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prestação de serviços A Previdência Portuguesa na saúde
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A APP aposta fortemente na promoção da saúde e na prevenção da doença
A Previdência Portuguesa disponibiliza um serviço de qualidade na promoção da saúde e dos cuidados primários no âmbito da medicina geral e familiar, integrando-se assim no sector social.
APP possui a Clínica Previdência Saúde, que tem desenvolvido um trabalho contínuo, por forma a dar resposta célere aos seus Associados e familiares, bem como aos parceiros de economia social, complementando o S.N.S. Durante o ano 2021, o número de consultas e atos clínicos superou substancialmente as expectativas em mais de 10 áreas clínicas.
Sendo A Previdência Portuguesa uma entidade de economia social, para além da Clínica Previdência Saúde, detém a Clínica Fernando Albergaria, que atua na área da medicina do trabalho, contribuindo para a saúde no trabalho, dispondo de um leque alargado de serviços entre os quais consultoria e assessoria às empresas.
A nível nacional, a Instituição conta com uma rede de protocolos, que beneficiam os seus Associados, tendo estes à sua disposição cerca de meia centena de parcerias na área da saúde.
A Previdência Portuguesa - Clínica Previdência Saúde e Medicina do Trabalho
Morada Rua da Sofia, 193 3000-391 Coimbra
Contatos Telefone: 239 828 055/6 Email: geral@aprevidenciaportuguesa.pt Site:aprevidenciaportuguesa.pt
Serviços/Valências
Clínica Previdência Saúde:
• Medicina Geral e Familiar • Serviços de Enfermagem • Psicologia • Podologia • Terapia da fala • Fisioterapia Serviços/Valências • Medicina Dentária • Urologia • Nutrição • Urologia • Psiquiatria • Yoga
Acordos
Clínica Previdência Saúde
• RedeMut; • Mutuália • Clínica Fernando Albergaria • Laboratórios de análises clínicas - Unilabs - Germano Sousa - Beatriz Godinho - Synlab - Dra. Luisa Frazão
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Aexecução orçamental do Serviço Nacional de Saúde (SNS) registou, em 2020, um saldo negativo de 292 M€. Apesar do crescimento da receita, essencialmente justificado pelo aumento de transferências do Orçamento do Estado (OE), que representaram 96,5% da receita total do SNS em 2020, o ritmo de crescimento da despesa coloca desafios de sustentabilidade financeira que importa ponderar no quadro da política orçamental e da gestão eficiente dos recursos financeiros alocados ao SNS, de acordo com um relatório do Conselho das Finanças Públicas. A despesa do SNS em percentagem do Produto Interno Bruto (PIB) atingiu o valor máximo de 5,66% do PIB em 2020, refletindo o impacto da pandemia covid-19, que provocou uma forte contração da economia portuguesa (-5,4% do PIB nominal) e um crescimento mais acentuado da despesa do SNS (+6,8%). A despesa corrente do SNS totalizou 11.191 M€ (+5,9% que em 2019) e a despesa de capital representou 2,3% da despesa total. Cerca de 99% da despesa corrente está concentrada nas rubricas despesas com pessoal (41,8%), fornecimentos e serviços externos (36,9%) e compras de inventários (20,0%). O efeito financeiro imediato dos défices do SNS, os quais representam um desequilíbrio económico persistente, é a existência de dívida a fornecedores externos, a qual ascendia a 1.516 M€ no final de 2020. Mais de 3/4 das entidades (42) apresentam um prazo médio de pagamentos superior a 60 dias, contrariando as disposições legais neste âmbito sobre os atrasos no pagamento por parte de entidades públicas prestadoras de cuidados de saúde.
Atividade assistencial às covid-19 e a doentes não-covid-19 O acompanhamento da atividade assistencial não-covid-19 e a sua coexistência com as necessidades assistenciais decorrentes da pandemia tem sido uma das preocupações essenciais do Ministério da Saúde.
Centros de Saúde Relativamente à atividade assistencial nos Cuidados de Saúde Primários, os
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dados (provisórios) acumulados a junho de 2021, face a junho de 2020, demonstram que foram feitas mais 3.451.439 consultas médicas totais (+ 23,3%) e que, no mesmo período, face a junho de 2019, esse aumento foi de 2.307.756 consultas (+14,5%). Foram também registados aumentos nas consultas de enfermagem e de outros técnicos de saúde.
Hospitais Nos Cuidados de Saúde Hospitalares, os dados (provisórios) acumulados a junho de 2021, face a junho de 2020, demonstram que foram feitas mais 911.708 consultas médicas totais (+17,0%). Os mesmos dados revelam que foram realizadas mais 94.687 cirurgias (+37,0%). Destaca-se, ainda, que, mesmo face ao primeiro semestre de 2019, a atividade assistencial hospitalar do primeiro semestre de 2021 revela já uma ligeira recuperação, com um aumento de 12.568 consultas médicas e de 457 intervenções cirúrgicas.
Rastreios oncológicos É também assinalável a evolução de atividade no âmbito dos três rastreios oncológicos de base populacional (mama, colo do útero e cólon e reto), com o aumento generalizado das taxas de cobertura geográfica ao nível dos Agrupamentos de Centros de Saúde e suas Unidades Funcionais. Destaca-se, no primeiro semestre de 2021 face ao mesmo período de 2020, o aumento de utentes convidados (cancro da mama com mais 124 963 mulheres convidadas, cancro do colo do útero com mais 41 391 mulheres convidadas, e cancro do cólon e reto com mais195 547 utentes convidados) e de utentes rastreados (cancro da mama com mais 84 379 mulheres rastreadas, cancro do colo do útero com mais 44 800 mulheres rastreadas, e cancro do cólon e reto com mais 78 924 utentes rastreados). Considerando que em janeiro e fevereiro de 2021 se observaram os números mais elevados de necessidade de utilização dos recursos do SNS para tratamento de doentes covid-19, os dados aqui referidos demonstram, claramente, o percurso de recuperação efetuado e o alinhamento com a atividade de 2019, ano em que se verificou o mais elevado volume de produção no SNS.
institucional
institucional
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O presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, adverte para a falta de médicos de família a na região Centro. Neste zona, a médio prazo, com a previsível reforma de clínicos, haverá a 300 000 utentes sem médico de família. O dirigente da SRCOM defende que “sem profissionais qualificados não há Serviço Nacional de Saúde”
Carlos Cortes, presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos
A região Centro, à semelhança de outras regiões do país, está a ser afetada pela falta de médicos?
O Serviço Nacional de Saúde (SNS) continua a ter um enorme valor na resposta em cuidados de saúde. Foi uma das maiores conquistas da nossa democracia e continua a ser um fator fundamental para a coesão social. É um instrumento de equidade e, claro, de apoio a quem precisa de cuidados de saúde de qualidade. Infelizmente, atravessa, desde há vários anos, múltiplas dificuldades que têm prejudicado a sua atividade. A carência de recursos humanos é uma delas, sobretudo de médicos especialistas para os centros de saúde e hospitais. O Ministério da Saúde não sabe nem quer planear. Não conhecemos quais as necessidades nas várias especialidades médicas e quais os locais mais carenciados. Parece que o Ministério da Saúde trata destes assuntos de forma opaca, desorganizada sem um fio condutor. Estes processos requerem uma intervenção antecipada e muita transparência. A única intervenção visível do Ministério da Saúde é lamentar-se perante vagas que não são ocupadas em concursos que não respondem às necessidades do País. Como se explica que, em locais altamente carenciados - em Aveiro, Viseu e Leiria, a título de exemplo - o ministério não tenha aberto as vagas necessárias para dar resposta aos utentes sem médico de família quando, inclusivamente, os recém-especialistas de Medicina Geral e Familiar demonstraram vontade de ocupá-las?
A falta de médicos de família tem aumentado?
Na região Centro há perto de 160.000 utentes sem médico de família. Mais preocupante ainda é o facto de 200.000 utentes terem um médico de família com mais de 65 anos, o que significa que, se nada for feito, serão mais de 300.000 utentes a não terem médico de família nos próximos anos. Com os médicos que em breve se irão reformar e, por outro lado, a dificuldade da sua fixação no SNS, será necessário contratar perto de 200 médicos para toda a região Centro a médio prazo. Há locais muito carenciados como o Agrupamento de Centros de Saúde (ACeS) do Baixo Vouga (distrito de Aveiro) e o ACeS Pinhal Litoral (distrito de Leiria), respetivamente 35.000 e 40.000 utentes sem médico de família e, ainda, Viseu, com perto de 10.000 utentes sem médico de família. Curiosamente, foram estes os locais em que o Ministério da Saúde abriu menos vagas para fixar médicos tendo em conta as necessidades. Em Viseu não abriu qualquer vaga! É incompreensível que o Ministério não aproveite a vontade dos médicos em se fixarem no SNS em locais carenciados.
Faltam também especialistas hospitalares? Pode afetar as urgências?
