centro. O primeiro objetivo passou pela estruturação do território em redes, aproveitando todo o seu potencial, como as aldeias, os cursos de água ou os percursos. Em 2002, Aigra Nova, Aigra Velha, Benfeita, Comareira, Fajão, Figueira e Pena formam a primeira geração da rota, ampliada no ano seguinte com 12 novos locais: Água Formosa, Álvaro, Candal, Casal Novo, Cerdeira, Chiqueiro, Ferraria de São João, Gondramaz, Janeiro de Cima, Pedrógão Pequeno, Sarzedas e Talasnal A terceira geração reúne, em 2005, as quatro aldeias de Barroca, Casal de São Simão, Janeiro de Baixo e Martim Branco, chegando às 27 em 2010, com Aldeia das Dez, Mosteiro, Sobral de São Miguel e Vila Cova do Alva a integrarem a rede. Aldeias Históricas de Portugal traLocais igualmente de grande tra dição, a rota das Aldeias Históricas de Portugal oferece uma espécie de “viagem ao passado”. Aqui, o tempo como que “parou”, numa história contada pelas gentes e costumes, entre ruas carregadas de memómemó rias, a par com a tradição. Almeida, Belmonte, Castelo Mendo, Castelo Novo, Castelo Rodrigo, Idanha-a-Velha, Linhares da Beira, Marialva, MonMon santo, Piódão, Sortelha e Trancoso oferecem um vasto leque de experiências, pacom percursos atrativos e pa proporcionacotes temáticos, proporciona dos pelos vários parceiros das Aldeias Históricas de Portugal. | José Armando Torres
Desde o passado dia 8 de junho, que as Aldeias do Xisto estão representadas no Portugal dos Pequenitos. Uma casinha tradicional evoca o território, as suas tradições e imaginário, numa cerimónia de inauguração que contou com a presença do então primeiro-ministro Pedro Passos Coelho.
A mais alta e a mais pequena Entre as 27 Aldeias do Xisto, a de Aigra Velha é que está situada a maior altitude (770 metros), bem próxima dos cumes da Serra da Lousã, mas de fácil acesso. Já a da Comareira é a mais pequena da rede.
Conjunto monumental
É em Vila Cova de Alva que se encontra o maior conjunto monumental entre as 27 Aldeias do Xisto. Entre os edif ícios religiosos, todos do século XVIII, destaque para as igrejas Matriz e da Misericórdia, para o antigo Convento de Santo António ou a Alminha da ponte.
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aniversário Hoje o Castelo de Leiria é um agradável espaço de passeio. Pelas suas grandes dimensões e aparato bélico, foi, ao longo dos séculos, um dos mais importantes castelos portugueses. Em 1910 foi classificado património histórico. Muito graças ao escrupuloso trabalho desenvolvido pelo arquiteto Ernesto Korrodi, já no início do século XX, mantém-se ainda como um dos mais bonitos castelos de Portugal
Gonçalo Lopes Vice-presidente da Câmara de Leiria
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A Câmara de Leiria tem apostado na dinamização do castelo. A sua utilização, que vai desde o Festival Gótico Entremuralhas, passando pelo Mercado Medieval, até a desfiles de moda e atividades essencialmente dedicadas a um público infanto-juvenil, traduz todo o seu potencial.
Saul Gomes Historiador
O Castelo de Leir em Portugal, e te séculos. O que o anos e a sua bel monumento.
Castelo de Leiria Mais de o de história num dos monum
O
O Castelo de Leiria, um dos ex-líbris da cidade, tem uma história e beleza singulares. Ao longo de séculos, as suas muralhas testemunharam batalhas e episódios decisivos da História de Portugal. O imponente monumento, onde convivem as belezas do património edificado e as da paisagem natural, é um dos castelos portugueses de maiores dimensões. Muito graças ao escrupuloso trabalho desenvolvido pelo arquiteto Ernesto Korrodi, já no início do século XX, mantém-se ainda como um dos mais bonitos castelos de Portugal e da Europa, destacando-se como um notável exemplo de transformação
residencial, onde se aprecia toda a sua beleza, ainda que em ruínas. No interior do recinto defensivo, muito bem conservado, os visitantes podem apreciar muitos motivos de interesse: a antiga Casa da Guarda, agora transformada em receção, a Torre dos Sinos, a Igreja de Santa Maria da Pena, os antigos Paços Reais, a Torre de Menagem, agora musealizada, entre outras estruturas ainda visíveis. Não menos bela é a fantástica vista sobre a cidade e a paisagem envolvente, que se observa através das muralhas. Recordes de visitantes “O Castelo de Leiria é o patri-
mónio mais emblemático da região, facilmente reconhecível e de enorme valor turístico e cultural e que tem vindo a bater consecutivamente recordes no número de visitantes”, destaca Gonçalo Lopes, vice-presidente da Câmara de Leiria e responsável pelo pelouro da Cultura. O número de turistas que visitaram o castelo duplicou entre 2009 e 2015, passando, no espaço de sete anos, dos 43 mil visitantes para os 86 mil, sublinha o autarca. Estes números demonstram também o cuidado que a Câmara de Leiria tem tido na dinamização turística em torno do castelo, de fundação medieval. “A sua utiliza-
ção, que vai desde o Festival Gótico Entremuralhas, passando pelo Mercado Medieval, até a desfiles de moda e atividades essencialmente dedicadas a um público infanto-juvenil traduz todo o seu potencial”, refere Gonçalo Lopes. “Mais do que um espaço estático, o Município de Leiria tudo faz para que o castelo seja de facto vivido”, acrescenta o vice-presidente da autarquia. História e beleza singulares O historiador Saul Gomes destaca que o Castelo de Leiria está entre os de maiores dimensões, em Portugal, tornando-se singular pela sua história e beleza. A história,
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ria é um dos mais bonitos e de maior dimensão, eve uma grande importância militar, ao longo dos o torna singular é a sua história de mais de 800 leza, que ainda hoje se respira ao visitar aquele
Vânia Carvalho Arqueóloga
Na perspetiva arqueológica é importante destacar que o morro onde foi construído o castelo de Leiria têm sido encontrados vestígios que testemunham a existência, naquele local, de vida e civilizações desde há cinco mil anos. As suas condições excecionais terão atraído populações desde a pré-história.
oito séculos mentos mais belos
O estado do castelo à data do restauro, feito por Ernesto Korrodi dor. Já em finais do século XIV tem lugar uma importante batalha, a de Aljubarrota, não no castelo, mas a 12 quilómetros. Este episódio mostra o declínio da importância dos castelos nos conflitos bélicos, considera Saul Gomes. Não se estranha portanto que o castelo tenha sido adaptado a palácio real. Hoje, de resto, os antigos Paços Reais deslumbram quem visita o castelo. Mais tarde, o rei Afonso V doa o castelo aos condes de Vila Real. Este ainda é habitado no século XVI, mas terá sido por essa altura que começou a sua ruína, que continuou até ao início do século XX, quando Ernesto Korrodi, arquiteto de origem suíça naturalizado português, e a Liga dos Amigos do Castelo, iniciam, em 1921, o seu restauro. Seguidor tardio do espírito romântico e esforçado em recuperar o imaginário medieval, Korrodi defendeu a devolução da imponência histórica ao monumento, que tinha antes do abandono de séculos.
Capela de Nossa Senhora da Encarnação
de mais de 800 anos, testemunha a sua importância bélica, pois foi palco de importantes batalhas, decisivas na história do país. Conquistado aos mouros por D. Afonso Henriques, em 1135, na sua saga de alargamento do território de Portugal para sul do Mondego e para a costa do Atlântico, viria a ser reconquistado pelos muçulmanos, cinco anos depois, voltando para a mão dos cristãos, novamente, em 1142. Mas as batalhas pela sua posse, entre lusos e muçulmanos, continuariam. Depois, anos mais tarde, o castelo é palco de uma guerra civil, por questões sucessórias, entre os filhos de Afonso II, Sancho II
Moinho do Papel
e Afonso III, entre 1245-1248. No final, Sancho II exila-se e Afonso III torna-se rei. Ali são travadas batalhas de uma outra Guerra Civil, de 1319-1322, entre o rei D. Dinis e o futuro Afonso IV. Noutro plano, as Cortes de Leiria, que em 1254 reúnem a nobreza, o clero e o povo, são também um sinal da importância da urbe, reforça o historia-
Museu Mimo
à volta
Museu Municipal
Importância arqueológica casHoje, longe da sua missão, o cas histelo volta a ter importância na his tória da cidade. Vânia Carvalho, arqueóloga da Câmara de Leiria, destaca o projeto de investigação, audesenvolvido pela au tarquia, e as escavações prosarqueológicas e pros peções geofísicas, que mostram que aquele local já seria habitado desde há 5000 mil anos. Ali foram encontrados vestígios cerâmicos atribuídos Idaao Calcolítico e à Ida de do Ferro. Alguns recolhidos vestígios recolhi dos são visíveis na expoexpo sição temporária patente no novo Museu Municipal, “Castelo de Leiria, construções de um lugar”. | Dora Loureiro
curiosidades
Pinhal do Rei
A Mata Nacional de Leiria, Pinhal de Leiria ou Pinhal do Rei é uma floresta portuguesa com 11.080 hectares, abrangendo as freguesias de Marinha Grande e Vieira de Leiria. Apesar da denominação, o pinhal está inserido totalmente no concelho da Marinha Grande. Marcou, em Portugal, o início da plantação intensiva de monocultura do pinheiro bravo. O pinhal foi mandado plantar pelo rei D. Afonso III (e não por D. Dinis, como se diz habitualmente) no século XIII. Seria mais tarde, entre 1279 e 1325, aumentado, pelo rei D. Dinis, para as dimensões atuais.
Vidro da Marinha Grande
O Museu do Vidro, na Marinha Grande, reúne coleções que testemunham a atividade industrial, artesanal e artística vidreira portuguesa, desde meados do século XVII/XVIII até à atualidade. Trata-se do único museu vocacionado para o estudo da arte, artesanato e da indústria vidreira em Portugal. Está instalado na antiga casa de Guilherme Stephens, recuperada para esse fim pelo gabinete de arquitetura de José Fava e inaugurada em 1998.
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aniversário Não é rico o património gastronómico da região de Coimbra e, em particular, da zona interior do distrito. Também por isso, a excelência e a diferença que se lhe reconhecem fazem da chanfana um incontornável ex-líbris regional. Mas há muito mais, para além de gastronomia, em torno da chanfana. Há todo um território que importa valorizar. Há toda uma cultura associada que importa promover. Há toda uma economia que importa alavancar
Madalena Carrito, Confraria da Chanfana
diário as beiras | 19-03-2016
A Chanfana é verdadeiramente um ex-líbris pela importância económica e cultural na região. É fator de desenvolvimento e é também fator de união entre as populações da região. Isso mesmo ficou claro quando se tratou da candidatura às 7 Maravilhas da Gastronomia Portugue-
sa. Para além de ter assumido valor próprio, cultural e imaterial, a Chanfana alimenta atividades económicas, da pastorícia ao comércio de carne e, claro, da restauração e do turismo, como ainda agora ficou provado, em Poiares, com a melhor Semana da Chanfana de sempre.
Chanfana Assar a cabra ve e alavancar a cultura e a ec
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A chanfana é de Coimbra e da sua região. Ou, dito de forma mais precisa, a chanfana é de Miranda do Corvo e de Vila Nova de Poiares, acima de tudo, mas também de Condeixa, da Lousã, de Góis, de Penela… e de Coimbra, claro está. Há mais de duzentos anos que a chanfana anda nas bocas de quem sumaria e cataloga os pratos diferenciados e característicos da gastronomia nacional. Mas foi apenas há coisa de cinco anos que a chanfana passou, literalmente, a andar de boca em boca por esse país fora. Foi no âmbito do concurso 7 Maravilhas da Gastronomia que
mobilizou muita gente e muitos meios e no qual o singular prato feito de cabra velha assado em vinho chegou ao restrito grupo de finalistas na categoria “Carnes”. Sim, porque a chanfana é um prato singular. Desde logo pelos ingredientes principais, justamente, a carne de cabra velha e o bom vinho. Depois, por tudo o que dela emana, no plano estritamente gastronómico – os saborosos negalhos confeccionados com o bucho e as tripas da cabra; a inconfundível sopa de casamento cozinhada com o que da chanfana resta e mais umas migas de couves
e pão; e até uns mui renegados arroz de miúdos e sarrabulho beirão aproveitando as vísceras do animal. Há ainda um toque de mistério a contribuir para toda esta singularidade. Trata-se da miscelânea de estórias que envolve a sua origem, assente em lendas pouco ou nada documentadas mas razoavelmente verosímeis. Deve dizer-se, em abono da verdade, que, neste lendário registo, Miranda do Corvo fica a ganhar a Vila Nova de Poiares. Isto porque é num dos extremos do concelho mirandense que se localiza o
convento de Santa Maria de Semide – outrora importante centro religioso e, por isso, senhorio de muitas terras. Lendas e narrativas Ora, uma das narrativas com o seu quê de fantasioso reporta ao tempo em que as freiras do convento – sempre dadas a invenções gastronómicas – engendraram forma de “escoar”, por um lado, a abundância de géneros que os camponeses lhes pagavam pela ocupação das terras e, por outro lado, do vinho de qualidade sofrível que se produzia nas redon-
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Sérgio Seco, Real Confraria da Cabra Velha
A Chanfana foi finalista do concurso nacional 7 Maravilhas da Gastronomia Portuguesa e, só por si, isto diz bem da sua importância e também da Sopa de Casamento e dos Negalhos. Trata-se de uma iguaria com mais de 100 anos de história, cuja origem remonta ao nosso Mosteiro de
Semide. A importância da Chanfana projeta-se também na alavancagem da economia regional, quer no que respeita à criação de gado caprino, aproveitando a área montanhosa que temos, quer na restauração e no turismo – como está a ser feito no Parque Biológico da Serra da Lousã.
elha em vinho conomia da região
dezas. Ora, quem tinha de pagar tratava de fazê-lo com o que menos falta lhe fazia – no caso, as cabras velhas que já não dão leite, mas cuja carne é assada no vinho, em forno de lenha e caçoilo de barro, conservando-se depois no molho gorduroso solidificado, durante muitos meses. Outra das lendas reporta a criação da chanfana ao tempo das invasões francesas, quando os camponeses procuraram a todo o custo evitar os habituais saques, com roubo de cabras e ovelhas da região. Ora, como também tinham
já tratado de enve-nenar as nascentes de água tiveram de recorrer ao vinho para cozinhar os caprinos. De uma forma ou de outra, o certo é que – como se es creveu a abrir – a chanfana impôs-se como produto de excelência com origem, sobretudo, em Miranda do Corvo e em Vila Nova de
“Que cousa era chanfana?”
Dealbava o séc. XIX quando D. José, Príncipe do Brasil, quis saber “Que cousa era chanfana?”. Respondeu, em soneto, o poeta Nicolau Tolentino de Almeida:
DB-P.M.
Poiares. Ambos os concelhos têm a sua própria confraria. A mais antiga é a de Vila Nova de Poiares e chama-se simplesmente da Chanfana, remontando a 2001. Só mais tarde nasceu a de Miranda, que optou pelo nome de Cabra Velha. A rivalidade, porém, logo ali se perpetuou, como o demonstra a inscrição, em latim, na bandeira mirandense. Cabe dizer que o trabalho de uma confraria não se resume à dimensão festiva e ritualista que muitos lhe apontam; antes passa pelo trabalho de preservar, divulgar e valorizar uma iguaria, de âmbito local ou regional. Ora, quando a um determinado prato se associa a dinâmica, por vezes dialética, de duas confrarias vizinhas e rivais, o efeito acaba por ser muito positivo. E, quando a tudo isto se junta o empenho e o apoio das autarquias – como também acontece em Miranda do Corvo e em Vila Nova de Poiares –, o resultado é extraordinário e deve ser valorizado. Até na origem das caçoilas cada um tem a sua versão. Poiares puxa Mipelo barro de Olho Marinho. Mi randa do Corvo fala dos oleiros do Carapinhal. No que pouco diferem os vizi vizinhos é na confeção da chanfana. Restaurante O que varia são os temperos – O Confrade mais salsa menos presunto; mais banha menos piripiri... Convento de St.ª O DIÁRIO AS BEIRAS Maria de Semide acompanhou uma jornada de assadura no forno Barro preto da ADIP, em Poiares, e oude Olho Marinho viu da cozinheira, Lurdes Silva, as regras essenciais: paciência, acerto nos temperos, na temperatura e na escoqualidade do forno; esco cerlher boa carne e o vinho cer Restaurante Museu da Chanfana to, ter em atenção aos caçoilos lavade barro lascados ou mal lava dos, cobrir bem o caçoilo com o papel de prata (modernice que dá jeito)… | Paulo Marques
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curiosidades
“Comprada em asqueroso matadoiro Sanguinosa forçura, quente e inteira, E cortada por gorda taverneira Cujo cachaço adorna um cordão de oiro; Cabeças de alho com vinagre, e loiro, E alguns carvões que saltam da fogueira; Fervendo tudo em vasta frigideira C’os indigestos fígados do toiro; Suavíssimo cheiro, o qual augura Grato manjar, mas que por causa justa Dá um sabor que nem o demo atura; Isto é chanfana, e sei quanto ela custa”.
Po u c o o u n a d a tem a ver com a chanfana que hoje se conhece, como está bom de ver...
A chanfaina de Castela Em Espanha, chama-se chanfaina a um guisado de vísceras com cebola. Como refere Lima Reis, ambém do lado de lá da fronteira a origem tem a ver com a pastorícia e o pagamento aos senhores dos rebanhos com as partes dos cordeiros abatidos consideradas nobres guardando para si apenas as entranhas do animal.
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aniversário A pouco mais de um ano da celebração do Centenário das Aparições, o Santuário -maior destino de turismo religioso da Europa – quer aproveitar a oportunidade para levar a mensagem de Fátima ainda mais longe. “Não pode reduzir-se à evocação de factos passados: “é, sobretudo, ocasião para divulgar e reavivar a consciência da riqueza e atualidade de Fátima e da invulgar capacidade de atração de Nossa Senhora para os crentes”, adianta o reitor Carlos
Cabecinhas
D. Virgílo Antunes, Bispo de Coimbra
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Quando se pensa nas aparições de Nossa Senhora em Fátima parece ver-se claramente atualizado o mistério de graça narrado pelo Evangelho. Como crianças totalmente desprovidas de poder, os Três Pastorinhos deixam-se tocar por dentro, acolhem e aceitam a força do amor, que transforma, converte e salva.
