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“Brincadeiras de criança, como é bom”

Maria De Lourdes Camilo Souza

Nossa infância em Botucatu foi marcada com a presença de amiguinhas, fiéis e queridas. Estão em nossas vidas até hoje.

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A mais chegada que chamamos amiguirmã é a Molyla: Eloisa Amando, que tem a idade da minha irmã. Elas até hoje tem uma brincadeira sobre a idade pois, tem diferença de dois meses.

Minha irmã é de setembro e Molyla de novembro. Depois conhecemos a Maria Elvira, com quem brincávamos quando ela vinha de férias e ficava na casa dos avós que era na esquina da Cardoso.

Morávamos na Rua Quintino Bocaiuva entre a General e a Cardoso.

E as brincadeiras eram com as bonecas: Cecília, uma beleza de boneca de louça com pernas articuláveis, simulava andar, tinha um lindo vestido, sapatinhos vermelhos ; e eu tinha o Paulinho um bebêzão. Tínhamos também um boneco de celofane que tinha sido da minha mãe.

Ela guardava num baú de madeira, as nossas roupas de bebê, perfeitas e muito limpas, passadas a ferro, aquele enorme em que se colocava brasas dentro, inclusive aquelas faixas que se usava naquela época.

O bebê ficava durinho como uma múmia.

Um dia, minha mãe apareceu com uma caixa que para nossa surpresa, tinha um cachorrinho.

Demos a ele o nome de Pitoco.

Coitado do Pitoco, era cuidado a base de mamadeiras, enrolado em faixas e roupas de bebê.

Tinhamos também uma tartaruga, a Pituca.

Comia banana, tomate, folhas de alface.

Muitas vezes para se proteger das nossas brincadeiras se escondia dentro de sua carapaça.

Outra brincadeira era a de vendinha onde juntávamos latas, jornais velhos, revistas, caixinhas, garrafas e brincávamos de vender aqueles bagulhos.

Tinha as viagens de navio e lá íamos de malas, cuias e filhos.

Minha mãe e meu pai trabalhavam fora e precisavam de alguém para nos cuidar.

Foi então que a Enilda, vinda de Pardinho, entrou em nossas vidas.

Morou conosco até seu casamento com o Vital. Era como se fosse da família.

Fazia nossos lanches após a escola: lembro de comer salada de tomate temperada com vinagre Castelo, com pão.

Achava muito gostoso molhar o miolo de pão naquele molhinho com azeite, que sobrava no prato.

A glória eram os desfiles de modas que organizávamos.

Vestíamos lençóis, toalhas de banho, de mesa, roupas da minha mãe e a grande apresentação era sobre a mesa da sala de jantar.

O gran finale era sempre o vestido de noiva. Esses desfiles só podiam acontecer quando nossos pais viajavam e ficávamos sob a supervisão da Enilda.

Na mesma rua, entre a Avenida e a General Telles, em frente a casa da D.Elza: a comadre e melhor amiga da minha mãe, moravam os Amaral, que tinham vários filhos entre meninos e meninas.

Era uma criançada alegre que sabia muitas brincadeiras, não só de passa anel, cirandinha, esconde esconde...

Algumas vezes éramos autorizadas a brincar, nas noites quentes de verão: de queimada, jogos de bola, com eles, os Amaral, e as outras crianças da vizinhança.

Participavam a Graça, filha do Seu Nelson, seu irmão o Nelsinho, a Silvinha, filha do vizinho do lado, Seu Nelson, o motorista de praça.

Tinhamos que voltar antes de começar a Hora do Brasil, sempre no mesmo horário, apresentada por um apresentador de voz grave, no nosso grande rádio de válvula.

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