Dia Mundial do Turismo 2021

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dia mundial do turismo 27 de setembro

O Dia Mundial do Turismo é hoje celebrado em todo o mundo. A presente edição tem como tema “O Turismo para um crescimento inclusivo”. O objetivo é que, após a pandemia de covid-19, o regresso à normalidade seja feita de forma a englobar todos neste crescimento. Em Portugal, a Confederação de Turismo escolheu Coimbra para assinalar a data com a realização de uma conferência no Convento São Francisco e onde está prevista a presença de Marcelo Rebelo de Sousa e Pedro Siza Vieira, entre outros convidados

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Este especial faz parte integrante do DIÁRIO AS BEIRAS de 27 de setembro de 2021 e não pode ser vendido separadamente


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edição António Alves

“Turismo para um crescimento inclusivo” é o tema de 2021 do turismo”. “Não deixaremos ninguém para trás”, frisou na mensagem. Segundo Zurab Pololikashvili, “trabalhar para o crescimento inclusivo significa fazer com que todos apoiem uma visão melhor para o turismo”. E explicou porquê: “só assim, o reinício do turismo pode chegar às pessoas e comunidades que mais precisam agora e construir as bases para um futuro melhor para todos”. Por outro lado, é reforçada a mensagem de que o turismo é um pilar reconhecido da grande maioria dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), em especial dos objetivos 1 (combate à pobreza), 5 (igualdade de género), 8 (trabalho digno e crescimento económico) e 10 (reduzir as desigualdades). O Dia Mundial do Turismo é comemorado desde 1980.

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111 A edição 2021 do Dia Mundial do Turismo é dedicada ao tema do “Turismo para um crescimento inclusivo”. Segundo o secretário-geral da Organização Mundial do Turismo (OMT), Zurab Pololikashvili, “o nosso compromisso é de que, à medida que o turismo cresce, os benefícios que advêm se fazem sentir a todos os níveis do nosso amplo e diversificado setor, desde a maior companhia aérea à mais pequena empresa familiar”. Na mensagem colocada na página da internet desta organização, o responsável desta entidade recorda que este setor tem sido um dos motores do desenvolvimento económico mundial e, como tal, deixa a garantia de que após a pandemia de covid-19 é hora de “avançar e trabalhar para construir um mundo mais próspero e pacífico através do setor

UM AGROTURISMO DE QUALIDADE enquadrado por um ambiente genuinamente rural

QUEIJOS E IOGURTES BIOLÓGICOS produzidos à mão e em exclusivo com o leite do nosso próprio rebanho

S. Martinho da Cortiça, Arganil | vumba@vumba.pt | www.vumba.pt


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Rita Marques Secretária de Estado do Turismo

Queremos um melhor turismo para os visitantes

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A década iniciou com um choque que mudou o mundo, mas que pode representar também uma oportunidade para construir uma sociedade melhor. Também, com o que passamos, desenvolvemos resiliência, capacidade para enfrentar e recuperar mais rapidamente perante cenários adversos

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ste dia mundial do turismo leva-nos a rever o passado recente e a sonhar com o futuro. Atravessamos tempos desafiantes – em que o mundo mudou – em que passamos a dar mais valor à vida. Todos reconhecemos agora o quão importante é saber viver e decidir na incerteza, ultrapassar o medo, vencer as dificuldades e seguir em frente, acreditando que somos capazes. A pandemia veio destacar a capacidade de enfrentar o desconhecido, gerir na incerteza, de reagir rapidamente, de mitigar os riscos emergentes, os previstos e os imprevistos. Foi nesta incerteza que as empresas se souberam adaptar, que o governo soube responder, que os cidadãos souberam dar o seu melhor. Não foi em vão, pois é com muito agrado que hoje, podemos dizer que enfrentamos o futuro com muito otimismo. Desde 2017 que o setor do Turismo segue a Estratégia ET 2027, que é muito clara nos seus objetivos e metas a alcançar até 2027. Tivemos uma pandemia que nos atrasou, mas não nos demoveu nesse caminho. Efetivamente, esses objetivos saem reforçados no Plano Reativar o Turismo | Construir o Futuro, que lançamos em maio de 2021. Sabemos que os principais ativos do Turismo se mantiveram intactos e que a vontade de viajar e fazer turismo não desapareceu. Mas algumas práticas mudaram e ignorar isso seria um erro que poderia comprometer o desenvolvimento sustentado do setor do turismo em Portugal no médio e longo prazo. O turista de hoje procura experiências mais autênticas, mas simultaneamente preocupa-se com a sua “pegada” nos destinos e nas comunidades que visita. Efetivamente queremos um melhor turismo para os visitantes, mas que também seja mais benéfico para os locais. Daí que os aspetos da sustentabilidade económica, social e ambiental sejam muito importantes na ET2027 e em particular na estruturação dos produtos e dos destinos turísticos, sendo a inclusão um dos seus aspetos mais impor-

