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DIÁRIO DA CHAPE | TERÇA-FEIRA, 15/12/2020
Da arquibancada às telas
OLHO NA BASE! Alan Grafite e Gianluca Mancha são os escolhidos desta edição
FUTEBOL FEMININO
O jogador que mais vezes vestiu a camisa da Chapecoense fala sobre trajetória e recomeços
Patrícia Maldaner representa o Verdão na Seleção Brasileira
NA MEMÓRIA Giba completaria mais um ano de vida em Novembro
ÍNDICE
DIÁRIO DA CHAPE
Índice 04
03
08
Carta ao leitor
Com muito carinho, do Diário da Chape para você
11
12
A liderança da reconstrução Um mar calmo nunca fez um marinheiro habilidoso
04
Em todos os momentos, Nenén
14
O legado de Giba
17
De Chapecó para o mundo
A história do assessor-torcedor
Início de Odair Souza na Chape
08
Nenén e +10 O time dos sonhos de Nenén
De Bogota à Santa Catarina
09
Chapecoense 2x1 River Plate Um dos jogos mais históricos da Chape
19
Base + futebol feminino O futuro do Verdão
DIÁRIO DA CHAPE
Carta ao leitor Há anos em atuação, o Diário da Chape chegou às principais redes sociais com o intuito de entreter, informar e engajar a torcida Chapecoense. O perfil surgiu quando as conversas durante os intervalos das aulas, as análises em botecos e preces em silêncio deixaram de ser suficientes. Era preciso fazer mais. Falar mais. Sob uma perspectiva "de torcedor para torcedor", sem ligações diretas com a administração do time, o Diário da Chape realiza um trabalho voluntário em prol da instituição. Vivemos o hoje na urgência de sermos melhores do que ontem. Mas a sua companhia e atenção nas redes sociais é fundamental e indispensável para que o perfil possa existir. Saiba que estamos juntos pelo mesmo propósito. Como diz o lema do nosso perfil: Abençoada seja (sempre) a Associação Chapecoense de Futebol. Abaixo, você encontrará o material que preparamos com carinho para nossa torcida. Esperamos encontrá-los vezes nesta jornada.
muitas
Foto: Rafael Bressan/Chapecoense
Com a qualidade no meio de campo, Nenén
EM TODOS OS MOMENTOS
mudou época na Chape. Chegou no final de
NENÉN
2008, por indicação de Jandir Bordignon, quando o time visava a disputa da Copa Santa Catarina e o Catarinense de 2009. O
É raro, na história do futebol mundial, uma
habilidoso meia-armador misturou técnica e
carreira inteira de amor e dedicação a um
paixão nos gramados do oeste catarinense.
clube. Principalmente quando o atleta é contratado em uma época que a instituição
Em 2009, a Chape foi vice-campeã do
sequer estava em uma divisão nacional. E,
estadual e conquistou a vaga para a Série D
por
jogador
do Campeonato Brasileiro. Na época, foi-se
caminha lado a lado com o time até a elite
comemorado a continuidade do calendário,
do futebol no país. Se é raro e improvável,
mas era algo muito maior: o início de uma
não haveria lugar melhor para acontecer,
longa
do que Chapecó.
nacional.
lealdade
e
confiança,
o
trajetória
no
cenário
do
futebol
NÔMADE | 24
Construindo uma história Sem estrutura e com pouco orçamento, a Chapecoense buscava contratações pontuais. Naquela época, o principal era ter força de vontade e jogar por amor à camisa. O vestiário era uma extensão do campo e da cidade, onde só permanecia quem amava o que (e por quem) fazia.
"As coisas não eram fáceis, mas havia muita disposição das pessoas que trabalhavam. Não tinha tempo ruim. Não se media esforços para ajudar o clube chegar onde chegou” Ao longo dos 308 jogos, Nenén sofreu com graves lesões que o afastaram de campo durante diversos momentos na trajetória da Série D até a Série A. Em 2011 e 2012 o meia-armador foi titular no estadual e na divisão nacional Série C, porém, no estadual de 2013, Nenén teve uma séria lesão no púbis, que o fez alternar a titularidade na tão sonhada Série B. No entanto, quando se ausentava nos gramados, o jogador criava uma liderança incontestável dentro do vestiário. Era peça-chave do equilíbrio da equipe, o que se estendeu por longos anos, até o seu último minuto na Chapecoense.