Carlos Cabecinhas, Reitor do Santuário de Fátima
Fátima é, hoje, u Portugal. Um es tugueses têm de os elementos qu ocupava o segun
Fátima Contagem decresce o centenário das aparições
O “
“O Santuário de Fátima é, porventura, o espaço do território português mais conhecido em todo o mundo”, observa o reitor do Santuário, padre Carlos Cabecinhas, em declarações ao DIÁRIO AS BEIRAS. De acordo com o sacerdote, “o relevo deste lugar deve-se à experiência de fé que ele tem proporcionado a inúmeros homens e mulheres ao longo de um século atribulado da história da humanidade e a uma mensagem que se revelou com potencial para tocar o íntimo de cada pessoa e que tem mostrado também implicações de caráter sociopolítico
a nível mundial”. Na sua perspetiva, “os relatos transmitidos por três crianças, em 1917, marcaram, em diversos sentidos, a história religiosa e social dos homens e mulheres do nosso tempo e de gerações que nos antecederam”. Assim, não será de admirar que em 2015, o Santuário tenha registado cerca de 6,7 milhões de participantes no conjunto das 9948 celebrações realizadas, o que significou um aumento significativo do número de peregrinos. Foi igualmente batido o recorde de número de peregrinações organizadas, num
total de 4390 grupos, com 587 128 peregrinos. De acordo com o Serviço de Peregrinos deste Santuário registaramse 1591 peregrinações portuguesas, com 461 300 peregrinos e 2799 peregrinações estrangeiras, provenientes de 90 países, com um total de 125 829 peregrinos. O mês de maio registou o maior número de grupos nacionais, 423, e o de outubro, o maior número de grupos estrangeiros, 553. Centenário das Aparições “Naturalmente que, no próximo
ano, por se assinalar o centenário das Aparições, é expetável que o número de peregrinos ainda seja maior. Tanto mais que, a par das celebrações habituais teremos o programa associado ao Centenário que, só por si, convida a uma visita”, destaca o padre Carlos Cabecinhas. Atendendo ao programa que está a ser programado pela Reitoria para 2016 e 2017, são várias as dimensões das iniciativas previstas: “a memória dos acontecimentos passados que nos permite avaliar o presente e projetar o futuro, indi-
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um dos mais expressivos “cartões de visita” de studo de opinião sobre a percepção que os pore si mesmos e da sua união, mostrava que entre ue melhor definem a imagem de Portugal, Fátima ndo lugar, apenas atrás da bandeira nacional.
José Luís Peixoto, escritor e autor de “Em Teu ventre”
Apercebi-me o quanto o conhecimento que tinha de Fátima era superficial. Quanto mais detalhe e mais circunstâncias eu conhecia mais impressionante a considerava e mais a sentia como simbólica de muitas coisas que nos dizem muito como povo e que me dizem bastante enquanto português.
ente para s e visita do Papa que “a motivação principal para a sua recuperação não foi de ordem patrimonial, mas celebrativa: devolver às celebrações que têm lugar nesta basílica a beleza e a imponência do órgão de tubos, instrumento musical tradicional da liturgia romana que, segundo o Concílio Vaticano II, é capaz de elevar poderosamente os ânimos para Deus e para as coisas celestes”.
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vidualidade e comunidade, evocação das aparições e reflexão sobre a mensagem, ritualidade e oração, convívio e festa, inserção no quotidiano e marcas do extraordinário”. Já neste ano de 2016 houve vários momentos com especial significado para o Santuário Mariano: a 20 de fevereiro assinalou-se o Dia dos Pastorinhos com uma vigília de oração e uma catequese para 1500 crianças provenientes de várias dioceses. Neste mês de março foram evocadas várias celebrações, desde o 106.º aniversário do nascimento
da Beata Jacinta Marto, até à celebração do 4.º aniversário da eleição do Papa Francisco. O padre Carlos Cabecinhas destaca ainda o restauro do órgão da Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, o maior instrumento deste género em Portugal, que foi reestruturado e “volta a ser o protagonista de um espaço celebrativo que diz muito aos peregrinos”. O reitor do Santuário salienta
Museu de Cera de Fátima
Restaurante Tia Alice
Visita do Papa Francisco Quanto à visita do Papa Francisco, a 12 e 13 de maio de 2017, o responsável máximo do Santuário adianta que o Santo Padre “já anunciou que virá, embora os detalhes da visita não estejam ainda definidos”, apenas acrescentando que “será prematuro falar sobre as principais linhas da organização. Elas serão as mesmas que sempre norteiam a visita de um Papa a qualquer lugar”. O que é certo é que, por parte dos fiéis, muitos já reservaram alojamento, mais de um ano antes das cerimónias. Vários hotéis de Fátima já estão esgotados para as referidas datas. O presidente da Associação EmEm presarial Ourém/Fátima (ACISO), Francisco Vieira, vai desde já avisando que o parque hoho redonteleiro local e das redon dezas não será suficiente para receber os hóspehóspe des anunciados. Na sua perspetiva, “a incapaincapa cidade de resposta das unidades hoteleiras de Fátima, no distrito de Santarém, tem uma vantagem para o território que vai de Coimbra a LisLis boa, particularmente no litoral, redistribuindo os turistas pelas unidades hoteleiras desta Monumento natural região”. das Serras de Aire | António Rosado e Candeeiros
curiosidades
Maior órgão de igreja restaurado É reinaugurado amanhã, domingo, no Santuário de Fátima, o órgão da Basílica de Nossa Senhora do Rosário, com estreia mundial de uma peça da autoria do compositor português João Pedro Oliveira. É um instrumento construído em 1951, sendo o maior do género em Portugal, com 90 registos e cerca de 6.500 tubos. A consola de cinco teclados e pedaleira foi restaurada e modernizada. O tubo maior, de madeira, tem cerca de 12 metros de altura e 50 centímetros de largura e os tubos de metal, da fachada, têm cerca de oito metros de altura.
55 mil pernoitas Nos vários espaços de que o Santuário dispõe para alojamento – Casa de Retiros de Nossa Senhora do Carmo, Casa de Retiros de Nossa Senhora das Dores, Centro Pastoral Paulo VI, Acolhimento S, Bento Labre, Casa de São Miguel, Colunata e Casa da Argentina – registaram-se, ao longo de 2015, cerca de 55 mil dormidas, sendo que os grupos portugueses foram predominantes: 572 grupos organizados.
Visitas aos Pastorinhos A Casa da Lúcia foi visitada, em 2015, por 336 299 peregrinos. A Casa do Francisco e da Jacinta foi visitada por 320 193 peregrinos.
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aniversário Gastronomia, do melhor que há no território viseense, artesanato, doçaria, brinquedos e diversão para todas as idades, onde os mais pequenitos nunca são esquecidos. De tudo isto, e muito mais, se continua a fazer a Feira de São Mateus, em Viseu. Uma feira que a idade melhorou unindo tradição e modernidade sem melindrar a história nem desiludir os novos públicos. A feira, que começou por ser franca, vai na sua 624.ª edição
Almeida Henriques Presidente da Câmara Municipal de Viseu
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A Feira de São Mateus continua a reinventar-se apesar dos seus mais de seis séculos de existência. A maior feira da Península Ibérica consegue unir a tradição e a modernidade para manter os mais saudosos e cativar novos públicos.
Jorge Sobrado Gestor da Marca Viseu que organiza certame
A Feira de São Mateus é uma grande m todo especial. É uma feira popular, sim, m reencontros. Reencontros de amigos, fa experiências. A Feira de São Mateus pode populares do país! Aqui todos podem reen
Feira de São Mateus: o “m Ibérica” faz 624 anos e que
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A Feira de São Mateus dispensa apresentações. Todos sabemos que se realiza há mais de seis séculos na cidade de Viseu; que decorre durante mais de um mês, que há concertos e animação diversa, que tem sabor a farturas, que há carrosséis e diversão para todos os gostos. E todos sabemos, mesmo os que não apreciam, que tem as mais famosas enguias do país. Em barricas de madeira, como nos seus primórdios, ou no prato… elas continuam a fazer a delícia dos milhares de visitantes que (também) ali vão por elas. Como o presidente da Câmara Municipal de Viseu, Almeida Henriques faz questão de sublinhar, “a Feira de São Mateus é a mais antiga feira franca viva da Península Ibérica”. A preparar já a sua 624.ª edição (para o verão deste ano), a feira quer ultra-
passar os 950 mil visitantes registados em 2015. “A Feira de São Mateus é a mais antiga da Península Ibérica, mas tem, vindo a reinventar-se nos seus 624 anos de vida, sobretudo nestes últimos dois anos, não só com uma nova lógica de comunicação, mas também com uma nova forma de layout, assumindo-se nas suas tradições, no seu histórico de mais de seis séculos, mas introduzindo também a modernidade”, reconheceu Almeida Henriques ao DIÁRIO AS BEIRAS, adiantando que “a feira hoje é também um festival urbano, um espaço onde as pessoas poderão fazer jus à tradição, nomeadamente, no âmbito das espetadas de enguias”. A feira continua, por isso, a afirmarse como um espaço onde as pessoas podem degustar não só as famosas
enguias, mas toda a gastronomia típica da cidade e da região acompanhada pelos saborosos – e premiados – vinhos do Dão. Espaço para ser vivido em família “Ela é o espaço para a fartura, ela é o espaço para o divertimento, eu diria que ela é sobretudo, um espaço de família, um espaço hipergeracional cada vez com mais motivos para que as pessoas a visitem e daí, no ano passado, termos ficado a 50 mil pessoas de um milhão de visitantes”, afirma o autarca, reconhecendo que “este ano estamos, com o programa que está a ser preparado, com o cartaz, com o aperfeiçoamento do seu layout, com toda uma aposta na arquitetura e no conforto das pessoas, seguramente irá ultrapassar-se um milhão de visitantes”.
Um crescimento que tem muito a ver com as pessoas, mas a que a mudança de lugar também ajudou. Como Almeida Henriques sublinha “o reencontro da feira com os viseenses, e com quem nos visita, teve também muito a ver com o regressar do palco ao seu cenário com o espelho de água, tendo como cenário habitual a silhueta da cidade, a criação de novo do picadeiro que é também um convite ao convívio e ao reencontro entre as pessoas, tornoua esteticamente mais bonita, mais confortável e, ao mesmo tempo, aumentou de uma forma decisiva, o conforto daqueles que também lá vão para ver os espetáculos”. Cativar mercado vizinho de Espanha “Para além da aposta que fizemos no cartaz, transformando-o numa
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Dediquei 26 anos da minha vida a organizar a Feira de São Mateus, rodeado de uma equipa excecional que conseguiu dar aos milhares de visitantes aquilo que eles esperavam deste que é o maior certame do país. Dediquei-me de alma e coração à feira e Jorge Carvalho não só. Criei muitos amigos e acho que cumpri com tudo aquilo que cada ano prometia Na organização da feira durante 26 anos aos nossos visitantes”. - (palavras na hora em que se despediu da organização da feira).
marca de Viseu e é um acontecimento mas é mais do que isso: é uma feira dos amílias, gerações, memórias, marcas, e bem ser a guardiã de todas as feiras ncontrar a “sua” feira.
maior certame da Península er ganhar Espanha
Montemuro: terra de gentes com história
apresentação moderna atenta aos vários públicos, àqueles que voltam à feira e à cidade por saudade, e onde se habituaram a ir desde pequeninos, até à atenção aos nossos emigrantes e na sua deslocação nesta altura do ano e que querem desfrutar da sua feira”, sublinha o autarca, reconhecendo que tudo é preparado no sentido de se “alargar públicos”. Ou seja, a organização quer uma feira que entre também no roteiro obrigatório dos portugueses, mas também dos cidadãos estrangeiros que visitam Viseu e o seu território, designadamente como é o caso da vizinha Espanha. “A organização tem desenvolvido um grande esforço de divulgação sobretudo entre Castela e Leão e Galiza para ter cada vez mais um público espanhol neste multisse-
Serra do Caramulo é um “mundo” a descobrir
cular certame. Cinco semanas de animação Quanto ao tempo de duração – cinco semanas –, Almeida Henriques é perentório: “atenden-do à dinâmica que ela tem, à importância que assume na economia da região, à tradição que mantém, é importante que ela tenha esta duração de cinco semanas”. “A feira acaba por abranger, numa primeira fase, sobretudo o emi- Termas de S. Pedro g r a n t e q u e do Sul afirmam-se regressa ao no setor da saúde
à volta
Castela e Leão (Espanha) é um mercado a ganhar
país, numa segunda fase o turismo interno e externo e, numa terceira fase, os viseenses que também têm direito a desfrutar da sua feira. Ela tem que ter um espaçamento entre agosto e setembro que lhe permita chegar a estes três públicos”, reforça o autarca, adiantando que o certame acaba por ter todos os dias coisas novas para se fazer. “E uma coisa que eu já estou em condições de garantir é que, este ano, a feira vai ter todos os dias um espetáculo e vai, inclusivamente, promover os artistas locais a par dos outros de cariz nacional e até internacional”, promete, reconhecendo que “é a Feira de São Mateus a assumir-se como um festival urbano”. E todos estão de acordo quanto ao futuro: “em 2016, a Feira de São Mateus será ainda melhor”. Nesta edição, a feira prosseguirá o esforço da sua revitalização e reforma, melhorando múltiplos aspetos da oferta de produto, de promoção e comunicação, assim como de acolhimento ao visitante. O projeto de reforma da feira tem ainda desafios de qualificação importantes e neles se inscrevem um conjunto de objetivos como a qualificação dos expositores; a internacionalização para o mercado espanhol; a anima animação das avenidas; a renovação de um cartaz de palco atrativo para todos os públicos; a melhoria das condições de acolhimento certade patrocinadores, um certa me de artesanato de relevo. Como sublinha o gestor da Viseu Marca, que assume a organização do certame, “tratando-se da feira franca viva mais antiga da Península Ibérica, ela contém muito da história da cidade de Viseu e da sua revivalisidentidade”. “Esse revivalis mo é central no projeto de revitalização do evento e no seu posicionamento de comu comunicação, que é hoje mais urbano e mais sedutor”, reforça Jorge SobraSobra do.| Eduarda Macário
curiosidades
Cartazes que contam histórias...
A história da Feira de São Mateus também é contada pelos vários – e diferentes – cartazes que a promoviam. Este remonta a 1930.
... De um certame secular Nascida em 1391, por carta de D. João I, tem no infante D. Henrique o seu primeiro e ilustre governador. Torna-se rapidamente uma grande feira franca, de cariz económico, No século XVIII é considerada a mais importante feira do país. A feira perde importância na viragem do século XX, sendo reanimada em 1927 segundo o modelo de feiraexposição.
Números que mostram impacto da feira Na edição de 2015, a feira registou 950 mil entradas, com uma média diária de 23.715 pessoas. Destas 950 mil, 37.644 são crianças que entraram nos 17 dias de feira com entradas pagas. E os números não se ficam por aqui. O site www.feirassaomateus. pt registou 120 mil visualizações entre julho e setembro de 2015.
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Classificado como Monumento Nacional, o Jardim do Paço Episcopal de Castelo Branco é hoje o principal ponto de atração de turistas à cidade. Importante marco na arquitetura barroca, onde o verde da vegetação se cruza com a estatutária em pedra, num percurso temático, de grande simbolismo religioso, histórico e mitológico. A água é elemento de ligação de todo o espaço, paredes meias com o recente Jardim Municipal, a ocupar as hortas do antigo paço episcopal
Luís Correia, Presidente da Câmara Municipal de Castelo Branco
diário as beiras | 19-03-2016
O Jardim do Paço é um ex-líbris da cidade do concelho, que só encontra comparação, em termos identitários e de riqueza artística, no Bordado de Castelo Branco. De traçado Barroco, é um dos mais belos jardins do nosso país, um local cheio de simbolismo, onde é muito agradável passear ou descansar em qualquer época do ano.
Leonel Azevedo, Investigador com publicações sobre o jardim
Filia-se nos j singular na Be de 1834, cheg os elementos monumento
Jardim do Paço Episcopal De residência de inverno a
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Mandado construir pelo bispo da Guarda D. João de Mendonça, por volta de 1720, o Jardim do Paço Episcopal é hoje o monumento mais visitado de Castelo Branco. Dedicado a S. João Batista (padroeiro), tem um estilo marcadamente barroco – acredita-se que de influência italiana –, com a entrada atual a fazer-se pela rua Bartolomeu da Costa, nomeadamente, pelo Centro de Interpretação do Jardim, que serve de receção ao visitante. Aqui, dá-se o primeiro contacto com algumas peças que faziam parte do local, entretanto recolhidas ao interior para melhor conservação – caso dos frescos, que faziam parte das paredes exteriores.
No princípio do século passado, após a separação da Igreja do Estado, o jardim passa para a alçada da autarquia, lado a lado com o agora Museu Francisco Tavares Proença Júnior, antiga habitação de inverno da diocese. No início, o jardim era então particular e de dimensão menor à atual. Passado o Centro de Interpretação (inaugurado em 2012), o visitante depara-se com os arcos do passadiço, recentemente restaurados segundo a traça original, entrando no patamar mais recente do jardim, uma espécie de repositório de memórias. Criado na década de 30 do século XX pela câmara, este espaço mantém a geometria retangular, dominado pelos buxos e com os primeiros ele-
mentos da estatutária que abunda no espaço. Também aqui os painéis de azulejo chamam a atenção, em particular as ilustrações dos fundadores, antes da escadaria que conduz ao patamar superior. Água: elemento de ligação No topo das escadas, o visitante depara-se então com a grandeza do jardim, dominado por balcões e varandas, com guardas de ferro e balaústres de cantaria. O buxo domina a paisagem, de grande simbolismo religioso. As estátuas aqui presentes representam, entre outras, os cinco continentes, os signos do zodíaco, as estações do ano ou virtudes do homem,
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jardins barrocos portugueses e é absolutamente Beira Baixa. Apesar do votado ao abandono a partir gou até nós com forte característica barroca e com s primitivo que caraterizam essa sua feição. É um de grande valor.
Sílvia Moreira, Arqueóloga da Câmara de Castelo Branco
O Jardim do Paço Episcopal é um verdadeiro ex-líbris de Castelo Branco, constituindo um dos mais notáveis jardins barrocos portugueses, onde se podem observar simbólicas estátuas de granito e surpreendentes jogos de água entre os recortes dos canteiros de buxo.
de Castelo Branco local de visita o ano todo DB-Carlos Jorge Monteiro
apóstolos, onde se depara com os quatro evangelistas e seus atributos: S. Marcos, S. Mateus, S. Lucas e S. João. Para além do grande simbolismo religioso, outra das características do jardim é a importância hidráulica. O tanque grande é “alimentado” pela água que desce a cascata de Moisés, seguindo depois para os restantes lagos e repuxos do jardim, conduzida por uma rede subterrânea, que tira partido da gravidade para circular. No percurso para o último circuito da visita, somos invadidos pelo cheiro das várias árvores de fruto (limoeiros e laranjeiras), paredes meias com a segunda cintura de muralhas do castelo, chegando enfim ao Jardim Alagado.