tantes. Promover a igualdade de género, a integração de comunidades locais no negócio turístico, a integração de pessoas com dificuldades e de migrantes na força de trabalho, assim a promoção da oferta de produtos turísticos acessíveis, são bons exemplos de inclusão que tivemos a preocupação de promover nas políticas públicas de desenvolvimento do turismo em Portugal. A situação atual leva-nos, também, a refletir sobre a valorização do capital humano no nosso setor. Sendo este um setor de pessoas para pessoas, a sua valorização é fundamental. Os desafios impostos pela crise demográfica fazem escalar a preocupação com a atração e retenção de talento no nosso setor – e no país - assim como com a formação, já que é necessário preparar as pessoas para o duplo desafio da transformação verde e da transformação digital, garantindo a competitividade do setor. Por fim, mas não de somenos importância, o tema da solidariedade internacional. Efetivamente os desenvolvimentos recentes nível mundial mostram que o futuro da humanidade passa por maior colaboração e solidariedade entre países e povos. A década iniciou com um choque que mudou o mundo, mas que pode representar também uma oportunidade para construir uma sociedade melhor. Também, com o que passámos, desenvolvemos resiliência, capacidade para enfrentar e recuperar mais rapidamente perante cenários adversos e, como temos constatado, temos de estar preparados para, em conjunto, e num quadro de cooperação internacional, enfrentar os imprevistos de diversa índole, principalmente aqueles que são um atentado à estabilidade mundial e à nossa própria humanidade.


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“Acreditamos que 2022 será o ano do início da recuperação” DR

Dois confinamentos depois, qual é o estado atual do turismo no Centro de Portugal? O turismo no Centro de Portugal está como as pessoas: a recuperar, depois de um período muito dif ícil em que enfrentaram dois confinamentos. Os efeitos da pandemia fizeram-se sentir de forma clara na atividade turística da região, embora menos do que em outras, mais dependentes de mercados estrangeiros. Houve empresas que fecharam e outras que atravessam dificuldades para conseguirem manter as portas abertas. Ainda assim, encaramos o futuro próximo com grande otimismo.

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Presidente da Turismo Centro de Portugal diz que a recuperação está em andamento

Tal como aconteceu em 2020, o mês de agosto acabou por significar um aumento do número de turistas na região. Sinal de que a recuperação pode estar em andamento? A recuperação está em andamento. Basta sair às ruas das nossas cidades, vilas e aldeias para o comprovar. Embora ainda não tenhamos números finais, sabemos que o verão que agora terminou excedeu as expetativas mais otimistas que tínhamos para esta época. Já o verão de 2020 tinha mostrado resultados muito animadores, por parte dos visitantes nacionais, e esses resultados foram ultrapassados nestes últimos três meses. Entre junho e julho de 2021 tivemos mais cerca de 400.000 dormidas do que em igual período de 2020 e estimamos que em agosto o crescimento tenha ocorrido a um nível semelhante, de acordo com dados preliminares de expetativas de taxas de ocupação dos nossos empresários. Se considerarmos a totalidade dos números conhecidos do ano de 2021 (janeirojulho), a região Centro de Portugal já está a crescer 8,6% em comparação com o ano de 2020. O levantamento das restrições podem ser um sinal positivo para o crescimento do turismo na região Centro? Sem dúvida que sim. A adesão da população à campanha de vacinação, que foi a todos os títulos notável, e as previsões

para a evolução da pandemia, que deverá passar a ser uma doença com um impacto muito menor, permitiu voltarmos a ter uma vida quase normal a 1 de outubro. Isso deixanos antever que o último trimestre deste ano será de franco crescimento e que 2022 será o ano em que regressarão os visitantes dos mercados mais distantes, impulsionando um crescimento na mesma ordem a que estávamos habituados antes da pandemia. A não ser, claro, que a doença nos surpreenda mais uma vez pela negativa.

