Especial Dia Mundial do Turismo 2020

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Dia Mundial do Turismo’20 27 de setembro

Este especial faz parte integrante do DIÁRIO AS BEIRAS de 26 e 27 de setembro de 2020 e não pode ser vendido separadamente DR


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“Turismo e desenvolvimento rural” é o tema deste ano 111 O Dia Mundial do Turismo assinala-se amanhã. Este ano, a Organização Mundial do Turismo (OMT) pretende destacar o papel do turismo na oferta de oportunidades fora das grandes cidades e na preservação do património cultural e natural em todo o Mundo. Sob o tema “Turismo e desenvolvimento rural”, a presente edição surge num momento crítico em que os países, em todo o Mundo, contam com o turismo como força motriz da recuperação económica, especialmente nas zonas rurais onde o setor é uma das mais importantes fontes de emprego e um pilar da economia. O objetivo é destacar o papel do turismo no empoderamento das comunidades rurais, na criação de emprego e oportunidades, sobretudo para mulheres e jovens, na fixação de população, na preservação de habitats e espécies em perigo e na celebração do património e das tradições, com a OMT a incentivar os seus Estados membros, assim como empresas e organizações do setor turístico a assinalar a data com acções que destaquem estes aspectos. Neste caderno, o DIÁRIO AS BEIRAS dá a conhecer os locais ou os produtos que não deve perder em visita ao território da Comunidade Intermunicipal Região de Coimbra. Pedro Machado, presidente da Turismo Centro de Portugal, faz um balanço do último Verão e aponta caminhos para o futuro do setor. Os desafios de um recente projeto turístico na aldeia de Gondramaz (Miranda do Corvo), as Aldeias de Xisto e Aldeias Históricas, as novidades relativas à Região Europeia de Gastronomia em 2021, o turismo cultural de Coimbra e os desafios que a pandemia trouxe à Universidade de Coimbra são outros dos temas de uma publicação que conta com a opinião de seis personalidades do setor: Bruno Paixão (Turismo associativo), Olga Cavaleiro (Turismo gastronómico), Padre Nuno Santos (Turismo religioso), Adília Alarcão (Turismo de Interior), Jorge Loureiro (Hotelaria e turismo) e José Luís Marques (Formação no turismo).

MIRA A Praia de Mira é a única a nível nacional a ter Bandeira Azul desde o primeiro ano. As excelentes condições para a prática balneare os serviços disponibilizados garantem uma estadia de qualidade.

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CANTANHEDE Os Palheiros da Tocha são antigas casas de pescadores construídas em madeira na Praia da Tocha. Inicialmente edificadas como arrumo e proteção dos ventos, foi usada como habitação de pescadores.

MEALHADA O leitão assado à Bairrada é uma das 7 Maravilhas da Gastronomia portuguesa. Um prato que tem de ser obrigatoriamente acompanhado de um copo de espumante da Bairrada.

COIMBRA A Universidade é um dos locais incontornáveis para visita na cidade. A Biblioteca Joanina, o Jardim Botânico e o Museu Machado de Castro são apenas algumas das (muitas) referências.

FIGUEIRA DA FOZ O Núcleo Museológico do Sal, situado em Lavos, é um centro de informação, educação e sensibilização de diversos públicos para a necessidade de preservação da atividade tradicional e deste produto artesanal.

MONTEMOR O VELHO O Castelo gótico e manuelino domina, do alto do monte onde foi edificado, a extensa planície de arrozais do Baixo Mondego. No seu interior pode provar os doces regionais na Casa de Chá.

SOURE As Termas do Bicanho ficam na freguesia de Samuel. A sua água tem capacidades para o tratamento de doenças do aparelho respiratório, reumáticas e músculo-esqueléticas, e da pele.

CONDEIXA A NOVA As Ruínas de Conimbriga são um dos mais importantes complexos da arquitetura romana em Portugal. O Museu Monográfico e, mais recentemente, o PO.RO.S funcionam em articulação com o antigo sítio.

PENELA O seu castelo é uma estrutura onde diversas épocas se sobrepõem: sesnandina, românica e, no seu aparato geral, gótica. Situado no topo da vila, tem uma planta poligonal irregular.


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MORTÁGUA As praias fluviais e a oferta infindável de desportos náuticos na Aguieira merecem ser desfrutadas pelos visitantes que não devem perder a oportunidade de provar a lampantana.

PENACOVA A réplica de uma barca serrana a navegar junto à Praia Fluvial do Reconquinho já faz parte dos postais turísticos de Penacova. O passeio pode incluir merenda com sabores regionais.

TÁBUA O Queijo da Serra da Estrela é obtido a partir de leite cru de ovelha, da raça Bordaleira da Serra da Estrela ou Churra Mondegueira. Para acompanhar, nada melhor que um copo de Vinho do Dão.

OLIVEIRA DO HOSPITAL As ruínas romanas da Bobadela são um dos mais importantes conjuntos arquitetónicos de valor histórico-arqueológico do “período romano”. Nesta aldeia, merece uma visita o recém-inaugurado Museu do Azeite.

ARGANIL Piódão é a mais conhecida aldeia histórica portuguesa. Como se de um presépio se tratasse, as casas distribuem-se em redor dos socalcos, onde pontuam o azul e o xisto.

VILA NOVA DE POIARES A “melhor chanfana do universo” é servida neste concelho. Eleita uma das 7 Maravilhas da gastronomia, é feita à base de carne de cabra velha e assada dentro de caçoilas de barro preto em fornos a lenha. LOUSÃ O Complexo Turístico da Senhora da Piedade é constituído pelo Castelo da Lousã, Ermidas e Piscinas Naturais da Senhora da Piedade. É ainda ponto de partida e chegada de vários percursos pedestres. MIRANDA DO CORVO Gondramaz é conhecida dos visitantes pela sua tonalidade específica. Situada na vertente ocidental da Serra da Lousã, a paisagem que envolve esta aldeia do xisto é uma obra de arte da Natureza.

GÓIS A passagem da Estrada Nacional 2 pelo concelho tem levado a uma maior visibilidade da vila que, durante um fim de semana de agosto, triplica os habitantes devido à concentração motard.

PAMPILHOSA DA SERRA As quatro praias fluviais – Janeiro de Baixo, Pampilhosa da Serra, Pessegueiro e Santa Luzia – e os quatro miradouros espalhados pelo concelho não deixam os visitantes indiferentes.


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Último Verão na região foi “menos negativo do que se temia”

O presidente da Turismo Centro de Portugal, Pedro Machado, refere que mais de 50 mil postos de trabalho podem estar em risco caso não sejam avançadas mais medidas de apoio à tesouraria das empresas do setor

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Quais são as principais “dores de cabeça” do presidente da Turismo Centro de Portugal neste Dia Mundial do Turismo? Estamos a comemorar o Dia Mundial do Turismo num contexto extremamente dif ícil para esta atividade. Há 12 meses, todos antevíamos que 2020 iria ser mais um ano de forte crescimento da procura, na região e no país. Tínhamos razões para estar muito otimistas. Os primeiros dois meses deste ano reforçaram esse otimismo e deixaram antever que caminhávamos para o melhor ano de sempre. De repente, instalou-se nas nossas vidas e na economia um

Os empresários têm sabido, desde sempre, encontrar formas criativas e alternativas de atrair visitantes, fazendo brilhar as mais-valias desta região. Talvez por isso o Centro de Portugal seja das regiões em que a quebra de visitantes é menos drástica

vírus que, durante a fase mais crítica, paralisou a atividade turística. De então para cá, temos assistido a uma recuperação, em alguns casos muito significativa, mas a verdade é que, enquanto não for disponibilizada uma vacina ou um tratamento eficaz, a procura não regressará aos níveis anteriores. Neste cenário, há duas “dores de cabeça” acima de todas as outras. Por um lado, que ainda demore a ser encontrada uma forma de vencer este adversário invisível, com todas as consequências que isso trará a um setor que depende muito da confiança dos visitantes. Por outro, que encontrar formas de contrariar a morte anunciada de muitas microempresas e PME. Temo que, se não


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forem avançadas novas medidas de apoio a fundo perdido à tesouraria, inevitavelmente sucumbirão. Só no canal horeca – hotéis, restaurantes e cafés – temos 52.145 postos de trabalho que podem estar ameaçados.

