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CANÇÃO DE BOTUCATU
from Edição 753
Elda Moscogliato
Estamos em pleno Abril, o mês que enriquece a crônica citadina com a seriação de datas e eventos sempre marcantes na tradição local. Justifica-se, pois, que aqui se trate de um assunto interessante como sejam as canções que Botucatu já possuiu e que, levadas ao esquecimento são patrimônio de uns poucos, herdeiros da memória dos antepassados
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A primeira canção botucatuense é graciosa e simples. Cantaram-na nossos pais nos primeiros anos de funcionamento do Grupo Escolar “ Dr. Cardoso de Almeida”, vale dizer, nos primórdios desse estabelecimento exemplar de ensino, por onde passamos nós, gerações sucessivas, e que hoje já está a beirar seus noventa anos de existência.
Trata-se de uma canção de melodia singela, accessível à memorização mas delicada e suave como deve ser delicado e suave o amor à terra natal. Ela brincou nos ouvidos dos escolares de então. E se fixou para sempre na memória daqueles que tanto deram de si, na vida botucatuense. Três, desses meninos de outrora, tornados velhos amigos e companheiros, timbravam em recordá-la em seus constantes encontros. Não se visitavam mas esses encontros se davam na barbearia, no Bepão ou mesmo na Sacristia da Catedral onde dois deles : José da Rocha Torres mais carinhosamente : o Zelão Torres e o velho flautista eram Irmãos do Santíssimo E a memória se lhes avivava em fatos e acontecimentos que enriqueceram a Botucatu histórica. Zelão da Rocha Torres está lá, na fotografia memorável da implantação do Bispado. Entre tantas memórias, saiam da Sacristia trauteando a velha canção.
Um dia perceberam que após eles, ninguém mais conheceria a música
Expediente
querida. Era preciso eternizá-la. A obra prima – poesia e música – de Américo Veiga , professor botucatuense, não poderia jamais desaparecer. Gravá-la como? Não havia a aparelhagem fácil de “stereos” que hoje sobra nas mãos das criançadas.
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O velho flautista propôs : cante-a e eu a escrevo. Mas era difícil. O Zelão, mal começava os primeiros versos, era tolhido pela torrente de lágrimas que lhe resvalavam pelas lentes dos óculos. Embargava-se-lhe a voz e ficava nisso. Foi preciso recorrer a Tio Antonio Tillio, contemporâneo, setentão ainda rijo, de memória lúcida que sabia inteirinha a canção.
E com voz ainda “tenorinale” cantou-a inteira. Zelão aprovou. E o velho flautista transpô-la para a pauta. E com a letra silabada. E esse original está conosco. É uma velha e primitiva melodia nascida no começo do século. Vale a pena conhecê-la na sua simplicidade, na sua linearidade, na singeleza :
Can O De Botucatu
Letra e Música de Américo Veiga.
Botucatu tem primores, Tem belezas naturais.
É mui bela e são gerais Seus encantos e flores.
CORO
Devemos amar a nossa terra Como se ama a própria mãe!
E dizendo sempre e sempre: Amparai as belezas que ela encerra!
Mais tarde, um outro rapsodo teceu-lhe lindos versos. Era Astrogildo de Oliveira, versos esses musicados por João Gomes Junior. Era a Canção Botucatuense. Depois, Angelino de Oliveira dedicou-lhe letra e música : Saudades de Botucatu. São ambas muito bonitas. Mas não superam a ingênua, graciosa, a terna Canção que nossos pais cantaram. ( A Gazeta de Botucatu –13/04/1984 )
DIRETOR: Armando Moraes Delmanto
EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes
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