Já é possível saber quais foram as principais consequências a nível económico da pandemia no setor turístico da região? A pandemia teve um primeiro impacto devastador na atividade turística. O fecho de fronteiras e os longos confinamentos paralisaram por completo o setor. Numa primeira fase, em 2020, algumas empresas mais frágeis economicamente não aguentaram. Muitas fecharam, outras suspenderam a atividade e não reabriram. No entanto, os empresários mostraram uma resiliência notável. A grande maioria arregaçou as mangas, enfrentou a crise de frente e conseguiu sobreviver. Mas precisam urgentemente que as medidas de apoio prometidas pelo Governo cheguem às tesourarias, sob pena de “morrerem na praia” e de não conseguirem fazer face aos compromissos. Paralelamente, e também como consequência da pandemia, as empresas de atividade turística debatem-se com grandes dificuldades de recrutamento. Por toda a região, os empresários queixamse de que não há trabalhadores disponíveis. É um problema real e muito grave, pois por maior que seja a procura de turistas, as unidades de alojamento e os restaurantes não podem funcionar sem trabalhadores. A retoma turística acontecerá em 2022 ou, na pior das hipóteses, em 2023? Acreditamos que 2022 será o ano do início da recuperação. Se as previsões da evolução da pan-

demia se concretizarem, a primavera e a Páscoa já deverão ser épocas quase normais e o verão deverá decorrer com normalidade. Já todos o merecemos! Os visitantes, porque passaram demasiado tempo sem fazerem aquilo que mais gostam, que é viajar; e os empresários, que estiveram demasiado tempo sem faturar.

Que iniciativas tem prevista a entidade regional de turismo até ao final do presente ano para ajudar à recuperação do setor? A campanha para 2022 já está pensada? A campanha para 2022 está a ser pensada e será apresentada no devido tempo. Mas não será muito diferente daquela que temos em curso até ao final do ano e que aposta na promoção e divulgação dos ativos turísticos mais relevantes do Centro de Portugal. Produtos turísticos identitário da região e cada vez mais procurados, como a Natureza e o Turismo Ativo, a Cultura, História e Património, o Turismo Espiritual e Religioso ou a Gastronomia e os Vinhos, continuarão a merecer a nossa maior atenção, lado a lado com uma aposta forte no Lifestyle e nas Novas Tendências, nomeadamente com a promoção do nosso projeto “Work From Centro de Portugal”. O PRR e Portugal 2030 irão ajudar à retoma do setor turístico a nível nacional? Se tal não acontecer, quais são os principais problemas que o presidente da TC deteta nestes dois documentos? Esperamos todos que esses dois pacotes, que são fundamentais para o país, o sejam também para a atividade do Turismo. No caso do PRR, quando foi apresentado, o setor do Turismo estava praticamente ausente da redação do documento, o que motivou fortes críticas. Houve um emendar de mão, entretanto, e o Governo anunciou, em maio, um plano de ação específico para o Turismo, a que chamou “Reativar o Turismo, Construir o Futuro”. Estamos expectantes em saber de que forma se vai materializar, uma vez que, desde então, nada mais foi avançado sobre ele.


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Região Europeia de Gastronomia em 2021

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111 A Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra foi escolhida como Região Europeia de Gastronomia em 2021. Com o mote “A Million Food Stories”, a iniciativa é “um convite para uma agradável viagem através da gastronomia da Região de Coimbra, cheia de história da nossa terra, de estórias das nossas gentes, desde o mar à serra, do urbano ao rural, valorizamos a identidade, a diversidade e a autenticidade do nosso território”. Basta olhar para os pra-

tos colocados no projeto para se perceber que a região é “gastronomicamente muito rica, onde se podem experimentar especialidades completamente distintas à distância de poucos quilómetros. A iniciativa estende-se até aos primeiros meses de 2022, podendo os próximos tempos servirem para os nossos leitores experimentarem estes segredos gastronómicos que tanto têm conquistado os turistas de vários cantos do Mundo.

Leitão da Bairrada

Arroz de lampreia

Lampantana

Chanfana

O ícone bairradino que se tornou geo-símbolo, e cujo sabor galgou fronteiras,é preparado com raça bísara, casta constituída por animais de leite, elegantes, esguios, compridos e de pouco teor de gordura. Recheado com banha, pimenta preta e alho, o Leitão é fechado com “fio do norte”. O forno é bem aquecido, com vides secas das vinhas circundantes, para após duas ardentes horas, saírem para a mesa, cortados em pequenos pedaços quentes, sendo sugerido que a acompanhar este delicioso prato esteja batata frita, laranja e alface fresca. O casamento perfeito para este prato é um Espumante da Bairrada.