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Depois de vários anos de crescimento de visitantes, de que forma é que a região Centro está a responder a este período de pandemia? A chamada 2.ª vaga já o preocupa? A região Centro de Portugal procurou responder a esta crise desde o primeiro momento. Ainda na fase de confinamento, o Turismo do Centro lançou uma série de campanhas promocionais do território, apelando a todos para que visitassem a região assim que as condições o permitissem. Os resultados dessa promoção intensiva foram evidenciados no verão, que foi menos negativo do que se temia. Mas não baixámos os braços. Estamos a trabalhar todos os dias para minorar os efeitos dramáticos da pandemia. Em relação à segunda vaga, ainda é cedo para analisar se realmente é

disso que se trata ou se continuamos afinal na vaga inicial, que foi atenuada no verão e que se intensificará no outono e inverno. Seja como for, parece-me que o país, e os

A médio-longo prazo, o turismo na região Centro deve incidir o seu foco na estruturação de produtos que estão a despontar, como o Enoturismo, o Turismo Médico, o Turismo Espiritual e Religioso ou o Turismo Ativo e Desportivo

empresários da atividade turística, estão agora mais bem preparados do que na fase inicial para enfrentar a situação. Mas é inevitável que a “nova normalidade” só pode ser conquistada com o aparecimento e distribuição

de uma vacina eficaz.

O crescimento do número de turistas significou também um forte investimento privado na abertura de novos espaços na região. Com a crise que se anuncia, está preocupado com o futuro de alguns destes espaços? Naturalmente que sim. Sabemos desde o início desta crise que nem todos os empreendimentos vão sobreviver. Alguns, aliás, já fecharam. Ainda assim, o cenário não é, também aqui, tão negro como se receou inicialmente. Os empresários do setor turismo do Centro de Portugal são resistentes e estão habituados a reinventarem-se perante todas as dificuldades. Os turistas não chegam a esta região de mão beijada, como em outros locais. Por exemplo, não há um aeroporto que os descarregue aos milhares por dia, e as estatísticas internacionais demonstram que os aeroportos são as principais portas de entrada de turistas. Por isso, os empresários têm sabido, desde sempre, encontrar formas criativas e alternativas de

atrair visitantes, fazendo brilhar as mais-valias desta região. Talvez por isso o Centro de Portugal seja das regiões em que a quebra de visitantes é menos drástica. Muitos espaços prosperaram no verão e têm bons indicadores para o resto do ano, em especial espaços no interior, mais afastados dos maiores aglomerados de pessoas. Quem sente mais a crise são as unidades de alojamento verticais, os hotéis em altura.

De que forma é que o turismo e, principalmente a região Centro, podem contribuir de novo para o crescimento económico do país? Nos últimos anos, até surgir esta crise, o turismo era um dos grandes motores da economia nacional e regional. Não há motivos para acreditar que não continuará a ser assim que a situação epidémica for ultrapassada. Com uma alteração de fundo: tenho a convicção de que, assim que puderem viajar sem restrições, os turistas vão olhar com mais atenção para destinos que considerem seguros, com menos

massificação turística. E nesse caso, o Centro de Portugal é uma escolha evidente a ter em conta. A médio-longo prazo, o turismo na região Centro deve incidir o seu foco na estruturação de produtos que estão a despontar, como o Enoturismo, o Turismo Médico, o Turismo Espiritual e Religioso ou o Turismo Ativo e Desportivo, ao mesmo tempo que mantém a aposta nos produtos de crescimento, casos da Natureza, do Mar, da Cultura, da História e da Gastronomia.

A edição 2020 do Dia Mundial do Turismo é centrada no tema “Turismo e Desenvolvimento Rural”. Tendo-se assistido este ano, durante o verão, a um aumento da procura de espaços no interior do país, sente que este é um dos assuntos a merecer reflexão nesta altura? O tema “Turismo e Desenvolvimento Rural” é particularmente pertinente nesta altura. É um assunto que merece grande reflexão. De facto, neste verão assistiu-se a um grande aumento da procura de destinos de inte-

rior, nomeadamente de alojamentos em aldeias e pequenas vilas, pela perceção de segurança que estes destinos transmitem às pessoas. Num contexto de pandemia, é muito mais lógico escolher-se a natureza, as aldeias, os espaços abertos, do que as cidades ou as praias com muita gente. Acredito que esta tendência vá permanecer, mesmo depois de ultrapassada a pandemia. Quem escolheu estes destinos no verão da pandemia, seguramente que gostou do que viu e experimentou, pelo que a probabilidade de os portugueses que descobriram Portugal e o Centro nesta altura voltarem e recomendarem a região aos seus amigos é muito forte. Representa, ainda, uma oportunidade histórica para acabar com a mitigação interior/litoral. A covid-19 “ensinounos” isso. É um verdadeiro balão de oxigénio para as populações do interior, economicamente deprimidas e onde o turismo é, muitas vezes, a única atividade que faz mexer as economias locais e gera emprego. Espero que este seja um momento de viragem e que o fluxo tu


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rístico se desloque paulatinamente para as zonas rurais, que tão necessitadas estão de ser descobertas e visitadas.

O Governo definiu as prioridades do setor através do documento Estratégia Turismo 2027. Com a pandemia e a crise associada, este documento não deve ser revisto? A Estratégia Turismo 2027 foi apresentada há já quatro anos e está necessariamente desfasada da realidade imposta pela pandemia. Um documento tão estruturante, pensado a uma escala temporal de dez anos, deve ser revisto e melhorado. O mundo mudou. Portugal também. Devemos agora concentrar as energias e todas as forças para este período de recuperação a que estamos sujeitos. Seria apropriado o Governo ouvir os contributos dos principais atores do setor do Turismo para essa revisão.

Foi bastante crítico da primeira versão da Visão Estratégica para o Plano de Recuperação Económica de Portugal, elaborado por António Costa e Silva. A Turismo Centro de Portugal deu alguns contributos durante o período de consulta pública? Se sim, quais? Claro que sim. Na altura certa, criticámos o que devíamos criticar e apon-

Pedro Machado pede um entendimento regional em torno do aeroporto

támos caminhos para sermos consequentes. A título de exemplo, definimos, só na mobilidade e acessibilidade, um conjunto de propostas, aeroportuárias, ferroviárias, rodoviárias, marítimas e de mobilidade suave, que seria agora exaustivo elencar. A Turismo do Centro nunca abdicou nem vai abdicar de dizer o que pensa e como quer defender este setor. Mesmo que, algumas vezes,

sintamos que ficámos a falar sozinhos na região.

