57 Anos de Liberdade do Diário da Manhã

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Diário da Manhã

ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO

GOIÂNIA, SEGUNDA-FEIRA, 14 DE MARÇO DE 2016

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DESIGN GRÁFICO E EDIÇÃO POR

ARTHUR DA PAZ

SELEÇÃO DE CONTEÚDO E PREPARAÇÃO EDITORIAL

WELLITON CARLOS

57 ANOS DE

36 ANOS DO JORNAL DIÁRIO DA MANHÃ

DESDE O CINCO DE MARÇO

O JORNAL DO LEITOR INTELIGENTE QUE O MUNDO VÊ E LÊ NA INTERNET www.dm.com.br

O

CARTA AO FUTURO

jornal Diário da Manhã celebra 36 anos de existência com um caderno especial que diz muito sobre sua luta: estão neste caderno as dificuldades, os enfrentamentos políticos, as campanhas editorializadas e acima de tudo a efetivação concreta dos sonhos que foram sonhados dia e noite pelos jornalistas Batista Custódio e Consuelo Nasser – jovens idealistas, fundadores do lendário Cinco de Março, que abandonaram a segurança da vida para abrir o peito e se jogar nas mais árduas batalhas em defesa da dignidade humana. Com os 21 anos do semanário Cinco de Março, hoje apenas na memória, esta soma nos dá 57 anos de busca pela Liberdade. Nesta edição exclusiva de comemoração, sua equipe de reportagem fez diferente: o DM é que se transformou em notícia. E muitos destes jovens jornalistas ainda se espantaram com a história desse impresso que marcou de forma decidida a vida pública de Goiás e do Brasil. Para aqueles que ainda não conhecem a história do impresso e para aqueles que ainda vão conhecer, é preciso enviar uma carta aberta, deixando-a registrada no futuro. O DM é o único diário de Goiás que atravessou a ditadura e chegou

OPINIÃO João de Deus

O jornal, amigo de Deus, que planta esperanças nos corações sofridos XX PÁGINA 14

Marconi Perillo

O Diário da Manhã, alicerce das liberdades XX PÁGINA 3

Alfredo Nasser Conversa Íntima XX PÁGINA 19

Alfredo Nasser Metralhados estudantes em praça pública XX PÁGINA 2

ao regime democrático sem jamais comungar com os princípios autoritários ou na desfaçatez da visão ideológica monolítica. O único que reuniu os melhores jornalistas do país. E o que mais forma profissionais para a grande imprensa. Desde seu início foi um jornal cuja existência se firmava em fundamentos da liberdade, tão cara aos que nele militaram seus credos e ideologias. Se existe um abrigo dos perseguidos e ‘outsiders’, o endereço é este aqui, com dois domicílios, inicialmente na avenida 24 de outubro, em sua primeira década de existência, e outro na avenida Anhanguera, no setor Universitário. O Diário da Manhã chega aos 36 anos como um guerreiro, que enfrentou – como nunca – forças políticas que preferiam, de fato, sua não existência. Particularmente nas duas últimas décadas, tentou-se de tudo para fazer com que o jornal desse o braço a torcer e desistisse de permanecer sua luta intermitente e diária. O DM foi torturado e asfixiado de todas as formas. E jamais enfrentou a angústia e o medo de não ter saídas de emergência – mesmo que elas não existissem. O impresso que chega hoje em suas mãos permaneceu de pé graças aos apoiadores e idealistas que a cada ano renovam sua alian-

ça com o jornalismo apaixonado praticado pelos seus integrantes. Se os algozes foram poucos, os guerreiros ao lado do DM foram milhares. Como a metáfora de um dos textos que seguem neste caderno especial, o DM incorporou a imagem de um barco que navegou sempre em mares bravios. Navegou, navega e navegará. Esse DM segue com mastro quebrado, velas rasgadas, marinheiros estropiados, mas permanece com o jornalista Batista Custódio no leme vendo portos seguros antes que a tripulação aviste terra. Talvez a sina do Diário da Manhã seja jamais encontrar este porto seguro. Mas a epopeia provoca a cada dia epifanias em seus combatentes, a ponto de compensar todas as dificuldades e prazeres fáceis. Portanto, aqueles que tentaram destruir o DM, apenas o moldando aos seus interesses mesquinhos, sabem no (in) consciente do que se fala aqui: apesar da pressão, das tentativas de destruição, das silenciosas torturas, nossa caravela vai seguir e contar a história para o futuro. Nós corremos risco sem parar. Temos vocação para as chuvas mais fortes e as tempestades mais inimagináveis. Quem viver verá.

A HOMENAGEM DOS QUE CONHECEM A HISTÓRIA DO DIÁRIO DA MANHÃ Paulo Garcia

O Diário da Manhã é parte da história goiana XX PÁGINA 4

Maguito Vilela

Aparecida saúda os 57 anos de história do Diário da Manhã XX PÁGINA 5

Pe. Luiz Augusto

A mensagem que rompe correntes:“Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. João, 8

Ton Alves

Lêda Selma

João Soh

O peso do sonho na leveza do papel

Diário da Manhã, um amanhã sempre regado pelo sol

XX PÁGINA 10

XX PÁGINA 11

A epopeia de Batista Custódio

Elizabeth Caldeira Brito

PX Silveira

O Diário das manhãs plurais

Aos senhores do jornal, seus leitores

XX PÁGINA 6

XX PÁGINA 12

Luiz de Aquino

Maria Elizabeth Fleury Teixeira

DM, 36 anos: a notícia é nossa vida

Festejando o bom caminho

XX PÁGINA 17

Eder Machado Informação faz a inserção social XX PÁGINA 17

Ailton José Oliveira Nossa gratidão ao Diário da Manhã

XX PÁGINA 9

XX PÁGINA 7

XX PÁGINA 13

Cinco de Março, DM e Batista Custódio: o jornalismo a serviço da sociedade

Pe. Rafael Magul

Helvécio Cardoso

Bento Fleury

Ao jornal, livre, Diário da Manhã

Uma escola risonha e franca

Diário da Manhã – 36 anos de resistência

Arthur da Paz

XX PÁGINA 2

XX PÁGINA 6

XX PÁGINA 8

XX PÁGINA 15

XX PÁGINA 18

José Eliton

XX PÁGINA 17

O ABRAÇO DE DEUS


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57 ANOS DE

36 ANOS DO JORNAL DIÁRIO DA MANHÃ

DESDE O CINCO DE MARÇO

Alfredo Nasser Memorial do

Diário da Manhã

ESPECIAL

GOIÂNIA, SEGUNDA-FEIRA, 14 DE MARÇO DE 2016

METRALHADOS ESTUDANTES EM PRAÇA PÚBLICA

Reprodução na íntegra da notícia escrita por Alfredo Nasser que narra o evento, em sua “versão exata”, que foi o fato base para o nascimento do semanário Cinco de Março

Feliciano como ele é: insensato e sanguinário ARQUIVO DM / NOSSOCATALAO

É

de inteira responsabilidade do governador José Feliciano e do secretár Segurança, que negligenciaram de seu dever e do respeito às garantias constitucionais, a barbaridade ontem cometida contra os estudantes desta Capital. Eis os fatos, na versão exata. Depois de haverem conseguido, num movimento pacífico e bem-su-

José Eliton Especial à

Muito mais do que um ofício, o jornalismo constitui-se numa missão. Tem um papel de mediador social insubstituível. Informa, debate ideias, introduz temas relevantes no nosso dia a dia. Quando ético e coerente, o jornalista amplia caminhos e forma consciências. Vale aqui reprisar o juramento desses profissionais em suas solenidades de formatura: “Juro exercer a função de jornalista assumindo o compromisso com a verdade e a informação. Atuarei dentro dos princípios universais de Justiça e democracia, garantindo principalmente o direito do cidadão à informação”. A literatura, a arte e o jornalismo retratam a alma e as relações humanas e tanto inspiram quanto são inspiradas na realidade. Em Goiás, Batista Custódio persiste há décadas na vanguarda do jornalismo independente e altruísta. Primeiro no Cinco de Março, e depois no Diário da Manhã, ao longo das décadas se apresenta como ator e testemunha das profundas transformações do mundo. Para melhor conhecê-lo, basta mirar no que o próprio diz de si: “Se houvesse em mim o Calcanhar de Aquiles, a parte vulnerável às flechas dos inimigos no corpo do mitológico

cedido, fechar todas as escolas secundárias, protestando contra o alto preço do Ensino, reuniram-se os estudantes, cerca de 19 horas e 30 minutos, em comício na Praça do Bandeirante. Nenhum incidente lamentável se havia verificado ou ameaçava verificar-se. Inopinadamente, porém, soldados do Corpo de Bombeiros passaram a agredir os manifestantes, tentando dispersá-los a jatos d’água e chibatadas. Mudando de posição na Praça do Bandeirante, grupos de estudantes, ainda pacificamente, procuraram continuar a manifestação. No momento em que entoavam o Hino Nacional, viram-se violentamente atacados, já desta vez pela polícia, a cassetetes, baionetas e metralhadoras. As armas assassinas, voltadas inicialmente

para o ar, não tardaram a procurar alvos, os jovens indefesos. Foi deste momento em diante que se esboçou a reação, como não podia deixar de ser, mas já a essa altura numerosos jovens, ensanguentados e feridos, eram conduzidos aos hospitais. Mais cedo do que os ingênuos e os de boa-fé poderiam esperar, o senhor José Feliciano, com o seu despreparo, a sua incultura, a sua aversão pela vida democrática, ele que é um escarrado produto da ditadura – enveredou pelo caminho do crime. Ao grande público ainda não havia chegado a notícia de que os jagunços que tanto se celebrizaram na crônica do banditismo político já aí se encontravam, perambulando pelas ruas, desabusada e cinicamente. O público não sabia, mas eles aí estão para serem utilizados, na hora precisa, pelo senhor José Feliciano e pela engrenagem política a que ele serve submissamente. Mas impaciente por se mostrar como é, isto é, um inimigo das liberdades públicas, um insensato e um imaturo – um po-

bre sujeito apenas enfatuado –, aproveitou a primeira oportunidade e mandou ontem à noite metralhar jovens estudantes secundaristas, que exercitavam pacificamente um direito constitucional. Um direito por cuja inscrição na lei maior de todos os países outros estudantes já morreram, outros homens e mulheres já foram trucidados através dos tempos. Na hora em que os bombeiros iniciaram a pancadaria e a água, que faziam os jovens? Cantavam o Hino Nacional. Agredidos inopinadamente, surrados a borracha, reagiram. Em seguida entra a polícia, dando tiros como se agisse contra facínoras, reeditando velhas cenas de selvageria e insânia, dando um estilo próprio ao banditismo que trucidou Haroldo Gurgel. E, mais tarde, quando estudantes ainda sangravam nas casas de saúde, o secretário de Segurança não só formulava pelo rádio ameaças, como cobria o governador com a sua inócua proteção, isentando-o da culpa. Mais do que isso, declarava que havia recebido ordens para não intervir. Então o secretário está acima do governador? Tudo isso é José Feliciano. Tudo isso é a sua mistificação, a mesma que demite 1.200 funcionários e depois nomeia os que lhe convém e a sua panelinha. Mas ele está enganado. O crime de ontem à noite enlameou o seu Governo. Marcou-o. Definiu-o. E mostra que as liberdades públicas, que constituem uma cara conquista do povo goiano, terão que ser asseguradas com o sa-

Cinco de Março, DM e Batista Custódio: o jornalismo a serviço da sociedade

Duas edições do semanário Cinco de Março, com a logomarca em cores diferentes guerreiro grego, o Coração de Batista seria o ponto frágil por onde entra fácil a misericórdia nos sentimentos do jornalista destemido. Apiedo-me nas dores alheias das vítimas inocentes e dos algozes culpados”. Mas Batista Custódio é muito mais que um grande coração. Editou o Cinco de Março que, com suas denúncias contundentes, balançava a sociedade da época. Em seguida, lançou o Diário da Ma-

nhã e incorporou ao seu jornal as inteligências mais reconhecidas da imprensa nacional, como Washington Novaes, Aloysio Biondi, Mino Carta, Janio de Freitas e José Guilherme Merquior. Hoje, aos 81 anos, embora lutando com as dificuldades da economia, o jornalista continua combativo e idealista, garantindo espaço às ideias e dilemas de Goiás, do Brasil e do mundo. O protagonismo do Cinco de Março como o semanário que ousou de-

safiar padrões autoritários e valores da época, fundamentou o surgimento e a enorme evolução do Diário da Manhã. Este já nasceu forte, robustecido pela história vitoriosa e vibrante de seu antecessor, e não demorou muito para fazer de Goiás o centro da imprensa brasileira. Essa bela trajetória dos dois veículos já soma 57 anos. A essência de Batista Custódio é o eterno amor pela liberdade. Sua obra mais pujante foi criar o Opinião Pública, caderno inteiramente ocupado pelo leitor com suas ideias e opiniões. Esta abertura representa, de fato, uma profunda inovação na imprensa brasileira. É imprescindível realçar que Batista Custódio age com toda devoção voltada para o bem público. O jornalismo propicia um grau de influência sobre a vida das pessoas maior do que a de qualquer outra profissão. Por isso mesmo, o seu exercício requer o máximo de seriedade e de responsabilidade. Ao celebrarmos datas tão importantes, fazemos aqui uma profissão de fé no valor da imprensa enquanto observatório social, enquanto guardiã dos valores democráticos, sempre a manter o espírito crítico e a acurada análise que levam ao aperfeiçoamento das atividades das diversas instituições.

José Feliciano Ferreira, de Jataí, governou Goiás entre 1959-1961 crifício dos que não querem ser escravos. Ele pode continuar pelo sangrento caminho de ontem. Esta Nação ainda tem sensibilidade para identificar os que traem a sua penosa luta pela consolidação da vida democrática. Ele iria passar à história como um Governo ineficiente. Agora, conquistou mais um título. Vai passar, também, como um Governo sujo de sangue. TRANSCRITO DO JORNAL DE NOTÍCIAS, EDIÇÃO DE 6 DE MARÇO DE 1959

Se o advento da internet ampliou largamente o acesso à comunicação, também para os organismos de imprensa novas oportunidade se materializam ao, por exemplo, proporcionar a interação com leitores, ouvintes ou telespectadores, uma ação mútua que, por sua vez, refina as várias linguagens e permite o aperfeiçoamento no processo de apuração e difusão dos fatos. Por isso mesmo, o DM foi um dos pioneiros a ingressar na era digital. Batista Custódio soube, como ninguém, estabelecer essa interligação com o universo dos leitores, ao fazer do DM uma autêntica tribuna por onde circulam o pensamento e as concepções da atualidade, bem como as devidas reflexões sobre os acontecimentos que forjaram a história. Centrado na diversidade, no respeito às diferenças, no combate a todas as formas de discriminação, sempre em defesa de ideais comuns como democracia e liberdade, o DM permanecerá como escola de jornalismo e exemplo de pleno exercício das liberdades. A modernização de Goiás foi antevista e sonhada primeiro nas páginas do DM. Registramos os nossos cumprimentos por notável trajetória. A vida de Batista Custódio está amalgamada com a do jornalismo. Nosso reconhecimento à sua história de lutas, idealismo e amor pelas causas maiores da sociedade. JOSÉ ELITON, VICE-GOVERNADOR E SECRETÁRIO DE SEGURANÇA PÚBLICA E ADMINISTRAÇÃO PENITENCIÁRIA (SSAP-GO)


Diário da Manhã

ESPECIAL

57 ANOS DE

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GOIÂNIA, SEGUNDA-FEIRA, 14 DE MARÇO DE 2016

36 ANOS DO JORNAL DIÁRIO DA MANHÃ

DESDE O CINCO DE MARÇO

É HISTÓRIA

O terceiro melhor do Brasil ARQUIVO DM

Academia Brasileira de Letras premiou o jornal como um dos mais influentes no País. Diário da Manhã já foi o 18° impresso de maior circulação no Brasil ARQUIVO DM

Maria Planalto Especial à

N

Ao lado de Washington Novaes, Aloysio Biondi formou novos jornalistas na redação do DM: especialista em jornalismo econômico escrevia de forma crítica ao governo de Fernando Henrique Cardoso

o começo dos anos 1980, a ditadura de 1964 ainda agonizava, mas já se podiam enxergar as cores de um novo horizonte. O exílio destrancavam suas portas e o bipartidarismo chegava ao fim. Foi neste cenário esperançoso que no dia 12 de março de 1980 nascia o Diário da Manhã. No seu DNA o semanário Cinco de Março. O novo diário surgiu sob o signo do sucesso e fez uma revolução nos meios de comunicação. Depois dele, nunca mais a imprensa goiana foi à mesma. De acordo com o jornalista Carlos Alberto Santa Cruz, que já trabalho no DM, após a sua criação o jornal virou cartilha nas universidades, mural dos exilados políticos que retornavam à Pátria e a voz dos que foram silenciados durante toda a ditadura. “O Diário da Manhã iniciou do tamanho das grandes publicações nacionais, um jornal à altura do eixo Rio-São Paulo e que chegou a receber da Academia Brasileira de Letras o prêmio de o terceiro melhor jornal do Brasil”, lembra o jornalista. Carlos Alberto afirma ainda

O Diário da Manhã, alicerce das liberdades Marconi Perillo Especial à

O jornal Diário da Manhã é alicerce do jornalismo na defesa das liberdades, um organismo que se emoldurou na contemporaneidade e é também um meio de comunicação importantíssimo para o Estado de Goiás. O jornalista Batista Custódio, visceralmente ligado ao melhor jornalismo mundial, assimila as vicissitudes e se insere no contexto do bom jornalismo, quando se assenhora das responsabilidades mais lídimas da sociedade brasileira, em geral, e da goiana, em particular. Batista merece sempre o nosso aplauso, pela causa da democracia que sempre defendeu e defende, por abrir espaços à diversidade de pensamentos e por se enfileirar nas trincheiras vanguardistas em defesa de um mundo plural e antenado com a modernidade, que atrai qualidade, eficiência e muitas vezes é beligerante na defesa da liberdade de imprensa e de pensamento. Merece sempre minha consideração e meu aplauso o jornalista Batista Custódio, por se colocar como vanguardista do acurado jornalismo, tão necessário hoje em dia e mais ainda em nossa história de lutas em de-

fesa dos mecanismos de promoção social. Outro ponto de destaque no perfil desse vanguardeiro da contemporaneidade é sua ousadia para propor e experimentar o novo. Foi assim quando o Diário da Manhã inaugurou em Goiás a impressão colorida e também pelo seu pioneirismo na internet, a grande rede mundial da comunicação hoje em dia. Batista foi ousado e visionário quando percebeu isso e foi logo colocando em pauta essas experiências, tanto que o DM é hoje o meio de comunicação em Goiás com uma das maiores audiências na internet. Carrego comigo uma máxima que aprendi lendo o escritor francês Vitor Hugo, autor, entre outros do clássico “Os Miseráveis”, quando disse: “Tudo quanto aumenta a liberdade, aumenta a responsabilidade”. Batista Custódio tem a medida exata dessa premissa e a emprega com uma maestria impecável, sabedor influente e perspicaz de que todos somos responsáveis por nossos atos e por isso temos a necessária liberdade para exercê-los. O livre pensamento prolifera nas páginas do Diário da Manhã, totalmente embasado na premissa desse baluarte das liberdades. Todos os pensamentos são traduzidos, sem censura, nas páginas do DM, na linha de frente pela diversidade de pensamento, cedendo espaço às ideologias e no posicionamento coerente em defesa da justiça social. Batista Custódio merece meu aplauso, minha grande consideração e minhas felicitações por completar, com sua trupe de craques do jornalismo, mais uma etapa nessa luta, mais um ano de vida do Diário da Manhã, que nos enche, e faço questão de expressar, do mais puro sentimento de alegria e graça. Batista conduz como poucos sua equipe de trabalho, isso desde os áureos tempos do Cinco de Março, que marcou época e fez história. Ele sabe a medida correta do bom jornalismo e a exerce com uma acuidade de doutor em comunicação e a maestria de um dedicado professor. Batista Custódio é também um empresário sagaz e guiado pelo idealismo e pela criatividade. Quero, nesta oportunidade, parabenizá-lo e a toda sua equipe de funcionários e colaboradores pelo empenho e dedicação na condução do Diário da Manhã, página imprescindível do jornalismo que brota em Goiás e se espalha mundo afora. MARCONI PERILLO, GOVERNADOR DE GOIÁS

Batista Custódio e Consuelo Nasser fundaram o Cinco de Março e iniciaram juntos a primeira fase do Diário da Manhã: impresso foi considerado um dos melhores do país, pela Academia Brasileira de Letras que era rara a semana em que um deputado ou senador não subia à tribuna, escorando-se no DM, ora para ler matéria de alto interesse público, ora para ajudá-lo em sua oração. O Diário da Manhã já foi o 18° jornal de maior circulação no Brasil. Além de Batista Custódio e Consuelo Nasser, o DM era feito pelos melhores jornalistas de Goiás, como Carlos Alberto Sáfadi, Isanulfo Cordeiro, Jayro Rodrigues, Fleurymar de Souza, Carlos Alberto Santa Cruz, Marco Antônio da Silva Lemos, Lorimá Dionísio, Wilson Silveira, Sônia Penteado, Hélio Rocha, Javier Godinho, entre outros.

‘MONSTROS SAGRADOS’

O Diário também foi composto pelos “monstros sagrados do jornalismo brasileiro”, como salienta Carlos Alberto. Já fizeram parte da redação profissionais dos grandes jornais de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Foram eles: Milton Coelho da Graça, Mino Carta, Aloysio Biondi, Cláudio Abramo e Washington Novaes. Na época, inclusive, eles ganharam dos colegas o apelido de “legião estrangeira”. Mas a legião estrangeira, muitas vezes termo usado com ironia, trouxe para Goiás nomes premiados como Biondi, vencedor de

dois prêmios Esso, em 1967, pela revista Visão, e em 1970, pela Veja, e responsável por ajudar a formar a nova geração dos jornalistas, caso de Ferreira Júnior, Euler Belém, Ulisses Aesse e Welliton Carlos, responsáveis por editar o jornal nos anos 1990 e 2000. Pelo DM, já se passaram os melhores jornalistas do Brasil, ganhadores de prêmio Esso e regionais. Outros grandes nomes conhecidos também passaram pelo jornal, como o repórter e apresentador, Oloares Ferreira; a repórter da Rede Globo, Lilia Teles; a repórter da Rede Record, Cleisla Garcia; o jornalista do O Globo, Vinicius Sassine; e tantos outros.

HOJE, UMA GRANDE HISTÓRIA VIROU NOTÍCIA. PARABÉNS, DIÁRIO DA MANHÃ, PELOS 36 ANOS NOTICIANDO O DESENVOLVIMENTO DO NOSSO ESTADO.

NEGÓCIOS IMOBILIÁRIOS


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Diário da Manhã

ESPECIAL

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36 ANOS DO JORNAL DIÁRIO DA MANHÃ

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APOIO POPULAR

Lideranças comunitárias celebram ARTHUR DA PAZ

Quase vinte presidentes de associações de moradores vieram à Redação do Diário da Manhã agradecer apoio do jornal às lutas comunitárias Helvécio Cardoso Especial à

V

inte líderes comunitários de todas as regiões de Goiânia fizeram, na tarde da última sexta-feira, uma visita surpresa ao fundador e editor geral do Diário da Manhã, Batista Custódio. O propósito da visitação foi prestar uma homenagem ao Diário da Manhã pelos seus 37 anos, que se comemoram neste mês de março, bem como os 57 anos de fundação do Cinco de Março. O DM surgiu como sucedâneo matutino do semanário Cinco de Março. Um e outro estão ligados por uma linha de continuidade ideológica. O motivo foi, também, como enfatizam todos os líderes, agradecer ao Diário da Manhã o apoio que o jornal vem dando, ao longo desses anos, às lutas populares. Comandados por Ulysses de Souza, da Vila União, os líderes deram ao evento um caráter informal. Foi destacado o fato do Diário da Manhã sempre dar espaço para os líderes se manifestarem livremente. “A liberdade está conosco, aqui e agora”, enfatizou Ulysses. “Quantos benefícios, quantas benfeitorias nossos bairros já conseguiram graças ao jornal”, exclamaram. Por isso, afirmou Ulysses, “nossa vinda aqui foi para agradecer e fortalecer a amizade”. Emocionados, todos deram testemunho da importância do jornal na vida das comunidades. Cada um destacou aspectos das lutas comunitárias em a intervenção do jornal, seja noticiando, seja defendendo as reivindicações dos moradores, for decisiva para o êxito do movimento.

Lideranças mais significativas dos bairros de Goiânia e região metropolitana celebram aniversário do DM e apoio de Batista Custódio às lutas populares IRIS ROBERTO

ÊÊ ALGUNS DOS PARTICIPANTES DO ATO Ulysses Sousa, líder comunitário da Vila União; Glaucienne Sousa, líder comunitário do Setor Urias Magalhães Thyago Torres, líder comunitário do Jardim Ipê e Residencial Humaita Jonas Rocha, líder comunitário do Setor Faiçalville e Vila Boa Carlos Eduardo S. Faria, líder comunitário da Vila Novo Horizonte e Vila Alpes Diego Rodrigues, presidente da Associação de Moradores do Bairro Goyá Willian Carlos, presidente da Associação de Moradores do Setor Garavelo “B” Pastor José Alberto, presidente da Associação de Moradores do Setor Grajaú Alison Aragão, presidente da Associação de Moradores do Jardim Dom Fernando I Isabel Teixeira, líder comunitária do Jardim Europa

Faixa colocada na frente da sede do Diário da Manhã pelas lideranças de bairros: veículo investiu em cadernos específicos sobre a luta dos moradores goianos

VIDA PRÓPRIA

Batista Custódio, ao final, agradeceu a homenagem e animou os líderes comunitários a não esmorecerem. Lembrou aos presidentes de associações de moradores que os bairros são, na verdade, cidades com vida própria, comunidades que, em Goiânia, quase sempre são preteridas em favor dos bairros mais centrais. Batista advertiu os líderes para o assédio de políticos aproveitadores, exploradores de prestígio. Aconselhou-os a jamais se deixarem dominar pela vaida-

de e exortou-os a cultivarem sempre a coragem, sobretudo “para dizer o que deve ser dito”. Batista dissertou sobre o momento político em que o país vive, momentos de incerteza e angustia, mas que estão a exigir de todos atenta vigilância. Segundo Batista, o movimento comunitário deve se unir, fortalecer sua coesão, para interferir no processo político eleitoral de forma proativa. O movimento comunitário, na visão de Batista, deve exigir nada menos do que a vice-prefeitura de Goiânia.