O ciclóstomo de aspeto alongado, esguio e a boca semelhante a uma ventosa nasce no rio, desenvolve-se no mar e vem desovar de no novo no rio. O maior rio nascido em Portugal – Mondego – é um dos seus habitats preferido, sendo um dos pratos prediletos de milhares de entusiastas a nível nacional nos primeiros meses de cada ano. Montemor-o-Velho, Coimbra e Penacova são os concelhos onde esta espécie é muito apreciada acompanhada do arroz carolino do Baixo Mondego. Depois de capturada, a lampreia é sangrada, amanhada e marinada durante 12 horas no seu sangue, vinho tinto, alho, cebola e louro.

Conta a história que, aquando da passagem das tropas napoleónicas pela região (durante a 3.ª invasão francesa), a população e as milícias portuguesas envenenaram as águas dos poços, para que não servissem aos invasores, aniquilando assim o exército de Massena. Como era preciso cozinhar a carne de cabra e bode, e à falta de água pura, teria sido utilizado, como recurso, o vinho. Da aliança entre estes dois ingredientes terá resultado um prato de excelência, cujo segredo da confeção e tempero é perpetuado de geração em geração e que deve ser servido em caçoila de barro com batata e verdura cozida.

Tendo chegado ao ocaso da vida, e antes que sucumba por ordem natural, a cabra é imolada e da sua carne, feita pelos seus largos anos, totalmente imersa em bom tinto, adornada com alho e untada com azeite. Este prato é preparado em forno vivo, indo à mesa em caçoilo de barro (preto ou vermelho, dependendo da geografia e tradição do território) acompanhada com batata e grelos, esta iguaria identifica um território e a gente que o povoa, cultiva e domina, sendo mesmo uma das 7 Maravilhas da Gastronomia portuguesa. Miranda do Corvo e Vila Nova de Poiares são os concelhos onde é servido este prato.


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Rabaçal e Queijo Serra

Vinhos

Cerveja de Coimbra

Doçaria conventual

Arte Xávega

Trata-se de um assado no forno, como mandam as escrituras, em que à vítima é rasgado o ventre, e onde é depositado farto recheio: gorduras de porco, presunto, alho, serpão, salsa e louro. Entre batatas escolhidas a preceito é levado ao forno até tostar - crocância reservada a dias especiais. É habitual à mesa em ocasiões especiais, principalmente durante a Páscoa. Góis, Pampilhosa da Serra, Lousã, Soure, Arganil, Condeixa. Vila Nova de Poiares e Penela são os concelhos onde é servida esta iguaria. Em alguns dos concelhos, o cabrito é estonado (escaldado em água a ferver e a pele apenas raspada) em vez de ser esfolado.

Nas Terras de Sicó, o Queijo Rabaçal resulta da mistura de leite de cabra e ovelha, animais criados ao ar livre, com as pastagens da serra. São as pastagens de erva-de-santamaria, um tomilho espontâneo abundante nesta área, que lhe dão o aroma e sabor tão singulares. Nas Terras Altas, o Queijo da Serra provém do leite cru de ovelha, da raça Bordaleira da Serra da Estrela ou Churra Mondegueira, alimentadas dos pastos das encostas da montanha. O Pastor é que tem a competência de escolher o pasto para as suas ovelhas. São dois alimentos de excelência, que oferecem experiências distintas.

Estamos numa região cuja cultura remonta a períodos ancestrais. Uma terra antiga e regida pela natureza, com tradição na lavoura e na pecuária, e onde o cultivo de vinhos está documentado desde o período romano e idade média. Uma terra de costumes caseiros fortes e enraizados, ditados pela vida no campo e pelo destino do seu vinho. O setor vitivinícola na Região (que conta com os Vinhos DOC Bairrada, os Vinhos Beira Atlântico (com a Sub-Região das Terras de Sicó) e os Vinhos DOC Dão) está renovado e os vinhos produzidos são cada vez mais apelativos e os produtores a investir na comunicação das diferenças.

A história da cerveja na região remonta ao século XIX, apesar da incerteza relativamente à instalação do seu fabrico neste período. De 1855 chegam-nos evidências de uma pequena fábrica de cerveja e em 1891 surge a alusão a outra fábrica de cervejas e gasosas, instalada em Coimbra. Em 1924 assistimos a uma viragem, com a transição do fabrico artesanal para a produção industrial e que desde cedo levou a região a render-se ao consumo desta bebida. Dez anos volvidos, foi constituida a Sociedade Central de Cervejas, onde foram criadas as marcas Topázio e Onix, marcas recuperadas depois pela Praxis.