A nível turístico, quais é que devem ser as prioridades da região na próxima década? Desde logo, o Aeroporto do Centro de Portugal que, como é publico, defendo coerentemente desde há alguns anos. Justiça seja feita a alguns autarcas, ao saudoso João Ataíde, por exemplo, com quem

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O Pacote Europeu para o Desenvolvimento será fundamental para o setor do turismo? O pacote europeu é crítico para salvar empre-

sas, postos de trabalho e a economia, sobretudo para aquelas empresas que mais dependem de uma atividade que ficou suspensa alguns meses. O setor turístico, pelo importante peso específico que representa, aguarda, por maioria de razões, que os apoios financeiros previstos por esse pacote sejam significativos. Mas para que sejam verdadeiramente eficazes, têm de chegar em tempo útil ao terreno, em especial àqueles que mais necessitam. Priorizar os apoios, definir claramente os investimentos que devem ser apoiados no curto e no médio prazo e voltar a alavancar esta atividade deverão ser objetivos nacionais.

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www.donaines.pt

estive presente em muitas batalhas que visavam este objetivo. Mas o “caderno reivindicativo” da região Centro não pode ser cativado por visões intramunicipais ou até, “interCIMs”! A crescente tendência para a municipalização do turismo é tão preocupante que, por vezes, os municípios parecem focar-se mais em quererem aparecer como pequenas regiões de turismo do que em

focarem-se no essencial das suas competências. Esta é uma oportunidade única para a região poder unir-se, afirmarse e sair desta letargia de décadas, em redor de três eixos fundamentais: Desenvolvimento Territorial; Desenvolvimento Cultural e Social; e Desenvolvimento Económico. Não precisamos de mais, precisamos de nos entendermos a nível regional sobre estes três eixos e sobre os projetos estruturantes e exequíveis para os concretizar. É urgente juntar a vontade política dos atores da região e congregar a sua capacidade de trabalho. De resto, apresentámos publicamente, há menos de um ano, o Plano Regional de Desenvolvimento Turístico 2020-2030, no qual apontamos os caminhos a seguir para o futuro da atividade turística no Centro de Portugal. A realidade ditada pelo covid-19 obriga-nos a repensar as metas turísticas concretas a atingir e os objetivos estratégicos definidos neste documento. Mas o essencial mantém-se válido.


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os nossos parceiros deste caderno

Texto | António Alves Fotografia | Pedro Ramos, DR o meu jornal, a minha região

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PROPRIEDADE Sojormedia Beiras SA

DIRETOR Agostinh o Franklin CHEFE DE REDAÇÃO Dora Loureiro REDAÇÃO Dora Loureiro (Chefe), Paulo Marques (repórter coordenador), António Alves, António Rosado, Bernardo Neto Parra, Bruno Gonçalves, Carlos Jorge Monteiro, Cátia Vicente, Emanuel Pereira, José Armando Torres, Jot’Alves, Maria Inês Morgado, Patrícia Cruz Almeida, e Pedro Ramos

DEP. COMERCIAL Ana Paula Ramos, Mónica Palmela, e João Ribeiro PAGINAÇÃO Carla Fonseca, Ana Ferreira, Daniela Marques e Victor Rodrigues DEP. ADMNISTRATIVO Cidália Santos, Cristina Mota, Margarida Fernandes e Rosa Pereira

CONTACTOS SEDE: Rua Abel Dias Urbano, n.º 4 - 2.º 3000-001 Coimbra, tel. 239 980 280, 239 980 290

REDAÇÃO Tel. 239 980 280, redaccao@asbeiras.pt PUBLICIDADE tel. 239 980 287, publicidade@asbeiras.pt CLASSIFICADOS tel. 239 980 290, classificados@asbeiras.pt ASSINATURAS tel. 239 980 289, assinaturas@asbeiras.pt


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Visitantes não imaginavam que o interior fosse tão bonito

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111 Renato e Tânia decidiram criar um espaço de alojamento local na aldeia de xisto de Gondramaz, em Miranda do Corvo. Depois de adquirida uma das habitações da aldeia, o casal que mora em Miranda do Corvo apostou na criação de um projeto a que deu o nome de “Casa Catraia”. O custo era alto – 60 mil euros –, pois havia a necessidade de remodelar o edifício para cumprir todas as exigências do setor, mas os bons indicadores a nível turístico davam garantias de que em pouco tempo o investimento estaria pago. Nos últimos dois anos – período em que decorre-

ram as obras –, as notícias eram animadoras até que, em março, a pandemia veio deixar algumas preocupações neste casal. “Corremos o risco de concluir as obras e de não termos condições de abrir portas aos turistas”, afirmou Renato Ladeiro. O regresso à nova normalidade e o pedido para que os portugueses tirassem férias no Interior trouxeram novo ânimo aos proprietários da “Casa Catraia”. De tal forma que, após uma formação na Turismo de Portugal, decidiram abrir portas no início de julho. A reação foi bastante positiva, pois no mês de abertura,

em agosto e também em setembro a taxa de ocupação da habitação no centro da aldeia ficasse perto dos 100 por cento. “E já tenho marcações para outubro”, afirmou. Esta boa adesão deixou o casal satisfeito, esperando que mesmo depois da pandemia os portugueses continuem a procurar o Interior para passar um fim de semana ou até mesmo alguns dias de férias. “A reação dos nossos clientes foi sempre a mesma: não imaginávamos que o Interior do país fosse tão bonito e que houvessem tantas unidades hoteleiras de qualidade”.

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“Casa Catraia” abriu no passado mês de julho em Gondramaz


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Autoconhecer o seu corpo nas 20 Termas do Centro

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111 Ir às Termas é muito mais do que parece à primeira vista. Ir às Termas é uma jornada que começou a ser feita pelos nossos antepassados. Hoje em dia, as termas continuam com uma utilidade e uma contemporaneidade inquestionável, sendo os tratamentos termais prescritos pelo Serviço Nacional de Saúde. Trata-se de uma jornada de autoconhecimento do corpo, de espiritualidade que rejuvenesce a alma, de descoberta da arte de ser bem recebido. Trata-se de uma jornada de saúde pelo prolongamento da vida

saudável, de novos relacionamentos com a natureza, de conhecimento do país e dos diversos locais. Estamos a falar deuma jornada de família, feita de experiências únicas e inesquecíveis. Mas, acima de tudo, uma jornada pela busca constante das origens do bem-estar, que nos permitem apreciar e prolongar o tempo. No Centro, duas dezenas de estâncias termais juntaram-se num consórcio denominado Termas Centro, São elas: Termas de Alcafache, Termas de Almeida – Fonte Santa, Termas de Águas – Penamacor, Ter-

mas do Bicanho, Caldas da Felgueira, Caldas da Rainha, Termas do Carvalhal, Termas da Curia, Termas do Cró, Termas da Ladeira de Envendos, Termas de Longroiva, Termas de Luso, Termas de Manteigas, Termas de Monfortinho, Termas da Piedade, Termas de Sangemil, Termas de São Pedro do Sul, Termas de Unhais da Serra, Termas de Vale da Mó e Termas do Vimeiro. Saúde e bem-estar, natureza, gastronomia, cultura e património são as áreas em destaque nesta ação promocional que visa incentivar e dinamizar o desenvolvimento regional.