A frase clichê se encaixa perfeitamente no que diz respeito à Chapecoense. "Para saber onde se quer chegar, é preciso se lembrar da onde veio". Não há como evoluir, crescer e esquecer o que já passou. Não existe mérito em viver uma boa realidade, sem se lembrar daqueles que
construíram
o
caminho
para
que
pudéssemos viver isso. Em 2012, a Arena Condá começou uma reforma para receber a Série B, inédita no Oeste Catarinense.
Naquela época, alguns jogos do estadual foram disputados em Xanxerê, enquanto os jogadores faziam as atividades de físico em cima da terra que se preparava para o novo gramado. E, embora
as
comparassem
condições aos
estruturais
demais
não
clubes
se que
pretendiam o acesso naquele ano, o Verdão compensava pela excelência no trabalho dos seus profissionais. "Fizemos muito trabalho físico naquela obra. Naqueles anos, o Anderson Paixão era um dos melhores preparadores físicos do Brasil. A Foto: Sirli Freitas
ascensão da Chape se deve muito ao trabalho dele no nosso time, que era bom fisicamente. Tive uma lesão no púbis no Catarinense de 2013 e a parte física do meu retorno foi com ele e o Trentim, auxiliar na época", conta Nenén.
Nenén e +10 Nivaldo e Nenén foram os únicos jogadores da
Com uma década vestindo o manto verde e branco,
história do futebol brasileiro a acompanharem um
Nenén dividiu o vestiário com alguns dos maiores
time sem série até a primeira divisão do futebol
ídolos da história da Chapecoense. Para escolher a
brasileiro. Mas além da simbologia da trajetória,
equipe dos seus sonhos, o maestro precisou incluir
Nenén esteve na construção e reconstrução da
os reservas para ser mais justo.
Chapecoense no cenário nacional. No gol, Danilo seria o escolhido. Thoni, Rafael Lima, Enquanto Nivaldo aposentou as luvas no final de
Thiego e Alan Ruschel estariam na linha defensiva.
2016, o meia-armador continuou seu papel dentro
Enquanto Wanderson, Gil e Cleber Santana fariam o
dos campos, e pôde viver uma Copa Libertadores
meio de campo. O ataque ficaria por conta de Bruno
da América com a Chapecoense, além da conquista
Rangel e Aloisio, e claro, Nenén.
de mais um título estadual e a melhor campanha do Verdão em sua história no Campeonato
Os reservas seriam o goleiro Nivaldo, os defensores
Brasileiro Série A.
Fabiano, Neto e Badé. Além de Josimar na volância e, no ataque, Tiago Luis, Ananias, Tulio de Melo e Rodrigo Gral para fortalecer o setor ofensivo.
DIÁRIO DA CHAPE
Chapecoense 2x1 River Plate Dentre as 308 partidas jogadas, para Nenen, nada se comparou ao confronto contra o River Plate em Chapecó. A cidade parou para ver a Chapecoense jogar contra um dos maiores times da América. “Aquele jogo só não foi perfeito porque não conseguimos a classificação, mas era um estádio lotado e a Chape enfrentando um gigante. Foi uma partida onde todos fizemos um grande jogo. Também será inesquecível porque eu dividi a meiuca com o meu grande amigo e irmão Cleber Santana, foi uma honra"
"Maestro, vamos mostrar pra eles como se joga futebol"
Foto: Nelson Almeida
Diante de um tradicional time Argentino, a Chape apostou na qualidade técnica para sobressair dentro de casa. "Antes do jogo, Cleber Santana olhou pra mim e falou “Maestro, vamos mostrar pra eles como se joga futebol. Vamos colocar a bola no chão que eles não vão nos achar”. O Gil nos viu e disse “vocês jogam e eu marco”. Foi um jogo praticamente perfeito de todos em campo. Danilo e Ananias fizeram uma das melhores partidas da história da Chape.”