Museu Francisco Tavares Proença Júnior
antes de chegar ao primeiro dos cinco lagos aqui construídos – tantos quantas as chagas de Cristo – e bem perto das escadas laterais que ladeiam a residência, com 33 degraus – a idade de Cristo quando foi morto. Subindo mais um patamar, encontramos então as escadarias dos reis e dos apóstolos, dominadas pela estatutária de um e outro lado. Andando mais uns metros, o visitante entra então na zona do tanque das coroas (com três golfinhos entrelaçados, encimados por uma coroa), também ladeado por reis, onde predomina o tom amarelo, que caracteriza o granito de Alcains, abundante em todo o espaço. Chega por fim à zona dos Docas
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Museu Cargaleiro
Parque da cidade na antiga horta Atravessando o passadiço da rua Bartolomeu da Costa (antiga rua da Corredoura), temos acesso ao novo Parque da Cidade de Castelo Branco, que ocupa o espaço das hortas do paço episcopal, construído em 2003, aquando da aplicação do Programa Polis. Também aqui se mantém a simbologia da água, num espaço de lazer muito procurado pelos habitantes e que termina, metros abaixo, na Mata da Loureiro. É aqui que está o Arlequim de Manuel Cargaleiro, conjunto de painéis integrados numa fonte, que contemplam o poema “Cantiga, Partindo-se”, da autoria de João Roiz de Castel-Branco. Aqui à volta Aproveite a estada em Castelo Branco e dê uma volta pelas ruas da cidade, passe pelas docas ou aprecie o património, como o Cruzeiro de S. João, monumento nacional, exemplo da arquitetura manuelina, que fica bem perto do Jardim do Paço Episcopal. Pode ainda aproveitar a proximidade do Museu Francisco Tavares Proença Júnior ou visitar o Museu Cargaleiro, cujo principal objetivo é a divulgação, estudo e conservação das peças que integram o acervo da coleção de arte da Fundação Manuel Cargaleiro, artista plástico, natural do concelho de Vila Velha de Ródão. Está situado em plena zona histórica de Castelo Branco, constituído por dois edif ícios: o Solar dos Cavaleiros (palacete do séc. XVIII) e outro contemporâneo. | José Armando Torres
curiosidades
Estátua da Rainha Santa Isabel Na escadaria dos monarcas, encimada pelo Conde D. Henrique, está também caracterizada a Rainha Santa Isabel, ladeada por Filipe III, O Grande. A dinastia dos Filipes de Espanha e o Cardeal D. Henrique, adepto da causa castelhana, estão no patamar fundeiro do jardim, representados por estátuas de menor dimensão (cerca de metade do tamanho das restantes).
Da Igreja para a autarquia Em 1911, o jardim passou para a tutela da autarquia, após a publicação da lei que estabeleceu a separação da Igreja do Estado. Depois de oito anos de arrendamento, é comprado pela câmara e passa a deter estatuto de jardim municipal.
Passadiço Para ligar os vários espaços da quinta, o passadiço foi construído para ligar os vários espaços da quinta sem necessidade de passar por espaços públicos (nomeadamente a antiga rua da Corredoura), permitindo ainda o acesso à casa de chá.
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aniversário O leitão da Bairrada é uma das sete Maravilhas Gastronómicas. No passado, este prato típico bairradino apenas era consumido em dias festivos e em casas abastadas. Em 1910 poucas eram as pessoas que já tinham provado leitão assado. O leitão mantém a sua qualidade devido à escolha das raças que são utilizadas para a sua confeção, sendo que tradicionalmente a raça utilizada era o bísaro. Até ao final do século passado, a preparação do leitão era feita de forma artesanal
António Duque, presidente da Confraria Gastronómica do Leitão da Bairrada
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Está na zona de Covões [Cantanhede] e eu digo que o leitão de Covões tem particularidades históricas diferentes do leitão da zona da Mealhada ou do de Águeda, apesar dos ingredientes utilizados serem praticamente os mesmos. O leitão é o prato tradicional de uma região mais cobiçado e copiado a nível nacional.
Rui Marqueiro, presidente da Associação Maravilhas da Mealhada
O leitão é já uma ma Criámos a marca 4 M excelência – pão, águ pela sua qualidade e mais um fator de atra
Leitão da Bairrada O rei da gastronomia de um
C
Com séculos de tradição, o leitão assado continua a ser a maior riqueza gastronómica da região da Bairrada, que abarca os concelhos de Oliveira do Bairro, Anadia, Águeda, Cantanhede e Mealhada. Nos dias de hoje, não há registos sobre a origem do leitão, havendo mesmo mais do que uma versão sobre porque é que esta iguaria nasce na Bairrada. António Duque, da Confraria Gastronómica do Leitão da Bairrada, esclarece que o aparecimento do leitão assado está relacionado com a Casa Bairradina. “É das poucas casa que tem o forno dentro da cozinha e, por isso, todos os pratos que nascem na Bairrada têm a ver com forno”, explica, dando como exemplo a chanfana, que é o prato
mais antigo da região. “Por estranho que pareça, o leitão é o prato mais emblemático da Bairrada, mas o mais antigo é a chanfana”, reforça. Antigamente, o leitão só era servido numa ocasião muito especial e não o era em todas as casas. O mesmo não acontece nos dias de hoje, pois nos restaurantes da região da Bairrada este prato existe diariamente. António Duque conta que há registos de 1910, que relatam que havia “muito pouca gente a ter provado leitão”, enquanto que a chanfana era um prato acessível a todos. Confraria luta pela qualidade do leitão O “boom” no consumo do leitão foi um dos motivos que levou à cria-
ção da Confraria Gastronómica do Leitão da Bairrada, com sede em Sangalhos, em 1995. “A confraria nasce por vontade de um grupo de amigos, já na altura, preocupados com a qualidade do leitão”, lembra António Duque, que é um dos confrades fundador. Atualmente, a instituição conta com 35 confrades e tem desenvolvido um conjunto de ações com vista à defesa do leitão da Bairrada. Esta confraria tem a particularidade dos seus confrades não terem quaisquer ligações ao setor do leitão. “Hoje procurou-se um produto que desse mais lucro ao comerciante e cá está a confraria a tentar defender essa questão para que no assar o leitão possamos ter uma qualidade mais regular”, defende.
“O leitão nasce como uma iguaria ímpar na Bairrada”, manifesta. O mesmo prato é confecionado de maneira diferente em diversas zonas da mesma região. “Está na zona de Covões [Cantanhede] e eu digo que o leitão de Covões tem particularidades históricas diferentes do leitão da zona da Mealhada ou do de Águeda, apesar dos ingredientes utilizados serem praticamente os mesmos”, esclarece António Duque. A base do tempero inclui banha de porco, sal, pimenta e alho. Sobre a raça utilizada para confecionar o leitão assado na Bairrada, António Duque revela que a raça que predominava, na altura, era o bísaro. Trata-se de um leitão pernalta sendo uma raça de crescimento lento, de engorda dif ícil e resulta
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arca da Bairrada e é, de uma forma natural, uma marca da Mealhada. Maravilhas da Mesa da Mealhada, na qual juntamos quatro produtos de ua, vinho e leitão -, mas todos estes produtos já tinham criado por si só, diferenciação, esta referência gastronómica a nível nacional. O leitão é atividade que pode potenciar o turismo e a economia da nossa região.
Ricardo Nogueira, assador de leitão e empresário
As casas que oferecem um leitão de qualidade conseguem manter os clientes. Aqui, ainda conseguimos ter algum leitão local. A Mealhada tem alguma responsabilidade na dinamização do leitão da Bairrada.
ma região DR
à volta numa carne atoucinhada e mais entremeada. Por estas razões, António Duque admite que o bísaro não é uma raça de lucro. “Mas nós temos diversas raças e cada uma tem as suas características próprias”, diz. Quatro quilos é peso “excelente” O peso do leitão quando sai da pocilga deve ter, segundo o representante da confraria, entre nove a 10 quilos, sendo que depois de morto o leitão dá cerca de metade. “Quatro quilos é um peso excelente do leitão”, assume. A alimentação do leitão, até atingir este peso, é cerca de seis semanas. “Um bísaro tem quase mais uma semana e meia para atingir este peso”, compara, sendo, por isso, uma raça pouco lucrativa para o comerciante.
Até ao final do século passado, a preparação do leitão era feita de forma artesanal, facto que foi evoluindo ao longo dos tempos por imposições legais. “A alimentação do leitão tem que ser muito cuidada e hoje não é cuidada”, adverte, dando como exemplo a vulgarização do uso da ração de engorda ao invés da tradicional lavagem que os agricultores usavam para alimentar os animais. Outra das mudanças está relacionada com a utilização da vara de louro no as- Cabidela de leitão sar, passando, depois, é um prato muito para a vara de pinheiro apreciado na região
Forno é elemento que define a origem do leitão assado
Tradicionalmente, é a batata que acompanha o leitão
e, depois, o ferro, sendo que hoje em dia é utilizado o inox. “Acha que é a mesma coisa assar o leitão com os aromas de um pau de louro ou uma vara de aço de inox”, questiona. Também a banha utilizada para temperar o leitão é diferente, sendo que a de hoje é industrial. “Há duas maneiras de servir o leitão: ou quente ou frio, nunca aquecido”, assume António Duque. Os derivados do leitão assado são a cabidela, as iscas e a feijoada. É ainda vulgar a existência de croquetes e rissóis de leitão nos estabelecimentos da restauração. Recorde-se que, há cerca de 10 anos, a confraria através dos chefs confrades criaram um produto chamado Pãozinho de Leitão. Trata-se de um pão da avó que contém bocadinhos de leitão. É comprado pré-congelado e basta por no forno para ser consumido. “Foi uma inovação da confraria que tem muito sucesso”, revela. No passado, a Confraria Gastronómica do Leitão da Bairrada tentou certificar o produto leitão da Bairrada. Porém, “não é possível certificar um produto de uma região quando se vai buscar a matéria-prima a outra região”, denuncia António Duque, explicando que a certificação exige que, no mínimo, 55 por cento do leitão consumido na Bairrada seja criado nesta região. Tal não acontece, pois cina taxa não vai além dos cin co por cento. “O leitão é o prato tratra dicional de uma região copiamais cobiçado e copia do a nível nacional”, considera António Duque, acrescentando que “há pessoas a utilizarem o nome leitão da Bairrada e a região não lucra nada com isso”. A solução, conclui, leiseria certificar o termo lei tão da Bairrada para que a sua utilização pudesse trazer uma mais-valia à região. | Joana Santos
curiosidades Cabidela dos pobres e cabidela dos ricos No século 19, existia a cabidela de leitão dos pobres e dos ricos. A cabidela dos pobres era feita também no forno dentro de uma caçoila de barro preto. Uma concha de molho com um prato de batatas, que era o que predominava na zona, era a alimentação de uma pessoa. Já a cabidela dos ricos era confecionada num tabuleiro e incluía batata e as miudezas do leitão. O tabuleiro ia ao forno ao mesmo tempo que assava o leitão. E, por isso, recebia a gordura que ia caindo do leitão. Para além da cabidela, existem outros pratos derivados do leitão como as iscas e a feijoada.
Só cinco por cento do leitão consumido é criado na Bairrada De acordo com António Duque, representante da Confraria Gastronómica do Leitão da Bairrada, só cinco por cento do leitão consumido na Bairrada é criado na região. Tal facto impede a certificação do produto pois é exigido que, no mínimo, 55 por cento do leitão que é consumido na Bairrada seja criado nesta região. “Não é possível certificar um produto de uma região quando se vai buscar a matéria-prima a outra região”, denuncia António Duque, acrescentando que “o leitão é o prato tradicional de uma região mais cobiçado e copiado a nível nacional”. António Duque revela que “há pessoas a utilizarem o nome leitão da Bairrada e a região não lucra nada com isso”. A solução passa por certificar o termo leitão da Bairrada para que a sua utilização possa trazer uma mais-valia.
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aniversário Promessa de D. João I a Nossa Senhora, em caso de vitória frente aos castelhanos, o Mosteiro de Santa Maria da Vitória é uma das principais obras arquitetónicas do estilo gótico. Em 1983, passou a poder usar a chancela de “Património Mundial da Unesco”, o que o torna um dos principais exlíbris da região. A proximidade com o tráfego automóvel da antiga EN1 é um dos problemas com que os responsáveis se têm defrontado ao longo dos últimos anos
Joaquim Ruivo Diretor do Mosteiro da Batalha
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É o monumento mais visitado na esfera da Direção Geral do Património Cultural. Em 2015, conheceram o mosteiro mais de 330.000 pessoas, o que correspondeu a um aumento de 10 por cento em relação ao ano anterior. Cerca de 80 por cento dos visitantes são estrangeiros.
Paulo Batista Presidente da Câmara Municipal da Batalha
Um estudo do L medições de ruíd muito acima dos foram gastos mi que, afinal, não a
Mosteiro da Batalha inscre realização do estilo gótico e
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Temos de recuar até 1385 para encontrarmos o início da história do Mosteiro da batalha. Nessa altura, o rei D. João I prometeu que iria construir este monumento como formas de agradecimento em caso de vitória em Aljubarrota. Uma batalha vitoriosa travada no dia 14 de agosto de 1385, mas que lhe assegurou o trono e a independência de Portugal. O projeto inicial do mosteiro, que compreendia a igreja, um claustro e as respetivas dependências, deve-se a Afonso Domingues, mestre português que dirigiu a obra até ao ano de 1402. Huguet,
mestre construtor que se pensa ter vindo da Catalunha, sucedeu a Domingues e dirigiu o estaleiro de obra até ao ano de 1438. Neste período, concluíu os edif ícios começados por Domingues e o projeto e construção da Capela do Fundador, um edif ício estética e tecnicamente totalmente inovador no panorama da arquitetura tardo-medieval portuguesa. O terceiro impulso criativo no Mosteiro coube a Fernão de Évora. Este mestre foi o responsável pelo Claustro de D. Afonso V, que representa o “despojamento inesperado na evolução do gótico”.
O momento criativo naquele conjunto escultórico não se ficou na sua construção. Por exemplo, a Batalha foi a grande escola das artes do país, nela se tendo formado numerosos artistas e operários que vieram depois a trabalhar noutros edif ícios. Por exemplo, os primeiros vitrais construídos em Portugal foram-no também para o Mosteiro da Batalha, sendo os mesmos atribuídos ao mestre Luís, o Alemão. Mateus Fernandes, arquiteto, introduziu no início do século XVI o estilo manuelino naquele monumento. O portal das Capelas
Imperfeitas é o verdadeiro exemplo, tendo sido considerado “um momento do Gótico final, com caraterísticas nacionais” e que se encontra bem patente na construção do Mosteiro dos Jerónimos. A construção do monumento concentrou os recursos e a mão de obra especializada do reinado de D. Manuel, levando a que, por exemplo, não tivessem sido concluídas as Capelas Imperfeitas. Encomendadas por D. Duarte a Huguet para aí colocar o novo Panteão Régio, estas capelas ainda tiveram um impulso no período de D. Manuel, mas o rei preferiu o
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Laboratório de Ruído e Vibrações apurou que as do ambiente no monumento revelavam valores s permitidos por lei para o local. No meu entender, ilhões de euros numa alternativa rodoviária (A19) assegura a preservação do monumento.
Pedro Redol Conservador do monumento
No século XVIII foi o primeiro edifício monumental europeu do género a merecer um levantamento gráfico de grande pormenor, realizado e publicado pelo arquitecto irlandês James Murphy, sob a forma de monografia, precedendo a edição de várias obras congéneres sobre as catedrais góticas inglesas.
eve-se na maior em toda a Europa DB-A.A.
nio Mundial da Unesco.
à volta “Plans, Elevations, Sections and Views of the Church of Batalha”
monumento lisboeta. No século XVIII, a Batalha foi “o primeiro edif ício monumental europeu do género a merecer um levantamento gráfico de grande pormenor, realizado e publicado pelo arquitecto irlandês James Murphy, sob a forma de monografia, precedendo a edição de várias obras congéneres sobre as catedrais góticas inglesas”, afirmou o conservador do monumento, Pedro Redol. Os vários acrescentos introduzidos no projeto inicial levaram a que este conjunto monástico seja agora composto por uma igreja,
dois claustros com dependências anexas e dois panteões reais, a Capela do Fundador e as Capelas Imperfeitas. “O reconhecimento da originalidade do bem cultural, associada ao génio criativo da humanidade” foi o principal motivo para que a Batalha fosse classifi- Centro de cada em 1983 Interpretação como Patrimó- da Batalha de
Aljubarrota (CIBA)
Museu da Comunidade Concelhia da Batalha
Trânsito na antiga EN1 preocupa responsáveis Uma das questões mais discutidas nos últimos tempos diz respeito ao aumento do tráfego automóvel na antiga EN1. Responsáveis governamentais chegaram mesmo a anunciar a apresentação de medidas restritivas ao trânsito pesado naquela zona. Tudo porque, como lembrou o presidente da câmara da Batalha Paulo Baptista, um estudo do Laboratório de Ruído e Vibrações detetou que “nalguns espaços abertos do monumento valores registavam resultados muito acima do permitido por lei”. Como tal, o autarca entende que “urgem ser aplicadas medidas preventivas, capazes de minimizar os resultados que o referido estudo demonstra, atendendo ao facto de o Mosteiro da Batalha, classificado como Património da Humanidade pela UNESCO, estar a degradar-se”. Joaquim Ruivo, diretor do Mosteiro da Batalha, acompanha as preocupações do autarca. Uma escladas questões que tem de ser escla recida diz respeito às trepidações, de que tanto se fala, mas cujo real esclareimpacto ainda “está por esclare cer”. apreEm 2015, o município apre sentou duas soluções para este problema. Uma delas passava, segundo Aldeia típica Pia de Urso Pa u l o B a p t i s t a , pela “modulação das portagens da A19, com descontos e reduções no valor das portagens para as viaturas pesadas”. Grutas da Moeda, Por outro lado, em S. Mamede “uma intervenção preventiva no IC2/EN1, em toda a zona frontal ao Mosteiro da Batalha”. | António Alves
curiosidades
Homenagem ao soldado desconhecido
Para simbolizar “o sacrif ício heróico do povo português”, o Mosteiro da Batalha foi escolhido para fiel guardião do Soldado Desconhecido. Na abóbada da Casa do Capítulo e alumiado pela “Chama da Pátria” do Lampadário Monumental, o túmulo tem guarda de honra.
Abóboda nunca caiu A lenda diz que a construção da abóboda da casa do capítulo do Convento não foi fácil de concretizar. Segundo Alexandre Herculano, o arquiteto Afonso Domingues quis morrer na célebre sala, em cumprimento de um voto fatal, embora não sem antes concluir com a célebre frase: “A Abóbada não caiu, a abóbada não cairá!”.
Influência da Catalunha A Batalha foi, ao longo de mais de um século, centro de receção e difusão de correntes artísticas, funcionando, do mesmo modo que os estaleiros das catedrais europeias, como escola para os mais diversos profissionais de arquitetura e construção. Não é de estranhar o facto do monumento lembrar vários edifícios quatrocentistas da Catalunha.
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aniversário Enorme. Tanto no tamanho das várias dependências medievais como na beleza da sua arquitetura. Não é por acaso que o Mosteiro de Alcobaça está classificado como Património Mundial da Humanidade pela UNESCO, é monumento nacional desde 1910 e foi eleito como uma das sete maravilhas de Portugal Comemora atualmente os 25 anos da sua classificação Património Mundial com a realização de diversas iniciativas
Paulo Inácio Presidente da Câmara Municipal de Alcobaça
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O futuro hotel de charme, previsto para o Mosteiro de Alcobaça, em conjunto com o Parque Verde, dois projetos nos quais me tenho empenhado particularmente, vão causar um profunda regeneração urbana na cidade, com impactos positivos nas gerações atuais e vindouras.