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CIM Região de Coimbra lança campanha de promoção

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1 1 1 A Comunidade Intermunicipal Região de Coimbra (CIM-RC) lançou, recentemente, uma campanha de promoção dos seus 19 municípios para impulsionar a atividade turística. Trata-se de um apelo visual e sensorial aos visitantes para voltar a respirar algumas das sensações que a região tem para oferecer. Locais recônditos, amplos e ao ar livre, com múltiplas propostas de aventura, gastronomia, descoberta histórico-cultural e diversão sem aglomerados, são apenas alguns dos pontos a favor de uma região com

experiências para todos os gostos e sentidos. “Inspirar uma região que é, de si, inspiradora, é o mote que convida os visitantes a deixarem-se encantar pelas paisagens e identidade do centro de Portugal, num ambiente seguro e salutar, ideal para umas férias longe da confusão citadina”, refere a comunidade. O som dos nossos próprios pés a percorrer um trilho de serra, o contacto com a água num mergulho refrescante numa cascata e o sabor inebriante de um estaladiço doce conventual são algumas das propostas. Ao mesmo tempo, a CIM-

RC tem em curso uma campanha para uma nova rede de oferta turística e de valorização dos corredores de património natural da região. Nos “Caminhos da Região de Coimbra”, além de um conjunto de pequenas rotas e atividades como Observação de Aves (Birdwatching) e Cogumelos, estão incluídas quatro grandes rotas pedestres: a Grande Rota do Alva (106 quilómetros), a Grande Rota do Bussaco (56 quilómetros), a Grande Rota do Mondego (124 quilómetros) e o Caminho Natural da Espiritualidade (67 quilómetros).


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“Um milhão de estórias gastronómicas” em 2021 111 A Região de Coimbra vai ser Região Europeia de Gastronomia em 2021. Uma distinção do Instituto Internacional de Gastronomia, Cultura, Artes e Turismo (IGCAT) e que teve em conta a imensa riqueza dos recursos e produtos endógenos da região e as organizações ligadas à gastronomia, restauração, cultura e turismo. A candidatura apresentada pela Comunidade Intermunicipal Região de Coimbra tem como lema “Um milhão de estórias gastronómicas”, pretendendo desta forma e durante o próximo ano a qualificação dos atores envolvidos na oferta gastronómica e cultural dos 19 municípios da região. O arranque formal do

projeto terá início em janeiro e a programação dos eventos durante o ano de 2021 terá como foco os quatro principais temas que constam do caderno de candidatura, a saber: valorização do património gastronómico; promoção do conhecimento e inovação; capacitação dos agentes e qualificação da oferta; promoção do desenvolvimento sustentável. Sob cada um desses temas, acontecerá ao longo do ano uma ampla gama de eventos, projetos e iniciativas, que irão aliar gastronomia, turismo, cultura, inovação e economia. O programa prevê a realização de experiências, um espaço dedicado aos produtos da região, conferências com especialistas,

projetos inovadores e concursos, entre outros. Os principais objetivos são a estimulação e o reforço da colaboração e do trabalho em rede envolvendo associações, autoridades locais e regionais, academia e organizações profissionais, assim como, o intercâmbio de boas práticas com outras regiões da europa; a promoção da interligação entre cultura, gastronomia e a arte ou expressões artísticas; a valorização económica do setor gastronomia e vinhos; a qualificacação e valorização dos eventos do setor; a colaboração entre os setores agrícola, turísticos e cultural e promoção da investigação científica e a salvaguarda do património imaterial do setor.


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Cerdeira é uma aldeia que a arte e a criatividade ajudaram a refundar

Descobrir a região através das Aldeias do Xisto 111 A marca Aldeias do Xisto surgiu no início do século XXI. Impulsionada pelos fundos comunitários, conseguiu juntar 16 concelhos no Centro de Portugal e, desta forma, estruturar o território em redes, tirando partido do seu potencial. Ao todo , estamos a falar de 27 aldeias num território essencialmente constituído por montanhas de xisto, circundado e atravessado por uma boa rede rodoviária. Para melhor estruturar a oferta, a rede foi dividida em quatro grupos. O Grupo da Lousã é constituído

pelas seguintes aldeias: Aigra Nova, Aigra Velha (Góis), Candal (Lousã), Casal de São Simão (Figueiró dos Vinhos), Casal Novo, Cerdeira, Chiqueiro (Lousã), Comareira (Góis), Ferraria de São João (Penela), Gondramaz (Miranda do Corvo), Pena (Góis) e Talasnal (Lousã). Já o Grupo Serra do Açor integra a Aldeia das Dez (Oliveira do Hospital), Benfeita (Arganil), Fajão (Pampilhosa da Serra), Sobral de São Miguel (Covilhã) e Vila Cova de Alva (Arganil). O Grupo Zêzere é constituída pelas aldeias de

Álvaro (Oleiros), Barroca (Fundão), Janeiro de Baixo (Pampilhosa da Serra), Janeiro de Cima (Fundão), Mosteiro (Pedrógão Grande) e Pedrógão Pequeno (Sertã). Quanto ao Grupo de Tejo-Ocreza, é composta por quatro aldeias: Água Formosa (Vila de Rei), Figueira (Proença-aNova), Martim Branco e Sarzedas (Castelo Branco). Muitos destes espaços habitacionais integram a Rede de Praias Fluviais e a Rede Caminhos do Xisto que foi criada, em paralelo, com esta marca turística.


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História e simpatia nas Aldeias Históricas

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Almeida foi uma das principais praças-fortes do país

111 As aldeias históricas conservam histórias de conquistas e tradições antigas e deslumbram pelas paisagens, património e simpatia das gentes que as habitam. Ao todo, são 12 núcleos urbanos no Centro de Portugal. São todas diferentes, todas encantadoras, cada uma à sua maneira. Parecem ter sido construídas pedra sobre pedra, com carinho, muito preciosismo e bom gosto. Almeida foi uma das mais importantes praças-fortes do país e, vista de cima, parece uma estrela. Belmonte

é a aldeia-berço de Pedro Álvares Cabral, foi lugar de refúgio para os judeus e o seu património inclui uma sinagoga, uma judiaria e um museu judaico. Castelo Mendo, Castelo Novo e Castelo Rodrigo. A primeira é recheada a norte de detalhes românicogóticos, a segunda olha para a Serra da Gardunha e a terceira, mais a sul, tem um Cristo- -Rei a olhar por ela. Piódão está disposta em anfiteatro, com aspeto de presépio e fica em plena Serra do Açor. Idanha-a-Velha é onde as

ruínas realçam uma cidade de fundação romana. Linhares da Beira é um autêntico museu onde se passeia ao ar livre, sobre a calçada romana da Via da Estrela. Marialva tem três capelas, a casa da judia (convertida) e a cisterna quinhentista. Subir a Monsanto é estar na “aldeia mais portuguesa de Portugal”. Sortelha é uma aldeia medieval de origem, com formações graníticas curiosas. As sardinhas doces de Trancoso são para provar e o castelo dos séculos VIII-IX para visitar.