A abundância do açúcar, permitida pela produção na Madeira e no Brasil, fez disparar a criatividade das mulheres que, vivendo uma vida religiosa, dedicavam muito do seu tempo à doçaria. Assim brotaram e se desenvolveram inúmeros doces nos Conventos da região de Coimbra. Pastéis de Santa Clara, Sopa dourada do Convento de Santa Clara, Charcada de Coimbra, Arrufadas de Coimbra, Arroz doce, Manjar branco, Barriga de freira, Pudim de ovos, Lampreia de ovos, Pastéis de Tentúgal, Pastéis de Lorvão, Nevadas, Cavacas, Filhoses são alguns dos inúmeros doces ricos e bem imaginativos.

Nas praias gandaresas, o mar está quase sempre bravo e revolto. Para o “domar”, e desta forma conseguirem pescar, foram criadas as embarcações de arte xávega com caraterísticas singulares: a forma de um crescente de lua, o fundo plano e a proa bastante elevada para suportar o impacto das ondas. Antes de entrarem no mar, os barcos são armados na praia com as redes, sendo depois empurrados para a rebentação das ondas. As possantes juntas de bois, guiadas por adultos e crianças, foram os primeiros meios usados para retirar as redes do mar. Agora, as juntas de bois foram substituídas pelos tratores.

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Cabrito


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José Carlos Alexandrino Presidente da CIM Região de Coimbra

(Re)descobrir os caminhos da Região de Coimbra

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possibilidade de se praticarem atividades como Observação de Aves (Birdwatching), atividades aquáticas, observação do céu noturno, workshops, degustações de produtos locais e valorização dos recursos endógenos que singularizam cada uma das experiências propostas. Tudo isto num total de 700 quilómetros de rotas pedestres que sofreram um reforço das condições físicas de apoio à visitação, para afirmar a Região de Coimbra como um destino turístico de excelência. De forma a dinamizar ainda mais esta rede de percursos pedestres e a gerar mais conteúdos para a continuidade da sua promoção, ao longo de 2021 e 2022 estamos a promover uma série de iniciativas em torno desta oferta, conduzidas por entidades devidamente credenciadas para o efeito, como é o caso do nosso Plano de Caminhadas Temáticas que desde maio deste ano tem vindo a dinamizar esta rede de percursos da Região com uma frequência por norma mensal (mais informações em https://pt-pt.facebook.com/regiaodecoimbraturismo/). Este ano, os interessados ainda terão a oportunidade de se inscrever na Rota do Calcário ( 2 de outubro), no Percurso Interpretativo da Mata da Margaraça ( 16 de outubro) e na Rota de Sicó ( 13 de novembro). Desta forma, estamos também a impulsionar a retoma da atividade turística, promovendo algumas atividades que já são proporcionadas por diversas empresas de animação turística desta Região, gerando maior capacidade atrativa, bem como estimulando ainda a possibilidade dos visitantes aliarem a estas experiências os serviços de alojamento e restauração. Para que o visitante possa planear melhor as suas aventuras por esta rede de trilhos, compilámos a informação num Guia de Percursos Pedestres (disponível em www.visitregiaodecoimbra.pt) que dá destaque aos percursos intervencionados neste projeto, mas engloba muitos outros que nos desafiam a partir à descoberta deste território tão vasto quanto belo. Boas caminhadas pela Região de Coimbra!

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Estamos a promover uma série de iniciativas em torno desta oferta, conduzidas por entidades devidamente credenciadas para o efeito, como é o caso do nosso Plano de Caminhadas Temáticas que desde maio deste ano tem vindo a dinamizar esta rede de percursos da Região com uma frequência mensal