O Diário da Manhã é parte da história goiana Paulo Garcia Especial à

O Jornalismo, quando bem pautado, tem um papel fundamental na tradução da sociedade e na difusão de conhecimento. O Cinco de Março e o Diário da Manhã, fundados pelo casal Batista Custódio e Consuelo Nasser há 56 anos, são exemplos claros dessa tradução e de fio intermediador entre democracia e cidadania. Sempre pautado pela humanização da notícia, o DM, como costumeiramente é lembrado pelos leitores, ajudou a criar novos contornos nos debates públicos, sociais, culturais e políticos do Planalto Central. Em 1959 surgia em Goiás, em meio à insatisfação política e social do período, o jornal Cinco de Março, que abriu espaço em 1980 para a criação do Diário da Manhã. Ao todo, lá se vão 56 anos de história e de intensa produção jornalística, que, sem dúvida alguma, permitiu aos cidadãos conhecer e argumentar fatos do espaço público e político. O Diário da Manhã resistiu ao tempo, às inovações tecnológicas e à ascensão da internet, pois foi um dos primeiros grandes veículos de comunicação a ter seu conteúdo disponível gratuitamente no meio digital. O DM também foi um dos primeiros veículos a ter suas páginas coloridas, a contar com articulistas intelectuais como Carlos Drummond de Andrade e um dos primeiros jornais brasileiros a falar de ecologia, sustentabilidade e preservação do meio ambiente, quando as intervenções huma-

nas na natureza ainda não eram discutidas. Outro ponto a ser reconhecido é que, em mais de cinco décadas, o periódico, que foi o primeiro jornal em Goiás realmente a circular de domingo a domingo, tem nos dias atuais o maior caderno de Opinião Pública que se tem notícia no País. Valendo-se do direito à manifestação livre do pensamento e da informação garantido pelo artigo 220 da Constituição Federal, os profissionais das mais diversas profissões, estudantes universitários, jornalistas, poetas, religiosos, ateus, políticos e outros atores sociais têm à disposição um espaço de pluralidade onde podem expor livremente seus pensamentos e suas ideias. A liberdade de imprensa e de expressão estabelece um ambiente no qual, sem censura ou medo, várias opiniões e ideologias podem ser manifestadas e contrapostas, ensejando um processo de formação do pensamento. Este ambiente de opinião acrescido ao caderno informativo compõem a credibilidade e o alto alcance social do Diário da Manhã. Além disso, acredito que a imprensa precisa ter uma visão crítica em relação aos poderes instituídos, especialmente os de natureza pública. E este aspecto é visto diariamente nas páginas do DM. Desde 2010, ano que assumi a Prefeitura de Goiânia, o jornal e seus profissionais sempre deram atenção às ações realizadas pela administração municipal e retrataram os fatos com seriedade e responsabilidade, contribuindo positivamente para a melhoria da gestão e pela construção de uma Goiânia capaz de enfrentar cotidianamente seus desafios. Pelo seu pioneirismo e ineditismo, o Diário da Manhã é parte da história goiana. Uma história que ainda está sendo construída. PAULO GARCIA, PREFEITO DE GOIÂNIA


Diário da Manhã

ESPECIAL

57 ANOS DE

GOIÂNIA, SEGUNDA-FEIRA, 14 DE MARÇO DE 2016

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36 ANOS DO JORNAL DIÁRIO DA MANHÃ

DESDE O CINCO DE MARÇO

TECNOLOGIA

Pioneirismo no mundo digital ÊÊ VERSATILIDADE DITOU A MODA ONLINE Desde as primeiras páginas enviadas ainda via FTP para o ciberespaço, o presidente Júlio Nasser se sentia incompreendido. Já no início de sua carreira na indústria da informação ele imaginava uma nova maneira de encarar o jornalismo, uma nova dinâmica de trabalho para o jornalista. “Costumava dizer uma palavra hoje fora de moda, mas atualíssima: o jornalista precisava ser multimídia. E era e é verdade!”.

A internet permitiu uma integração jamais vislumbrada. Podese acessar o conteúdo de qualquer lugar. O texto é complementado por imagens, vídeos, links que direcionam o leitor a outra página e outras inúmeras possibilidades. Tudo à distância de um clique. Esta nova realidade exige mais do jornalista. Além de repórter ele precisa ser fotógrafo, registrar vídeos, editar, programar e ter noções básicas deste novo mundo digital.

ÊÊ DOIS FORMATOS EM UM O Diário da Manhã online se divide em dois formatos, um site interativo, em que as matérias trazem vídeos, gifs, links de direcionamento para outras páginas entre outros recursos. O segundo formato é uma réplica do jornal impresso, com a

clássica diagramação com a qual o leitor está acostumado, a disposição da informação e formato flip, em que se pode passar as páginas como se estivesse com o jornal em mãos. Este formato foi criado pela equipe do DM.

Júlio Nasser foi um dos mentores das primeiras edições do Diário da Manhã na internet: jornal era feito em disquete e levado para provedora colocar online em 1996

DM marca a história do Centro Oeste com pioneirismo: foi o primeiro jornal da região a colocar no ciberespaço uma notícia. Há 20 anos jornal estava na rede de computadores Calipso Careline Especial à

N

o dia 23 de janeiro de 1996 entrava no ar a primeira versão do site em html do jornal Diário da Manhã. O endereço utilizado é o mesmo desde então: www.dm.com.br. Terceiro a circular em todo o Brasil, foi pioneiro em Goiás, sendo o primeiro a ter uma versão online. Alguns dos concorrentes consideraram a iniciativa precipitada e sem perspectiva. Outros consideraram ousado, porém ainda levaria um ano para que o maior concorrente do jornal se arriscasse no mundo digital. O DMOnline foi precedido apenas pelo Jornal do Brasil, e pela Folha de S. Paulo em 1995. Um dos idealizadores técnicos do projeto foi Alex Clímaco, formado em Ciências da Computação pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Na época em que foi criado, maior que o site UOL, o DM Online oferecia e-mail grátis, galeria de imagens, blogs entre diversas outras inovações do mundo digital. A Cultura Online, que realizava hospedagem de sites em Goiânia, executou o projeto.

MUNDO

A edição online do DM foi o primeiro recurso dos goianos ao re-

dor do Brasil e do mundo para manterem-se informados. Durante os primeiros anos após sua inauguração, era o único site jornalístico a oferecer informação de confiança sobre o Centro Oeste brasileiro. Entre 1996 e 2000 apenas os leitores do DM que se encontravam fora do Brasil, somavam um número superior aos internautas de todos os outros veículos online de comunicação do Estado juntos. Naquelas décadas o DM antecipou algo em Goiás que viria a se tornar costume nacional: gestores públicos, profissionais liberais, estudantes, etc, passaram a esperar que as edições fossem atualizadas sempre à meia noite para que pudessem saber de todas as novidades, ao passo que o impresso só estaria disponível horas mais tarde. Idealizado por muitos anos, o DMOnline foi executado em pouquíssimo tempo. Júlio Nasser, uma das mentes por trás do projeto, relata: “Já tinha isso em mente logo com a chegada da internet, mas foi o pessoal da Cultura Online que chamou atenção para o fato do Jornal do Brasil já estar na internet”. Ponto fundamental do pioneirismo do Diário da Manhã foi a maneira como a redação e editores entenderam a informação em rede. Ela teria que ser democrática e com um fluxo informacional livre. Ao contrário de sites que defendiam a cobrança pela informação, o Diário da Manhã auxiliou

ÊÊ TELEVISÃO NA INTERNET

O DMTV, criado por Marcos Fleury juntamente com seu afilhado Júlio Nasser, se tornou a única emissora de internet no Centro-Oeste e, também, pioneira em operação no Brasil. A emissora foi criada, já no ar, com exemplos de sucesso. Para Nasser, o DMTV foi responsável pela ruptura da estrutura da TV como ela é conhecida. A presença de conteúdo na internet atraiu o público jovem, com vidas agitadas, que possuem pouco tempo livre pra sentar e acompanhar uma programação com hora marcada. A interatividade foi o atrativo aos internautas, pois havia a possibilidade de contribuir com o conteúdo, enviando sugestões, vídeos e comentando ativamente o que é postado. O principal objetivo

no processo de construção de uma memória digital do estado, tor-

da criação do DMTV é o livre acesso à informação, a qualquer hora e em qualquer lugar.

DEBATES O DMTV foi pioneiro também na realização de debates pela internet. Consultado pela redação sobre a importância deste formato de TV, o professor universitário, pesquisador e doutor Luis Signates disse que “o DMTV e o DM foram pioneiros em uma atitude que fortalece a democracia brasileira”. Em uma ocasião em que o jornal ouviu os candidatos à prefeito de Aparecida de Goiânia, o antropólogo e cientista político Wilson Ferreira da Cunha: “Uma cidade como Aparecida, que não tem divulgação em mídia televisiva, só tem a ganhar com o debate promovido pelo DMTV”.

nando-se líder em buscas de sites como Yahoo, Cadê, Bing e Google.

Aparecida saúda os 57 anos de história do Diário da Manhã Especial à

Sob a direção do jornalista Batista Custódia, vários profissionais do jornalismo escreveram e escrevem a história de Goiás nas páginas do Diário da Manhã. O jornal se consagrou na vida dos goianos porque vai muito além de informar e entreter, abre espaço em suas páginas para a pluralidade de ideias que existe na sociedade. São quase seis décadas de dedicação, trabalho e criatividade na arte de registrar a história contemporânea e ao fazer isso se tornou um dos pilares da história do nosso estado e do nosso povo. Desde o revolucionário e dinâmico Cinco de Março, Batista Custódio e a equipe colaboram para fortalecer a cultura, a educação e a comunicação em Goiás. As publicações históricas do saudoso Alfredo Nasser estremeciam a opinião pública da época. Todos acordavam cedo para ler seus textos engajados. O lançamento do Diário da Manhã marcou a história do jornalismo goiano. Era um projeto bastante ousado para a época. Em seu plantel de profissionais estavam jornalistas e articulistas de renome nacional. Não existem dúvidas que este veículo de comunicação desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento e crescimento de Goiás.

MAGUITO VILELA, PREFEITO DE APARECIDA DE GOIÂNIA, VICE-PRESIDENTE DA FRENTE NACIONAL DE PREFEITOS (FNP) E EX-GOVERNADOR DE GOIÁS

Parabéns e obrigado DM, pela publicação das fotos e dos fatos, divulgando o quanto TRINDADE está melhor para se viver

yela

Maguito Vilela

Em todos esses anos nunca perdeu a qualidade de suas publicações. Ao contrário, foi se modernizando, se aperfeiçoando em sua missão de retratar a realidade local, nacional e internacional. Em tempos de internet, soube se aproveitar da proximidade com fontes e leitores. A linha editorial trata o leitor com o respeito e a franquia que procura e merece. Não à toa ampliou a credibilidade e o respeito popular. Batista Custódio sempre foi um homem visionário e à frente do seu tempo. Um patrimônio do jornalismo nacional. Uma pessoa que dedicou toda uma vida pela paixão de realizar o bom jornalismo e sempre realizou o bom combate. Tornou-se uma das figuras mais importantes e respeitadas da política goiana. Por meio deste grande homem, parabenizo a instituição Diário da Manhã pelos 67 anos de presença nas mentes dos goianos e agora no mundo inteiro por meio da rede mundial de computadores. É uma grande honra fazer parte desta história como leitor, articulista e fonte de várias notícias. Isso é motivo de grande orgulho para qualquer um. Na condição de prefeito de Aparecida de Goiânia – 39ª maior cidade e uma das mais promissoras do país – congratulo com a equipe do Diário da Manhã e agradeço a todos pela cobertura do cotidiano da nossa querida cidade. Aparecida celebra os 57 anos deste importante jornal, que registrou vários momentos marcantes da nossa cidade e do nosso povo, como a emancipação política há 52 anos; o crescimento populacional; o desenvolvimento industrial, econômico e social; a consolidação de um novo perfil de cidade. Ou seja, industrial e universitária com a chegada da Universidade Federal de Goiás (UFG), Instituto Federal de Goiás (IFG), Universidade Estadual de Goiás (UEG), duas faculdades de Medicina e dezenas de centros universitários e ampliação, nos últimos anos, no número de empresas ativas – de seis mil (2008) para 32 mil (2016). Neste momento de debate político acalorado, tenho a convicção que o Diário da Manhã permanecerá firme na defesa da liberdade de expressão e, sobretudo, da democracia. As páginas do Diário da Manhã exalam opiniões e ideias, que com certeza, colaborarão para apontar saídas para a atual crise política e econômica. A vida é feita de ciclos, crises vem e vão. Entretanto, instituições, que são feitas de pessoas equilibradas, serenas, inteligentes, fortes, criativas e empreendedoras como o Diário da Manhã prevalecem e ficam para contar e continuar a história. Vida longa ao Diário da Manhã!

Administração 2013/2016


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Diário da Manhã

ESPECIAL

GOIÂNIA, SEGUNDA-FEIRA, 14 DE MARÇO DE 2016

57 ANOS DE

36 ANOS DO JORNAL DIÁRIO DA MANHÃ

DESDE O CINCO DE MARÇO

EXCLUSIVIDADE

Colunas em destaque Fernanda Laune

Editor-chefe de reportagem relembra as principais publicadas

Especial à

H

á 25 anos no jornal Diário da Manhã, o jornalista Ulisses Aesse, editor-chefe de reportagem, coordenador de pauta e colunista, relata que o DM sempre teve uma tradição de manter o colunismo no jornalismo diário. Ele destaca a importância das colunas que através de notas rápidas, curtas e variadas mostra o que está acontecendo na sociedade. As mais tradicionais são: Para-choque, Café da Manhã, Fio Direto, Evidência e Geleia Geral. Em poucas palavras, o editor-chefe de reportagem resume o principal foco de cada coluna. “O Para-choque se destaca como uma coluna de humor, assinada pelo Edvan Antunes. O Café da Manhã aborda assuntos variados dentro da política, cidades, economia e mundo. A coluna social Evidência envolve as pessoas que contribuem ao meio econômico em geral. Já o Geleia Geral é uma coluna leve, rápida e que sempre coloca estampada foto de mulher e até mesmo homens, ambos considerados bonitos, é uma tradição feita pelo próprio colunista Luiz Augusto Pampinha”, classifica. Ulisses é colunista do Café da Manhã, uma das principais colunas do DM, ele assina a coluna faz muito tempo e entre idas e vindas chegou a parar em um determinado momento para cuidar de algumas editorias do jornal. “Tem mais ou menos sete anos que estou à frente da coluna, embora já tenha

feito ela há várias épocas”, conta. “Já cheguei a fazer a coluna Fio Direto, o Café da Manhã e a coluna TitiTeen voltada ao público jovem, ao mesmo tempo. Teve época que fazia até a coluna do Pampinha, quando ele tirava férias”, diz. Outra coluna destacada no Diário da Manhã foi a “Coluna do Meio”, publicada no DM Revista em que o responsável era o jornalista Léo Mendes. Em entrevista, Léo Mendes, bacharel em direito, jornalista e conselheiro do Conselho Nacional de Combate à Discriminação e Promoção dos Direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais, relembra que foi convidado pelo editor-geral Batista Custódio para ser responsável pela coluna. Ele conta que foi a primeira coluna voltada ao público LGBT no Estado e era publicada aos domingos. “A coluna naquele período em que foi criada como não existiam as redes sociais, ela tinha um caráter informativo e educativo em tirar o preconceito e evidenciando as principais demandas desse público, como violência e o modo de viver”, relata Mendes. O então colunista também destaca a importância desse espaço no

jornal, tendo em vista que 10% da população brasileira é composta pelo público LGBT. O também colunista Luiz Carlos Rodrigues, conta que o convite para ser responsável pela coluna “Evidência” veio do editor-geral Batista Custódio ainda no Cinco de Março, e imediatamente aceitou e deu início ao jornalismo. “Estou no Diário da Manhã desde a sua fundação, vim do Cinco de Março e a minha coluna aborda diversos assuntos da sociedade, como cultura, política e até mesmo esporte. Gosto muito desse espaço no jornal e me dou muito bem com o Batista”, afirma. Ele completa que já são 42 anos dedicados ao jornalismo. Para Luiz Augusto Pampinha já são 30 anos dedicados de ao DM, ele destaca o grande sucesso que a sua coluna Geleia Geral alcança. Segundo ele, a coluna lida com dois milhões de visualizações por mês, sendo a única coluna no Brasil que mostra todos os dias fotos de mulheres. “O charme da coluna são as mulheres, chego a receber fotos de todos os estados e até mesmo países”, afirma.

A Coluna do Meio foi a primeira coluna voltada ao público LGBT no Estado, tinha como responsável o jornalista Léo Mendes

O editor Ulisses Aesse publica diariamente o Café da Manhã, onde aborda diversos assuntos, como política, cultura e sociedade

Suely Arantes aborda assuntos políticos na coluna Fio Direto publicada diariamante no Diário da Manhã

Publicada diariamente, a coluna Evidência, do DM Revista, tem como responsável o jornalista Luiz Carlos Rodrigues

Coluna assinada pelo Luiz Augusto Pampinha é bastante lida pelo público em geral: humor e mulheres bonitas

Coluna Para-choque se destaca como uma coluna de humor, assinada pelo Edvan Antunes, que tem tradição no jornalismo goiano

COLUNA X REDE SOCIAL

Uma coluna atinge a variedade de informação e um público diverso. “Se pegar as principais redes sociais existentes, como Twitter e Facebook, a formatação deles é como se fosse uma coluna”, afirma. Para ele, parece que as colunas intervieram um futuro os quais seriam chamadas redes sociais, que comporta um conteúdo variado, curto, rápido, instantâneo, diverso e controverso, semelhante ao papel de uma coluna no jornal.

Ao jornal, livre, Diário da Manhã Pe. Rafael Magul Especial à

Deixo registrado meus parabéns e meus agradecimentos ao Diário da Manhã pelo compromisso com a sociedade, pelo exemplo de inclusão social, pelo respeito com os leitores e leitoras desse grandioso jornal, que diariamente, leva aos nossos lares tantas informações, tantos debates sem macular a natureza e a beleza da liberdade de expressão.

Tal liberdade de expressão se comprova, certamente, com a importância das matérias publicadas, com os diversos tipos de opiniões ensejadas, que sabemos ser um trabalho árduo, longo, sério e competente, pois só se poderia esperar mesmo um resultado denso em conteúdo e esmerado em forma de um Jornal preocupado com o que oferece o seu melhor à população. Seguramente, sabemos que o desafio é grande, mas temos certeza que trilhar esse caminho é fundamental para “colher o que se planta”. PADRE RAFAEL MAGUL, PÁROCO DA IGREJA SÃO NICOLAU EM GOIÂNIA E SÃO JOÃO BATISTA IPAMERI/GOIÁS

O DIÁRIO DAS MANHÃS PLURAIS Elizabeth Caldeira Brito Especial à

Vozes múltiplas levam ao longe o valor das palavras nas virtuais, interativas ou impressas páginas do Diário da Manhã. Dinâmicos teclados, clicados por muitos, formulam questões, elaboram pensamentos, formam opiniões e poemizam a vida. São mais de 190 países, e tantos outros lugares, em constante intercâmbio de ideias, ideais e leitmotiv. Olhos ávidos buscam no DM a pluralidade de opiniões em reportagens investigativas e criteriosas. Tanto o papel impresso quanto o site, se vestem de fontes de pesquisas, informações, conhecimentos, entretenimentos e conjeturas. O jornalista Batista Custódio e sua batuta inovam, hoje sem censura, o fato jornalístico. Acena aos veículos de comunicação o verdadeiro sentido da palavra escrita e da liberdade de expressão. O DM foi o primeiro a dar voz e vez ao leitor. Nele a Opinião Pública é livre de mordaças. Ecoa ao longe seu destino de vestir-se em verbos, verdades, opiniões e pluralidades. E encontra audíveis distantes em busca de vozes múltiplas. Em 12 de março de 1980 nascia, em Goiânia, o jornal Diário da Manhã. Há 36 anos é o baluarte da veracidade e da liberdade de expressão. Apesar de que nem sempre foi assim... Por dois anos fizeram-no calar sua voz. Mas ressurgiu, como fênix, para dar voz

e vez à escrita. Filho / herdeiro do então jornal Cinco de Março, lançado no ano de 1959, sob o idealismo de seu fundador jornalista Batista Custódio, vem no decorrer dos tempos inovando a forma de fazer a imprensa e a notícia em Goiás e no mundo. Atualmente, para não sucumbir sentimentos e sensibilidades nas realidades periódicas, a poesia e a arte são, também, contempladas na plêiade de vocábulos, imagens e cores do Diário da Manhã. Aos leitores sensíveis o DM possibilita o deleite. Esparrama, em seu corpo e na Oficina Poética dominical, o lirismo de poetas e poemas de todos os tempos e lugares, desde os idos de 2012, em sua 211ª edição ininterrupta. Precisamente no dia 8 de janeiro, daquele ano, começávamos a poetizar estas páginas, nem sempre agradáveis de se ver, tamanhas atrocidades cometidas pelo homem, dito civilizado, e descritas pelos teclados de mãos e mentes habilidosas para com a construção da palavra escrita. Notícias, às vezes cruéis, porém importantes para (in)formar o leitor, entremeiam-se ao lirismo e à sensibilidade da palavra poética. Ao legente resta o deleite, o livre desfrute, a interatividade, a diversidade, a cooperação, o espanto e os possíveis feedbacks verbais, imagéticos, poéticos e críticos de uma imprensa autêntica, singular e impar que é o Diário da(s) Manhã(s) plural(is). Vida longa ao Diário da Manhã! ELIZABETH CALDEIRA BRITO, ESCRITORA, PRESIDENTE DO CONSELHO MUNICIPAL DE PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO, CULTURAL E AMBIENTAL DA CIDADE DE GOIÂNIA, IDEALIZADORA DA OFICINA POÉTICA DO DM


Diário da Manhã

ESPECIAL

57 ANOS DE

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36 ANOS DO JORNAL DIÁRIO DA MANHÃ

DESDE O CINCO DE MARÇO

PASSEIO NA HISTÓRIA

DM, 36 anos: a notícia é nossa vida Luiz de Aquino Especial à

É preciso contar aos desavisados jovens que pedem intervenção militar o que foram os anos de total restrição das liberdades – mas, se continuarem incréus, que viagem para um país sob o arbítrio, que ainda os há por aí, em ásias e áfricas anacrônicas, conservadoras de costumes e medos que sustentam o poder em torno de um, em benefício de poucos e sob os sacrifícios ilimitados de todos os demais. No decurso de 1964, os jornais ainda noticiavam – conforme sua linha de ligação com o poder ou sua postura de liberdade – as prisões sem amparo legal e as torturas denunciadas, e muitos foram os que, deixando as masmorras dos quartéis e delegacias, procuraram cartórios para ali lavrarem depoimentos livres, contradizendo o que foram obrigados a “confessar” sob torturas que variavam dos tapas simultâneos nos dois ouvidos até mesmo sevícias e castração. Em locais como as portas dos colégios e universidades, as calçadas do centro da cidade (e pontos preferenciais como as cercanias do Café Central, da Livraria Cultura Goiana, do Bazar Oió, os bares joviais da Rua 8 etc.) sujeitos armados com cara de raiva empurravam-nos dizendo “dispersa, dispersa” ou “circulando, circulando” porque, diziam eles, “mais de três é comício, dispersando, dispersando!”. Nas salas de aulas, nos ambientes de trabalho, nos clubes (como gostávamos de clubes!) e em qualquer lugar de convívio havia espiões. Jovens suspeitos (e suspeitavam de quase todos os jovens, especialmente estudantes) eram sequestrados em casa, de madrugada, por agentes mal-encarados e bem armados, transitando nervosos nas imortalizadas (por Chico Buarque) “negras viaturas” do sistema de repressão. Um índice de quase 300 palavras e expressões foi divulgado a todas as editoras e veículos de comunicação – era um moderno “Prohibitorum Index verborum”, do qual constavam expressões como “ligas camponesas” e nomes próprios de alguns vultos (Juscelino Kubitschek, Carlos Lacerda etc.). Letras de músicas eram sempre suspeitas e os censores, que não sabiam discernir entre um poema e uma canção decidiam censurar tudo. Os poetas trocaram os versos pela prosa, no afã de despistar os incultos censores – e isso deu certo. O medo era constante. Qualquer mau-caráter valia-se da palavra “comunista” para apontar alguém para qualquer agente da repressão, fosse militar ou policial. Era um modo de se livrar dos inimigos ou de pessoas por eles invejadas. Dentre os mais-velhos de agora que defendem a volta dos coturnos encontro muitos que não vacilavam em dedurar desafetos. Muitos são hoje carecas ou grisalhos, não usam mais os cabelões daqueles tempos, muitos continuam dependurados em cargos públicos porque não conseguem viver sem o guarda-chuva do poder público – mas recordam-se dos tempos em que, além de polpudas sinecuras, desfrutavam também do “direito” de dedurar, de ser convidados para os regabofes custeados pelo erário e de conseguir folgas para devaneios no litoral ou fora do país – muitas vezes com o beneplácito de um chefe bondoso que “liberava” diárias em dólares... A censura prévia era praticada em todas as redações de notícias do país. Um sujeito com distintivo, nem sempre detentor de escolaridade razoável (ao menos), trabalhava nas redações com um grande lápis vermelho com que cortava textos, suprimia-os, mandava trocar palavras ou frases inteiras, censurava matérias inteiras. Grandes jornais, como o Jornal do Brasil, do Rio de Janeiro – lançou mão de um artifício: sem-