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Universidade cria Gabinete das Curiosidades Carina Gomes destaca a abertura do novo Centro de Arte Contemporânea

Coimbra é referência no turismo cultural 111 A cidade de Coimbra já ocupa um lugar de destaque, a nível nacional, no turismo cultural. Para a vereadora da Cultura da câmara de Coimbra, Carina Gomes, a vasta oferta disponibilizada pelo concelho permite ser um aditivo de atração ao tradicional turismo científico e de negócios que já ocupam um lugar de destaque na cidade. "Somos uma cidade classificada Património Mundial pela Unesco, uma cidade com fortes tradições e, como tal, já dispomos de uma forte dimensão cultural”, disse a autarca. Na entrevista ao DIÁRIO AS BEIRAS. a vereadora recordou alguns dos fortes investimentos feitos pelo município para reforçar ainda mais este posicionamento. A arte contemporânea foi o exemplo dado com o destaque a ir, em primeiro lugar, para o recém-inaugurado Centro de Arte Contemporânea (CAC). Situado num edifício junto ao Arco da Almedina, na Baixa da cidade, o novo equipamento cultural municipal acolhe 193 obras da Coleção de Arte Contemporânea do Estado, que faziam parte da coleção do ex- BPN. As obras desta coleção são, na sua maioria, pertencentes a artistas portugueses consagrados, de várias épocas e gerações, tais como Paula Rego, Amadeo de Souza-Cardoso, Mário Cesariny, Rui Chafes, Eduardo Batarda, Julião Sar-

mento, Júlio Pomar e Maria Helena Vieira da Silva. António Dacosta, João Pedro Vale, Vasco Araújo, Eduardo Nery, João Penalva, Nadir Afonso, António Sena, José Pedro Croft, Nikias Skapinakis, João Penalva, Pedro Casqueiro e Carlos Calvet. Em pouco mais de dois meses, o CAC já recebeu a visita de cerca de 2.500 pessoas, podendo ser conhecido gratuitamente este fim de semana. Uma medida que se insere nas comemorações do Dia Mundial do Turismo e das Jornadas Europeias do Património promovidas pelo município de Coimbra. Na área da arte contemporânea, a realização da Bienal Anozero também mereceu destaque, com a autarca a lembrar o acolhimento em Coimbra da exposição internacional de José Pedro Croft. A mostra está a decorrer no antigo refeitório do Mosteiro de Santa Clara-a-Nova e consolida “a estratégia (em conjunto com o Círculo de Artes Plásticas de Coimbra) de manter a atividade da bienal em anos intermédios e reforça o evento nas redes internacionais de Arte Contemporânea”. Posto municipal na Ferreira Borges Apesar dos estudos parcelares sobre as motivações dos turistas serem muito reduzidos, um dos últimos feitos através do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, mos-

tram que este tipo de turismo é mais procurado pelo turista individual. Antes dessa deslocação, refere a vereadora Carina Gomes, este visitante traz consigo o máximo de informação sobre o que pretende visitar e as tradições que o concelho oferece. Para breve, está prevista a abertura ao público de um posto municipal de turismo na rua Ferreira Borges e que será fundamental na divulgação da cidade e da região de Coimbra. A autarca afirmou ainda que, apesar da pandemia, a cidade continua a ser escolhida para a realização de eventos como os congressos ou eventos científicos. O Convento São Francisco tem diversas iniciativas agendadas até ao final do presente ano ou no primeiro trimestre do próximo ano. “Não é o tipo de visitante a que nós estamos habituados, mas é um tipo de turismo que dorme, almoça e janta, deixando riqueza na cidade”, frisou. Carina Gomes salientou o facto do município ter sido dos primeiros a nível nacional a realizar eventos ao ar livre. Depois das Festas da Cidade, dos Encontros Mágicos e da programação de setembro do Convento São Francisco, estão previstos até ao final do ano eventos como o Correntes de um Só Rio, Encontros Internacionais de Jazz de Coimbra, bem como os espetáculos das companhias profissionais de teatro.

Vice-reitor Luís Simões da Silva disse que é uma das novas ofertas previstas

111 A Universidade de Coimbra (UC) vai criar um Gabinete de Curiosidades. Esta será uma das novas ofertas turísticas da instituição de ensino que, desde 2013, passou a integrar a restrita lista de locais como Património Mundial da Unesco. Em entrevista ao DIÁRIO AS BEIRAS, o vice-reitor Luís Simões da Silva referiu que este gabinete se insere no plano de recuperação e de oferta adicional da UC pós-período de confinamento. Outra das novidades é a melhoria da acessibilidade aos espaços visitáveis. A candidatura foi aprovada pelo Turismo de Portugal e permitirá, por exemplo, que “pessoas com deficiência possam visitar espaços (museológicos) que se encontram em pisos superiores”. Outra das preocupações da Reitoria passa pela requalificação da oferta existente, aproveitando desta forma a diminuição do número de visitantes causada pela pandemia da covid-19. Depois de vários anos de crescimento – 2017 foi, mesmo, o melhor ano de sempre –, 2020 fica marcado na história da instituição como sendo aquele em que houve necessidade de fechar durante mês e meio toda a área turística e em que, comparativamente com 2019, se regista uma

redução significativa do número de visitantes. “Só em agosto, por exemplo, a quebra, em comparação com o ano passado, foi superior a 80 por cento”, afirmou, ao mesmo tempo que aponta para que no final do presente ano de 2020 a diminuição seja da ordem dos 90 por cento. Refira-se que, no Conselho Geral da instituição realizado no final do passado mês de julho, a Projeção Orçamental para 2021 previa uma quebra de 50 por cento nas receitas do turismo, face aos valores arrecadados em 2019. Medidas preventivas implementadas A reabertura dos espaços turísticos em maio levou a que houvesse necessidade de implementar um conjunto de medidas que garantissem, desde logo, a segurança dos diversos locais. Com o regresso dos alunos às aulas presenciais nesta semana e a chegada dos novos alunos na próxima semana, a UC foi obrigada a proceder a alguns ajustamentos. “São medidas que não têm muito a ver com o turismo, mas que têm a ver com a atividade turística”, afirmou. A segmentação da utilização dos espaços da Universidade foi a principal medida tomada

pela instituição e que teve como objetivo “minimizar o cruzamento entre estudantes e turistas”. A instalação de barreiras de controle em todos os edif ícios foi outra das medidas que já está implementada. Chancela da Unesco consolida imagem Quando solicitado para fazer o balanço dos sete anos da chancela de Património Mundial da Unesco, o vice-reitor Luís Simões da Silva afirmou que ela ajudou a consolidar a imagem da instituição a nível mundial. “É bom recordar que a nível internacional há apenas cinco universidades com este reconhecimento”, afirmou o docente. Como tal, e desde 2013, a UC teve sempre a preocupação da “continuada melhoria do serviço turístico, em colaboração com as entidades locais, regionais e nacionais” do setor. Por outro lado, a prioridade foi a consolidação da imagem da marca UC “respeitando todos os padrões internacionais no que diz respeito a esta oferta turística”. A prioridade passa, então, por continuar “a garantir o equilíbrio entre o número de visitantes e a conservação do património, pois não podemos baixar o padrão de qualidade da oferta”.