Ana Pagará Diretora do Mosteiro de Alcobaça
Um dos objetivos é reforça em ligação à comunidade que já envolve 200 abadias assumem enorme importâ da identidade deste monum
Mosteiro de Alcobaça Mon perpetua o amor de Pedro
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Quem visita pela primeira vez o Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça não consegue, olhando o seu exterior, imaginar as singularidades que encerra aquele monumento que é, desde 1989, Património Mundial da UNESCO. Aprecia, apenas, a sua grande dimensão. O mosteiro tem cerca de 220 metros de cumprimento e três corpos: a igreja, cuja fachada chega aos 43 metros de altura, e as alas norte e sul, onde se situavam, respetivamente, os aposentos dos reis e da corte em visita, e as residências do abade e dos monges. Mas quando se transpõe a porta de entrada, que conduz à igreja, é
inevitável o espanto perante a pureza das linhas da arquitetura gótica e a luminosidade que perpassa através das rosáceas e janelões. Uma admiração que cresce quando nos percursos da nave central e das duas naves laterais da igreja, todas com cerca de 20 metros de altura, se admira a beleza dos túmulos de D. Pedro I e D. Inês de Castro, que encerram um dos mais belos e trágicos amores da História de Portugal. Durante a Invasão Francesa de 1810 os dois túmulos foram profanados pelos soldados e muito danificados, marcas que o minucioso restauro não conseguiu reparar.
Todas as dependências medievais do Mosteiro de Alcobaça, bem conservadas, são visitáveis, o que significa várias horas, sem cansaço, de encontros com a História. Maior igreja de Portugal Depois da visita à igreja, a maior de Portugal – e uma das três maiores abadias cistercienses construídas na Europa, uma das quais já desapareceu –, o circuito leva-nos à majestosa Sala dos Reis, ao Claustro de D. Dinis ou Claustro do Silêncio, à Sala dos Monges, ao amplo dormitório e à magnífica cozinha, dotada de água corrente, que os monges canalizavam através de um
braço lateral artificial do rio Alcoa, e de grandes bacias de pedra. Mas o mosteiro encerra outras dependências admiráveis, como o lavabo, com um poço de água corrente, ou os jardins amplos e desenhados. O Mosteiro de Alcobaça recebeu, no ano passado, cerca de 200 mil visitantes, segundo dados da Direção Geral do Património Cultural. É considerado um dos maiores e mais bem conservados conjuntos da Ordem de Cister em toda a Europa. Nos últimos anos, o seu interior tem sido alvo de uma relevante e visível intervenção de restauro, que prossegue, a cargo da Direção
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ar a programação cultural do Mosteiro de Alcobaça, e e ao mundo cisterciense, um património comum s de mais de 11 países. As conferências e exposição ância para esta nova estratégia, que visa a afirmação umento: o mundo cisterciense.
Souto Moura Arquiteto
O arquiteto Eduardo Souto Moura é o autor do projeto do hotel de charme que será instalado no claustro do Rachadouro, uma das alas do Mosteiro de Alcobaça. O hotel, um empreendimento da Visabeira, terá cerca de 80 quartos, representa um investimento de 15 milhões de euros e deverá ter a classificação de cinco estrelas.
numento único e Inês @ José Meneses
Hotel de charme Agora, o Mosteiro de Alcobaça prepara-se para receber um hotel de charme, na zona do Claustro do Rachadouro e jardins envolventes. O projeto, da autoria do arquiteto Souto Moura, “está neste momento em fase de avaliação pela DireçãoGeral do Património Cultural”, adianta Paulo Inácio, presidente da Câmara de Alcobaça. “O futuro hotel é uma oportunidade histórica para dinamizar de uma forma significativa toda a nossa região. É um propro jeto que valoriza a cidade, o concelho Nazaré e a onda gigante e, naturalmente, que o surfista Garrett McNamara tornou famosa o seu Mosteiro de Alcobaça, pois verá ser reabilitado o espaço onde será instalado o hotel. O facto de esta unidaunida de hoteleira ter assinatura do arquiteto Souto de Moura é também uma Caldas da Rainha garantia de qualiquali e a louça pitoresca dade”. | Dora Loureiro
à volta
Geral do Património Cultural. O mosteiro está ligado à independência do reino de Portugal. Foi fundado pelo primeiro rei, D. Afonso Henriques, por doação a Bernardo de Claraval, o grande impulsionador da Ordem de Cister. A fundação da Abadia de Santa Maria de Alcobaça data de 8 de abril de 1153 e a sua construção, para que a expansão cristã continuasse para sul, foi iniciada em 1178, tendo sido concluída cerca de 100 anos depois. As várias dependências medievais fazem do Mosteiro de Alcobaça um conjunto único no mundo, a que acrescem as edificações posteriores, dos séculos
XVI a XVIII. Em 1834, com a publicação do decreto de supressão de todas as ordens religiosas de Portugal, os monges foram forçados a abandonar o mosteiro. Este é vendido em hasta pública, repartido e ocupado, tendo tido as mais variadas funções. Albergou a câmara municipal, tribunal, prisão, escolas primária e secundária, biblioteca municipal, residência para idosos, bancos, entre outros serviços públicos e várias lojas. O refeitório foi transformado em teatro du- Ali perto, as praias, entre elas a baía rante cerca de noventa de S. Martinho do Porto
anos. Instituições militares ocuparam os claustros do Cardeal e do Rachadouro, incluindo o Dormitório Medieval e a Sala do Capítulo. Quase um século depois do desmembramento dos edif ícios que compõem o mosteiro, em 1929, a então Direção-Geral dos Edif ícios e Monumentos Nacionais reiniciou o complexo processo de reagrupar este valioso património arquitetónico.
curiosidades
Louça típica de Alcobaça
As fábricas da região de Alcobaça desenvolvem, nas décadas de 40 e 50, uma pintura em que a cor predominante é o azul. A chamada “Louça Artística de Alcobaça” ainda hoje se encontra à venda em todo o país.
Licores e doces conventuais
São delícias e segredos criados através de múltiplas experiências, de longa prática e dedicação, de paciência e devoção. Divulgando a tradição gastronómica herdada dos monges e monjas cistercienses dos Conventos de Alcobaça e Cós, a câmara, em parceria com o mosteiro, promove anualmente a Mostra de Licores e Doces Conventuais, desde 1999.
Maçã de Alcobaça A Maçã de Alcobaça é a mais famosa das maçãs portuguesas e tem a designação de IGP – Indicação Geográfica Protegida”. Qualificada pela União Europeia e pelo Ministério da Agricultura em 1994, esta maçã possui caraterísticas únicas.
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testemunhos
aniversário Numa história que recua ao século I a. C. e começa a afirmar-se enquanto património arqueológico nos anos 30 do século XX, as ruínas e o Museu Monográfico de Conimbriga, em Condeixa, são, hoje, um sítio ímpar para os amantes da história e para todos os que se rendem aos segredos milenares que as pedras e os espaços amplos têm para contar. Para um futuro que se deseja próximo, o projeto de intervenção que irá por a descoberto o mais significativo anfiteatro do mundo romano em território português
Virgílio Correia, diretor do Museu Monográfico de Conimbriga
diário as beiras | 19-03-2016
Conimbriga é um caso raro, mesmo a nível do antigo império romano, de uma cidade que foi abandonada relativamente cedo, no início da Idade Média, e que ficou disponível para investigação, tendo merecido a atenção de alguns dos grandes humanistas portugueses, como André de Resende e D. Francisco Manuel de Melo.
Logo em 1962, data da sua fundaç pioneiro e foi muito importante a nív remodelação e a posterior reabertura, museu de arqueologia da Península I da Europa, sem dúvida, o que colocou
Museu Monográfico de Co ciência da arqueologia cláss
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Conimbriga, a cidade romana que floresceu nos limites do império desde meados do século I a. C até às invasões bárbaras de 465 e 468, é há décadas um sítio de eleição para quem tem o gosto pela história e o fascínio pelas pedras e os amplos espaços onde é possível reinventar vidas, afetos e ofícios. Exemplar em Portugal e na Europa, Conimbriga é, para Virgílio Correia, “um caso relativamente raro, mesmo a nível do antigo império romano, de uma cidade que foi abandonada relativamente cedo, nos inícios da Idade Média, e que ficou disponível para investigação
futura”, o que aconteceu logo nos primeiros anos do século XX. Facto é que a grande maioria das cidades romanas estão debaixo de algumas das nossas cidades. Lisboa, Braga, Évora, Coimbra, estão edificadas sobre cidades romanas, “com uma taxa de destruição dos vestígios antigos muitíssimo superior ao que aconteceu noutros lugares”. E, sobretudo, como refere o diretor do Museu Monográfico de Conimbriga, “não se pode retirar as pessoas para escavar debaixo das suas casas”. O que não aconteceu em Conimbriga, “que sempre esteve completamente disponível”.
Conimbriga foi identificada como cidade romana no século XVI, um reconhecimento relativamente precoce, o que também não é muito comum, sobretudo em Portugal. Desde essa altura, Conimbriga sempre esteve próxima daquela que foi durante muitos séculos a única universidade portuguesa e, de facto, “o centro onde estavam os estudiosos das antiguidades”. O que fez com que a cidade sempre tivesse estado num “elevado patamar de conhecimento”, com o interesse de alguns dos grandes humanistas portugueses, como André de Resende ou D. Francisco
Manuel de Melo. Estas circunstâncias acabam por “trazer” Conimbriga para o século XIX. Logo desde 1860/1870, explica Virgílio Correia, “passa a haver uma enorme preocupação com a cidade de Conimbriga, tendo o Instituto de Coimbra criado um museu para onde são encaminhados os materiais recolhidos entre as ruínas”. Curiosamente, o primeiro catálogo dos objetos desse museu fará 150 anos em 2017, referindo já achados de Conimbriga, dois dos quais ainda sobrevivem: uma lápide (exposta no Museu Monográfico de Conimbriga) e uma ânfora (em
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ção, o Museu Monográfico de Conimbriga foi vel nacional e internacional. Sobretudo com a , em 1984, este era, indiscutivelmente, o melhor Ibérica. E dos melhores museus de arqueologia u uma fasquia muito alta a Conimbriga.
Nuno Moita, presidente da Câmara Municipal de Condeixa-a-Nova
A candidatura de Conimbriga a Património Mundial é um grande passo para Condeixa-a-Nova e para a valorização de um património cultural único da época romana. Conimbriga é uma herança milenar das terras de Condeixa, uma herança que nós queremos ver reconhecida e potenciada, reunindo colaborações e parcerias.
onimbriga A marcar a sica a nível internacional DB-Carlos Jorge Monteiro
à volta POROS
reserva). Estamos, portanto, “a falar de 150 anos de conhecimento sistemático e documentado”. “Absolutamente pioneiro” Em termos de investigação científica moderna, lembra o responsável, nos anos 60 e 70 do século XX, com a criação do Museu Monográfico de Conimbriga – absolutamente pioneiro no país –, o seu primeiro diretor, João Bairrão Oleiro, “montou uma colaboração extraordinária com uma equipa francesa, que trouxe para Portugal a arqueologia clássica feita com as técnicas mais modernas, perfei-
tamente pioneiras e de ponta”, com direção do grande especialista da altura Robert Étienne. Conimbriga ascendeu, então, ao “primeiro plano do que era a ciência da arqueologia clássica a nível internacional”. Logo em 1962, na sua fundação, o Museu Monográfico de Conimbriga foi pioneiro em Portuga l e f oi Buracas do Casmilo muito impor-
tante. Mas, sobretudo com a remodelação e a reabertura em 1984, “este era, indiscutivelmente, o melhor museu de arqueologia da Península Ibérica. E dos melhores museus de arqueologia da Europa, o que colocou uma fasquia muito alta a Conimbriga”. O facto é que, ao longo das décadas, Conimbriga contribuiu muito para a educação do gosto pela arqueologia e de um determinado público. Teve, inclusivamente, diz Virgílio Correia, “um efeito reprodutor, no sentido de que muitas pessoas viram o que se podia fazer e fazer bem com uma coleção que, não sendo melhor que outras, se encontra muito bem estudada e muito bem apresentada ao público”. Apesar de manifestar algumas dúvidas relativamente “à consciência que os visitantes terão sobre o fundamento de conhecimento científico aprofundado que permite apresentar a coleção – com cerca de 1500 peças –, da forma que esta é Vila Romana Corapresentada”, Virgílio Cor do Rabaçal Conimbrireia assegura que Conimbri ga “mostrou aos restantes responsáveis dos museus como deve fazer-se e ao público o que pode e deve esperar de outros museus”. A manter-se entre os museus mais visitados no país, foi em 1999 que Conimbriga atingiu um número recorde a rondar os 200 mil. Desde então, a tendência de perda de público é sobre“preocupante”, sobre tudo porque reflete “um desinvestimento real da escola” neste que é um rere curso cultural e um recurso educativo ímpar em Portugal e na Europa. | Lídia Pereira
curiosidades
Conimbriga e PO.ROS: conhecer o mundo romano Conimbriga é um museu dos anos 80, não tem interatividade. O PO.ROS Museu Multimédia Portugal Romano e Sicó, a abrir portas em Condeixa-aNova, é um projeto com uma grande vertente de interatividade e tecnologia. A intenção, num projeto assumidamente complementar, é permitir um enquadramento mais geral do mundo romano no seu todo, do que aquele, particular, que Conimbriga dá a conhecer.
Parque urbano em projeto Conimbriga já não é um “sítio no meio do campo” e o objetivo é criar um parque urbano, ligado diretamente a Condeixa-a-Velha através do anfiteatro romano, de forma a que os visitantes possam circular através dos dois polos (aldeia e ruínas). O apoio secundário ao público de Conimbriga promete ser uma atividade económica fundamental para Condeixa-a-Velha.
Quinto museu mais visitado em todo o país O Museu Monográfico de Conimbriga foi, em 2015, o quinto mais visitado em todo o país, com um registo de 87.659 entradas e o mais procurado entre os museus fora de Lisboa.
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testemunhos
aniversário O Museu Nacional Grão Vasco assinala este ano o seu centenário. Criado a 16 de março de 1916, o museu é hoje, fora de Lisboa, o segundo museu nacional mais visitado no país. Mas Viseu está de parabéns por mais três grandes motivos. Os 500 anos da Sé Catedral; os 500 anos da fundação da Igreja da Miesericórdia e os 100 anos da construção dos edifício dos Paços do Concelho. Quatro efemérides que marcam 2016 em Viseu
João Soares, Ministro da Cultura
diário as beiras | 19-03-2016
Por ocasião do 22º aniversário do Jornal das Beiras, é com o maior gosto que assinalo esta efeméride, não só pelo trabalho efetuado, e pelo apreço que tenho por este jornal, que é um marco da nossa imprensa regional, tão importante na vida das regiões, e da informação que
mais diretamente envolve a vida das populações, como também pela importância, e pelo relevo do Museu Nacional Grão Vasco na vida cultural de Viseu e da região. O Museu Grão Vasco, desde a sua remota fundação, e por obra de todos quantos por ele passaram, foi fazendo
Grão Vasco põe Viseu e a r dos museus nacionais mais
A
A 16 de março de 1916 era publicado no Diário do Governo o decreto que fundava o Museu Grão Vasco, em Viseu. E quem foi Grão Vasco? Uma pergunta simples que deu início a uma conversa detalhada com Agostinho Ribeiro, diretor do museu, sobre “a personalidade da nossa pintura portuguesa do Pré-Renascimento e Renascimento Português que é absolutamente incontornável para percebermos e interpretarmos devidamente a história da arte e o desenvolvimento da História da Arte em Portugal”. Grão Vasco foi de facto o grande pintor desse período (renascentista) em Portugal e com “esta circunstância especial de ter surgido como grande referência em termos artís-
ticos, exatamente numa cidade do interior de Portugal”. Os investigadores e historiadores de Arte inclinam-se para o facto de Grão Vasco ter nascido em Viseu ou nas cercanias da cidade, por volta de 1475 a fazer fé na altura em que Vasco Fernandes aparece com créditos firmados na pintura. Depois de um retábulo pintado por um pintor flamengo, Francisco Henriques, em que Vasco Fernandes participou, seguese, entre 1506 e 1511, Lamego onde lhe é reconhecido o estatuto de grande pintor. O retábulo que pinta na Sé de Lamego é, documentalmente, da sua autoria. A partir daí, começa a ser conhecido e a responder a variadíssimas encomendas entre o Douro e o Mondego, até chegar a um ponto de grande maturidade que conjuga nos
finais de 1529-1530 com a vinda de um bispo de grande pendor intelectual renascentista, D. Miguel da Silva. “Seguindo a moda que corria um pouco por todas as capitais europeias, de querer construir na Catedral de Viseu uma espécie de uma segunda Roma, através de grandes pinturas de aparato nos altares laterais. D. Miguel da Silva encomendou a Vasco Fernandes –já conhecido por Grão Vasco – pinturas monumentais não ao estilo antigo de retábulos, mas com a monumentalidade de uma grande pala de pintura, tendo normalmente associada uma perdela com três elementos pictóricos relacionados com o tema central”. São encomendados então a Vasco Fernandes cinco grandes e monumentais pinturas para integrar os
altares laterais e um altar do claustro da Sé de Viseu que é a obra máxima do pintor: o São Pedro. Depois o Calvário, o Batismo de Cristo, o Pentecostes e o São Sebastião. Títtulo surge depois da morte Com o reconhecimento da gradiosidade de Grão Vasco, título que surge após a sua morte e lhe reconhece a grandeza de mestre, vai construirse a ideia fundamental do museu. Um espaço que, enquanto entidade museológica, surge no âmbito da 1.ª República. “Com a implantação da República e a lei da separação da Igreja e do Estado ocorre a incorporação de muito património, nomeadamente imóveis, na posse do Estado que era inicialmente propriedade da igreja”, conta Agostinho Ri-
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o seu caminho de perseverança e afirmação, até ao momento feliz e mais recente, de uma bem-sucedida intervenção por parte de um dos nossos grandes arquitetos contemporâneos – Eduardo Souto de Moura. Assim lhe foi dado o espaço magnífico de
que agora dispõe, com a possibilidade privilegiada de poder incorporar a qualquer programa ambicioso, quer do ponto museológico, quer do ponto de vista cultural mais abrangente. Por todo o potencial que tem, e pelo que representa o seu riquíssimo acervo
patrimonial, o Museu Grão Vasco é, e continuará a ser, um polo importante da cultura de Portugal. Os meus votos sinceros de longa vida e sucesso ao Jornal das Beiras.
região na rota s visitados no país
à volta beiro, adiantando que o Museu Grão Vasco começou por estar instalado nas dependências da Sé, tornandose autónomo em 1938, tendo sido valorizado ao longo dos anos. É que, sendo o Museu Grão Vasco uma homenagem ao pintor de Viseu, ele é muito mais do que isso. E, ao longo dos anos, é acrescentado ao trabalho do grande mestre um conjunto de bens artísticos de diversa tipologia, integrando mobiliário, escultura, cerâmica de outros mestres e artistas que enriquecem e, sobretudo, diversificam a coleção. Depois da pintura, a coleção mais relevante é a de escultura, seguindo-se uma coleção de cerâmica, sobretudo de faianças nacionais e porcelanas Companhia das Índias, uma notável coleção de ourivesaria;
imobiliário e alguns têxteis. Considerando que “o museu tem um papel fundamental como promotor do desenvolvimento na sua perspetiva geral por intermédio dos instrumentos que tem ao nível da cultura no seu sentido mais nobre, no sentido de propiciar à população e aos visitantes as mais valias ao nível inte- Museu de que lectual ou Lamego guarda tesouros do entre- nacionais. Exemplos: tenimento tapeçarias do século XVI e também únicas em Portugal
Sé de Viseu enquanto enciclopédia de estilos
Zona dos vinhos do Dão; região de Lafões e zona vinhateira do Douro
História envolta em lendas
Vasco Fernandes terá sido filho de um moleiro embora não haja dados muito concretos. Apenas convicções forjadas um pouco nas lendas que se associam quase sempre a estas grandes figuras.