DIÁRIO DA CHAPE
A história vista da arquibancada O torcedor Odirlei Nunes contou sua história sobre 28 de Outubro de 2015, o momento que viveu Chapecoense 2x1 River Plate nas arquibancadas da Arena Condá. "O dia começou diferente, como trabalhar se a cabeça estava em outro lugar? As horas demoraram a passar, saí do trabalho com a minha camisa surrada e acabei não conseguindo o ingresso para a minha esposa, que sempre esteve comigo nos jogos. No caminho para o estádio, me veio um filme na cabeça. Tudo que passamos para chegar naquele momento"
"Me lembrava de quando ia nos jogos quando criança, com 15 ou 20 pagantes e nunca imaginei que algum dia viveríamos algo assim" "Cheguei no estádio por volta das 18h, me encontrei com meus amigos para confraternizarmos, quando abriu os portões entrei logo, não queria perder nada daquele momento. Na verdade, eu estava em êxtase. Na nossa Arena Condá estava um dos gigantes do futebol mundial e a gente ali, na nossa humildade"
"Quando o jogo começou, a ansiedade se tornou euforia. Havia uma sintonia entre clube e torcida simplesmente fantástica. Bem na minha frente, na ala norte, o matador Bruno Rangel abriu o placar. Eu nem lembro quem abracei naquele momento, estavam todos na mesma energia" "No intervalo consegui me sentar um pouco, mas com o coração a mil. No segundo tempo, a Chape foi perfeita na marcação, sem ceder espaços para o River pensar. Do meio para frente foi uma aula de futebol. Quando o Rangel fez o segundo, ali tivemos certeza que poderíamos passar de fase. O jogo foi correndo e o gol não saiu. A pressão aumentava dentro do campo e fora dele também. Era bola na trave e gol perdido na frente do goleiro, e nós estávamos vendo o gigante River Plate sendo massacrado dentro da nossa casa. Quando o juiz apitou o fim do jogo, estávamos eliminados. Mas só existia força para aplaudir de pé aquele time. Esperei a Arena esvaziar para aproveitar o máximo daquele momento. Fui embora com uma alegria no rosto, cheguei em casa e desabei."
DIÁRIO DA CHAPE
A liderança da reconstrução
Com o elenco reformulado, era hora de vestir a braçadeira de capitão e continuar o legado que foi construído em tantos anos. Era necessário que alguém ensinasse a tantos novos atletas, a história e a conduta da velha Chapecoense.
Por opção técnica, Nenén não foi relacionado
Dentre os principais objetivos, estava manter a
para a final da Copa Sul-Americana contra o
essência do clube e deixar o time no mesmo
Atlético Nacional em Medellín. Após quase uma
lugar: na Série A.
década defendendo o manto verde e branco, o meia-armador precisou se reerguer junto com a Chapecoense. Buscando forças para honrar os inúmeros amigos que perdeu no voo, Nenén decidiu continuar na Chapecoense e se tornar uma liderança ímpar dentro do vestiário que ele
"Vou te falar, cada dia era uma luta. De repente meus grandes amigos não estavam mais ali" No início de dezembro, a Chape tinha 12 jogadores que já estavam no clube, entre atletas oriundos da base, lesionados ou que não foram relacionados para a grande final em Medellín. Nos primeiros dias de janeiro, a equipe se reapresentou com cerca de 37 atletas.
Foto: André Penner
tanto conhecia.
"A maior força foi do torcedor. Sem o apoio da cidade a gente não teria conseguido"
DIÁRIO DA CHAPE
Um mar calmo nunca fez um marinheiro habilitoso Em agosto de 2018, Nenén passou por uma
Diante da ocasião, Nenén fez o intermédio
situação peculiar no vestiário da Chapecoense: o
entre os jogadores e a diretoria, buscando
afastamento de um dos artilheiros da equipe.
resolver da forma que seria o melhor para o
Sem motivos aparentes, o grupo viu Wellington
clube naquele momento. O atleta conta que os
Paulista ser afastado do time principal e
envolvidos na situação cogitaram, inclusive,
"rebaixado" ao Brasileiro de Aspirantes.
afastar outros jogadores.
"Era injustiça. Além da grande pessoa que ele é, naquele momento a gente necessitava desse homem-gol. Pela amizade, eu comprei a briga no bom sentido, eu precisava exercer meu papel de líder dentro do grupo. Tomei a frente, reuni alguns atletas, como o Jandrei, Alan, Douglas e o próprio Follmann na época, para que o reintegrassem ao elenco”
"Teve um dia que precisei falar que atitudes assim não eram do clube, não era coisa da Chapecoense. Quem estava fazendo isso era alguém que não conhecia a história da Instituição. Estávamos perdendo a essência"
Foto: André Penner
Foto: Sirli Freitas/Chapecoense
O abraço do alívio Em outubro, dois meses após o afastamento,
Correndo desesperado após marcar o gol, a
Wellington Paulista foi reintegrado ao time
reação dos jogadores que vibraram e se
principal da Chapecoense. Na época, o Verdão
ajoelharam no chão contou muito sobre a união
estava na zona de rebaixamento e a volta do
do grupo naquele momento.
artilheiro foi crucial para a permanência da equipe na Série A.