“A vocação pela liberdade das ideias e expressões não morre – e por isso, mantêm-se aqui um caderno especial, o Opinião Pública” pre que o censor mandava retirar alguma matéria jornalística, em seu lugar eram colocadas receitas culinárias ou longos textos em Latim. O leitor, que só por saber ler tinha nível intelectual superior ao dos censores – compreendeu logo que aquilo era lugar de alguma matéria totalmente censurada. A proibição fortalece a criatividade, porém! Desenvolvi uma técnica diferenciada – a de me prevenir com palavras brandas para substituir as que os censores mandariam cortar. Assim, e sem bater de frente (o que podia provocar denúncia e prisão), “aceitava” a censura e substituía o termo proibido por algum suave e dócil, no critério do agente mutilador de textos e jornais. Havia colegas que, em lugar disso, colocava reticências no lugar da palavra suprimida, ou simplesmente as removia, deixando o texto ininteligível – o que também era uma pista para o leitor. Nossos músicos jovens – pessoas talentosas nascidas (como dizia o cartunista Henfil) “nos 40” – desdobraram-se também na criatividade para produzir textos que cantariam pela vida afora com fortes ironias à máquina repressiva, como um famoso samba de João Bosco e Aldir Blanc, assim: “Não põe corda no meu bloco / não vem com seu carro-chefe / não dá ordem ao pessoal / Não traz lema nem divisa / que a gente não precisa / que organizem nosso carnaval”. E eram Gil, Chico, Aldir, Bosco, Paulo César Pinheiro, Vandré, Gonzaguinha, Vinícius e tantos, tantos outros... Um deles, Torquato, não conteve a impaciência nem suportou a intolerância – matou-se aos 28 anos, deixando um lacônico bilhete – “Para mim chega”. Mas houve também os que eles mataram. Como o tecladista de Vinícius, sequestrado e morto por militares argentinos horas antes de um xou do Poetinha. Muitos foram “aconselhados” a passar alguns anos fora do país. Contra todos eles o sistema criou fatos – plantavam entorpecentes em seus bolsos e bagagens, mandavam espalhar que eram homossexuais e outras práticas impróprias. Era um tempo em que a imprensa passou a ser tachada de esquerdista – por se tornar uma pedra dentro dos coturnos. Lembro-me de um oficial do Exército, comissionado coronel para comandar a PM de Goiás, que fechava uma das mãos e abria os dedos, um a um, enumerando “jornalistas”; “índios”; “estudantes”; “professores”; “músicos”; “poetas” – e os qualificava genericamente: – Tudo comunista! Com isto, justificava as prisões e torturas, mas quanto às mortes ele não tinha respostas claras. Preferia dizer que “a gente solta e eles somem, são os companheiros que dão sumiço neles porque suspeitam que o cara abriu” (por “abriu”, entenda-se “delatou”). Foi sob esse clima que deixei o Jornal Opção – então diário – e fui para o Cinco de Março. O semaná-

rio de Batista Custódio tinha fama de libertário, era esperado com ansiedade pelos leitores ávidos de novidades. O que nos diários era tratado com um cuidado exacerbado aparecia no jornal das segundas-feiras com o toque de paciência de quem pode trabalhar um texto por alguns dias, pode analisar os fatos com mais vagar e precisão. Sem falsa modéstia – trabalhar no Cinco de Março não era para qualquer escrevinhador, não... Era preciso coragem e perspicácia, bom domínio do texto – afinal, era o reduto de redatores como Anatole Ramos, Jávier Godinho, o próprio Batista Custódio, Marco Antônio Silva Lemos, Eliezer Pena, Carmo Bernardes, Consuelo Nasser, Jurandir Santos... Enfim, um time de primeira linha! É óbvio que omito aqui vários notáveis, mas a memória sempre nos trai – mas não posso omitir Djalba Lima, jovem e talentoso. Era no Cinco de Março que apareciam as mais sérias denúncias, sem a barreira do poder político ou econômico. Havia um apego quase obsessivo pela “verdade, doa a quem doer” e o slogan era: Nem Washington, nem Moscou nem Roma – Tudo pelo Brasil! E chegou 1980. Na redação da construção simplória na avenida 24 de Outubro, notamos um entra-e-sai incontrolável, e não eram os costumeiros políticos e empresários que diariamente nos visitavam. Eram, sim, jornalistas conhecidos e tarimbados, com destaque para um, especialmente – Carlos Alberto Sáfadi, que viria a dirigir a equipe nos primórdios, sendo substituído por Washington Novaes. Era janeiro e as aparências eram de mudanças. Ao lado, e como um profissional por mim admirado e sempre bem-humorado, Luiz Augusto Pampinha começou a fazer conjecturas. “Se bem conheço, e conheço bem essas pessoas, o Batista vai transformar o Cinco de Março num diário”. E chegou o momento de perguntar ao Batista. Ele respondeu com um sonoro e sólido “Não”. Mas pouco depois – talvez no dia seguinte, ou na segunda-feira seguinte, talvez – ele nos contou que teríamos um diário, sim, mas o Cinco de Março continuaria. E estabeleceu uma separação, os jornalistas do Cinco de Março deviam se manter distantes da nova equipe, que começaria a chegar naqueles dias. Consuelo Nasser ficou cuidando do Cinco de Março, Batista tratava do novo jornal. Marco Antônio Silva Lemos transferiu-se para o novo jornal. Eu fui demitido por Consuelo. Menos de dois dias se passaram quando Marco Antônio chamou-me e disse que eu iria para o novo jornal (ainda sem nome); estranhei, pois fora demitido e achava compli-

cado... Marco me contou que foi a própria Consuelo quem me indicou para integrar a nova equipe. Fizemos alguns “pilotos”, ou “números-zero”, cada qual com um nome e uma diagramação diferenciada de primeira página. Depois de algumas experiências (se não me engano, foram 19), tivemos outra surpresa – todas as edições foram estampadas na parede e tivemos a incumbência de escolher uma das diagramações e um nome. Por longos anos, mesmo após aquele hiato de dois anos, causa-

do pela truculência de um governo pós-ditadura – mas com muita vocação para aqueles tempos – o Diário da Manhã ostentou a mesma diagramação, um marco fortíssimo de inovação no jornalismo local. Os diários goianos tinham a tradição de não circular às segundas-feiras – fomos pioneiros nisso. Os grandes jornais brasileiros começaram a sair em cores – o DM foi pioneiro em Goiás, de novo. Um colega, especialmente, nascido sob o signo das restrições, mas criado em meio à vocação da liberdade e o cheiro de papel e tinta, bem representou, nas primeiras duas décadas, a alma inovadora e libertária do DM – Fábio Nasser. Era impossível estar com

Fábio sem que qualquer assunto escapasse do ambiente e das causas do jornal, e ele curtia os meandros da poesia e da filosofia com o mesmo ímpeto apaixonado. Inovar, aliás, é tônica constante. No DM a poesia sempre teve espaço. No DM o artista goiano não é discriminado nem há gêneros menosprezados. No DM a vocação pela liberdade das ideias e expressões não morre – e justamente por isso mantêm-se aqui um caderno especial, diário, o Opinião Pública, que vem a ser uma tribuna perpétua para a prática da livre expressão. Não bastasse isso, o Opinião Pública reserva a última página, todos os domingos, para a divulgação da poesia, acasalada com a ilustração por notáveis artistas da terra. Esse trabalho, de criteriosa seleção de poetas e artistas, cabe à competente poetisa e acadêmica Elizabeth Abreu. Concluo apressado, não por falta do que mais dizer, mas porque este é um momento de festa, mas também de liberdade. Estes 36 anos de presença do DM na vida goiana são, sim, importante parte da minha vida – mas muito mais importante parte na vida da sociedade da nossa terra. De nossa parte – do Batista Custódio e seus filhos, dos jornalistas que se identificam com esta ideologia e esta prática da notícia – sei que sempre faremos por inovar, ou nossa ação não teria sentido. LUIZ DE AQUINO, JORNALISTA E ESCRITOR, MEMBRO DA ACADEMIA GOIANA DE LETRAS


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Diário da Manhã

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57 ANOS DE

36 ANOS DO JORNAL DIÁRIO DA MANHÃ

DESDE O CINCO DE MARÇO

ENSAIO

Uma escola risonha e franca FOTOS: ARQUIVO DM

Helvécio Cardoso Especial à

D

epois de quase cinco anos trabalhando sem descanço, pulando de emprego em emprego, fui forçado a entrar em férias. Era repórter de política de Jornal Opção. Duas férias acumuladas, caminhando para uma terceira. Durante dois meses eu andei pelo Nordeste, 40 dias só em Salvador, praias e festas de largo todos os dias. Nenhuma notícia de casa. No dia que voltei para reassumir meu posto no Jornal Opção espantei-me com o vazio das salas. Cadê todo mundo? Cadê o Sáfadi? Cadê o João Só? Cadê o Wilmar Alves? Cadê o Jayro Rodrigues? Fiquei sabendo, então, que um novo diário aparecera na praça: o Diário da Manhã, fundado por Batista Custódio, que fundara o Cinco de Março. Fiquei sabendo também que o Cinco de Março, que eu adorava, tinha sido descontinuado. Acho que só não fui convidado para o Diário da Manhã porque estava ausente, ninguém sabia por onde eu andava. Carlos Alberto Sáfádi, o “comentarista de classe”, meu copain, organizou a redação do Jornal Opção quando este virou diário. Batista o chamou para organizar a redação do DM, e ele, o Sáfadi, carregou todo o seu pessoal. Fui ficando no Jornal Opção. Não me queixo. No JO cresci profissionalmente. Herbert Moraes me deu oportunidades únicas, pelo que lhe sou eternamente grato. Mas a vontade de estar perto de antigos colegas e alguns irmãos de fé me levavam a invejar os que tinham ido para o DM. De resto, o novo jornal se igualava aos melhores do país, com a vantagem adicional de ter ali o molho de Batista Custódio e de Consuelo Nasser. Eu pensava comigo: ainda vou trabalhar neste jornal. O Diário da Manhã foi fundamental para a vitória de Iris Rezende em 1982. Não porque o pessoal da redação fosse irista. Alguns, petistas fundadores, torciam pelo brancaleônico candidato do PT a governador: Athos Magno Costa e Silva. Naquelas circunstâncias, ser irista, contudo, era um imperativo moral dos que combatiam a ditadura. Malgrado o forte apoio à campanha de Iris, o DM se desencantou com o governo do PMDB. Eu também estava me desencantando. A vontade que eu tinha de fazer oposição! Mas, onde? O Jornal Opçao entrara em recesso, para só voltar a circular uns dez anos depois. Fui parar no rádio. Trabalhava à noite, redator de notícias da Rádio Brasil Central. A emissora do governo, um governo que ajudei a eleger. Levei bronca de um diretor apenas por noticiar que o presidente do PT fora ao Secretrário de Segurança solicitar uma providência qualquer, no que aliás foi aterndido. Athos deu entrevista elogiando o secretário. Mas, na vi-

E quando todo mundo estava sumido, eu descobri: eles estavam no Diário da Manhã, a mais nova aventura do jornalismo goiano Três dias depois, uma viatura do DM chega à minha casa. O motorista me intimava: “Doutora Consuelo quer você imediatamente na sala dela. Vim te buscar”. Perguntava-me o que poderia ser. Meu acerto recisório, pensei. Em lá chegando, vi Consuelo investir contra mim com fúria de onça acuada. “Como então, seu Helvécio: três dias que o sr. não comparece ao trabalho! Tenho aqui uma pauta urgente para o sr.” “Mas, Consuelo...!” E ela: “Não tem “mas-mas. Pega aí um carro e vai fazer a matéria. E não enrola que senão eu o demito”. E eu: “Mas, você já me demitiu....” E ela: “Não venha me embromar, vai fazer a matéria.” Achei inútil argumentar. Não cabia argumentação. Anos depois, prestando serviços ao Cevam, esta entidade essencial que ela fundou, lembrei-lhe aquele episódio, do qual rimos bastante. Ela disse que não se lembrava. Aliás, me acusou, gaiato que sou, de tê-lo inventado. Inútil explicar. Não cabia explicação.

TEMPOS DE ESCURIDÃO

Batista Custódio, editor-geral do Diário da Manhã: lentamente estrangulado financeiramente por uma crise econômica motivada pelas hostilidades de governos estaduais são do diretor boçal, permitir que o nome de um ex-adversário de Íris fosse citado em uma emissora oficial era pecado sem perdão. Coisa de somenos. Mas, pela bronca pode-se avaliar quão impossível era o mais leve reparo a administração Iris Rezende. Não me lembro bem como vim parar no DM. Tempos atrás a Consuelo Nasser me convidara para o Cinco de Março. Preferi continuar no Jornal Opção. Liguei para a Consuelo para saber se aquele convite de anos atrás para o Cinco de Março valia para o DM. Fui à Redação, que ficava em Campinas, no início da avenida 24 de Outubro. Batista mandou que eu me apresentasse ao Jayro Rodrigues, editor de política. Estávamos mandando aquela brasa em cima do Iris. Fiz umas reportagens quentes. Denunciei, por exemplo, que autoridades baianas invadiam Goiás para fiscalizar fazendeiros e lançar impostos. Os baianos alegavam que o território baiano se estendia para além das fronteiras desenhadas no mapa. O governo goiano fazia o quê? Nada.

O conflito de fronteiras durou muitos anos, foi parar no Supremo Tribunal Federal. E o Diário da Manhã ia sendo lentamente estrangulado financeiramente por uma crise econômica que assolava o país combinada às hostilidades do governo estadual. Acabou também entrando em recesso. Eu estava lá e vi. Daquele tempo, lembro-me de um garoto risonho, muito inteligente, que às vezes vinha ter à minha mesa para longos papos-cabeça: Fábio Nasser. Desde então, ficamos amigos. Consulelo Nasser era uma força da natureza. Como todo gênio, pecava por certa incoerência. Coerência perfeita é virtude de medíocres. Num dia em que Batista viajava a negócios, Consuelo, dirigindo a redação desposticamente, me chama. Fui pautado para fazer certa reportagem. Fiz. Ela publicou. Até elogiou. Mas fez um reparo. Debatemos. Argumentei. O simpósio degenerou em bate boca. Ela deu o assunto por encerrado com um tirânico e retaliativo “você está despedido!”

Batista conseguiu reabrir o Diário da Manhã. Ele se rergueu puxando os próprios cabelos, tal como o barão de Münchaussen. O Diario se instalou no prédio onde, outrora, fora a Folha de Goiás. Está até hoje no referido endereço. Nesta fase nova do Diário, eu me achava trabalhando com Consuelo Nasser na revista Presença. Quando a revista entrou em recesso, Euler Belém, que era então editor geral do DM, e amigo meu de outros carnavais, me convidou para retornar ao Diário. Fábio Nasser, já poeta, leitor voraz de Nietzche e planejando livros, era editor de política. A redação do DM, no final da tarde, na hora de fechamento, era coisa de doido. Todo mundo era fumante, eu inclusive. O fog dominava o ambiente. O matraquear das máquinas de datilografia, o metralalhar dos teletipos, o zunido da receptora de telefotos, as conversas exaltadas da chusma de redatores, todos donos absolutos da verdade – tudo somando produzia um barulho, como direi, ensurdecedor, e isto não é mera força de expressão. Eram tempos duros para mim. Eu concluía Direito na UFG. Saía da Redação às 19 horas, a galope, para chegar à sala de aula. Aula que começava às 19 horas. Tempos conturbados. Henrique Santillo governava Goiás enfrentando dificuldades imensas. Eu era, também, reporter da AGD, repartição do Cerne, a que a Radio Brasil Central pertencia. Cobria o Palácio das Esmeraldas. À tarde, combria a Assembléia Legislativa para o DM. Acompanhando o governo por dentro, eu tinha a exata dimensão das dificuldades impostas ao governador. Não era sequer amigo pessoal dele. Mantinhamos relacionamento frio e formal. Ele era rude, e suponho que não gostava de mim, por conta de artigos que escrevi tempos atrás, criticando-o. Mas revoltava-me vê-lo caluniado, injuriado e difamado todos os dias por gente do próprio PMDB. Além de não ser reconhecido o seu esforço para superar as dificuldades, era acusado de tê-las criado. Santillo era um homem de péssimo humor, fumava muito, estava sempre irritado, angustiado, não tinha nenhuma habilidade política para lidar com as intrigas partidárias. Fora esses pecados, era um homem absolutamente honrado, batalhador, corajoso, intelectualmente brilhante. Penso que fez excelente governo – no que contrario opinião ainda hoje dominante em Goiás. Dispus-me a defendê-lo pelas páginas do DM, mesmo não tendo procuração para fazê-

Consuelo Nasser, advogada e jornalista: “Como então, seu Helvécio: três dias que o sr. não comparece ao trabalho! Tenho aqui uma pauta urgente para o sr!” -lo. Batista franqueou-me o espaço. Dia sim, dia não, eu assinava artigos não apenas defendendo o governo Santillo, mas polemizando com seus opositores desleais. O foco da oposição mais virulenta estava nos escritórios eleitorais do irismo. Os iristas daquele tempo me odiavam. Se púdessem, espetavam minha cabeça numa lança e bebiam meu sangue com gelo e limão. Quando Íris venceu de goleada em l990, senti que minha cabeça fora posta a prêmio. Eu recebera de Célio Moura, brilhante advogado tocantinese, convite para advogar em Araguaína. Pedi férias no DM e mandei para lá.

Iris Rezende em 1982: governador das massas teve apoio decisivo do Diário da Manhã, apesar de dissidentes da redação terem apoiado também o candidato petista Athos Magno Fiquei quase oito anos fora de Goiás. Quando retornei, fui fazer uma visita aos meus amigos do Diário da Manhã. Já fui recebendo bronca do Batista: “Que férias cumpridas, quase oito anos! Ao trabalho!” Fábio me recebeu com uma alegria que me comoveu. No mesmo dia recebi convite de Euler Belém para voltar ao Jornal Opção. Herbert me recebeu calorosamente. Fui para o JO. Por causa de umas bobagens tão bobas e de umas bestagens tão bestas, Herbert e eu brigamos. Saí do JO, andei por aí. Passei por três países, França, Oropa e São Paulo, acabei fazendo meu rancho em Goianira, e cá estou de novo no DM. Amigos antigos, amigos novos. Sempre repórter, sempre atrás dos fatos. E dando meus palpites quando julgo pertinente palpitar.

A CARAVELA INTIMORATA

O Diário da Manhã, sem desmerecer o muito que aprendi com José Luiz Bittencourt, Herbert Moraes e Euler Belém no JO, que peço seja consignado em ata, foi a minha escola de jornalismo. O DM sempre foi uma escola. Aqui não vigora as regras, consagradas pelo modismo, das faculdades de comunicação. Aqui não tem valor nenhum o que McLuhan, a Escola de Frankfurt e outros bam-

bas da comunicação escreveram. Aqui vale a experiência, renovada a cada dia, dos que combateram e ainda combatem sob o estandarte de Batista Custódio. Vale a intuição dele, que é certeira. Olhando em volta e olhando para trás, vejo o DM como um barco que navegou mares bravios. Mastro quebrado, velas rasgadas, mas ainda navegando, com Batista no leme vendo portos seguros antes que a tripulação aviste terra. Mas a sina do Diário da Manhã é nunca chegar a porto seguro. Nossa caravela tem vocação para a tempestade. Lá é o nosso elemento, é onde nos realizamos. E se onde mais mares houvera, lá chegara, se me permitem parafrasear Camões. Se é vento, o que queremos é vendaval; se é chuva, que seja temporal. O Diário da Manhã, se me permitem, é o herdeiro da tradição do Correio da Manhã, o mais brasileiro, o mais liberal e o mais valente dos jornais do passado. Folha fundada no ínicio do século vinte por Edmundo Bittencourt, lá Ruy Barbosa foi editorialista. Foi colocada em recesso pela ditadura de Vargas. Voltou aos trancos e barrancos para publicar o Manifesto dos Mineiros e a entrevista de José Américo, a histórica entrevista que liquidou o Estado Novo. O filho de Edmundo, Paulo Bittencourt, herdou o Correio, deu continuidade à luta do pai. Morto Paulo, sua viúva, Niomar Bittencourt Moniz Sodré, levou a bandeira adiante até o Correio ser emagado, no final de l969, pela ditadura de 1964. No Correio da Manhã, a liberdade, como Paulo Bittencourt insistia, era um dogma. No Diário também. Aqui, no DM, só não somos livres para ter medo. O DM é uma escola – ainda risonha e franca – porque tem bandeira, por lutar por valores, por combater o mal, física e metafiscamente falando. Uma folha popular que busca elevar espiritualmente o povo enquanto muitos se comprazem em imbecilizá-lo. Que defende os valores da democracia: a tolerância, a liberdade de opinião, a pluralidade, a paz, a igualdade social. Onde o denuncismo leviano, o ataque à honra pessoal, a perseguição mesquinha e o assassianto de reputações não têm lugar. O DM sempre se bateu pelos grandes interesses da nação, apoiando as iniciativas que levasse o país a um desenvolvimento autônomo, soberano. É trincheira onde a genuína cultura brasileira, cada vez mais esmagada por modismos alienantes impostos pela mídia, trava sua luta desigual pela afirmação da nacionalidade. A sala de Batista é o abrigo franco onde todos os perseguidos vêm buscar o amparo que lhes é prestado pelas páginas deste jornal. Por isso o DM é o que é, e não poderia ser de outro modo: necessário. A concorrência, sorry, terá que conviver com isso!


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DESDE O CINCO DE MARÇO

MEMÓRIA

História de um legado sem fim Há 36 anos, o Diário da Manhã, evolução do semanário Cinco de Março, era publicado pela primeira vez, deixando um importante marco na história do jornalismo brasileiro Pedro L. Macêdo Especial à

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m 1980, mais precisamente no dia 12 de março, nascia um dos mais importantes símbolos do jornalismo nacional, chamado Diário da Manhã. Depois de mais de vinte anos de luta pela verdade, pelo jornalismo sério, convicto e defensor da liberdade, através do semanário Cinco de Março, eis que a publicação diária de um noticiário veio para revolucionar a importância e o significado do bom jornalismo e reafirmar a imagem de Goiás diante de todas as outras unidades federais do Brasil. O Diário da Manhã já nasceu adulto, era o fruto amadurecido do que já se esperava tornar o maior semanário do estado de Goiás, o Cinco de Março, fundado por Batista Custódio e Consuelo Nasser. Por vontade dos jornalistas Consuelo Nasser e Batista Custódio, nasceu o que viria a se tornar um dos jornais mais lidos no Brasil. Batista e Consuelo revolucionaram a imprensa, selecionaram os melhores nomes do jornalismo em Goiás, como Carlos Alberto Sáfadi, Isanulfo Cordeiro, Jayro Rodrigues, Fleurymar de Souza, Hélio Rocha, Javier Godinho, entre outros. E como se esses nomes de peso não fossem suficientes, buscaram mais outras importantes figuras do jornalismo de outros estados, profissionais como Washington Novaes, Aloysio Biondi, Reinaldo Jardim e Elói Callage, conhecidos entre os colegas como “legião estrangeira”. Outra revolução foi a tecnológica, aplicada em todos os aspectos de produção. Ele foi o primeiro jornal realmente diário de Goiás, circulando todos os sete dias da semana. Foi também o primeiro a funcionar com conselho de redação, o primeiro a ter todas as suas páginas coloridas,

Uma legião de grandes jornalistas seguiu as pegadas de Washington Novaes, convocado por Batista Custódio para revolucionar a imprensa em Goiás o primeiro com site na internet e o primeiro a informatizar totalmente a redação e o setor gráfico. O DM nasceu muito forte e assim permaneceu, tendendo somente ao crescimento, chegando até mesmo a ser reconhecido como o terceiro jornal mais importante do Brasil pela Academia Brasileira de Letras. No entanto, também parafraseando outra jornalista, Suely Arantes, “O DM estava bom demais pra continuar. Jornal forte nem sempre agrada a empresários e políticos. Dizer que existe imprensa independente de grupos econômicos e políticos, pelo menos pelas bandas aqui da América Latina, é utopia”. Os salários da equipe eram altos e os custos operacionais da tiragem para atender a todo o estado e o Distrito Federal, além de várias capitais brasileiras, começavam a se mostrar inviáveis. Goiás não possuía nenhuma empresa de grande porte, até então, para anunciar-se. O maior anunciante era o governo.

SEM PRESSA

Quando Iris Rezende assumiu o governo do estado, sucedendo Ary Valadão, o Diário da Manhã tinha milhões para receber em notas empenhadas e não recebidas. No entanto, somente Batista tinha pressa em receber, e o governo não tinha pressa em pagar. As dificuldades financeiras fizeram com que os salários se atrasassem e, a partir disso, começaram a surgir intrigas, tanto por parte do próprio governo, quanto por parte de jornalistas que viam no Diário um concorrente impossível de ser superado. Como agradava o restante da mídia goiana, e por ser mais cômodo para o firmamento no poder, o governo de Iris perseguiu o DM até que fosse fechado em 1984. Nas palavras de um dos maiores jornalistas que o estado de Goiás já teve o prazer de conhecer, Javier Godinho, “é óbvio que um veículo de comunicação social assim errou muitas vezes e fez muitos inimigos, que o perseguiram

A mensagem que rompe correntes: “Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. João, 8 Pe. Luiz Augusto Especial à

O jornal Diário da Manhã completa mais um ciclo em sua engrandecedora missão de difundir, de proteger, de amar a verdade, e de dar a conhecer os fatos relevantes do dia a dia, ocorridos, não somente em Goiás, mas no mundo. É um jornal cheio de garra, de luta, e que traduz a vida de um jornalista único: Batista Custódio.

Este jornal nos faz sentir mais gente, porque nos aproxima da vida com imparcialidade. O compromisso do DM e de seus jornalistas é o de levar para a população e seus leitores os fatos em sua condição real. Assimilar e noticiar o que acontece na sociedade e nas relações humanas se reveste de uma responsabilidade transcendental e abre caminhos para mudanças de comportamento, fazendo com que a vida se torne mais fraterna. Ao mostrar fatos e modos de viver, o Diário da Manhã cumpre a missão secular de um órgão de imprensa, onde a liberdade e o compromisso mais próximo da verdade são constantes, por mais dura que seja a realidade e, apesar de nos desagradarem as deturpações que a maldade humana pratica constantemente. Levar a verdade com opiniões sempre coerentes e que buscam a melhor forma de orientar condutas e comportamentos é uma atitude própria e moderna de evangelizar e mostrar para as pessoas os melhores caminhos que nos levam a uma vida mais fraterna e a um mundo mais justo. Nesse sentido, o que precisamos, todos os dias, é pedir a proteção de Deus para quem se compromete levar a verdade para a humanidade e faz da tarefa de difundir notícias uma forma de construir em nosso meio um reino de amor e de paz. Ao jornalista Batista Custódio e toda equipe do Diário da Manhã, nossa gratidão pelo bem que esse veículo de comunicação faz e traz diariamente a todos os seus leitores. O DM escreve, sobretudo, a nossa história; a história de quem sempre reconstrói a vida. PADRE LUIZ AUGUSTO, TITULAR DA PARÓQUIA SANTA TERESINHA DO MENINO JESUS

de todas as maneiras possíveis, e uns poucos não o perdoaram até hoje. Não aceitavam que, atuando como um feroz cão de guarda, ao lado de oprimidos e indefesos, ele ajudasse muita gente, aliviasse muitas dores, evitasse muitos males, abortasse muitas tragédias e secasse muitas lágrimas”.

CAIADO

Mas outro político prome-

teu a Batista que ajudaria a reabrir o Diário da Manhã, o então deputado federal e presidente da UDR, Ronaldo Caiado. “Cada um, como puder, tem de ajudar o Batista a reabrir o jornal”, disse ele quando reuniu ruralistas e amigos, com sua fala impregnada com a gana que sempre teve. Desde então, nunca mais conseguiram calar o Diário da Manhã, nunca mais conseguiram

macular a sua tão importante imagem e jamais conseguiram impor obstáculos que não pudessem, facilmente, serem superados pela competente equipe DM, liderados pela visionária figura que representa Batista Custódio. Que os próximos 36 anos possam refletir, ainda mais forte, tudo o que o Diário da Manhã significou e ainda significa para Goiás e para todo o Brasil.


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O peso do sonho na leveza do papel Ton Alves Especial à

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gora que o tempo venceu a teimosa negrura étnica dos meus cabelos, me coroando de fios acinzentados, quase brancos, descobri a valor do recolhimento, da quietude, da imobilidade.

