A indústria da construção e o mercado imobiliário em análise
Coimbra vai inaugurar um dos mais avançados parques tecnológicos da Europa SUPLEMENTO
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Economia & EMPRESAS
Edição de 25 de Abril de 2009
Zé Povinho vai continuar a fazer manguitos
Aumentam os homens de fraque A CRISE ESTÁ A FAZER AUMENTAR A ACTIVIDADE NAS EMPRESAS DE COBRANÇA DE DÍVIDAS. | Págs. 24
SABUGAL
Empresários começam a olhar finalmente para a zona raiana
ENTRADA DA VISABEIRA NO CAPITAL DA FÁBRICA BORDALO PINHEIRO GARANTIU A CONTINUIDADE DA REPRODUÇÃO INDUSTRIAL DOS MODELOS DEIXADOS PELO ARTISTA DAS CALDAS DA RAINHA | Págs. 20 e 21
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AVEIRO
Heliflex continua a ser marca de sucesso no país e no mundo
“ Havanesa há 124 anos na Figueira da Foz FUNDADA POR UM EMPRESÁRIO NATURAL DA TOCHA, SÓ SAIU DAS MÃOS DA FAMÍLIA DE JOSÉ DOS SANTOS ALVES EM 2006.
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TRABALHO
Desemprego já atinge quase meio milhão de portugueses Pág. 8
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Economia&Empresas
Editorial
EMPRESAS COM HISTÓRIA
EMPRESAS COM HISTÓRIA A Casa Havanesa da Figueira da Foz abriu em 1885, tendo como proprietário José Augusto dos Santos, natural da Tocha. Nasceu em 1851 e faleceu em 1907. O bisavô paterno do empresário, João dos Santos, mestre de embarcação, era natural de Buarcos e radicou-se na Figueira. O estabelecimento saiu da alçada da família fundadora em 2006. &POR JOT’ALVES (TEXTO )
SOARES REBELO
Oportunidade e perigos O ano de 2009 vai ser de grandes tormentas para a maioria dos portugueses. Segundo o Fundo Monetário Internacional, o nosso Produto Interno Bruto registará uma queda de 4,1 por cento, a contracção da actividade económica ultrapassará os 3,5 por cento previstos pelo Banco de Portugal e a taxa de desemprego será da ordem dos 9,6 por cento. Ao Governo e, é claro, ás empresas, só restará, portanto, um caminho: prepararem-se adequadamente para tempos difíceis. O director-geral do Fundo Monetário Internacional, Dominique Strauss-Kahn, estimou há dias que 2009 será “um ano horrível”, com uma recessão mundial “profunda” e condicionou a recuperação em 2010 ao aumento dos investimentos na economia por parte dos governos. Para o presidente do FMI, o sistema bancário está “congelado ou quase completamente congelado”, avaliando todos os tóxicos activos dos bancos em mais de “2.200 ou 2.300 mil milhões de euros”. O próprio primeiroministro português já reconhece que “não vai ser fácil” ultrapassar a crise. Após algum optimismo inicial, já não encontra argumentos para, a cada intervenção pública, apelar ao optimismo – e à confiança no futuro. O país assiste, diariamente, a novas levas de desempregados, a angústia aumenta, as dúvidas generalizam-se. Será realmente necessário, como preconiza, agora, José Sócrates, cerrar fileiras e encontrar soluções para os problemas. Mas será igualmente necessário imitar Churchill: “o optimista vê em cada perigo uma oportunidade, o pessimista vê em cada oportunidade um perigo”.
Havanesa pioneira fundador daquele que durante vários anos foi o primeiro estabelecimento comercial da Figueira da Foz, despertou cedo para o comércio, primeiro como sócio-gerente da Santos & Companhia. De acordo com a família fundadora, como cita a publicação do Departamento de Cultura da Câmara Municipal, assinada pelo historiador Rui Cascão e editada em 2007, a Casa Havanesa foi fundada no dia 10 de Agosto de 1885. Porém, a sua primeira referência na imprensa local data de 15 de Novembro do mesmo ano. A Figueira da Foz foi elevada a cidade há 127 anos. Ou seja, a história da livraria confunde-se com a história da própria cidade. À semelhança da sua homónima do Chiado, em Lisboa, fundada em 1864, a Casa Havanesa começou por vender tabaco. Terá sido mesmo a primeira tabacaria da Figueira da Foz. Era ali, de resto, onde se encontravam os melhores charutos e cigarros, adquiridos na loja lisboeta com o mesmo nome. Continuando a tomar como referência a citada publicação, na altura fazia publicidade a cigarros sem nicotina e sem efeitos nocivos para a saúde. Já no século XIX, o comércio de tabaco estava associado aos produtos de papelaria. A Casa Havanesa não era excepção, comercializando artigos de alta qualidade, segundo as crónicas da época. Todavia, a história do estabelecimento seria marcada, a partir do início do século XX, pela sua vertente livreira. Um sector pouco rentável, uma vez que o analfabetismo atingia a maioria da população. Decorria o ano de 1915 quando a Casa Havanesa, agora nas mãos de José dos Santos Alves (José Augusto dos Santos não tinha herdeiros e deixou a empresa ao irmão Jacinto, que por sua vez cedeu a exploração a José dos Santos Alves), reforçou o seu investimento no comércio de livros. A Casa Havanesa abriu na Praça 8 de Maio, antiga
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Praça Nova, e tinha sucursal na Rua da Boa Recordação, actual Cândido dos Reis, onde continua a única loja da marca. José dos Santos Alves diversificou os artigos do espaço comercial, passando a vender também águas, vinhos, produtos alimentares, vestuário, calçado e uma variada gama de produtos de uso pessoal e doméstico. Vendia ainda bilhetes para espectáculos e era um local onde se obtinham informações úteis, entre finais do século XIX e início do século XX. Entretanto, José dos Santos Alves e o irmão Mário criaram a sociedade José dos Santos Alves e Companhia. Dissolveu-se em Março de 1927. O apelido Alves continuaria, porém, à frente da Casa Havanesa até 2006, através de Maria Helena Alves, tendo assumido a gerência após a morte do seu irmão, José Pinto dos Santos Alves, em 1968. Eles foram os herdeiros de José dos Santos Alves, que faleceu em 1958. Mais do que um espaço
comercial, a Casa Havanesa, que começou por chamar-se Casa Havaneza, é uma referência cultural e histórica da Figueira da Foz. Trata-se, ainda, de um lugar onde também se faziam tertúlias políticas espontâneas com participantes oriundos de diferentes ideologias. A sua vocação cultural afirmava-se através da realização de exposições, edições de bilhetes-postais ilustrados, apresentações de livros, entre ou-
giados judeus vindos da Europa, disponibilizando no seu espaço comercial um posto de informação. José dos Santos Alves tinha, provavelmente, a mais completa e importante colecção de fotografias tendo a Figueira da Foz como cenário. Era, aliás, um dedicado fotógrafo amador e, nessa qualidade, recebeu uma menção honrosa num concurso nacional realizado em Lisboa, em 1925.
José dos Santos Alves
Nova “geração” agrada à antiga DESDE Novembro de 2006 que a Casa Havanesa está a ser gerida por António João Ferreira Dinis Teixeira Guardiola, de 38 anos, e Anabela Matos dos Santos, de 34. Para o casal, a oportunidade de negócio juntou o útil ao agradável. “Como somos proprietários do edifício, criaram-se algumas vantagens. Por outro lado, também estávamos afectivamente ligados à Casa Havanesa, como todos os figueirenses”, conta João Guardiola. O mercado livreiro português sempre esteve longe de ser um bom negócio, mas há sempre alguém que resiste. “Este é um dos primeiros sectores a sentir a crise. Apesar de tudo, o último Natal não foi muito mau”, garante o gerente. Os livros com dicas sobre como minimizar os efeitos da crise são os que, neste momento, têm mais saída. O lançamento de livros com a presença dos autores no Casino Figueira é uma forma de dinamizar e divulgar o estabelecimento. A Casa Havanesa tem diversas edições exclusivas. Quem está a gostar da nova dinâmica e decoração é a antiga gerência. Maria Helena Alves era o último elo da cor-
tros eventos. Durante a época balnear, era ponto de encontro das elites que escolhiam a “Rainha das Praias de Portugal” para passar férias. Entre 1939 e 1945, o mundo entrou em guerra pela segunda vez no mesmo século. Os irmãos José e Mário Alves eram, respectivamente, vice-cônsules da Bélgica e da Grã-Bretanha. Valendo-se dessa condição diplomática, ajudaram refu-
Maria Helena Alves
rente que há que há 124 anos fundou à mais antiga livraria do concelho da Figueira da Foz. “A nova gerência modernizou a Casa Havanesa e está a fazer um bom trabalho”, elogia. Maria Helena Alves, que esteve à frente da livraria
Anabela Santos e António Guardiola
durante mais de 50 anos, enquanto o irmão se encarregava do laboratório e da secção de fotografia. Desses quase seis decénios guarda “recordações de boas amizades com muitos dos clientes”. Era, relembra, “um trabalho que fazia com muito gosto, porque gostava de lidar com livros”. Aos 75 anos, Maria Helena Alves deixou a Casa Havanesa “no momento certo”. Entretanto, rejeitara várias ofertas de aquisição, mas em 2006, contudo, chegaria à conclusão de que “já não tinha idade para continuar a frente do negócio e, também por causa da concorrência das grandes superfícies”, desfez-se, finalmente, do negócio.
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PANORAMA
CONJUNTURA Economia voltou a deteriorar-se em Março
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Confidências ❂ O número de pesquisas efectuadas pelos cibernautas portugueses acerca das palavras recessão, crise, economia, bolsa e bancos, no Google Insights for Search, alcançou o nível mais alto no passado mês de Janeiro, correspondendo a um crescimento de 488 por cento.
❂ A taxa de ocupação hoteleira no Algarve no mês de Março baixou cerca de 30 por cento em relação ao período homólogo de 2008, tornando-se assim a mais baixa ali registada desde 1995. ❂ A edição portuguesa da
revista Playboy, do editor norte-americano Hugh Hefner, vai ser distriibuída em Cabo Verde, Angola e Brasil. A publicação foi lançada no nosso país pelo grupo internacional Fresta Corporation, que criou em Portugal a Frestacom. ❂ As declarações do IRS na primeira fase foram entregues via Internet por 2,237 milhões de contribuintes, mais 472 mil que no ano passado. Os benefícios associados ao recurso do envio electrónico, face à entrega da declaração em supor-
te papel, ajudam a explicar a forte adesão dos contribuintes às novas tecnologias ❂ A dívida pública nacional pode atingir este ano 85,9 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), depois de em 2008 ter ficado nos 70,7 por cento. ❂ Mais de mil autores e artistas portugueses estão endividados e em “situações aflitivas” por causa da crise económica, da pirataria e da falta de apoio do poder político. 08/0939
❂ Portugal, apesar da crise, tem rácios de incumprimento de crédito de apenas 2,3 por cento do total concedido, taxa inferior, portanto, à média da dos seus parceiros da União Europeia.
❂A dívida das famílias portuguesas à banca atingiu, em 2008, os 120 por cento do rendimento disponível, o que representa um decréscimo de nove pontos percentuais relativamente a 2007.
economia portuguesa voltou a deteriorar-se em Março, com o indicador coincidente do Banco de Portugal a cair 1,8 por cento e o indicador do consumo privado a desacelerar para 0,9 por cento. “Em Março de 2009, o indicador coincidente mensal para a evolução homóloga tendencial da actividade económica, calculado pelo Banco de Portugal, diminuiu face ao observado no mês anterior”, revelam os Indicadores de Conjuntura, divulgados pelo BP. “No mesmo período, o indicador coincidente mensal para a evolução homóloga tendencial do consumo privado, calculado pelo Banco de Portugal, registou igualmente uma diminuição face ao mês anterior”, segundo os mesmos dados.
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PIB – O FMI prevê para Portugal uma queda de 4,1 por cento do PIB em 2009, uma subida dos preços em 0,3 por cento e uma taxa de desemprego de 9,6 por cento. Para 2010, o FMI prevê para Portugal uma contracção do PIB em 0,5 por cento, uma inflação de 1,0 por cento e uma taxa de desemprego de 11 por cento. INFLAÇÃO – A taxa de inflação portuguesa de 2009 deve ser negativa em 0,2 por cento, segundo as novas previsões divulgadas pelo Banco de Portugal, mas a instituição afasta que esse seja um cenário de deflação. O boletim económico de Primavera revê a projecção para a taxa de inflação deste ano (medida pela variação homóloga do Índice Harmonizado de Preços no
Consumidor), antecipando agora uma descida de 0,2 por cento, em vez da anterior subida de 1,0 por cento antecipada a 6 de Janeiro. No entanto, apesar desta taxa ser negativa, o Banco de Portugal afasta o cenário de deflação. “De acordo com a informação disponível, esta redução do índice geral de preços do consumidor distingue-se de uma situação de deflação, na medida em que traduz uma redução temporária e muito condicionada pela evolução dos preços dos bens energéticos, os quais deverão registar uma forte queda”, pode ler-se no boletim. FAMÍLIAS – O governador do Banco de Portugal prevê um aumento do rendimento disponível das famílias em 2009, acompanhado por uma subida da taxa de poupança. “Esta diminuição (do consumo privado em 0,9 por cento) registar-se-á apesar de continuarmos a prever um aumento real de cerca de dois por cento do rendimento disponível médio das famílias portuguesas”, disse Vítor Constâncio, na conferência de imprensa de apresentação do Boletim Económico de Primavera. “Isto supõe uma forte subida da taxa de poupança dos particulares (de 6,2 para n ove por cento do rendimento disponível)”, afirmou o governador do banco central, apesar de acrescentar que um aumento desta amplitude “poderá não se verificar, uma vez que é muito difícil preve r uma inversão de comportamento desta ordem”.
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NEGÓCIOS PT aumenta receitas nos telefones fixos As receitas da Portugal Telecom no negócio fixo cresceram no primeiro trimestre deste ano, o que, segundo o presidente executivo da operadora, permite olhar para 2009 com confiança. Zeinal Bava destacou ter sido a primeira vez que tal sucedeu em quatro anos, disse acreditar que a “inflexão é sustentável” e adiantou que a PT quer ser “líder incontestável” na voz, na TV e na banda larga.
Venda de telemóveis subiu 4,4 por cento Em 2008, foram vendidos em Portugal 5,9 milhões de telemóveis (tradicionais mais smartphones), o que representa um crescimento de 4,4 por cento face a 2007, tendo o segmento de smartphones registado o maior crescimento (38,3 por cento), face aos telefones móveis tradicionais (0,2 por cento).
5 à Sec lidera rede franchising As empresas com negócios em regime de franchising facturaram cinco mil milhões de euros em 2008, representando 3,1 por cento da riqueza produzida em Portugal, com as marcas portuguesas a atingirem mais de metade do total. O ranking das 30 maiores (tendo por base o número de unidades) é liderado pela 5 à Sec, com 269 lojas em Dezembro de 2008, seguindo-se a Optivisão, com 254, e a RE/MAX, com 208. A Exchange, na área dos serviços, é a primeira marca portuguesa do ranking e surge na oitava posição. Intermarché (supermercados), Halcon Viagens ou Best Travel (agências de viagens), McDonald´s ou Loja das Sopas (restauração), Lune Bleu ou Biju (acessórios) são outras empresas presentes no ranking. A maior subida do ranking foi da VivaFit ao passar da 20.ª posição para a 12.ª, com 90 lojas.
Central de Cervejas lança extra-mini A Sociedade Central de Cervejas e Bebidas (SCC) lançou uma edição limitada de uma garrafa de 15 centilitros (cl) da Heineken, uma extra-mini, com um tamanho reduzido, num formato inovador em Portugal. Trata-se de uma garrafa mais pequena do que a mini habitual, que geralmente tem capacidade entre 20 e 25 cl. Esta edição limitada está a ser comercializada nas grandes superfícies em embalagens de oito garrafas, e é uma aposta da Heineken no mercado nacional, para “ganhar novos consumidores para a marca”.
Sumol+Compal investe 8,8 milhões na água Frize A Sumol+Compal destinou 8,8 milhões de euros para a nova campanha de comunicação da marca de água Frize, realizada em televisão, exterior, cinema e Internet, até Novembro. A iniciativa, com a nova assinatura de marca “A pura da Loucura”, assinala também o regresso de Pedro Tochas como protagonista na comunicação da Frize. Segundo a Sumol+Compal, a marca é líder no segmento de água com sabores, com cerca de 65 por cento de quota de mercado em valor.
Multipessoal prevê facturar um milhão em Cabo Verde A Multipessoal, empresa de gestão de Recursos Humanos do Grupo Espírito Santo, inaugurou recentemente instalações na cidade da Praia, em Cabo Verde, onde prevê facturar um milhão de euros em 2009. A Multipessoal Cabo Verde é detida pelo grupo Multipessoal em parceria com a ASA, Aeroportos e Segurança Aérea e tem já uma operação a funcionar com a Contact CV, empresa do Grupo Portugal Telecom, que é responsável pela gestão dos serviços 118 de Portugal.
