
1 minute read
“Ave de Esperança
from Edição 749
Passo a noite a sonhar o amanhecer. Sou a ave da esperança.
Pássaro triste que na luz do sol Aquece as alegrias do futuro, O tempo que há-de vir sem este muro De silêncio e negrura
Advertisement
A cercá-lo de medo e de espessura Maciça e tumular; O tempo que há-de vir - esse desejo Com asas, primavera e liberdade; Tempo que ninguém há-de Corromper” (…)
Hoje veio uma lembrança de um tempo que eu participava de tudo que pudesse.
Era como correr atrás do vento.
Tinha que fazer tudo que coubesse nas horas que tinha para viver, no menor tempo possível.
Parecia um balãozinho colorido
“andando e cantando e seguindo a canção” como se não houvesse tantos amanhãs.
Conhecia um pessoal do Centro Acadêmico que frequentava o Banco e me chamaram para várias atividades. Naquele tempo todo dia era dia de festa em repúblicas, fui a poucas.
Uma dessas festas foi perto da minha casa lá da Costa Leite
Era uma noite fria de lua cheia muito bonita e inspiradora.
Tocavam música alegre lá e a poesia estava no ar.
Foi quando vi entrando porta adentro como que iluminado por um belo raio de lua nos cabelos longos e encaracolados, de um loiro quase branco, um rapaz com cara de anjo.
Vestia camisa de manga longa preta e calça social preta, enormes olhos verdes brilhantes e um belo sorriso. Impressionou pela elegância.
Fez-se a magia instantânea quando cruzou o olhar com o meu.
Ficamos ali nos olhando disfarçadamente e uma amiga comum, que estava perto nos apresentou.

Era descendente de suiços e tinha um nome totalmente diferente e inesquecível como ele.
Chamava-se Udo.
A partir daí nos encontrávamos sempre como amigos mantendo uma certa distância, pois ele estava temporariamente por Botucatu.
Queria cumprir seu sonho de estudar Oceanografia e biologia marinha.
Um sonho que era totalmente contrário a vontade dos seus pais que queriam que se formasse emgenheiro agrônomo.
Quando nossa amiga comum ia ao Banco onde eu já trabalhava, ele sempre a acompanhava e sempre me chamavam para churrascos no Lageado, shows de música no terreiro.
Lembro de um show da nossa querida Inezita Barroso realizado naquele terreiro ao lado do casarão da fazenda. O povo todo presente cantava acompanhando as canções, foi lindo.
Iamos a cineminhas, comer um lanche no Sheik Lanchonete com a turma, bailinhos no Mocó.
Como eu trabalhava e estudava a noite, não era possível sair muito.
Udo era bastante determinado e cumpriria seu sonho de ir para Santa Catarina estudar, e um belo dia veio despedir-se.
Nunca mais soube dele.