E com as rugas e achaques da idade, chegam para mim a ofuscante clareza do valor inestimável do equilíbrio. A justa medida entre a base e o cume, entre uma margem e a outra, e entre todos os extremos para a estabilidade da montanha, a profundidade dos rios, o conforto do conhecimento. Percebo agora, a segurança de uma bengala firme, o conforto de uma cama dura, a energia dos banhos de água fria, a silenciosa retumbância do nascer do sol e esfuziante cintilação do céu estrelado. Aspectos da vida que o vigor do corpo e das convicções não me deixava ver, menos ainda valorizar. Agora analiso fatos, vivências, convívios e relações de toda ordem com o distanciamento que permite enxergar a totalidade dos eventos, como o de alguém que se distancia do carvalho para melhor visualizar a grandeza de sua copa. Vejo o desfile dos gigantes, nos passos dos quais caminhei para não perder o rumo. Dentre eles, o jornalista e mestre de vida, Batista Custódio. Sem ampliar o foco sobre todos os aspectos dessa prodigiosa personalidade, me centro a analisar sua mais

notável obra: o Diário da Manhã. Fruto da teimosa coerência de Batista com seus mais fundamentais valores, desde que foi concebido o jornal – como todos os ideários à frente de seu tempo – tem recebido ataques, perseguições, traições e danos gerados pelo espírito mesquinho de pessoas que não se adaptam ao novo. O Diário da Manhã, por causa da alma libertária de seu fundador, sempre representou inovações, para quais a mente de quase todo o povo desta terra nunca está preparada. Por isto, foi visto como algo temível, quando devia ter sido tomado como um alvissareiro sinal de que Goiás não é apenas a província caudatária dos grandes centros. Nos últimos tempos, precisamente nos últimos dez anos, o Diário vem padecendo um calvário de dores. Além do enorme sacrifício de permanecer na luta travando batalhas inglórias para manter-se navegando num mar de vilezas, Batista manteve a redação do jornal produtiva com o concurso de uma equipe quase heroica. Pessoas que, mesmo sobrecarregadas com o peso das responsabilidades e sem o alívio do conforto financeiro, lutam também para desempenhar suas funções sem prejuízo do ideal de liberdade acendido numa esquina de Goiás. É de tácita aceitação geral a teoria de que, nestas terras, inovar ou defender uma ideia inovadora, é uma tarefa nefasta. Preza-se o comodismo da pasmaceira ruralóide. Tudo o que cheira a mudanças evolutivas amedronta essa sociedade. E, Batista descobriu que criar e manter um veículo de comunicação que não se pautasse pela mesmice do dé javù, é um certame injustamente ingrato.

SUPLÍCIO IMPOSTO

“Não dê pérolas aos porcos”, avisou o Nazareno. “Não se enfia num chiqueiro com um terno branco”, avisa o anedotário popular. Mas Batista é daqueles que arriscam a romper os interditos, a quem não amedronta o volume das tarefas, desde que concordes aos seus valores éticos. Ousou construir um jornal que transcendesse os limites do atraso. E tem padecido o suplício imposto aos que ousam desafiar os deuses invejosos. Mesmo assim, não se pode contar a história recente de Goiás sem se referir ao Diário da Manhã. Exemplo dramático do quanto é difícil, mas não impossível, revolucionar os conceitos de independência e de autonomia. Sem nunca abrir mão do seu sonho, Batista abdicou de seguir o caminhos de outros que, para implantar um veículo de comunicação estável, leiloaram seus valores. Prefere a luta sem quartel e sem trégua. Seu descanso está na batalha. E sua glória vem todas as manhãs em cada edição publicada. Não espera o julgamento da história. Já se sente justificado pela persistência no campeio do sucesso da missão que sente ter-lhe sido dada do Alto. Por isto é que, placidamente instalado no início de uma velhice que encerra uma vida sem crimes e sem a iniquidade de muitos que refestelam em mansões e palacetes, sei reconhecer, agora, o valor e prestar o respeito às sagas dos que estão fazendo, e farão com certeza, este um mundo um pouco melhor. TON ALVES, JORNALISTA, PROFESSOR DE FILOSOFIA, FREI CAPUCHINHO E EX-ASSESSOR DA CNBB


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Cotidiano de um diário é bastante movimentado. No Diário da Manhã, a produção começa de manhã à noite. Mesmo na madrugada, quando o jornal é impresso e distribuído na Capital e demais cidades do interior do estado, os celulares e jornalistas não se desligam QUEM FAZ

Rotina alucinante 24 horas CRISTOVÃO MATOS

MEL CASTRO

Ariana Lobo & Lyssa Chagas Especial à

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rotina de um jornal diário é intensa. Durante as 24 horas do dia os funcionários se revezam para que o jornal esteja disponível para a população toda manhã, com notícias quentes e reportagens de qualidade. Na sede do Diário da Manhã, a movimentação de repórteres, editores, estagiários e fotógrafos é maior durante a tarde. A concentração de diagramadores, ilustradores e revisores é maior a partir do fim da tarde e durante a noite. Na madrugada, os trabalhadores da indústria se dedicam à impressão dos exemplares a serem distribuídos horas depois na grande Goiânia e nas cidades do interior do Estado. O prédio nunca fica vazio, nem mesmo nos fins de semana e feriados, nos quais os funcionários se revezam para produzir material e garantir a informação dos leitores goianos. Funcionários de diferentes áreas, como RH, comercial, informática, financeiro, limpeza e arquivo se desdobram par

Indústria da informação é tecnológica, dispendiosa e exige atualização constante das competências e dos conteúdos: jovens e profissionais experientes se unem para uma batalha todos os dias: colocar um jornal nas ruas e na web

Depois de elaborado por fotógrafos, designers, editores e repórteres, o jornal em um arquivo digital é enviado para a indústria: novamente inúmeros profissionais se reúnem para colocar o DM nas bancas Maria Augusta do Planalto, 23, repórter de cidades, está no Diário da Manhã desde 2013. Passou por diferentes cargos, foi editora do caderno de economia, editora executiva além de repórter, e afirma que a rotina é diferente para repórteres e editores. “Como repórter não há bem uma rotina. Sempre há novidades, novas pautas. Gosto, apesar da correria. Ser repórter nos dá mais oportunidade de entrar em contato com outras pessoas e

com diferentes assuntos. Já o trabalho de editor exige uma rotina. Deve-se indicar pautas para os repórteres, acompanhar a produção, editar e acompanhar a diagramação”, explica Planalto. Danyla Martins, 26, editora do caderno de política, que está no Diário da Manhã desde 2012, acredita que a rotina de trabalho é desafiadora. “Todos os dias há um desafio, principalmente pelo cenário político estar em constante movimento. No entanto,

Diário da Manhã, um amanhã sempre regado pelo sol Lêda Selma Especial à

A ideia desabrolhou quando a sensibilidade jornalística de Batista Custódio, um jovem de têmpera contestadora, injuriou-se com a agressão policial contra estudantes, perpetrada sob a batuta governamental da época, aviltoso acinte à dignidade da classe e à Democracia, o que enodoou o dia 5 de março de 1959, marco na história dos movimentos estudantis. A idéia, o Cinco de Março que, pouco tempo depois, emergiu da indignação do jovem jornalista, de têmpera contestadora, ostentando no nome o timbre que perpetuou aquele triste dia, e firmou-se como um veículo denunciador que se insurgia contra desmandos, injustiças, arbitrariedades. Um jornal sem ‘papas na língua’, corajoso, porta-voz da notícia desprovida de máscaras e alegorias, e, por isso, temido por muitos, pois a verdade escrachava-se em manchetes chamativas. Os incomodados tinham-no como ‘Imprensa Marrom’. Os ávidos pela notícia verídica, como o ‘Jornal da Verdade’. 21 anos, o tempo de resistência do jornal. Resistência às perseguições tantas, às paralisações de suas atividades, por força ora governamental, ora policial. E tutelando muitas dessas ações, a ditadura. Assim, em agosto de 1980, o Cinco de Março rendeu-se às dificuldades incontornáveis, contudo, a palavra afiada, que moldava denúncias, ainda não se calava, mantinha-se a meio tom, mesmo por curto tempo. Mas Batista Custódio, estrategista nato, já estava com novo projeto. Na impossibilidade de reerguer o Cinco de Março, ergueria o Diário da Manhã, no dia 12 de março de 1980, e os dois conviveram cinco meses: enquanto um cumpria o fim de seu ciclo, o outro o iniciava. Naturalmente, o DM não estava invulnerável ao olhar tacanho e assustador de seus perseguidores: aos quatro anos, foi atingido ferozmente, mas não se vergou à morte; ficou em ‘quarentena’, e, dois anos depois, aquilo que parecia cinza, na verdade, era um braseiro em erupção. E o Diário da Manhã estava de volta. Cinquenta e sete anos de atuação jornalística impressa, a saga de Batista Custódio: 21 do Cinco de Março e 36 do Diário da Manhã. Uma história cunhada na perseverança, no desafio constante, nos recomeços e conquistas. Desesperança, jamais! A luz estava sempre a indicar-lhe o norte.

Integrei a família do Diário da Manhã, durante 21 anos. O jornal ainda adolescia. Em 1991, o jornalista e amigo, Nílson Gomes, introduziu-me na Casa de Batista Custódio, onde fui recebida carinhosamente. Uma cronista em construção, pois, embora houvesse, por pouco tempo, assinado textos em prosa na Folha de Goyaz, no início de minha adolescência, era, na verdade, uma poetisa, já com quatro livros publicados. Um desafio que me assustou, porém, quis ser maior que ele e inventei meu próprio desafio: descontrair o leitor, aos domingos, tão cansado das notícias tristes e revoltantes arregaladas no dia a dia dos jornais. Então, criei expressões divertidas, personagens como o Hilário, movido a trapalhadas; o mendigo Safadino, mestre na arte de enganar e de provocar os políticos; Dadivosa, mulher de vontades muitas; Virgenilda, ansiosa por desdonzelizar-se... Para melhorar o nível dos candidatos, lancei o Muro, a Árvore, a Praça como potenciais políticos, todavia, enquanto o tempo trotava, muitas coisas aconteciam: perdi um filho (deixei o DM, por um tempo, pois havia me afastado da vida), coloquei poesia nos muros e espaços ociosos de Goiânia (Projeto Poesia em doses), entrei para a Academia Goiana de Letras, que, há cinco meses, presido (a segunda mulher, em 77 anos, a fazê-lo), gestei 8 livros de crônicas, todas publicadas no DM (mas a poesia andou lado a lado com elas, são oito livros também). Publicar crônicas semanalmente, uma porta escancarada à minha visibilidade como escritora, e, assim, ganhei leitores em fartura, aqui, ali, alhures (vários no exterior). Um apoio diário, uma manhã sempre alvissareira para minha literatura. Relação de amor e gratidão, a minha, com o Diário da Manhã, além do orgulho por ter feito parte de mais da metade da história desses seus trinta e seis anos a serviço da informação, da literatura, dos segmentos social, político, religioso, sempre com a mente aberta, abominando preconceitos, rechaçando a discriminação. Parabéns, Batista Custódio, por jamais ter aceitado peias, mordaças, nem temido chicotes ou baionetas! Parabéns pela sua fibra de batalhador, pelo seu tino jornalístico, pela sua coragem que nunca envelheceu. Parabéns por todos os seus recuos, na realidade, estratégias para revitalizarem algum ideal agonizante! Parabéns por tantas e tamanhas vitórias! Parabéns, família do Diário da Manhã! Parabéns, leitores! Parabéns, Goiás! LÊDA SELMA, POETISA, CRONISTA, CONTISTA. ATUALMENTE, PRESIDE A ACADEMIA GOIANA DE LETRAS

os anos eleitorais, em período de campanha, o movimento é bem maior e a rotina é mais puxada. Geralmente chego ao jornal por volta das 14h30 e não há muito horário pra sair”, conta ela.

DESIGN

A diagramação é parte fundamental na montagem de qualquer jornal impresso. Nicola Caetano, 32, um dos designers editoriais da equipe, conta que chega na redação por volta das 19h e só vai em-

bora quando todas as páginas estão finalizadas. “Quando chego, converso com os editores e os outros designers para se ter um escopo geral da edição, quantas páginas teremos, se existe alguma página especial que me exige mais atenção que as básicas, se alguma matéria precisa de uma tematização mais específica. A dedicação e o cuidado devem ser aplicados integralmente a todas as páginas, como se fossem obras de arte”, analisa ele.

TUDO É NA HORA

Uma das preocupações da equipe do Diário da Manhã é em manter a qualidade do conteúdo online. Caroline Mendonça, 20, repórter do DM Online, conta que o trabalho é integral, já que a notícia tem que ser publicada no site no momento do acontecimento. “A área envolve imediatismo e estar sempre atualizado, o que torna o cotidiano tenso e causa certa pressão”, argumenta Caroline.


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FORMAÇÃO

Escola do jornalismo Nayara Reis Especial à

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ntre os nomes de jornalista que estiveram na redação do DM e hoje enxergam esse lugar como fonte de aprendizado, está o jornalista Oloares Ferreira, que é apresentador do programa Balanço Geral, veiculado na hora do almoço na Rede Record Goiás. Ele teve como uma das suas primeiras experiências jornalísticas a redação do jornal Diário da Manhã. Ele conta que a convivência com grandes nomes do jornalismo que aqui também atuavam o fez ter certeza de que havia escolhido a profissão certa. “Comecei no Diário da Manhã no inicio dos anos 90 na editoria de Cidades, no entanto, me encontrei de fato quando estive nas editorias de Politica e denuncia. Foi então que notei queria seguir na área de comunicação”, explica. Oloares aponta que o jornal foi de fato uma escola e deu a base para conseguir desempenhar com excelência o que faz até hoje, enxergar as pessoas em sua essência, decifrando e contando da melhor forma possível suas histórias. “Aprendi a gostar de gente, acho que o jornalismo parte muito disso, eu era pautado muitas das vezes pelo Batista Custodio, e não entendia de imediato o motivo das pautas, mas o destrinchar dos temas sempre revelavam o que ele realmente queria que fosse abordado, ou seja, mostrava as grandes histórias que existem por trás de cada pessoa”, ressalta. Ele conta que esse aprendizado o auxiliou não só à época, mas é algo que traz consigo até os dias de hoje, como apresentador de TV. O hoje desembargador no Distrito Federal, Marco Antônio Lemos, conta que começou a escrever para o Cinco de Março no ano de 1961, quando tinha apenas 14 anos de idade e deve tudo ou boa parte de sua formação como jornalista a esse veículo.

DIVULGAÇÃO

Diário da Manhã usinou grandes nomes da imprensa brasileira em sua redação. Eles reconhecem no jornal uma vitrine, uma escola, onde aprenderam boa parte do que exercem atualmente ARQUIVO DM / DOMÍNIO PÚBLICO

Desembargador no Distrito Federal, Marco Antônio Lemos começou no Diário da Manhã, de onde teve a inspiração para seguir carreira jurídica vitoriosa no Distrito Federal e outros estados do país “Aqui foi onde aprendi o que sei, e esse tipo de experiência é algo que não se pode descartar, você leva ao longe da vida. É um ganho que contribuiu muito com meu trabalho”, esclarece. Esse aspecto positivo o levou a adquirir junto com esses profissionais, prêmios e consagrações nacionais. Entre eles está o jornalista Antônio Carlos Volpone, que em 2006, por exemplo, teve 14 páginas da revista Prêmio CREA Goiás de Meio Ambiente, dedicados a uma série de suas matérias publicadas no DM. Para ele o jornalismo sempre foi uma paixão, e prestar serviços para esse veículo é sempre sinônimo de orgulho. “É de fato uma escola, não só

PARABÉNS AO DIÁRIO DA MANHà PELOS �� ANOS

no meu caso, mas em vários outros. Podemos dizer que boa parte dos grandes jornalistas que saíram de Goiás e estão ai mundo à

fora tiveram passagem em algum momento pelo DM”, explica. Entre esses profissionais de renome estão: Mino Carta, que dirigiu as equipes de criação de publicações que fizeram história na imprensa brasileira, como Quatro Rodas, Jornal da Tarde, Veja, IstoÉ e Carta Capital; Aloysio Biondi: Trabalhou na Gazeta Mercantil, Jornal do Commercio (RJ), Diário do Comércio e Indústria (DCI-SP), Correio da Manhã (RJ), revistas Veja e Visão, foi vencedor de dois Prêmio Esso, em 1967, pela revista Visão, e em 1970, pela Veja; Reynaldo Jardim: Foi redator das revistas O Cruzeiro e Manchete, no Rio, exerceu cargos de chefia na Rádio Clube do Brasil, na Rádio Mauá, na Rádio Globo e na Rádio Nacional; em São Paulo, na Rádio Excelsior; Jânio de Freitas: Em 1963 foi para o Correio da Manhã e em 1967 assumiu a direção-geral da Última Hora do Rio de Janeiro, montou uma revista semanal, Direta, e trabalhou no Jornal dos Sports em1969. Ingressou na Folha de S. Paulo em 1980, e em 1983 começou a publicar a coluna política que mantém até hoje. É colunista e membro do conselho editorial desse jornal, onde analisa as questões políticas e econômicas do país.

Para o jornalista e apresentador Oloares Ferreira, da Record Goiás: tudo começou na antiga redação do Diário da Manhã, onde frequentava as editorias de Cidades e Política PATRICIA NEVES

Antônio Carlos Volpone: ambientalista que também atua como jornalista e ainda hoje utiliza as páginas do Diário da Manhã para denunciar agressões contra santuários ecológicos e enaltecer Goiás

Aos senhores do jornal, seus leitores PX Silveira Especial à

O Diário da Manhã, juntamente com seu congênere Cinco de Março, é um jornal que, caminhando para seus 60 anos de existência, dá provas diárias de que é jovem, corajoso e sem medo de inovação. Parece ser desses que só tem 20 anos. Vivendo a plena juventude aliada à experiência, ele fará não 60 anos, mas três vezes 20. A medida do tempo é, das invenções cartesianas, a mais relativa e, por isso mesmo, das mais humanas. Uma mesma medida de tempo não é igual se o sujeito está se divertindo ou se lamentando. Se está se informando ou tagarelando. Na ilusão de que administramos o tempo, rigorosos e metricamente medimos o seu passar em horas, dias, meses, anos. Já a eternidade, não é assim. Ela é sempre a mesma, desmedida e absoluta, pairando aquém e além do tempo e superando todas suas medidas. E por que falar em eternidade frente ao efêmero de uma edição de jornal? É que, devido a seu vigor, não devemos medir em dias ou décadas o tempo de um jornalismo como o de Batista Custódio. Como veremos, só a eternidade lhe faz justiça. Uma página de jornal pode vibrar profunda e indefinidamente na vida e na alma das pessoas que a lêem. Não importa se feita no passado, no presente ou no futuro, qualquer página, para alcançar de frente seus leitores, sempre terá por trás seus feitores e seus suportes de tinta ou de bites. O mais importante, no entanto, é a tenacidade, o espírito renovador e a inteligência de ambos os lados da página. Nestes já quase 60 anos muitas e muitas foram as páginas comandadas por Batista Custódio (milhares delas!) que causaram marcas indeléveis e que, assim, migram das medidas temporais e transcendem seus momentos de publicação. Não somente os artigos que ele escreve, como se fosse um Moisés descendo da montanha com escritos na pedra, mas um jornal inteiro, que Batista faz acontecer diariamente, com a participação decisiva

dos leitores representando a unidade celular da sociedade para a qual ele presta seus serviços. Quando olhamos alguns fatos pontuais da nossa história é fácil datar e colocá-los no escaninho das lembranças temporais. Mas quando olhamos para um acontecimento que se desenrola continuamente, de maneira presente e vibrante, torna-se impossível catalogar, medir suas consequências e sua verdadeira dimensão. Principalmente se este advento tem a ver com milhares de pessoas e se renova diariamente, como é o caso da história do Diário da Manhã. Quando atual e verdadeiro, o jornal é uma usina de informações sobre as tessituras que compõem a vida. Depois de represadas, estas informações são publicadas para a sociedade, passando a gerar energia. É desta energia gerada pela informação que as sociedades necessitam para se ver no mundo e traçar caminhos. Vivendo intensamente o que se é e o que se faz, todas as comemorações são importantes. As comemorações são das coisas mais necessárias da vida, porque se referem a conquistas e a obstáculos vencidos. Só os vencedores comemoram, é bom lembrar. Comemore-se, então, este mais de meio centenário de vida de um jornal com seus marcos diários de vitórias. No entanto, engana-se quem pensa que um jornal é pessoa jurídica. O Diário da Manhã, cumprindo com louvor sua missão, é puramente os seus leitores. Assim pode-se dizer que este aniversário que se comemora é o de seus milhares de leitores. Se o jornal é deles, o aniversário também é. A história de Batista Custódio e suas páginas vitais, pulsantes e inesquecíveis avança sobre os obstáculos temporais

e se prepara para alcançar o desmesuramento da eternidade. Nunca fez ou fará 60 anos de lida. É sempre 20 anos. Que são somados a outros 20 e mais outros 20 anos e, assim, se constitui um processo que vai alcançando 6 décadas de extensão, mas que, na verdade, está em plena juventude. Com dinamismo, inventa-se e se renova diariamente. Seja nos temas ou nas abordagens. Seja na forma das fibras impressas ou nas ondas quânticas da internet. Feliz de um jornal que pode ser assim (mesmo que pague muito alto o preço de sua liberdade juvenil), porque assim serão seus leitores. Parabéns aos que vivem e renovam o jornalismo inspirado e corajoso. Parabéns aos que o fazem e aos que o lêem. Assim como foi ontem e amanhã será, hoje é o seu dia de ter em mãos a informação para o coração e mente, a uma só vez, no jornalismo inteligente, orgânico e eterno de Batista Custódio. PX SILVEIRA, PRESIDENTE DO INSTITUTO ARTECIDADANIA


Diário da Manhã

ESPECIAL

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36 ANOS DO JORNAL DIÁRIO DA MANHÃ

DESDE O CINCO DE MARÇO

SOCIABILIDADE

O suor virou a Família DM IRIS ROBERTO

Convívio no mesmo ambiente de trabalho gera grandes vínculos e amizades. No Diário da Manhã não é diferente Lyssa Chagas Especial à

S

abe-se que a rotina de um jornalista pode ser árdua e cansativa e que uma boa relação dentro do ambiente de trabalho é primordial. Quando há um convívio diário entre as pessoas, naturalmente vínculos de amizade nascem, e no Diário da Manhã não é diferente. O editor Matheus Cruvinel afirma que o bom relacionamento com todos é fato e que apesar das tarefas bem estabelecidas e dos diferentes cargos, os relacionamentos não são tratados de forma hierárquica e sim de igual para igual. “A gente se trata e lida um com o outro como se estivéssemos no mesmo patamar”, alega Matheus. Assim como Matheus, Heitor Vilela, editor do DM Revista, acredita que boa convivência se

Uma das confraternizações da equipe do Diário da Manhã: trabalho em uma redação de jornal não é de gabinete, onde cada um tem seu espaço. No DM, as pessoas aprendem a conviver nos mesmos locais. Uma vida cruza com a outra a todo o momento dá pela não existência de autoritarismo entre os cargos, o que faz com que todos se tratem igualmente. “ Fiz grandes amigos aqui dentro, com pessoas que, mesmo tendo saído do DM, ainda mantém contato comigo e com o jornal, mandam sugestões de pauta, artigos, etc.”, diz ele. Fernanda Laune e Ariana Lobo, jornalistas do caderno de Cidades,

confirmam a boa convivência e dizem que as grandes amizades cultivadas dentro do DM ajudam na jornada de trabalho cansativa e que além de terem feito amigos de trabalho, também levarão amigos para a vida. “Esse vínculo que criamos ajuda na motivação de no bom desempenho com o trabalho”, afirma Fernanda. “A rotina e a grande convivên-

Festejando o bom caminho Maria Elizabeth Fleury Teixeira Especial à

O jornalismo, de forma geral, sempre se pautou como um instrumento da liberdade de expressão, justiça social e democrática. Em Goiás, a imprensa jornalística não fugiu a essa regra, sendo constituída também por muito sonho e idealismo. Desde a distante época da publicação do primeiro jornal goiano, A Matutina Meyapontense, na primeira metade do século XIX, passando pelo Diário Oficial de Goyaz, já na antiga Vila Boa de Goyaz, então Capital do Estado, o ideário de liberdade de expressão marcou suas páginas com interessantes matérias, informações e política. Com o surgimento da República e o início do século XX, foi maior o desejo de se expressar democraticamente; A imprensa jornalística tornando-se mais popular alimentou sonhos literários, históricos e, principalmente, os sonhos políticos, ao motivar o surgimento de inúmeros periódicos, diários e semanários nas cidades goianas. Foram vários os jornais surgidos na esteira do idealismo e da esperança de uma sociedade mais livre, justa e feliz. Dentre esses jornais e periódicos, dois marcaram politicamente aquela época na antiga capital goiana: O Democrata e A Voz do Povo (antagonistas). Com a mudança da Capital, inúmeros jornais aqui surgiram e se acabaram. Entre os que permaneceram, um teve vida tumultuada, trajetória marcada por lutas, tristezas, glórias, desafios e alegrias. Na tranquila e jovem capital do Estado, na planejada Goiânia do final dos anos de 1950, jovens estudantes secundaristas se rebelaram movidos pelo ideal de liberdade de expressão, mudanças sociais e lutas democráticas. A história cita vários nomes dos jovens da época, entre eles Javier Godinho, Telmo Faria, Batista Custódio, Zoroastro Artiaga, Consuelo Nasser, Valterli Guedes e tantos mais na busca de uma imprensa livre de amarras sociais e políticas. Apoio indispensável à concretização desse grande vôo libertário de jovens goianos foi o do inteligente e irreverente político Alfredo Nasser, na cessão, a esses jovens da

antiga tipografia do Jornal de Notícias. Nasce então, o jornal Cinco de Março, no ano de 1959, tendo em sua direção o jornalista Batista Custódio e o grande objetivo de alçar novos vôos de liberdade e altruísmo, na luta por uma sociedade democrática em defesa da cidadania e liberdade de expressão. Sua trajetória até os dias de hoje teve altos e baixos. Vidas se foram, lutas se travaram, mas o ideal de liberdade de expressão sempre renasceu. Atualmente, caminha este jornal com passos firmes ao completar 57 anos e já antevendo as Bodas de Diamante; Outro nome tem por título “Diário da Manhã”, mas continua sob a mesma direção do velho cacique guerreiro, o entusiasta jornalista Batista Custódio, auxiliado por outros e tantos jornalistas, por filhos e amigos trazendo o mesmo ideário de liberdade de expressão do povo goiano. Entre seus cadernos temos o disputado Opinião Pública, onde abre as portas a jovens talentos ou a calejadas cabeças esbranquiçadas e privilegiadas, que buscam no ideal humanístico alçar novos vôos, novas formas de liberdade de expressão, o reverso da moeda ou o outro lado da história. Hoje, me ponho a relembrar a agitada trajetória de ambos os jornais: o Cinco de Março, 21 anos, e o jornal Diário da Manhã, 36 anos. Não passaram a vida em “brancas nuvens” como cantou um poeta Francisco Otaviano. Viveram cada Jornal e seu único presidente, os altos e baixos do destino, as glórias, a luz, e, repentinamente, o fundo do poço, a escuridão da injúria, do abandono moral e físico, o tempo das palavras vãs. Desceu ao inferno da injustiça social, da arbitrariedade política e renasceu com mais força e determinação, qual ave mitológica. Ao felicitar a continuidade dessa caminhada democrática do jornal DM, cumprimento o editor-geral Batista Custódio estendendo o mesmo a toda sua família de jornalistas, seja de sangue ou de coração, que há muito vem segurando este bastão com sabedoria, fé e pulso forte. Reverencio, na oportunidade, as memórias de Alfredo Nasser, Consuelo Nasser e Fábio Nasser, que hoje estão em outra dimensão, mas deixaram aqui o exemplo de seus sonhos e suas realizações. MARIA ELIZABETH FLEURY TEIXEIRA, PEDAGOGA, ESCRITORA, PRESIDENTE DA ACADEMIA FEMININA DE LETRAS E ARTES DE GOIÁS, PERTENCE A UBE, AGI, ATLECA E ABLAC

cia faz com que nós criemos vínculos positivos e as pessoas com as quais eu convivo no DM são quase como minha família. Fazemos Happy Hours e festas temáticas fora do ambiente de trabalho, parece que a gente não se cansa um do outro”, diz Ariana.