Os serviços de urgência da região Cen-
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O presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, adverte para a falta de médicos de família a na região Centro. Neste zona, a médio prazo, com a previsível reforma de clínicos, haverá a 300 000 utentes sem médico de família. O dirigente da SRCOM defende que “sem profissionais qualificados não há Serviço Nacional de Saúde”
tro têm graves carências de recursos humanos, em médicos de medicina interna, ortopedia, ginecologia/obstetrícia, cirurgia, isto é, das especialidades nucleares de uma Urgência, mas também de todas as outras que lhe dão apoio. Este cenário não começou em junho deste ano. Existe há anos e tem tido um crescimento muito preocupante. O Serviço de Urgência não é um problema em si, é o reflexo de todas as dificuldades que o SNS tem apresentado e que se manifestam de forma mais evidente nesta área sensível dos hospitais.
Portugal é dos países da OCDE que mais utiliza a urgência hospitalar. Segundo o último relatório de 2011, Portugal estava no primeiro lugar com 70,5 episódios de urgência por 100 habitantes, muito à frente do segundo país, Espanha, e com o dobro de episódios da média da OCDE. Temos mais de cinco milhões de episódios de urgência anualmente, 45% das quais podiam não ter necessidade de recorrer ao hospital. O Ministério tem demonstrado uma preocupante incompetência em resolver.
A Ordem sabe como está o processo da nova maternidade de Coimbra?
Não temos nenhuma informação, não é pública e nem os profissionais do CHUC a têm. Não é uma crítica, é uma constatação. A crítica dirige-se a quem atrasou este processo durante décadas e que tem prejudicado a resposta às grávidas e aos recém-nascidos. Apesar da escassez de recursos, em profissionais, meios técnicos e instalações, temos uma dispersão de meios em duas maternidades que prejudica uma resposta eficiente a quem recorre às maternidades. Com o passar dos anos, as maternidades são cada vez mais antigas, os projetos arrastam-se à espera da nova maternidade e a escassez de médicos ginecologistas, obstetras, neonatalogistas, pediatras, anestesiologistas amplifica ainda mais todos os problemas. Na formação médica, alguma coisa pode ser alterada?
Há uma muito importante: o Ministério da Saúde perceber que a formação médica é um investimento para o País. Se o ministério dotar os hospitais e os centros de saúde das condições adequadas, terá mais especialistas formados com a qualidade necessária. Se a tentação do Ministério da Saúde for ter mais médicos independentemente da sua qualidade formativa nunca terá o apoio da Ordem dos Médicos. O SNS precisa de especialistas, precisa de diferenciação, precisa de uma medicina qualificada. O País não precisa de leis feitas sobre pressão para permitir que os Médicos de Família sejam substituídos por médicos não especialistas ou médicos especialistas em qualquer outra área. Foi o que aconteceu em junho com a publicação da lei do Orçamento Geral do Estado. No limite, a Lei permite que um utente idoso seja atendido por um médico sem especialidade ou por um anatomopatologista ou por um pediatra. É do tipo “qualquer coisa serve”. Esta lei constitui um retrocesso de mais de 40 anos nos cuidados de saúde primários.
A qualidade da formação médica em Portugal é reconhecida?
A exigência formativa é um dos atributos do SNS. Sem profissionais qualificados não há SNS. O SNS não é somente feito de edifícios, máquinas e camas. Mesmo acrescentando gestores também não funcionaria. O seu ativo mais importante e valioso são os seus profissionais com elevada e exigente qualificação. Da minha parte, se a opção política do Ministério for a do facilitismo e da criação de médicos sem qualidade formativa, essa terá a minha oposição frontal.
A covid-19 está ainda a afetar a capacidade dos hospitais?
Uma pandemia afeta sempre a capacidade de resposta, seja qual for a sua fase. Já não vivemos momentos como no início deste ano ou do anterior. Mas os hospitais e centros de saúde ainda têm em vigor um nível de alerta que obriga à manutenção de circuitos e de cuidados específicos desta pandemia. A pandemia tornou-se endémica e é essa adaptação que ainda falta fazer. Há precauções já desnecessárias. Devíamos encontrar uma maior normalidade para a nossa rotina sem esquecer ensinamentos importantes, entre os quais a higienização das mãos e a utilização da máscara em caso de sintomas respiratórios.
O que diria à ministra da Saúde que é urgente mudar? Há três áreas essenciais em que a Ministra da Saúde terá de intervir. A mais importante será a área dos recursos humanos. É preciso valorizar os profissionais que trabalham no SNS de modo a que se possam fixar e atrair outros. É preciso dotar os centros de saúde e hospitais de condições adequadas para os médicos e outros profissionais poderem trabalhar e dar cuidados adequados aos seus doentes. Para isso, além da revisão da carreira médica também é importante uma boa planificação, sabendo conjugar as opções dos médicos com a abertura de vagas em zonas carenciadas. São três áreas urgentes. |Dora Loureiro
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Desde o início da pandemia, em 3 de março de 2020, morreram 4.467 pessoas na área de intervenção da Administração Regional de Saúde do Centro (ARS Centro). Segundo Rosa Reis Marques, presidente da ARS Centro, o próximo plano de vacinação covid-19 está ser delineado e prevê uma necessidade de vacinação de cerca de 52.500 inoculações/semana
Rosa Reis Marques, presidente da Administração Regional de Saúde do Centro
Relativamente à região Centro, e até ao momento, qual o número de casos positivos registados desde o início da pandemia? E qual o número de mortes?
Até ao dia 27 de junho de 2022, foram registados 811.553 casos de covid-19 na Região de Saúde do Centro desde o início da pandemia, a 3 de março de 2020. O número total de óbitos verificado no mesmo período foi de 4.467, dos quais 1.650 registaram-se em utentes de Estrutura Residencial para Pessoas Idosas.
Qual o número de internamentos efetuados desde o início da pandemia?
O número de internamentos covid-19 nos hospitais da Região de Saúde do Centro foi de 8.038 em 2021. Este ano, no primeiro semestre, registaram-se 6.032 internamentos.
Quantas vacinas foram administradas até agora e qual percentagem da população abrangida?
A taxa de execução na região Centro é de 81%, tendo sido administradas cerca de 1.412 da 1.ª dose de reforço. Relativamente à 2.ª dose de reforço, a taxa de execução para maiores de 80 anos, é de cerca de 63%, ou seja, cerca de 117 vacinados.
Foram detetadas algumas reações adversas à vacina? Quais e com que consequências?
As reações adversas são reportadas diretamente ao INFARMED ou pelo profissional de saúde ou pelo utente, via sistema de farmacovigilância.
No que respeita ao processo de vacinação quantos profissionais estiveram envolvidos no processo?
Durante a pandemia, de uma forma direta ou indireta, estiveram envolvidos todos os profissionais de saúde da Administração Regional de Saúde do Centro (ARS Centro) no processo de vacinação.
Onde e como vai decorrer o processo de vacinação a partir de agora?
O plano está ser delineado de acordo com as linhas orientadoras da Direção-
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Desde o início da pandemia, em 3 de março de 2020, morreram 4.467 pessoas na área de intervenção da Administração Regional de Saúde do Centro (ARS Centro). Segundo Rosa Reis Marques, presidente da ARS Centro, o próximo plano de vacinação covid-19 está ser delineado e prevê uma necessidade de vacinação de cerca de 52.500 inoculações/semana
Geral de Saúde (8 junho). Vai decorrer de acordo com o processo de agendamento local e central. Consultadas as CIM (comunidades intermunicipais) correspondentes à ARS Centro e face aos objetivos nacionais, foi apurada uma necessidade de vacinação de cerca de 52.500 inoculações/semana. O dispositivo até ao início do processo de vacinação do Plano Outono-Inverno está a ser montado, de modo a que a partir de 5 de setembro seja iniciada a vacinação conjunta gripe e covid-19 às ERPIS e cidadãos com + 80 anos. A partir de 15 de setembro a vacinação ocorrerá com abertura casa aberta com senhas para profissionais e saúde/ERPI/ RNCCI, iniciando-se a vacinação de +70 a 30 de setembro +65 a 31 de outubro, prevendo-se finalização da campanha a 30 de novembro do corrente ano.
| José Armando Torres
2021
Mês
Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro
TOTAL
2021
N.º de casos
3074 1665 298 213 169 84 235 351 272 303 501 873
8038
2022
Mês
Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho
TOTAL N.º de casos
1213 1205 1062 831 1001 720
6032
2022
institucional
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ensino Ensino secular na área da Saúde em Coimbra
Oensino na área da saúde em Coimbra é quase tão antigo como a própria universidade de local que, desde os primeiros tempos, contou com a criação de uma faculdade de medicina. Até 1825, manteve-se como única escola médica no país, altura em que foram criadas as Escolas Médico-Cirúrgicas de Lisboa e do Porto, que passam a faculdades no ano de 1911, aquando da criação das respetivas universidades.
Em finais do século XVI, surge na Universidade de Coimbra (UC) o ensino farmacêutico, que tem como um dos principais marcos da sua história a criação da Escola de Farmácia (1836) e a fundação da Faculdade de Farmácia, mais recentemente (corria o ano de 1921).
Em 1902, o ensino farmacêutico foi pela primeira vez considerado como ensino superior. A reforma desse ano uniformizou a formação dos farmacêuticos tendo eliminado a dupla via de acesso à profissão pela Escola de Farmácia.
A Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação é uma das mais recentes unidades orgânicas da Universidade de Coimbra. As origens históricas da FPCEUC datam de 1911/12, quando, no âmbito do Curso de Filosofia da Faculdade de Letras e do Curso de Habilitação ao Magistério Primário começou a ensinar-se pela primeira vez, na Universidade de Coimbra, a Pedagogia e a História da Pedagogia. No ano letivo de 1976/77 começou a funcionar, pela primeira vez em Coimbra, o Curso Superior de Psicologia, tendo como sede provisória a Faculdade de Letras. Em outubro de 1985, a Faculdade transitou para as atuais instalações, na Rua do Colégio Novo, exercendo hoje as suas atividades pedagógicas e científicas, em três edifícios.
Já a história da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC) começa em 1881, o que faz dela a mais antiga escola de enfermagem a funcionar Portugal (comemorou em 2021 140 anos de formação).
De resto, a Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (que foi criada em 2004), resulta da fusão das duas escolas que existiam em Coimbra: a
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Ensino secular na área da Saúde em Coimbra
Escola Superior de Enfermagem Dr Ângelo da Fonseca (que surgiu em 1881) e a Escola Superior de Enfermagem de Bissaya Barreto, que foi criada por portaria do Governo de 1971, como serviço oficial do Ministério da Saúde e Assistência, dotado de autonomia técnica e administrativa, para funcionar junto ao Centro Hospitalar de Coimbra, cujas necessidades de pessoal de enfermagem lhe competiria satisfazer, quer ao nível de enfermeiros generalistas, quer de enfermeiros especialistas.
Relativamente, à Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra (ESTeSC), o seu percurso data de 1961, nos designados Centros de Preparação de Técnicos e Auxiliares dos Serviços Clínicos. Em 1980, foram reconvertidos em Centros de Formação de Técnicos Auxiliares dos Serviços Complementares de Diagnóstico e Terapêutica e, dois anos mais tarde, uma nova reestruturação originou a Escola Técnica dos Serviços de Saúde de Coimbra.
A integração no Ensino Superior Politécnico e a adoção da designação atual dá-se em 1993, passando a fazer parte do Instituto Politécnico de Coimbra a 21 de julho de 2004.
Atualmente, estudam nestes quatro estabelecimentos de ensino 8.134 alunos, divididos pela Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (2.821), Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (2.062), Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra (1.628) e Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra (1.623).
Ao longo dos tempos, estas quatro instituições de ensino foram evoluindo, sofreram reformulações, mudaram de instalações e adaptaram-se às novas realidades, mantendo contudo uma elevada preocupação com a qualidade de formação, acompanhando e avaliando as necessidades dos seus alunos na procura da melhor oferta formativa.
No próximo ano letivo, todas mantêm (e aumentam até) um vasto leque de opções formativas nos vários graus de ensino para os milhares de alunos que, a cada ano, fazem parte das respetivas comunidades académicas, auxiliados por um corpo docente especializado, com aulas em modernas instalações e currículos que acompanham a atualidade.
| José Armando Torres
ensino
ensino
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São 8134 os alunos que, do momento, estudam na Escola Superior de Enfermagem de Coimbra, Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra (ESTeSC) e faculdades de Farmácia e de Medicina da Universidade de Coimbra
ESEnfC
Ahistória da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC) remonta a 1881, o que a torna assim na mais antiga escola de enfermagem em Portugal – comemorou em 2021 140 anos de formação. Segundo dados relativos a 31 de dezembro de 2021, tinha 2.062 estudantes, 71% na licenciatura em Enfermagem (1.472) e os restantes distribuídos por cursos de pós-graduação (215) e de mestrado (375). O corpo docente da ESEnfC é constituído por 96 professores de carreira (80% doutorados, 60% dos quais doutorados em Enfermagem) e tem a colaboração de mais 131 docentes a tempo parcial, enquanto o corpo técnico tem 94 funcionários, entre assistentes operacionais, assistentes técnicos e técnicos superiores. Com quatro novidades, no próximo ano letivo 2022/2023 a oferta formativa da escola contempla licenciatura em Enfermagem e pós-graduações em Enfermagem Gerontogeriátrica (nova), Tratamento de feridas, Enfermagem do trabalho, Supervisão clínica e Gestão de unidades de saúde. Relativamente a mestrados, existem nas áreas de Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica, Enfermagem Comunitária-Área de Enfermagem de Saúde Comunitária e de Saúde Pública, Enfermagem ComunitáriaÁrea de Enfermagem de Saúde Familiar, Enfermagem de Saúde Materna e Obstétrica, Enfermagem-Área de Gestão de Unidades de Cuidados, Enfermagem de Reabilitação, Enfermagem de Saúde Infantil e Pediátrica, Enfermagem Médico-Cirúrgica-Área de Enfermagem à Pessoa em Situação Crítica (novo), Enfermagem Médico-Cirúrgica-Área de Enfermagem à Pessoa em Situação Paliativa (novo). A última das novidades para o próximo ano letivo é o Doutoramento em Enfermagem, que resulta de uma parceria estabelecida com a Universidade de Coimbra. Atualmente, a ESEnfC dispõe de três polos (dois em Santo António dos Olivais e um em São Martinho do Bispo), duas bibliotecas, um arquivo histórico, laboratórios, um Centro de Simulação de Práticas Clínicas e um Centro de Estudo e Promoção do Bem-Estar (de acesso exclusivo à comunidade educativa, para prática de atividade física).
| José Armando Torres
ESTeSC
Otrajeto evolutivo da Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra (ESTeSC) iniciase no ano de 1961, nos designados Centros de Preparação de Técnicos e Auxiliares dos Serviços Clínicos. Reconvertidos em 1980, em Centros de Formação de Técnicos Auxiliares dos Serviços Complementares de Diagnóstico e Terapêutica, sofreram, dois anos mais tarde, nova reestruturação, que originou a Escola Técnica dos Serviços de Saúde de Coimbra. A integração no Ensino Superior Politécnico e a adoção da designação atual dá-se em 1993, passando a fazer parte do Instituto Politécnico de Coimbra a 21 de julho de 2004. Atualmente, compõem a ESTeSC 1.628 estudantes (1.413 alunos de licenciatura), 108 docentes e 34 profissionais não docentes. A oferta formativa da escola para o próximo ano letivo está dividida por oito licenciaturas (Audiologia, Ciências Biomédicas Laboratoriais, Dietética e Nutrição, Farmácia, Fisioterapia, Fisiologia Clínica e Saúde Ambiental) e seis mestrados (Educação para a Saúde, Europeu em Ciências Biomédicas Laboratoriais, FarmáciaEspecialização em Farmacoterapia Aplicada, Fisiologia Clínica-Especialização em Ultrassonografia Cardíaca e Função Vascular/Especialização em Fisiopatologia do Sono e Ventilação Não Invasiva/Especialização em Eletroencefalografia Aplicada, Fisioterapia-Especialização de Avaliação e Aplicação Clínica do Movimento e Imagem Médica e Radioterapia). A Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra lecionará ainda 12 pós-graduações, nomeadamente, em Bacteriologia clínica: do diagnóstico laboratorial à terapêutica; Bioquímica e hematologia: do laboratório à clínica; Ciência de dados aplicada à saúde; Dispositivos médicos; Eletroencefalografia; Estilos de vida, Literacia para a saúde & sustentabilidade; Integração sensorial; Investigação clínica; Nutrição, alimentação coletiva e restauração; Patologia digital e inteligência artificial e ressonância Magnética Estarão ainda disponíveis no próximo ano letivo na oferta formativa da escola 20 cursos de microcredenciação.
J.A.T.
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FFUC
Oensino farmacêutico na Universidade de Coimbra (UC) é multissecular – remonta aos finais do séc. XVI -, tendo como principais marcos da sua história a criação da Escola de Farmácia (1836) e a fundação da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra (FFUC), em 1921. De então para cá, foi evoluindo, sofreu reformulações e reorganizações até à atualidade, com a última mudança de instalações a datar de 2009 da Faculdade de Farmácia para o Polo 3 da UC, para uma construção edificada de raiz, dedicada ao ensino e investigação farmacêutica. O leque de competências endógenas, a qualificação do seu corpo docente e as instalações integradas no Polo das Ciências da Saúde conferem condições de excelência para a implementação de atividades de formação no âmbito das Ciências Farmacêuticas e Tecnologias da Saúde, o mesmo sucedendo relativamente ao desenvolvimento de trabalhos de investigação de nível internacional. A Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra aposta na formação teórica e prática e multidisciplinar dos seus estudantes, conferindo-lhes competências diferenciadas e aptidões científicas e técnicas aplicáveis em vários setores da saúde. Nesta altura, a oferta formativa faculdade contempla licenciaturas em Ciências Bioanalíticas e Farmácia Biomédica, mestrado integrado em Ciências Farmacêuticas e mestrados em Análises Clínicas, Biotecnologia Farmacêutica, Farmacologia Aplicada, Tecnologias dos Medicamento, Química Farmacêutica Industrial e Segurança Alimentar. A FFUC tem ainda disponível a pós-graduação em Medicamentos e Produtos de Saúde à Base de Plantas e o GEDIS (Curso de Especialização em Gestão e Direção em Saúde), este em colaboração com as faculdades de Medicina e Economia da UC. Com 1.623 estudantes, 59 docentes com contrato permanente e 36 docentes convidados, a par da oferta formativa, a faculdade desenvolve investigação multidisciplinar em áreas estratégicas das Ciências Farmacêuticas, participando em diversos projetos de I&D nacionais e internacionais.