"A primeira atitude dele foi me abraçar em tom de agradecimento.
Sempre
estive
ao
lado
do
Ao som embalado da torcida entoando seu nome,
Wellington. Foi um momento muito feliz, a amizade
Wellington Paulista retornou aos gramados aos 58
continua. Ele sempre me fala que jamais vai
do 2ºT contra o América-MG. Dois minutos depois,
esquecer o que eu fiz por ele naquele momento.
mandou a bola para o fundo das redes, decretando
Quando
a vitória de 1x0 da Chape contra o time mineiro.
Chapecoense com amor e dedicação”, conta Nenén.
esteve
aqui,
vestiu
a
camisa
da
Das arquibancadas à história: Giba
"O amor dele pelo clube era imensurável,
tanto
que
virou
história junto com o melhor elenco que eu já vi jogar. Uma vez ele disse pra gente na faculdade: "Eu ainda vou viver para ver a Chape jogando
a
Libertadores".
Infelizmente não conseguiu viver para ver, mas viveu cada instante para colocar o nosso Verdão na maior competição do continente. Tem um exemplo de amor maior que esse? Eu desconheço mesmo", conta Natan Silveira, um dos melhores amigos que Giba teve em sua jornada terrestre.
Talvez você, estimado torcedor que está lendo isso, algum dia sonhou em trabalhar na Chapecoense. Desejou poder retribuir e aplicar todo o seu amor, sua força de vontade, no seu clube do coração. Pode ser que você acabou tomando outros rumos na sua carreira, ou este ainda seja o seu maior desejo - e você vai realizá-lo algum dia, como Giba realizou. Frequentador do Estádio Regional Índio Condá desde 1995, Gilberto Pace Thomaz foi das arquibancadas à história da Chapecoense. Acompanhou 21 Campeonatos Catarinenses, viveu o foguetório contra o 2007. Presenciou a saga do Atlético de Ibirama em 2010 e a reviravolta alviverde em 2011, com título do estado. Cresceu ao lado do time, estudou e se formou jornalista para viver, dentro do clube, as maiores alegrias da Chapecoense. Como assessor de imprensa pôde contar ao Brasil a história mais bonita que existiu no futebol catarinense até hoje.
Foto: arquivo pessoal
Joinville aos 8 anos de idade, as noites difíceis de 2005, a alegria de
O caminho para a realização do grande sonho Quando
Natan
Silveira
conheceu
Giba,
o
jovem
chapecoense era "repórter da galera" na Rádio Chapecó AM, onde começara a viver o sonho de contar as epopeias inusitadas do time verde e branco. A semana para o "sim" mais importante da vida de Gilberto foi repleta de ansiedade. Aquele nervosismo bom, que preenche o coração na mesma proporção que o acelera. É o milésimo de segundo antes de se realizar um grande sonho. Era a hora de Giba se tornar o assessor da Chapecoense. "Um dia ele disse assim: "O Cleberson Silva ficou de me dar a resposta, mas antes ele vai falar com o Sandro. Está bem adiantado, mas ainda falta o aval. Acho que sai ainda essa semana". Se não me engano, a gente se reuniu num barzinho da cidade uns fins de semana depois e lógico que estávamos felizes pela conquista do Giba. Ele, enfim, alcançava o sonho dele. E te falo mais: não é porque ele foi meu amigo, mas o Cleberson e o Giba trabalhavam bem, facilitavam nossa vida. Foi sem dúvidas a melhor assessoria de imprensa que o clube já teve até hoje. Não à toa, fizeram história"
Na busca de lidar com a dor irreparável da perda e da saudade que não se cessa, os melhores amigos que Giba teve se apoiam no pensamento positivo, que hoje rege os corações que já estiveram tão inquietos. "Eu considero que ele sempre viveu de Chape. Eu digo para as pessoas que o Giba era o legítimo representante do torcedor na estrutura da Chape, inclusive naquele avião. Confesso que isso é um dos fatores que nos confortam quando falamos de Giba: ele precisava estar naquele avião, acompanhar aquela delegação no céu. Se ele
estivesse
vivo
hoje
certamente
não
o
reconheceríamos, pois a principal característica dele era o sorriso e tenho certeza de que ele não sorriria mais se não tivesse viajado. Ele estaria vivo, mas morto por dentro. Ele disse pra alguém: "Se for preciso eu pago do próprio bolso para viajar, mas não perco esse jogo por "O Clube do Bolinha", da direita para esquerda: Vinicios Ranzan, Giba, Natan Silveira e Ary Spindula
nada", conta Natan.