EMPRESAS
CENTRO TRANFRONTEIRIÇO DO SOITO
Finalmente, uma aposta na região raiana! A criação do Centro de Negócios Transfronteiriço de Soito, no concelho de Sabugal, a inaugurar no início do Verão, constitui um dos maiores desafios ao desenvolvimento de um concelho de apenas quatro freguesias situado numa região raiana no interior norte, marcadamente atingido pelo despovoamento ■ José Domingos rojectado há cerca de sete anos e implicando um investimento de 700 milhões de euros, o Centro de Negócios Transfronteiriço de Soito é uma iniciativa da Câmara Municipal de Sabugal, em colaboração com a junta de freguesia local, que aproveitou e remodelou as antigas instalações da fábrica de refrigerantes Cristalina, encerrada em 1994, após ter sido durante muitos anos uma das principais marcadas do país. Funcionando como “incubadora de empresas”,o Centro de Negócios do Soito disporá de uma área com cerca de 7.000 metros quadrados e capacidade para um máximo de 70 postos de trabalho, caso se concretizem as intenções já manifestadas por alguns potenciais investidores, segundo referiu, ao DIÁRIO AS BEIRAS, Manuel Rito, presidente do Município, que investiu 375 mil euros na aquisição de “bens futuros” A primeira fase do projecto ocupa 5.600 metros quadrados de área coberta e 1.200 de parqueamento, havendo 32 fracções. A gestão do espaço será da Câmara Municipal, mas Manuel Rito não coloca de lado a hipótese de um modelo de gestão conjunto a negociar com os empresários, até porque a lei da propriedade prevê a criação de condomínios. O Centro de Negócios Transfronteiriço desenvolve-se em dois pisos em torno de uma nave central dotada com 13 grandes armazéns com escritório de apoio e espaço para parquear camiões TIR, salas para escritórios, hipermercado, sanitários públicos, vestiários para 70 funcionários, sala de reuniões comum, espaço Internet e banco. Está também prevista a criação de um espaço de venda de artesanato e o café-restaurante. O presidente da Câmara entende que com a cria-
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ção do Centro Transfronteiriço de Negócios de Soito se deu finalmente um destino a um edifico desactivado e abandonado após o fim da laboração dos Sumos Cristalina. “Foram resolvidos problemas ambientais decorrentes dessa situação que convertia o local numa autêntica lixeira, com plásticos, sumos concentrados, máquinas deterioradas e material abandonado”, sublinha Manuel Rito, que classifica mesmo esta área como “um espaço inovador para o desenvolvimento de iniciativas empresariais, diferente dos tradicionais parques industriais, oferecendo sobretudo condições aos jovens para que lá se instalem de forma imediata e com condições”. Comércio, indústria e serviços são as potenciais actividades que o Centro de Negócios pode acolher, beneficiando os interessados de renda gratuita durante seis meses por cada posto de trabalho criado, subindo o preço a pagar pelos investidores “de forma gradual” até que seja reclamada a to-
talidade do valor tabelado, isto é, as empresas vão pagar apenas 60 por cento desse valor que aumenta anualmente em 10 por cento, atingindo ao fim de cinco anos a totalidade, o que para o autarca é benéfico para os investidores. As condições de utilização do Centro de Negócios, que funcionará no sistema de arrendamento dos espaços, incluem a concessão de incentivos à “fixação de jovens e à fixação de emprego” e, segundo o autarca, “o valor da renda receberá subsídios nos primeiros anos de instalação. Manuel Rito sublinhou que o Centro de Negócios procura “atrair portugueses e espanhóis”, estando já projectadas 12 empresas para o local: duas serralharias de alumínio, uma óptica, duas empresas de armazenamento, um espaço de construção civil, um centro de reabilitação e fisioterapia e uma unidade bancária. Existem ainda contactos com espanhóis no sentido de poder ser instalada também uma média super-
fície comercial. A autarquia deseja que até ao final do ano possam ser ocupados todos os espaços existentes, para o que já foram desenvolvidos vários contactos prévios. “Queremos dinamizar o Soito, dar uma oportunidade para fixar os jovens, desenvolver o concelho e a zona transfronteiriça, onde o comercio e os serviços são sectores importantes na economia do concelho, pelo que o Centro de Negócios oferece condições óptimas para fixação e instalação de actividade com facilidades concedidas para o investimento”, argumenta Manuel Rito Segundo o presidente da Câmara do Sabugal, 80 por cento das 1.300 empresas existentes no concelho são de comércio e serviços, nomeadamente restauração e bebidas, mas a autarquia, conclui, “quer apostar na diversificação do tecido empresarial através da instalação de novas empresas baseadas nas novas tecnologias, produtos regionais, entre os quais o artesanato”.
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Cabeltenveste na Líbia A CABELTE vai criar uma parceria com a Líbia Telecom para a instalação de uma fábrica de cabos de fibra óptica, representando um investimento de 150 milhões de euros nos próximos cinco anos, anunciou Rui Osório, presidente executivo da empresa portuguesa. O objectivo último é criar através da “Cabelte Líbia” uma base naquele país para fornecer cabos de fibra óptica para o Norte de África (Magrebe), Egipto e Corno de África. A nova empresa é detida em 70 por cento pela subsidiária da Cabelte e em 30 por cento pela Líbia Telecom, liderada pelo filho mais velho de Kadafi, Mohammed Kadafi.
EMPRESAS
FiberSensing aposta no espaço
Zon actualiza banda larga
A EMPRESA tecnológica portuguesa FiberSensing, sediada na Maia, revelou esperar “para breve” a qualificação que permitirá que os seus sensores de fibra óptica participem em missões orbitais nos satélites da Agência Espacial Europeia (ESA). A tecnológica portuguesa, que é uma das poucas empresas a nível mundial que desenvolvem sensores de Bragg em fibra óptica, respondeu ao desafio da ESA numa parceria com a espanhola CRISA, que desenvolve sistemas electrónicos para aplicações aeroespaciais. A colaboração tecnológica entre as duas empresas ibéricas visa o desenvolvimento de sistemas de monitorização de temperatura nos motores iónicos dos satélites com propulsão eléctrica, numa parceria que tem como base “o desenho, desenvolvimento, fabrico e qualificação de sensores de Bragg em fibra óptica e unidades de interrogação optoelectrónicas”.
A ZON MULTIMÉDIA vai actualizar toda a rede de banda larga até ao final deste ano, altura em que pretende ter alcançado 2,9 milhões de casas com possibilidade de acesso a uma velocidade 100 megabytes (MB) por segundo. Luís Lopes, administrador da empresa, antecipou, por outro lado, para daqui a três anos, um aumento da pressão para que o consumo médio de banda larga em Portugal “mais do que quadruplique”. Referiu ainda que a Zon está “bastante bem preparada” para responder ao desafio das redes de nova geração e avançou que, este ano, “aumentará oito vezes a capacidade da rede em termos de dados”.
HELIFLEX
Tubos para todos os fins No final da década de 60 do século passado, um comerciante já conhecido na região de Aveiro deslocou-se a Paris para tentar fazer negócios numa conceituada feira dedicada a equipamentos para a agricultura. ■ Júlio Almeida empresário aveirense Henrique Simões Vieira, numa das suas deslocações de negócios a França, onde habitualmente participava em feiras de produtos do seu ramo, ficou especialmente impressionado com uma nova gama de mangueiras em plástico e logo pensou que seria absoluta novidade em terras lusas. Tudo aconteceu nos anos 1960 e de imediato se estabeleceria uma ligação empresarial duradoura com o fabricante grego Petzetakis, que viria poucos anos mais tarde a transformar-se, de resto, numa multinacional de tubos que ainda hoje está presente no mercado. Nos três anos seguintes ao ocasional encontro na Cidade Luz, o empresário português funcionaria apenas como agente nacional do novo fornecedor, que já produzia, sob licença, em Bilbau (Espanha). A oportunidade de negócio levou Henrique Simões Vieira a criar, em 1969, com outro sócio, Anselmo Santos, uma nova empresa para representação comercial, a Heliflex Portuguesa Lda., assumindo como denominação aquela que era, então, marca mais conhecida dos gregos. João Ramos, com 63 anos, funcionário há 37 e um dos actuais administradores da empresa, recorda como se deu o entendimento. “Os nossos accionistas compravam tubos para sucção da água dos poços de rega. Começou a falar-se em tubos de plástico, mais leves, e acabaram por importá-los para o mercado nacional, onde fizeram grande sucesso”, recorda. “Algum tempo depois, nasceu o interesse pela implantação de uma fábrica”, prossegue. E aí está: em 1971, os portugueses passaram de clientes a fabricantes, já que os fornecedores haveriam de tomar participação maioritária na sociedade que passou a ter como designação natural de Heliflex Petzetakis, com instalações na zona industrial
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da Mota, em Ílhavo, onde permaneceu até hoje. Em Fevereiro de 2007, a dupla de accionistas Anselmo Santos/Henrique Simões Vieira, ambos ligados a outras actividades empresariais da região de Aveiro, assume, a 100%, o controlo da sociedade, deixando a ligação de 30 anos com o grupo grego, que se torna, entretanto, um dos seus principais concorrentes. Surge assim a Heliflex Tubos e Mangueiras S.A. A mudança trouxe um novo alento e ficou marcada por novos investimentos na capacidade produtiva e tecnológica da unidade fabril, onde se procedeu a uma renovação quase completa para aumentar significativamente a gama de produtos, bem como a capacidade de resposta ao mercado. “Ao longo de quase quatro décadas de actividade, a empresa foi crescendo, produzindo novos tubos, sempre com grandes inovações”, resume o administrador, que entrou para a firma como técnico de contas e chegou a quadro superior. “Heliflex Agro”, “Casa – Jardim”, “Construção” e “Heliflex Tecno – Indústria” são as quatro áreas de negócio da Heliflex, cuja oferta abrange uma gama diversificada de produtos, nomeadamente mangas planas sistemas de rega, mangueiras para jardim/piscinas, construção civil (tubos e acessórios para canalizações) e tubos industriais. Resina de PVC e outros materiais são usados no fabrico. “O nosso forte são os tubos em espiral. Mais recentemente, introduzimos também aço, o que dá mais resistência”, refere João Ramos. “A gama mais completa do mercado” é o cartão de apresentação da fábrica de Ílhavo, que não descura uma imagem apelativa cuidada, boa força de vendas e a presença regular em eventos de grande visibilidade, nomeadamente desportivos. Na vanguarda Cada tubo tem a sua especifici-
dade, dependendo da tarefa que vai ter de cumprir, o que se consegue com a utilização de diferentes materiais durante a fase prévia de extrusão para anular os produtos que “atacam” o plástico. “Pelo que vemos nas feiras internacionais, sentimos que estamos na vanguarda destas tecnologias, mas isso reflecte-se no preço. Gastámos mais em investigação e desenvolvimento. Por isso, temos de vender mais caro”, explica o administrador. Com 113 trabalhadores, a Heliflex vende 60 % para o mercado nacional. Um “potencial” a explorar são as grandes superfícies. “Estamos a tentar entrar em força novamente nos hipermercados”, revela o administrador. Mas crescer nas exportações é imperioso. Inicialmente, a empresa esteve muito vocacionada para as antigas províncias ultramarinas. A criação da Comunidade Europeia abriu as portas para entrar em Espanha, França, Itália, Holanda ou Alemanha, ainda hoje os principais destinos externos, a que se juntaram, entretanto, outras paragens, como Marrocos. Cabo Verde é um dos PALOP “mais interessantes”.
“O forte” continua a ser o agro, com 30% da fatia de produção. Seguem-se a construção e a jardinagem. Cerca de sete a oito mil toneladas de tubos saem por ano da Heliflex, que ainda não esgotou, todavia, a capacidade instalada. Nos últimos anos, a facturação tem estabilizado nos 12,5 milhões de euros. Preocupação sempre presente
é tornar a fábrica cada vez mais competitiva. “Os objectivos são melhorar as linhas de fabrico, onde agora se produzem vários tubos, e, simultaneamente, aumentar a rentabilidade e conseguir baixar o custo unitário”, adianta João Ramos, que, assumindo estar em fim de carreira, vê criadas as condições para a empresa superar os próximos 40 anos, “pelo menos”.
Angola em força A HELIFLEX reforçou a componente de internacionalização com o arranque da Heliflex Angola. A filial conta com parceiros locais “conhecedores do “core business. A estrutura física já montada está preparada “para responder às solicitações do mercado de forma rápida e eficiente”. O mercado angolano é conhecido da Heliflex desde os anos 1970.
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MARKETING
MODELO/CONTINENTE NA REGIÃO CENTRO
OPINIÃO
O papel das marcas em tempos de crise arcas como o Modelo e o Continente têm claramente uma responsabilidade muito grande em tempos menos prósperos e não são insensíveis à realidade que hoje os portugueses atravessam, mas têm também a certeza e a tranquilidade de já terem percorrido com os clientes diferentes momentos das suas vidas. É fundamental que as marcas no sector de distribuição alimentar saibam adaptar-se e estar próximas das reais preocupações dos clientes no dia-a-dia. No fundo, em tempo de crise é ainda mais importante levar aos portugueses os melhores preços. Os clientes sabem que podem contar com ambas as marcas e por isso o Continente e o Modelo continuarão a aliar a variedade, o atendimento e os serviços a um cariz fortemente promocional, o que permite apresentar uma grande proposta de valor a todos os portugueses. As fortes e agressivas campanhas promocionais que temos vindo a desenvolver tanto no Continente como no Modelo, as experiências de compra que proporcionamos num mesmo local ao cliente – que pode muitas das vezes adquirir bens alimentares, electrodomésticos, vestuário, medicamentos não sujeitos a receia médica, etc., num mesmo espaço comercial – e as iniciativas sociais que desenvolvemos nas comunidades onde as marcas estão inseridas permitem-nos uma maior aproximação aos consumidores. A nossa orientação para o cliente – cada vez mais exigente e informado – faz com que continuemos no futuro permanentemente focados e dedicados a ele, procurando sempre antecipar as suas expectativas. A Modelo Continente concretizou ao longo do tempo alterações importantes ao nível da sua oferta, tendo introduzido várias inovações ao nível das gamas de produtos e dos serviços oferecidos, de acordo com as consultas efectuadas aos consumidores e às equipas de loja, nomeadamente:
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❆ Possibilitou a todos os clientes dos hipermercados Continente e Modelo e dos postos Galp
usufruírem de um importante desconto de 0,05 euros + 0,05 euros no combustível abastecido em mais de 300 postos aderentes, facultandolhes o desconto mais competitivo no mercado de combustíveis em Portugal de forma imediata; ❆ No caso do Continente, desenvolveu a venda de seguros para automóvel (Seguros Continente), com condições acessíveis, transparentes e muito competitivas onde os seus clientes podem poupar até 50% relativamente ao actual seguro; ❆ Desenvolveu de forma pioneira o conceito de parafarmácia (Área Saúde) onde num ambiente acolhedor e organizado, a insígnia coloca ao dispor dos seus clientes, a preços muito competitivos e a funcionar com um horário alargado, uma gama variada e completa de produtos de qualidade. Adicionalmente, e porque o factor preço se manteve como basilar na definição da proposta de valor das insígnias, a Modelo Continente manteve uma política de pricing agressiva: ❆ Desenvolveu um conjunto alargado de marcas exclusivas, posicionadas pelas diferentes categorias com os melhores preços de mercado. ❆ Lançou um plano promocional agressivo e de forte notoriedade. Neste ponto, assume particular relevância o Cartão Cliente Continente e Modelo, que é o maior cartão de descontos do país e que já ofereceu mais de 100 milhões de descontos aos portugueses. Com o “Eu conto com o Continente” estamos com os portugueses em todos os momentos e, principalmente numa conjuntura menos favorável, de crise económica. O nosso objectivo com esta nova estratégia é mostrar que o Continente pode ajudar as famílias a ultrapassarem a crise. De que forma? Essencialmente, ajudando-as a poupar, promovendo a divulgação de práticas que possam equilibrar as suas finanças e manter a qualidade de vida. (*) Director de Marketing do Modelo / Continente
DISTRITO CASTELO BRANCO Covilhã DISTRITO COIMBRA Coimbra (Coimbra Shopping) Coimbra (Fórum Coimbra)
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■ Miguel Osório (*)
DISTRITO AVEIRO Aveiro Ovar S. J. Madeira
DISTRITO AVEIRO Águeda Anadia Oliveira de Azeméis Stª Maria da Feira Vagos Vale de Cambra
DISTRITO LEIRIA Leiria
DISTRITO CASTELO BRANCO Castelo Branco Fundão
DISTRITO VISEU Viseu Viseu (Retail Park)
DISTRITO COIMBRA Cantanhede Lousã
DISTRITO GUARDA Guarda
DISTRITO LEIRIA Alcobaça Bombarral Caldas da Rainha Leiria Marinha Grande Nazaré
DISTRITO VISEU Mangualde
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Economia&Empresas
EMPREGO
TRABALHO
COIMBRA
Vila Galé constrói hotel dedicado à dança
Desemprego disparou 23,8 por cento em Março O O número de desempregados inscritos nos centros de emprego disparou 23,8 por cento em Março, face ao mesmo mês de 2008, prolongando a subida iniciada em Outubro e marcando o acréscimo mais elevado desde Setembro de 2003. e acordo com dados divulgados esta semana pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), o número de desempregados inscritos no final do mês passado somava os 484.131, mais 93.105 inscrições do que em Março de 2008. Relativamente a Fevereiro, o número de inscritos aumentou 3,2 por cento, resultado de um acréscimo de 14.832 desempregados. Para o aumento do número de desempregados inscritos nos centros de emprego em relação a Março de 2008 contribuíram essencialmente a subida do desemprego entre os homens (38,9 por cento), entre os jovens (27,2 por cento) e entre os adultos (23,3 por cento). A procura de um novo emprego – que justificou o registo de 93 por cento dos desempregados – foi, de acordo com o IEFP, a “mais afectada”, tendo aumentado 25,8 por cento face ao mês homólogo.
