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O CULTO À SANT’ANA
from Edição 847
Elda Moscogliato
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Hoje, que a análise histórica confere à lenda e à tradição autenticidade baseada em fatos reais, avivam-nos o saudosismo incurável dos nossos tempos de estudante, as belíssimas pregações do então Padre Morais tornado Arcebispo e já falecido, luminar da oratória sacra do Brasil, que frequentemente aqui vinha a convite do Vigário da Catedral - Pe. Salustio Rodrigues Machado, para os exercícios novenais de Julho, mês dedicado a Padroeira, Senhora Sant Ana.
Mais tarde, belíssimo livro de Mons. Ascânio Brandão, sobre Sant’Ana, nos forneceria os subsídios verdadeiramente encantadores dos muitos e veros milagres daquela que é para nós, a Santa Padroeira da Cidade e da Arquidiocese, cuja festa máxima teremos nestes próximos dias.
Conta-nos Mons. Mermillot, autor do livro “O Culto e o Patronato de Sant’Ana”, que, vítimas das primeiras perseguições, atiraram-se ao mar, em leve e precário batel, Maria Magdalena, Marta e Lázaro. Levaram consigo, como precioso tesouro, uma relíquia inesquecível: o corpo de Sant’Ana, mãe da Santissima Virgem Maria. As águas levadas milagrosamente, conduziram os fugitivos e os deixaram sem o saberem como, nas costas de Marselha.
Mal aportados, os despojos sagrados foram divididos: uma parte foi para a Bretanha e outra, entregue a Santo Auspício, Bispo de APT, cidade principal de Avignon. Na cidade episcopal, foram eles religiosamente depositados na Catedral e objeto, pelos tempos em fora, da veneração não só do povo, como também, de reis, imperadores a Papas e dos grandes Cruzados da fé Cristã
Por ocasião das invasões bárbaras. Santo Auspício, ameaçado pelos sarracenos teve que abandonar a cidade. Antes, porém, ocultou nos subterrâneos defesos de sua Igreja, as preciosas relíquias.
Depositou-as, deixando ao lado uma pequenina lamparina acesa e mandou após, murar, em segredo, o discreto acesso da cripta e partiu.
A cidade foi invadida, mortos os seus habitantes, tudo destruído. Não ficou pedra sobre pedra. Os séculos correram. A antiga Igreja foi reconstruída. Mas das relíquias de Sant’Ana só a lenda falava. Acreditava-se que o santo bispo as havia escondido, mas onde.
De volta de uma de suas pelejas Carlos Magno veio ter ao mesmo templo de Sant’Ana para prestar-lhe os seus louvores e a ação de graças. Hospedou-se no castelo de um nobre da época, de nome Simiane, cujo filho, moço, era cego, surdo e mudo. Era um Dia de Pascoa. Recitava-se o Oficio Divino. Rodeavam o altar, os Pares e os Cavaleiros de Franca.
Subitamente adentra o templo o jovem cego-surdo-mudo. Enxergava, ouvia e falava balbuciando. A todos insiste com ges-
EXPEDIENTE tos, para que o acompanhem. Admirados todos, formaram um cortejo. O jovem milagrado desceu as escadarias interiores do templo reconstruído. Apalpou as paredes e deu ordem para que abatessem a argamassa de determinado ponto. A argila cedeu como por encanto, deparando a todos uma galeria jamais suspeitada. Um vivo clarão, inexplicável e cálido, alumiava o corredor. Ao fundo, uma tosca parede filtrava uma luz radiosa.
Tocaram-na às apalpadelas e ela caiu maravilhosamente. Lá dentro, depararam os cristãos boquiabertos. uma urna preciosa. recoberta pelo pó dos anos. Trazia na tampa, uma inscrição feita um dia por Santo Auspício: “ Aqui repousa o corpo de Sant’Ana, Mãe da gloriosa Virgem Maria”.
A humilde lamparina deixada acesa, séculos atrás, irradiava suave claridade no abrigo sombrio que trescalava odor de rosas. (A Gazeta de Botucatu - 22/07/1988 )
DIRETOR: Armando Moraes Delmanto
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