DB-Carlos Jorge Monteiro
Cava de Viriato: estrutura milenar e muito interessante do ponto de vista do património e da profundidade histórica
curiosidades
do conhecimento e da informação que pode ser dada através do aproveitamento de tudo o que o museu tem para oferecer”. Mas sempre numa perspetiva alargada. “O museu deve interagir com a comunidade através das suas várias vertentes e ser um palco para o exercício da cidadania”, sublinha, reconhecendo que ele “tem sido esse palco desde há muitos anos”, com o desenvolvimento de muitas parcerias”. Em 2014, por exemplo, o museu assinalou o dia internacional dos museus com a assinatura de protocolos com mais de 20 entidades. E neste momento já tem umas três ou quatro dezenas de entidades cidade e região – de várias áreas de atividade, nomeadamente escolas de todos os graus de ensino. “E todo este trabalho pretende criar nos utentes das várias entidades a ideia de que o museu é um espaço para se ir permanentemente”, sublinha Agostinho Ribeiro. E todo este trabalho e desenvolvimento levou a que o Museu Grão Vasco fosse considerado no ano passado de âmbito nacional. “Conseguimos obter da tutela esta qualificação que nos coloca num roteiro onde até Coimagora só havia Lisboa, Porto e Coim bra, o que é uma mais-valia para Viseu e para todo este território”, reforça.E tal reconhecimento já vise fez notar no número de vi sitantes. Considerando que “belíso museu sempre teve “belís simas prestações”, adianta que depois dos grandes quatro museus nacionais de Lisboa e do Museu Monográfico de Conimbriga, em Condeixa, que é um museu muito específico e especial, está o Grão Vasco em número de visitantes. “Por exemplo, este ano em relação ao mesmo período dodo ano passado quase que do brámos em janeiro e fevereiro, os números de visitantes”, concluiu. | Eduarda Macário
Aprendiz de um flamengo Terá nascido por volta de 1475 a fazer fé na altura em que o jovem pintor aparece com créditos firmados na pintura. E tal crédito surge exatamente quando um bispo de Viseu D. Fernando de Miranda, contrata o flamengo Francisco Henriques para execução de um retábulo para a Sé de Viseu, nos inícios do século XVI (1501). Esse pintor vem para Viseu rodeando-se de jovens aprendizes, onde Vasco Fernandes parece destacarse. O resultado foi um trabalho magnífico que hoje pode ser apreciado no Museu Grão Vasco.
lmportância “nasce” em Lamego Conta a história que um bispo de Lamego. D. João de Madureira, terá vindo a Viseu e terá ficado deslumbrado com o retábulo a ponto de contratar com um pintor de Viseu, de nome Vasco Fernandes. E o que é certo é que este pintor vai para Lamego entre 1506 e 1511 trabalhar onde lhe é reconhecido o estatuto de grande pintor. Fica então conhecido como Grão Vasco
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testemunhos
aniversário Três grandes notícias dos últimos meses prometem reforçar ainda mais a implantação dos Ovos Moles de Aveiro no roteiro gastronómico nacional e internacional. Primeiro foi o reconhecimento europeu do produto com a Certificação Geográfica Protegida. Em segundo lugar a publicação do Regulamento Europeu que permite a sua ultracongelação. Finalmente a alteração do Caderno de Especificações de Fabrico, por parte da Associação de Produtores, que autoriza os Ovos Moles de Chocolate. Um ex-libris de Aveiro que adoça a boca de um país.
Eça de Queirós, escritor
diário as beiras | 19-03-2016
Na obra de Eça de Queirós “Os Maias”, de 1888, no capítulo XI, o insolente Dâmaso Salsede oferece a Maria Eduarda um embrulho de papel pardo e sentencia: “são seis barrilhinhos de ovos-moles de Aveiro. É um doce muito célebre, mesmo lá fora. Só o de Aveiro é que tem chic…”
José Francisco Silva, presidente da Ass. de Prod. de Ovos Moles
A certificação e mite-nos ter um que é muito imp nível comunitár com o consumi
Ovos Moles Primeiro doce da Europa em processo de DR
Q
Quem diria que a receita dos Ovos Moles teve origem numa história triste de uma senhora nobre de Ovar que enviuvou aos 27 anos, motivo que a terá levado a mandar construir o Mosteiro de Jesus de Aveiro para se dedicar à vida religiosa. Foi aí que, no início do século XVI, juntando os ovos da sua quinta de Ovar ao açúcar que vinha do Brasil, as freiras residentes criaram a receita dos Ovos Moles, sem imaginarem que se tornaria num dos expoentes da doçaria tradicional do país cerca de 500 anos depois.
DR
“A defesa da autenticidade de Portugal, a tal portugalidade, quiçá em oposição a uma tentativa falhada de uniformização cultural passa, indubitavelmente, pela conservação da diversidade local”, defende o chanceler mor da Confraria dos Ovos Moles de Aveiro, Sérgio Ribau Esteves, irmão do presidente da câmara de Aveiro. O responsável sublinha que os Ovos Moles de Aveiro são o primeiro doce conventual certificado da Europa. De acordo com esse selo de garantia, entende-se por Ovos Moles
de Aveiro o produto obtido pela junção de gema de ovo cru a uma calda de açúcar, seguindo o modo de confeção tradicional. Apresentados dentro de pequenas barricas de madeira ou porcelana, pintadas ou envolvidas na designada hóstia, os ovos têm de ser fabricados unicamente a partir de farinha, água e gordura vegetal, segundo receita tradicional e – muito importante – respeitar os modelos e formatos previstos pelo caderno de especificações: as formas têm de ter motivos do mar como peixes, navalheira ou
lingueirão, mexilhão, conchas, búzios, barricas, boia marítima e berbigões. Regressando aos primórdios, é interessante registar que, para além da degustação imediata do doce, também a necessidade de encontrar uma forma de conservar as gemas por mais tempo – pois as claras já eram utilizadas para várias finalidades, como a de engomar os tecidos – terá levado à sua junção com o açúcar, constituindo-se assim um doce de ovos. Com a extinção das ordens religiosas no século XIX, foi uma em-
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evita que os ovos moles sejam adulterados e perm controlo jurídico-legal no espaço comunitário, o portante, não só a nível nacional, mas também ao rio. Passou a haver uma maior relação de confiança idor.
Sérgio Ribau Esteves, chanceler Mor da Confraria dos Ovos Moles
Movidos pelos momentos lúdicos, culturais, gastronómicos e históricos que envolvemos nas nossas atividades, assume a Confraria dos Ovos Moles de Aveiro o honroso compromisso da valorização deste ex-libris de uma cidade e de uma região de excelência.
e conventual certificado e internacionalização DR
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pregada das freiras – Odília Soares – que trouxe para fora de muros a receita do mosteiro, difundindo a sua produção. Repare-se, a este respeito, que a hóstia é feita da mesma matéria das hóstias utilizadas nas celebrações litúrgicas, antigamente só confecionadas nos conventos. Indicação Geográfica Protegida A área geográfica de produção de ovos está circunscrita aos concelhos limítrofes da ria de Aveiro e Zonas Lagunares adjacentes e a concelhos do Médio Vouga, designadamente Águeda, Albergaria-a-
Velha, Aveiro, Estarreja, Ílhavo, Mira, Murtosa, Oliveira de Frades, Ovar, São Pedro do Sul, Sever do Vouga, Tondela, Vagos e Vouzela. A Confraria dos Ovos Moles, como Casas Típicas associação cultural da Costa Nova da região, associouse, no ano passado, à respetiva associação de produtores (APOMA), para conceber um monumento dedicado a este doce, contando com a dedicação de um artista plástico
que já se mostrou disponível, embora não revelado por agora. A intenção é valorizar os Ovos Moles através da “imortalização deste ex-libris aveirense num monumento com grande impacto em termos turísticos e de valorização cultural”, refere Sérgio Ribau Esteves. Para além disso está a ser produzido um documentário alusivo ao tema. Por agora, as duas instituições estão em fase de angariação de donativos e verbas para erigir o monumento, através de iniciativas públicas, como será o VII Capítulo da Confraria, a 14 de maio. Este subsetor da gastronomia regional de Aveiro deverá albergar DR cerca de três centenas de trabalhadores em meia centena de empresas, registando uma produção final de cerca de160 toneladas por ano, em permanente crescimento na última década. José Francisco Silva, presidente da Associação de produtores de Ovos Moles de Aveiro (APOMA) destaca o facto de a Universidade de Aveiro ter começado a interessar-se pelo produto, colhendo amostras para analisar a compocompo sição química do doce, bem como dos seus ingredientes, contando para isso com produtores traditradi cionais. Foi este trabalho que levou à certificação. O lí líder da associação conclui que estão garantidos os diversos parâmetros micro-biológicos, respondendo a três grandes exigências, que são a defesa inArquitetura Arte Nova transigente da saúde pública, uma vez que se trata de produtos feitos à base de ovos; Moliceiros respeito pelo saber fafa da Ria zer tradicional e monimoni de Aveiro torização constante da qualidade, utilizando os conhecimentos da ciência e o equipamento desenvolvido. | António Rosado
curiosidades
Confraria dos Ovos Moles Cada um dos confrades “jura levar os Ovos Moles de Aveiro ao mundo inteiro. Isto, se não os comer primeiro!”.
Quem adiciona farinha de arroz? Antigamente, por uma questão de poupança, juntava-se aos Ovo Moles arroz cozido ou farinha de arroz. Essa prática ainda poderá ocorrer, dizem alguns, embora seja negada por todos os fabricantes locais, especialmente depois da certificação.
Congelação leva produto a todo o lado Desde outubro do ano passado que os Ovos Moles podem chegar a qualquer lugar do mundo, em perfeitas condições, beneficiando de um processo de ultracongelação, reconhecido por Regulamento Europeu. A respetiva associação de produtores (APOMA) garante que “pretende-se a comercialização do produto ultracongelado de uma forma efetiva na diáspora portuguesa”.
Ovos Moles de chocolate O fabrico de Ovos Moles Pretos (incluindo chocolate na sua confeção) passaram a ser autorizados oficialmente, de acordo com uma alteração ao Caderno de Especificações da marca deste doce típico. Foi a APOMA que deu o aval para que a produção seja retomada.
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testemunhos
aniversário São as memórias de um país que ali estão representadas. É esta a “chave” do sucesso do Portugal dos Pequenitos, idealizado pelo professor universitário Bissaya Barreto e materializado pelo arquiteto Cassiano Branco, há 75 anos, em três fases. Primeiro com as casas tradicionais, depois (na década de 50) com o Portugal monumental e, nos anos 60, com as representações das então províncias ultramarinas. Ainda hoje encanta miúdos e graúdos e continua a ser um dos ex-libris que a Fundação Bissaya Barreto faz questão de promover
Patrícia Viegas Nascimento, presidente da Fundação Bissaya Barreto
diário as beiras | 19-03-2016
A expansão do Portugal dos Pequenitos assenta na ambição simples e legítima de proporcionar à criança de hoje que nele continue a compreender e respeitar a história que a antecede, a identificar no tempo os seus símbolos e representações e a apropriar-se igualmente das expressões culturais que são próprias da sua geração.
Lúcia Monteiro, diretora do Portu dos Pequenitos
Portugal dos Pequenitos S se estivesse ao alcance das
T
Tem razão a diretora do Portugal dos Pequenitos quando diz que aquele espaço é “um lugar de afetos”. Basta observar com atenção os visitantes que por ali circulam: a imagem é repleta de sorrisos, prova de que o parque, além de proporcionar alegria, deixa um lastro de boas lembranças. Fátima Leal, de 70 anos, tirou um dia para ir do Porto até Coimbra mostrar o Portugal dos Pequenitos aos três netos. Já o tinha feito com o filho, tal como os seus pais tinham feito com ela quando era criança. “É, sem dúvida alguma,
uma das melhores recordações que tenho”, diz. Ali há um maravilhamento livre e inocente, que vai perdurando no tempo e que une gerações. Por isso, o Portugal do Pequenitos, que encanta miúdos e graúdos, continua a ser um dos ex-libris que a Fundação Bissaya Barreto faz questão de preservar e promover. Na verdade, além das visitas escolares, a diretora Lúcia Monteiro refere que o parque recebe “essencialmente famílias”. “Temos muitos portugueses que vêm exclusivamente a Coimbra visitar
o Portugal dos Pequenitos, mas temos verificado um aumento de visitantes estrangeiros, desde que a Universidade de Coimbra (UC) foi classificada Património Mundial da Humanidade pela UNECO”, refere. Um fator que contribuiu para este aumento de turistas estrangeiros foi a criação de um bilhete conjunto que permite a visita ao circuito clássico do Paço das Escolas da UC e a todo o recinto do Portugal dos Pequenitos. Mais de 80 representações Há muito por explorar: com mais
de 80 representações de monumentos, o parque divide-se em quatro áreas temáticas: logo à entrada, a zona dedicada aos países de expressão portuguesa, onde é possível viajar pelos edif ícios representativos dos países africanos de Língua Oficial Portuguesa, do Brasil, Macau, Índia e de Timor. Depois, os monumentos principais das Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores, rodeados por grandes lagos assemelhando-se às ilhas no Oceano Atlântico. Já a área “Portugal Monumental” é ilustrativa dos principais monu-
ugal
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Quem vai ao Portugal dos Pequenitos em criança é raro não repetir e, depois, retornar com filhos e netos. É um fascínio que não se esgota. Por isso, além das visitas escolares, o parque recebe essencialmente famílias. É um lugar de afetos.
Lisandro Leal, visitante de cinco anos na sua primeira visita
Isto é mesmo muito giro. Parece que foi feito para nós porque as casas são quase da nossa altura. Vim com os meus avós, que já tinham trazido cá o meu pai quando tinha a minha idade. Estou a gostar muito e já disse que quero voltar amanhã.
Sentir Portugal como s mãos e dos sonhos
Inauguração em Junho de 1940
DB-Luís Carregã
à volta
mentos do país. Depois, encontra-se o núcleo de Coimbra, com a representação dos principais monumentos da cidade, nomeadamente da sua universidade. Naquela área, existe inclusivamente uma réplica da Sala dos Capelos que está fechada ao público “por ser um espaço muito frágil”, adianta Lúcia Monteiro. O espaço só é aberto para acolher determinado tipo de eventos. A quarta área é dedicada às casas regionais portuguesas e é aquela que mais deslumbra as crianças graças a um conjunto de solares,
casas típicas de cada região com pomares, hortas e jardins, capelas, azenhas e pelourinhos. Curiosamente, esta foi primeira parte a ser construída, entre 1938 e 1940. A todo este património, juntaram-se, no ano passado e por ocasião dos 75 anos dos Portugal dos Pequenitos, duas novas estruturas: uma réplica de uma casa típica das aldeias de xisto e a Casa de Chá,
Quinta das Lágrimas
obra da artista portuguesa Joana Vasconcelos. A obra, que foi criada a convite da fundação, marca “uma nova etapa na história” do parque, através de uma “aposta na contemporaneidade”.
Futura entrada do lado oposto “Continuamos o nosso percurso muitos e muitos anos e cada vez com mais novidades”, adianta Lúcia Monteiro. Uma das grandes mudanças é a futura entrada do Portugal dos Pequenitos, que será criada do lado oposto ao atual. “As exigências dos visitantes de hoje são completamente diferentes. Queremos, sobretudo, que seja uma entrada com melhores condições de acolhimento: em que as pessoas possam comprar os bilhetes sem ser ao ar livre, onde possam obter informação, onde possam ter uma cafetaria ou um local de eventos”, refere a responsável. “Terá uma nova loja, uma parte administrativa, enfim um conjunto de valências que estão agora em zonas mais nobres de visita que devem ser deixadas livres usupara que possam ser usu fruídas”, acrescentou. Para os próximos anos, e apesar de todas as mumu danças, o que se espera é que aquele espaço continue a proporcionar aquilo que Cassiano Branco, refletindo a ideia original de Bissaya Barreto procurou fazer: a ideia do parque como uma biblioteca que as crianças “deveriam ler com todos os seus Exploratório sentidos”. | Patrícia Cruz Almeida
curiosidades
Projeto de Cassiano Branco
O parque do Portugal dos Pequenitos foi inaugurado a 8 de junho de 1940 e é um projeto do arquiteto Cassiano Branco, um dos nomes relevantes do primeiro modernismo português.
Sala dos Capelos
O núcleo de Coimbra do Portugal dos Pequenitos representa os principais monumentos da cidade, nomeadamente da sua universidade. Naquela área, existe inclusivamente uma réplica da Sala dos Capelos que está fechada ao público. O espaço só é aberto para acolher determinado tipo de eventos.
Onde era antes uma Praça de Touros
No local onde existe o parque, havia antes uma Praça de Touros, o Coliseu de Coimbra, Ali se realizavam corridas de touros (era a maior praça do país), espetáculos musicais e sessões de cinema. A última corrida de touros foi em 1934, porque, no ano seguinte, um fogo destruiu-a. Nesse lugar que foi erguido o Portugal dos Pequenitos.
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testemunhos
aniversário
Com a ajuda da predominante nortada, quem percorrer a Costa de Prata, de Norte Para Sul, encontra estâncias turísticas em quantidade e qualidade. Nesta viagem, que se estende da margem esquerda do Douro até às portas de Lisboa, repousamos o olhar e concentramos atenções na Praia da Claridade, ou não tivesse sido a Rainha das Praias de Portugal. Atualmente, é um relevante polo de desenvolvimento regional, com o porto comercial na linha da frente
João Ataíde, presidente da Câmara da Figueira da Foz
diário as beiras | 19-03-2016
A Figueira da Foz é, por excelência e pelas suas caraterísticas, um destino familiar, de reencontros e de boas recordações. Razão pela qual quem nos visita não esquece e leva consigo a hospitalidade desta terra que tão bem sabe receber”.