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Ao nível do tempo de permanência dos desempregados nos ficheiros, assistiu-se a uma subida de 42,4 por cento dos que estavam inscritos há menos de um ano, em oposição aos desempregados de longa duração (período de inscrição igual ou superior a um ano), que diminuíram
3,2 por cento. Todos os níveis de habilitação escolar apresentavam mais desempregados do que há um ano, com os que possuem o 2º e 3º ciclos do ensino básico a registarem os aumentos mais elevados, 32,6 e 31,5 por cento, respectivamente. Os licenciados, por sua
vez, totalizaram os 40.960 registos, mais 10,1 por cento do que os registados em Março de 2008. Os grupos de profissões com uma subida mais acentuada do desemprego em termos homólogos foram os operários e trabalhadores similares da indústria extractiva e construção civil (mais 84,2 por cento), seguidos dos trabalhadores da metalurgia (mais 46 por cento). Com menos desemprego do que há um ano assumem relevância as profissões do ensino representadas pelos grupos “docentes do ensino secundário, superior e profissões similares” (com menos 38,8 por cento) e os “profissionais de nível intermédio de ensino” (a caírem 16,1 por cento). O “fim do trabalho não permanente” foi o principal motivo de inscrição dos desempregados nos centros de emprego, tendo representado 38,8 por cento das inscrições efectuadas ao longo deste mês.
FORMAÇÃO
Seis milhões para o sector automóvel FRANCISCO Madelino, presidente do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) revelou que a instituição apoiou 14 empresas do sector automóvel com cerca de cinco milhões de euros, colocando 3.295 trabalhadores em formação profissional, e que há ainda mais três candidaturas aos apoios, o que elevará o número de trabalhadores abrangidos pelo programa para 3.659 e o montante de apoios para seis milhões de euros. O programa Qualificação Emprego, criado pelo Governo como resposta às dificuldades que a indústria automóvel atravessa, tem uma dotação de 70 milhões de euros e estima envolver um total de 20 mil trabalhadores. De acordo com o presi-
dente do IEFP, “a quase totalidade” das candidaturas aprovadas refere-se à redução do horário de trabalho e não à suspensão dos contratos de trabalhos. “Das 17 candidaturas, oi-
to referem-se a grandes empresas, seis a médias e duas a pequenas”, acrescentou. Segundo Francisco Madelino, a regulamentação será agora generalizada aos restantes sectores, mas com
alguns aspectos diferentes. No caso do sector automóvel, por exemplo, cada empresa pode envolver no programa de formação até 35 por cento dos trabalhadores, enquanto nos restantes sectores esta percentagem poderá apenas ser de 25 por cento. O programa Qualificação Emprego permite às empresas suspender ou reduzir o tempo dos contratos de trabalho, em determinadas condições verificadas pelo Estado. Em virtude desta situação, a parte dos trabalhadores que reduz a actividade produtiva ou que suspende o vínculo verá reduzida consequentemente a sua remuneração, sendo uma parte desta situação paga pelo Estado e outra pela empresa.
Grupo Vila Galé inicia no próximo mês de Maio a construção de um novo hotel temático em Coimbra, desta vez contemplando a dança. As obras deverão prolongar-se por nove meses, para que a unidade possa ser inaugurada em 1 de Abril de 2010.
CANTANHEDE
Grupo Catarino ganha novas obras Grupo Ramos Catarino ganhou, desde o início do ano, uma carteira de obras rondando os 19 milhões de euO ros. Os destaque vão para a construção do Centro Educativo de Montemor-o-Velho, centro comercial Modelo de Mem Martins, ampliação do Hospital Distrital da Figueira da Foz, a edificação do Mercado dos Mosqueteiros em Guimarães e a ampliação do Intermarché de Paços de Ferreira.
LEIRIA
55 milhões de euros em habitações de luxo eiria disporá proximamente de fogos de alta qualidade, implicando um investimento de mais de 50 milhões L de euros. Na freguesia de Barosa, nas proximidades da cidade, a empresa Gilmat está a construir, no chamado condomínio Rosa, 29 fracções e propõe-se dar início a mais 50, nas instalações da cerâmica Kunz. No complexo Beira Rio, a Habineveses começará a erguer, no Verão, 33 apartamentos. Na Avenida Adelino Amaro da Costa, a Creinvest avança com mais 38 fracções equipadas com marcas líderes. No local onde existiu a Casa de Saúde, a Mansos Imobiliária e a Habiruivo estão a construir 12 fogos de habitação média-alta.
AVEIRO
El Corte Inglés investe na cidade El Corte Inglés vai abrir um supermercado Supercor no centro da cidade de Aveiro, com uma área com aproO ximadamente1.500 metros quadrados. A data de abertura ainda não foi fixada. A decisão de abrir mais esta loja insere-se na estratégia expansão do grupo em território nacional.
LAMEGO
Lacticínios do Paiva investem cinco milhões empresa Lacticínios do Paiva investiu cinco milhões de euros na remodelação da sua fábrica, em Lamego, e nuA ma nova produção de queijo curado. Com um crescimento de 10 por cento nas vendas, em contraciclo com o sector, a direcção aposta, agora, na exportação para África e para o Brasil e já criou empresas de distribuição em Cabo Verde e em Moçambique.
MANGUALDE
Provável “lay-off” na Peugeot em Maio administração da empresa deverá, para enfrentar a crise, optar, a partir de Maio, pela redução temporária de A trabalho. Actualmente, a fábrica da Peugeot-Citroen (PSA) emprega cerca de 900 trabalhadores.
Habitação nova já custa menos
custo de construção da habitação nova e o preço de reparação de habitações abrandaram em Fevereiro face ao mês anterior, de acordo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE). O índice de custos de habitação nova cresceu 1,7 por cento em Fevereiro, face ao mesmo mês de 2008, menos um ponto percentual do que em Janeiro. De acordo com o INE, este comporta-
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mento foi determinado pela redução na componente materiais, que registou uma quebra de 2,2 pontos percentuais face ao mês anterior. As taxas de variação homóloga dos índices relativos a apartamentos e moradias foram de 1,8 por cento e de 1,6 por cento, respectivamente, traduzindo diminuições de 1,2 pontos percentuais e de 0,8 pontos percentuais face a Janeiro.
Em Fevereiro, o índice de preços de manutenção e reparação regular de habitação subiu 2,7 por cento em termos homólogos, menos 0,5 pontos percentuais do que em Janeiro. Este comportamento, refere o INE, “resultou de desacelerações de 0,4 pontos percentuais na componente produtos e de 0,6 pontos percentuais na componente serviços”.
Estas duas componentes registaram taxas de variação homóloga de 4 e 1,8 por cento, respectivamente. A região Norte “foi a única a apresentar uma taxa de variação homóloga superior à média do Continente, tendo-se situado em 3,8 por cento”, refere o INE. Estes dados são relativos ao território continental português (excluem as ilhas dos Açores e Madeira).
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Investimento em “shoppings” mais penalizado
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REABILITAÇÃO URBANA O Governo aprovou um novo regime de reabilitação urbana, prevendo em casos extremos situações em que os proprietários serão forçados a vender ou arrendar os seus imóveis, ou a fazer obras coercivas.
Vendas forçadas e obras coercivas OS NEGÓCIOS de investimento imobiliário em centros comerciais e escritórios têm sido dos mais penalizados na conjuntura económica de crise, sobretudo devido às dificuldades de financiamento bancário, revelou o presidente da CB Richard Ellis Portugal. “Não sentimos grandes alterações nos preços, mas os negócios fazem–se com mais lentidão e dificuldade”, afirmou Pedro Seabra, à margem de uma conferência de imprensa, no Porto, para anúncio da formalização da fusão entre as mediadoras imobiliárias Predibisa e Rota Verde na CB Richard Ellis. Dada a “situação muito difícil” vivida em Espanha, particularmente no sector imobiliário, a CB Richard Ellis diz manter “muita prudência em relação ao futuro próximo”, prevendo que o sector viva em Portugal momentos de “actividade não muito intensa, mas ainda assim não muito diferente dos últimos anos, em que já havia muitas dificuldades”. “Não será muito diferente dos últimos anos, com a diferença de que alguns promotores espanhóis que estava em Portugal já não estão activos e investidores alemães que, no ano passado, estavam no mercado de centros comerciais e escritórios, já cá não estão”, sustentou. Relativamente à actividade da CB Richard Ellis, consultora imobiliária de origem norte–americana presente em Portugal desde 1988, Pedro Seabra garante que a empresa está “preparada para o pior” e deverá “continuar a crescer por aquisições, como tem acontecido”. Segundo revelou à agência Lusa, nos planos da CB Richard Ellis está, nomeadamente, a aquisição dos 70 por cento do capital da Neoturis (consultora em turismo) que ainda não controla.
Prestações baixam a partir de Maio OS DESEMPREGADOS com crédito bonificado à habitação vão poder usufruir, a partir do próximo mês, de reduções ns respectivas prestações. Uma portaria do Governo estabelece que todos os desempregados inscritos nos centros de emprego há pelo menos três meses podem pedir que a sua bonificação passe a ser calculada com base na Euribor a seis meses, acrescida de um diferencial de 1,5 pontos percentuais, em vez dos anteriores 0,5 pontos. Além da alteração da taxa de referência, a portaria prevê que os desempregados sejam reenquadrados no escalão de apoio mais favorável imediatamente anterior ao seu. Desta forma, o apoio a que têm direito passa a ser maior, baixando também por esta via a prestação do empréstimo da casa. As medidas vão ser aplicadas por um período máximo de dois anos, devendo o beneficíárío contactar o banco se entretanto encontrar emprego.
Em conferência de imprensa, no final do Conselho de Ministros, o diploma foi apresentado pelo titular da pasta O ministro do Ambiente, Nunes Correia, e o secretário de Estado do Desenvolvimento do Território e Cidades, João Ferrão, apresentaram, publicament “Não haverá qualquer inconstitucionalidade neste diploma. O Governo não cometeria um erro tão crasso”, declarou o ministro do Ambiente, Nunes Correia, na apresentação pública do novo regime de obrigações a que estarão sujeitos os proprietários no âmbito da reabilitação urbana. Nunes Correia alegou que uma das razões que levou o Governo a optar pela figura da autorização legislativa “e se remete para a Assembleia da República é justamente porque estamos a abordar esferas reservadas de competência do Parlamento”. “O regime estabelecido para o sistema de venda forçada aproxima-se e é totalmente compaginável - talvez com algum benefício acrescido em relação aos direitos dos proprietários com o que é actualmente praticado relativamente à expropriação. A venda forçada é uma forma de expropriação não a favor da entidade expropriante, mas a favor de quem se comprometa a fazer aquilo que há a fazer para a reabilitação urbana”, sustentou Nunes Correia. De acordo com o ministro do Ambiente, tal como no regime da expropriação, também nas vendas forçadas de imóveis “haverá uma avaliação que,
em última instância, será dirimida em tribunal”. “Quando não houver acordo entre a entidade que promove a recuperação e o proprietário, este último tem direito de obter em tribunal uma avaliação isenta do valor do seu prédio. Essa avaliação será uma base seguramente a que ele tem direito”, frisou Nunes Correia. No entanto, o membro do Governo referiu logo a seguir que, nas situações de venda forçada, “o bem é posto em hasta pública”. “Se, de acordo com as regras do mercado, esse bem acabar por ser vendido por um valor superior, isso reverte para o proprietário. Se o valor obtido na hasta pública for abaixo da avaliação que em última instância seja alcançada em tribunal, então o proprietário terá sempre direito ao valor da indemnização. Há aqui uma garantia suplementar relativamente ao que é tradicional na expropriação”, advogou Nunes Correia. Neste contexto, o ministro do Ambiente insistiu que o Governo “está do
lado de conceder mais direitos - e não menos - aos proprietários”. Direitos Salvaguardados Interrogado sobre as manifestações de desagrado que surgiram da parte de associações de proprietários face à ante-proposta do executivo, o ministro do Ambiente disse entendê-las “de forma compreensível”, mas no sentido de serem “sobretudo prudenciais, com os proprietários a sinalizarem que o diploma toca em matérias muito importantes, em que existem direitos a salvaguardar”. “Ora, o Governo está seguro que não vai beliscar esses direitos”, frisou. Já o secretário de Estado João Ferrão sustentou que o executivo “não inventou qualquer figura nova, apenas tendo recorrido ao que já está previsto na legislação”. “Este tipo de medidas de venda forçada não se aplica em todo o país, mas apenas em áreas concretas de reabilitação urbana, que serão delimitadas por iniciativa do município respectivo”, advertiu o membro do executivo.
Transacções caíram 46 por cento O INVESTIMENTO nas transacções imobiliárias caiu 46 por cento em 2008, para 637 milhões de euros, refere o relatório “Mercado Imobiliário 2008 - Perspectivas 2009”, da Jones Lang LaSalle Portugal. “O segmento de investimento foi um dos mais penalizados pelo actual contexto económico, registando uma queda de 46 por cento face ao volume transaccionado em 2007”, refere o estudo da empresa imobiliária. Segundo o relatório, o mercado
de investimento imobiliário em Portugal encerrou o ano de 2008 com um total de 637 milhões de euros transaccionados, dos quais 60 por cento corresponderam a operações no mercado de escritórios e de hotelaria. “A queda foi especialmente sentida no mercado de retalho, que viu o valor no investimento reduzir 3,5 vezes face ao ano anterior”, afirma. Apesar disso, o estudo da Jones Lang LaSalle Portugal refere que o mercado imobiliário nacional conti-
nuou a ser apelativo para os investidores internacionais, que absorveram 75 por cento do volume movimentado durante o ano. O relatório afirma, entre as suas principais previsões para 2009, que “o mercado imobiliário português deverá ser alvo de ajustamentos e de uma readaptação por parte dos players relativamente às suas estratégias, sendo de prever que continue a ser afectado pelas actuais condições conjunturais”.
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Inovador no após venda
Excelência na construção
O SERVIÇO após venda é um dos trunfos da Bascol. Na altura da entrega do dossiê sobre a habitação, o comprador recebe uma identificação que lhe permite aceder a um número de serviço, que funciona 24 horas e que permite, por exemplo, resolver avarias. Gabriel Bastos, administrador da Bascol, explica que o conceito - serviço após venda é uma garantia extra para o cliente e, ao mesmo, diferencia o Condominio Zen de outras propostas existentes no mercado.
A BASCOL investiu 50 milhões de euros e realizou uma obra exemplar. A construção foi cuidadosa e inovadora em muitos aspectos. O Condomínio Zen tem características especiais, o que implicou um processo construtivo apurado de modo a que tudo funcione na perfeição. Condomínio Zen tem como características gerais a estrutura anti-sísmica, paredes exteriores revestidas a betão à vista e pedra alpinina. Os apartamentos são entregues com cozinhas Miele totalmente mobiladas e equipadas.
