Batista Custódio - Retrato do Invisível

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Diário da Manhã

OPINIÃO

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GOIÂNIA, SEGUNDA-FEIRA, 21 DE JANEIRO DE 2013

Manifesto à Vida (final)

RETRATO DO INVISÍVEL MR RIPLEY

Batista Custódio Editor-geral do Diário da Manhã

É

comum ao ser humano ver nos outros os erros que não enxergam em si próprio. Os que me elo gi am des co nhe cem meus defeitos e os que me criticam ignoram minhas virtudes. Em geral as pessoas vão aos lugares de sofrimento levadas por sua dor e não vão aos locais de dor no sofrimento alheio. E só entram no Araújo Jorge quando o câncer já entrou dentro delas. E apenas dão uma chegada ao HDT quando uma doença tropical chegou a elas. E somente deixam de prejulgar como criminosos todos que estão nas prisões depois que os inocentes no Cepaigo são elas. E unicamente os velhos param de implicar com as arrelias de crianças e os meninos param de implicar com os emburros de velhos quando os vovôs se lembrarem dos netos que foram e os netos forem avós. Toda pessoa é duas pessoas nela. A que é e a que pensa ser. E está no pobre que despreza o rico enquanto for po bre e es tá no ri co que zomba do pobre enquanto for rico. E está no político que combate o governo quando é oposição e está no político que ataca a oposição quando é governo. E está na arrogância do permanecido na ignorância e está na humildade do evoluído no conhecimento. Restrita é a plêiade dos totais na inteligência, completos no caráter, inteiros na coragem e infinitos na gratidão. Farta é a cambada de pedaços de

gente nas quirelas da mente, nas farofas da desonra, nos moídos da covardia e nas paçocas da ingratidão. Dão lavagem nas ideias.

UM HOMEM FORTE NA EQUIPE DO GOVERNO É SINAL DE GOVERNANTE FRACO

Os líderes Iris Rezende e Marconi Perillo são ótimos políticos em si mesmos e ruins para si próprios nos que os rodeiam nos cargos e os separam do eleitorado anelados ao corriqueirismo intrigueiro na intimidade do poder. O Marconi é o Iris e o Iris é o Marconi no populismo igual em Goiás. Iris realizou mais obras físicas e fez menos marketing que Marconi no governo. Marconi faz mais marketing e realiza menos obras físicas que Iris no governo. Iris confiou o planejamento da meta rodoviária com a seleção prioritária das empreiteiras ao critério da direção do Dergo. Marconi fia a prioridade da meta de divulgação ao escopo dos planos da direção da Agecom.

Iris pavimentou mais rodovias que todos os governadores que taparam buracos nelas e, ademais, tiveram que asfaltar de novo vários trechos em diversas delas. O Marconi tem mais jornalistas a serviço do marketing governamental que trabalhando nas redações das empresas de comunicação e, ademais, são censurados demais pelos bittencourtanos sempre que é noticiado um fato do desgaste oficial na insatisfação popular. Os chefes de Estado aprendem tardiamente que a submissão da autonomia da equipe à concentração do po der no cha ma do ho mem forte do governo é sinal de governante fraco. Por mais que estadista autoritário, tanto mais é manobrável no egoísmo vaidoso.

FOTOS: DIVULGAÇÃO

Ex-governador Irapuan Costa Júnior

Ex-governador Iris Rezende

Ex-governador Alcides Rodrigues

Governador Marconi Perillo

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DAVID KARP/BLOOMBERG NEWS

GOIANO É TARADO POR EMPREGO PÚBLICO Achava, eu, que o atual governo ia cumprir as promessas da esperança dada ao povo pelo candidato nas eleições e atendeu os compromissos assumidos com os preços da candidatura na campanha. Acha va. E ti nha o di rei to de achar. Contribuí com o meu voto. Resgatou-se o indevido através das cédulas da mais-valia e não pelo devido às cédulas dos votos. Pagou-se custo alto pelo que seria caro demais até de graça. No estoque das nomeações há varejos válidos e existem atacados validos. A miscelânea de úteis e de inúteis na administração pública não se restringe aos assessores do momento e proliferou-se nos auxiliares de todos os governos, mas reflete a tara que goiano tem por cargo público. O nepotismo é esférico na vida pública e globoso na congenia da política partidária. A consanguinidade de avós, pais, filhos, irmãos, cunhados, sobrinhos, maridos, esposas pare ou aborta o concubinato dos mandatos populares. O Executivo, o Judiciário e o Le gis la ti vo são aca sa la dos descendentes da prole genitora da afilhadagem nos escalões do poder. A mentalidade oligarca é genética no inconsciente coletivo em todas as classes sociais e fun cio na no fei tio das ín do les como direito de herança transmitido no berço das gerações. Oligarquia, nepotismo e familiocracia são o nome, o sobrenome e o apelido nas irmandades da política em sua filharada herdeira na partilha do empreguismo público. Em toda família há uma pessoa que destoa anos-luz do opaco nos