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Turismo associativo Futebol, Farinha e FuTURISMO

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Bruno Paixão Diretor da Fundação INATEL em Coimbra

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á alguns anos foi criada uma regra para limitar o uso de estrangeiros nas equipas de futebol. Ao mesmo tempo, uma marca de farinhas perpetuava nas televisões o slogan “O que é Nacional é bom”, conquistando a simpatia dos consumidores. Os grandes clubes de futebol, que tinham capacidade para trazer grandes nomes internacionais, colocaram todo o seu lobbie a combater a medida. A União Europeia assobiava ventos de mudança. A Lei Bosman e a livre circulação de pessoas e de bens flexibilizou a regra. O portão fechado voltou a abrir. Mais tarde, o ex-jogador Paulo Futre, apoiante de uma candidatura à presidência do Sporting, falava em contratar um bom jogador chinês – que logo haviam de surgir todos os fins-de-semana “charters” com compatriotas para o ver jogar. E isto ia encher-se de turistas, e de consumo e de tudo o mais. Mas o que têm o futebol e a farinha que ver com o turismo? Numa das minhas incursões por uma das aldeias históricas da nossa região, em funções, a dona de uma banca procurou convencer-me a comprar umas pantufas. “Fofinhas, de lã, as melhores para o inverno”. A senhora era simpática. Sentei-me e desabotoei o cordão do sapato, para experimentar o conforto. O preço era assim mais ou menos. Nem barato nem caro. “Dê-me lá uma ajudinha”, pediu. Perguntei se as pantufas eram ali feitas. Limitou-se a dizer que aquela era zona de pastorícias. Ao toque, pareciam mais duras do que ao olhar. Estavam ligeiramente apertadas. O dedo grande batia à frente. “Elas dão-se”, respondeu. Pedi o número acima. Ela tinha todos os números. Calcei e fiquei com pelo nas mãos. Não me parecia lã. Era demasiado sintético. Na sola, um sofisticado “Made In” referenciava um daqueles países que aqui despeja bugigangas em contentores. Para não fazer a desfeita, disse que levava outra coisa. Um artesanato. Perguntei se era ela que fazia as peças. Que não. Já não tinha vistas para isso. Então onde os ia buscar? “Vem um senhor de quinze em quinze dias com uma carrinha e abastece-nos. Aquele produto regional era, afinal, um embuste, denunciado pelo mesmo “Made In”.

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Se perdermos o nosso “O que é regional é bom”, se deixarmos esvair a nossa ruralidade e a nossa cultura identitária, tanto faz vender ali aqueles “Made In estrangeiro” como noutro país qualquer do mundo. Temos um património material e imaterial riquíssimo que nos caracteriza e nos torna ímpares. Precisamos de um compromisso com o que é genuíno. Isso criará valor para o turismo, a hotelaria, a gastronomia, a economia… Muito tem sido feito, mas a Região Centro tem um potencial de atratividade que está ainda por explorar. E, por vezes, andamos mais preocupados com uma única festa de grandes aglomerados do que com o ADN que é nosso e que não podemos perder, sob pena de ser tarde. Ou estaremos a contentar-nos com pouco. Neste muito que há para fazer, todos somos precisos.


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Hotelaria e Turismo

Turismo Religioso

Outono e inverno sombrios para empresários trabalhadores

Turismo espiritual e religioso – uma oportunidade

Jorge Loureiro vice-presidente da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP)

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s empresários e trabalhadores da Hotelaria e Restauração enfrentam, por estes dias, uma ameaça séria à sua capacidade de resistência. Atrevo-me a dizer que será o teste mais difícil das últimas décadas. A pandemia de covid-19, que não dá sinais de abrandar, colocou os empresários deste setor – fundamental para o país – perante a absoluta necessidade de conseguirem sustentar e manter os postos de trabalho, sabendo que da sua capacidade de resistência dependem milhares de famílias. Em escassos meses, o estimulante desafio do crescimento deu lugar ao desafio da sobrevivência. Face às dificuldades, a AHRESP procurou, em devido tempo, auxiliar de várias formas os seus associados e todos os empresários do setor. Conseguir manter viva, dinâmica e atrativa toda a capacidade empresarial, num contexto de grande pressão e hipersensibilidade por parte do cliente para valores de segurança e saúde, foi, e é, o objetivo primordial nesta situação de crise. De um dia para o outro, os empresários viramse na contingência de terem de reinventar o seu negócio e toda a sua capacidade de serviços, redirecionando-os para o cliente nacional – um mercado mais exigente e mais curto mas também mais fidelizado. Apesar de alguns números positivos verificados neste verão, especialmente nas zonas mais interiores, os resultados não conseguiram contrabalançar as perdas causadas pela queda abrupta

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Padre Nuno Santos Reitor do Seminário Maior de Coimbra

dos clientes estrangeiros, mas apenas atenuar. A atividade turística, especialmente a de grande escala, está fortemente ligada aos fluxos internacionais e enquanto estes não forem retomados, dificilmente o setor poderá voltar a crescer. Apesar de todos os esforços, sabemos que um largo número de estabelecimentos de Restauração, Hotelaria e Experiências não vão resistir e, como tal, terão de encerrar. Os últimos dados do barómetro mensal da AHRESP referem que cerca de 40% dos empresários admitem encerrar ou abrir falência. Recordo que os números mais recentes do Instituto de Emprego demonstram que o desemprego no Alojamento e Restauração no mês de agosto de 2020 aumentou 88,4% relativamente ao mesmo período do ano passado, enquanto que o desemprego geral, no mesmo mês, subiu 34,5% face a agosto de 2019. Adivinha-se um outono e inverno sombrios. Logo, torna-se essencial que sejam criadas condições para que esses encerramentos e reconversões de negócios aconteçam com respeito pela vida pessoal e patrimonial de empregadores e empregados. É necessário e urgente um programa que ajude ao enquadramento, de forma a que essa decisão, a acontecer, seja digna e não crie mazelas de difícil ultrapassagem: que não deixe feridas mas que seja uma mudança que possa abrir caminhos novos.

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ndamos numa ‘correria’, entre compromissos, responsabilidades, e-mail’s, telefonemas... uma agenda ‘apertada’ onde vamos colocando cada vez mais coisas e parece que vamos vivendo cada vez menos a vida que somos e temos. Parece que andamos sempre atrasados, tudo é ‘para ontem’ (como este artigo)... sem tempo para nós, para os que mais amamos, para o que mais gostamos. Um dos resultados desse ritmo é o desgaste, a depressão, o cansaço, a irritabilidade e o próprio ‘Burnout’. Todos, ou quase todos, sentimos necessidade de reduzir velocidade. Sentimos a necessidade de descobrir o sentido da nossa vida e do nosso estar aqui; sentimos necessidade de viver e sonhar para além do imediato. Mas como podemos fazer isso? Que caminhos a percorrer? Cada vez mais as pessoas querem fazer uma experiência de turismo performativo, ou seja, um turismo que não seja apenas de acumular experiências ou fazer selfies, mas de transformação de vida – que crie novas realidades. É aqui que podemos falar de um turismo espiritual ou religioso, ou seja, de um turismo que não tem de ser de massas, nem de passagem, mas de ‘estar’ e de ‘usufruir’, contemplar e do vivenciar. Um turismo que ofereça um espaço e um lugar onde seja possível: ter tempo para parar, uma natureza para usufruir, lugares de meditação e contemplação. Um turismo mais de ‘encher a alma’ do que o olho, de reforçar os dinamismos do sentido e do encontro com o transcendente. Um turismo não tanto para turistas mas para peregrinos da vida, para homens e mulheres que se sabem a caminho e inacabados. Um turismo para pessoas que desejam ‘tirar’ os pés do chão e tocar o céu. Neste turismo importa proporcionar espaços de silêncio, de meditação, de simplicidade, de sagrado, de contacto com a natureza... que permita fazer ‘retiro’, ‘silêncio’, ‘oração’. Neste capítulo, já há muito caminho percorrido, já há pequenos ensaios e espaços de grandes peregrinações, mas ainda há muito para fazer. Seria interessante a cidade de Coimbra desenvolver um circuito articulado ligado a itinerários espirituais e religiosos, lugares habitados pela oração e pelo sagrado, lugares com vida que se abrem a quem procura mais do que a ‘espuma dos dias’.