Viver entre a cidade e o campo...
sem cedências ■ Mário Nicolau iago Spratley, director da Bascol Imobiliária, salienta a surpresa de quem visita os apartamentos do Condomínio Zen, pois muitos clientes “viram unicamente o lado de betão”, tomando, agora, contacto com a excelência do trabalho da Bascol no capítulo da construção. Ou seja, acrescenta, “percebem a qualidade de vida e, acima de tudo, tomam consciência dos benefícios, nomeadamente na segurança”. O tema está na ordem do dia e, segundo Tiago Spratley, “até hoje não houve registo de qualquer incidente por mínimo que seja” num condomínio constituído por 167 habitações. A relação qualidade/preço é atractiva e, neste momento, existem várias tipologias disponíveis, mas, acima de tudo, é necessário testar os sentidos.”Não é um prédio e muito menos um conjunto de apartamentos; é um modo de vida. No Porto e em Lisboa existem projectos parecidos, mas que não são iguais”, assegura. No Condomínio Zen “razão e emoção” gladiam-se facilmente, já que, afirma o director da Bascol Imobiliária, “são apartamentos que não estão longe do alcance das pessoas”. A Bascol, ao conjugar a construção com a promoção imobiliária, “consegue patamares competitivos fora do comum” em produtos da gama alta. Na prática, assegura, “não falta nada”. Zonas verdes, piscina interior aquecida, piscina exterior, sauna, jacuzzi, sala de musculação, entre outros. “Acrescentando a segurança com o nível que temos, os custos são marginais. Aliás, com a mensalidade que pagamos num ginásio, temos direito a todo o condomínio para uma família”, explica. Mais do que apreciar o apartamento, na visita ao Condomínio Zen, é necessário perceber que o dia-a-dia será substancialmente diferente: é possível chegar a casa, deixar o carro com a chave na ignição, e antes do jantar, percorrer alguns quilómetros na passadeira rolante, juntar mais alguns na bicicleta estática, mergulhar na piscina de água quente e, depois de um duche nas instalações de apoio, saborear o jantar. O passeio após a refeição está garantido no jardim interior. Se fosse possível realizar “um test drive” dos apartamentos, assegura Tiago Spratley, a surpresa seria ainda maior. “O Condomínio Zen não tem patinhos feios. Todos os apartamentos são de qualidade a todos os níveis. As pessoas a quem já vendemos tinham na cabeça uma ideia do condomínio que não corresponde à realidade. Por isso, com uma simples visita é possível perceber o que é o Condomínio Zen, que dá resposta às coisas menos normais”. O serviço de após venda é único e permite resolver, através do call center, todos os problemas técnicos. A intervenção é acompanhada ao pormenor e assume a satisfação do residente como principal objectivo. Com fácil acesso a qualquer ponto da cidade, o Condomínio Zen contará em breve, nas imediações, com uma das maiores farmácias da cidade; isto para não falar nos restaurantes já ao serviço e do supermercado em fase de montagem. Na prática, viver Zen é viver entre a cidade e o campo. Sem cedências.
T INOVAÇÃO COM A TELECONTAGEM A MEDIÇÃO do consumo por telecontagem é uma das soluções inovadoras presentes no Condomínio Zen. O sistema de telecontagem permite alargar o domínio e qualidade dos serviços prestados aos residentes pelas entidades gestoras dos serviços públicos de distribuição de água, electricidade e gás. O novo sistema, desenvolvido pela ISA - Intelligent Sensing Anywhere SA - empresa fundada em 1990, e nascida do meio universitário de Coimbra, especializada na concepção de produtos e soluções de gestão remota inovadoras e tecnologicamente avançadas , permite ao consumidor o uso eficiente da água, mas também dos seus consumos de energia e gás, já que a plataforma tecnológica possibilita às restantes utilities informação valiosa e novas formas de acesso dos clientes aos seus consumos diários de água, electricidade e gás. Esta solução tecnológica pretende ir ao encontro das expectativas dos cidadãos que, cada vez mais, têm vindo a desenvolver uma maior consciência ambiental e ecológica mas também preocupações acrescidas em termos de gastos com o aglomerado familiar.
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Qualidade acessível
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Conforto a vários níveis
O REJUVENESCIMENTO dos quadros da Bascol permitiu o acesso a outro tipo de informação. Presente em todas as feiras internacionais - Europa e Brasil -, a empresa adapta os conhecimentos adquiridos nos contactos internacionais ao mercado nacional, proporcionando produtos de melhor qualidade e a um preço por metro quadrado mais baixo do que é tradicional. Na Bascol a qualidade não é sinónimo de preços elevados, pois os clientes constatam facilmente que têm uma habitação muito mais barata, em termos de metro quadrado, daquelas que existem em qualquer outra zona da cidade. A Bascol encara o sector como uma indústria, pelo que recusa práticas especulativas.
O CONDOMÍNIO está dotado de um conjunto de equipamentos e infra-estruturas de reconhecida qualidade, que vão desde as piscinas exteriores, a uma piscina interior de treino coberta e aquecida, clube com sala de jogos, sala infantil e um fitness center. O projecto de arquitectura é da autoria de Camilo Cortesão&Associados, responsável também pela intervenção do Polis, na margem direita do Mondego.
DB-FOTOS DE LUÍS CARREGÃ
GABRIEL BASTOS
Exemplo da mestria
Bascol rgulhoso do Condomínio Zen, quer como produto, quer pelo capital de experiência que conferiu aos quadros da Bascol, Gabriel Bastos sublinha o facto do Condomínio Zen surgir entre os melhores projectos imobiliários a nível nacional e de garantir aos residentes um nível elevado de satisfação. “Este empreendimento compreende uma série de valências a nível do conforto: as piscinas exterior e interior, o health club, a personal trainer ou a possibilidade de organizar festas para as crianças. Estas condições não existiam em Coimbra e, em Portugal, não são vulgares, pelo menos com esta dimensão”, afirma. Assim, a “satisfação pessoal” é um facto, mas, explica Gabriel Bastos, a Bascol enfrenta, pela primeira vez, um novo cenário: “não estamos habituados a terminar empreendimentos e a ter alguns apartamentos para vender”. Fruto da evolução do mercado quer a nível nacional, quer a nível internacional vive-se um sentimento de “insegurança económica” que não é benéfico. Para complicar a situação, o processo de emissão das licenças não foi pacífico. “Mesmo com o atraso de cerca de um ano, por razões que nos são alheias, a Bascol conseguiu satisfazer os clientes, mas o retorno financeiro e económico num empreendimento que representa mais de 50 milhões de euros de investimento, deveria ser diferente. O facto de não efectuarmos as escrituras no timing certo, provoca outros encargos”, afirma. O Condómino Zen é, desde o inicio, garante o administrador da Bascol, o projecto “com o preço por metro quadrado mais barato de Coimbra”, o que acontecia, também, com a Quinta da Romeira, outra referência na actividade da Bascol. E a qualidade? “Os nossos apartamentos, quando comparados com a concorrência, têm mais área disponível, pelo que o valor absoluto da fracção é maior, mas o preço por metro quadrado é mais baixo. Quando falamos da relação preço/qualidade temos consciência de que estamos muito abaixo daquilo que se pratica na cidade de Coimbra”. Aliás, em condições normais do ponto de vista económico, o Condomínio Zen “seria vendido por preços superiores” pelo que, do ponto de vista financeiro “não foi a melhor aposta”. É verdade, afirma, que a Bascol “não perderá dinheiro, mas também não ganhará aquilo que deveria ganhar tendo em conta o nível de risco” de um investimento com esta dimensão”. Por outras palavras, o Condomínio Zen é, neste momento, um excelente investimento.
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Segurança e tranquilidade O CONDOMÍNIO Zen aposta num conceito inovador que proporciona aos residentes viver num ambiente de segurança - vigilância permanente e circuito interno de televisão, central de alarmes, entre outros - tranquilidade, onde seja possível usufruir de uma alargada infra-estrutura de lazer e uma boa partilha entre vizinhos. O empreendimento tem ainda 10 espaços comerciais.
PORTO DE ABRIGO NO HALL prova-se o conforto, mas o jogo de emoções só começa à porta de casa; os residentes entram num mundo de conforto, exclusivo, tranquilo, consequência do cuidado dos técnicos e da mestria dos operários. A domótica é uma mais-valia, as áreas extraordinárias e as pequenas “coisas” estabelecem a diferença: o sistema de vídeo interno que permite observar as brincadeiras do rebento mais novo no magnífico jardim; a rega gota-a-gota de todas as floreiras, de modo a que as plantas tenham assegurada idêntica quantidade de água; a largura dos corredores; o design do espaço na cozinha, entre outros mimos. Tudo exclusivo. E a sala com ampla superfície vidrada e o calmo Mondego no horizonte? Em dia de chuva, com a climatização inteligente a trocar as voltas ao rigor do tempo, não é fácil abandonar o aconchego...
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2008
ANÁLISE ESPANHOLA
Retorno total do investimento praticamente nulo
Recuperação vai demorar
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O RETORNO total do investimento em activos imobiliários em Portugal durante 2008 foi praticamente nulo, segundo um estudo divulgado pelo IPD Portugal - Imométrica de Investimento Imobiliário. De acordo com o índice IPD, o retorno do mercado neste sector situou–se nos 2,6 por cento, mas descontando a inflação registada em 2008, que foi de 2,5 por cento, o valor líquido foi de 0,1 por cento. Apesar desta situação, o mercado imobiliário nacional registou uma performance superior ao mercado de acções, que registou retornos de - 49,6 por cento, de acordo com o índice PSI 20, mas ainda assim esteve abaixo das obrigações, que devolveram retornos de 3,6 por cento, medidas pelo Índice de Retorno das Obrigações do Tesouro com maturidade de 7/10 anos publicado pela JP Morgan. O retalho, que se afirmou como o sector com melhor performance ao longo dos últimos oito anos, apresentou, em 2008, o retorno mais baixo entre os segmentos contemplados no Índice, devolvendo apenas 0,8 por cento aos investidores, comparando com os 14,8 por cento de 2007. Em contrapartida, os escritórios devolveram 4,7 por cento e o segmento industrial, que se destacou como o de melhor performaqnce anual, alcançou um retorno de 4,9 por cento. As quedas mais acentuadas fizeram sentir–se no imobiliário de retalho, onde a valorização de capital desceu para -5,1 por cento, enquanto que, nos escritórios e no industrial, essa componente se cifrou nos -1,0 por cento e -1,5 por cento, respectivamente. Relativamente à componente de retorno das rendas em 2008, de 6,1 por cento, foi nivelada com os resultados registados em 2007, mantendo–se positiva em todos os sectores e garantindo que os retornos totais se mantivessem positivos no global do mercado. Contudo, os valores das rendas caíram para números negativos, quer no imobiliário de escritórios quer industrial, ambos com quedas de -1,3 por cento enquanto que, no mercado de retalho se assistiu a um crescimento desta componente (1,9 por cento). As taxas de rentabilidade (“yelds”) iniciais do total do imobiliário cresceram 30 pontos base durante 2008, encerrando o ano nos 6,0 por cento. Naquele que é já o nono ano de presença em Portugal, a base de dados do IPD reúne já um total de 741 imóveis de uso comercial detidos por 26 investidores imobiliários de relevo e avaliados em 8,6 mil milhões de euros no final de 2008.
A crise afectará muito particularmente, segundo um estudo feito pela consultora DBK, com sede em Madrid, as empresas de menor dimensão e menor capacidade financeira. Na região Centro, a construção de casas novas caiu 8,2 por cento. agravamento da conjuntura económica e as dificuldades no acesso ao financiamento, devido à crise financeira internacional, são ameaças que adiarão a recuperação do sector imobiliário português, que continua em queda. A análise foi feita pela consultora DBK, com sede em Madrid, que prevê uma queda de actividade no sector, maior concorrência e uma diminuição do número de operadores. Essa situação, sustenta a análise da DBK, afectará em particular empresas de menor dimensão e menor capacidade financeira. Segundo a consultora, a produção do sector da construção de edifícios caiu 0,9 por cento em 2007, depois de uma descida de 5,5 por cento de 2006. O estudo dá conta de um crescimento de 6,8 por cento no sector não residencial e uma queda de quatro
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por cento no sector residencial, depois da redução de seis por cento neste segmento em 2006. Neste contexto, o número de casas novas caiu 8,8 por cento em 2007 - para menos de 60 mil - destacando–se as quedas no Norte (18,2 por cento), Centro (8,2 por cento) e Açores (4,9 por cento). A DBK antecipa também, a curto prazo, a manutenção da tendência de queda na actividade, num cenário de redução de produção e de vendas, o que afectará em particular os pequenos e médios operadores. O sector mais favorável é o que corresponde à procura de segunda residência, com a DBK a destacar o número de projectos em curso no Algarve e o potencial da costa alentejana. Antecipa, por outro lado, um queda na nova superfície de escritórios ocupada, evidenciando–se “uma no-
tável desaceleração no desenvolvimento de novos projectos”. A análise da DBK afirma que o sector imobiliário português continua a ser caracterizado por um elevado número de pequenas e médias empresas orientadas para o mercado residencial. No segmento não residencial operam promotores de maior dimensão, com especial concentração no sector de centros comerciais. Em 2006 estavam registadas cerca de 3.300 empresas dedicadas à promoção imobiliária, sendo que Lisboa e Porto concentram a maioria, respectivamente 30 e 26 por cento do total. A presença de capital estrangeiro tem aumentado nos últimos anos, especialmente proveniente de Espanha, destacando–se o posicionamento no país de empresas vinculadas a grupos construtores.
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Fundo imobiliário de 100 milhões para empresas em dificuldades
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Boa altura para comprar casa Este é o momento ideal para comprar casa e os leilões imobiliários são uma óptima oportunidade para adquirir imóveis a preços inferiores aos praticados no mercado, segundo algumas agências imobiliárias portuguesas. orge Gil, responsável pela imobiliária Graciano Gil, entende que “esta é uma boa altura para comprar”, porque o mercado imobiliário está em queda e “estes leilões podem ser uma boa oportunidade para o mercado de arrendamento”. “A altura é boa para quem compra, mas para quem vende já não”, diz Jorge Gil, acrescentando que “provavelmente quem vende agora comprou quando os preços estavam em alta e agora está a vender por um valor inferior”. Contactada pela Lusa, Andreia Melo, consultora da imobiliária Re/Max, considerou que “o crescimento do número de imóveis neste tipo de leilões deve-se sobretudo ao sobreendividamento das pessoas e ainda às constantes subidas das taxas de juro”. No entanto, “o mercado de compra e venda de imóveis não se encontra estagnado, muito pelo contrário”, afirma Andreia Melo, acrescentando que as mediadoras imobiliárias têm “todas as ferramentas necessárias para ajudar a vender estes imóveis, sem se chegar a situações que não são de todo aquilo que qualquer proprietário desejaria para a sua casa”. Numa altura de crise económica, a agência imobiliária Euro Estates vai leiloar cerca de 130 imóveis nas zonas da Grande Lisboa, Grande Porto e Algarve. Segundo o director comercial, Diogo Pitta Livério, a empresa “trabalha com diversas entidades detentoras de activos imobiliários, maioritariamente com bancos e fundos de investimento imobiliário, mas também com particulares e empresas de promoção
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O GOVERNO aprovou um fundo de imobiliário para empresas, com um valor de 100 milhões de euros, a fim de poderem “ser temporariamente dadas como garantia de empréstimo ou alinhadas num fundo de contrapartida de liquidez, mas que os bancos por regra não querem dar, já que têm critérios extremamente garantísticos”. Segundo o secretário de Estado Castro Guerra, a ideia do Governo é que, “a partir de uma avaliação de mercado, perante uma empresa que tem futuro, que pode ser rentável, possa então trocar a propriedade temporária de um prédio por liquidez”. Neste contexto, o membro do Governo reconheceu que este fundo se aplicará sobretudo ao turismo, “um sector que é sobretudo imobiliário”. “O chamado ‘pay back’ do investimento imobiliário é muito longo no sector do turismo. Um hotel demora muito tempo a pagar–se. Por isso, o Governo está a aqui a atender a casos de empresas, de hotéis com activos que, claramente, podem ser trocados por liquidez temporária para garantir maior folga financeira”, justificou ainda Castro Guerra. Castro Guerra referiu que o fundo, que tem como accionistas o Fundo de Turismo e o IAPMEI, “está em linha com o plano de recuperação económica” da União Europeia e com a estratégia para “o investimento e emprego” no âmbito do “Orçamento Suplementar para 2009”. O secretário de Estado advertiu, todavia, que “a aquisição deverá ser precedida de prova de necessidade financeira das empresas e de duas avaliações do imóvel a alienar por peritos independentes”. “As iniciativas de compra ou aceitação de empréstimos são também da responsabilidade da sociedade gestora do fundo”, acrescentou.