J.A.T.
FMUC
Criada em 1290 pelo rei D. Dinis, a Universidade de Coimbra (UC) é a mais antiga de Portugal e uma das mais antigas da Europa, contando desde a sua fundação com uma faculdade de medicina. A Faculdade de Medicina da UC (FMUC) manteve-se como única escola médica de Portugal até 1825, altura em que foram criadas as Escolas Médico-Cirúrgicas de Lisboa e do Porto, transformadas em faculdades em 1911, aquando da criação das respetivas universidades. Tem atualmente 2.821 alunos distribuídos pelos cursos Mestrado Integrado em Medicina (2.017), Mestrado Integrado em Medicina Dentária (246), Mestrado de Especialização Avançada (236), doutoramento (212) e Curso Não Conferente de Grau (110). Em relação aos docentes, são 485 (entre doentes de carreira e convidados), para as ofertas formativas de mestrados integrados em Medicina e Medicina Dentária; Formação pós-graduada/Estudos de 3.º Ciclo Doutoramento (Ciências da Saúde e Programa Interuniversitário de Doutoramento em Envelhecimento e Doenças Crónicas); Estudos de 2.º Ciclo/Mestrado (Cuidados continuados e paliativos, Genética clínica laboratorial, Geriatria, Investigação biomédica, Medicina do desporto, Medicina legal e ciências forenses, Neurociências molecular e de translação, Patologia experimental, Psiquiatria social e cultural e Saúde ocupacional). Leciona ainda Cursos de Especialização/Pós-Graduações em Acupunctura; Acupunctura em medicina dentária; Aspetos éticos e sociais em genética clínica laboratorial; Dentisteria operatória e estética; Endodontia; Ética em saúde; Gestão e direção em saúde; Medicina da dor; Medicina do trabalho; Nutrição clínica; Ortodontia; Prática pericial de avaliação do dano corporal, Prevenção da doença e promoção da saúde da mulher e Reabilitação oral protética. Já os Cursos de Formação Avançada são: Como realizar e apresentar revisão sistemática em medicina; Cuidados paliativos não-oncológicos; Envelhecimento ativo e Saudável-Orientações para melhor gestão na saúde e na doença; Estatística com SPSS; Fundamentos e práticas em genética, bioquímica e fisiologia microbianas; Planeamento de trabalhos de investigação. A FMUC tem ainda um pós-doutoramento em Ciências da Saúde.
J.A.T.
ensino
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O presidente da Escola Superior de Tecnologias da Saúde de Coimbra (ESTeSC), Graciano Paulo, realça a qualidade do ensino da escola, fala do percurso feito a caminho da excelência e coloca a formação contínua como uma das áreas estratégicas de crescimento
ensino
Graciano Paulo, presidente da Escola Superior de Tecnologias da Saúde de Coimbra (ESTeSC)
A qualidade do ensino na ESTeSC é motivo de orgulho para a escola?
A qualidade do ensino dos profissionais de saúde em Portugal orgulha o país e deve orgulhar os contribuintes, que devem dar por bem empregue o dinheiro, apesar de ser pouco, que através dos impostos é colocado ao serviço da ciência e do ensino superior lato sensu. No caso concreto da Escola Superior de Tecnologias da Saúde de Coimbra é claramente, nesta área a escola de referência a nível nacional e até internacional, por várias questões, por vários indicadores, várias métricas. É, não só pela qualidade da formação, não só pelo envolvimento internacional que tem em vários projetos, pelas lideranças que tem em vários fóruns. E, portanto, sim, não é possível falar do ensino das tecnologias da saúde em Portugal sem colocar a ESTeSC Coimbra na pole position destas escolas.
Chegar a este patamar exigiu um esforço e investimento contínuos?
O esforço que foi exigido a esta escola e às suas congéneres, desde 1994, foi um esforço titânico. As pessoas não têm a noção do que foi. A escola foi integrada no ensino superior nacional em 1993 - antes eram diretamente geridas pelo Ministério da Saúde - e nessa altura tinha quatro professores em regime de tempo integral.
1994 não foi assim há tanto tempo...
Não foi assim há tanto tempo, de facto. Isso aconteceu para Coimbra, Lisboa e Porto e também para a Escola do Alcoitão, que pertence ao setor social. A construção de uma escola que assenta essencialmente nas pessoas, e neste curto espaço de tempo, volto a dizer, exigiu um esforço titânico. Nós hoje temos
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cerca de 60 professores em regime de tempo integral. Imagine o que é passar de quatro professores na escola para 60? Este é o primeiro esforço titânico. Sem falar da importância estratégica que têm os mais de 120 colaboradores externos à escola, oriundos das mais diversas áreas, como hospitais, centros de investigação ou empresas, que colaboram como assistentes ou professores convidados nas várias formações. Mas os 60 professores da ESTeSC tiveram que em simultâneo desenvolver a escola e desenvolver-se academicamente. Nós passámos de uma escola que praticamente não tinha nenhum doutorado, em 94, para termos neste momento 90% do corpo docente com o grau de doutor, e isso deixa-nos obviamente cheios de orgulho.
Foi mérito dos professores e da escola
É importante destacar que o esforço que foi exigido a estas pessoas foi sobrehumano, porque na maior parte das vezes os docentes têm uma bolsa para fazer o doutoramento e depois regressam. Mas estes professores desenvolveram-se do ponto de vista académico, mantendo as suas funções. São raros os casos, menos de meia dúzia, onde foi possível terem bolsas específicas. De resto, teve de ser a própria escola a encontrar mecanismos de financiamento para apoiar estas pessoas no seu doutoramento. É um caminho do qual nos orgulhamos. A própria sociedade tem que reconhecer o trabalho feito por esses profissionais no sentido de criar uma escola capaz de lecionar um ensino de qualidade, uma qualidade que considero, como costumo dizer, de top mundial. Se eu tivesse agora um filho para formar, com interesse nestas áreas, a primeira escolha seria Coimbra, porque claramente é diferente das outras.
O ensino na área da saúde exige uma vertente prática, colocando também desafios acrescidos à escola, sobretudo tendo em conta o enorme desenvolvimento das tecnologias da saúde?
Essa é uma realidade. Não é uma realidade transversal a todos os cursos - nós temos oito licenciaturas de base - mas à maioria deles. Uma das enormes vantagens que temos - e quero deixar uma nota de agradecimento - são os nossos parceiros de caminhada de formação, sejam hospitais públicos, hospitais privados ou centros de saúde, onde os nossos alunos têm aulas práticas, onde fazem a educação clínica no 4.º ano. Sem a colaboração destas entidades, para desenvolver a componente prática, não seria possível formar estes profissionais, e muito menos formálos com esta qualidade, porque o acesso à tecnologia é extremamente difícil. Um aparelho de Ressonância Magnética custa garantidamente dois milhões de euros, uma escola não pode comprar estes equipamentos pesados.
Esta relação entre a escola e as unidades de saúde é fundamental?
É imperiosa, nós não existimos sem esses parceiros, só assim conseguimos colocar bons profissionais no terreno.
As pessoas acham estranho eu dizer isto, mas a pretensão de uma escola de saúde não é formar profissionais de saúde, mas formar pessoas que têm um kit de ferramentas que os habilita a rapidamente aprender e desenvolver-se em qualquer uma das áreas. Isso é importante, pois as tecnologias são hoje cada vez mais complexas. O desenvolvimento futuro vai colocar novos desafios ao ensino. A escola está preparada para isso? Falo da inteligência artificial, por exemplo... Uma instituição de ensino superior tem que se posicionar, em ligação com O país precisa urgentemente, como um todo, de parar, refletir, repensar as profissões de saúde, mas “ as empresas, para ser proativa naquilo que venham a ser os novos desafios que o desenvolvimento das tecnologias e a prestação de cuidados de saúde vão trazer. A ESTESC tem feito um caminho no sentido de ser proativa, mas ainda temos que dar um passo acima, nalgumas coisas somos muito reativos. Tocou na questão da também repensar inteligência artificial. o caminho da Não tenho dúvida que formação as profissões de que estamos a falar hoje, da área da saúde, não vão ser as mesmas daqui a 20 anos. Eu acho que o país precisa urgentemente, como um todo, de parar, refletir, repensar as profissões de saúde, mas também repensar o caminho da formação. Isto é, o que é que vai deixar de ser feito por pessoas e passa a ser feito por máquinas? Quais são as pro
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fissões ou especialidades que deixam de se fazer sentido?
A ESTeSC vai fazer essa reflexão?
A ESTeSC vai fazê-lo. O desafio é que as oito licenciaturas, até 2024, façam uma reflexão interna sobre o perfil que vai ter o profissional em cada uma dessas áreas, nos próximos 20, 30 anos, e como é que o plano de estudos deve ser reorganizado para fazer face a esses novos desafios. Nós vamos criar internamente um grupo de trabalho para fazer essa reflexão, para propor à Agência de Acreditação e Avaliação do Ensino Superior um novo modelo formativo para estas oito licenciaturas, no sentido de antecipar os desafios futuros. Ninguém está a quer discutir isto, porque vai romper com muitos muros, com muitos interesses instalados.