e existe um setor que assume um papel estruturante na economia local e regional, esse setor é o turismo, por ter a capacidade de influenciar todos os outros e vice-versa. Apesar de 2020 ter sido um ano atípico devido à COVID-19, é imperativo apostar na gestão dos destinos para retomar o caminho que estávamos a percorrer e para inovar e trabalhar sobre o turismo do futuro. As entidades de turismo em Portugal revelam que há uma grande expetativa de, nos meses de setembro, outubro e novembro, existir uma procura forte pelo turismo, sobretudo de natureza nos territórios menos massificados. Também a Secretária de Estado de Turismo, Rita Marques, defende que este ano e os próximos serão “os anos dos territórios de baixa densidade”, destacando que “as pessoas vão procurar destinos ligados à natureza, ao ar livre, e viajar em pequenos grupos”. A Região de Coimbra é, sem dúvida, marcada por uma grande variedade de recursos naturais que moldam e diversificam as paisagens desde a zona costeira, à paisagem gandaresa, ao vale do Mondego, passando pela extensa mancha florestal que culmina nas serras. São esses recursos em que nos baseamos para promover a rede de trilhos pedestres, que inclui desde as Pequenas Rotas às Grandes Rotas do Alva, Bussaco e Mondego, proporcionando vários dias de caminhadas e também o usufruto das experiências e serviços disponibilizados pelos agentes turísticos ao longo do território. Hoje, mais que nunca, sentimos necessidade de evasão dos grandes aglomerados e um crescente interesse pela prática de atividades e desporto ao ar livre, em contacto com a natureza e pelos destinos mais autênticos e menos massificados. Esta já é uma das tendências comprovadas de turismo em Portugal. Nos “Caminhos da Região de Coimbra”, além das quatro grandes rotas - a Grande Rota do Alva ( 106 km), a Grande Rota do Bussaco ( 56 km), a Grande Rota do Mondego ( 124 km) e o Caminho Natural da Espiritualidade ( 67 km) -, existe um conjunto de pequenas rotas associadas à


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Jorge Loureiro vice-presidente da AHRESP - Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal

O Turismo precisa das empresas

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Há, no entanto, um gravíssimo problema a montante com que as empresas deste setor se debatem: a escassez de recursos humanos, em quantidade e em qualidade. Por toda a Região Centro, muitos negócios não reabriram por falta de recursos humanos e outros lutam para conseguirem manter a qualidade dos seus serviços, face à dificuldade de recrutamento

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Organização Mundial do Turismo escolheu, como tema para o Dia Mundial do Turismo de 2021, o Turismo para um Crescimento Inclusivo. A mensagem é a de que, em momentos difíceis como aqueles que vivemos neste setor, ninguém deve ser deixado para trás. É, sem dúvida, uma escolha que se adequa aos tempos atribulados que esta atividade atravessa desde o início da pandemia e que, na perspetiva dos empresários da hotelaria e restauração, estão ainda longe de ser ultrapassados. É certo que assistimos a sinais de retoma animadores, no país e na Região Centro. O interesse pela região por parte dos visitantes nacionais ficou bem patente neste verão, com boas taxas de ocupação hoteleira e de restauração. Os mercados externos começam também a dar sinais de recuperação. Do ponto de vista da procura, por isso, tudo indica que o período mais crítico foi ultrapassado e que se avizinha um período de crescimento. Se não houver surpresas negativas na evolução da doença, os empresários vão conseguir superar a Covid-19 e regenerar o tecido empresarial, profundamente afetado por dois anos de crise profunda. Há, no entanto, um gravíssimo problema a montante com que as empresas deste setor se debatem: a escassez de recursos humanos, em quantidade e em qualidade. Por toda a Região Centro, muitos negócios não reabriram por falta de recursos humanos e outros lutam para conseguirem manter a qualidade dos seus serviços, face à dificuldade de recrutamento. É uma dificuldade identificada há muito pela AHRESP, mas que se agravou com a pandemia e que está no topo das preocupações dos empresários. Sem trabalhadores, não é possível exercer a atividade turística. Este não é, todavia, o único problema do setor. A falta de regras claras e o atraso na disponibilização de apoios são também dificuldades que desmotivam os empresários. Dou um exemplo: o Governo apresentou

em maio, com pompa, um Plano de Ação “Reativar o Turismo, Construir o Futuro”, que nasceu com o objetivo de incentivar a retoma turística. Na altura, foi anunciado que um dos vetores desse Plano de Ação seria o apoio imediato às empresas ao nível financeiro, através de instrumentos flexíveis e adaptados às exigências do momento. Mas na verdade, quatro meses depois, nada se sabe ainda sobre a concretização destas intenções. As empresas não sabem nem quando, nem como vão poder contar com este plano. Coimbra recebe, neste Dia Mundial do Turismo, a Cimeira do Turismo, que conta com a presença do Presidente da República e que tem como tema “Retomar o Crescimento”. Saúdo a escolha da cidade como palco de tão importante evento, com a esperança de que, ao final do dia, as empresas do setor tenham razões para se sentirem mais confiantes para o futuro.


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