“A casa da vizinha não é tão verde quanto a minha” PORTUGAL já dispõe de uma base nacional de dados sobre projectos sustentáveis, que foi recentemente apresentada na Ordem dos Arquitectos, reunindo numa primeira fase as propostas da exposição “A casa da vizinha não é tão verde quanto a minha”. Segundo Carlos Sant’Ana, os arquitectos portugueses “estão atentos e capacitados para as boas práticas ambientais”. Lamentou, em contrapartida, que “o mercado, tanto a nível público como privado, ainda não esteja muito receptivo”
imobiliária”, acrescentando que espera vender “pelo menos 50 por cento do valor da carteira, que orça entre três a quatro milhões de euros”. Alexandre Almeida, proprietário de uma imobiliária com o mesmo nome, considera, por seu turno, que esta operação da Euro Estates “é viável e normal”, uma vez que os imóveis são “vendidos a preços inferiores ao seu valor real de mercado”, e numa altura de crise, “estes leilões permitem a quem quer comprar casa agora, adqui-
ri-la a preços mais baixos”. Alexandre Almeida disse à agência Lusa que até ao momento ainda não comprou quaisquer imóveis em leilões, mas admite essa hipótese: “é possível que venha a recorrer a este tipo de compra para depois revender os imóveis”. Pitta Livério garante que os imóveis que vão a leilão não têm qualquer relação com os Fundos de Investimento Imobiliário ao Arrendamento Habitacional (FIIAH), criados pelo Governo no final do ano passado.
Leilões cada vez mais procurados desde 2004 Por necessidade ou mera curiosidade, a verdade é que o número de pessoas que frequentam leilões em busca de “novas soluções” na procura de uma casa maior e mais barata tem vindo a aumentar desde 2004. Ana Luísa Ferro, leiloeira da Luso-Roux, reconhece que “a solução do leilão é sempre encarada como uma solução de preço especial”. Podendo este “ser um dos motivos para justificar a adesão das pessoas às salas de leilão”, a leiloeira argumenta, no entanto, que “o facto de as pessoas procurarem o bom preço não quer dizer que a expectativa não seja ligeiramente defraudada”, pois os preços podem subir em
conformidade com o número de compradores interessados num imóvel. Ana Luísa Ferro é cautelosa quando questionada sobre se a crise económica e o endividamento das famílias poderá aumentar o número de pessoas presentes num evento deste tipo, argumentando que “casas à venda sempre houve, bem como pessoas interessadas em comprar e à procura de novas soluções, mudar para uma casa maior ou mais pequena”.
“O problema poderá, eventualmente, colocar-se a nível da decisão de crédito que está nas mãos das instituições bancárias”, conclui.
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Economia&Empresas
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REGIÃO CENTRO
OPINIÂO
FILIPE OLIVEIRA ADVOGADO
As medidas fiscais anticíclicas para o sector imobiliário ão variadas as medidas que os Estados, em resposta às crises financeiras e económicas, têm adoptado e introduzido nas suas débeis economias. Desde a criação de programas destinados ao investimento e ao emprego, às nacionalizações, até à criação de incentivos fiscais, tudo tem sido feito para propiciar contra ciclos que permitam combater a actual crise. Destacamos as medidas fiscais anticíclicas aprovadas pela Lei n.º 64/2008, de 5 de Dezembro. Esta lei visa, entre outros aspectos, “minorar o impacto nas famílias dos custos crescentes com a habitação”. Por que meios? Através da redução das taxas do imposto municipal sobre imóveis (IMI), do alargamento do período de isenção do IMI e pela alteração do regime de deduções à colecta referentes a alguns encargos relacionados com imóveis. Quanto à redução das taxas de IMI e considerando que a maior parte da população activa portuguesa concentra-se meios urbanos, foram reduzidas as taxas máximas de IMI relativas aos prédios urbanos, quer aos ainda não avaliados nos termos do Código do Imposto Municipal sobre Imóveis (CIMI), quer aos já avaliados nos termos do CIMI, fixando-se agora tal taxa em 0,7% e 0,4%, respectivamente. De igual modo foi alargado o período de isenção do IMI. Assim para a habitação própria e permanente, relativamente a prédios cujo valor tributável não exceda os ¤157.500,00, foi alargado o período de isenção de 6 para 8 anos e relativamen-
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te aos prédios cujo valor tributável seja superior a ¤157.500,00 e até ¤236.250,00, de 3 para 4 anos. Esta alteração é aplicável às isenções cujo período de seis ou três anos ainda está vigente ou se extinguiu no ano de 2008. Significa isto que, quem viu a sua isenção terminar no ano de 2008 e quem está, ainda, a beneficiar dessa mesma isenção, por exemplo, está no 2 ano de isenção, terá mais um ou dois anos de prorrogação do benefício. Finalmente, quanto à alteração do regime de deduções à colecta, a mesma respeita a alguns encargos relacionados com imóveis situados em território nacional ou no território de outro estado membro da União Europeia, a saber: juros e amortizações de dívidas contraídas com a aquisição, construção ou beneficiação de imóveis para habitação própria e permanente. De que forma se consubstancia esta alteração? Através do aumento dos limites de dedução à colecta previstos para estes encargos, tendo em conta os escalões de rendimento colectável. Quanto mais baixo for o escalão maior é o aumento do limite previsto, desta forma beneficiando os escalões com menor rendimento. Estas medidas visam reduzir o impacto da actual situação financeira nos contribuintes, tentando criar condições para estimular a economia. Resta saber de que forma estas e outras iniciativas de desafogamento em matéria tributária são suficientes ou sequer eficazes num país de baixa produtividade como é o nosso. Filipe Oliveira - Advogado filipeoliveira@fvo-advogados.com
Cidades aproveitam milhões do Polis XXI Os principais agregados urbanos da região Centro têm de resolver os seus problemas para se tornarem, segundo a CCDRC, mais atractivos e cumprirem bem as suas funções como centros de conhecimento e inovação, como referências de cidadania e coesão social e ainda como espaços de qualidade ambiental e de vida. maioria das cidades da região Centro tem já os seus principais problemas urbanos devidamente identificados: centros históricos desertificados e degradados, frentes ribeirinhas que precisam de ser devolvidas à fruição dos cidadãos, áreas abandonadas e com usos desqualificados, falta de conectividade física, electrónica, cultural e social são os sectores tidos, generalizadamente, como mais vulneráveis – e a necessitar, portanto, de intervenção urgente. Os municípios, para lhes fazer frente, têm vindo, na sua generalidade, como reconhece a própria Comissão de Coordenação Regional do Centro (CCDRC), a pôr em prática projectos de vida e de reanimação, procurando transformar essas áreas urbanas em espaços de vida, lugares de memória, sítios de emoções. Contam, de resto, para o efeito, com o Polis XXI, no âmbito do qual foram já abertos três concursos para Parcerias para a Regeneração Urbana e um para Redes Urbanas para a Competitividade e Inovação. A dotação financeira para apoio ao financiamento das operações dos promotores nestes quatro concursos foi de 110 milhões de euros, o que representa mais de 60% de todo o valor previsto e disponível até 2013 no Mais Centro, para estes dois instrumentos de política. A procura por parte dos promotores ultrapassou, segundo a CCDRC, em mais de quatro vezes a dotação financeira posta a concurso. Dois dos concursos das Parcerias para a Regeneração Urbana, que estipulavam no seu aviso que se destinavam a Programas de Acção apenas para as 28 principais cidades da região, tiveram disponíveis 60 milhões de euros para financiar os projectos que fossem melhor classificados pelos Júris de Mérito - o interno, da responsabilidade da Autoridade de Gestão, o externo, constituído por um painel de peritos de indiscutível competência e reconhecimento nacional e internacional nos domínios da regeneração urbana. Este instrumento de política foi ainda posto a concurso para operações in-
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dividuais nos pequenos centros com potencial estruturante do território, identificados no aviso de abertura como as sedes dos restantes 73 municípios. Neste caso, o valor de fundo posto a concurso foi de 10 milhões de euros. Ao primeiro aviso de concurso relativo às Parcerias para a Regeneração Urbana (encerrado a 17 de Abril de 2008 e com protocolos de financiamento assinados em 23 de Julho de 2008) concorreram 21 cidades, que se constituem como centros urbanos dos níveis superiores do modelo territorial regional, com projectos, cujo investimento era de 175.844.219 euros para uma comparticipação FEDER de 123.090.953 de euros. Está concluído o processo correspondente ao 1.º aviso de concurso tendo a Autoridade de Gestão aprovado quatro Programas de Acção com um fundo atribuído de 27,5 milhões de euros. Estão também já assinados os respectivos contratos com os beneficiários que lideram as Parcerias Locais e que são os municípios de Coimbra, Viseu, Leiria e Fundão. Estes Programas de Acção identificam um conjunto de operações que irão incidir sobre uma zona bem delimitada da cidade e para resolver um problema concreto de requalificação urbana, através de uma estratégia de intervenção integrada. Para a sua execução constitui-se uma Parceria Local, com um programa de gestão e animação adequado, que irá intervir com acções multidimensionais de carácter ambiental, social, cultural e económico. Estes quatro Programas de Acção centram-se em aspectos como a intervenção em património histórico, com vista à refuncionalização e fruição; no ordenamento de espaços públicos urbanos (arruamentos, praças, jardins), com vista à sua qualificação; em dinamização de actividades económicas, ligadas ao comércio e serviços; em aproveitar e requalificar uma frente ribei-
rinha. Estes programas são ainda reconhecidos como Estratégias de Eficiência Colectiva, o que possibilita o acesso privilegiado a outros instrumentos do QREN, para as operações complementares que dêem dimensão e coerência à revitalização pretendida. De realçar a oportunidade para a Política de Cidades aberta pela iniciativa MERCA de apoio à qualificação das actividades de comércio e serviços. Esta iniciativa (resultante de um protocolo entre o Ministério do Ambiente, do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional, o Ministério da Economia e da Inovação e a Confederação do Comércio e Serviços de Portugal) pretende regular os incentivos a conceder a projectos individuais ou colectivos de PME, integrados em Estratégias de Valorização Económica de Base Territorial, no caso dos Programas de Acção e dos Programas Estratégicos desenvolvidos, respectivamente, no contexto das Parcerias para a Regeneração Urbana e das Redes Urbanas para a Competitividade e Inovação – Acções de Regeneração e Desenvolvimento Urbanos (ARDU). A Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro não tem dúvidas: tal como no passado, as cidades continuam a ser fundamentais no desenvolvimento das sociedades. “Concentram nelas”, sublinha a CCRRC, “todos os problemas e complexidades, mas também é nas cidades que estão as oportunidades de emprego, de crescimento das economias e das empresas e de acesso aos estabelecimentos de ensino superior, centros de saber, bem como às restantes amenidades que constituem os serviços básicos para a nossa qualidade de vida”. São ainda “os centros de mudança, de inovação, de empreendedorismo, de crescimento económico, que também jogam papel capital nas políticas de coesão social”.
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Pólos de competitividade Impõe-se aos centros urbanos da região Centro competirem para criar, atrair e reter talentos e empresas inovadoras e criativas, fomentando no seu seio a tolerância, a cidadania e o respeito pela diversidade cultural e os direitos universais. Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro não tem dúvidas: tal como no passado, as cidades continuam a ser fundamentais no desenvolvimento das sociedades. “Concentram nelas”, sublinha a CCRRC, “todos os problemas e complexidades, mas também é nas cidades que estão as oportunidades de emprego, de crescimento das economias e das empresas e de acesso aos estabelecimentos de ensino superior, centros de saber, bem como às restantes amenidades que constituem os serviços básicos para a nossa qualidade de vida”. São ainda “os centros de mudança, de inovação, de empreendedorismo, de crescimento económico, que também jogam papel capital nas políticas de coesão social”. A respectiva revitalização já não pode estar, por isso, só orientada para a inclusão social e para a melhoria dos espaços públicos. As cidades são, cada vez mais, pólos de competitivi09/0720
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dade e de emprego e suporte ao desenvolvimento sustentável das sociedades. Portanto, argumenta a Comissão de Coordenação, “assim como as empresas pretendem ganhar mercado, também as cidades competem para criar, atrair e reter talentos e empresas inovadoras e criativas, fomentando no seu seio a tolerância, a cidadania, o respeito pela diversidade cultural, pela lei e pelos direitos universais em que assenta a liberdade”. Impõe-se, em conformidade, que as cidades e os principais agregados urbanos da região Centro ultrapassem os seus problemas, para se tornarem mais atractivas e cumprirem bem as suas funções superiores, como centros de conhecimento e inovação, como referências de cidadania e coesão social, como espaços de qualidade ambiental e de vida, bem integrados na região e nos nós das redes nacionais e internacionais e com qualidade de governação.
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CONTAS CORRENTES
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PESSOAS
IRS - O procedimento de detecção de contribuintes faltosos nas declarações de rendimentos efectuado este ano “é totalmente idêntico aos efectuados nos dez anos anteriores” e abrange a totalidade das categorias e não unicamente os pensionistas, esclareceu o Ministério das Finanças e Administração Pública. A Direcção–Geral dos Impostos (DGCI) notificou os contribuintes identificados enquanto faltosos pela não entrega da declaração em tempo útil, para regularizarem a situação. Se tal for efectuado, a única coima aplicável é a correspondente à do atraso de entrega da declaração. IMI - O Governo alargou o período de isenção do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) de todos os imóveis urbanos afectos à habitação própria e permanente dos proprietários que usufruíam desse benefício fiscal, prevendo abranger 472 mil contribuintes. Este benefício aplica–se também às isenções cujo período de três ou seis anos se extinguia em 2008, pelo que estes contribuintes já não terão que pagar o IMI relativo ao ano 2008, no mês de Abril de 2009, que em condições normais já preencheriam os pressupostos para a liquidação e pagamento deste imposto, explica o Ministério. CRÉDITO AGRÍCOLA - O Regime Jurídido do Crédito Agrícola Mútuo vai ser adaptado para reflectir a evolução registada no sistema financeiro desde 1991, quando foi definido, anunciou o Governo. O Conselho de Ministros aprovou um decreto–lei que adapta “o modelo de governação das caixas de crédito agrícola às estruturas previstas no Código das Sociedades Comerciais, autorizando–se, ao mesmo tempo, um alargamento da sua base de associados”. O objecto das operações activas da Caixa Central passa a abranger todas as actividades permitidas aos bancos, “o que será naturalmente acompanhado da elevação, por via regulamentar, dos respectivos requisitos de capital”, explica o comunicado. SECTOR AUTOMÓVEL - Os portugueses compram quase três carros usados por cada um novo. É uma das faces da crise e que está a afectar as vendas de automóveis novos a favor dos usados, segundo a FleetData, empresa especializada em informação sobre o sector. Mas a “concorrência” que os carros usados fazem aos novos não quer dizer que as vendas dos automóveis em segunda mão estejam a disparar. Pelo contrário, devido ao excesso de oferta, quer as vendas quer os preços dos carros usados estão a cair a pique. “Em Portugal, vendem–se substancialmente mais automóveis usados do que novos, embora também haja uma quebra acentuada nas suas vendas. O rácio no último ano foi de 2,6 usados por cada um novo, enquanto em Espanha é de um para um, ou seja, vende–se um carro novo por cada um usado”, disse à agência Lusa, o director–geral da FleetData Portugal, Roberto Gaspar. BOLSA - A bolsa de Lisboa manteve em Março a mesma volatilidade de Fevereiro, mas o seu principal indicador, o PSI 20, subiu 2,8 por cento e os ganhos em termos de totalidade da capitalização bolsista foram de 2,2 por cento. Em Março de 2009, a capitalização bolsista da Euronext Lisbon atingiu 152.459,2 milhões de euros, mais 2,2 por cento que em Fevereiro, segundo dados hoje divulgados pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários. As subidas de 2,8 por cento no segmento das acções do mercado regulamentado e de 20,3 por cento nas obrigações dos mercados não regulamentados “contribuíram de modo decisivo para esta evolução”, refere o regulador do mercado.
AMÉRICO AMORIM continua a ser o português mais rico do mundo, de acordo com a lista da revista Forbes, mas a sua riqueza baixou 3,7 mil milhões de dólares (2,9 mil milhões de euros). O empresário da Corticeira Amorim está na 183.ª posição da lista dos mais ricos do mundo. Grande parte das perdas do “rei da cortiça” estiveram associadas às menos–valias potenciais nas suas participações na Galp, em que detém 33,34 por cento através da Amorim Energia, e no Banco Popular, em Espanha, em que é um dos maiores accionistas individuais, com 7,88 por cento da
empresa. O segundo português mais rico do mundo é Joe Berardo, coleccionador de arte, que, apesar de ter registado perdas, mantém uma riqueza avaliada em mil milhões de dólares (770 milhões de euros), ocupando a 701ª posição do clube.
Pedro Pereira Coutinho Teixeira Duarte renunciou ao cargo de presidente do conselho de administração da Teixeira Duarte. No entanto, o filho, Pedro Maria Teixeira Duarte, deverá continuar a ocupar o cargo de presidente executivo da construtora, que é controlada por uma sociedade familiar, que detém mais de 52 por cento do capital social. O grupo obteve um prejuízo de 349 milhões de euros em 2008 contra lucros de 122 milhões de euros no ano anterior. A Teixeira Duarte justificou os pre-
juízos com as perdas financeiras em participações estratégicas na Cimpor e no BCP. Sem esse impacto financeiro, o resultado líquido teria sido positivo em 40,3 milhões de euros.