Mas esse futuro não está assim tão longe?
Não, o futuro foi ontem. O futuro já começou e nós e as nossas congéneres, por circunstâncias várias, porque temos um corpo docente envelhecido, porque o Governo, este e os outros, diz que temos autonomia, mas não temos, não estamos a acompanhar. Se houvesse autonomia teríamos instituições públicas diferentes, concorrenciais, com mais competência, mais exigentes. Neste momento, com este modelo, os mais fortes não conseguem desenvolver-se e os mais fracos estão ao mesmo nível do mais fortes.
Temos que repensar o que formamos e como formamos e como é que nos adaptamos ao novo público que formamos, porque o novo público já não quer salas de aula. O novo público quer outro tipo de interação, não ir à escola ouvir uma sessão de powerpoint ou de vídeo, porque tem acesso a isso em casa.
Por exemplo, na minha opinião, acima de uma certa idade, digamos acima dos 60 anos – mas isso teria que ser estudado, nomeadamente o impacto financeiro -, os professores deviam parar de lecionar e ter outras funções, como as coordenações de mentoria, a orientação dos alunos, fazer seminários, contar experiências, para criar uma nova sociedade com capacidade reflexiva. Porque não se pode entrar na carreira aos 35 anos e aos 66 estar a fazer o mesmo, da mesma maneira.
Está satisfeito com o número de alunos e a dimensão dos cursos que a escola que tem? A escola pretende crescer? Pode ainda crescer?
A resposta a essa pergunta é complicada e vou explicar porquê. Uma escola, infelizmente, não é medida pela qualidade do que tem, é medida pelos números. Quanto mais alunos nós tivermos, mais financiamento temos. E, para ter uma pequena ideia, o dinheiro que o Estado nos dá não chega para pagar os salários, e estou a falar dos salários das pessoas que estão no mapa de pessoal, não falo dos colaboradores externos. O que significa que a escola tem que procurar receita própria, que vem das propinas, taxas, emolumentos
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e prestação de serviços, entre outros, para pagar o resto dos salários e para fazer os investimentos necessários para ter um ensino de qualidade. Como é que eu tenho a receita própria? Tendo mais alunos. O que significa que ou temos mais cursos ou aumentamos o número de alunos por curso. Mas para isso tínhamos que ter instalações...
Que neste momento não têm...
Não temos. Neste momento temos uma comunidade estudantil de cerca de 1400 alunos e dificilmente temos capacidade para aumentar. Depois, quanto a aumentar o número de alunos por licenciatura, acima de um determinado nível isso perturba a qualidade do ensino. Porque naquilo que é teórico até posso ter 500 alunos, mas a componente tecnológica, prática, destas formações é muito grande. E uma coisa é gerir 35 alunos, outra coisa é gerir 50 alunos, sobretudo nos locais de estágio onde só posso ter um ou dois alunos. Portanto, tenho consciência que o crescimento não pode ser vertical em cada um dos cursos. Aliás, nem vai ser, porque saiu uma norma – que não se está a discutir, mas que vai ser terrível - que limita o número de alunos ao definido na acreditação do curso, mesmo incluindo os concursos especiais de acesso, como os maiores de 23, titulares de cursos superiores e mudança ou transferência de curso. Com os concursos especiais admitíamos sempre mais 4 ou 5 alunos do que o limite fixado, mas agora não será possível. Só com esta norma administrativa vamos ter, nas oito licenciaturas, menos 100 alunos por ano.
E como é que a ESTeSC pode crescer?
Ou crescemos em instalações ou crescemos - e acho que é necessário – apostando num modelo de formação contínua, devidamente organizado. E é aqui que nós vamos querer crescer, porque felizmente para a sociedade, os profissionais são conscientes e sabem da importância de fazer formação contínua, que são eles que pagam. Vamos apostar no nosso modelo de formação em micro credenciação - formações de curta duração, até às 60 horas - e vamos avançar fortemente em pós-graduações, com a duração de um semestre, e alguns mestrados.
A grande aposta serão as microcredenciações?
A aposta essencial são microcredenciações, pós-graduações e cursos de especialização para as pessoas obterem competências. É aqui que nós vamos aumentar a nossa oferta formativa. São áreas novas, que não existiam na escola, algumas até são únicas no país. Assim, o crescimento da receita vai ter que ser feito através de uma oferta formativa diferenciada, direcionada para necessidades do mercado, para aquilo que as pessoas, um público adulto, precisam para ganhar competências, e mantendo mais ou menos estável aquilo que é a nossa oferta formativa de base. Para conseguirmos fazer isso, algumas destas formações vão ser em blended learning, ou seja, parte da formação será online e outra parte presencial. A covid-19 veio demonstrar, apesar de todo o estrago que fez à humanidade, em todos os sentidos, que afinal é possível lecionar à distância.
A empregabilidade dos alunos que saem da ESTeSC é satisfatória?
Sim, felizmente, todos os jovens que saem das nossas licenciaturas, se quiserem - há jovens que não querem ir para longe de casa, por exemplo - têm emprego. Nós temos um elevado índice de empregabilidade. Se me perguntar se estou satisfeito com o tipo de empregabilidade que o país oferece aos nossos jovens, é diferente. Infelizmente, o país não tem um modelo que reconheça e recompense quem trabalha mais, que reconheça o mérito. Por isso exportamos centenas dos nossos jovens para países onde são reconhecidos, e estou a falar do setor público.
Está satisfeito com a produção científica na ESTeSC?
Não, não estou satisfeito. A investigação é a essência da escola. O ensino superior tem uma missão que vai para além de ensinar, compete-lhes desenvolver o corpo de conhecimentos específicos da área que forma, e isso faz-se através da investigação, que permite a evolução. Temos um bom caminho a percorrer. Tenho o sonho de termos um centro de investigação acreditado pela FCT, no âmbito da saúde. Temos o LabInSaúde e até ao final do mandato tudo farei para que isto esteja estruturado. Temos vários projetos de investigação internacionais financiados, mas não estou satisfeito, devíamos ter muito mais. O meu sonho é que todos os docentes em tempo integral, nesta casa, tenham o seu nome associado a pelo menos um projeto de investigação. | Dora Loureiro
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O diretor, Fernando Ramos, assume que a Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra (FFUC) é a que mais se diferencia, no país, sobretudo na área da oferta formativa – com duas licenciaturas, um mestrado integrado e seis outros mestrados, um programa de doutoramento com 16 especialidades e três cursos de pós-graduação não conferentes de grau –, mas também nas áreas da investigação e das relações com a comunidade (vulgo, prestação de serviços)
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Fernando Ramos: “O/a farmacêutico/a é um pilar fundamental para o equilíbrio no universo do que é a arquitetura dos agentes de saúde”
O que diferencia a FFUC, hoje?
A FFUC, sendo uma escola de saúde, há já uns anos que começou a incorporar na sua missão a Saúde, para além dos aspetos relacionados apenas com a saúde humana, no âmbito do que em língua inglesa é referido por “One Health” e que em português, apesar de não ser ainda consensual, se pode designar por “Saúde Global / Uma só Saúde”. Ou seja, tratar as questões relacionadas com a saúde de forma global e verdadeiramente holística, reunindo as vertentes da saúde humana, saúde animal e saúde ambiental.
A FFUC é hoje, de facto, a Faculdade de Farmácia do País a que mais se diferencia, sobretudo na área da oferta formativa, mas também nas áreas da investigação e das relações com a comunidade (vulgo, prestação de serviços). Há muito que a FFUC deixou de oferecer só aquele que é, e penso que será sempre, o seu curso core em Ciências Farmacêuticas, primeiro como Licenciatura e, depois das alterações introduzidas pelo designado “Processo de Bolonha” como Mestrado Integrado que garante o acesso à profissão de Farmacêutico/a.
Como caracteriza a oferta formativa?
Hoje [7 de julho], a FFUC oferece aos Estudantes que se vão candidatar ao Ensino Superior, através do Concurso Nacional de Acesso ao Ensino Superior, três cursos: Mestrado Integrado em Ci-
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é a mais diferenciada do país
O diretor, Fernando Ramos, assume que a Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra (FFUC) é a que mais se diferencia, no país, sobretudo na área da oferta formativa – com duas licenciaturas, um mestrado integrado e seis outros mestrados, um programa de doutoramento com 16 especialidades e três cursos de pós-graduação não conferentes de grau –, mas também nas
ências Farmacêuticas; Licenciatura em Ciências Bioanalíticas; Licenciatura em Farmácia Biomédica.
Todavia, a FFUC tem, também, outros Cursos de Mestrado cujas candidaturas podem ser efetuadas diretamente à Universidade de Coimbra (https://www. uc.pt/ffuc/Ensino/mestrados) . Os Cursos de Mestrado com candidaturas abertas são os seguintes:
Mestrado em Análises Clínicas; Mestrado em Biotecnologia Farmacêutica; Mestrado em Farmacologia Aplicada; Mestrado em Química Farmacêutica Industrial; Mestrado em Segurança Alimentar; Mestrado em Tecnologias do Medicamento.