RELAÇÃO

Assim como em qualquer ou-

O talentoso chargista, José Almir de Andrade, considerado gênio por seus admiradores e especialistas em críticas ilustradas, recupera-se de um AVC que o atacou em estágio inicial e esperamos seu retorno para as páginas do DM, após todos os cuidados médicos necessários tro ambiente de trabalho, surgem novas pessoas e novos integrantes para uma grande família. Raphael Bezerra, jornalista do caderno de Cidades, está na equipe desde o inicio de 2016 e diz que sua primeira experiência tem sido muito boa, não só pelo trabalho, mas também pela relação com os colegas. O jornalista alega que a ajuda mu-

tua e a convivência com todos anima quanto a rotina corrida e que tem feito bons vínculos. Assim também afirma Danyla Martins, editora de política, “O relacionamento com as pessoas é muito agradável, não há briguinhas e desentendimentos. Independentemente de cargos e de editorias o clima entre as pessoas é bem amistoso”, afirma a editora.


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Diário da Manhã

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À MEMÓRIA

Os heróis que se foram Presença de Fábio Nasser na redação do DM era uma rotina de quem ajudava a ‘parir’ um jornal por dia. Com ele, que já se foi, Ferreira Júnior, Bernardo Élis e outros tantos ajudaram a erguer a bandeira da liberdade de expressão Ulisses Aesse

ÊÊ O MAIOR ESCRITOR NO DM

Especial à

O

Diário da Manhã é, sem dúvida, um jornal sem portas. Por aqui passa quem quer, na hora que quer. Sempre foi assim. E assim sempre será. Quem conhece a redação do Diário da Manhã sabe bem o que estou falando. A burocracia de outras empresas é quebrada, em seu paradigma, justamente aqui, na redação do DM. Lembrando seu editor-geral, o jornalista Batista Custódio, por aqui, cortando a redação, passa uma avenida fluente o dia inteiro. Onde qualquer um conhece a sua redação e com ela mantém a sua relação: de cordialidade ou de conflitos. O Diário da Manhã é uma redação aberta às opiniões. Sempre foi. E assim será. Desde os tempos imemoriais onde o jornalista Fábio Nasser era um de seus editores. Fábio Nasser, mesmo desencarnado, é uma presença física permanente na redação do DM. Está presente em cada móvel ainda usado na redação. De sua lavra, ainda permanece intacta a mesa e a máquina Olivetti, usada por ele em seus artigos, inclusive, em seu último artigo. A velha Olivetti de Fábio Nasser ainda há pouco tempo era usada, também, pelo jornalista Edson Costa, que anos a fio manteve no jornal sua indefectível coluna ‘Distrito Zero’, onde as mazelas da população eram colocadas em drops, num humor fino e popular. Tanto Fábio, quanto Edson, da velha escola, sempre preferiram a ‘descomodidade’ da máquina de escrever, em vez dos benefícios tecnológicos do computador, que, naquele tempo, aparecia como uma magia sem fim.

ÊÊ UM ÍCONE VIVO

EDSON COSTA está mais vivo do que nunca, mas ‘descontinuou’ sua coluna que relatava com bom humor a violência do cotidiano, quando Goiânia não era campeã de homicídios

Fábio Nasser foi editor de política e repórter, além de fechar a capa: cruzou as cidades goianas para fazer caderno da Ferrovia Norte-sul Fábio sempre foi jornalista, gosto herdado dos pais, Batista Custódio e Consuelo Nasser. Na redação do Diário da Manhã, habitualmente, ajudava os pais em tudo: na seleção de pautas, na titulação das matérias, nas opiniões, sempre contundentes, de seus artigos, cada um mais centrado nas críticas que os outros. Fábio sempre foi um jornalista presente, mesmo após a sua morte, em 1998. A sua presença começa a ser notada na própria capa do jornal, onde aparece escrito, na logomarca do jornal, Fábio Nasser Custódio dos Santos como fundador do DM, uma homenagem de seu pai, desde quando Fábio nos deixou.

SÍMBOLO DE REBELDIA

Erguida no arco de entrada do portão principal do DM está, também, uma estátua sua, feita pelo artista plástico Raul Vicenzio. Nela, Fábio Nasser, com seu indefectível sobretudo, esvoaçante, um símbolo de sua rebeldia (o poeta russo maiakovski tinha o seu, também), prega o revolucionário conteúdo do Diário da Manhã, onde todos opinam, indistintamente de seu poder aquisitivo ou de sua posição social. Assim como os pais, Fábio sempre defendeu, até a morte, a liberdade de expressão, tanto que depois de sua morte, através de um suicídio, o pai, o editor-geral, deu a determinação que se noticiasse tudo e que não escondesse nada aos seus admiradores e lei-

João Teixeira de Faria Especial à

A vida que tenho é minha maior dádiva, pois que não é minha, vem de Deus, e dou-a, inteira, para todos os que de mim se aproximam. E ao longo dessa bênção que já dura 73 anos, um amigo me surgiu nas luzes do amparo e que só de falar dele, eu fico sensível e emocionado: é o Batista Custódio. Ele sempre reconheceu meu trabalho espiritual. Agradeço a Deus a cada manhã, quando acordo e ao receber seu jornal, consigo observar sua árdua luta de fazer o Diário da Manhã chegar as casas e as bancas todos os dias. Seu jornalismo é sério, sem medo de escrever o que pensa. Batista Custódio é um homem com o peito aperto para as dores da vida, acumulador de cicatrizes,

tores. Foi assim naquele triste dia e assim sempre será. Um dos poemas escritos por Fábio Nasser ‘As ideias Sonham’ pode ser visto no jardim do jornal, num monumento informal feito pelo artista plástico Omar Souto após um pedido do pai de Fábio, Batista Custódio. No monumento, o poema anuncia a liberdade do Diário da Manhã numa pureza de poesia, que só Fábio sabia fazer. O poema foi construído após o fechamento do jornal, numa espécie de falência planejada pelos inimigos do períodico. Fábio ali, naquele momento, indignado, construiu os versos e teceu a luz que prognosticava, um dia, o retorno do DM. Como assim se deu. O mesmo poema, escrito a mão, com sua caligrafia, com um pincel atômico, repousa acima, na parede atrás da cadeira do jornalista Batista Custódio, que se vê, sempre, alí, mirando nos versos do filho. Não somente Fábio é homenageado na sede do Diário da Manhã. Ferreira Júnior, um dos mais experientes e antigos jornalistas do DM, também, ganhou uma escultura nos jardins, feita pelo artista plástico Omar Souto, em tamanho real. Sentado, com seu velho relógico Casio, com sua sempre bota oudoor e seu jeans clássico, Ferreira cruzava sempre a redação do DM com notícias alvissareiras. Algumas sempre boas, outras sempre ruins. Afinal, é essa a rotina dos jornalistas.

BERNARDO ELIS (foto), outro grande emblema da cultura goiana, também escreveu nas páginas do Diário da Manhã. Cronista efêmero, numa linguagem própria de um dos maiores escritores brasileiros, Bernardo era festejado como o maior nome de nossa literatura, reconhecido, inclusive, pela sua presença na Academia Brasileira de Letras (ABL). Bernado tinha Batista Custódio e Consuelo Nasser, também, falecida, como seus heróis de um jornalismo diário e libertador, sem as amarras da censura,que pulveriza as nossas atenções para além do planeta Terra. Bernardo, altivo, eloquente, na sua fala interiorana, não mensurava a sua importância para o jornalismo do DM, nem de Goiás. Escrevia com a fluência e qualidade de um escritor sem saber que se tornaria, um dia, o maior escritor do Centro-Oeste de todos os tempos, com a chancela de derrotar Juscelino Kubitscheck, o expresidente, numa eleição na ABL. Lógico que teve um dedo da rebeldia de Batista Custódio e Consuelo Nasser, do Cinco de Março e do Diário da Manhã, onde tempos depois, Bernardo defraudaria a sua bandeira de liberdade. Bernardo, também, foi tema de uma grande escultura nos jardins do DM. O artista plástico Omar Souto esculpiu na tempera do reboque Bernardo com seu velho e habitual quepe, que tanto usava na sua rotina diária de um grande observador. Élis compõe a beleza e a leveza da grande escultura que em uma só homenageia cinco grandes vultos goianos: Yeda Schmaltz, Cora Coralina, Pedro Ludovico, Santa Dica e o próprio Élis. A arte no resumo da história. Tanto Fábio quanto Ferreira Júnior ou Bernardo Élis encarnavam este espírito libertário das notícias com voos de pássaros nas asas do tempo. Fábio ainda está solene na fotografiaposter-outdoor gigantesco na redação do Diário da Manhã, onde nos ‘espia’ com a convicção

Bernardo Élis, um dos maiores escritores do país, visitava a redação do Diário da Manhã sempre com seus textos prontos para publicar: preferia ver suas criações no DMRevista de que a morte é para os fracos e que a vida é sublime ainda que percamos o contato físico com as pessoas. Compreender esse espírito de liberdade nos faz sorrir para a adversidade e caminhar indo somente apoiado no poder dos olhos e da mente como se nada fosse tudo senão nada em tudo que somos. Nessa semente de amor, eis a dor e algo que deixamos de compreender: se somos isso, porque deixamos de ser isso? Não, não deixamos de ser isso. A morte não nos limita à morte. Somos a essência do ar, do mundo, de alguém, que uma dia nasceu e ainda respira.

ÊÊ CORINGA NA REDAÇÃO FERREIRA JÚNIOR era uma espécie de coringa na redação do Diário da Manhã e fazia de tudo que lhe era dado como missão. Assumiu da Editoria Especial à Editoria de Cidades, caso lhe fosse confiada a atividade. Ferreira foi embora, também, sem muita explicação. Um problema no coração o afastou fisicamente de seus colegas e o levou ao Divino. Mas está aqui, sempre, com seus ensinamentos de quem adotou o jornalismo como um sacerdócio, não como uma atividade apenas divertida e lúdica. No dia do enterro de Ferreira Júnior, estava em Jataí, uma pequena grande cidade do Sudoeste Goiano, mais precisamente em Serranópolis, onde dos promontórios habitados pelas araras azuis pude me firmar no silêncio da vida e no firmamento das coisas. Nelas busquei uma explicação pela morte de Ferreira. A tive numa oração comigo mesmo e nas plumas das palavras que me vinham no sussuro do vento. Ali me vi flanando, como o Carcará no céu de meu Deus.

Ferreira Júnior tornou-se uma escultura nos jardins do Diário da Manhã: foi apelidado de “Google” pelo jornalista Nilson Gomes, pois sabia tudo quando não existia internet

O jornal, amigo de Deus, que planta esperanças nos corações sofridos

mas nunca de mágoas. Ao longo dessa trajetória de dificuldades ímpares, mantém um sorriso sereno e seu abraço sempre aberto, assim como estão as portas do Diário para quem quer que precise de uma voz e não sabe onde encontrar o seu próprio grito. O DM tem este sagrado papel: ser o brado das multidões sofridas e emudecidas de dor. Batista é a coragem encarnada em forma de letras. É bom e honrado desde a infância ao seu atual grisalhar. Sempre respeitou o arquiteto maior, que é Deus. Agradeço-o por me apoiar com boas matérias sobre mim. E quero que saibam!, Batista é amparado pelas entidades de luz. Jornalista de fé e amor. Hoje em dia, características raras.

Graças a seus escritos sobre a minha jornada mediúnica, eu pude continuar minha missão de atender milhares de pessoas que precisam do tratamento espiritual do qual Deus me designou. O DM sempre acreditou na seriedade do que faço. A minha amizade com o Batista é uma aliança contra a adversidade, aliança sem a qual eu ficaria desarmado contra as intempéries da vida. É fruto de um Amor de verdade, que será preservado pela eternidade. É ele uma das pessoas que mais admiro, respeito e tenho consideração. Ele doa o seu bravo trabalho, sem descanso, em prol dos leitores e do Brasil. Merece estar entre os jornalistas mais influentes do ano. É

uma das almas mais humanistas e inteligentes que já conheci. JOÃO TEIXEIRA DE FARIA, O “JOÃO DE DEUS”, MÉDIUM E FILANTROPO


Diário da Manhã

ESPECIAL

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36 ANOS DO JORNAL DIÁRIO DA MANHÃ

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Aparecida Andrade Especial à

F

undado no dia 12 de março de 1980, pelo editor-geral, Batista Custódio dos Santos o jornal Diário da Manhã representa uma sequência em evolução do que foi o Cinco de Março. Instituído por ele, o semanário surgiu da necessidade de dar voz ao povo. “O Cinco de Março nasceu porque a imprensa era governista e acomodada, então nasceu dos ideais de você ter um órgão de comunicação para defender a população”, define Júlio Nasser presidente do jornal. Nas palavras do editor-chefe de reportagem e coordenador de pauta, Ulisses Aesse, o então Cinco de Março foi uma experiência que aprofundou a liberdade de expressão e opinião no Estado de Goiás. O qual posteriormente foi sequenciado pelo jornal Diário da Manhã que promoveu a readequação da necessidade de o leitor ter o acompanhamento diário da notícia. “O Cinco de Março foi um jornal que pugnava pela liberdade de expressão, assim como o próprio Diário da Manhã e que tinha o objetivo de agradar todas as correntes partidárias. O Cinco de Março foi também um jornal com o objetivo de acordar, sacudir Goiás que, até então, passava por uma experiência, um pouco traumática, que era do Golpe Militar que, de certa forma, tomou conta do Brasil”, recorda. Ulisses descreve que até então em Goiás nenhum jornal circu-

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MÍDIA

Um jornal de inovações DM é o vanguardista que aprofundou a liberdade de expressão e opinião no Estado de Goiás

ÊÊ CADERNO OPINIÃOPÚBLICA, A LIBERDADE EXTRAPOLOU O SONHO

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DM.COM.BR

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GOIÂNIA, SÁBADO, 2 DE JANEIRO DE 2016

OPINIÃOPÚBLICA

lava as segundas-feiras e era uma prática comum dar descanso aos profissionais da mídia no domingo, não tendo, assim, a edição de segunda-feira. Atento a essas necessidades, na busca de modernizar e ao mesmo tempo preencher essa lacuna e dar maior conteúdo editorial para seus leitores, o editor-geral, Batista Custódio decidiu inovar colocando o DM para circular também na segunda-feira. “Isso, de certa forma, foi um avanço, foi um passo à modernidade porque fez com que todos os outros jornais passassem também a ter esse compromisso de ter a sua edição na segunda-feira. Até porque segunda-feira é um dia importante para a leitura de jornais. Um jornal como o Diário da Manhã, como o próprio nome já coloca, diário, tem que representar todos os dias da semana”, cita.

JÚLIO NASSER, PRESIDENTE

“O jornal tem que se reinventar e nós estamos fazendo isso para que ele mantenha sua relevância nesse tempo atual. Se por um lado a internet satura o mercado de notícias, por outro lado há uma carência de confiabilidade, de notícias ‘premium’. Você consegue achar muita sujeira na internet. Mas material de qualidade está em poucos lugares. É nisso que focamos, conseguir, tanto no impresso quanto no digital, ter um jornal com informações diferenciadas, pois o mercado está global”

ÊÊ PRIMEIRO A SER COMPLETAMENTE COLORIDO “Era tudo arte gráfica eu não tinha Photoshop, não tinha programa de paginação, então era tudo feito na unha. Não sobrava tempo para fazer um jornal todo colorido”, recorda Júlio Nasser presidente do jornal. Conforme depoimento de Júlio Nasser, o jornal Diário da Manhã começou a soltar as páginas coloridas em uma época que não tinha jornal colorido. Lembra que na Copa de 1982, o DM circulou alguns dias colorido. Mas foi só depois de 1989 que começaram a desenvolver tecnologia para circular o jornal colorido. Até então, ele menciona, existia uma dificuldade industrial muito grande. “Não existiam computadores, tudo era feito ‘na unha’. O jornal sempre buscou novas formas de levar a notícia para o leitor, então nós fomos fazendo inovações a partir do momento que a tecnologia permitia para a gente. Tão logo foram lançados computadores no mercado e o Bill Gates lançou o sistema operacional

Windows o Diário da Manhã foi o primeiro jornal informatizado do Brasil”, expõe. O editor-chefe de reportagem e coordenador de pauta Ulisses Aesse observa que essa foi mais uma inovação a qual o editor-geral do jornal, Batista Custódio estava à frente. “Ele sentiu a necessidade de não priorizar páginas coloridas, queria homogeneizar todo o conteúdo do jornal como tendo a mesma importância. O DM foi pioneiro em colocar todas as páginas do jornal colorida”, diz. O resultado de mais uma decisão assertiva, afirma Júlio Nasser, foi que no final das contas o jornal chegou quase a liderança do mercado com essa inovação. “Melhorou muito a participação do mercado. E, se hoje nós não somos o maior é porque o jornal não é feito para a classe D e E, e nem distribui prêmios. É um jornal de leitura e é proporcional ao tanto de gente que tem em Goiás” considera.

Diário da Manhã – 36 anos de resistência Bento Fleury Especial à

Desde o seu luminoso surgimento em 12 de março de 1980 em Goiânia, o jornal Diário da Manhã tem sido um baluarte na luta pela imprensa livre e democrática, liberta de peias e de amarras. Seguindo a linha do jornalismo investigativo e opinativo, o jornal tem marcado sua trajetória pela força e idealismo de Batista Custódio, um vencedor que se fez a custa de si próprio, de seu idealismo e de sua persistência desde a juventude.

Casamento de Batista Custódio e Consuelo Nasser, depois de 18 anos de união. Como padrinhos, vê-se o então governador Ary Ribeiro Valadão e Maria Bahia Peixoto Valadão. Na vida que se foi e na vida que continua, todos os momentos de Batista Custódio foram e continuam sendo abençoados por Deus. DM, estamos com você! Somos elos de uma mesma corrente!

Inicialmente o DM funcionava na Avenida 24 de outubro em Campinas e com muita luta conseguiu a sede própria na Avenida Anhanguera na Praça da Bíblia, no setor Leste Universitário. Ali é porto e oásis, em meio aos seus jardins, ao bucolismo de seu verde e na esperança que sempre brota em acreditar em algo que está além da própria vida. Foge o DM ao imediatismo do agora. Ali povoam imaginários lúdicos nascidos de inspirações espirituais de Consuelo e Fabio Nasser, também dois idealistas que se aproximaram de Deus. Em 1984 o DM foi fechado por pressões e boicotes. Mas, não se absteve da luta e com muito empenho, renasceu dois anos depois. É uma fênix que, das cinzas alça seu voo; é como a grama verde, que, quanto mais podada, mais brota, porque carrega anseios não só de amealhar riquezas e juntar o ouro que se enferruja no avançar das gerações. Ele está acima das injunções rotineiras e políticas passageiras dessa vida. O DM é marca identitária da resistência. Nós somos minúsculas pedrinhas dessa grande muralha que já traz muito da coragem de Batista Custódio que, desde 1959, no Cinco de Março, traduzia o que, ao longo da vida carregaria consigo: a fé e a esperança. Batista Custódio é um homem admirável, que mesmo nos embates, nas aparentes perdas, flui muito acima, mantendo a serena consciência de que deste mundo, muito não podemos esperar. Sua espiritualidade o ampara e o guia. BENTO ALVES ARAÚJO JAYME FLEURY CURADO, ESCRITOR, PROFESSOR, GRADUADO EM LETRAS E LINGUÍSTICA, PÓS-GRADUADO EM LITERATURA COMPARADA, MESTRE EM LITERATURA, MESTRE EM GEOGRAFIA, DOUTORANDO EM GEOGRAFIA PELA UFG

cessariamente. A má notícia é que, mesmo quando for iniciada a retomada do crescimento da economia (e, portanto, do consumo de energia), o fator de carga deverá continuar caindo, porque a expansão contratada nos leilões de energia supera o mais otimista cenário de crescimento nessa retomada. Ciente dessa realidade, o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) decidiu parar o despacho das centrais térmicas com custo operacional superior a R$ 600/MWh em agosto passado. Recentemente, o Ministério de Minas e Energia (MME) anunciou que pretende estender a parada do despacho para as centrais com custo operacional superior a R$ 400/MWh. Pelo menos 2 GW de capacidade instalada ficarão permanentemente ociosos após essa decisão. Os custos dessa ociosidade serão pagos pela sociedade. A regulação da Aneel permite que as distribuidoras repassem para as tarifas elétricas até 5% da energia por elas contratada nos leilões de energia, ainda que não utilizada por seus consumidores. Dessa forma, a maior parte do ressarcimento dos custos dessa capacidade ociosa acabará saindo do bolso dos consumidores cativos das distribuidoras. Contudo, algumas distribuidoras anunciam que o repasse de 5% da energia não consumida para as tarifas não é suficiente. O consumo de energia está muito abaixo da ener-

ta vez para evitar o colapso financeiro das distribuidoras. Já se pode visualizar um novo entrevero judicial entre as distribuidoras e a Aneel no início de 2016.

Lafaiete Neves

(Adilson de Oliveira, professor do Instituto de Economia e membro do Conselho Curador da UFRJ - Texto originalmente publicado no site: gazetadopovo.com)

O ano de 2015 foi marcado por grandes acontecimentos bons e alguns lamentáveis. Entre os lamentáveis, temos a crise econômica mundial iniciada em 2008, com recessão, desemprego e elevação da inflação, que o Brasil parecia ter driblado com as políticas de incentivo ao consumo, com a redução do IPI para a indústria, desoneração da folha de pagamento das empresas, ampliação do financiamento ao consumo com juros baixos e políticas públicas de distribuição de renda via bolsas. Tudo isso não barrou a crise da economia brasileira, que chegou pesada, levando à adoção sem critérios de medidas drásticas com o ajuste fiscal e cortes de financiamento público para as áreas sociais como saúde, educação e saneamento. Os mais atingidos foram os pobres, com a elevação da inflação e o desemprego crescente. Junto com a crise econômica veio a crise política, com a ameaça de impeachment da presidente Dilma Rousseff e a cassação do deputado federal Eduardo Cunha, que, mesmo tendo uma forte base de apoio na Câmara, tem sofrido sucessivas derrotas. A presidente, com a vitória obtida no STF, revertendo o voto do ministro Luiz Edson Fachin, teve um alívio na pressão institucional e política que estava sofrendo,

tendo inclusive melhorado seu índice de rejeição nas últimas pesquisas de opinião pública. A crise econômica se estende para os estados e municípios, levando a cortes de investimentos públicos em infraestrutura e a atrasos no pagamento de salários e 13º do funcionalismo público, agravando o quadro de recessão e desemprego. A sociedade começa a entender que ela é responsável por esse estado de coisas. As denúncias de corrupção por parte das empreiteiras de obras públicas, com maior destaque na Operação Lava Jato, atingiram a Petrobras com o envolvimento de funcionários graduados. As investigações levaram às delações premiadas e às prisões de corruptos de colarinho branco, inicialmente atingindo figuras de destaque do PT em plano nacional e regional, mas estendendo-se recentemente a partidos da base aliada, como o PMDB, e da oposição, como PSDB e Democratas. A crise se manifestou também em crimes ambientais, tendo como principal cenário o desastre ambiental em Mariana, envolvendo grandes empresas internacionais como a Vale e a Samarco, responsabilizadas pelo Ministério Público pelo desastre ambiental à medida que não fizeram investimentos para evitá-la. Até o momento, apesar de os crimes ambientais serem legalmente considerados como inafiançáveis, nenhum grande executivo dessas empresas foi preso. Os conflitos na Síria e em outros países da África têm levado a um intenso processo de emigra-

ção, levando milhares de imigrantes para a Europa, onde são duplamente penalizados pelos conflitos em seus países e pela discriminação como exilados. O ano recém-encerrado também apresenta seu lado positivo, que se manifesta pela exigência da sociedade pela punição dos responsáveis pelos atos de corrupção e impunidade. Os vários crimes até então impunes envolvendo figuras públi-

cas e partidos políticos fazem, lentamente, surgir uma autocrítica na sociedade: a corrupção e os preconceitos são culturais, estruturais. A sociedade começa a entender que ela é responsável por esse estado de coisas, à medida que não existe corrupto sem corruptor e que políticos corruptos são eleitos pela compra de votos financiados pela venda de seus mandatos aos financiadores das campanhas eleitorais. Começa

a entender que pequenos comportamentos de corrupção pessoal frente aos filhos, aos agentes públicos e no emprego geram uma sociedade e uma cultura corrupta. Vemos uma sociedade mais atuante, que busca intervir para melhorar as condições e a qualidade do transporte público, o quadro da saúde pública deteriorada com a volta de doenças endêmicas antes extirpadas, exigindo dos poderes públicos uma resposta mais célere. No campo da educação, vimos a bela lição dos jovens secundaristas em São Paulo, que ocuparam escolas públicas contra a política do governo estadual de restruturação, visando fechar escolas sem discutir com a comunidade tal decisão. A ação ganhou tal dimensão que o governo estadual foi obrigado a recuar e suspender tal medida. No Paraná , vimos a bela lição dos professores que, duramente reprimidos pelo governo estadual, enfrentaram a repressão e desmascaram o Executivo e o Legislativo estadual, incluindo aí o vexame do camburão. Fatos como esses fazem renascer a esperança de um ano novo melhor que este que terminou. Em 2016, teremos eleições municipais e poderemos verificar se de fato a sociedade está evoluindo no seu senso de cidadania. (Lafaiete Neves, professor aposentado da UFPR e doutor em Desenvolvimento Econômico pela UFPR, é autor de “Movimento popular e transporte coletivo em Curitiba” – Texto originalmente publicado no site: gazetadopovo.com)

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alavra do POVO

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Duas questões

suas atitudes firmes em relação a investigados na operação Lava Ja-

to são muito válidos. E servem também para uma profunda reflexão sobre duas questões básicas. A primeira, é que não se pode acusar apenas a classe poliítica pelas suas ações irregulares. Infelizmente parte do empresariado também deixa a desejar em termos de seriedade de atitudes. E que sejam punidos pelos erros cometidos. Mas a outra questão é que precisamos aprender a praticar a cidadania, votando com consciência e mais, acompanhando o trabalho e desempenho de quem é eleito, usando organizações coletivas. Chega de reclamações individuais e desabafos emocionais, como donos da verdade. (Uriel Villas Boas, via e-mail)