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BLOCO DE NOTAS
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Economia&Empresas
REPORTAGEM
MAIOR GRUPO NACIONAL DE CERÂMICA
Bordalo Pinheiro junta-se à Vista Alegre
A fauna exuberante de Bordalo
Um mês depois da aquisição da Fábrica Bordalo Pinheiro pelo Grupo Empresarial Visabeira os sinais de mudança já se começam a sentir, não só na dinâmica interna da empresa, como no renovado interesse do mercado pelas peças imortalizadas pelo artista.
■ A reprodução de lagartos em louça é um dos exlibris da loja PARTE da estratégia de recuperação da fábrica Bordalo Pinheiro nas Caldas da Rainha passa pela recriação do universo naturalista que o artista concebeu envolvendo animais gigantes, árvores e frutos. Esta forma de expressão artística tem muito de semelhante com o que existe no Park Guell concebido pelo arquitecto catalão Antoni Gaudi em Barcelona, local de visita de centenas de milhar de turistas todos os anos. A Fábrica das Caldas da Rainha ainda preserva os moldes de bichos enormes como o exuberante cágado sobre o nenúfar, as descomunais e assustadoras abelhas, a lagosta do tamanho de uma tartaruga, o gato assanhado ou o sardão gigante que fazem parte do imaginário de muitas gerações de portugueses. Esses moldes têm vindo a ser recuperados de forma a reeniciar a sua produção em série.
■ A Fábrica de faiança e cerâmica é centenária nas Caldas da Rainha Ricardo Oliveira - GPM
de dois milhões de dívidas que a empresa foi acumulando, nomeadamente à Segurança Social e ao sector bancário. Já com uma nova gerência no activo, a fábrica manteve os 172 postos de trabalho porque “existe capacidade de produção, design e criação; falta encontrar clientes”, reconheceu Paulo Varela, vice-presidente do Grupo Visabeira. O gestor acrescentou que vai procurar “recuperar os clientes internacionais que perdeu, mas também conquistar outros”.
UMA FÁBRICA QUE SEMPRE RESSUSCITOU
■ José Sócrates acompanhado pelo secretário de Estado da Indústria, Castro Guerra, visitou a fábrica
■ Textos de António Rosado á males que vêm por bem. As notícias diárias que durante quatro meses deram conta da falência iminente da Fábrica Bordalo Pinheiro acabaram por conferir maior notoriedade à marca e às peças ce-
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râmicas produzidas a partir dos moldes concebidos pelo artista no final do século XIX. A tudo isto junta-se um “happy end” que contrariou a telenovela que parecia ir acabar numa falência que, afinal, não aconteceu. O grupo Visabeira, com sede em Viseu, resolveu adquirir 76 por cento da histórica
fábrica, desembolsando 300 mil euros. O baixo valor justifica-se pelo passivo acumulado e as necessidades imediatas de reconversão tecnológica que vão exigir uma injecção de capital de 1,5 milhões de euros. Ao mesmo tempo, o Estado assumiu, através de capital de risco do IAPMEI, cerca
A fábrica instalada nas Caldas da Rainha iniciou a sua laboração em 1884. Com graves crises em 1891 e 1927, chegou a suspender a laboração nestas épocas mas acabou sempre por ressuscitar, tal como aconteceu há um mês. Desta vez, o relançamento ocorreu após dois meses de negociações. Foi através da sua participada Cerutil, que o Grupo Visabeira avançou para a aquisição, concretizada no último dia de Março. A marca foi assim adicionada ao portofólio da Cerutil na área da cerâmica e do vidro, de que se destaca a fábrica de porcelanas Vista Alegre Atlantis, para além de outras insígnias de menor notoriedade como são a Stoneware, Boulevard e My Pet Friend.
Foi através de uma Operação Pública de Aquisição (OPA) sobre a totalidade do capital que a Cerutil passou a deter a Vista Alegre, num investimento de 12 milhões de euros. Paulo Varela explicou que, no actual cenário, o objectivo é “criar o maior grupo nacional de cerâmica”. Para isso vão ser aproveitadas as sinergias que resultam da concentração das marcas possibilitando “colocar peças da Bordalo Pinheiro nas lojas da Vista Alegre” e alargar o volume de exportações, aproveitando mercados da Europa e EUA onde o grupo marca presença.
Com uma nova gerência no activo, a fábrica manteve os 172 postos de trabalho porque “existe capacidade de produção, design e criação; falta encontrar clientes”
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Economia&Empresas
REPORTAGEM
EXPOSIÇÃO
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HISTÓRIA
Louça das Caldas está na moda
O pai da caricatura portuguesa
Cerca de uma centena de peças de cerâmica concebidas pelo famoso artista plástico que faleceu em 1905 estão em exposição até meados de Junho no Museu de Arte Moderna de Sintra. Muitas são autênticas preciosidades pela sua originalidade e raridade. exposição “Rafael Bordalo Pinheiro - Da Caricatura à Cerâmica” está organizada em torno de um núcleo de 110 peças da Colecção Berardo, um verdadeiro património da escultura portuguesa de expressão naturalista e figurativa. A Colecção Berardo possui um acervo significativo de cerâmica das Caldas da Rainha, que cobre desde o chamado “Período Arcaico” ao “Pós-Bordaliano”, conjunto que é agora mostrado ao público numa altura em que a histórica fábrica das Caldas da Rainha está a renascer das cinzas. Organizada em parceria com o Museu Bordalo Pinheiro, em Lisboa, e a Fábrica de Faianças Artísticas Bordalo Pinheiro, nas Caldas da Rainha, a exposição apresenta o “génio artístico” do artista, figura marcante da cultura portuguesa da segunda metade do século XIX. Aliás, quando Rafael Bordalo Pinheiro se fixou nas Caldas da Rainha, em 1884, fundou com o seu irmão a Fábrica de Faiança das
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Caldas da Rainha, onde assumiu a direcção artística e chegou a fazer da cidade um centro de cerâmica reconhecido internacionalmente. A sua obra reflecte quase sempre uma forma crítica, bem humorado e até burlesca de olhar o quotidiano cultural, político e social da época em que viveu. No que diz respeito à obra gráfica, inovou com o desenho humorístico e o cartoon como expressão artística, retratando intelectuais, políticos e outras figuras típicas da sociedade da época. Bordalo Pinheiro inspirou-se no próprio círculo de intelectuais e artistas que definiram a sua geração e nas personalidades dos diversos sectores de influência da sociedade oitocentista com quem privou, incluindo a própria Corte. Uma parte significativa do acervo que agora é mostrado é proveniente do espólio Emanuel Araújo, figura destacada da cultura contemporânea brasileira. Ou-
■ O artista dedicou 20 anos da sua vida à cerâmica
■ Para além dos moldes da secular fábrica, a louça das Caldas seguiu outros caminhos tras peças presentes na exposição foram produzidas no final do século XIX e início do século XX por cera-
mistas das Caldas da Rainha como Manuel Cipriano Gomes, conhecido por “Mafra” (1830-1905).
NEGÓCIO E POLÍTICA
José Sócrates retirou dividendos políticos
■ O Governo fez questão de apadrinhar o negócio
ASSIM que o negócio de compra da Fábrica Bordalo Pinheiro foi assegurado, o primeiro-ministro José Sócrates não perdeu tempo em apanhar a A8 até às Caldas da Rainha para, há cerca de um mês, se deslocar na sua viatura de Estado à fábrica centenária. Fê-lo para, segundo disse, “partilhar” com os trabalhadores “a alegria e a felicidade” por este “recomeço”. “A melhor forma de responder à crise é fazer alguma coisa. Não resolvemos os problemas todos, mas alguns resolvemos, como na Bordalo Pinheiro”, sublinhou o chefe do Governo no local, recordando a mais-valia de um empresa que é “um pouco da nossa história, da nossa cultura e iden-
O PINTOR, caricaturista e ceramista Rafael Bordalo Pinheiro nasceu em 1846 e faleceu em 1905, com 58 anos. Criador da emblemática figura do Zé Povinho, estudou nas reais academias de Belas Artes, Letras e Arte Dramática. Fundou em 1884 a fábrica de faianças das Caldas da Rainha, dedicando as duas últimas décadas de vida a esta paixão. O legado de centenas de desenhos da sua autoria serviu de base para outras tantas peças com assinatura. Sobre o artista, escreveu Ramalho Ortigão em 1891 que, “genuinamente português por constituição e por temperamento (...), tendendo para a obesidade, ele é um sensual, um voluptuoso, um dispersivo, um desordenado”. A biógrafa Matilde Tomaz do Couto acrescenta que teve “a uma contínua intervenção atenta e crítica à vida portuguesa” e será com a caricatura artística que “deixará uma marca indelével e inconfundível no século XIX português”. Data de 1875 a criação tidade”. Na sua perspectiva, perante as dificuldades do sector industrial do país”, o melhor que se pode fazer é transformar a cerâmica numa empresa competitiva, que acrescente riqueza às Caldas da Rainha e ao país”. Também Paulo Varela, vice-presidente do Grupo Visabeira considerou que “a Fábrica de Faianças Artísticas Bordalo Pinheiro tem uma experiência única pela sua história e pelo seu knowhow” que lhe permitirá posicionar-se num patamar de “produto de culto”. “Se juntarmos à mais-valia da marca (a tradição por excelência), as práticas e o discurso artístico contemporâneo, será com toda a certeza possível criar peças de grande impac-
do primeiro jornal dedicado à crítica social: “A Lanterna Mágica”. Foram companheiros de Bordalo neste projecto Guilherme de Azevedo (1840-1882) e Guerra Junqueiro (18501923). Depois de quatro anos a viver no Brasil, regressa a Portugal para lançar a revista “O António Maria”, cujo título alude ao famoso ministro António Maria Fontes Pereira de Melo. Viria a ser encerrada compulsivamente pelo Governo Civil de Lisboa em 1891. A criação da Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha contribui decisivamente para a revitalização da cerâmica local, de vastos pergaminhos. È assim que as famosas caricaturas de Bordalo Pinheiro passam do papel para o barro, nomeadamente o Zé Povinho, a Velha Maria, a Ama das Caldas, o Cura, o Sacristão, o Polícia, mas também cerca de 60 figuras em terracota da Paixão de Cristo (1887-99) para as Capelas do Buçaco.
to no exigente mercado internacional”, acrescentou. Quem terá assumido um papel de relevância na medição entre o Governo, o grupo comprador, a anterior administração e os trabalhadores da fábrica, foi o deputado socialista e ex-ministro da Justiça, Vera Jardim, que também possui uma quota minoritária no capital da empresa. O presidente da Câmara de Caldas da Rainha, Fernando Costa, revelou a sua satisfação pela concretização do negócio, “numa altura em que uma sombra negra paira sobre o sector da cerâmica”, apelando à preservação do espólio de Bordalo Pinheiro no seu local de origem que é a cidade.
22 Economia&Empresas 25 ABRIL 2009
RESTAURAÇÃO
AGRICULTURA
Crise não afectou sector do vinho As exportações deverão ter–se mantido em 2008, pelo menos, nos níveis de 2007, ou seja, em torno dos 600 milhões de euros. O esforço de promoção e a tendência mundial par aumento do consumo justificam a “performance”.
ENOTECA Quinta D’ Aguiar Figueira de Castelo Rodrigo A QUINTA D’AGUIAR situa–se no sopé da Aldeia Histórica de Castelo Rodrigo e tem uma área total de 350 hectares. Os seus solos apresentam uma estrutura franco–arenosa de base granítica e encontram–se também quartzitos e solos xistosos. Com um relevo pouco acentuado, está situada, em média, a 550 metros de altitude, sofrendo além da influência mediterrânea, uma influência claramente continental com acentuado arrefecimento nocturno. A precipitação média é de 550mm/ano, concentrada entre Outubro a Maio. Esta quinta tem uma área agrícola total com cerca de 400 hectares, 100 dos quais de vinha moderna em plena produção e 25 recentemente reconvertidos. As castas predominantes são a Tinta Roriz e a Touriga Nacional, que produzem os vinhos Casa D’Aguiar, D’Aguiar Tinto e o D’Aguiar Branco. CASA D’AGUIAR TINTO 2006:
sector do vinho está ainda sem sinais de estar a entrar em crise”, afirmou o presidente do Instituto da Vinha e do Vinho (IVV) em declarações à agência Lusa. Em 2008, as exportações deverão, pelo menos, ter–se mantido nos níveis de 2007, em torno dos 600 milhões de euros. O forte esforço feito em promoção e a tendência mundial para aumento do consumo de vinho são os factores apontados por Afonso Correia como estando na base desta boa “performance”. O presidente da Viniportugal, associação inter–profissional responsável pela promoção do vinho português, vai ainda mais longe e admite que as exportações portugue-
“O
sas do sector tenham ultrapassado os 700 milhões de euros em 2008. “Do ponto de vista da Viniportugal, o balanço é positivo”, afirmou Vasco Avillez, salientando que “o ano correu bem, tendo em conta o período difícil que foi”. Para 2009, o presidente do IVV não arrisca previsões, dada a grande incerteza sobre a evolução da economia mundial, mas aponta como “indicadores positivos” as muitas candidaturas apresentadas à medida de reestruturação da vinha, que contrastam com a pouca adesão registada ao arranque. “Isto indica que o sector continua a ter confiança”, salientou. O sector da vinha portuguesa tem, de resto, já novos apoios aprovados de cerca
de 54 milhões de euros, sendo a maior parte para reestruturação e reconversão, anunciou o Ministério da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas. Segundo o ministro Jaime Silva, foram aprovadas 1.883 candidaturas para ajudas à reestruturação e reconversão de uma área de 3.486 hectares, correspondendo a apoios de 39,6 milhões de euros. A ajuda média por hectare para reestruturação e reconversão de vinhas é de 11,349 euros. Foram ainda aprovados 1.238 projectos para arranque de vinha, correspondentes a 2.339 hectares e uma ajuda de 13,9 milhões de euros
Grau – 13,5% vol. Castas – Touriga Nacional Estágio - 12 meses em barricas de carvalho francês. NOTAS DE PROVA Características visuais – Cor rubi intensa. Características olfactivas – Aroma bastante vivo com fruto bem maduro de ameixa e cereja em compota. Temperatura ideal A temperatura ideal de consumo situa–se entre 16ºC e os 18ºC. Gastronomia Ideal para acompanhar com pratos de carne vermelha ou caça. Quantidade produzida – 10.000 garrafas PVP recomendado - 6,5 euros
Á MESA presas, por exemplo, o bar bem colocado - e com zona reservada a fumadores - e os elementos da decoração, destacando-se as duas mós de granito, ficam na memória. Salienta-se, ainda, o excelente atavio das mesas. naugurado no final de 2003 e instalado num antigo lagar, o Dom Azeite conjuga o útil com o agradável: rever a história do precioso néctar e saborear “in loco” as receitas tradicionais nas quais o azeite tem papel de destaque. Bonito, acolhedor e convidativo, o Dom Azeite tem muito para contar à mesa; e porque na Primavera o encanto é diferente, recomenda-se a massinha de bacalhau com salpicos de coentros e ovos escalfados e bacalhau recheado à moda da aldeia . Na prática, o bacalhau semi-frito vai ao forno recheado com presunto serrano, leva maionese, cebolada, pão ralado e pimentos morrones. Acompanha com batata frita à rodela. Plantado em Taveiro, a dois passos do Diário As Beiras, com excelentes acessos a Coimbra e à A1, o Dom Azeite possui carta de vinhos de qualidade e o serviço impressiona pela amabilidade dos colaboradores de mestre Adelino.
I
Latitude: W40.203442 Longitude: N-8.414100 Endereço: Rua Combatentes da Grande Guerra, 95, r/c Edifício Jornal “As Beiras” - 3045-469 Taveiro Telefone: 239 981 010 / Fax: 239 981 035 E-mail: domazeite@portugalmail.com
Horário de funcionamento: Das 12H00 às 16HOO e das 19H00 às 01H00 Encerra: Domingo aos jantares Parque de estacionamento privativo Fumadores: no bar Sala para reuniões Nota: De segunda a sexta-feira almoços para executivos com preço especial
A AMPLITUDE das instalações, com espaço para festas de aniversário e de em-
PEIXES FRESCO (robalo, cherne, garoupa, linguado), visíveis em expositor refrigerado, tibornada e bacalhau “à lagareiro” são também opções do menu em que consta, nas carnes, um churrasquinho de vitela Arouquesa certificada e o bife na pedra. As doses são generosas, iniciandose as hostilidades com pão e azeite, mais pratinhos de salada de polvo e morcela de sangue, por exemplo. Segundo a lei do precioso tempero, o azeite, levam-se, também, à mesa o robalo selvagem assado no forno ou escalado, lagareira de cherne, cataplana rica do mar, polvo e cabrito à moda do lagar. O naco de vitela na brasa com grelos e batatas a murro e castanha frita. Chegados à sobremesa não há que enganar: leite creme queimado na hora, bolo de bolacha e crepe de frutos silvestres. Mas há mais. Em Taveiro, neste acolhedor Dom Azeite.