No entanto a oferta formativa da FFUC não se esgota em Licenciaturas e Mestrados. Importante também é o Curso de Doutoramento em Ciências Farmacêuticas, com as suas 14 diferentes especialidades, que englobam diversas áreas do conhecimento no âmbito do conceito “One Health” já atrás referido.
Finalmente importa ainda destacar 3 cursos não conferentes de grau:
Curso de Pós-Graduação em Gestão e Direção em Saúde (em colaboração com as Faculdades de Medicina e de Economia da UC); Curso de Pós-Graduação em produtos de Saúde à Base de Plantas; Curso de Especialização em Plantas Aromáticas e Óleos Essenciais (e-learning).
É consensual que o Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas garante 100 por cento de empregabilidade. E a demais oferta, na FFUC?
Ainda bem que faz essa pergunta porque, sendo verdade o que afirma, o que se constata é que cerca de 70% dos Estudantes, no dia da apresentação/discussão da prova de Mestrado, já tem definida a sua situação laboral. Isto é, antes da conclusão do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas pode-se afirmar que todos têm empregabilidade garantida, sendo que, de facto, temos sempre solicitações de empresas, incluindo empresas internacionais, a querer contratar os nossos finalistas.
Esta empregabilidade é, também, total, e também no curto prazo, no que se refere ao Curso de Doutoramento, sendo que nos restantes Mestrados há uma taxa de empregabilidade na área que varia entre 66% e 75%, após 3 meses da conclusão do Curso. No que se refere aos Licenciados, a grande maioria prefere prosseguir estudos para Cursos de Mestrado, sendo certo que que o número residual de quem não o faz tem encontrado também emprego num prazo até 6 meses, tendo por base os últimos inquéritos. Em conclusão, estudar na FFUC é garantia de emprego. Para além das Escolas de Verão, para o Secundário, que iniciativas tem a FFUC para captação de alunos?
Realmente a Universidade de Verão da UC é a atividade com maior visibilidade em que participamos no âmbito da captação de Estudantes. Todavia não podemos deixar de relevar também a participação, juntamente com as outras Faculdades da UC, nas feiras nacionais como são a Futurália e a Qualifica (UC).
Mas, a nível apenas da FFUC, participamos em Feiras de oferta formativa em Escolas Secundárias e aceitamos visitas “personalizadas” para Escolas Secundárias com atividades diferentes nos nossos Laboratórios orientadas para a
ligação entre o Secundário e Universitário, nomeadamente na área da Saúde. Por outro lado, sempre por marcação prévia, promovemos visitas individuais de potenciais alunos, desde que acompanhados pelos pais, com visita às instalações, informações sobre os diferentes cursos, investigação e outros assuntos, promovendo-se uma conversa com um docente que ocorre sempre dentro de um laboratório. Ainda assim, enviamos material de divulgação para as escolas, quando Cerca de 70% dos Estudantes, no dia da apresentação/ discussão da prova de Mestrado, já tem definida a sua “ solicitado ou quando não podemos estar presentes, com uma atenção especial que dedicamos aos contatos com os serviços de psicologia e de orientação das escolas. Finalmente promovemos anualmente o Dia Aberto da FFUC e divulgamos os nossos Cursos, quer através situação laboral, da comunicação social, como é o caso do podendo afirmar- Jornal “As Beiras” e, se que todos têm last but nor least, não empregabilidade esquecemos a atualigarantida zação permanente da nossa página oficial (https://www.uc.pt/ffuc), bem como a nossa presença ativa nas Redes Sociais. O que está a ser feito, na FFUC, nas áreas das análises e da farmácia biomédica? Agradeço a pergunta porque me permite voltar aos dois cursos de Licenciatura que temos, cujo licenciados têm vindo a fazer o seu próprio caminho, seja prosseguindo estudos em diversos Mestrados, alguns dos quais na FFUC, como é fundamentalmente o caso dos Mestrados em Segurança Alimentar,
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em Análises Clínicas, em Farmacologia Aplicada ou em Tecnologia dos Medicamentos, seja ingressando diretamente no mercado de trabalho. Por força das circunstâncias que vivemos nos últimos dois anos, os Licenciados em Ciências Bioanalíticas e os Mestres em Análises Clínicas “não chegaram para as encomendas”...
Estamos em crer que o papel dos Coordenadores de Curso e das Comissões dos Cursos respetivos, em estreita colaboração com o NEF/AAC, ao promoverem jornadas dedicadas aos cursos referidos, como o “Dia do Bioanalista” e o “Dia da Farmácia Biomédica” têm solidificado estas formações orientadas para estas áreas importantes da saúde. Por outro lado, também o empreendedorismo tem sido alavancado por estas formações e hoje já temos conhecimento da criação de empresas com ex-estudantes destes cursos, decorrentes ou não de projetos de investigação em que estiveram ou estão envolvidos.
Mas isso não nos impede de queremos melhorar os nossos Cursos de Licenciatura, auscultando, para isso, quer a comunidade FFUC (Estudantes, Docentes e Funcionários), quer ex-Estudantes, quer o que se convencionou chamar “mercado”, seja setor público, seja setor Privado. Como caracteriza a aposta da FFUC na área da investigação?
O contributo da FFUC para o avanço da Investigação, a avaliar pelas métricas, concorde-se ou não com elas, permitem, se for usada como medida a publicação de artigos indexados na Web of Science, reconhecer que em 2021 os Professores/Investigadores da FFUC publicaram, em média, 3,93 artigos cada um, sendo 62% em revistas do primeiro quartil Q1 (isto é nas 25% melhores
revistas científicas), 32% em revistas Q2, 5% em Q3 e 1% em Q4. Mas mais, e só a título de exemplo, se usarmos a métrica de Harvard ou de Cambridge (Universidades que lideram os rankings Mundial e Europeu, respetivamente) em que os seus investigadores seniores devem ter, como mínimo, uma média de 5 publicações anuais em revistas Q1, verificamos que 27% dos nossos Professores/Investigadores satisfizeram essa premissa em 2021. Claro que tudo isto só é possível fruto dos projetos de investigação em que os Professores/Investigadores estão envolvidos, assumindo, em muitos deles, o papel de Investigador principal. Usando como medida a publicação de artigos indexados na Web of Science, em 2021 os professores/ “ Em suma, a FFUC é reconhecida, quer a nível da UC, quer a nível nacional, quer também a nível internacional, como um parceiro com quem se deseja trabalhar na área da Investigação. Considera suficientes as fontes de financiamento para a investigação? Quando se trabalha investigadores da em investigação, as fon-
FFUC publicaram, tes de financiamento em média, 3,93 artigos cada são sempre insuficientes, apesar do aumento do financiamento púum, sendo 62% blico que importa reem revistas do conhecer. As empresas primeiro quartil Q1 (isto é nas 25% portuguesas começam agora a investir nesta área e esperemos que melhores revistas possam acompanhar científicas) o investimento público de forma a que se possa conseguir financiamento sustentado para a Investigação Científica. Mas porque é que isso é importante, perguntará o cidadão comum? Dou-lhe um exemplo. Quando comecei a trabalhar em Investigação, um projeto avaliado com Excelente pela então JNICT (hoje FCT - Fundação para a Ciência e Tecnologia) era garantia de financiamento. Imagine-se que, hoje, essa classificação não é garantia de financiamento e mesmo projetos classificados com Outstanding (notá-
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vel) já, algumas vezes, não conseguem financiamento. Por outro lado, os projetos comuns recebem, em regra, financiamento por períodos de três anos e, às vezes, mesmo com a obtenção de excelentes e promissores resultados durante a sua execução, têm, digamos assim, que “fechar portas”. Daí que se assista, felizmente e cada vez mais, a que os grupos com maior projeção se associem a congéneres internacionais e a grandes empresas para concorrerem a projetos Europeus em que o financiamento, substancialmente de maior montante do que os de nível nacional, ocorre durante um maior período de tempo. Mas o esforço despendido, quando não se consegue a aprovação do projeto (o que infelizmente é comum) desgasta toda uma equipa e incentiva a migração dos que são promissores investigadores para grupos que lhe forneçam condições mais estáveis e permanentes, não raras vezes fora do País. Ora, as pessoas, sendo o melhor recurso, na maioria das áreas de atividade, são indispensáveis na investigação. Em Portugal temos que ser capazes de reter o talento que formamos e, para isso, precisamos de financiamento.
Sendo quase toda a investigação científica feita no âmbito de programas de doutoramento, como conciliar com os desígnios de transferência de conhecimento e de cooperação com o tecido empresarial?
Diz bem, mas esquece-se de acrescentar, desde logo, que a FFUC tem um Programa de Doutoramento com empresas. Isto é, um programa em que o financiamento, nomeadamente em recursos humanos, inclui uma parte paga pelas empresas que fazem parte desse programa, bem assim como o facto do trabalho de investigação ser desenvolvimento em ambiente empresarial e académico e sobre temas que, naturalmente, interessam às empresas. Ainda assim, e mesmo nos outros casos em que os Estudantes não fazem parte do Programa atrás referido (e são a maioria), os temas das Teses, sejam os financiados só pela FCT, sejam outros, respondem a problemas concretos ou antecipam soluções para problemas societais emergentes.