PF em estado de alerta! Muito grave a notícia de que a PF está sofrendo cortes no orçamento. Gravíssima, aliás, pois uma das queixas constantes de Lula ao ministro da Justiça é de que ele não consegue “controlar” a PF. Ora, o ministro atendeu ao chefe: cortou-lhe verbas. O que os delegados temem, segundo carta enviada a Cardozo, é o sucateamento do órgão em sua missão de combater o crime organizado, os crimes decorrentes dos desmandos políticos e econômicos e a corrupção. Que fiquemos atentos a isso, pois este tipo de contingenciamento pode e deve levantar suspeita de que o governo está, de fato, querendo “cortar as asas” da PF, que, por certo, anda lhe criando muitos problemas e danos

políticos. Ninguém, especialmente a mídia, deve ignorar a clara intenção do PT, pois na carta enviada, os 27 delegados que a subscrevem declaram sobre o corte: “Uma redução orçamentária dessa monta importará, necessariamente, na drástica diminuição das ações investigativas da Polícia Federal no ano que se aproxima, pois contratos celebrados para garantir o seu regular funcionamento serão suspensos ou cancelados e projetos que visam ao seu aperfeiçoamento serão completamente abandonados por absoluta falta de recursos.” Isto representa uma séria ameaça institucional e, portanto, grave perigo para a nossa já combalida democracia. Fiquemos alertas, portanto, pois

com a vocação autoritária deste partido no poder, não dá para deixar de estar sempre em estado de alerta, o que é sempre muito desgastante. Nós, brasileiros, estamos cansados disso! (Eliana França Leme, via e-mail)

Pessimismo dos analistas

Chico Buarque Por que será que o Chico Buarque bajula tanto o Lula, Dilma, PT e o Comunismo? Por que será que ele se irritou tanto com as hostilizações que cidadãos lhes impuseram em um restaurante no Leblon, Rio de Janeiro? Chico, da mesma maneira que você tem essa preferência política da qual não tem coragem de expor publicamente, saiba que a nossa constituição garante aos seus adversários também gostar de quem quiser, e estes não negam a sua preferência predileta. Gente civilizada topa um diálogo público para discutir isso e defender seus próprios objetivos. E você, topa? Seria uma grande oportunidade para explicações que a imprensa amestrada esconde dos brasileiros, como Ana Holanda, sua irmã, conseguiu emplacar o Ministério da Cultura e cometeu até deslizes em cobrança de diárias no seu lugar de residência; sua sobrinha Bebel Gilberto rapou R$ 1,9 milhão pela Ruanet; Thaís

Uma de João sem braço O presidente do PT, Rui Falcão, pau mandado de Lula, cobra ousadia da Dilma na política econômica. A tal da ousadia solicitada por Falcão é a mesma que começou na gestão de Lula, e a Dilma, como péssima admi-

nistradora, avalizou e implementou sem piedade, colocando no fundo do poço os nossos fundamentos macroeconômicos. Porque, como predadores do desenvolvimento econômico e social, aplicam sem piedade o tripé

de gastar mais do que se arrecada, das traquinagens contábeis, e pedaladas fiscais! Inclusive ousaram também quando montaram suas quadrilhas, sob a complacência de Lula, assaltando literalmente as nossas es-

Gullin, sua namorada, também levou R$ 800 mil; Carlinhos Brown, seu genro, embolsou R$ 996 mil; o filme Chico e o artista tempo receberam R$ 4,4 milhões dessa lei arapuca dos artistas Ruanet. Chico, foi publicado que você teve até um tradutor coreano pago com o dinheiro público. Chico Buarque, você sabe qual é a fonte de todo esse dinheiro, sabe quem trabalha para pagar isso tudo? E você ainda acha ruim quando lhe apuparam? Isso é postura de um tirano ditador comunista como foi Fidel Castro, Che Guevara, Kim Jong-un, Vladimir Putin, Lula, Dilma, etc. Diz a nossa constituição que na democracia os seus direitos são iguais aos dos outros. Então, que tal vir a público e esclarecer frente a frente com os seus opositores que já enfrentaram coisas muito piores do seu amado Partido dos Trabalhadores de quem não gosta de trabalhar? (Benone A. de Paiva, via e-mail)

tatais. Na realidade, ao criticar, ou pressionar o próprio governo petista da Dilma, Rui Falcão dá uma de João sem braço, e tenta despistar os mais de 200 milhões de brasileiros de que o Partido dos Trabalhadores não tem nada a ver com a derrocada da nossa economia e do imenso lamaçal da corrupção... (Paulo Panossian, via e-mail)

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Bem preocupado, assim como toda sociedade brasileira com o desenrolar da nossa economia ano de 2015, e também como que o então novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, apesar de competente, um estranho no ninho apodrecido do PT, poderia conduzir o improrrogável ajuste fiscal, fiz questão de guardar o caderno de Economia do Estadão, edição de 21/12/14, enriquecido com as perspectivas dos mais renomados especialistas em macroeconomia. E confrontando com o publicado pelo mesmo jornal em 3/01/16, contendo também perspectivas de vários especialistas para este ano, podemos perceber que o início de 2015 era bem menos traumático com relação ao que se vislumbra, e os especialistas confirmam para 2016. Inclusive boa parte das criticas dos analistas recaia sobre o pífio superávit primário de 1,2% que almejava Levy. Mas, depois das descobertas criminosas das peda-

ladas fiscais, e queda de arrecadação, terminamos o ano com um déficit inédito de R$ 120 bilhões. Também da queda não prevista do PIB de 4%. Déficit público dos mais altos do mundo! Juros idem! Governo que não governa! Sem credibilidade! Sem grau de investimento! E sem a dignidade que pelo menos Joaquim Levy queria implementar nas contas públicas, e recuperar a economia. Mas, para 2016, a projeção é de mais um PIB negativo de 3%, e desemprego de 12%, ou corte neste ano de 2,2 milhões de empregos. Maior fuga dos investidores. E crise política, recheada com um provável impeachment da presidente, e de dezenas de políticos ameaçados de prisão por envolvimento no Petrolão, este quadro desolador, certamente promoverá mais incertezas e quebradeira de empresas em massa. E um sonhado governo de coalizão muito mais distante... (Paulo Panossian, via e-mail)

Muito aquém do esperado

É impressionante o nível de obtusidade desse pessoal que diz apoiar o governo do PT. Com o País às voltas com a maior crise econômica de que se tem notícia, e com as contas públicas em frangalhos, as lideranças das principais centrais sindicais, explicitando sua proverbial miopia, estão a condicionar o apoio ao

governo ao fim do ajuste fiscal. “O País não suporta mais o receituário econômico, de ajuste (...) é claro que a Previdência deve ser discutida, mas não é um quadro urgente...” disse o secretário-geral da CUT, Sergio Nobre. “Estranhei a defesa dele (Levy) das reformas previdenciárias e trabalhistas numa hora dessas”, disse

o presidente da Força Sindical, Miguel Torres. Por seu turno, o presidente da UGT, Ricardo Patah, não deixou por menos: o governo corre “riscos” se apresentar reformas como o estabelecimento de idade mínima para aposentadoria pelo INSS, além de reformas na CLT. Parece claro que essa turma toma o efeito pela causa. Não foi o ajuste fiscal – ainda pendente e feito precariamente, a trancos e barrancos – que levou o País à situação atual, e sim a irresponsabilidade fiscal do desgoverno Dilma, seu populismo, sua gastança desenfreada e suas pedaladas fiscais que maquiaram dados contábeis. Fechar os olhos a isso e insistir nos mesmos equívocos do passado só agravará a situação atual, que já é das piores, mas esses chefetes trabalhistas – clientes das tetas do Estado – mostram-se, mais uma vez, aquém do que deles poderia esperar o País. Vai cada vez pior o Brasil. (Silvio Natal, via e-mail)

A ganância e a tornozeleira Segundo revela a jornalista Monica Bergamo na FSP, Delcídio Amaral, o senador petista preso na Superintendência da Polícia Federal em Brasília, tem claustrofobia, passa mal na prisão e conclui que “agora está só”. O senador aguarda a sua hora com possibilidade de além de perder o cargo, perder sua liberdade, este o maior bem que todo cidadão deveria prezar. Mas a ganância para alguns vale mais que a honra, o caráter e a dignidade, como estamos assistindo nesses últimos tempos. A classe política perdeu seu status, está desa-

creditada e é desprezada pelo cidadão consciente. Delcídio, que estava acostumado com uma vida intensa, está só entre quatro paredes. Esses dias de angústia não deveriam servir para o senador abrir a boca e contar logo tudo o que sabe, já que sua vida foi exposta em rede nacional? Ou o senador prefere estar atrelado a uma tornozeleira, no conforto de sua casa, levando na sua consciência todo mal que praticou? A escolha é sua senador, assim como foram as demais que o levaram à prisão. (Izabel Avallone, via e-mail)

editor-geral do jornal Diário da Manhã Batista Custódio estava em casa escrevendo um livro quando vislumbrou de sua intuição criar um caderno de opinião. Ele inspirou-se em um jornal que o escritor francês Victor Hugo iria fazer, que seria um diário europeu, um veículo de opinião. O objetivo do caderno era que pessoas de acordo com suas especialidades dessem sua opinião e assim o fez. Sendo o caderno de Opinião do Diário da Manhã o primeiro da história da imprensa mundial. Para o editor-chefe de

DM.COM.BR

GOIÂNIA, SEXTA-FEIRA, 29 DE JANEIRO DE 2016

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OPINIÃOPÚBLICA

Carvalho, a voz de Lula, está sugerindo que as três instituições operam segundo um ardiloso plano político-partidário. É uma alegação paralela à de Eduardo Cunha – e um sintoma de temor típico dos que têm algo a esconder. Há muitas coisas incomuns nas atividades de Lula e nos negócios de seus filhos. Quando um ex-presidente que continua a exercer influência decisiva no governo profere palestras patrocinadas por empreiteiras condenadas no escândalo do petrolão e remuneradas em valores extraordinários, emerge uma natural desconfiança. Quando os negócios de um de seus filhos recebem impulso notável de uma empresa de telefonia beneficiada por alteração no marco regulatório decidida pelo governo de Lula, algo parece fora de lugar. Quando os negócios de outro filho se misturam aos de um lobista preso por corrupção, a coincidência

solicita investigação. Lula é, pessoalmente, desonesto? A pergunta tornou-se razoável, mas uma resposta negativa carece de fundamento e, antes de um processo, deve ser marcada com a etiqueta da calúnia. A imputação de desonestidade política, por outro lado, depende da opinião pública e, em certos casos, do Congresso, não dos tribunais. O tema pertence ao universo da ética e varia, no tempo e no espaço, ao sabor dos valores sociais hegemônicos. Nas repúblicas democráticas contemporâneas, a sujeição do Estado a interesses políticos particulares e o desvio de recursos públicos para fins partidários caracterizam a desonestidade política. Nesse sentido, Lula é uma alma desonesta. As provas estão à vista de todos, a começar da “entrevista” concedida aos bajuladores. A existência de blogueiros chapa-branca não é um problema, mas seu financiamento

com recursos de empresas estatais (a Petrobras, a Caixa, o Banco do Brasil, os Correios) infringe o princípio da impessoalidade da administração pública. A nomeação de diretores da Petrobras segundo critérios partidários, conduta defendida por Dilma, que está na raiz do petrolão, é uma forma de privatização do Estado. O uso da Petrobras como patrocinadora do Fórum Social Mundial, um encontro de ativistas de esquerda simpáticos ao PT, faz parte da mesma classe de práticas. Jaques Wagner nunca criticou tais iniciativas, mas reconheceu que o PT “se lambuzou” no poder. Lula chefiou a farra dos “lambuzados”, assegurando para si mesmo um lugar de honra no panteão de nossa “elite de 500 anos”. “A curiosidade é condição necessária, até mesmo a primeira das condições, para todo trabalho intelectual ou científico”, escreveu

Amós Oz, acrescentando que “em minha opinião a curiosidade é também uma virtude moral”. Uma face ainda mais relevante, se bem que menos evidente, da desonestidade política de Lula é seu esforço para, em nome de seus interesses políticos, abolir a curiosidade do debate público brasileiro. Lula instaurou um paradigma nefasto na linguagem política que consiste em retrucar a qualquer crítica por meio de uma acusação de preconceito dirigida ao crítico. O argumento do interlocutor não interessa. Ele critica para reagir à ascensão ao poder de um pobre que conheceu a fome, de um operário metalúrgico filho de mãe analfabeta. Ou para contestar a competência da primeira mulher a chegar à Presidência. Ou, alternativamente, com a finalidade de sabotar as políticas de combate à pobreza, de inclusão dos negros ou de proteção aos índios. O crítico é intrinsecamente mau. Se não o for, está a serviço da elite, de ambições estrangeiras ou de ambas. A linguagem política lulista, um relevo inescapável na paisagem brasileira, espalhou-se tão rapidamente quanto a dengue, as obras superfaturadas e o vício do crack. O assassino de nossa curiosidade é uma alma desonesta. Lula colhe os frutos da árvore que plantou e, metodicamente, irrigou. Os fabricantes de “pixulecos” aprenderam a lição de sectarismo que ele ensinou. Aceitaram a divisão do país segundo as linhas do ódio político. Chamam-no de “ladrão” e “bandido” para circundar o caminho difícil do argumento. No país do impropério, do grito e da palavra de ordem, identificaram a escada do sucesso. O principal legado do lulismo é essa espécie peculiar de devastação ambiental. (Demétrio Magnoli, sociólogo Texto originalmente publicado no site: gazetadopovo.com)

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alavra do POVO

Estarrecidos estamos nós cos amigos do Planalto, como descaradamente fez também o BNDES, etc. Surda, soberba, autossuficiente, desprezou, não ouviu, e deu no que deu: déficit fiscal inédito de R$ 120 bilhões, queda do PIB, que deve ficar em torno de 4%, e desemprego para 1,542 milhão de trabalhadores brasileiros. Tudo isso num só ano como de 2015! E se a Dilma somente ficar estarrecida, falando abobrinhas, criticando a imprensa, oposição, FMI, etc., e não trocar todos os seus colaboradores por gente competente, e deixálos trabalhar, a situação que já é angustiante poderá piorar... (Paulo Panossian, via e-mail)

A comparação da Dilma Senhora Dilma Rousseff, que coisa mais ridícula uma cidadã ocupando o mais alto cargo da República num desprestígio político do mais alto de toda a história republicana brasileira e ainda ter a insensatez de se comparar a Getúlio Vargas! Talvez a senhora quis dizer apenas ao tempo que ele foi ditador e, mesmo assim, não tem comparação! E ainda diz que o “impeachment” é golpe e que não vai sair! Cruz-credo, não conhece nem a constituição! A senhora não tem assessoria para lhe orientar? (Benone Augusto de Paiva, via e-mail)

Dobrar a meta

Pré-sal para estrangeiros Dilma, exercitando a sua já famosa inteligência, vislumbrou uma solução para a Petrobras sair da terrível crise em que se encontra: flexibilizar a exploração do pré-sal para estrangeiros. Porém, com o preço atual do barril de petróleo e o alto custo de extração do pré-sal, só se esses estrangeiros para quem ela pretende empurrar esse mico forem aqueles antigos portugueses das anedotas, pois nenhum português de verdade, nem qualquer outro estrangeiro, será burro o bastante para cair nessa de gastar US$ 60 para produzir um barril que custa US$ 30 no mercado. (Ronaldo G. Ferraz, via e-mail)

Dilma Rousseff resolveu acumular, além da presidência, onde não faz absolutamente nada de útil, o Ministério da Fazenda e agora a presidência do Banco Central. Transformou seus titulares em meros estafetas. Aliás, já demonstraram capacidade para esta nova tarefa. Apenas acho que seus salários estão inadequados. Poderia ser no máximo um salário mínimo e aí até acharia que o governo teria dado início a um ajuste fiscal. Penso que Dilma, quando faliu a lojinha de R$ 1,99, prometeu a si própria que iria dobrar a meta, ou seja, falir o Brasil. E está conseguindo. (Paulo Henrique Coimbra de Oliveira, via e-mail)

O Brasil está perdendo a guerra contra o Aedes aegypti A epidemia de Ebola que desde 2013 fez 3,5 mil vítimas em Serra Leoa e se alastrou por outros países da África Ocidental, como Libéria e Guiné, está encerrada, porque esses países ficaram 42 dias sem nenhum caso registrado, portanto, estão livres da doença. Não há como comparar a gravidade da doença deles e as condições em que vivem. Aqui no Brasil, o ministro da Saúde,

Marcelo Castro, na maior cara de pau, declarou que estamos perdendo feio a batalha contra o mosquito Aedes aegypti e que estamos há três décadas convivendo com o mosquito, responsável pela transmissão de Zika, dengue e Chikungunya. A OMS contestou as declarações do ministro e considerou sua fala fatalista. Então, cabe perguntar onde foi todo o dinheiro da saúde reco-

lhido da CPMF que não produziu uma vacina? E onde estão os investimentos da saúde que todo candidato diz que vai resolver? E a presidente Dilma ainda quer a volta da CPMF? Há estados, como Minas e Pernambuco, com epidemia de dengue e nada se diz. Essa é uma pequena mostra da ineficiência, do descaso, da falta de gestão e seriedade com a coisa pública. Atenção,

eleitor, veja bem quem promete resolver o problema da saúde! Você é vítima dessas promessas. E por acreditar em promessas falsas e baratas, o Brasil está se tornando o País do atraso, do retrocesso e da maior corrupção de que se tem notícia. Enquanto você deixar, os políticos vão roubar. Isso é uma vergonha, um acinte, reaja! (Izabel Avallone, via e-mail)

GOIÂNIA, TERÇA-FEIRA, 19 DE JANEIRO DE 2016

DM.COM.BR

OPINIÃOPÚBLICA Mino Carta Especial para OPINIÃOPÚBLICA Já tivemos um exército de ocupação, convocado pela casa-grande em 1964. O gendarme indispensável ao golpe, a favor dos senhores com a bênção, não somente metafórica, de Tio Sam. De mais de uma década para cá, somos forçados a colher fortes indícios de que contamos com uma polícia para cuidar dos interesses da minoria privilegiada. Aquelas Forças Armadas derrubaram o governo. Esta polícia, ou pelo menos alguns de seus núcleos, conspira contra o governo. O tio do Norte está aparentemente mais distante, mas não desgosta de um satélite em lugar de um país independente. A postura conservadora da caserna, em momentos diversos francamente reacionária, sempre arcou com um papel poderoso, quando não decisivo, na história do Brasil. Hoje, graças também a um comando firme e responsável, mantém a atitude correta na moldura democrática, a despeito dos esforços da mídia nativa para oferecer eco a vozes discordantes de reduzido alcance. A defesa do status quo ficou para a Polícia Federal? A PF não foi treinada para a guerra, dispõe, porém, de armas afiadas para conduzir outro gênero de conflito, similar àquele da água mansa que destrói pontes. Um dos instrumentos usados para atingir seus objetivos com a expressão de quem não quer coisa alguma é o vazamento, a repentina revelação de fatos do seu exclusivo conhecimento, graças ao fornecimento de informações destinadas ao segredo e, no entanto, entregue de mão beijada e por baixo do pano a órgãos midiáticos qualificados para tanto, sem descaso quanto à pronta colaboração do Ministério Público. Na manhã de terça 12 sou atingido pela manchete da Folha de S.Paulo: “Cerveró liga Lula a contrato investigado pela Lava Jato.” O delator, diz o texto, declara ter sido premiado com um cargo público pelo então presidente da República por quitar “um empréstimo de 12 milhões de reais considerado fraudulento pela Lava Jato”. Logo abaixo, com título em corpo bem menor em duas colunas, o jornal informa que o mesmo Cerveró “cita Renan Calheiros”. Final-

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Conspiração policial

Entre os delegados, o ministro Cardozo é conhecido como Rolando Lero

A abissal diferença entre a notícia do possível envolvimento de Lula e de FHC nos jornais brasileiros (Valter Campanato/Agência Brasil) Tendo a crer que Cardozo aplica seu lero-lero em cima da presidenta Dilma e consegue deixar tudo na mesma. De fato, o nosso ministro é tão incompetente no posto quanto vaidoso. Achou, porém, em Daiello o parceiro ideal. O homem foi capaz de tonitruar ameaças, dentro da PF, contudo, carece de verdadeira liderança. A situação resulta, em primeiro lugar, dessas duas ausências. Da conspirata em marcha, vislumbro de chofre três QGs, em recantos distintos. Número 1, escancarado, em Curitiba, onde três de-

legados dispõem da pronta conivência do Ministério Público e da vaidade provinciana do juiz Sergio Moro, tão inclinado a se exibir quando os graúdos lhe oferecem um troféu. Os representantes locais da polícia não hesitaram, ainda durante a campanha eleitoral, em declinar suas preferências pelo tucanato, sem omitir referências grosseiras a Dilma, Lula e PT. De onde haveriam de sair os vazamentos se não desses explícitos opositores chamados a ocupar cargos públicos? Há algo a se apontar no Paraná: a

falta de liderança, também ali, de superintendente. Não é o que se dá em São Paulo, onde o chefão recém-empossado decidiu prender um filho do presidente Lula na mesma noite da festa de aniversário do pai, debaixo do olhar indiferente de Cardozo e Daiello. Diante de cenas como essa, o arco-da-velha desmilingue. O novo superintendente substituía outro da mesma catadura, brindado por serviços prestados por uma das mais cobiçadas aditâncias, como se diz na linguagem policial, em embaixadas localizadas nos mais aprazíveis recantos, Paris, Roma etc. As aditâncias fazem a felicidade de alguns, destacados delegados, espécie de prêmio à carreira. Tal seja, talvez, o sonho do superintendente em Belo Horizonte, que se distingue sinistramente por seus desmandos em relação ao governador Fernando Pimentel. Passou por cima da lei e do decoro para torná-lo seu perseguido em nome de uma autoridade de que carece, como é fácil provar. Até que ponto haveria um comprometimento político e ideológico entre esses policiais e os partidos da oposição? Vale imaginar que, egressos da chamada classe média, alimentem o descabido ódio de classe de quem acaba de sair do primeiro, ínfimo degrau, e atingiu um patamar levemente superior. Donde, ojeriza irreversível em relação àqueles que nutrem preocupações sociais. Existem, também, claramente detectáveis, umas tantas rusgas, a soletrar a diferença salarial entre delegados e advogados da União, consagrada a favor destes pela presidenta. É possível, entretanto, que quem vaza informações sigilosas não se dê conta das consequências? Os conspiradores atuam à vontade, com o beneplácito silencioso dos chefes. (Mino Carta, diretor de redação. Fundou as revistas Quatro Rodas, Veja e CartaCapital e criou o Jornal da Tarde - Texto originalmente publicado na CartaCapital)

GOIÂNIA, DOMINGO, 21 DE FEVEREIRO DE 2016

DM.COM.BR

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OPINIÃOPÚBLICA Editora: Sabrina Ritiely

galhos e a total falta de confiança em sua capacidade de resgatar o País do tsunami de medidas infames que acobertaram o fracasso total de sua “nova matriz econômica”. De que jeito sair dessa situação sem o afastamento de Dilma Rousseff? Não há como! Amargamos em 2015 uma queda no PIB de 3,75%, com um desemprego de mais de 9 millhões, descontados os milhões de beneficiários do bolsa-família que recebem, mas não podem trabalhar e uma inflação que vai escapar certamente dos quase 11%. Esses dados, que fique claro para os petistas que negam a realidade, não são invenção da mídia nem de uma oposição débil quase inexistente. São dados oficiais. E vai piorar. Portanto, tendo havido o crime já comprovado, o que falta para que o processo de impeachment avance? Estamos esperando o quê? O carnaval passar para que o País se dispa da fantasia e caia na real? Por Deus, senhores parlamentares, isso não pode continuar! Melhor um fim terrivelmente difícil do que um terror sem fim. (Eliana França Leme, via e-mail)

do Mestre porque pensaram que se tratava do fermento do pão e sentiam-se cobrados porque não trouxeram pães, constatando que havia apenas um único pão no barco. Jesus, no entanto, ao perceber que os seus discípulos não compreenderam o alcance do aviso, chamou-lhes à atenção quanto à incredulidade que ainda os limitavam, relembrando-lhes ainda a respeito das multiplicações de pães e peixes que operara em duas oportunidades. Nesse contexto, indaga-se: O que significou os fermentos dos fariseus, dos saduceus e de Herodes? A grande problemática combatida por Jesus que envolvia os religiosos do seu tempo era a hipocrisia. O fermento de Herodes era a sua intimidação com o propósito de impedir que o Mestre atingisse a credibilidade popular conquistada por João Batista. O fariseus deveriam seguir princípios de alto teor espiritual, porém,

a maioria não os praticava. A hipocrisia também assolava certas práticas dos saduceus, que não discordavam dos preceitos doutrinários dos fariseus, mas combatiam algumas de suas práticas ritualísticas. O fermento do pão é a substância que age sobre a massa, modificando a sua estrutura, fazendo com esta cresça, tornando-a mais leve. No sentido figurado, fermento é a causa de transtornos emocionais e de discórdias sociais. No sentido amplíssimo, é possível considerar que há o sadio e o nocivo fermento. Jesus combatia o fermento do egoísmo, sempre inibidor das mais necessárias e importantes iniciativas para o Bem, para a Evolução do espírito. Ele conhecia os pontos vulneráveis dos seus discípulos e desejara preveni-los das artimanhas da insensatez e do materialismo. É provável que durante a travessia o Mestre tenha escutado alguma conversação ou percebido alguns pen-

samentos que não lhe agradou. Jesus considera a necessidade de vigilância quanto aos fermentos geradores do atraso ou do desajuste moral do espírito. Também o Mestre indica o caminho para que neutralizemos as causas e os efeitos dos fermentos destruidores: O caminho do Amor, ou seja, o desejo de ajudar o próximo sem esperar qualquer recompensa do beneficiado. Somente assim será possível superar um dos fermentos mais devastadores que existe: a depressão, proveniente de uma tristeza mórbida decorrente das desilusões do mundo material. No estágio inferior e de mediana evolução intelecto-moral, o espírito fica vulnerável às suas limitações, principalmente diante do cumprimento de seus deveres morais. Por isso, a advertência do divino Messias é atual porquanto somos atraídos por nossos pontos fortes e também por nossas imperfeições, cau-

sando circunstâncias que nos ajudarão e nos prejudicarão no contexto evolutivo, respectivamente. A vigilância moral é necessária para combatermos as más inclinações. Paixões superiores devem substituir paixões inferiores para uma perfeita convivência íntima e social. O Pai Celeste sempre nos oferecerá recursos preciosos para não mais reincidirmos nos mesmos enganos ou ilusões. Isso, porque somos os fermentos espirituais de Deus destinados a levedar a Sua Obra Universal, mas até o momento estamos destinados a promover o orbe terrestre aos elevados níveis de amor e de fraternidade com o “fermento” que Jesus, de maneira figurativa, nos identificou ao dizer: “Vós sois o sal da Terra”.