25 ABRIL 2009
Economia&Empresas
SUGESTÕES
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ÚLTIMA
NÚMEROS
-0,2 É o valor previsto para a quebra de preços este ano no nosso país, de acordo com dados divulgados pelo Banco de Portugal.
93%
622 milhões de euros é quanto vale o negócio dos fármacos de linha branca no nosso país.
Foi o crescimento da remuneração média dos docentes universitários em tempo integral entre 1993 e 2003. No Politécnico foi 64 por cento.
ATÉ AS FUNERÁRIAS...
Mais homens de “fraque” A crise está a fazer aumentar a actividade das empresas de cobranças de dívidas, que, para responderem ao aumento da procura, estão a admitir mais pessoal. empresa “O Homem do Fraque”, cuja missão consiste em a recuperar créditos malparados, registou entre 2008 e 2009 um aumento de 25 a 35 por cento na actividade no escritório em Portugal, mantendo actualmente 1.500 processos. Em Espanha, onde a empresa tem 11 escritórios, a actividade “quase duplicou no último ano”, revelou o gerente da empresa, Óscar Regueira. “As situações complicadas economicamente são boas para nós”, referiu. “Há um ano que tem
A
havido um incremento na nossa procura. Temos mais trabalho e aumentámos o pessoal, em Portugal e em Espanha”, acrescentou Óscar Regueira. Luís Sousa, o director–geral ibérico da “Logicomer”, empresa destinada à recuperação de créditos e que trabalha apenas com bancos e entidades financeiras a crédito, revelou, por seu turno, que algumas entidades tiveram um acréscimo de cerca de 20 por cento no número de clientes em incumprimento, só no último meio ano. “Um banco que nos dava no ano passado, no primeiro trimestre, cinco mil clientes para gestão, este ano está a dar sete mil”, explicitou, acrescentando que, actualmente, a situação parece “estabilizada”. Em Espanha, segundo Luís Sousa, a situação é muito pior. “Há casos muito graves, ao nível de incumprimento. Lá, o melhor das hipóteses cor-
responde ao pior de Portugal”, disse. “O Homem do Fra-
que” cobra dívidas entre os 1.500 euros e os 300.000 euros, sendo que,
depois da cobrança, a empresa fica com 40 por cento e o cliente com o restante. As dívidas mais comuns que a empresa tenta cobrar situam–se entre os 20 mil euros e os 120 mil euros. A “Logicomer” diz não ter valores definidos, explicando que “tanto trabalha com 500 euros como com 500 mil euros”. Segundo Luís Sousa, a empresa consegue recuperar 50 por cento das dívidas através de acordos extrajudiciais, ou seja, por via da negociação, o restante é através de tribunal. Esta empresa joga com o prémio que recebe do cliente para poder flexibilizar a negociação. “O Homem do Fraque”, que garante conseguir reaver 70 a 80 por cento das dívidas, tiliza a frota automóvel como principal meio para recuperar dívidas, dado que, conclui Óscar Regueira, “ninguém gosta de ter um carro de O Homem do Fraque à porta de casa”.
Cavaco recomenda aposta na inovação O PRESIDENTE da República defende a aposta na inovação, na tecnologia e no conhecimento como “elemento essencial para responder” aos actuais e futuros desafios para superar a crise. “Já era assim antes desta crise que nos afecta a todos e agora é-o ainda mais. Não é possível uma estratégia de desenvolvimento económico e social que ofereça perspectivas
reais de futuro sem um forte investimento” em políticas de conhecimento, inovação e desenvolvimento, diz Cavaco Silva num artigo incluído no Anuário Ibero–americano 2009, publicado pela Agência EFE e pelo Real Instituto Elcano. O artigo de Cavaco Silva assume destaque com Portugal a ser este ano anfitrião da Cimeira Ibero–Americana, em Novembro, no Estoril.
O Presidente da República recorda no artigo que Portugal elegeu como tema central da cimeira “Inovação, Tecnologia e Conhecimento: Um espaço de cooperação” e salienta que a reunião decorrerá “num ano de grandes desafios para cada um dos Estados que a compõem, confrontados com a necessidade de encarar as repercussões da crise económica e financeira”.
Fundo para dívidas vai funcionar como “banco” da saúde O FUNDO que o Governo criou para pagar as dívidas da saúde vai continuar a existir e deverá funcionar como “um banco” em que os hospitais investem os seus capitais sociais e ao qual podem recorrer para realizar pagamentos. A ideia é do secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Francisco Ramos, para quem o Fundo de Apoio ao Sistema de Pagamentos do Serviço Nacional de Saúde (SNS) é “um mecanismo inteligente para utilizar no pagamento das dívidas dos hospitais”. Criado no final do ano passado para o pagamento das dívidas do sector - que ascendia a 908 milhões de euros -, o Fundo já concedeu empréstimos a 27 hospitais–empresas, num total de 766.883.678,18 euros. O Fundo foi buscar os montantes aos capitais sociais de 35 hospitais–empresa, num total de 766.900.000 euros, até 31 de Dezembro do ano passado. Para Francisco Ramos, a criação do Fundo foi uma medida apenas concretizável numa “crise financeira” e uma forma do Estado “honrar os seus compromissos”, caso contrário “algumas empresas (de fornecedores] poderiam fechar. O secretário de Estado Adjunto e da Saúde considera que o grande objectivo da medida é “fazer os hospitais pagarem as suas dívidas”. Isso significa que cabe agora às instituições pagarem ao Fundo os montantes que receberam como adiantamentos de pagamentos, tal como os respectivos juros. Os hospitais terão de pagar estes adiantamentos com “recursos próprios”, o que deverá acontecer até Junho. O incumprimento da devolução dos montantes recebidos será penalizado com os juros que estão já a ser cobrados. Os hospitais poderão ainda recorrer novamente ao Fundo, sempre que o necessitem, para pagar as dívidas aos fornecedores. Por esta razão, e perante a inevitabilidade dos hospitais precisarem de recorrer ao Fundo mais do que uma vez, Francisco Ramos estima que este continue a existir, estando prevista uma avaliação do mesmo lá para o fim do ano.
Economia & E M P R E S A S
E S P E C I A L
ESTE CADERNO É PARTE INTEGRANTE DO SUPLEMENTO ECONOMIA E EMPRESAS DO DIÁRIO AS BEIRAS DE 25 DE ABRIL E NÃO PODE SER VENDIDO SEPARADAMENTE
MEDIAPRIMER
02
Afinal o que é o iParque? O
Coimbra Inovação Parque é já a qualidade da infra-estrutura, o enquadramento paisagístico, os excelentes acessos, a zona para habitação e serviços que cumprem todas as exigências da nova economia. É, acima de tudo, um parque empresarial de ciência e tecnologia que promete mudar a imagem de Coimbra. O Coimbra iParque é, portanto, um imenso desafio. Desde logo, à condição e ao desígnio de Coimbra. Depois, também à capacidade de conferir densidade e consequência ao conceito de empreendedorismo que, desde há algum tempo, se vem “colando” à Universidade de Coimbra, sobretudo à sua Faculdade de Ciências e Tecnologia e à extraordinária incubadora do Instituto Pedro Nunes. Mas este imenso desafio atravessa, também, o conceito original do iParque. Um conceito que assenta na necessidade de convencer o país e o mundo de que há, na cidade de Coimbra, condições para a instalação de uma estrutura que aproveite as valências dos centros de conhecimento e dos centros de formação que se lhe reconhecem. E que aproveite a geração de empresas: incubação, pós-incubação e instalação de empresas grandes. O Coimbra iParque começa, portanto, por ter de ser um espaço de excelência para as empresas de Coimbra e da região Centro, com esta raiz universitária e de base tecnológica, privilegiando a inovação. Da dinâmica que vier a ser gerada, da aposta contínua na qualidade, na inovação, sairá certamente a demonstração de que o Coimbra iParque é o melhor, o mais bem dimensionado parque tecnológico e o que reúne mais condições de sucesso em todo o país, podendo concorrer com qualquer outro no espaço geográfico europeu. CINCO OBJECTIVOS-CHAVE
Business Center O Business Center é o coração administrativo do Coimbra iParque. Trata-se de um edifício de linhas modernas, que pretende constituirse como um verdadeiro centro de negócios, onde tudo foi pensado e projectado para servir as empresas e as suas necessidades. Trata-se do primeiro edifício a avançar, devendo o respectivo concurso arrancar em breve. Os custos de construção ascendem aos 4,5 milhões de euros. Neste espaço, o Coimbra iParque vai centralizar os serviços administrativos e de apoio interno, que incluem consultoria jurídica, financeira, estratégica, em marketing
e de promoção externa às empresas. Em dois pisos, o edifício disponibiliza dois auditórios, em anfiteatro, dotados das infra-estruturas de comunicações mais sofisticadas, num total de 350 lugares sentados. No que respeita aos espaços para formação, o Business Center oferece às empresas salas preparadas para a organização de conferências, seminários e eventos formativos diversos. Noutro contexto, o edifício contempla também salas de reunião, destinadas a servir as estruturas orgânicas das empresas e a permitir o contacto com clientes, fornecedores e outros agentes externos,
O Business Center dispõe ainda de um Restaurante, para 75 lugares sentados, adaptado para servir refeições, em buffet, e podendo também ser utilizado para acções de promoção das empresas Um Datacenter, a concessionar, vai permitir às empresas alojarem os seus serviços informáticos. Por fim, refira-se que a Rede Informática vai permitir a videoconferência. Metade de um andar será reservado para empresas que prestam serviços ao iParque, como, por exemplo, nas áreas da contabilidade ou dos serviços jurídicos, podendo também ser na área cultural, que garanta animação em permanência.
1. Dinamizar um espaço empresarial ideal para a inovação e o empreendedorismo. 2. Promover I&D em consórcio das várias instituições de investigação da região Centro com empresas nacionais e internacionais. 3. Criar condições para uma mais efectiva transferência de tecnologia, disponibilizando um conjunto de serviços e meios que colocam permanentemente esse desafio e incentivam a sua concretização. 4. Contribuir para o desenvolvimento e reforço de competitividade da região Centro e do país, dinamizando a actividade económica, a criação de emprego e de valor, tendo por base actividades baseadas no conhecimento. 5. Contribuir para o desenvolvimento de uma verdadeira cultura de I&D, em consórcio com instituições universitárias, politécnicas e centros de investigação da região Centro. Director: António Abrantes Director Adjunto: Soares Rebelo Director Comercial: Luís Filipe Figueiredo
Edifício Tesla Espaço que consubstancia a concretização do parque multipolar, resultante do acordo que envolve o iParque, o Instituto Pedro Nunes, o Biocant, de Cantanhede, e a Universidade de Coimbra, que lidera a rede. O edifício vai, assim, funcionar como uma espécie de incubadora de segunda fase, para alojar as em-
presas oriundas do IPN, que incubaram bem, na área tecnológica, durante um prazo máximo de quatro anos, e que tenham interesses e vantagens em instalar-se em ambiente industrial mais clássico, mas que ainda não dispõem de capacidade para ter instalações próprias. O conceito Tesla acaba, assim,
Coordenadora de Produção: Carla Fonseca
Endereços e Telefones: Rua 25 de Abril, n. 7 - Apartado 44 - 3040-935 Taveiro • e-mail: beirastexto@asbeiras.pt - 239980280 Impressão: Mirandela, Artes Gráficas, S. A. Rua Rodrigues Faria, 103 - 1300-501 Lisboa Tiragem: 12.500 exemplares
por complementar o do Tecnopólo - acelerador de empresas do IPN, a integrar na órbita do campus universitário, próximo do Pólo II da Universidade. Por isso, o acordo estabelecido para o parque multipolar prevê que os edifícios sejam semelhantes e que disponham de uma gestão integrada e muito próxima, .
09/0990
04 Nove empresas já garantidas CTCV
Wit Software
O Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro (CTCV) vai construir dois edifícios onde criará um Laboratório de Testes e Desenvolvimento, apoiado por Instalações Auxiliares. O edifício do lote 6 inclui, por exemplo, no rés-do-chão, uma nave laboratorial central, Salas laboratoriais adjacentes Armazéns, Sala de reuniões e Torre de ensaios. O piso 1 é reservado a Gabinetes.
Empresa de produção de software e tecnologias para a Internet Móvel. O edifício, que vai ocupar o lote 11 do iParque, com três pisos, que inclui, em cada um, amplos Open Spaces para os colaboradores, gabinetes e salas para reuniões. O Auditório e o Foyer/Showroom ficam localizado no rés-do-chão.
Linhas modernas e sóbrias dominam o edifício do laboratório de testes e desenvolvimento
A visibilidade do que vai ser o parque passa, em larga medida, pelas empresas que ali se vão instalar e pela imagem que cada uma vai transmitir aos edifícios a construir. De entre as que já se conhecem, cabe
http://www.cnotinfor.pt
http://www.rcsoft.pt
http://www.ctcv.pt
http://www.forumsi.pt
Design e recurso a fibra óptica conferem ao edifício Wit arrojo e contemporaneidade
destacar dois projectos de edificação – o do CTCV e o da Wit Software, que aqui se desvendam parcialmente. Ambos dão uma ideia do ambiente de qualidade e contemporaneidade que as empresas querem
MEDIAPRIMER - Empresa de base tecnológica, que opera na área das TIC e I&D organizadas em três áreas: Software, Web & Multimédia e Design & Comunicação.
CNOTI - Empresa de inovação focada na área da Aprendizagem enriquecida pela Tecnologia, procurando estar na vanguarda do desenvolvimento de competências cognitivas básicas e de visualização avançada de conteúdos.
WIT SOFTWARE - Companhia que desenvolve software para operadoras de comunicações e internet móvel, orientada para soluções de convergência comunicação entre PC, telemóvel e Internet.
RCSOFT - Desenvolvimento de soluções para o controlo de produção e comercialização de equipamentos informáticos, desenvolvimento de ERP, automação industrial, software para comunicações.
CTCV - Instituição de utilidade pública, sem fins lucrativos, criada para apoio técnico e promoção tecnológica das industrias nacionais da cerâmica, vidro e sectores afins e complementares.
FORUM - Concebe, desenvolve, implementa e mantém soluções informáticas de gestão para organizações que na sua actividade necessitem de sistemas inovadores e personalizados, capazes de gerar valor de forma sustentada.
criar, não obstante a funcionalidade ser determinante. Para além dos edifícios, também os arranjos exteriores e os espaços públicos contribuem para a exigência qualitativa do parque.
BETTERSOFT - Empresa que se dedica ao desenvolvimento de aplicações informáticas e sistemas de informação. Desenvolve soluções tecnológicas que suportem a estratégia das organizações, melhorando a sua produtividade.
EMPRESAS QUE JÁ SE POSICIONARAM NO COIMBRA IPARQUE
AIRC - Presta serviços tecnológicos e fornece soluções informáticas inovadoras à administração pública local.
SANFIL - Marco notável na saúde de Coimbra e do País. Tem vindo a ser escolhida não só por um corpo clínico de elevada craveira, como também por várias entidades públicas e privadas que a honram com a sua preferência.
http://www.mediaprimer.pt
http://www.wit-software.com
http://www.bettersoft.pt
http://www.portal.airc.pt
http://www.sanfil.pt
09/0914
06 SERVIÇOS PRESTADOS PELO iPARQUE • Serviços administrativos e de apoio interno • Consultoria jurídica, financeira, estratégica, em marketing e de promoção externa • Revisão e manutenção das infra-estruturas e instalações e espaços comuns • Organização e coordenação de programas de formação de recursos humanos • Gestão de processos de incubação • Apoio a processos de transferência de tecnologia • Difusão de informação sobre inovação, ciência e tecnologia • Criação e manutenção de bases de dados de informações estratégicas para os negócios das empresas residentes • Promoção de parcerias internas, regionais, nacionais e internacionais
LOTE
EMPRESA
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BUSINESS CENTER
6
4
7 8
5 6 13
7
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5 áreas estratégicas CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS BIOLÓGICAS, DA VIDA E DA SAÚDE
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CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E MULTIMÉDIA
16 17
EDIFÍCIO TESLA
TELECOMUNICAÇÕES AUTOMAÇÃO E ROBÓTICA INTELIGENTES PROJECTOS TRANSVERSAIS
07
Como chegar ao iParque? 1. Coimbra: sair da Ponte Rainha Santa pelo IC2 em direcção a Lisboa / CONDEIXA 2. Passados 500 metros, virar à direita para cima em direcção à antiga estrada de Lisboa 3. Chegando à antiga estrada de Lisboa, virar à esquerda em direcção a Antanhol / Condeixa
3
4. Continuar sempre em frente durante cerca de 3 quilómetros, passando a Cruz dos Morouços. À saída da localidade, do lado direito, encontra-se a entrada do iParque NOTA: No futuro haverá uma ligação directa ao parque a partir do IC2.