João Damasceno, presidente da Associação Comercial e Industrial da Figueira da Foz
A Praia da Cl simultaneam quais é a de sinónimo de p
Rainha das Praias de Port mas ninguém lhe ficou com
N
Neste périplo, a primeira paragem é em Espinho. Depois, seguimos para Esmoriz. O Furadouro também convida a banhos, assim como a Costa Nova, com as suas casas típicas às riscas. A Vagueira, por sua vez, anuncia que a Figueira da Foz está, agora, mais perto. Antes, porém, paramos na Praia de Mira, a primeira do distrito de Coimbra. É na Praia de Mira onde também nos despedimos dos canais da Ria de Aveiro, com a barrinha a dar mais encanto a uma encantadora zona balnear. Aqui, a arte xávega
tem a dupla função de ser fonte de rendimentos de várias famílias e cartaz turístico. De resto, é nesta vila onde existe mais atividade desta modalidade de pesca, no Centro de Portugal. Seguindo viagem, deparamonos com a Praia da Tocha. Nesta localidade do concelho de Cantanhede, a arte xávega também arrasta consigo as duas vertentes económicas. Daqui até à antiga Rainha das Praias de Portugal, interpõem-se as matas nacionais, a Costinha (praia selvagem do Bom Sucesso) e a Praia de Quiaios, uma
das mais concorridas desta costa. Na Praia de Quiaios, encontramos o primeiro hotel de quatro estrelas (Quiaios Hotel) do concelho da Figueira da Foz, para quem vem do Norte. Esta unidade hoteleira regista uma das mais elevadas taxas de ocupação da região, durante todo o ano, para a qual contribui o Centro de Estágio Rosa Náutica. Esta estância balnear tem como vizinhos a Serra da Boa Viagem, o Cabo Mondego e as lagoas da Vela e das Braças, perto das vias rodoviárias A17 e EN109.
Vila e cidade unidas pelo mar Próximo destino: Buarcos, vila histórica e antiga comunidade piscatória. Entretanto, a pesca, as minas de carvão e de cal hidráulica e as unidades industriais que outrora dinamizavam a economia da região deram lugar ao turismo e aos serviços. O Cabo Mondego e a Serra da Boa Viagem também se impõem na paisagem buarcosense. Vista de longe, sobressai a baía e o extenso areal urbano, que se estende até à Figueira da Foz. Quem caminha pela marginal oceânica e não conhece os limites
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laridade transformou-se num imenso areal e, mente, num mar de oportunidades, a principal das aprimorar o cartão-de-visita da cidade, sendo prosperidade para o comércio e restauração.
Domingos Silva, administrador do Casino Figueira
O Casino Figueira é uma casa que sempre praticou o saber de bem acolher e a arte e a sabedoria de sempre garantir boa companhia. Uma casa em que a relação humana sempre se sobrepõe a tudo, para sempre ser um espaço e um tempo de bem viver”.
tugal perdeu o título m o trono
Na Praia de Mira, o mar e a Ria de Aveiro envolvem a vila
da cidade e da vila, não se apercebe se está numa ou noutra. De resto, a freguesia é a mesma. Se estamos em Buarcos, estamos pois, também, na Figueira da Foz. Há muito que esta estância balnear perdeu o título de Rainha das Praias de Portugal, que atravessou os séculos XIX e XX. Por aqui passaram a realeza, a alta burguesia portuguesa e espanhola e a classe média-alta de muitos outros países. Era aqui onde centenas de famílias abastadas, de Portugal e Espanha- muitas ainda a conservam - tinham casa de férias.
A Praia da Tocha não Casino peninsular para de aumentar o O mais antigo casino número de turistas da Península Ibérica encontra-se nesta cidade. A ele se deve, aliA Praia de Quiaios tem as ás, o desenvolvimento matas, Cabo Mondego e turístico da Figueira da as lagoas como vizinhos Foz. Ainda hoje continua a ser a principal atração de forasteiros à cidade, e isso nota-se, A Figueira da Foz continua a reinar na Região Centro sobretudo no inverno, porque no verão todos os espaços públicos são pequenos para tanta gente que frequenta a Praia da Claridade. Naqueles tempos de
Do vinho ao papel
Nos séculos XVIII e XIX, o Porto Comercial da Figueira da Foz foi uma importante plataforma de exportação de vinho produzido no concelho e no Dão. Hoje, é um dos principais cais da indústria papeleira.
reinado da Rainha das Praias de Portugal, a Linha da Beira Alta desempenhava um papel determinante. A Linha do Oeste e a ligação Figueira/Coimbra completaram a oferta rodoviária. Ironias do destino, foi o turismo de massas, liderado pelo Algarve, nos idos anos 60 do século XX, que acabaria por destronar a “rainha”. Depois dela, porém, nenhuma outra estância balnear do país teve a honra de ostentar o título. Os novos e competitivos destinos turísticos, portugueses e estrangeiros, por um lado, e o fim das “férias grandes” escolares, por outro lado, também contribuíram para que a Figueira da Foz passasse a ocupar um lugar mais modesto, contudo, não menos importante no contexto turístico nacional.
à volta
curiosidades
Diversidade económica Entretanto, as novas acessibilidades rodoviárias transformaram a Figueira da Foz e a sua costa em praias de proximidade. No entanto, são já notórios os sinais de que a cidade voltou a cativar porpor tugueses de locais mais remotos e estrangeiros. Contudo, nem só de turismo vive o concelho, um dos remais industrializados da re gião Centro, onde também o comércio e os serviços pepe sam na economia local. O porto comercial, por sua vez, vem batendo recordes de cargas há cerca de 10 anos. E o porto de pesca é um dos mais importantes do país para a sardinha. Da Figueira da Foz até Torres Vedras, a nossa viagem pela Costa de Prata tem ainain da paragens obrigatórias no Osso da Baleia, Praia do Pedrógão, Praia da Vieira, São Pedro de Moel, Nazaré, São Marinho do Porto, Foz do Arelho e Peniche. |Jot’Alves
O primeiro casino da península Em 1884 foi criado o Teatro Circo Saraiva de Carvalho, com sala de jogo. Depois, foi o Grande Casino Peninsular, atual Casino Figueira. Concluindo, a Figueira da Foz tem o mais antigo casino da Península Ibérica.
A segunda maior do país
Inaugurada a 25 de agosto de 1895, a praça de touros do Coliseu Figueirense foi, durante várias décadas, a segunda maior do país, a seguir ao Campo Pequeno, em Lisboa.
Terceiro lugar no pódio da antiguidade Fundada em 1835, a Associação Comercial e Industrial da Figueira da Foz é a terceira estrutura patronal mais antiga do país.
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aniversário Tem mais de dois mil anos. É feito a partir do leite cru da ovelha Serra da Estrela ou Mondegueira. Em 1996, foi classificado como produto de Denominação de Origem Protegida (DOP). O seu território, pouco mais de 3100 km quadrados, abarca os concelhos de Tábua, Oliveira do Hospital, Arganil, Seia, Gouveia, Fornos de Algodres, Celorico da Beira, Guarda, Trancoso, Aguiar da Beira, Manteigas, Carregal do Sal, Nelas, Tondela, Mangualde e Penalva do Castelo e Covilhã
Pedro Couceiro, Confraria do Queijo Serra da Estrela
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A tradição cumpre-se: fazer o queijo de acordo com a norma do Queijo Serra da Estrela. O queijo faz-se tradicionalmente no inverno e o sabor é diferente de concelho para concelho. A confraria tem como objetivos a defesa, valorização e defesa do Queijo Serra da Estrela e também fazer a sua divulgação.
João Madanelo, engenheiro na Ancose
Sem dúvida que suas característic história documen no primeiro trata cultural e identitá
Queijo Serra da Estrela Um e cultural de uma região e d Queijo foi nomeado uma das sete Maravilhas da Gastronomia de Portugal
É
É uma especialidade conhecida a nível internacional. De paladar peculiar, pois certamente não agrada a todos, mas à maioria, o Queijo Serra da Estrela é o símbolo de uma região demarcada, mas também do país. Importa, portanto, preservá-lo. Para João Madanelo, engenheiro da Ancose - Associação Nacional de Criadores de Ovinos Serra da Estrela, o “criador de ovinos é o produtor de Queijo Serra de Estrela”. Exemplo disso é Paula Lameiras, 44 anos. Cresceu no meio das ovelhas e dos cães Serra da Estrela. Os pais sempre tiveram gado ovino. Talvez por isso decidisse continuar com a criação. Há vários anos que produz queijo Serra da Estrela, a partir da sua queijaria, situada em Vila Franca da Beira, Oliveira do Hospital.
A melhor forma de conhecer este produto característico é, sem dúvida, ver de perto como se produz. E foi isso que o DIÁRIO AS BEIRAS fez, numa manhã fria de domingo. A produtora deixou algumas dicas. O queijo é feito a partir de leite cru de ovelha da raça Serra da Estrela (Bordaleira) ou Mondegueira. Paula Lameiras tem um rebanho de 130 ovelhas Serra da Estrela. Não obstante ter tirado vários cursos de formação, utiliza os ensinamentos que lhe foram sendo transmitidos. O processo, diz, “é simples”. Começa por ordenhar as ovelhas, coalhar o leite (aquecido a uma temperatura que vai até aos 30 graus), colocar sal e cardo. “O leite coalha durante 45 minutos a uma hora”, explica a produtora. Neste processo, tem um
papel determinante o cardo. É ele que permite que o leite coalhe, através das suas enzimas coagulantes. Peso varia entre os 0,7 e os 1,7 quilos “O queijo tem de ser feito lentamente”, esclarece Paula Lameiras. O processo continua: comprimir, modelar, por o rótulo com a certificação DOP - Denominação de Origem Protegida e colocar no sítio onde ficará a curar. 40 a 45 dias depois, o queijo está pronto para comer. Apresenta-se sob uma pasta branca ou ligeiramente amarelada, semimole, amanteigada, que é deformável ao corte. O seu peso situa-se entre os 0,7 aos 1,7 quilos.No caso de ser Queijo Serra da Estrela Velho DOP só estará pronto para consumir a partir dos 60 dias. Tem uma cor ama-
relada, por vezes mais alaranjada. A pasta é semi-dura ou extra-dura e é ligeiramente seco. O peso varia entre os 0,7 e os 1,3 quilos. São várias as receitas que podem ser feitas com o Queijo Serra da Estrela, que se serve à mesa, quer em casa ou em qualquer estabelecimento comercial, acompanhado também de mel, nozes, doce de abóbora, entre outros ingredientes. O queijo tem de ser produzido na região demarcada do Quejo Serra da Estrela DOP. Por isso, “existem vários queijos da Serra da Estrela e um queijo Serra da Estrela”, explica Pedro Couceiro, da Confraria do Queijo Serra da Estrela. É que, também, existe este “queijo feito com a mistura de leite de ovelha e de cabra”, mas “não sujeito a DOP”,
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e o Queijo Serra da Estrela continua a salvar as cas. Temos uns guardiões destes dois mil anos de ntado. A primeira alusão escrita a este queijo vem ado de agricultura. Há, portanto, uma dimensão ária que continua a ser preservada.
Paula Lameiras, produtora de Queijo Serra da Estrela
Nasci neste meio, porque os meus pais tinham ovelhas. A produção do Queijo Serra da Estrela é feita da mesma forma. O que mudaram, com o passar dos anos, foram os utensílios. O queijo tem de ser feito lentamente e o segredo está no inverno. Convém que esta estação do ano não seja muito quente.
ma marca única do país DB-C.T.
curiosidades
Requeijão Serra da Estrela
Muito conhecido, o r e que ijão S e r ra da Estrela é um produto de origem portuguesa com Denominação de Origem Protegida (DOP), pela União Europeia, desde 5 de fevereiro de 2005. É feito a partir do soro que escoa da francela durante a preparação do queijo Serra da Estrela.
Solar do Queijo em Celorico da Beira Situado na zona histórica da vila de Celorico da Beira, o Solar do Queijo é a sala de visitas do concelho. Um espaço de cultura e lazer que convida a conhecer. Organiza degustações de Queijo Serra da Estrela para grupos de visitantes.
à volta utilizado para “consumo caseiro como para venda a pequena escala”. Acontece que para obter a certificação, esclarece Pedro Couceiro, os produtores são sujeitos a vários procedimentos. A Estrelacoop - Cooperativa de Produtores de Queijo Serra da Estrela, é a entidade gestora da marca “Queijo Serra da Estrela, Queijo Serra da Estrela Velho, Requeijão Serra da Estrela e Borrego Serra da Estrela”. Promoção, proteção e comercialização dos produtos Encontra-se sediada em Celorico da Beira, desenvolve “a sua atividade com incidência no acompanhamento do processo de certificação, no apoio técnico que tem vindo a
desenvolver junto dos seus assoasso ciados, e na implementação do HACCP ( sigla reconhecida para Hazard Analysis and Critical Control Point Pastores saem com ou Análise de Perigos e o rebanho de manhã e regressam ao final Controlo de Pontos Crída tarde ticos)”. Tem como objetivos a “promoção, a proteção, a produção e a comercialização dos produtos DOP Serra da Estrela, bem como atividades próprias de outros ramos necessários à satisfação das necessidades dos seus membros”. Entretanto, até ao início deste mês, segundo dados avançados pelo engenheiro da Ancose, João Madanelo, estavam
habilitados 27 produtores com DOP. Na Ancose, destaque-se, tem-se apostado na varie variedade de produtos, feitos a partir do leite de ovelha. A novidade, foi sem dúvi dúviO cão Serra da Estrela da, o iogurte de leite de exerce a função de ovelha, mas também é guardião das ovelhas produzido o queijo creme, o queijo de ovelha fresco e a manteiga de ovelha. “Vamos fazendo ensaios e alguma experi experiEm Alpedrinha, Fundão, mentação para que se é tradição a Festa da oportunida abram novas oportunidaTransumância enrique des no mercado, enriquecendo o cabaz, porque tudo é feito com leite da ovelha Serra da Estrela”, refere o engenheiro. | Cláudia Trindade
Iogurte de leite de ovelha Serra da Estrela A Ancose foi a primeira associação do país, através da queijaria, a produzir iogurte de leite de ovelha da raça bordaleira e coalhado pela flor do cardo. A aceitação ao produto tem vindo a crescer. Os iogurtes custam um euro. Em 2015, foram vendidos mais de dois mil iogurtes.
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testemunhos
aniversário Isabel de Aragão, mulher do rei D Dinis, foi Rainha Santa Isabel. A rainha que ficou conhecida como pacificadora: uma mulher culta dedicada à arte, à arquitetura e à liturgia, mas sobretudo notabilizada pela ação social, o que levou mesmo a que fosse considerada a rainha amiga dos pobres. Ainda em vida começou a gozar da reputação de santa, tendo esta fama aumentado após a sua morte. Foi beatificada pelo Papa Leão X em 1516, vindo a ser canonizada, pelo Papa Bento XIV
António Rebelo, presidente da Confraria da Rainha Santa ISabel
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A confraria foi criada após a morte de D. João III, era D. Catarina a rainha regente. . Promover o esplendor do culto à Rainha Santa, dar a conhecera a sua ação para que os fiéis lhe possam seguir lhe o exemplo que legou nos mais diversos âmbitos, são alguns dos objetivos da Confraria da Rainha Santa Isabel.
Manuel Machado, presidente da Câmara de Coimbra
Isabel de Aragão no país novas cor uma sabedoria pr inteligência diplom de interesses à p
Rainha Santa Isabel A prim e a padroeira de Coimbra e
S “
“São rosas, senhor”, afirmou Isabel de Aragão ao seu marido, rei D.Dinis, quando a questionou o que levava no regaço. O pão que levava para entregar aos pobres transformou-se em rosas. Em pouco tempo a notícia do milagre correu a cidade de Coimbra e o povo proclamou santa a rainha Isabel de Portugal, reza a lenda do milagre das rosas. Padroeira de Coimbra, Rainha Santa Isabel há séculos que
conta com uma grande devoção. Ainda em vida, e pelas ações de caridade que praticou era muito apreciada pelo povo, “dois mais novos aos mais idosos”, salienta António Rebelo, da Confraria da Rainha Santa Isabel. Depois da morte começaram a registar-se os factos milagrosos ao longo da história e a devoção manteve-se sempre. “O povo alimentou uma grande devoção até aos dias de
hoje, sobretudo o da região Centro e de Coimbra que se dedica muito à Rainha Santa”. O nome de Santa Isabel é invocado a diversos títulos, pois em vida interveio em diversas valências. Foi conciliadora de desavindos a nível político e familiar. Chegou a ser denominada de Rainha da Paz. A sua especial preocupação com as crianças e os mais desfavorecidos ainda hoje é muito lembrada. “Garantia a subsistência
dos pequenos órfãos e até dos leprosos dos hospícios que fundou”, acrescentou ainda António Rebelo. Sabe-se, pela história, que sofreu infidelidades de D. Dinis mas Isabel de Aragão – Rainha Santa Isabel – chegou a cuidar dos filhos ilegítimos como se fossem seus. É, por isso, também reconhecida pela sua capacidade de perdoar. Ainda hoje, as esposas/mulheres que vivem situações de infideli-
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- a Rainha Santa, estadista e mulher de paz, difundiu em Coimbra e rrentes de conhecimento, bondade e solidariedade. Trouxe também rática das coisas, um saber fazer muito com poucos recursos, uma mática capaz de desencadear a confluência, em propósitos comuns, partida distantes, ou até mesmo divergentes; trouxe uma sabedoria
construtora de paz. Fê-lo, em nome próprio, em inúmeros episódios conhecidos. E terá ajudado, também, o seu marido, D. Dinis, a criar as qualidades de liderança que distinguiram o seu reinado empreendedor. A Rainha Santa é, ou deve sê-lo, inspiradora para todos nós e continua a ser, passados tantos séculos, um referencial marcante para Coimbra e para Portugal, conferindo-lhes notoriedade.
meira santa de Portugal e dos pobres DB-Luís Carregã
teram quando os seus familiares foram para a guerra, porque a Rainha Santa Isabel foi também uma construtura da paz. Ainda antes de Fátima e de toda a devoção em volta de Nossa Senhora quem tinha familiares na guerra pediaà Rainha Santa a salvaguarda dos seus. Roteiro de visita obrigatória Nem só os devotos visitam a Rainha Santa Isabel. Os visitantes de Santa Clara-a-Nova fazem-no por diversos motivos. “Tendo a importância que Santa Isabel significa para Coimbra quem vem à cidade não pode deixar de visitar”, afirmou António Rebelo. Mesmo sabendo a importância da Universidade, não pode ser dissociada da Rainha Santa. “Sendo uma pessoa tão culta não terá sido alheia a essa construção de D. Dinis, pois para a época era uma mulher extremamente culta”.