Investimento rodoviário O modal rodoviário brasileiro deixa muito a desejar. É que falta pavimentação adequada na maioria das rodovias. Mas cabe uma reflexão,ou seja, quando o empresariado, e não apenas na área agrícola, vai se empenhar para que sejam feitos investimentos em ferrovias e sistema hidroviário? O resultado seria positivo e com reflexos na produção siderúrgica e instalação de estaleiros. Ou seja, uma contribuição para a indústria, a produção agrícola e a melhoria do transporte de passageiros. (Uriel Villas Boas, via e-mail)

Orientalismo explica o terrorismo Gostaria de parabenizar o artigo publicado no Diário da Manhã em 14/01/2016, pelo nobre colunista Nilton César Guimarães Rezende. Em uma abordagem diferenciada do que costumeiramente é mostrado na mídia, o escritor nos mostra que o terrorismo ori-

entalista também é efeito resultante das ações e omissões dos países mais ricos e desenvolvidos, que por anos ignoraram a pobreza, a destruição, as mortes, fomentando a guerra nos lugares mais pobres do mundo. Ele é o resultado de uma política de ma-

nutenção da indústria bélica, da qual muitos auferem lucros, fundada em uma rede de empresas armamentistas que rendem um PIB mundial da ordem de 2,4 trilhões de dólares. “This is unfortunaterly the plan backfired.” (Hebe R. Lemos, via e-mail)

reportagem, Ulisses Aesse, criar um caderno de opinião representou mais participação do público leitor através de opiniões embasadas e com maior conteúdo. “O DM é um jornal que mantém um caderno diário de opinião pública em que qualquer pessoa da mais alta estirpe a menor pode dar sua opinião sem que haja qualquer tipo de constrangimento. Enquanto na maioria dos veículos há certo processo seletivo, no DM, pelo contrário, a ideia é que passe pela redação do jornal uma grande avenida e nessa avenida possa circular qualquer tipo de pessoa”.

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Conforme noticiado, o expresidente Lula contratou vários advogados para sua defesa no caso do sítio em Atibaia e o triplex no Guarujá. Por que será que alguém precisa de uma equipe de advogados renomados para dizer que as propriedades não lhe pertencem? Aí tem coisa... (Edgard Gobbi, via e-mail)

Estado Islâmico

O registro e o dono Eu acredito em Lula quando diz que o triplex e o sítio não são dele. Não estão registrados no seu nome, então aquela máxima "quem não registra não é dono" está valendo. Melhor para as autoridades sérias deste País. Arrestem estes bens, pois os reais donos estão envolvidos até o pescoço em falcatruas na Lava Jato e outras. Servirão no futuro para pagar o rombo que deram ao tesouro. Para não perder o direito de uso até o Lula pode ser indicado como fiel depositário. Não sei é se ele terá coragem

Conluio - MP 703 “Será que donos de empreiteiras que não quiseram fazer

de continuar usando. (Paulo Henrique Coimbra de Oliveira, via e-mail)

delação premiada esperavam pela MP 703? A promiscuidade continua!” (Tania Tavares, via e-mail)

A presidente Dilma, quando diz que estuda multar quem não eliminar foco do Aedes aegypti no País, lembra muito o governo déspota e incompetente da Venezuela (muito amigo do Planalto), que ameaça empresas e supermercados pela falta de alimentos básicos nas prateleiras. Digno seria para nossa negligente presidente se admitisse que, em seus quase seis anos de mandato, jamais tentou fazer campanhas educativas ou ajudar com recursos Estados e municípios a combater este mosquito que atemoriza a família brasileira. E se a relapsa Dilma não conseguiu com sua demagogia e populismo combater a inflação, e o desemprego, muito menos terá sucesso com o mosquito Aedes aegypti... Pobre Brasil, administrado pelo PT... (Paulo Panossian, via e-mail)

Estas palavras são de Rui Barbosa, em carta dirigida a Evaristo de Morais, o grande advogado, incitando-o a assumir a defesa de José Mendes Tavares, réu previamente condenado pelo que então se chamava de ‘opinião pública’. Trata-se, como se vê, de lição extremamente atual, quando o STF de nossos dias assume a responsabilidade de violar a Constituição brasileira sob a alegativa de estar atendendo ao ‘clamor das ruas’. Refiro-me à decisão de liberar a execução da pena de prisão após condenação confirmada em segundo grau, ao arrepio do ditado claro da Constituição (Art. 5º, LVII): “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”. Legalizando a prisão antes de definitivamente estabelecida a culpabilidade do acusado, o STF torna-se agente de um direito criminal promotorial, penali

(Emídio Silva Falcão Brasileiro, membro da Academia Espírita de Letras do Estado de Goiás, www.cultura.trd.br)

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Be Careful! Conforme noticiado (15/1), os Estados Unidos alertam mulheres grávidas a não viajar ao Brasil por causa do surto da moléstia Zika causada pelo mosquito Aedes aegypti. Será bom também alertar os americanos, turistas em geral, que desejam viajar ao Rio de Janeiro durante os Jogos Olímpicos, para não andarem pela cidade com relógios, pulseiras, correntes e dinheiro no bolso, para não serem surpreendidos pelos bandidos que estão em toda parte, pois a roubalheira está disseminada em todo o País , e não somente em Brasília. (Edgard Gobbi, via e-mail)

Editora: Meyrithania Michelly

“Quando se me impõe a solução de um caso jurídico ou moral, não me detenho em sondar a direção das correntes que me cercam: volto-me para dentro de mim mesmo e dou livremente a minha opinião, agrade ou desagrade a minorias ou maiorias”.

Aí tem coisa...

Melhor um fim terrível do que um terror sem fim!

GOIÂNIA, DOMINGO, 6 DE MARÇO DE 2016

DM.COM.BR

OPINIÃOPÚBLICA

Emídio Brasileiro Especial para OPINIÃOPÚBLICA Ao passarem para a outra margem do lago, os discípulos esqueceram-se de levar pães e tinha apenas um pão no barco. Então Jesus lhes recomendou, dizendo: “Cuidado, acautelaivos do fermento dos fariseus e dos saduceus e do fermento de Herodes”. No entanto, eles discorriam entre si dizendo: “Ele disse isso porque não trouxemos pão”. Jesus, percebendo, disse: “Homens fracos na fé! Por que estais discorrendo entre vós por não terdes pão? Ainda não entendeis e nem compreendeis? Tendes o coração endurecido? Tendo olhos, não vedes? Tendo ouvidos, não ouvis? Não vos lembrais de quando parti os cinco pães para cinco mil homens, quantos cestos cheios de pedaços recolhestes?” Responderam-lhe: “Doze”. “E quando parti sete pães para quatro mil, quantos cestos de pedaços recolhestes?” Responderam-lhe: “Sete”. “Como não compreendeis que não vos falei a respeito de pães, quando vos disse: ‘Acautelai-vos do fermento dos fariseus e dos saduceus’?” Então entenderam eles que não lhes dissera que se acautelassem do fermento do pão, mas sim do ensinamento dos fariseus e dos saduceus. (Evangelhos de: Mateus, cap. 16, vv. 5 a 12 – Marcos, cap. 8, vv. 14 a 21). Nesse episódio, o próprio Cristo demonstra que multiplicou pães e peixes em duas oportunidades porque indaga aos seus discípulos a respeito das sobras desses alimentos nessas duas ocasiões. Quando regressaram da região da Decápole, Jesus recomendou aos seus discípulos que tomassem cuidado com os ensinamentos equivocados dos fariseus e dos saduceus e das ameaças intimidadoras de Herodes, usando o sentido figurado do fermento. No entanto, eles não compreenderam o aviso

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O fermento dos fariseus e saduceus

Vazamentos de informações sigilosas para a mídia nativa provam que a polícia trabalha a favor dos interesses da casa-grande mente, no mesmo corpo e extensão de texto, anuncia-se: “Delator fala em propina sob FHC.” Incrível: na mesma manhã, o Estadão me surpreende ao se referir apenas ao envolvimento do governo de Fernando Henrique. O jornalão, é evidente, não foi beneficiado pelo vazamento de todo o material disponível. O Estadão redime-se aos olhos dos leitores no dia seguinte e na manchete declama: “Cerveró cita Dilma.” E no editorial principal da página 3, sempre fatídico e intitulado “No reino da corrupção”, alega a abissal diferença entre o envolvimento de Lula e de FHC. Em relação a este “a informação é imprecisa, de ouvir dizer”. No caso de Lula, a bandalheira é óbvia e desfraldada. Patéticos desempenhos do jornalismo à brasileira. Inúmeros leitores não percebem, carecem da sensibilidade do quartzo e do feldspato. Nada surpreende neste enredo, próprio de um país medieval, indigno da contemporaneidade do mundo civilizado e democrático. O vazamento de informações sigilosas tornou-se comum há muito tempo nas nossas tristes latitudes, como diria Lévi-Strauss. Mesmo assim, seria interessante descobrir as razões desta conspirata policial. Inútil, está claro, dissertar a respeito dos comportamentos da mídia. Dos seus donos, o mesmo pensador belga observava: “Eles não sabem como são típicos.” O cargo de diretor da PF é da exclusiva competência do Palácio do Planalto, que o subordina ao seu ministro da Justiça, no caso, José Eduardo Cardozo. Foi ele quem indicou o delegado Leandro Daiello, aquele que em julho passado proclamou, a bem da primeira página do Estadão: “A Lava Jato prossegue, doa a quem doer.” E a quem haveria de doer? Nos bastidores da PF, Cardozo é apelidado de Rolando Lero, personagem inesquecível criado por Chico Anysio, o parlapatão desastrado que diz muito para não dizer coisa alguma.

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Talvez o que cause mais indignação no povo brasileiro nesta questão do impeachment emperrado da presidente, é saber que ela cometeu um crime grave, o de ter infringido repetidamente a LRF, o quanto quis aliás, levada pela máxima de sua “moral ilibada” que foi a de fazer o diabo para ganhar as eleições e manter-se no poder. Dilma faz qualquer coisa para perseguir este seu obsessivo desejo, mesmo que, para isso, o povo se dane com uma Economia em fran-

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Uma alma desonesta

Demétrio Magnoli Especial para OPINIÃOPÚBLICA A melhor coisa do Brasil é Lula, segundo Lula. “Se tem uma coisa de que eu me orgulho neste país, é que não tem uma viva alma mais honesta do que eu”, confessou o ex-presidente a uma plateia de blogueiros aduladores. Na conversa, ninguém produziu uma tentativa de distinção entre honestidade pessoal e honestidade política. Mas são conceitos diferentes. No plano pessoal, o julgamento da honestidade de Lula não cabe a ele – e permanece em suspenso. No plano político, provavelmente “não tem uma viva alma” mais desonesta que ele “neste País”. Um boneco de FHC com trajes de presidiário surgiu muitos anos atrás, carregado por sindicalistas da área de influência de Lula. O precedente não torna menos reprováveis os “pixulecos” que representam Lula em condições similares. Aquilo que, nos tempos de oposição, o PT classificava como parte da luta política legítima deve ser entendido como um elemento da degeneração sectária de nossa vida democrática. Lula é inocente até que, eventualmente, sua culpa seja provada no curso do devido processo legal. Mas, como disse Dilma Rousseff, o ex-presidente não está acima da lei e pode ser investigado, tanto quanto qualquer cidadão. Não é, aparentemente, o que pensa o próprio Lula. Dias atrás, seu fiel escudeiro Gilberto Carvalho denunciou uma suposta “politização” das investigações que miram Lula e seus familiares. De acordo com ele, tudo não passaria de uma sórdida campanha destinada a impedir a “volta de Lula” no ano da graça de 2018. As declarações, altamente “politizadas”, implicam uma grave acusação contra o Ministério Público, que comanda as investigações, a Polícia Federal, que as conduz, e o Poder Judiciário, que as controla.

A presidente Dilma foi recebida com festa e entusiasmo pelos seus aliados, ou cúmplices do PDT, no diretório nacional. Estava tão fora da realidade que disse sob aplausos (raros hoje em dia) que “vamos voltar a crescer”, “desenvolver o País”, e que temos “sólidos fundamentos econômicos”. Só faltou a presidente saudar a todos seus puxa-sacos com um brado retumbante de “vitória na Guerra” meus camaradas... Mas o ponto alto de suas bravatas manjadas foi quando afirmou estar “estarrecida como o relatório do FMI”, que aponta mais um tombo na nossa economia em 2016, com possível queda do PIB em torno de 3,5%. E crescimento econômico, se for alcançado, somente em 2018. Assim como também a Dilma ficava estarrecida quando lá atrás os nossos competentes analistas advertiam o seu governo para não gastar mais do que arrecada, de evitar as desonerações de impostos e benefícios nefastos a setores econômi-

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Cidadania e esperança em 2016

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Os elogios ao desempenho funcional do juiz Sérgio Moro com

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Especial para OPINIÃOPÚBLICA

gia contratada nos leilões. Paradoxalmente, a situação mais favorável dos reservatórios hidrelétricos anuncia que as bandeiras tarifárias terão de permanecer elevadas, des-

GOIÂNIA, TERÇA-FEIRA, 5 DE JANEIRO DE 2016

DM.COM.BR

OPINIÃOPÚBLICA

Problemas na escassez, problemas na abundância

Adilson de Oliveira Especial para OPINIÃOPÚBLICA A crise do racionamento teve profundos impactos políticos e econômicos, nem todos eles adequadamente avaliados. Uma dessas consequências foi a fixação, no ambiente elétrico, da máxima “melhor sobrar do que faltar energia”. Desde então, a expansão do sistema elétrico tem sido conduzida de forma a evitar novos racionamentos, sem que seja dada a devida atenção à necessidade de ser preservada a competitividade econômica do abastecimento elétrico do País. O resultado daquela máxima é a queda acentuada do fator de carga do sistema elétrico brasileiro. Mais de R$ 14 bilhões foram investidos desnecessariamente. Os leilões de energia têm sido regularmente conduzidos de forma a gerar expansão da capacidade instalada superior ao ritmo do consumo de energia. Dessa forma, a relação entre o consumo de energia e a capacidade instalada (fator de carga) vem caindo paulatinamente. É verdade que a característica hidrelétrica de nosso parque gerador exige um fator de carga próximo de 55% para atender as inevitáveis flutuações do funcionamento da máquina elétrica. Contudo, o fator de carga do sistema está atualmente em 49,2%, e ele vem caindo desde 2010. Esse fator de carga indica que aproximadamente 6% dos investimentos realizados na expansão do parque gerador são desnecessários! Em termos financeiros, mais de R$ 14 bilhões foram investidos desne-

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Os extremistas do Estado Islâmico estão matando todos aqueles que se opõem a sua doutrina. E as mortes são bárbaras. Eles são covardes e querem impôr pela força seus ideais. Já mataram vários no Oriente Médio. São uma espécie de ditadura em ascensão, assim como é em Cuba e na Coreia do Norte. O mundo pertence ao maligno. Morte ao Estado Islâmico. O alcorão é um livro de blasfêmias e mentiras. Ele nega que Jesus Cristo seja filho do Altíssimo, Deus Javé. Mas Jesus Cristo é o filho unigênito de Deus Javé e é o Rei dos reis e o Senhor dos senhores. (Daniel de Melo Costa, 36 anos, servidor público, via e-mail)

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Dilma bolivariana

Ulisses acrescenta que a importância de um caderno de opinião se revela no aspecto de se poder democratizar as páginas do jornal para que cada pessoa, mesmo que o jornal não concorde e às vezes seja até contrária a linha editorial, possa se manifestar. “É esse o princípio democrático do Diário da Manhã, ou seja, de preservar a liberdade de expressão e opinião. E por último, mostra que o jornal tem a preocupação com seu leitor diferentemente de muitos que reduzem drasticamente a participação do leitor em pequenas seções de cartas, quase que insignificante”, declara.

PARABÉNS,

Diário da Manhã SÃO 36 ANOS CONSTRUINDO

LIBERDADE


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GOIÂNIA, SEGUNDA-FEIRA, 14 DE MARÇO DE 2016

Diário da Manhã

ESPECIAL

57 ANOS DE

36 ANOS DO JORNAL DIÁRIO DA MANHÃ

DESDE O CINCO DE MARÇO

ESTÉTICA

O universo num jardim O fotógrafo Ruber Couto registrou seu olhar sobre os jardins do jornal Diário da Manhã, que em sua totalidade é uma obra de arte conceitual de Batista Custódio e executada pelas mãos do artista Omar Souto Heitor Vilela Especial à

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uem já passou pela porta do jornal, a pé, de carro ou no vai e vem dos ônibus do Terminal da Praça da Bíblia, não imagina o mundo criado por dentro da matinha de copas altas e vibrantes. Você conhecerá um pouco do espaço que se tornou uma lenda no imaginário de leitores e jornalistas por toda parte do Brasil. O fotógrafo Ruber Couto tem 35 anos e nasceu na cidade de Itaberaí. Ele trabalha há cerca de 13 anos como fotógrafo em eventos culturais, moda, books e faz mais de dois anos que colabora com fotojornalismo no Diário da Manhã. Não só Couto, mas praticamente qualquer pessoa que um dia visitar a sede do jornal, certamente vai se impressionar com a imponência e a beleza do jardim na entrada do prédio. Ruber, que trabalha há mais dois anos no DM, sempre contemplou visualmente as diversas obras de arte, compostas por esculturas de tamanhos diversos, arquitetura de jardinagem e os diferentes espaços de relaxamento e convivência. A maioria das esculturas, feitas com concreto armado e fibra de vidro, contam várias histórias, umas antigas e outras modernas e atuais. Nas palavras do fotógrafo Ruber Couto, é possível entender a motivação por registrar esse glorioso espaço astral: “Há quase dois anos, quando comecei a trabalhar no jornal, fiquei muito impressionado com esse jardim, junto às obras do artista plástico Omar Souto. Com o passar do tempo e o cotidiano do entra e sai, a correria que um jornal diário nos impõe, esse jardim foi se tornando comum, por isso a ideia de resgatar essa grande obra através da fotografia, registrando detalhes e com uma visão bem particular. Uma frase que sempre escutava na televisão quando criança: ‘A diferença entre uma coisa e a mesma coisa e a maneira como cada um olha pra ela’ – autor desconhecido. Ela resume um pouco do meu trabalho.”

MUSEU DO TEMPO

Como se fosse o conteúdo de um próprio diário, página por página, os olhos do visitante mais atento consegue captar o deslumbre escondido em cada ângulo reto e curvas das árvores do cerrado que lotam o espaço do jardim. Ao som da cachoeira no centro do espaço, podemos sentar, relaxar e viajar para encontros cósmicos com Santos Dumont ou mesmo com o próprio Buda. As obras que remetem ao universo caipira são quase na totalidade de um dos mais renomados e criativos artistas plásticos goianos, Omar Souto. O pintor e escultor chegou a dizer que, além dos painéis da via sacra no caminho entre Goiânia e Trindade, o jardim do Diário da Manhã seria o feito do qual ele mais se orgulha. E é notório a pegada especial dos traços de raiz feitos pelas mãos de Omar. Em um canto ou outro você descobre mais um detalhe, uma vênus escondida entre os paralelepípedos ou o seio da terra esculpido erótica mente no vaso da planta. Em entrevista ao DM, Omar, que é um visitante assíduo da redação, começa dizendo que adora vir as dependências do jornal contemplar uma das suas obras, segundo o mesmo, “uma das que mais me orgulho na minha trajetória: as esculturas e monumentos do jardim do Diário da Manhã”.

As dezenas de obras, algumas pequenas, outras com cinco metros de altura e retratam diversas passagens da cultura mundial, como o carro de boi, o batismo de Jesus Cristo, a imponente estátua do jornalista Fábio Nasser com o sobretudo ao vento na entrada principal do jornal e passagens da vida do editor-chefe Batista Custódio, que, segundo Souto, “é um poeta sem igual, de imensa sensibilidade”. Omar, que nasceu na cidade de Heitoraí, no interior de Goiás, trabalhava como pedreiro e pintor de letreiros, porém, quando teve acesso a uma tela e algumas tintas, alcançou destaque nacional e internacional, que, segundo o próprio artista, não esperava acontecer: “Não conheço a dimensão da minha obra. Já perdi a conta do número de telas, esculturas e murais que forjei nessas décadas em que fui escolhido por Deus para ser pintor”, completou Souto. Omar conta que a sua maior inspiração vem do que ele considera ser de Deus, algo externo a ele: “Sinto algo falando em meu ouvido, para mim toda criação é divina, com as artes plásticas não é diferente.” A temática religiosa está sempre presente nas obras do artista. A fé é um tema inerente à vida dos povos tradicionais, seja retratando a folia de reis, os pagadores de promessa, a devoção a Padre Cícero ou as crenças da cultura indígena. A arte de Souto causa comoção pela simplicidade dos traços e a intensidade dos personagens. Com uma linguagem simples de um homem interiorano, que passou a infância entre Heitoraí e Itaberaí, é difícil separar Omar Souto de sua arte. “Eu pinto o que eu sou. Uma vez, estava fazendo uma exposição em Brasília, e um jornalista escreveu uma matéria me elogiando, mas no final disse que eu era um grande pintor naif. Aí eu pensei que ele estava me xingando. É sério isso”, conta ele, sorrindo, e com aquele seu jeito característico de quem está sempre brincando. Realmente, apenas tendo a oportunidade de passear pelas trilhas ou sentar-se nos bancos estilizados, o caro leitor poderá sentir a sensação de paz e tranquilidade que foi cuidadosamente pensada pelas mãos de Souto. A temática religiosa está presente por todo canto. Podemos ver poesia impressa e grafada na pedra dos muros, nos banheiros, que na verdade são duas imensas esculturas brancas, que puxam o olhar como ímãs de todos os que passam na região da praça da bíblia.

FOTOS: RUBER COUTO


Diário da Manhã

ESPECIAL

GOIÂNIA, SEGUNDA-FEIRA, 14 DE MARÇO DE 2016

57 ANOS DE

36 ANOS DO JORNAL DIÁRIO DA MANHÃ

DESDE O CINCO DE MARÇO

A epopeia de Batista Custódio João Soh Especial à

Nunca na história desse País de discutiu tanto a liberdade de imprensa e o direito do cidadão de ser informado, com isenção, sobre todo e qualquer assunto que, direta ou indiretamente, interfere na sua vida. O surgimento do Diário da Manhã no início dos anos 80 foi um marco na história da imprensa livre em Goiás. Batista Custódio idealizou e materializou o seu sonho libertário nesse projeto que revolucionou a imprensa em Goiás, se tornando referência em todo País. “Não existe nenhum passeio fácil para a liberdade em lado nenhum”, profetizou Nelson Mandela. E foi o que aconteceu e continua acontecendo com Batista Custódio e o seu Diário da Manhã. Incompreensões, traições, intrigas e até conflitos familiares fazem parte da história de Batista e do DM.

Eu vi e vivi, desde o nascimento ao lançamento do jornal. Participei da elaboração do projeto à formação da equipe. O sonho de Batista se materializava como ele imaginava. O projeto era inovador. A equipe brilhante. E assim nasceu um dos mais importantes jornais do País. Tendo como meta principal orientada por Batista. A liberdade de informação e expressão. Foram tempos de glória e empatia com os leitores e a sociedade como um todo. Mas, como profetizou Mandela, em meados dos anos 80 vieram as incompreensões, as intrigas, as traições, os conflitos familiares que asfixiaram o Diário até seu brutal e ilegal fechamento. Batista não desistiu. Foi à luta e levantou na Justiça a falência arbitrariamente decretada. O sonho continua, escreveu Fábio Nasser. O jornal se reergueu e continuou circulando apesar das dificuldades econômicas. No final dos anos 90 aconteceu a tragédia que mais abalou Batista. A morte de Fábio Nasser, o talentoso filho que ele havia colocado como editor geral. Nem assim Batista desistiu. A partir do ano 2000. Já com muito mais experiência adquiridas em 15 anos em Brasília, no Correio Braziliense e o Jornal de Brasília, fui convocado por Batista para retornar o projeto inicial do jornal. Voltei. E juntos, com uma equipe jovem e competente, retornamos com sucesso, o projeto original do jornal. Isso durou pouco mais de cinco anos. Voltaram as incompreensões e com elas as dificuldades financeiras. Mas Batista resiste. Abriu para a sociedade espaço privilegiado para os formadores de opinião expressarem suas ideias. Criou o caderno de Opinião Pública, uma revolução na imprensa mundial. O Diário da Manhã é, para mim, a obstinação, a determinação e a capacidade intelectual de Batista Custódio. Eis um pouco dahistóriadaimprensaemGoiás. JOÃO SOH, TAMBÉM FUNDADOR DO DIÁRIO DA MANHÃ

Cinco de Março, data relevante A História da Imprensa, em Goiás, tem o dia 5 de março como um marco relevante. Por dois motivos: primeiramente, porque foi no dia 5 de março de 1830 que circulou a primeira edição do “Matutina MeiaPontense”, em Meia Ponte, atual Pirenópolis. Em segundo lugar, porque como fruto do movimento estudantil goiano, cujo clímax aconteceu em 5 de março de 1959, nasceu o semanário “Cinco de Março”, de trajetória marcante e indelével na História da Imprensa e de Goiás Esta história tem continuidade através do “Diário da Manhã”, igualmente inovador, atrevido e transgressor no bom sentido, sentinela das conquistas e da evolução de Goiás. Único jornal do mundo a garantir espaço a todas as correntes de opinião, só esta característica é suficiente para assegurar-lhe a vanguarda. É por isso que a Associação Goiana de Imprensa (AGI) reverencia o Cinco de Março na grandeza de sua luta, sem dúvidas importante na construção de Goiás, e aplaude o “Diário da Manhã”, cuja linha editorial, altiva e democrática, é um exemplo a quantos pretendam cumprir o mais legítimo papel enquanto veiculo de comunicação. Que o jornalista Batista Custódio, fundador do Cinco de Março e do Diário da Manhã, sendo deste último o editor geral, prossiga seu esforço por liberdade e por dias melhores para Goiás e o Brasil. Nossos cumprimentos.

VALTERLI LEITE GUEDES – Presidente da AGI OLINTO MEIRELLES – Presidente do Conselho Deliberativo HELIO DE BRITO – Diretor Financeiro EURICO BARBOSA – Presidente da Comissão Especial de Defesa do Jornalista

Informação faz a inserção social Eder Machado Especial à

A informação é um poderoso meio de tornar o homem livre e reflexivo sobre os atos e os fatos marcantes do mundo e ao mesmo tempo dentro da sua casa. É ela que faz a história se tornar presente em alguns instantes. A informação é o elo entre as limitações e todas as possibilidades no leque da nossa vida. Ela traz consigo uma soma de ideias, de dados, de valores, de notícias ruins ou boas, de fatos marcantes e de fatos não tão relevantes.