A realidade mostra que a transferência de conhecimento ocorre logo durante os trabalhos conducentes ao Doutoramento e, que, muitas vezes, acaba na contratação dos/as Doutorados/as pelas empresas. A FFUC tem muito orgulho na contribuição que está a dar para a contratação de Doutorados pelas empresas o que, pelo menos na minha modesta opinião, é uma excelente forma, para não dizer mesmo a melhor forma, de conciliar a investigação científica com a transferência de conhecimento e de cooperação com o tecido empresarial.
Como avalia a aposta na internacionalização da FFUC?
O trabalho desenvolvido em prol da internacionalização, tem que ser considerado, pelo menos, a 3 níveis, investigação, estudantes e docentes.
A investigação, e aí pelos dados de que disponho e que já referi, a FFUC mantém as suas redes internacionais a funcionar e a trabalhar em pleno, apesar da diminuição dos contactos presenciais nos últimos dois anos, mas que têm vindo a ser paulatinamente recuperados com o intercâmbio de investigadores, sendo previsível que já em 2022 se retome os números de 2019;
Já no que se refere a Estudantes, houve uma diminuição do número de estudantes estrangeiros, se bem que, sobretudo no que respeita a Estudantes ERASMUS neste ano letivo que agora termina, se tenha invertido a curva descendente do ano letivo anterior. Ainda assim, neste ano letivo tivemos 44 Estudantes internacionais, maioritariamente dos países de língua oficial portuguesa (Brasil-10; Angola-5; Cabo Verde-3; Moçambique-3; Guiné Bissau-1 e Timor Leste-1) mas também da Guiné Equatorial, Síria, Líbia, China, Cuba, India e Irão, sobretudo nos diferentes cursos de Mestrado e também no Doutoramento em Ciências Farmacêuticas.
Também o número de Estudantes com origem na FFUC que fazem parte da sua formação fora do País, seja através do programa ERASMUS, seja de outros, tem previsto alcançar os números de 2019 já no próximo ano letivo, senão mesmo ultrapassar esses números;
Já no que respeita a Professores, fruto da possibilidade que as novas plataformas de ensino à distância permitiram, houve um incremento assinável de colaboração de Professores estrangeiros nos nossos cursos, sobretudo de Mestrado e no de Doutoramento, o que possibilitou também que tenha aumentado o número de aulas lecionadas em língua inglesa. Finalmente, importa ainda destacar que tendo sido eleito Presidente da COIFFA (Conferência Iberoamericana de Faculdades de Farmácia) julgo que esse facto não deixa de confirmar que a internacionalização é uma aposta que a FFUC vem perseguindo e prosseguindo.
O que distingue o farmacêutico na arquitetura nacional dos agentes de Saúde? Indiscutivelmente que a resposta a essa pergunta tem por base uma das mais importantes, senão mesmo a mais importante tecnologia de saúde que conhecemos e que tem contribuído para a obtenção do maior número de ganhos em saúde: MEDICAMENTO.
Onde há um medicamento, e de uma forma muito abreviada mas que julgo compreensível por todos, seja na prevenção, no diagnóstico ou na terapêutica, há ato farmacêutico. Ora, se há ato farmacêutico há farmacêutico/a. Dito de uma forma mais simples, e não só a nível nacional, o/a farmacêutico/a é um pilar fundamental para o equilíbrio no universo do que é a arquitetura dos agentes de saúde. |Paulo Marques
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FMUC Excelência no ensino e na investigação
A Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC) tem uma ampla oferta formativa, que atrai muitas centenas de alunos, realça o seu diretor, Carlos Robalo Cordeiro. Na investigação, a FMUC colabora com inúmeros centros nacionais e internacionais. Em 2021 foram publicados mais de 1000 artigos com a afiliação da FMUC
Carlos Robalo Cordeiro, diretor da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra
Como carateriza a oferta formativa da FMUC?
A oferta formativa da faculdade é muito diversa. Tem como componente nuclear a formação dos seus mestrandos nos mestrados integrados de Medicina e de Medicina Dentária. Desde logo, no Mestrado Integrado em Medicina não recebemos apenas os alunos do concurso nacional de acesso. A partir de um acordo com a Universidade de Cabo Verde, recebemos cerca de 20 estudantes por ano, aos quais damos a formação clínica, e fazemos o mesmo com cerca de 30 estudantes que vêm da Universidade dos Açores. Nestas formações, os três primeiros anos são lecionados em Cabo Verde e nos Açores, por docentes nossos, com o apoio de docentes locais, e depois os estudantes vêm para Coimbra. Depois há outros contingentes, por exemplo para os PALOP, o que faz com que tenhamos, no Mestrado Integrado em Medicina, cerca de 350 alunos a partir do 4.º ano, nos anos clínicos. Entram pelo concurso nacional de acesso, no 1.º ano, 255 alunos, mas com estes contingentes temos cerca de 350 nos anos clínicos. Sem esquecer os 50 e tal alunos que entram por ano no Mestrado Integrado de Medicina Dentária. Têm ainda oferta no 2.º e 3.º ciclos?
Depois temos mestrados de especialização avançada e temos diversos cursos de mestrado e cursos não conferentes de grau. No 2.º ciclo temos abertos 9 mestrados e 12 cursos não conferentes de grau. É uma oferta formativa bastante importante, onde temos quase 400 alunos. Temos depois um programa de doutoramento em Ciências da Saúde, com cerca de 40 vagas anuais, onde temos neste momento mais de 200 alunos.
A investigação científica e clínica são vertentes muito importantes no trabalho da FMUC?
Claro que sim. Nós temos uma oferta de investigação muito significativa, baseada em quatro áreas consideradas nucleares. Desde logo, as Neurociências, as Ciências da Visão, as Ciências Cardiovasculares e o Ambiente, Genética e Oncologia. Isto não significa que não tenhamos outras áreas de investigação, como por exemplo as doenças reumatológicas e as doenças respiratórias. Nesta altura, temos 64 projetos de investigação conjuntos entre, a FMUC e o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), o que é muito significativo. E em 2021 tivemos mais de 1000 artigos publicados com a afiliação FMUC, em revistas, com revisão pelos pares, o que é de facto bastante significativo.
Temos na FMUC um centro de investigação, o iCBR - Instituto de Investigação Clínica e Biomédica de Coimbra, onde se desenvolve uma boa parte da nossa investigação, e temos um gabinete que promove todo o processo de gestão e apoio relacionado com os projetos de investigação, que é o GGI – Gabinete de Gestão de Investigação.
A instalação do MIA - Instituto Multidisciplinar de Envelhecimento no futuro edifício UC Biomed, no Polo das Ciências da Saúde, será um contributo decisivo para a investigação nesta área?
Sim, o MIA – Instituto Multidisciplinar de Envelhecimento é um dos principais focos, até da Universidade, para a promoção de conhecimento e investigação ao mais alto nível. O envelhecimento é hoje o foco principal da nossa agenda científica. Temos um programa completo em termos de envelhecimento, quer com o centro de referência na promoção do envelhecimento ativo e saudável, quer com o laboratório colaborativo recentemente criado, que é um consór-
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Excelência no ensino e na investigação
A Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC) tem uma ampla oferta formativa, que atrai muitas centenas de alunos, realça o seu diretor, Carlos Robalo Cordeiro. Na investigação, a FMUC colabora com inúmeros centros nacionais e internacionais. Em 2021 foram publicados mais de 1000 artigos com a afiliação da FMUC
cio entre estruturas públicas e privadas, de ensino, hospitalares e de inovação.
A nossa agenda científica desenvolvese muito através de projetos da European Institute of Innovation and Technology - EIT Health, onde somos o centro académico e clínico nacional que tem mais projetos, muitos em parcerias com empresas e hospitais. Temos ainda parcerias com outros centros de investigação, como o ICNAS - Instituto de Ciências Nucleares Aplicadas à Saúde, o CNC - Centro de Neurociências e Biologia Celular ou o CIB - Centro de Informação de Biotecnologia.
A prestação de serviços à comunidade pela FMUC é significativa?
Claro. E devo realçar a boa colaboração que existe, por exemplo no âmbito do CAC - Centro Académico e Clínico de Coimbra, quer com o CHUC, quer com a Universidade, que tem permitido agilizar a utilização de verbas decorrentes desta prestação de serviços, que antes se tornava mais difícil. Nós temos sobretudo três ou quatro grandes estruturas laboratoriais que fazem a prestação de serviços para o exterior: o Laboratório de Citogenética e Genómica, o Instituto de Anatomia Patológica Patologia Molecular; o Laboratório de Microbiologia das Águas, que faz sobretudo análises microbiológicas das águas de diversas origens, como por exemplo, a pesquisa da legionella; e o Laboratório de Tecidos em Medicina Dentária. Estes são os quatro grandes eixos, mas temos outros, como um Laboratório Central de Sequenciação e Genómica Funcional, que também presta serviços nesta área. Portanto, temos também aqui uma prestação diferenciada para as estruturas hospitalares, e não apenas não apenas para o CHUC, e outras estruturas exteriores.
O que destacaria das alterações verificadas na FMUC durante os seus mandatos, que acabaram por coincidir com a pandemia?