à volta
Pastéis de Santa Clara
dade invocam a Rainha Santa e tornam-se muito devotas da padroeira de Coimbra. Pagadores de promessas Na procissão de penitência (noturna) ainda há muitos pagadores de promessas. Pessoas vindas de vários pontos do país e do estrangeiro marcam presença para pagar o que me prometeram. “Ainda hoje nos são relatadas histórias
que nos deixam impressionados e seriam considerados verdadeiros milagres”, adiantou o presidente da Confraria da Rainha Santa Isabel. Mesmo após tantos anos passados, há ainda quem aproveite para pagar promessas do tempo da Guerra Colonial. Muitos prome-
Convento de S. Francisco
500 anos de beatificação No ano Santo da Misericórdia e em que celebram 500 anos da beatificação da Rainha Santa Isabel vai ser possível, à semelhança do que já sucedeu noutros anos, ver a mão da Rainha Santa Isabel. De 1 a 13 de julho, os fiéis, ou simplesmente os curiosos, podem ver a mão da rainha, beijada durante porséculos pela família real por tuguesa. Este ano é o Ano Santo da Misericórdia e comemoram-se os 500 anos da beaMosteiro de Sta. tificação Clara-a-Nova da Rainha Santa Isabel. Como explicou António Quase 300 anos depois da sua ofimorte, dizem os autos ofi ciais da primeira abertura do túmulo em 1612, que o corpo estava bem conservado. | Rute Melo
curiosidades
Sete mil rosas
A imagem da Rainha Santa Isabel que vai sobre o andor, f o i i n a ugurada nas festas de 1896, e foi oferecida pela rainha D. Amélia. O andor leva cerca de sete mil rosas que vão em recipientes com água para aguentarem os dias todos em que a imagem está em exposição. Antigamente eram talhantes (10) que carregavam o andor. Diziam que, cada um, tinha a sensação de carregar 80 quilogramas. O andor terá um peso de cerca de 800 quilogramas.
13 dias de exposição De 1 a 13 de julho, os fiéis e os curiosos, podem ver a mão da rainha, beijada durante séculos pela família real portuguesa. A mão está no túmulo difícil de abrir porque sempre que alguém da família real vinha a Coimbra trazia uma das chaves, porque o túmulo tinha três chaves: uma confiada ao bispo de Coimbra, outra à abadessa e outra ao rei. Hoje uma das chaves está guardada no cofre da Confraria da Rainha Santa Isabel.
Quatro horas de percurso No dia da procissão de Penitência, 07 de julho, o percurso tem início cerca das 18H00 e chega à igreja de Santa Cruz cerca das 22H00. Há milhares de pessoas a acompanhar a imagem.
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testemunhos
aniversário A Sé Catedral da Guarda é um dos grandes ex-libris do património cultural da cidade mais alta de Portugal. Como sublinha o presidente da Câmara Municipal, é “um ícone da nossa portugalidade e um dos mais notáveis edificados do nosso “forte” granito. É o exemplo da perseverança e sonho humanos dos nossos antepassados gloriosos e defensores da pátria mãe”.
Álvaro Amaro, presidente da Câmara da Guarda
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Implantada no coração histórico da cidade dos cinco Fs, é o centro da espiritualidade coletiva e o mais nobre espaço de receção e acolhimento de quem nos visita. Os traços estéticos e a sua unidade arquitetónica tornam-na num templo imponente a que não se fica alheio, desde a sua fa-
chada principal virada a norte para a Praça Velha ao corpo octognal. D. Sancho I, fundador da cidade, é seu guardião numa estátua na sua lateral virada a norte. De uma beleza rara e rude no exterior, vá para onde for o olhar, o desafio maior ao visitante é sobretudo no interior.
Sé da Guarda Uma invulga feita em granito que parece
N
Não parece mas a Sé da Guarda é contemporânea do belo e majestoso Mosteiro de Santa Maria da Vitória, na Batalha. Não parece porque, na mais alta cidade do país, são omnipresentes o granito e aquele aspeto austero e sóbrio, ao contrário do macio e maneirinho calcário que tão magnífico trato teve na Batalha. Não obstante, ambos foram mandados construir por Dom João I – a primeira pedra da catedral da Guarda foi lançada por volta de 1390 – e ambos levaram, também, uma eternidade a serem conclu-
ídos – na Guarda, os trabalhos só acabaram em 1540, no reinado de Dom João III, o que faz da Sé uma miscelânea de estilos, com predomínio para o Gótico mas com muitos elementos do Manuelino e também do Renascentista. Todavia, a importância simbólica e histórica desta catedral não se resume ao imponente templo de pedra. Isso mesmo é enfatizado por Virgílio Mendes Ardérius, figura de proa da sociedade guardense e antigo pároco da Sé, ao longo de 24 anos. “A decisão de erigir uma catedral na Guarda, no final do séc.
XII, teve particular importância na consolidação do novo Reino”. Cabe dizer que, em 1199, a Guarda era já uma cidade populosa e um importante centro regional. Foi, aliás, isso mesmo que levou D. Sancho I a conceder-lhe foral e, em 1202, elevá-la a cidade, quando era mister tornar irreversível a Reconquista. Na altura, recorde-se, a grande diocese da Beira Interior tinha sede na cidade romana de Egitânia (atual Idanha-a-Velha) e D. Sancho não hesitou em solicitar ao poderoso papa Inocêncio III a sua transferência para a Guarda. “Vem de longe
esta forte ligação de Portugal à Santa Sé”, reconhece Virgílio Ardérius, sublinhando que o novo Presidente da República já anunciou que vai a Roma lembrar ao Papa Francisco essa proximidade velha de nove séculos. A verdade é que, com a transferência do bispado, a Guarda ganhou enorme relevo, não apenas religioso mas também político e civil, acentua o também presidente da Fundação Frei Pedro. A primeira catedral terá sido um templo modesto. Anos mais tarde, um novo e bem mais amplo
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Tudo é imponente na Sé Catedral da Guarda, tudo nos enche de uma paz de espírito e uma tranquilidade que merece ser vivida, por crentes e não crentes, por todos quantos percorrem os caminhos até à sua contemplação física e presencial. E uma vez cá dentro, é obrigatório descobrir e subir, em escadas de aventura, aos terraços
onde a vista alcança um cenário raro sobre a cidade da Guarda. São indescritíveis as sensações que se podem aqui experienciar. Convidamos, pois, todos a visitar esta que é o nosso mais notável e extraordinário monumento na nossa cidade que acolhe e recebe bem à maneira beirã.
ar catedral gótica e uma fortaleza Hélder Sequeira
à volta Judiaria
foi construído, no local onde hoje está a igreja da Misericórdia. Este, porém, veio a ser destruído, pois ficava fora da área muralhada, o que era risco de monta no período crítico das guerras com Castela. Só depois da expulsão dos castelhanos se fez a atual Sé. Apesar da sua sobriedade, todos reconhecem a extrema beleza da catedral, tanto por fora como no seu interior. Curiosamente, a fachada mais conhecida e retratada (a voltada para a Praça Velha) não é a principal. Esta, com um pórtico manuelino enquadrado por duas
monumentais colunas octogonais, carece, no entanto, de maior dignidade, na zona envolvente. Uma situação que Virgílio Ardérius entende poder ser “substancialmente melhorada”, com a demolição da casa que ali está em ruínas (e que, em tempos, foi sede da Legião), fazendo depois ali desembocar uma Torre dos Ferreiros alameda.
Taberna do Benfica
O exterior oferece ainda outras perspetivas notáveis. É o caso da visão de conjunto que se alcança a partir da torre de menagem. É o caso, também, dos elementos arquitetónicos que se vislumbram do lado nascente, de onde, apesar do ângulo de visão ser escasso, é possível admirar as gárgulas voltadas para Espanha. No interior do templo, merece natural realce o extraordinário retábulo do altar-mor, obra da escola que o mestre João de Ruão tinha em Coimbra. Desde há pouco tempo, um outro retábulo, evocando a Anunciação do Anjo, foi devolvido à Sé para reocupar o seu lugar, na chamada Capela dos Ferros. Ainda no âmbito dos elementos que integram o interior, destaque para a Capela dos Pina, onde João de Pina, tesoureiro da Catedral, mandou edificar o seu próprio túmulo, com jacente. Destaque também, mas pela negativa, é a continuada ausência do órgão monumental, cujo desaparecimento Virgílio Ardérius lamenta, embora manifestando a esperança de que, agora, haja condições para adquirir o novo há muito prometido. gostaMas o que o sacerdote gosta ria, mesmo, de ver “revogado” é o sistema de aquecimento, criado há poucos anos e que consiste na instalação de almofadas aquecidas nos bancos da sé. “Foi uma má opção”, desabafa o antigo pápá roco, lembrando que datam do seu tempo a compra da bancada e os reiterados pedidos para a montagem de um sistema de climatização. Agora, ao invés das almofadas, defende o recurso às energias renováveis, instalando, por exemplo, “disMuseu cretos painéis soda Guarda lares nos terraços”. | Paulo Marques
curiosidades
O órgão monumental que continua desaparecido No final do séc. XIX a Sé sofreu importante e extensa intervenção de restauro. O arquiteto responsável, Rosendo Carvalheira, fiel à linha romântica e revivalista, de recuperar os monumentos tal como tinham sido construídos, tratou de quase “desnudar” o interior do templo. O objetivo era o de eliminar o que designava de “vandalismos” – acrescentos de toda a espécie que desvirtuam o projeto original. Foi o caso do coro alto, de algumas pinturxas e do varandim do bispo. Ora, dentre tantos “vandalismos”, o arquiteto resolveu poupar o órgão, em talha dourada e com mais de 10 metros de altura. O que tinha era de sair do local, nobre, que ocupava: um dos tramos da nave central. A solução, então, foi removê-lo para o fundo da nave central, onde poderia servir de “artístico guarda-vento”. Só que desapareceu. Aparentemente foi desmantelado...
A escada secreta para as monjas Ali a dois passos da Sé existiu, em tempos, um convento de reclusão. Entre os dois edif ícios existe uma passagem subterrânea que permitia às monjas clarissas deslocarem-se ao templo – certamente para rezarem – sem que tivessem de exporse rua fora.
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aniversário Muito para além da neve que continua a dar-lhe fama e a atrair visitantes, a Serra da Estrela é um mundo de riquezas naturais e de paisagens magníficas, intactas e únicas, com os seus vales, lagoas e grandiosos maciços rochosos. Do Vale Glaciar do Zêzere a outras joias como o Vale do Rossim, a Nave de Santo António ou os extraordinários monumentos graníticos que dão pelo nome de cântaros, muito há para descobrir numa serra que parece finalmente querer assumir a gestão inovadora dos seus recursos, criando riqueza
Helena Freitas, professora de Ecologia da UC, coordenadora Unidade de Missão para Valorização do Interior
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A Serra da Estrela é, do ponto de vista natural, uma das pérolas que Portugal tem. Ecossistema precioso e de grande valor ecológico, tem sido relativamente subvalorizado, o que importa reverter. De alguma forma, o parque natural não tem conseguido ter o dinamismo que o património único e diverso da Serra da Estrela merece e justifica.
Mas a Serra da Estrela, onde, desde sempre, v endedora, é também, de alguma forma, o berç um lugar muito especial para os portuguese referência afetiva a marcar gerações. Fundam tem, na sua diversidade natural e de recursos, u
Serra da Estrela Marca úni de natureza com muito a de
A
A neve foi o que lhe conquistou a aura de quase misticismo e que continua a levar a sua fama ao país inteiro. Mas a Serra da Estrela é mais, é muito mais do que as grandiosas paisagens brancas que, todos os invernos, voltam a despertar enlevos de alma a quem lá vive e aos que por lá passam, religiosamente, oficiando um ritual feito com muito de memórias de infância, reais ou imaginadas. A estender-se por nove municípios do interior Centro – Belmonte, Celorico da Beira, Covilhã, Fornos de Algodres, Gouveia, Guarda, Manteigas, Oliveira do Hospital
e Seia – e três distritos do país – Guarda, Castelo Branco e Coimbra –, a Serra da Estrela foi o conjunto montanhoso no país que primeiro se organizou em parque natural, o que aconteceu em 1976. Num total de 101 mil hectares de território, o Parque Natural da Serra da Estrela é a maior área protegida portuguesa. Ostenta o ponto mais alto de Portugal continental – com 1993 metros de altitude –, tem a única pista de esqui no país, é nascente para dois dos nossos maiores rios – o Mondego e o Zêzere –, oferece uma extraordinária diversidade de fauna e
flora, recursos paisagísticos únicos, como únicos são o seu património natural, cultural e edificado, que as suas gentes têm sabido salvaguardar e promover. Com o turismo, nas suas especificidades de natureza e cultural, estabelecido como uma das grandes âncoras de desenvolvimento do território, sobressaem, numa equação onde a qualidade e a autenticidade são fundamentais, produtos como o queijo e marcas como o cão [Serra da Estrela], a gastronomia, as manifestações artísticas e as atividades artesanais, nomeadamente as ligadas à
lã (especialmente numa das suas versões mais tradicionais, o borel), ao linho, mas também a uma nova gama de produtos agroalimentares desenvolvidos em parcerias que vão às universidades e aos politécnicos buscar saber e inovação. Turismo de natureza assumido “produto âncora” para a CIM-BSE Extamente uma das “particularidades” que entidades como a Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela (CIM-BSE) pretendem potenciar. Presidida desde janeiro por Paulo Fernandes, autarca do Fundão, que sucedeu a
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vive gente resistente e empreço da portugalidade, ocupando es, tendo-se constituído como mental é que a Serra da Estrela um imenso potencial a explorar.
António Alçada Baptista [1927-2008], escritor nascido na Covilhã
O serrano é introspectivo, e arranja coisas dentro de si porque, por fora, a força das rochas e das árvores lhe tolda o horizonte.
curiosidades
ica no turismo escobrir para além da neve DB-Luís Carregã
à volta Torre (estância de esqui)
Vítor Pereira, presidente da Câmara Municipal da Covilhã, a CIM-BSE assumiu o turismo de natureza como “produto âncora” no seu plano estratégico, sendo que, naturalmente, a Serra da Estrela é a “marca maior e de maior importância” para o desenvolvimento integrado de um território com mais de 236 mil habitantes e a integrar os municípios de Almeida, Belmonte, Celorico da Beira, Covilhã, Figueira de Castelo Rodrigo, Fundão, Fornos de Algodres, Guarda, Gouveia, Manteigas, Meda, Pinhel, Seia, Sabugal e Trancoso. Ao DIÁRIO AS BEIRAS, Paulo
Fernandes foi esclarecedor: “A CIM-BSE vai tomar as rédeas da defesa e valorização da marca Serra da Estrela”, apostando muito concretamente nas sinergias criadas e que é necessário potenciar entre municípios, particulares, universidades e entidades reguladoras Poço do turismo. do Inferno
Vale Glaciar do Zêzere
Nesta estratégia, onde os novos fundos comunitários – Portugal 2020 – irão ter papel central, mas na qual é fundamental ainda a iniciativa e a inovação, integra-se, nas palavras de Paulo Fernandes, a articulação necessária com outros projetos estruturantes para todo o Centro interior e para a Serra da Estrela, de que são exemplo as Aldeias Históricas, as Aldeias do Xisto, mas também as áreas protegidas da Gardunha, da Malcata e do Côa, ou ainda a Rede Aldeias de Montanha, a Rota do Zêzere e o Geopark Naturtejo.
Um destino turístico para “todas as épocas do ano” Fundamental nesta articulação, onde a “marca” Serra da Estrela é central, destaca o responsável, é criar condições para que os turistas que visitam a região – em números a rondarem as 500 mil dormidas em cada ano, capara cerca de cinco mil ca mas –, ultrapassem a média estatístide 1,6 dias que as estatísti cas registam. Para tanto, “é absolutamente necessário afirmar a Serra da Estrela como destino preferencial de turismo de natureza no repaís”, seja cá dentro, seja re lativamente ao exterior. Depois, sublinha ainda Paulo Fernandes, há que afirmar a Serra da Estrela como destino preferencial para além da neve, transformando-o num destino para “todas as épocas do ano”, potenciando para isso o imenso e rico património cultural de toda a região e fafa nozendo do turismo ativo – no meadamente com a magnífica rede de percursos pedestres – mais uma boa razão para visitar a Serra da Estrela. | Lídia Pereira
Geopark Estrela no fórum português
A candidatura da Serra da Estrela a Geopark Mundial da UNESCO foi formalmente reconhecida pelo Fórum Português de Geoparques no último dia 4, de acordo com a equipa coordenadora do processo promovido pelo Instituto Politécnico da Guarda. Esta é mais uma etapa da candidatura do território que envolve todos os nove municípios da Serra da Estrela (Belmonte, Celorico da Beira, Covilhã, Fornos de Algodres, Gouveia, Guarda, Manteigas, Oliveira do Hospital e Seia).
Dois mil quilómetros e 170 mil habitantes O futuro Geopark Estrela, com mais de dois mil quilómetros quadrados e aproximadamente 170 mil habitantes, deverá consagrar a Serra da Estrela como “território de Educação, Ciência e Cultura”.
Sabugueiro é “Aldeia Inteligente” O Sabugueiro, em Seia, é a primeira “Aldeia Inteligente de Montanha” do país. Aldeia – a mais alta de Portugal – está abrangida por um projeto tecnológico pioneiro no país que pretende contribuir para a qualidade de vida dos seus cidadãos, envolvendo a Fundação Vodafone e a Câmara de Seia.
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testemunhos
aniversário Testemunho vivo do que Portugal tem de melhor para oferecer nos campos da ciência, artes, técnica e cultura, a Universidade de Coimbra (UC) reflete 726 anos de história: é a mais antiga do país e uma das primeiras de toda a Península Ibérica. Em 2013 foi reconhecida como Património Mundial da UNESCO, provando a ação central que a UC tem vindo a desempenhar na história da humanidade, Por isso, mais do que um ex-libris regional ou nacional, ela é uma referência inultrapassável
João Gabiriel Silva, reitor da Universidade de Coimbra
diário as beiras | 19-03-2016
A Universidade de Coimbra teve um papel central na expansão portuguesa, sendo hoje uma das instituições portuguesas mais conhecidas e com mais prestígio em todo o mundo. Está a adaptarse aos desafios do mundo de hoje, como fez tantas vezes ao longo da história, consolidando-se como uma universidade global.
Luís Filipe Menezes, vice-reitor da Universidade de Coimbra
A Universidade de mensão global e v com mais de sete mulado, e transm do conhecimento
Universidade de Coimbra Templo de sabedoria e trad
T
Tanto há a dizer sobre a Universidade de Coimbra (UC), ex-libris por natureza da cidade onde foi instalada em 1308 por D. Dinis e à qual regressou com D. João III. Na verdade, o Paço das Escolas é – como escreveu António Filipe Pimentel, diretor do Museu Nacional de Arte Antiga e antigo pró-reitor da UC – “um edifício absolutamente singular, mescla de fortaleza, palácio e escola, moldado pelo tempo imenso que por ele passou, mas que nele deixou traços suscetíveis de permitirem reconstituir as múltiplas ‘capas’ dessa prodigiosa gestação”. Em 1537, o rei D. João III transferiu definitivamente a universidade para
a Lusa-Atenas, situada no topo de uma colina, o Paço da Alcáçova (antigo palácio medieval onde permaneciam os reis durante a sua estadia em Coimbra). O Paço das Escolas viu nascer boa parte dos monarcas portugueses da primeira dinastia. A Sala dos Capelos foi, aliás, a Sala Grande do Paço Real manuelino, onde se realizavam as mais importantes cerimónias da corte e que ficava próxima dos aposentos do rei e da rainha. É também na chamada Sala Grande dos Actos onde ainda hoje se realizam as principais cerimónias académicas. É ainda naquela sala onde decorrem as provas de doutoramento. Manda a tradição que o
doutorando, antes de se apresentar perante o júri, deve dar três pontapés num azulejo localizado entre a Via Latina e os Gerais, onde está pintada uma raposa, para afastar o chumbo. A Universidade de Coimbra está, aliás, recheada de lendas e tradições que foram passando de geração em geração. E esse lado imaterial, de capas e batinas, de serenatas, de repúblicas – e de tanto que há por descobrir – é também Património Mundial da Humanidade pela UNESCO. 180 degraus até ao cimo da Torre A assistir a tudo o que se passa, está, imponente, a velha Torre: o
maior símbolo da Universidade e de Coimbra. São 34 metros de altura, 180 degraus de uma escada em caracol. Desenhada pelo arquiteto António Canevari, a “última versão” do monumento foi edificada entre 1728 e 1733 para substituir a antiga torre adaptada do Paço Real de Alcáçova. Já o relógio, de 1866-67, é o último de uma longa série de relógios que sempre tiveram um papel fulcral no quotidiano universitário. Segundo os estatutos velhos, o relógio da UC devia andar meio quarto de hora atrasado em relação ao relógio da cidade. É o famoso “quarto de hora académico” que ainda hoje resiste à azáfama dos dias.