Raízes e legado: Giba eternizado na imprensa e torcida Como muitas profissões, o jornalismo tem alguns princípios como base. Dentre eles, está a ética, a paixão
E, mesmo sem querer, sem pretensão de eternidade,
Giba
deixou
uma
série
de
aprendizados aos amantes da Chapecoense. Não há dor em amar genuinamente algo. Nenhuma entrega é demais, e todo retorno é grandioso. Ao contar a história de alguém que passou a vida nos contando outras, e se deixou em segundo plano, percebemos que o jovem assessor foi uma coleção de memórias, bondades, sucessos e sentimentos. Gilberto se tornou um eterno
por contar histórias e, principalmente, amor ao que se
parênteses em aberto, sempre haverá alguém
faz. Este ofício em especial, não há como ser bem
para nos contar algo novo sobre ele, um sorriso a
exercido, senão com amor.
mais, um aprendizado para somar. Se moldará e mudará na cabeça de cada um que se dispor a
Neste caso, Giba foi a personificação do fazer jornalismo,
manter sua lembrança viva.
transitando na linha tênue entre profissional e torcedor. Recriando no papel crônicas esportivas que foram
No fim, enquanto Chapecó for Chapecoense, e os
escritas na ponta da chuteira dentro das quatro linhas.
funcionários também forem, no fundo, torcedores,
Não faltou amor, nem entrega. Entre a lista enorme de
existirá um pouco de Gilberto em cada um.
profissionais da imprensa alviverde que passaram suas
Enquanto os sonhos das canchas tiverem o
vidas contando lindas histórias de garra e raça, Gilberto
privilégio de chegar até dentro do clube, e a
Pace Thomaz também estava. Ao lado dos grandes que
essência
passou anos admirando, ouvindo no radinho, lendo nos
representação de amor genuíno nas arquibancadas
jornais impressos, acompanhando na TV.
da Arena Condá. Giba viverá.
Foto: Natan Silveira e Débora Maffissoni realizam homenagem póstuma ao Giba
reger
uma
instituição,
haverá
EDIÇÃO Nº 3 // DEZEMBRO 2020
De Chapecó ao mundo O amor verde e branco
que ultrapassa Santa Catarina Manuel Carrillo ,
de
Bogotá ,
conta sua história de admiração ao Brasil e o
amor à
Chapecoense
Como já recitava o livro "de Verona a Chapecó", a grande mudança de uma história inicia-se por um pioneiro, que abre caminho para as gerações futuras. Ernesto Bertaso, que encontrou em Santa Catarina um recanto chamado Chapecó, e nestas terras lançou sementes, traçou com seus passos
as
trilhas
caminhantes.
para
Do
todos
os
futuros
coronelismo
à
contemporaneidade, há sempre a primeira vez. O primeiro amor por um time de futebol, que é repassado
para
um
filho,
uma
neta
e
desencadeia uma tradição familiar. O amor verde e branco começa a estar nas veias, de geração para geração. De repente, um pequeno trajeto deu início a uma grande história. E é a 6.894km da capital do Oeste, que vive Manuel Carrillo, torcedor do Atlético Nacional e da Chapecoense. Com carinho pelo Brasil originado na Copa do Mundo
de
carinhosamente
2014, seus
Manuel olhos
depositou
sobre
o
time
catarinense durante as primeiras participações internacionais do Verdão. Curiosamente, no ano seguinte, a Chape decidiria a grande final de
"Criamos uma irmandade que durará para sempre"
2016 diante do time de nascença de Manuel. "A admiração e respeito que eu tenho pelo Mas a identificação com o Verdão e a cidade de
povo de Chapecó é gigante. Diante das
Chapecó não resumiu-se somente ao trágico
adversidades
ocorrido na Colômbia. Para Carrillo, o que o fez
Desejo
continuar acompanhando a Chape há quatro
novamente na Série A, Libertadores e na Sul-
anos, foi "a história de raça de um povo muito
Americana.