4 5
9 10 11
15
12 Visão geral 100 ha 1ha = 10.000 m2
16
1.ª fase 30 ha
18
Números Área total
298.108,00 m2
Zona Industrial 146.661,0 m2 Zonas Verdes e Serviços 71.330,0 m2 Estacionamentos, ruas e passeios 80.117,0 m2
Número de lotes Lotes para Serviços e Gestão
18 3
(Restaurantes, pavilhão e edifício de Gestão)
Lotes Industriais (Empresas e centros de I&D)
15
2.ª fase 70 ha
08 logias, da saúde e das ciências da vida e se quiserem, na verdade, fazer com que a criação de empresas com base na Universidade e com base na iniciativa dos cidadãos de Coimbra se prolongue depois com a capacidade de acolher as empresas e da sua instalação e lhes dê condições de expansão. O grande problema de Coimbra, durante muitos anos, era não ter um espaço que seria facultado em condições preferenciais para a instalação dessas mesmas empresas.
“A disputar os primeiros lugares” O PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE COIMBRA ESTÁ CONVENCIDO QUE UM PROJECTO COMO O COIMBRA IPARQUE É ESSENCIAL PARA O FUTURO DA CIDADE. ANTÓNIO ALVES DIÁRIO AS BEIRAS Como é que se sentiu quando, recentemente, foi visitar o iParque com os restantes vereadores e deputados municipais e se deparou com as obras praticamente concluídas? Carlos Encarnação - Naquela visita, até me tentei
colocar à margem dos acontecimentos. Justamente para ficar mais numa posição de observador do que de participante. Por uma razão simples: queria que as pessoas vissem com inteira liberdade e avaliassem o que está ali feito. A minha interpretação daquela realidade
é esta - e toda a gente a fará com a mesma facilidade: é uma obra absolutamente essencial para Coimbra, já deveria estar concluída há muito tempo e que completa um ciclo. Isto, é claro, se as pessoas quiserem que a cidade tenha respostas no domínio das novas tecno-
Sentiu orgulho da obra ali efectuada? O que senti foi uma satisfação imensa. Principalmente, porque é um projecto muito mobilizador. Por isso é que, desde o início, sempre disse que podia faltar dinheiro para tudo menos para aquilo. Aquela sempre foi a obra que eu quis executar no meu mandato, porque era do ponto de vista simbólico muito relevante em relação ao que Coimbra nunca conseguiu fazer. E que agora conseguiu. Acabámos com um conjunto de frustrações de pessoas de Coimbra que sonharam aquela obra e nunca a conseguiram concretizar. Eu tive a sorte imensa de estar como presidente da Câmara e de, como presidente, contribuir para a resolução daquele problema. É, de facto, uma sensação de dever cumprido e de realização pessoal muito grande. Faltam agora as empresas para que o sucesso seja completo... Mas não nos podemos esquecer do trabalho até agora realizado. O que ali temos é uma coisa muito importante porque está ali muito dinheiro investido. Às vezes, as pessoas têm tendência para desvalorizar mas a questão fundamental é esta: temos mais de três milhões de euros de investimento em terrenos, mais 6,5 milhões em infra–estruturas do parque (pelo próprio Coimbra Inovação Parque) e temos cerca de 2,5 milhões investidos pela câmara na principal via de acesso. Até agora, e em contas redondas, já estamos a falar de 12 milhões de euros. Isto é muito dinheiro,
“
É uma obra essencial que já deveria estar feita há muito e que completa um ciclo.
mas que era essencial para o projecto ir para a frente. Mas vão ter de ser mobilizados mais recursos. Para quê? Em breve, vamos iniciar a construção do primeiro edifício do parque - edifício central - e que irá custar cerca de 4,5 milhões de euros. Depois, a EDP irá construir uma subestação no valor de dois milhões; a empresa municipal Águas de Coimbra irá construir um depósito de propósito para o Coimbra iParque, ao mesmo tempo que comparticipa o abastecimento especial de água que irá ser feito para cada um dos lotes. Não nos podemos esquecer dos factores induzidos das próprias empresas que lá irão instalar–se na construção dos seus edifícios. Contava que a adesão ao parque fosse de 100%? Contava apenas com a adesão registada até ao momento. Existe um conjunto de empresas que estão no ponto certo nesta altura - apesar de estarmos a viver uma altura muito difícil -, o que não me deixa preocupado quanto ao futuro. O que me preocuparia era precisamente o contrário: se Coimbra não tivesse nem preparada nem desse resposta às coisas que podem acontecer. O pior que poderia acontecer a Coimbra era nunca ter tido hipótese de
“
Este projecto é muito grande e tem de ser mesmo definido com a sua configuração final e que está no projecto.
competir com superioridade em relação a qualquer outra área. Neste momento, e olhando para o conjunto de parques científicos e tecnológicos existentes no nosso país, Coimbra pode orgulhar–se de estar à frente de todos os outros. O que é que o iParque tem de diferente? Para já, o que diferencia este projecto é o facto de estar muito bem estruturado, muito bem desenhado, tem conteúdo, tem ligação desde o IPN (ninho de empresas) até à sua instalação final. Percurso esse que é suportado por diversas instituições que participam neste projecto: desde a Universidade de Coimbra até às várias empresas que aderiram ao capital. É, portanto, um projecto com raízes, com grandes apoios, com muita ligação e com muito sentido, que aproveita a superioridade de Coimbra nestes campos. Por outro lado, coloca Coimbra à frente de outros núcleos regionais, os quais nalguns casos ainda nem os projectos têm definido ou desenhado para concorrerem aos fundos estruturais. Nós temos esta grande vantagem. Quando ainda faltam dois lotes da 1.ª fase não será cedo demais começar já a falar na 2.ª fase? Não é nenhum contra–senso. Este projecto é muito grande e tem de ser mesmo definido com esta ambição. Estamos a falar de 100 hectares, dos quais 50 já estão expropriados. Nós não podemos deixar de fazer isto. O Parque não pode deixar de ter a sua configuração final e que está no projecto aprovado para aquela zona. É questão de honra! É uma questão essencial, porque senão o parque não é aquilo que foi sonhado e pensado, de forma a atingir os objectivos que nós pretendemos. Na minha actuação, tento sempre com calma e enorme persistência atingir os objectivos a que me proponho. E, neste caso, serão atingidos sem pressas, com a absoluta segurança e sem mudar de rumo. É o que quero e tenho feito ao longo da minha vida.
09 Áreas estratégicas Ciências e Tecnologias Biológicas, da Vida e da Saúde
As iniciativas empresariais, de I&D e de cooperação efectiva entre empresas e centros de investigação existentes, na região, já deram produtos e novas oportunidades.
Telecomunicações Área de futuro na qual Coimbra pode desempenhar um papel fundamental, através do incentivo à cooperação das instituições de investigação com empresas.
Automação e Robótica Inteligentes Área decisiva pela sua multidisciplinaridade e pela capacidade de promover a cooperação entre instituições de I&D, bem como com empresas industriais.
Projectos Transversais Iniciativas que abrangem várias das áreas já mencionadas e que potenciam novas oportunidades que não são facilmente classificadas nas áreas anteriores.
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Área de reconhecida competência na região Centro, onde há massa crítica nas valências que permitirão desenvolver uma verdadeira indústria da vida e da saúde.
Ciências e Tecnologias da Informação e Multimédia
Experiência, Qualidade, Inovação
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“O melhor parque tecnológico do país” NORBERTO PIRES É O PRESIDENTE DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO E O “ROSTO” DO COIMBRA INOVAÇÃO PARQUE. PAULO MARQUES DIÁRIO AS BEIRAS Por que diz que o Coimbra Inovação Parque é o melhor do país? Norberto Pires - Porque tem dimensão, tem dignidade e, acima de tudo, tem um posicionamento diferente dos outros parques tecnológicos que existem em Portugal: o TagusPark, que existe há mais de 15 anos, os parques da Maia e de Gaia, o AvePark, criado em Guimarães e muito ligado à Universidade do Minho. Depois, existem pequenos parques, por exemplo nos Açores, um tecnopólo na Madeira, que basicamente é um edifício para sedeação de empresas.
Existe agora um novo parque, mais industrial, ao lado do TagusPark, em Oeiras. Há também um projecto em Óbidos e, para Ílhavo, a Universidade de Aveiro já anunciou que vai concorrer ao QREN para ter um parque. O Coimbra iParque é o único que, de raiz, se vocacionou para ser um parque de ciência e tecnologia. Todos os outros se formaram, de alguma maneira, para agregar empresas.
cimento e recursos humanos; tem a segunda melhor incubadora de todo o mundo e tem excelentes centros de formação. Ou seja, o que queremos dizer é que há condições para que as empresas se instalem e criem sinergias com estas valências. E queremos demonstrá–lo, já na primeira fase, com uma ou duas empresas–âncora de fora - para as quais temos dois lotes reservados.
Por que razão há–de uma empresa de fora escolher Coimbra? Coimbra tem uma universidade, logo tem conhe-
Como vai ser o parque, no final desta primeira fase? Dos 15 lotes, temos 13 ocupados. Destes, um deles
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iParque é o único que, de raiz, se vocacionou para ser um parque de ciência e tecnologia.
é um edifício para incubação de segunda fase. Dos lotes grandes, que são três (dois de 2 ha cada e um de 3 ha), dois são reservados para as referidas empresas–âncora. Um deles já está ocupado, por um hospital privado, e vai ser anunciado na inauguração. Para o outro lote, de dois hectares, queremos uma empresa de engenharia mais I&D, enquanto para o maior pretendemos uma empresa na área da saúde. Mas, vejamos, um investimento estrangeiro que vem aqui só para aproveitar os nossos recursos humanos não nos interessa. Interessam–nos empresas que apostem também nos nossos centros de saber, de forma a que, quando se forem embora, deixem coisas. E é isto que mais nenhum outro parque, em Portugal, faz. Com o AICEP e através da nossa própria divulgação, temos cativado o interesse de muitas empresas. Mas, claramente, só iremos ter uma decisão quando elas virem que o parque funciona. Desde o início que defende que o iParque deve ligar–se, em rede... Em rede, sim, com três parceiros fundamentais: desde logo, a universidade, que deve liderar; depois, a incubadora do IPN; por fim, o Biocant, parque que já existe em Cantanhede. Foi, aliás, esta ideia que nos levou a criar, há cerca de um ano, uma espécie de parque multipolar, em que as empresas do IPN, que incubaram bem, na área tecnológica, virão para o iParque, mas as que se vocacionarem para as biotecnologia deverão ir para o Biocant. Por outro lado, é sabido que o IPN pretende criar um acelerador de empresas, ou
seja, uma incubadora de segunda fase, que se chama Tecnopólo e se destina às empresas que já têm quatro anos de incubação, mas que ainda não dispõem de capacidade para ter instalações próprias. Nós, no iParque, também estamos interessados nesse tipo de empresas, pelo que vamos fazer um acordo, que permite às empresas decidirem se querem manter–se no campus universitário - e, então, ficam no Tecnopólo, que vai ser junto ao Pólo II da universidade -, ou se desejam ir para junto das suas “irmãs”, em ambiente mais industrial e, neste caso vêm para o iParque, onde teremos um edifício semelhante, a que chamamos Tesla e que, aliás, vai ter gestão muito próxima, provavelmente, até, pelas mesmas pessoas. Onde entra, aqui, a área da Saúde? Coimbra não pode abandonar a ideia de ser muito competente em tecnologias associadas à Saúde. Tem um hospital de grande dimensão e diferenciação e um vasto conjunto de serviços associados que tem de saber aproveitar. No entanto, é preciso acção. E Coimbra lançou a ideia da Capital da Saúde e ficou–se por aí. Nós, no iParque, assumimos que a Saúde é uma área estratégica, mas precisamos de a desenvolver. Como? Cativando áreas da informática, das tecnologias, da robótica, etc. e dizer–lhes que a área da Saúde é boa para criar serviços. Mas, para isso, precisamos de agregá–las... Ou seja, antes da Saúde está o cluster das TICE - Tecnologias de Informação, Comunicação e Electrónica, na Robótica... É um facto que sempre manifestámos interesse particular nas TICE e em projectos complementares. São estes que, associados em cluster, aqui no iParque, vão poder fornecer serviços à Saúde. Foi, aliás, o que aconteceu na Critical Software, que, depois de se consolidar na área da informática, teve agora um spin–off na área da Saúde. Mas, como já reconheceu o próprio Gonçalo Quadros, essa nova ideia de negócio percebeu que Portugal não tem ainda o ideal para fazer nascer e de-
senvolver uma empresa destas, pelo que, provavelmente, vai deslocalizá–la para fora do país. Isto significa que, em Portugal, verdadeiramente, ainda não está a acontecer este processo altamente diferenciado. Como se relaciona o iParque com o programa nacional de pólos de competitividade, criado pelo Governo? O iParque identificou as áreas que lhe interessa e tra-
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Coimbra não pode abandonar a ideia de ser muito competente em tecnologias associadas à Saúde.
tou de associar–se a elas, nomeadamente, aos clusters TICE (cuja sede foi para Aveiro), de que é sócio–fundador, ao HCP - Health Cluster Portugal (com sede na Maia), de que é sócio individual, e também ao cluster ligado ao Habitat, que é gerido pelo CTCV Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro. Em cada um colocamos projectos do iParque, que são projectos–âncora, ao mesmo tempo que procuramos que uma parte do cluster esteja em Coimbra. Por que razão Coimbra não é sede de nenhum desses pólos de competitividade? É bom que se diga que nunca fizemos questão de ter a sede de um qualquer cluster, em Coimbra. Agora, reconheço que não gostei muito de ver que a maioria tem sede em Aveiro. Mas, enfim, talvez tenha a ver com a má imagem da cidade de que já falei. O que nos interessa mesmo é que Coimbra esteja lá e tenha acções a correr aqui. E a verdade é que, por exemplo, nos TICE, dos 10 grandes projectos–âncora, metade são de Coimbra, liderados pelo iParque, pela ISA e pela Critical. Isto num cluster que envolve todo o Norte do país.
O programa nacional de pólos de competitividade, lançado pelo Governo no ano de 2008, traduz–se no desenvolvimento de diversas iniciativas de Estratégias de Eficiência Colectiva (EEC), todas candidatas aos sistemas de incentivos do QREN (Quadro de Referência Estratégico Nacional), referente ao período 2007-2013. Trata–se de um programa que vem incentivar e privilegiar planos e acções que se identifiquem com macro–áreas e de elevado potencial nacional. No que respeita ao Coimbra Inovação Parque, são quatro as iniciativas que integra, desde o início, sendo duas da área da Saúde. São elas o cluster Healthcare & Medical Solutions do Centro (CHMS), o Health Cluster Portugal (HCP) - Associação do Pólo de Competitividade da Saúde, a Associação para o Pólo das Tecnologias de Informação, Comunicação e Electrónica - TICE.PT e o cluster Habitat Sustentável. Esta adesão permite às empresas os efeitos de escala e de cooperação necessários para o desenvolvimento das suas actividades, bem como tirar partido dos incentivos do QREN que são largamen-
te mais favoráveis quando é reconhecida uma lógica de cluster. Mas as candidaturas a fundos comunitários não se ficam por aqui. É que o protocolo assinado, em Julho de 2008, entre a Universidade de Coimbra, o Coimbra Inovação Parque, o Instituto Pedro Nunes e a Associação Tecnopólo de Coimbra vai para além do projecto de constituição de um parque de ciência e tecnologia multipolar na região de Coimbra. De facto, esta parceria, coordenada pela universidade, vai permitir a coordenação de iniciativas concorrentes ao financiamento do QREN. Isto porque o concurso do Sistema de Apoio a Parques de Ciência e Tecnologia e Incubadoras de Empresas de Base Tecnológica, no âmbito do Programa Operacional Regional do Centro “Mais Centro 20072013”, prevê que o apoio as iniciativas passíveis de receber apoio do programa têm, obrigatoriamente, de ter “por parceiro líder uma universidade sedeada na NUT II Centro”. Para além disso, “a entidade beneficiária tem, obrigatoriamente, que incluir” uma daquelas instituições do ensino superior.
Cultura, lazer e ambiente A ciência e tecnologia é o cerne do iParque. Não obstante, o presidente do conselho de administração “adoraria” que aparecessem projectos em áreas como as do entretenimento, lazer e cultura e também do ambiente. “Infelizmente, ainda não apareceu nenhuma”. No âmbito de “outros projectos”, o iParque reserva, também, espaço para empresas que prestem serviços “para dentro”. E, aqui, Norberto Pires deixa a pergunta: “por que não na área cultural, até porque prestaria serviço no próprio parque, no qual queremos ter animação em permanência?”.
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