Turismo de Interior Novo turista quer vivenciar o seu destino Adília Cabral Professora Coordenadora de Turismo e diretora do Curso de Gastronomia da Escola Superior de Educação de Coimbra

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uando em fevereiro de 2020, numa reunião da RIPTUR, realizada numa instituição de ensino superior Politécnico do nosso país, afirmei que um dos problemas que achava mais prementes e urgente ultrapassar, era a Formação de Recursos Humanos no setor do Turismo, que dessem resposta não só, a uma procura em crescendo mas, também, a mercados com opções e gostos diferenciados onde o “slow tourism” e o turismo em territórios de baixa densidade, eram cada vez mais uma realidade e uma oportunidade, fi-lo com uma convicção profunda. Esta, advém de cerca de 25 anos ligada ao ensino e formação bem como ao desenvolvimento de projetos de I&D, em Turismo, e ao facto de, desde 2009, coordenar o único curso de mestrado de Turismo de Interior, em Portugal (ESEC / IPC), formação em que sempre acreditámos como indispensável, num destino com territórios de “interior” de tão grande qualidade. Estava consciente do que afirmava, e suportava tal atitude nos múltiplos contactos com os stakeholders, nas estatísticas oficiais e nas tendências de uma procura cada vez mais informada, muito apostada na diversificação de atividades, do afastamento das rotinas diárias das grandes metrópoles, e no desejo por parte dos novos turistas, de um (re) encontro com uma identidade, cada vez mais valorizada, numa palavra, na procura de um equilíbrio físico e psíquico que reforçasse energias e patrimónios identitários. Este novo turista surge de uma necessidade de conhecer novos destinos, de os vivenciar de uma outra forma (mais dinâmica e inclusiva), com preocupações ambientais, culturais e étnicas cada vez mais arreigadas e, sobretudo, com uma forte determinação em fruir novas e variadas experiências. Estas, inserem-se em ambientes muito focados nas comunidades locais, em espaços naturais onde os recursos e produtos turísticos se apresentam de forma a permitir novos tipos de turismo: o cultural, de natureza, de saúde e bem-estar, ativo, enfim um turismo de partilhas várias onde a autenticidade funciona como motor de um novo espírito, de uma nova contemporização e de uma nova moldagem aos ritmos acelerados de uma sociedade em correria. Poderia parecer utópica esta crença, numa mudança de paradigma tão repentina ou, pelo menos, tão divergente, do que foram os interesses manifestados pela maioria dos turistas até ao final do séc XX, princípios do séc XXI. Porém, o surgimento de novos produtos turísticos, em locais onde a natureza tem o condão de os enaltecer (e não, esconder), onde os habitantes têm orgu-

lho de obsequiar, onde os artífices têm o brio de replicar, onde os anfitriões têm o talento e o gosto de bem-receber fez, segundo Fortuna ( 1999 ), com que esses destinos se transformassem e o turista passasse a estar numa dupla condição: a de ator e de espetador. Eis que tudo o que se descreve atrás passa a ter um sentido confirmado quando, face à pandemia provocada pela Covid-19, colocou os territórios de baixa densidade na frente do palco, com todos os olhares apontados sobre os mesmos, descobrindo-se o que há muito se divulgava, valorizando-se o que nunca se tinha experienciado e vivenciando o que se havia desvalorizado. Esse Interior precisava de ser descoberto ou (re)descoberto enquanto destino privilegiado para visitar e consumir. Nunca foi tão urgente e fez tanto sentido promover as “férias cá dentro” e aliciar os portugueses a (re)descobrirem o seu próprio país repleto de destinos únicos, aprazíveis e marcados pela sua beleza natural, pelas suas gentes, os seus costumes e pela sua gastronomia. Por isso, retomando a ideia inicial deste artigo, urge continuar a fazer formação de qualidade, a dotar os interlocutores da atividade turística de novas e cada vez mais evoluídas e atualizadas práticas e estratégias, baseadas nos avanços tecnológicos, de forma a permitir uma reinvenção e uma readaptação a diferentes contextos, como o que estamos a viver. Numa palavra, deverá ser a nossa atitude pós-COVID19 que ditará o nosso futuro, para ajudar Portugal, fazendo crescer a economia nacional e ganharmos todos com isso, como o que aconteceu neste verão de 2020. Por norma as crises (re) orientam-nos…….nos gostos nas prioridades e até nos valores. Que a prioridade nacional contribua para o desenvolvimento dos territórios, dos portugueses e da nossa história porque assim conseguiremos colocar o Turismo de Portugal, no lugar que lhe é devido - um dos melhores da Europa.

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Turismo dos Sabores A Beira que nos Chama Olga Cavaleiro Presidente da Federação Portuguesa de Confrarias Gastronómicas

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sol é só mais leve e adocicado pela brisa do mar, mas queima a pele da mesma maneira que no planalto ou na serra escarpada. É o sol que viaja entre a terra mansa e a terra brava. Terra que se deixa dominar e terra que se quer desbravar. Terra dócil e fecunda, terra que se aprende a amar na conquista do leirão ou do lameiro. Do alto das serranias, vai descendo o Mondego, engrossando o caudal fazendo a ponte entre a Terra Brava e a Terra Mansa. O Beirão que acompanha o Mondego reconhece, nessa viagem, que na alimentação não existem fronteiras e por isso os sabores apurados lentamente nas cozinhas viajaram desde sempre entre uma Beira que, de um lado, é amparada pela serra e que de outro se encosta ao mar. E a beleza foi sempre essa. Por isso, era com redobrado entusiasmo que o Beirão ia buscar, levar e trazer os sabores daqui e d’acolá. No apelo de uma Beira que nos chama, somos, hoje como outrora, levados a descobrir um território rico e soberbo de sabores. De tal forma formosas e saborosas, são receitas fruto de um apurado repetir no quotidiano, que só o leve respirar do seu nome nos leva a salivar e a pensar em momentos felizes e de celebração. Hoje, são elas património, símbolos, ícones de terras e lugares e motivos de romarias gastronómicas. E é o Queijo Serra da Estrela feito pelas mãos frias das queijeiras que, todos os anos, pelo fim do tempo frio surge como um sol na mesa de Inverno. Tornou-se famoso pelo seu ar