especial".
cultura
colombiano, torcedor do Atlético Nacional e
portuguesa, Carrillo segue muitas pessoas de
Chapecoense de coração. Sempre estarei
Chapecó nas redes sociais. "Embora eu não fale
torcendo pelo nosso Verde.
com todos, gosto de ler o que eles escrevem" e tem
gigante, como diz aquela frase: "Do roupeiro
o desejo de conhecer a Arena Condá algum dia.
ao presidente""
Estudioso
da
língua
e
são
muito
pessoas
sucesso
Saudações
muito
e
ver
de
a um
Um
DIÁRIO
DA
fortes. Chape irmão
abraço
CHAPE
DIÁRIO DA CHAPE - ESPECIAL DA BASE Movidos a um sonho, garotos de todas as regiões do Brasil chegam a Chapecó em busca
OLHO NA
da realização que os move: jogar futebol profissionalmente. Alguns precisam ficar longe de casa, muitos têm que superar barreiras pessoais. Cada jovem dentro de campo tem sua história de superação, lutas e vitórias.
BASE,
Diante dos cuidados do time e aos olhos do torcedor, a base da Chapecoense se torna cada dia mais forte no país. E atrás de cada suor, há uma motivação para não desistir, uma história que merece ser contada. São mais do que nosso futuro.
Foto: Márcio Cunha
TORCEDOR!
jovens vestindo o nosso manto. Eles são o
DIÁRIO DA CHAPE - ESPECIAL DA BASE
Neste ano, com Umberto Louzer, atual treinador da equipe principal e que tem dado
OS SONHOS DE
confiança, oportunidade e desenvolvimento para os garotos da base, Alan Grafite teve novos momentos em campo.
ALAN GRAFITE
E foi contra o seu ex-clube que Alan passou por uma situação de dificuldade como
Sempre de cabeça erguida, o jovem Alan
jogador profissional. O momento ocorreu no
Sebastião Alexandre chegou ao Verdão do
jogo de ida da semifinal do Campeonato
Oeste
realizar
Catarinense, contra o Criciúma, na Arena
profissionalmente aquilo que sempre fez seu
Condá. Grafite entrou aos 31' do 2ºT, quando
com
a
missão
de
coração bater mais forte: jogar futebol. Natural de Criciúma, Alan se apresentou à Chapecoense após seis anos no Tigre. Na equipe carvoeira, jogou dos 14 aos 19 anos. Até que em 2019 saiu do Sul Catarinense para o Oeste do estado. Na Chape, chegou para compor o elenco Sub-20.
o Verdão já ganhava de 1x0. As 49' do 2ºT o garoto recebeu a bola para armar o contra-ataque e saiu em disparada. Na hora do chute, mandou em cima do goleiro adversário, que fez a defesa no último lance do jogo. Naquele momento, o grupo foi o diferencial para a maneira como Grafite iria reagir em meio às críticas e à própria frustração.
“Minha transição da base pro profissional foi boa, tive a oportunidade de fazer bons
“Era meu ex-clube, eu estava buscando meu
campeonatos pelas categorias e com isso
primeiro gol no profissional, e por se tratar do
surgiu a oportunidade no time principal. A
Criciúma era um incentivo maior. Eu fiquei
primeira foi em 2019, tive algumas chances no começo do ano, mas não tive sequência e fui para o Toledo. Depois retornei para a Chape, fiquei um tempo afastado, mas continuei treinando
forte.
Esse
ano
tive
mais
oportunidades, posso dizer que tive uma transição boa, mas demorada.”
triste demais, foi um sentimento de frustração, porque eu queria muito ajudar a Chape. Só que o grupo me abraçou, Umberto me abraçou, toda a comissão e os jogadores me apoiaram. Que era pra levantar minha cabeça e ir trabalhando, que as oportunidades iriam aparecer de novo e eu tinha que estar preparado para elas", ressalta Alan.