Bem, estou ainda no início do segundo mandato e o anterior ficou muito marcado pela pandemia. Nós temos um programa de ação, que está a ser conjugado com o Plano Estratégico, cuja execução está longe de estar completa, muito por necessidade de concentração de energias noutras áreas, como a promoção do ensino e da avaliação de forma remota, devido à pandemia. A reorganização da escola, por forma a permitir estes novos meios de comunicação digital, a promoção do teletrabalho, enfim, todo um processo de adaptação, foi feita de forma célere, mas, apesar de tudo, não tão simples como isso. Isso de alguma forma prejudicou o que estava programado.
A reforma curricular era uma das áreas em que pretendia atuar?
Pretendo, com toda a sinceridade, que este ano letivo que vai começar, de 22/23, seja de facto o ano em que se possa começar a criar mudança e a implementar algumas das estratégias que tínhamos pensado. Por exemplo, chegou ao fim o ano passado o plano da reforma curricular em vigor e, portanto, é o momento de se fazer um ponto da situação, monitorizar, avaliar forças e fraquezas e fazer os ajustes e as adaptações necessárias. É isso que vamos fazer já no início do ano letivo 22/23.
Uma situação que posso já dizer que está a mudar, e já foi implementada por esta direção, é uma diversificação do currículo. Criaram-se uma série de unidades curriculares opcionais que, de alguma forma, vão de encontro àquilo que nós pretendemos, que é desenvolver nos nossos alunos outras competências, para além das que se criam com um curso de Medicina: competências de comunicação, de liderança, de humanização e ética, de trabalho em equipa e gosto pela investigação.
Outra das alterações fundamentais, e que está a ser desenvolvida, é a criação de uma estrutura para a gestão de dados de grande dimensão, com o apoio da Inteligência Artificial, que irá dar suporte a processos de desenvolvimento, investigação e criação de conhecimento.
Muito importante, e estamos a realizar, é a reestruturação interna da própria escola, no seu perfil de staff de apoio. Estamos a criar serviços internos que de alguma forma permitam ter mais funcionalidade e retirar o máximo potencial de cada uma das equipas.
Com todas estas estruturas, podemos dizer que Coimbra já tem um cluster da saúde, que não tem aproveitado?
Nós temos de facto esse cluster da saúde. Nós temos aqui um ecossistema, que inclui a infraestruturas de educação, como a universidade, a faculdade, estruturas de cuidados de saúde, como o CHUC, desde logo, mas também o IPO e outros hospitais da região, estruturas de investigação e de inovação e de criação de ciência de translação, por exemplo, o Biocant, a Crioestaminal o Instituto Pedro Nunes, e várias empresas nesta área. Portanto, temos uma série de estruturas nas mais diferentes áreas, que constituem claramente um cluster, ou um ecossistema, que não pode ser mais equilibrado.
Depois temos muitas outras estruturas que poderiam entrar nesse cluster, como a Escola Superior de Enfermagem, como o Politécnico de Coimbra, também o Politécnico de Leiria. E outras estruturas como a Critical Software, a Bluepharma, por exemplo. Ou hospitais, digamos, vizinhos. Estou intimamente convencido que nós já temos um cluster. E com o excelente relacionamento entre os principais responsáveis de todas estas áreas – Universidade, Faculdade de Medicina e Câmara Municipal – temos uma oportunidade única para mudar um pouco a face do desenvolvimento das ciências da saúde na cidade e na região. | Dora Loureiro
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A diretora da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC), Aida Cruz Mendes, destaca que a oferta formativa, desde a graduação aos estudos pós-graduados, cobre todos os ciclos de educação em enfermagem e responde às necessidades de formação ao longo da vida profissional. No próximo ano letivo abrirá um novo curso de doutoramento em enfermagem, em parceria com a Universidade de Coimbra
Aida Cruz Mendes, presidente da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra
A Escola Superior de Enfermagem de Coimbra – ESEnfC afirmou-se como uma referência na área do ensino de enfermagem, a nível nacional e internacional?
A Escola Superior de Enfermagem de Coimbra tem vindo a afirmar-se como uma referência na sua área, encontrando-se muito bem classificada tanto no que diz respeito à procura e resultados da formação, como nos resultados da investigação que realiza. A nossa oferta formativa, desde a graduação aos estudos pósgraduados, cobre todos os ciclos de educação em enfermagem e responde às necessidades de formação ao longo da vida profissional dos enfermeiros. Para além de uma formação sólida para os licenciados em enfermagem – onde um dos aspetos importantes é a aquisição de competências para aprender a aprender e o desenvolvimento de juízo crítico e utilização das ferramentas de procura e uso da melhor evidência na prática de cuidados –, a Escola oferece formação pós-graduada conferente e não conferente de graus académicos e desenvolve, ainda, um número muito relevante de eventos científicos, em diversas áreas do conhecimento em enfermagem, o que possibilita a
Uma referência no ensino da enfermagem
A diretora da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC), Aida Cruz Mendes, destaca que a oferta formativa, desde a graduação aos estudos pós-graduados, cobre todos os ciclos de educação em enfermagem e responde às necessidades de formação ao longo da vida profissional. No próximo ano letivo abrirá um novo curso de doutoramento em enfermagem, em parceria com a Universidade de Coimbra
constante atualização que os enfermeiros necessitam para o exercício profissional de qualidade.
Com uma unidade de investigação classificada com muito bom, no último ciclo avaliativo da FCT, a Escola consegue criar um ambiente de aprendizagem, desde a licenciatura, em que a investigação ocupa um lugar fundamental. Ao incremento de investimento que tem sido feito nesta unidade, tem correspondido um aumento de produtividade evidenciado nos meios de divulgação científica (publicações) e de consolidação das equipas de investigadores.
O estabelecimento de redes internacionais de cooperação, tanto de ensino como de investigação, são, de igual modo, um espelho da boa implantação da Escola a nível nacional e internacional.
O que destaca da oferta formativa da ESEnfC?
A nossa oferta formativa assenta em dois princípios: integração do conhecimento de enfermagem numa perspetiva ecológica e humanista e aprendizagem baseada na investigação e inovação. Procuramos que os nossos estudantes adquiram uma boa preparação para o início da profissão, que estejam conscientes dos valores éticos da profissão e que dominem o conhecimento atual da enfermagem de cuidados gerais em todos os grupos populacionais. Mas procuramos, também, que estejam conscientes da necessidade de estudar ao longo da vida profissional e que encontrem na Escola um suporte para o seu desenvolvimento.
Para que se atinjam estes objetivos, a escola tem procurado uma integração harmoniosa de experiências de aprendizagem em ambiente de simulação, em equipas de investigação e em projetos de ligação à comunidade, para que todos os estudantes encontrem a sua melhor forma de aprender.
A Escola teve capacidade para se internacionalizar e atrair alunos de outros países?
Temos vindo a aumentar o número de estudantes internacionais, tendo a percentagem destes estudantes duplicado nos últimos três anos. Este aumento de procura dos nossos cursos pelos estudantes internacionais fez com que, para além do reforço dos cursos de formação em Português, que já oferecíamos, tenhamos DIRETÓRIO DE SAÚDE’22// DIÁRIOASBEIRAS | 53
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A investigação é uma área importante na atividade da ESEnfC?
Sim, a atividade de investigação é uma das centralidades da nossa atividade.
A investigação que realizamos cumpre dois objetivos essenciais: gerar evidência sobre as melhores respostas às necessidades de cuidados das pessoas, promovendo, assim, a qualidade dos cuidados; e, criar conhecimento que contribua para a construção de conhecimento em enfermagem, entendida como a ciência que estuda as pessoas e as suas respostas, num determinado ambiente, nas suas transições de saúde e doença.
Esta investigação alimenta o nosso ensino e interage com a comunidade académica internacional de enfermagem, através das numerosas redes já constituídas.
A Escola tem acordos de cooperação com universidades e de outros países? Esta cooperação tem dado frutos?
Sim, desenvolvemos acordos de cooperação bilaterais e multilaterais com numerosas universidades estrangeiras, quer para o desenvolvimento de projetos de intercâmbio de estudantes e docentes, como também com o objetivo de desenvolvimento de atividade de investigação e de conhecimento. Tanto numa perspetiva (de mobilidade e intercâmbio) como na outra (de redes de investigação e conhecimento) estes acordos de cooperação são muito importantes para a ligação da Escola a um mundo global.
A ESEnfC ainda tem margem para crescer, em número de alunos e número ou tipos de formações?
A nossa margem de crescimento em estudantes de graduação (licenciamento) é reduzida ou mesmo nula, nas circunstâncias atuais. Mas, por outro lado, queremos e temos capacidade para aumentar a oferta formativa de pós-graduação, conferente e não conferente de grau académico. A abertura de um novo curso de doutoramento em enfermagem no próximo ano letivo, em parceria com a Universidade de Coimbra, é um programa que pretendemos que tenha uma qualidade elevada e que se venha a consolidar no futuro. Para além deste projeto a Escola deve ser capaz de assegurar uma diversidade de formações pós-graduadas, cobrindo as diferentes áreas de especialização de enfermagem e as necessidades de atualização dos enfermeiros ao longo da sua vida profissional. |Dora Loureiro