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e Coimbra é hoje uma Universidade moderna, de divirada para o futuro, mas bem enraizada numa história e séculos, tendo sempre aliado ao conhecimento acumitido de geração em geração, a contemporaneidade o inovador.
António Filipe Pimentel, diretor do Museu Nacional de Arte Antiga e antigo pró-reitor da Universidade de Coimbra
Mil anos da história de um edifício; ou um edifício com mil anos o Paço das Escolas. Um edifício absolutamente singular, mescla de fortaleza, palácio e escola, moldado pelo tempo imenso que por ele passou, mas que nele deixou traços suscetíveis de permitirem reconstituir as múltiplas ‘capas’ dessa prodigiosa gestação.
dição metade do século XV, de que apenas existem cerca de 20 exemplares em todo o mundo, ou a Bíblia Latina das 48 Linhas, impressa em 1462 por dois sócios de Gutenberg. A biblioteca é composta por três pisos: o piso nobre, a face mais emblemática da Casa da Livraria; o piso Intermédio, local de trabalho e funcionou como casa da Guarda; e a Prisão Académica, que de 1773 até 1834 foi o local de clausura dos estudantes.
à volta Do lado esquerdo da Torre, está a Capela de S. Miguel, onde o padre António Vieira proferiu o último discurso antes de ser preso pela Inquisição e que alberga um órgão ibérico de 1732, com dois mil tubos que ainda hoje funciona. E, depois, a Biblioteca Joanina, a “relíquia viva” da instituição. É dif ícil ficar indiferente a toda a sumptuosidade daquela que é considerada uma das mais espetaculares e originais bibliotecas barrocas europeias. Num só espaço reúnem-se um tesouro literário de valor incalculável e a opulência da arquitetura e das artes do início do século XVIII.
Gabinete
de Física A primeira edição dos Lusíadas O local tem um quê de sagrado e é iluminado por vitrais para preservar o seu valioso conteúdo. As paredes de dois metros de espessura ajudam a manter uma temperatura constante dentro da biblioteca. Os livros, esses, não podem ser folheados. Mas há Sala dos Capelos tanto por onde o olhar pode perde-se ainda que num enlevo platónico. No cofre da Biblioteca Joanina encontram-se exemplares de extrema raridade, como uma primeira edição dos Lusíadas, uma BíJardim Botânico blia Hebraica, editada na segunda
Património da Humanidade No Pátio das Escolas revelam-se os principais pontos de interesse turístico da Universidade de Coimbra. A atribuição de património mundial da humanidade pela UNESCO, em junho de 2013, estende-se pela Alta Universitária e por sete antigos colégios na rua da Sofia (baixa da cidade). E faltaria, ainda, falar do Jardim Botânico, do acervo museológico de inegável significado, não só no plano connacional, mas ainda no con texto das grandes coleções mundiais de ciência ou da detenAcademia coimbrã, deten tora de um riquíssimo papa trimónio de combates ideológicos. Mas ali é o centro de tudo. Afinal, e voltando a António Filipe PiPi mentel – são “mil anos da história de um edif ício; ou um edif ício com mil anos – o Paço das Escolas da Universidade de Coimbra. Mil anos de uma conscons trução que se entreentre cruza com a história de uma cidade duas vezes milenar”. | Patrícia Cruz Almeida
curiosidades Morcegos na Biblioteca
À noite, quando a Biblioteca Joanina fecha, as mesas são cobertas com toalhas de couro para as proteger dos dejetos dos morcegos, que se alimentam dos insetos que danificam os livros. Há registos de peles compradas à Rússia já no século XVIII para preservar as mesas.
Três pontapés na “raposa”
Há um local na Universidade num azulejo (entre a Via Latina e os Gerais), onde um dos azulejos onde figura uma raposa está mais gasto. Diz-se que para que “a raposa não apanhe os alunos”, ou seja, “para que não reprovem”, estes devem dar três pontapés no azulejo para que “o chumbo não os apanhe”.
O mais famoso preso académico Antero Quental foi estudar para Coimbra em 1855, tendo-se matriculado na Faculdade de Direito em 1858, onde o primeiro ano decorreu de uma forma atribulada. Um excesso cometido durante a praxe aos caloiros custou a Antero de Quental oito dias de prisão. Tendo sido muito popular no meio académico, Antero concluiu o curso em 1864.
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testemunhos
aniversário É nos espumantes e nos vinhos brancos que a região da Bairrada mostra a sua competitividade a nível nacional e internacional. A produção é feita com base, essencialmente, nas castas tradicionais, nomeadamente a Baga, considerada a “rainha da região”. A produção de vinhos espumantes iniciou-se na Bairrada em 1890, por iniciativa do engenheiro agrónomo José Maria Tavares da Silva, nas instalações da então Escola Prática de Viticultura e Pomologia da Bairrada, na qual foi o primeiro diretor
Pedro Soares, presidente da Comissão Vitivinícola da Bairrada
diário as beiras | 19-03-2016
A capacidade da região de produzir espumantes e vinhos brancos, de forma consistente e com grande qualidade é imbatível. Nos vinhos tintos vejo o futuro pela diferença, essencialmente, por aquilo que são os nossos vinhos, que em prova cega conseguimos identificar.
Jorge Sampaio Presidente da Associação das Rotas dos Vinhos de Portugal
O enoturismo à qualidade d agricultores u da região, é c importância in
Vinho da Bairrada Região é da produção de todo o espu
A
A região da Bairrada é responsável por cerca de 65 por cento da produção de todo o espumante nacional, sendo que apenas 25 por cento desse produto é certificado. Para além do espumante, é também nos vinhos brancos que a região mostra a sua competitividade a nível nacional e internacional. Abundante na produção de vinhos brancos e tintos, a região da Bairrada utiliza, essencialmente, as castas tradicionais, nomeadamente a Baga, considerada a “rainha da região”. Refira-se que a região
autoriza que se façam vinhos utilizando cerca de 25 castas. “Hoje em dia, algumas destas castas, que eram utilizadas apenas para fazer vinhos tranquilos, estão também com grande enfoque na produção do espumante, nomeadamente aqueles que são elaborados a partir de Baga”, explica Pedro Soares, presidente da Comissão Vitivinícola da Bairrada. Neste âmbito, a comissão vai, no início da próxima semana, apresentar o projeto em Inglaterra, sendo esta uma “primeira apro-
ximação” ao mercado do Reino Unido. “Trata-se de um projeto que envolve oito produtores da região, em que todos têm o espumante com a sua assinatura, mas com um forte denominador comum que é o facto de terem sido feitos a partir de uma casta tinta, mas feitos em branco ou em rosado”, esclarece. Recorde-se que a produção de vinhos espumantes iniciou-se na Bairrada em 1890, por iniciativa do engenheiro agrónomo José Maria Tavares da Silva, nas instalações da então Escola Prática de Viticultura
e Pomologia da Bairrada, na qual foi o primeiro diretor. Aposta na diferenciação com base na inovação Com a certificação dos vinhos “estamos a desenvolver uma atividade que valoriza o território, a paisagem e que tem uma expressão naquilo que é a atividade socioeconómica desta região muito importante”, diz Pedro Soares, referindo que são os concelhos de Anadia, Cantanhede e Oliveira do Bairro os maiores produtores de uva. Já Mea-
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o na região tem vindo a crescer, muito se deve dos nossos vinhos e das infraestruturas que os utilizam. Os vinhos da Bairrada, para a economia crucial, quer na sua importância direta, quer na ndireta.
Adelina Martins, Estação Vitivinícola da Bairrada
O setor vitivinícola tem um elevado potencial. Representa 725 milhões de euros em exportação, que corresponde a 1,5% do total de exportações nacionais. Foi um setor que se modernizou e profissionalizou nas últimas décadas e hoje começa a surgir o resultado desse investimento, concretizado em vendas e prémios.
é responsável por 65% umante nacional DR
à volta
Comissão
lhada, Águeda, Coimbra, Aveiro e Vagos são os concelhos da região da Bairrada que apresentam menor expressão. Para Pedro Soares, a região da Bairrada deve posicionar-se, quer no mercado nacional, quer no mercado internacional como uma região que oferece uma diferença, que está patente nas características dos seus produtos, nomeadamente na frescura, longevidade e capacidade de estagiar. “Isso, acredito eu, num mercado cada vez mais globalizado será o maior valor que
Vitivinícola nós podemos coloda Bairrada car nos nossos produtos”, manifesta. Mas, para além da diferenciação, o presidente da Comissão Vitivinícola destaca a qualidade do pro-duto como elemento fundamental para o vinho vingar no mercado. “Muitas vezes, essa diferença não está apenas na qualidade do produto, o
que já de si tem que ser uma qualidade de patamar elevado, mas a diferença na agregação de valor tem muitas vezes a ver com aquilo que o consumidor pode percecionar que envolve a produção do produto, na sua história, no esforço que cada um dos produtores coloca no desenvolvimento desse mesmo produto, no tempo e nas condições de estágio”, admite. O preço dos vinhos portugueses, segundo Pedro Soares, tem aumentado, assim como o preço dos vinhos da Bairrada. “Isso é um sinal de que estamos a fazer bem”, assume. “Mais do que vender muito, estamos a vender melhor. Eu acho que é o que Portugal deve fazer”, reforça. Sobre a questão da inovação e desenvolvimento aplicado ao setor do vinho, Pedro Soares admite que é o que pode marcar a diferença. “Essa inovação serve, não para fazer produtos novos, mas para fazer melhores os produtos que já estávamos a fazer, onde podemos ganhar mais potencial, torna-los mais competitivos, onde podemos produzir melhor e com menos risco”, admite, garantindo que a introdução da tecnologia é uma preocupação que existe a Bairranível nacional. Porém, na Bairra Espumante tem da, “estamos muito focados na grande expressão na região questão da sustentabilidade da atividade”, reforça. Outra das apostas, segundo traPedro Soares, passa por tra zer para a região da Bairrada um centro de competêncompetên cias na área do espumante. “Isto para nós é importante, mas mais importante do que isso é perceber como é comporque a região se irá compor tar daqui a 10 ou 20 anos”, Estação Vitivinícola admite, acrescentando que, da Bairrada para isso, é preciso ter dados macroeconómicos que “nos permitam perceber o que é que foi feito de menos bom até aqui e em que é que podemos inovar”. | Joana Santos
curiosidades
Baga, a casta rainha
A Baga é considerada a “casta rainha” da região da Bairrada. Embora haja Baga noutras regiões, esta casta tem grande expressão nesta região. A Baga tem origem na Bairrada e adaptou-se às necessidades produtivas da própria região.
Canadá é mercado surpresa Até há bem pouco tempo, Brasil e Angola eram os mercados para onde mais se enviavam produtos da Bairrada. “Canadá, surpreendentemente, tem uma excelente performance”, revela Pedro Soares, da Comissão Vitivinícola da Bairrada, sobre o mercado. Em breve, a região quer voltar a ter destaque em países como os Estados Unidos da América e Inglaterra.
28 milhões de litros de vinho produzidos em 2015 Cerca de 28 milhões de litros de vinho foram produzidos em 2015 na região da Bairrada. Refira-se que nesta região existe um universo entre dois mil e 2.500 produtores, dos quais 110 são certificados. Em termo de área de vinha, o que está registado na região da Bairrada é cerca de nove mil hectares.
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testemunhos
aniversário A região do Dão foi criada em 1908 e é uma das mais antigas do país. Tem acompanhado a modernidade e o crescimento verifica-se, também, com o aumento das exportações, principalmente para os países de União Europeia. Ao longo dos anos a Comissão Vitivinícola Regional do Dão tem procurado dinamizar a região, estimulando o gosto pelos vinhos e ajudar os apreciadores a apurarem as exigências. A CVR do Dão é também responsável pela promoção dos vinhos que são produzidos numa região que engloba um total de16 municípios
Arlindo Cunha, presidente da Comissão Vitivinícola Regional (CVR) do Dão
diário as beiras | 19-03-2016
Acho que posso afirmar, sem falsas modéstias, que a nossa ação está estreitamente associada a um ressurgir da notoriedade e prestígio dos vinhos do Dão e à sua valorização comercial, ao lançamento da Rota dos Vinhos do Dão, à modernização da Comissão Vitiviní-
cola Regional com a simplificação de procedimentos e menores custos para os produtores e empresas comercializadoras de vinho e a uma gestão rigorosa, o que permitiu libertar recursos para investimentos em qualidade e promoção.
Vinho do Dão Setor mais im da economia agrária de 16
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“A região do Dão foi criada por Decreto Régio de 18 de Setembro de 1908. É, portanto, das regiões demarcadas mais antigas, depois da do vinho do Porto. Tem presentemente 16 mil hectares de vinha e produz cerca de 35 a 40 milhões de litros por ano, consoante as condições climáticas. O vinho apto a ser certificado como Denominação de Origem Protegida (DOP) ou Indicação Geográfica Protegida (IGP) é aproximadamente metade desta quantidade. Do vinho certificado, é exportado cerca de 50 por cento”. Arlindo Cunha descreveu, desta forma, a região demarcada do Dão. O presidente da Comissão Vi-
tivinícola Regional (CVR) do Dão, esclareceu ainda que apesar de serem 50 mil as pessoas que têm videiras registadas no cadastro vitícola da região, “apenas metade destas produzem vinho para o mercado – diretamente ou através das adegas cooperativas de que são membros”. Estas representam ainda cerca de 40 por cento da produção total da Região. A CVR do Dão é o “setor mais importante da economia agrária do território de 16 municípios”, que mantém um perfil predominantemente rural, não obstante algumas importantes bolsas industriais, designadamente no perímetro
Viseu-Tondela-Mangualde. “Um setor que se tem revelado competitivo interna e externamente, não obstante a impiedosa concorrência que caracteriza este mercado”, disse Arlindo Cunha. Recuando alguns anos, o presidente da CVR do Dão recordou que apartir de meados da década de 1980, o Dão teve alguma dificuldade em se adaptar à concorrência das novas regiões produtoras, com destaque para o Alentejo. “Demorou alguns anos a reagir, reestruturou as suas vinhas e as suas adegas e voltou hoje a crescer, com um aumento de sete por cento dos vinhos comercializados
em 2014 e 2015 e um aumento das exportações, especialmente para o mercado dos países da União Europeia”. Vinhos de caráter singular e diferenciado As condições edafoclimáticas (terra e clima) da região, assim como a especificidade das suas castas essencialmente regionais, incutem aos vinhos do Dão “um carácter e um perfil bastante singular e diferenciado”. “Destas qualidades se tem feito eco a crítica nacional e internacional, que tem insistentemente – diria mesmo que unanimemente - elogiado os
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Almeida Henriques, presidente da Câmara Municipal de Viseu
Viseu, de há dois anos a esta parte, tem-se vindo a assumir como uma cidade vinhateira pela importância intrínseca que tem este produto, que é o vinho do Dão que cada vez atinge um patamar de qualidade mais elevado. Assim, este território assume por pleno direito esse seu estatuto
que visa um duplo objetivo: promover este produto, mas ao mesmo tempo ligá-lo à tradição e à história da cidade. E valorizamos todas as iniciativas que atualmente estão a ser desenvolvidas, quer as nossas como numa lógica de parceria com a CVR Dão, a Rota dos Vinhos do Dão.
mportante 6 municípios
curiosidades
Arranque da vinha
A política europeia do arranque de vinhas já terminou há muitos anos. No Dão também houve vinhas arrancadas. Algumas delas fazem hoje falta, pois os vinhos de vinhas velhas são atualmente um importante trunfo comercial e promocional. No entanto, a maior parte dessas vinhas eram vinhas mal localizadas e com variedades desadequadas às respetivas localizações. O arranque das vinhas deu um contributo para a melhoria da qualidade dos vinhos.
Vinhos distintos
à volta vinhos do Dão nos últimos anos: pelo seu carácter, complexidade, elegância, equilíbrio, maturidade, potencial de envelhecimento e combinação perfeita com a gastronomia”. Este é, aliás, na opinião do presidente da CRV do Dão, “um dos fatores críticos para o sucesso do Dão: o facto de os vinhos serem tão gastronómicos, com acidez excecional, de aromas complexos e delicados, com grande capacidade de guarda, apresentando um boquet extraordinário, num mundo que cada vez mais rejeita o rolo compressor da padronização de sabores e perfis qualitativos impostos pela impiedosa globa-
lização”. Qualidades estas, sempre aliadas a uma “excelente relação qualida-de preço”, assim como a afirmar uma realidade de vinhos que não são caros e que se podem guardar na garrafeira e apreciar por muitos anos.
Foz do Rio Dão
Modernidade aliada à tradição Casa Aquilino Quanto ao futuro, ArRibeiro lindo Cunha realça que a região do Dão tem de “saber enfrentar o desafio da modernidade, sem perder a tradição,
o desafio da reafirmação nos mercados interno e externos, da necessi necessidade de continuar au auEcopista do Dão mentar a sua quota de mercado e de valor”. Terá ainda de revitalizar o conhecimento e investigação vitícolas, “de intensificar a sua notoriedade e prestígio como região di produtora de vinhos diexcelên ferenciados e de excelência e de mobilizar os seus produtores para este comba combaar te económico, que tem bons argumentos para vencer”. | Rute Melo
Os vinhos do Dão são distintos. O vinho tinto apresenta-se com cor rubi com subtis reflexos atijolados, aroma intenso a fruta madura, sabor complexo e delicado e de textura aveludado e encorpado. Já o branco tem cor amarela-citrina, um aroma frutado, complexo e delicado, sabor fresco e com um final exuberante e a textura é suave, com acidez equilibrada. No rosé a cor é rosado, o aroma floral e frutado, com sabor fresco e persistente e uma textura leve, com acidez equilibrada. No que ao espumante diz respeito, podese encontrar com cor citrina, rubi ou rosado, aroma frutado, sabor fresco, equilibrado e persistente, textura elegante e boa acidez, elevado requinte e sedução. A perlage é bolha fina e persistente.
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