DIÁRIO DA CHAPE - ESPECIAL DA BASE
UMA BASE PARA A VIDA INTEIRA Mas a história de Alan Grafite na Chapecoense está apenas no início, e foi pelos pés do jovem garoto que saiu o último gol do Verdão no 1º turno da Série B. Um gol que simbolizou, além de tudo, o início de uma jornada e um recomeço pessoal para Grafite. Desta vez, Alan precisou de um pouco mais do
“Quando eu fiz o gol o pessoal viu que eu não
que 10 minutos em campo para decretar a
comemorei muito. Eu perdi a minha avó no ano
vitória do time alviverde. Aos 48' do 2ºT o
passado e depois do gol foi um momento que ela me
atacante se livrou de dois marcadores e chutou
veio na cabeça, porque ela falou que eu iria passar
colocado, com a habilidade de quem sabe o
por essa situação e que eu iria conseguir vencer...
que faz, sem chances para o goleiro adversário.
Eu falei pra ela: “Vó, eu vou conseguir, vou dar a volta por cima disso e a senhora vai ver que Deus vai nos abençoar”. Quando eu fiz o gol, eu lembrei dela. É uma pena que ela não possa estar vendo, mas tenho certeza que de onde ela estiver, ela está torcendo por mim”
Foto: Guilherme Griebeler
“Eu fiquei muito feliz, a gente tem sempre que estar de cabeça erguida e sempre focado. Futebol é sequência e trabalho. Logo depois do jogo eu liguei para os meus pais e minha esposa para comemorar esse gol, porque foi uma conquista de todos nós. Agradeço eles que me deram base nas situações que passei"
DIÁRIO DA CHAPE - ESPECIAL DA BASE
Após oito anos vestindo a camisa verde e branca,
Gianluca
carrega
identificação
e
gratidão pelo clube. Na Chape, passou por
PAIXÃO DE
momentos de dificuldade, e não se esquece o
INFÂNCIA,
"Minha família sempre esteve presente, e com
nome das pessoas que o acolheram.
certeza o falecido Betinho e o Seu Crespin me ajudaram muito quando precisei. O auxílio do
GIANLUCA
Seu Betinho ocorreu no momento crucial em que eu estava na dúvida entre futsal e campo. Ele bancou a minha presença na Chapecoense,
Cada jogador é único e vive histórias únicas, mas
dizendo que eu ia dar certo ali. E Seu Crespin
estão
céu
esteve comigo no momento mais difícil da minha
experimentando dores e felicidades parecidas.
vida, quando eu lesionei meu joelho. Ele me
todos
debaixo
do
mesmo
Assim como muitos, Gianluca cresceu com o desejo de viver do futebol. O diferencial do jovem atleta, foi fazer esse sonho crescer junto consigo. Natural de Concórdia, aos 6 anos Gianluca Minozzo, também conhecido como Mancha, já
acolheu, falou que tudo ia ficar bem e que seria uma marca da minha carreira vitoriosa. Me deram todo suporte no clube e sou muito agradecido a essas lendas"
treinava na escolinha de futsal. "Desde que começou a andar, ele já ensaiava os primeiros chutes. Quando a gente perguntava o que ele queria ser quando crescer, ele dizia "vou ser jogador". Quando ele entra em campo hoje é um dele. Não tem palavras. A emoção é imensa", conta Andreia Minozzo, mãe do atleta. A história com o Verdão começou oficialmente aos 12 anos. Nascido na cidade que fica a pouco mais de 80km de Chapecó, Gianluca acompanhava a Chape desde criança. Quando chegou no Furacão do Oeste, era como se já estivesse em casa.
Foto: Arquivo pessoal GIanluca
orgulho imenso, ele está indo em direção ao sonho
DIÁRIO DA CHAPE - ESPECIAL DA BASE
DESTAQUE DA TEMPORADA
O lateral-esquerdo tem se destacado no time Sub-20 do Verdão. Com bom passe, cruzamento e visão de jogo, Gianluca Mancha tem características que agregam o jogo ofensivo e defensivo da equipe. Na temporada, até a publicação da revista, foram 18 jogos, 3 gols e 3 assistências. Além Foto: Julia Galvão
de participações diretas sendo o terceiro passe para o gol e da contribuição na área defensiva do time.