amanteigado e pela textura cremosa, mas é bom em qualquer altura e sempre comido à fatia que isto de comer à colher é para inexperientes e sem conhecimento de que do bocado encostado à casca até ao miolo está um mundo para descobrir. Acompanhado de pão de centeio, o seu valor patriarcal sobre os queijos nacionais faz dele senhor da Serra mais alta de Portugal. E o Queijo Rabaçal encontra-se numa Beira que se aproxima da Serra, mas que nos dá um queijo tão diferente. Mais baixo, de textura mais rígida pela presença do leite de cabra, é uma joia que deve ser divulgada pelo seu sabor acre que quase pica na boca e que nos faz desejar mais uma fatia. Acompanhamento perfeito para um dos vinhos das encostas soalheiras da Serra do Sicó, por si só faz merecer uma visita aquele território e às histórias dos pastores e queijeiros locais. E a Chanfana e a Lampantana, resquícios de hábitos antigos que nos dizem que os mais velhos sabiam que as carnes de animais velhos enrijecidos pela dureza do trabalho e dos sucessivos partos necessitavam ser curtidos pelos taninos do vinho tinto, são receita maravilhosa para a celebração. É a serra a mostrar que os animais que vingavam por ali eram sustento alimentar e económico. De tempero variado, com cozeduras lentas e demoradas em fornos aquecidos a lenha, a Chanfana e a Lampantana são alimento de uma Beira que mostra o seu rico património natural, paisagístico e cultural. E a Serra que é rica de tão inventiva que é. O Maranho, pequenas bolsas feitas a partir do estômago da cabra, recebe a carne deste animal misturada com arroz bocadinhos de carne de porco. A Serra, que faz da Pampilhosa um bom miradouro para o espaço estrelado, dá o serpão e a receita do maranho fica perfeita. O Bucho de Arganil ou o de Folques são tentações boas. Um reflete a escassez e a economia bem regrada dos remediados, o outro reflete a riqueza e a opulência de quem tinha ovos. Resistir à tigelada é que pode ser mais difícil. Treme e não quebra, de olhinhos pequenos, fresca e de sabor peculiar, esta tigelada é símbolo daquela terra. O Leitão é da Bairrada e é um verdadeiro fenómeno de turismo gastronómico, constitui a mais forte romaria gastronómica que temos nas Beiras. Ninguém resiste à pele estaladiça, à tão saborosa carne que se desfia na boca e aos ossinhos que se roem sem dificuldade. Mais importante do que conhecer a sua origem ou os seus protagonistas primeiros, importa perceber

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a cultura associada a esta receita que é sempre sinónimo de festa. Mas esta Beira que se encosta ao mar dá-nos também a valorosa sardinha que, assada sobre a telha como na Gândara, ou sobre a brasa, ou em arroz malandrinho como pelo Baixo Mondego, nos diz que o peixe é um incentivo para conhecer as nossas praias. Uma receita simples é a Raia de Pitáu, fórmula muito simples que começa na cozedura daquele peixe e que ganha fama e apreciadores pelo molho com que é regado feito com o fígado do mesmo. Simples, de fato, e apenas baseado na necessidade de tudo aproveitar. Mas tão saboroso, capaz de valer uma deslocação pela Beira mar. Apenas comparável com a força do Leitão da Bairrada, a Lampreia que sobe pelo Mondego, é atração de vários pontos do nosso rio. Lavos, Montemor-o-Velho, Ereira, Penacova, são referências no Arroz de Lampreia, receita feita, claro está, com o arroz de bago pequeno e pleno de goma que cresce pelos campos do Mondego. É este Arroz Carolino do Baixo Mondego que entra na panela nas Cabidelas, ora de galinha, ora de pato, que se fazem pelas casas e restaurantes da região. E o Arroz Doce! Linha condutora de uma doçaria do Mondego que o leva mesmo para além dos seus limites. Sem palavras que o Arroz Doce não admite réplica, apenas reverência silenciosa. Os Doces dos Conventos como o Pastel de Tentúgal ou a Nevada de Penacova dizem-nos que a alquimia da mistura solene entre açúcar, ovos, farinha e água é pura dádiva. Doces que se transformam em ícones e se anunciam a si próprios pela extrema beleza ou esplendoroso sabor são património, não de quem os criou e os deu ao mundo, mas de quem os recebe e ali sente a identidade, a raiz, o princípio de tudo. Nunca esquecer a bela e simples doçaria popular como o Bolo de Ançã ou a Escarpiada de Condeixa. Só se compreende a força destes doces quando os provamos e percebemos que a simplicidade é a origem do prazer à mesa. Podemos receber com entusiasmo e autêntica perdição os produtos, as receitas, a arte culinária, tudo aquilo que compõem a nossa região. O que nós ainda não percebemos é que não são os produtos ou o receituário, é o território que nos chama. É a Beira que nos chama, da Serra até ao mar, da terra mansa à terra brava, onde o Beirão nos abre a porta e nos convida para a mesa.


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Formação e Turismo

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José Luís Marques Diretor da Escola de Hotelaria e Turismo de Coimbra

Sobre o Programa de Recuperação e Resiliência. Turismo… as empresas e as pessoas!

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ara enfrentar, com foco em vencer e ultrapassar, a crise económica e social que sobre nós se abateu com a pandemia da COVID-19, o Programa de Recuperação e Resiliência, instrumento de aplicação no nosso país de parte das verbas provenientes da União Europeia para apoio aos seus estados-membro (a famosa “bazuca”), prevê diversas intervenções setoriais, onde se insere, naturalmente, o Turismo. Este, um dos setores mais afetados pela conjuntura agora vivida, pode ainda conhecer, nos próximos tempos e depois de uma “época alta” tão atípica, uma intensificação da referida crise económica e social (porque, em muitos casos, os volumes de negócio foram inferiores a uma época baixa pré-COVID). Se não se intervier com brevidade e eficácia, poderá haver consequências graves na vida das empresas, que as pode levar a um estado de doença aguda e à morte. Ou seja, ao seu encerramento e ao despedimento de milhares de pessoas. O que se poderá viver então, dentro de algumas semanas ou meses, é uma verdadeiramente emergência económica e social, que importa evitar se propague e rapidamente (ou o mais brevemente possível) teremos de extinguir. Será este um dos papéis fundamentais do Programa de Recuperação e Resiliência, será sobre as empresas e seus trabalhadores que o apoio que aí vem e que programaticamente se está a preparar, deve incidir. Para evitar as acima referidas doença e morte das empresas e a situação de desemprego para milhares de ativos. Só assim, e enquanto aguardam pela retoma do mercado turístico, as empresas poderão estabilizar a sua atividade e tesouraria e iniciar o processo de recuperação. Com aquelas em atividade produtiva, ainda que mínima em alguns casos, haverá dinamização económica, pagamento de impostos, rendimentos nas famílias, bem-estar psicológico dos cidadãos. E também consumo, naturalmente mais moderado, mas uma economia a funcionar, não morta, nem sequer moribunda. Entre outras formas de intervenção deste programa, a formação profissional pode ter um papel fundamental na implementação de um plano especial de qualificação

dos recursos humanos das empresas, no âmbito de uma economia mundial que continuará competitiva e que apelará cada vez mais ao pensamento criativo e às competências técnicas e comportamentais (principalmente estas) de excelência! Nas Escolas do Turismo de Portugal já o vimos fazendo, no atual contexto de resiliência, desde março passado, quando tudo se precipitou. De uma média de cerca de 7.000 formandos na designada formação contínua e executiva nos últimos anos, totalmente presencial, nesta experiência, onde predominou a formação à distância (online), vamos neste momento já em mais de 50.000 ativos certificados nas diversas áreas de atividade do Turismo, com destaque para os subsetores da hotelaria e restauração, mas com outros subsetores também a descobrirem a mais valia da formação quando colocados perante cenários de incerteza, necessidade de respostas claras e rápidas, posicionamento quanto aos desafios futuros. As Escolas de Hotelaria e Turismo estão preparadas para esta contínua qualificação das pessoas do Turismo. Há know-how técnico e profissional, há logística… e haverá tempo, terá sempre que haver tempo para atender às necessidades, aos desejos, aos anseios e aos sonhos das pessoas.


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