Um marco na história cotidiana é a informação através do jornal. Para lermos a essência, precisamos do trabalho dos repórteres e editores, capazes de nos trazer o resumo delineado da informação para o esclarecimento de todos, desde o letrado aos menos esclarecido. No nosso cotidiano, a leitura matinal das informações de ontem, de hoje, e de amanhã, vem pronto nos moldes de um grande jornal e histórico nesta capital, que com sua grandeza conquistou o Estado e o mundo, além de se modernizar acompanhando a dinâmica tecnológica. O jornal “Diário da Manhã”, de fato, está por mais de meio século nas manhãs dos leitores mais assíduos. É um poderoso meio de comunicação, traz consigo a abertura de publicações de seus leitores, antes anônimos, bem como a informação educativa, a informação econômica, fatos populares e do mundo. Nós da ASLICOM (Associação de Líderes Comunitários da Região Sudoeste) parabenizamos os 57 anos do “Diário da Manhã” e agradecemos a prestação de serviço social realizada. Percebemos ao longo do tempo que este é o jornal do povo que beneficia nosso trabalho e também aos leitores. Parabéns! PROF. EDER MACHADO, MEMBRO/LIDERANÇA DA ASLICOM (REGIÃO SUDOESTE)

Nossa gratidão ao Diário da Manhã Ailton José Oliveira Especial à

O Jornal Diário da Manhã faz parte do café da manhã dos seus milhares de leitores, de norte a sul, de leste a oeste, impresso ou pela internet, é visto bem cedo no mundo inteiro, nas residências ou nos locais de trabalho. É um orgulho para nós goianos que temos esse privilégio de poder contar com esse tradicional jornal que é um dos melhores e mais importantes jornais da atualidade com acesso livre e por isso já recebeu diversas premiações internacionais com seu profissionalismo ético. Um jornal completo que informa a veracidade dos fatos e acontecimentos no mundo, com um diferencial bem particular, é o jornal que mais valoriza o seu leitor dando amplo espaço para que as opiniões do leitor se-

jam também expressas aos demais leitores. É o jornal parceiro do Líder Comunitário, esse cidadão que sem nenhuma remuneração luta diariamente para trazer benefícios para seu bairro, e com o apoio do jornal consegue esses espaços tão importantes para expor seus pedidos e suas conquistas, incentivando e motivando-os a lutar cada vez mais. O seu presidente, senhor Batista como é chamado carinhosamente por todos nós Lideres de Bairros, é uma pessoa maravilhosa, de coração puro e com grande sabedoria recebe a todos de braços abertos, nos sentimos em casa, e esse carinho é visto em todos os setores do jornal pelos seus diversos profissionais que ali atuam. Comemorando esse mês 57 anos de existência, considerando, naturalmente, o semanário Cinco de Março, somos gratos ao DM por ser um diferencial dos demais jornais. AILTON JOSÉ OLIVEIRA, PRESIDENTE DO 41º CONSELHO DE SEGURANÇA SSP-GO, PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO DE LÍDERES COMUNITÁRIOS – REGIÃO SUDOESTE

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Diário da Manhã

ESPECIAL

GOIÂNIA, SEGUNDA-FEIRA, 14 DE MARÇO DE 2016

57 ANOS DE

36 ANOS DO JORNAL DIÁRIO DA MANHÃ

DESDE O CINCO DE MARÇO

O ABRAÇO DE DEUS O Diário da Manhã quebra as muralhas da matéria e vai até as dimensões espirituais buscar os conteúdos da edificação humana no farol iluminado pela chama do amor universal ensinado pelos maiores mestres da humanidade, como Sócrates, o filósofo, e Jesus, o revelador Arthur da Paz Especial à

A

O longo da arrastada travessia incontível das eras, os mártires imolados em seu próprio sangue espargilhado no redondel dos revezes de incompreensões estapafúrdicas do atraso, extremaram o ‘egoísmo’ como a causa cataclísmica de todos os males. Reafirmá-los-ei catalogando a ‘ignorância’ como a filha osmótica das entranhas deste. Doravante, após consumirmos os parâmetros que nos emparedam calabouçados na escuridão de nós mesmos e reconhecer a fonte nascitura das sofreções humanas, mister se faz arregalar os olhos para as ferramentas que irromperão os grilhões de nossas consciências. Qual animal sedento, tolhido às amarras estrangulentas no pescoço, hiperesforçando-se ao limite do desespero, para abiscoitar a tigela, posta ao longe, com as migalhas do alimento que irá saciá-lo das agonias nos imperativos da sobrevivência corpórea. Somos nós, este bicho asfixiado pela gargalheira prensada e martelada em nossas gargantas pela vaidade ululante, que nos proporciona, desfastiosamente, nas dimensões do ego, a ilusão, convicta, de tudo sabermos. Observamos nas praças públicas dispostas pelos meios de comunicação, desenvolvidos pela exaustiva pesquisa científica, vulgarmente reconhecidas, como redes sociais, uma legião de atoleimados, cujas bocas são comportas arrebentadas pelo tronco da ignorância transbordeira de suas inteligências minificadas no senso comum. Como se o assopro das conveniências ribombasse-os de cá para lá e daqui acolá, à vontade dos próceres bussolares pomposos de seus interesses mais íntimo-ínfimos, na ganância de serem laureados como fanais da verdade absoluta. Saibamos, porém, que a grande e verdadeira rede social é a humana, e que ela se estabelece em toda parte geográfica, continente à continente, ligada fio a fio pelos laços ondulatórios dos pensamentos, criadores da atmosfera psicológica que forma o manto mental que paira tempestuoso no topo da crosta terrestre e cujas manifestações psíquicas elevam-se acima da exosfera, definindo a característica evolutiva do nosso orbe na qualidade de nossas emoções emanadas nas vibrações mentais do cérebro, o mais poderoso radiodifusor orgânico de emissões, cuja natureza, ainda está por ser detectada pelos nossos instrumentos na aprimoração dos aparatos científicos vindouros. Neste cenário, pois, onde a anorexia das ideias magras, popula a tela dos comportamentos humanos, é possível excogitar uma saída. Uma escapula habilmente proclamada por um homem cuja existência é, por uns, aclamada, por outros, não passa de um mito; sequer existiu. Aliás, dois homens herdaram essa pecha ao longo da evolução das sociedades mundanas. O primeiro, e a pedra fundamental do antimaterialismo, Sócrates, mestre de Platão; e o segundo, Jesus, que consolidou as ideias sócrato-platônicas ampliando-as às dimensões transcendentais, supracitadas por aquele, quando ainda era persuadido por Crítão a escapar da prisão que lho anunciara o suicídio forçado na taça da cicuta.

Sócrates

O principal ponto em comum, entre estes – que estão postos pela História, como os mais elevados pedestais da sabedoria ocidental – é este: “Conhece-te a ti mesmo”, de Sócrates, e que Jesus amplificou como um dos axiomas mais escatológicos da Filosofia, ao conjurar o mantra primordial da Ciência positivista: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”. Com efeito, por mais que algumas civilizações possam ter tentado fugir do vulto de uma Entidade Soberana, a qual nossa razão credita a creação de todas as unidades primitivas que, sobrepostas, instituem o relicário dos mistérios incognoscíveis da Vida; por mais que o homem, utilizando-se da sua instrumentação cerebral, de suas habilidades lógicas, culturais, cientificistas, tenha buscado racionalizar a razão de todas as coisas, inclusive chegando a declarar o falecimento nietzschiano de Deus – o que seria, para o pensamento filosófico do Século XIX, o golpe final na fantasia humana de ser regida por uma loucura onipotente e imaginária.

Nietzsche

(Nietzsche temia que o mundo avançasse ao niilismo, isto é, à redução ao nada, a rejeição de valores absolutos e a descrença de quaisquer outros valores, pois Aquilo que tínhamos de mais sagrado, “nós matamos!”. Estamos em 2016 e, vejam!, ele acertou. Temeroso deste abismo existencial, edificou sua filosofia e quando em janeiro 1889 assistiu abruptamente o açoitamento de um equino, correu, desesperado, em direção ao cavalo para protegê-lo, abraçou-o e caiu em um colapso mental que o matou no ano seguinte. Foi morto, sim, pela crueldade visceral da criatura humana ainda nos domínios da primitividade moral e não pela sua cauta filosofia que trouxe reconstruções profundas ao pensamento ocidental. A humanidade ainda marcha enlouquecida e, pôs no trono vazio, onde antes sentava-se Deus, o materialismo exacerbado, o culto ao profano, a insensibilidade as leis humanas e estamos em uma masmorra comportamental aos moldes da velha Roma na atitude promíscua e corrompida nas castas sociais e políticas, de cima a baixo. A seriedade não é mais um verbo conjugado na gramática ética da modernidade, honra é palavra extinta no vocábulo das gentes vazias e a noção de uma ordenação cósmica transcendente é mera ilusão que serve apenas aos religiosos estúpidos, assim como veste-se bem apertada a camisa de força aos dementes manicomiais)

pluralidades na ânsia pelo amadurecimento do mundo sociológico, pelo nascimento de conflitos no berço das ações que impelem os seres ao esforço do rebalanceamento da harmonia nos efeitos das escolhas executadas nas livres decisões. Fica então exposto, radiante, como o sol das 12 horas em dias de céu limpo que: toda a existência humana, desde nossas tribos mais primitivas, que erguiam símbolos totêmicos para as suas concepções mais sagradas no vínculo a Natureza; todos os sorrisos que enfeitaram as faces, todas as lágrimas que lavaram os chãos, todas as emoções e construções psíquicas da atividade humanoide, tudo o que fomos, o que somos e o que seremos, está gravitando em uma espiral que nos leva flutuantes na risca ao horizonte de eventos de Deus. Assim como no mundo microcósmico dos átomos, os eléctrons vagam errantes, transitando pelas camadas rutherfordianas ao impulsionar da energia potencial existente no sistema que ele se encontra, e quando forçado, avança ao salto quântico e retorna um microemissário de luz, buscando sua própria evolução contra a densa atração positiva que o próton exerce sobre sua carga elétrica. Assim como também, no universo macrocósmico, os planetas transladam elipsoides em volta do manto do tecido espaço-tempo afofado pela densidade abismal da estrela que os magnetiza gravitacionalmente, percorrendo ao longo dos biliões de anos, o destino fatídico onde o astro ampliará seu raio e fagocitará os planetas circundantes, explodindo-se, a estrela, em uma supernova que estremece as vizinhanças cósmicas naquele condomínio galaxial, fabricando novos materiais lançando-os para novas construções nos reatores nucleares do cosmos. Verdadeiras usinas quasariais que transmutam as subpartículas mais primitivas em elementos ricos que, forjados pelas forças universais naturais, viabilizam até a vida material, nas disposições moleculares que configuram o condomínio de organismos ainda mais complexos e que saem nas lonjuras da eternidade da mineralidade à animalidade, da animalidade à humanidade e, a posteriori, da humanidade à angelitude. Após esta viagem ao panorama invisível nas cidades de Deus, agora podemos nos despir do orgulho que nos encrosta no atraso, das vaidades que fazem paredes contra os horizontes, das presunções que causam dor aos que se nos aproximam migalhando consolo e misericórdia. Ficamos nus. E ao entreolharmo-nos, prostramo-nos, hugonianos, à grande síntese da narrativa lacrimosa das misérias agonizantes da velha França doída do Século XIX, “aimer une autre personne, c’est voir le visage de Dieu.” ¹

MURALHAS MATERIAIS

Para os pensadores, cujos raciocínios naquele tempo, eram regidos pelo império da matéria, o Creador estava para a intuição humana assim como certas crianças desenvolvem gênios imaginativos que lhes são companheiros para as brincadeiras da puerícia ingênua, e que um dia terão que abandonar os parâmetros imaginoides da infantilidade para aceitar o tapa da maturidade na ruptura do comportamento psíquico que lhes aplumam as doces memórias da tenra idade, sob os forros do baú subconsciencial. Não. O embate filosófico de Nietzsche e adeptos de outrora, cujos horizontes não puderam atravessar as muralhas matéricas, não conseguira suplantar do instinto humano, a percepção sutil da Grande Consciência, por muitas vezes adormecida no inconsciente das coletividades, pelos momentos de ondulações livre arbitrais, onde as escolhas individuais, sempre impactam na dimensão das

Victor Hugo Apontamos, ainda, uma direção: “amai-vos e instrui-vos”, como parâmetros pilastrais para aniquilar o egoísmo e reverberar os valores mais preciosos para onde as nossas belas quimeras e mais fantásticas utopias já pousaram seus sonhos nos devaneios das almas visionárias que habitaram as fronteiras do conhecimento intelectual e ultrapassaram o paredel dos horizontes espiritualizantes, permitindo a imaginação ser um vulcão em erupção, captando e transmitindo como um dínamo antênico, as percepções do infinito que trafegam na forma de ondas quantizadas de energia pelo fluído cósmico que imerge toda a matrix existencial da realidade corpórea. Esta, mera proje-

ção fractoide das Dimensões Superiores e olvidadas à nossa forma grosseira adensada de carne, de sentidos tão maquinalmente enganáveis.

Oh! Doce soberba humana, que pretende pôr-se em páreo com o Creador, a Ciência Pura que manifesta-se no amor entre todas as criaturas, nas Leis que garantem o equilíbrio universal e na Força que nos magnetiza em uma atração, irresistível, ao esforço no trabalho pelo progresso de nossas almas, pois que somos Espíritos e, apenas temporariamente, utilizamos este maquinário que tem seus feixes de luz refletidos ao pairarmos de fronte um espelho.

A HORA DA AUTOCRÍTICA

Jesus

Concluímos na ponderação de que nada sabemos e que, ao investigarmos a Ciência avançando-a na proposta de elaborar um mosaico completo das verdades comprovadas e reais, desde que as comprovações deste real extrapolem os limites de nossos mais sofisticados sensores tecnológicos; concluiremos então que pouco ou nada sabemos, ante o infinito. Perguntai aos cosmólogos livres da presunção cientificista do século XIX que ainda rasteja-se demorada no pensamento de milhões; questionai os astrônomos românticos, apaixonados pelas imagens do nosso Universo Visível; inquiri os astrofísicos humildes – valor genuíno das almas alumiadas no amor que praticam – eles afirmarão, seguros, que nossa viagem na nave geoespacial, tem como destino o infinito holográfico das possibilidades e que os caracteres do conhecimento de todas as coisas, não podem ser postos em uma equação que sintetize o Tudo.

Refletis, pois, se praticais o bem, a cada raiar de sol nas suas explosões magnéticas que desenham as auroras boreais nos polos terráqueos. Perscrutai, então, vossas consciências, ao descansar o corpo às horas velhas da noite, se sois humildes como os anjos, que apesar da perfeição atingida, retornam pousantes sobre a Terra para falar aos nossos pensamentos, conduzindo-nos, sem ferir nosso arbítrio das decisões, às sugestões que nos catapultam a Deus, quando nos é posta a chance de servir aos eventos inexoráveis da Vida, para que, com os nossos atos guiados pela bússola de Jesus, e refinados na inteligência dialética de Sócrates, moldemos um novo Planeta, pois que, só será novo o Planeta, se as almas que nele abrigam-se, também forem novas, ou renovadas em si mesmas, pelos seus esforços hercúleos, tal qual o espírito, na sublime ocasião do reencarne, precisa romper a membrana materna e vir na ruptura da placenta para uma nova oportunidade de evolução, e experimentar o sacro período estabelecido no tiquetaquear do berço ao túmulo. Livres, finalmente, do egoísmo, vencedores de nossa ignorância, doando o absoluto de nós mesmos a todos, sabereis, então, viver de tal forma que, ao sentir a morte chegar, a paz dos justos lhe instituirá no coração a certeza de que é chegado o grande momento da libertação e que, se na tua consciência ajuntara uma multidão de sorrisos no bem que praticastes, lançar-se-á para fora do corpo com a força dos foguetes que vencem a gravidade e voará retilíneo em direção ao Pai, como o filho que, após atravessar o eterno das dores machucantes, finalmente chega, repousando sua cabeça, com os olhos espirituais iluminados de lágrimas gotejando alegrias, no abraço de Deus. ¹ Do francês, Victor Hugo, “amar o outro é ver a face de Deus”, na obra, Os Miseráveis

ÊÊ ONDE, O DIÁRIO DA MANHÃ, NISSO? Por reconhecer que o Verdadeiro Conhecimento não está atrelado a todos os livros hospedados nas bibliotecas, e que há possibilidades shakespearianas que se nos mostram diariamente no ditado “há mais coisas entre o céu e a terra do que sonha a nossa vã filosofia”, o Diário da Manhã não contentar-se-á com as rasuras humanas e irá no profundo da sabedoria universal buscar a inspiração para as suas páginas. Não somos nós que fabricamos mensagens psicografadas, são os médiuns sérios – que nada cobram, de várias partes do Brasil, e que provaram que suas intenções estão livres do interesse mundano – é que são “amolados” pelos espíritos dos humanos que já morreram e agora voltam como que lançando um bote salva-vidas aos incautos do comportamento moral. “De pé, os mortos!”, bradou Humberto de Campos no primeiro livro de Chico Xavier, que reúne as poesias recebidas, mediunicamente, dos mais importantes poetas de língua portuguesa de todos os tempos. Fechar os olhos quando um raio cai do Céu para fazer clarões nos rumos humanos, é ignorar responsabilidades. Tapar os ouvidos, quando os clarins de tantas mudanças ressoam em um concerto de transformações morais que balançam consciências hibernadas nos erros, é fazer-se de joão-sem-braço para os chamados da Eternidade. O Diário da Manhã sabe que morte não existe. Fábio Nasser já

escreveu: “as ideias não morrem”. O Diário da Manhã sabe que a vida funciona nos prismas de uma Grande Justiça e que há, de fato, uma ordenação cósmica transcendental. O Diário da Manhã acredita na Lei de Causa e Efeito e que aquilo que plantamos dá frutos, muitos frutos, sejam eles bons ou ruins. O Diário da Manhã sabe que se pisar naqueles que estão apedrejados nos chãos da opinião pública, será também esmagado pela força da Espiritualidade e, por isso, dá voz aos que sofrem e choram de tanto apanhar das injustiças legitimadas nos magistérios brasileiros. O Diário da Manhã é humanista, entende que há fracos, que há fortes, que cada qual tem seu horizonte de compreensões e que por isso a marcha da evolução se dá a passos lentos. Mas o mundo tem pressa e sede de evoluir e cá estão nossas páginas, dispostas como engrenagens nesta grande máquina do progresso humano. Aos jornalistas, repórteres, letristas, políticos e articulistas, que aqui queiram registrar seu pensamento, verificai primeiro se suas ideias lançadas a outrem não lhe serviriam primeiro, e depois de severa autocrítica, venha para as páginas do jornal e apontem, à luz da Ciência e da Filosofia, os rumos para a “Liberté, égalité, fraternité”. ARTHUR DA PAZ, DIRETOR DE REDAÇÃO DO DIÁRIO DA MANHÃ


Diário da Manhã

ESPECIAL

57 ANOS DE

GOIÂNIA, SEGUNDA-FEIRA, 14 DE MARÇO DE 2016

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36 ANOS DO JORNAL DIÁRIO DA MANHÃ

DESDE O CINCO DE MARÇO

LEMBRANÇAS

Galeria dos velhos tempos Imagens do acervo do Diário da Manhã trazem a lembrança dos momentos iniciais do jornal que sempre pautou-se pela liberdade: “o peso do sonho na leveza do papel”

Os entregadores dividiam o ponto para vender os dois principais jornais da Capital

Outdoors espalhados anunciavam os avanços do Diário da Manhã e a massa de inteligências que compunham a Redação, que dela, nasceram os jornalistas que comandaram a imprensa nacional

Espaço da antiga indústria onde as bobinas de papel eram preparadas para a impressão

Máquinas de datilografia recebiam as dedadas rápidas dos repórteres e editores ávidos para lançarem em primeira mão as novidades e notícias locais e nacionais para os leitores

Antiga técnica de montagem e ajuste de páginas nos famosos fotolitos

Alfredo Nasser Memorial do

C

aiapônia, antiga Torres do Rio Bonito, começou como sede da Comarca do Rio Coxim, cujos limites iam do Rio Verde, inclusive, até o Paraguai. Não sei se estou insultando a

verdade histórica. Mas aprendi isso na escola primária e não me interessa desaprendê-lo. Em São Paulo, terminando o curso ginasial e morando com Irany Ferreira no mesmo quarto, eu lhe dizia frequentemente dando início a intermináveis discussões e brigas: – Estou estudando para comandar um dia as forças de Caiapônia que vão invadir Rio Verde. Subiremos a serra e reanexaremos vocês. Caiapônia é uma pequena cidade, bem menor que Rio Verde e Jataí. Construída sobre um espigão, as torres a dominam, de longe. São blocos enormes, um dos quais parece um gigante deitado. Comparado com o seu, o luar de outras cidades é leite com água, com muita água. Só é inferior ao da antiga Capital do Estado, sobretudo visto de Santa Bárbara. Assim mesmo, se Ely Camargo cantasse em Caiapônia as “!Noites Goianas”!, poderia muito bem haver um empate. Pois essa pequena localidade, velha Comarca do Rio Coxim, antigo caminho dos garimpos do Araguaia e afluentes, com menos de quatro mil eleitores inscritos, situada, com o desvio das estradas para Mato Grosso, num cotovelo que lhe dificulta o progresso, Caiapônia já deu, de 1934 para cá, três deputados federais, um senador, um membro do Conselho Nacional de economia, um vice-governador do Estado, um ministro da Justiça. Agora, dela despontam, caminhando céleres para o estrelato, dois jornalis-

Velha técnica de diagramação contava com tipografia física, réguas e atenção extrema

Conversa íntima tas: Batista Custódio e Consuelo Nasser, da direção do Cinco de Março. Batista Custódio é o comandante da equipe deste jornal. Filho, neto, bisneto, tataraneto de fazendeiros, traz ele nas veias o sangue de várias gerações de homens honrados. Por poucas pessoas me responsabilizo moralmente como por esse rapaz que tem, numa vocação de apóstolo, a alma do panfletário. Seu pai foi meu companheiro na escola primária e sua família é ligada à minha há mais de cinquenta anos. Quando ouço falar em imprensa marrom, compreendo até onde pode chegar a injustiça neste mundo. Batista Custódio é um dos mais puros idealistas, um dos melhores espécimes humanos que já conheci. A sua bondade dói. O Cinco de Março tira-lhe dinheiro e não lhe devolve um tostão. Nem ele precisa disso. O seu erro é imaginar que este mundo tem conserto, que lutar contra a corrupção vale alguma coisa. Nas longas conversas que temos tido, procuro transmitir-lhe o pouco que aprendi, um pouco do que me ficou das coisas que me feriram, um pouco do quanto o caminho a percorrer é longo e duro. Ele me ouve, silencioso, porque sabe que penso como ele. Bom, bravo, generoso, Batista Custódio tem me arrastado à sua luta, numa solidariedade que não negaria a nenhum órgão de imprensa, mas que para ele é maior, por sua bondade, sua bravura, sua generosidade, seu puro idealismo. E seu caráter, também. Seu verdadeiro, sólido, indobrável caráter. O mesmo se dá com Consuelo Nasser, tecnicamente minha sobrinha. Um dia, as cruéis imposições da po-

lítica me levaram a criticar um velho amigo: Galeno Paranhos. Na resposta, achou o meu antigo chefe na campanha de 1954 que sempre fui um boa-vida, pois sendo solteirão nunca tive coragem de assumir os encargos de chefe de família. Coisa curiosa. Outra coisa não tenho feito senão ser chefe de família. Consuelo e sua irmã Maria Stela fizeram-se pelo destino minhas filhas. Atualmente tenho cinco filhos. Três meninas de criação e dois filhos adotivos: um menino e uma menina. Vivem em minha companhia, dou-lhes purgante e lombrigueiro como qualquer pai. Mas voltemos à Consuelo e Maria Stela. Esta é tão inteligente como a irmã, tão lúcida como ela, tão praticante, como ela, da boa leitura. Foi até o Normal, diplomou-se, não quis ir

adiante. Casou-se com Jamil Issy, farmacêutico e professor da Faculdade de Farmácia, e não poderia ter seguido melhor caminho. Costumo dizer que ninguém é como Stela. E não é mesmo. Consuelo formou-se em Direito e ao nos encontrarmos, nos primeiros dias deste ano, lhe perguntei: – Filha, que vai você fazer? Ela respondeu: – Trabalhar em jornal. Ao lhe fazer a pergunta esperava que me fosse pedir um emprego, uma oportunidade, um jeito de ganhar dinheiro. Ante sua resposta pensei no Jaime Câmara, no Braga Sobrinho, no Waldemar de Melo. Afinal, são meus amigos e não me seria tão difícil satisfazê-la. Ela ajuntou, antes que eu concordasse: – No Cinco de Março. Naquele momento ela me devolvia, sem saber, a preocupação que dei ao seu pai, Gabriel Nasser, que me criou, quando iniciei minha turbulenta vida de jornal, menino ainda. Os perigos não eram menores para a imprensa de combate, a incorporação era a mesma, os corruptos eram violentos, como em todos os tempos. Como o fizera seu pai, fiquei calado. Esse meu irmão era um homem culto, conhecedor da boa literatura, enérgico e suave na medida justa, líder por nascimento. Sua vida foi dedicada a educar seus irmãos. Dói-me até hoje a lembrança de vê-lo na fazenda, nas geladas madrugadas de junho, ao pé do engenho, na faina da moagem. Ele não nascera para aquilo, mas fazia-o sem queixa e o fazia, como foi até o fim, calado e sorrindo. A vida não fez justiça ao meu irmão. Não só não teve as oportuni-

dades que merecia, como dela se foi cedo demais. Suas filhas foram criadas no ambiente doméstico, sem receber ordens. As decisões eram tomadas depois de livre debate, dos quais participava minha irmã (que teve nesse campo a maior parte dos encargos), por maioria de votos. Um dia tivemos que decidir entre comprar carne ou papel para o Jornal de Notícias, pois o dinheiro não dava para as duas despesas. Contra apenas o meu voto, compramos o papel. Assim cresceram as meninas, assim cresceu Consuelo. Julgo as pessoas, mesmo as mais chegadas, imparcialmente. Consuelo irá longe, tomem nota. Sua revolta contra as injustiças, a corrupção, as mentiras, a hipocrisia, trabalha em seu favor. Ela não calunia, sua linguagem é moderada, seu julgamento dos outros impressiona pelo equilíbrio. Galeno não tinha razão. Além da nova geração de filhos que crio e educo, aí estão marcando minha vida e meu coração Stela e Consuelo. Por elas sei que a existência acabou para mim, sob muitos aspectos. Enquanto a primeira me tira o sono vendo-a na labuta de seu lar, quando os filhos adoecem, a segunda me faz acordado sabendo-a no jornal, exposta aos mesmos perigos pelos quais passei, ao mesmo frio que já me enregelou, ano após ano, tomando xícara após xícara de café, respirando o mesmo ar enfumaçado, o mesmo ar viciado e sonolento das madrugadas que envolvem as redações. E acabou a vida para mim, sob muitos aspectos, porque enquanto dois seres que amo penetram nos mistérios e nas dificuldades da existência, não consigo mais ver, nunca mais verei – o sorriso de meu irmão nos claros, límpidos, doces olhos de suas filhas. ALFREDO NASSER, 1907 – 1965, TRANSCRITO DO JORNAL CINCO DE MARÇO, EDIÇÃO DE 9/11/1963


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GOIÂNIA, SEGUNDA-FEIRA, 14 DE MARÇO DE 2016

Diário da Manhã


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