Ao falar do futuro, Gianluca enfatiza que quer dar "um passo de cada vez". Para o jogador, seus
sonhos
implicam,
nos
próximos
principalmente,
cinco
anos
conquistar
momentos com a Chape. "Hoje eu posso falar que amo esse clube, sei tudo o que ele representa pra mim e pra todos os torcedores. O primeiro passo é jogar na Arena Foto: Julia Galvão
Condá lotada com o manto sagrado. Daqui alguns anos, tenho o sonho de chegar na Seleção Brasileira e também jogar na Europa. Trabalho diariamente pra isso"
DIÁRIO DA CHAPE - FUTEBOL FEMININO
Liderança,
determinação
e
técnica
são
qualidades marcantes em Patricia, que está
PATRICIA
inspirando garotas de Santa Catarina e ao redor do país a seguirem seus sonhos, principalmente no futebol feminino. Dentro e fora do campo, a zagueira também tem suas
MALDANER Natural de Pinhalzinho, Patricia Maldaner é uma jovem garota que chegou a Chapecó com uma bagagem cheia de sonhos. Hoje é uma das principais jogadoras do time feminino da Chape e coleciona convocações à Seleção Brasileira Sub-17. Se algum dia disseram que futebol era coisa de menino, Patrícia preferiu não ouvir, (e que sorte a nossa). A trajetória da jovem garota no esporte começou aos 8 anos, influenciada pela família, que também é bastante envolvida com o futebol. Antes dos 10, já estava na escolinha da cidade e se destacava pelas características em quadra. "Desde quando comecei a jogar campo em 2017, sempre fui volante, até que em 2018 meus treinadores falaram que na zaga eu também seria muito útil pela minha estatura e boa saída de bola. Em algumas competições joguei na zaga e outras no meio, dependendo da necessidade do técnico" Pela Chape, é comum ver a Camisa 4 corrigindo posicionamento e ganhando os duelos pelo alto na pequena área. Quando volante, se apresenta no meio de campo e arma as jogadas.
inspirações pessoais. "A Formiga pra mim é um exemplo de atleta, ela conquistou inúmeras coisas e, apesar da idade, ainda continua jogando muito futebol. Fora de campo ela também é uma pessoa muito humilde e batalhadora, eu a admiro muito. No masculino o meu grande ídolo é o Geromel, me inspiro no jeito que ele joga e observo bastante cada ação dele dentro do jogo, sem contar também que é um grande líder, tento aprender muito, sem dúvidas ele é um cara em que eu tento me espelhar"
DIÁRIO DA CHAPE - FUTEBOL FEMININO
AMOR VERDE (E AMARELO) Além de ser peça-chave na Chapecoense, Patricia já vive a emoção de vestir a camisa da Seleção Brasileira.
Até a publicação desta
revista, a zagueira já somava oito convocações para a Seleção Sub-17 e estava sendo chamada pela primeira vez à equipe Sub-20. A primeira convocação para a Seleção Brasileira “Na primeira convocação demorou muito pra
Sub-20 aconteceu no final de novembro de 2020,
ficha cair, era algo que eu sempre almejei, mas
após a jogadora entrar em campo nos amistosos da
quando
Seleção diante do Chile. Na ocasião, o Brasil saiu
aconteceu
fiquei
sem
reação.
O
sentimento é o melhor possível, muita felicidade
vencedor nas duas oportunidades.
e principalmente de realização de ver que todo meu trabalho teve resultado, todos os obstáculos
“Um dos meus objetivos no momento é conquistar o
que superei valeram a pena e fui recompensada!”
sul americano e mundial pela Sub-17, e mais pra frente conseguir fazer parte da Sub-20 também, jogar no
profissional
de
algum
clube
e
continuar
estudando, fazer alguma faculdade” E para as garotas que estão lendo e se imaginando defendendo a camisa de um grande time ou da Seleção Brasileira algum dia, Patrícia tem um recado: “O foco é continuar treinando, se prepare para as oportunidades e também tenha paciência, porque não é de uma hora pra outra que as coisas acontecem. Se você estiver dando seu melhor a cada dia, vai ser recompensada em algum momento"
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AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
Nesta edição, os agradecimentos são em especial ao Nenén, pela atenção e anos de dedicação à Nossa Chape. E ao Natan Silveira, por tamanha gentileza, confiança e disponibilidade. O Diário da Chape é apenas um pequeno broto, mas que cria força a cada apoio, incentivo e companhia. Nada se faz e nada se conquista sozinho. à I, A e F, pela companhia, apoio e colaboração na realização de um dos meus maiores sonhos.