Irapuan Costa Júnior, ex-governador de Goiás

Nion Albernaz, ex-prefeito de Goiânia

Iris Rezende Machado, ex-governador de Goiás

Maguito Vilela, ex-governador de Goiás

demais que gravitam na constelação do parentismo como gandulos sem a claridade no talento do congênere, quais planetas gravitam na órbita das estrelas. No universo político de Goiás, o líder é o Sol e tem galáxias da parentagem nos céus da resplandecência do seu prestígio. Nos Caiado, teve o Antônio, o Totó. Nos Ludovico, existiu o Pedro. Nos Nasser, houve o Alfredo. Nos Santillo, foi o Henrique. Nos Rezende, há o Iris. Nos Vilela, tem o Maguito. Nos Perillo, é o Marconi. Os demais, adjacências do dependimento, brilharam ou brilham refletidos pela consanguinidade luminosa e tiveram ou terão passagem meteórica no astral da popularidade no Estado. As previsões climáticas da meteorologia no empregatício são de muita chuva de parentes e de muito sol de parentes, de muito frio de parentes e de muito calor de parentes para o inverno, o outono, a primavera e o verão nas estações do poder. Os governantes serão aplaudidos nas inaugurações de escolas nas cidades do interior e vaiados nas eleições municipais se não nomearem os parentes dos vereadores ou dos prefeitos. Adotar emprego público como meio de vida é aptidão parasitária na vocação de ser independente na pessoa. A oportunidade de crescimento do ser humano está é no potencial de competitividade e criatividade de cada um em todos nós. O serviço público limita a perspectiva de expansão do talento empreendedor ao emperramento da burocracia, que subordina o superdotado na obediência subalterna à inferioridade de chefes nulíssimos. Muitos dos titulares nos gabinetes oficiais são egressos de insucessos na atividade particular e, ao deixarem os órgãos estatais, deixam também rombos no Erário, tantos por desonradez, alguns por incompetência. O corporativismo é a Ltda da corrupção S/A da inversão de valores nos Três Poderes da República.

da miragem nas águas cristalinas na transparência envenenada de ardis e deixe de bebê-las. Então, a magia transmuta os espectros em anjinhos arrependidos afundando-se na hipocrisia cínica em si nos rafeiros farejadores de privilégios. Não faz meu gênero ficar no barranco olhando-os naufragados em suas imprestezas para o confiável. Fico com dó e os recolho solidário. E teria mais dó se me atraiçoarem de novo. Porque não gostaria de ser um deles nessa hora. Não mais estarão na mi nha tris te za das de cepções e na minha revolta das traições. São a minha indiferença no desencanto.

OS FALSÁRIOS DA VERDADE ÀS COSTAS EM MENTIRAS NA FRENTE DOS PODEROSOS O Palácio das Esmeraldas parece não gostar de mim. Ou, talvez, as casas do poder é que não se simpatizam com imprensa livre. Qua tro ami gos meus fi ca ram estremecidos comigo como governadores. Três deles logo após a posse. Um devagar no mandato. E, coincidentemente, todos assistenciados na assessoria direta por jornalistas formados em mi nha es ti ma no Cinco de Março ou no Diário da Manhã. Pas sei ho ras amar go sas nos gover nos de Iris Re zen de e de Ira puan Cos ta Jú ni or. Am bos perceberam a vindima traiçoeira dos des pei ta dos e es tão re conduzidos à nossa amizade. O Al ci des Ro dri gues fugiu do apreço a mim na metade do gover no e os anos vi rão tra zê-lo aos dias em que identificará às suas costas os falsários da verdade em mentiras à sua frente. O Mar co ni Pe ril lo tran cou-se com novos amigos no terceiro governo de portas fechadas ao res pei to de vi do e sen ti rá fal ta quando voltar ao povo em 2014. Todo poder é uma ilha onde cantam sereias. Em Goiás, elas en can tam mais os he róis na Ca sa Ver de que a mi to ló gi ca Circe enfeitiçou Ulisses na Ilha de Capri, a ilha das sereias em Odisseia, de Homero. Iris, Ira pu an e Al ci des ou vi ram fantasias desses bruxinhos adu lo sos que Mar co ni es cu ta até que ele também se desfaça

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MARCONI E IRIS SÃO OPOSTAMENTE IGUAIS NO AUTORITARISMO CONTRA A IMPRENSA Iris Rezende foi o governador perfeito no momento exato e do jeito que Goiás precisava de ser construído no chão dos sertões. Fez estradas para o progresso andar nas obras físicas criadoras de polos de desenvolvimento em todo Estado. Economizava nos gastos das verbas de propaganda os recursos para os custos das edificações materiais. Adorava ver na imprensa fotos dele garrado ao serviço no meio do povo trabalhando nos mutirões, mas os jornalistas da Secom gostavam de escolher os adjetivos dos elogios nas matérias.


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Paulo Bittencourt, diretor de Comunicação da Assembleia Legislativa

José Luiz Bittencourt, presidente da Agecom Marconi Perillo elegeu-se governador predestinado no ciclo preciso e do modo que Goiás esperava a construção na cabeça do povo com as ideias da liberdade. Fez a Bolsa Universitária levar legiões trabalhadoras para o conhecimento profissional diplomado nas faculdades. Cortou aumentos de salário dos servidores públicos e criou o Vapt-Vupt, investiu na construção do Crer e do Centro Cultural Oscar Niemeyer e na modernização dos órgãos de comunicação do governo. Adora ver na imprensa fotos dele em matérias focalizando solenidades lotadas de povo, mas os jornalistas da Agecom gostam de censurar os adjetivos e até os verbos de notícias nas rádios, televisões, jornais e revistas. Iris não ouvia de jeito nenhum o conselho dos assessores de imprensa de opinião contrária ao autoritarismo de o governo não permitir o jornalismo independente. Mas Iris, quando e ex-governador, reconhece que errou. Marconi ouve mais a orientação dos assessores de imprensa de opinião favorável ao despotismo de se manter o jornalismo de pen den te do gover no. Mas Marconi, quando for ex-governador, reconhecerá que errou. Nunca é tarde no tempo de a pessoa mudar-se. Ao descobrir que as intenções de outros são adversárias ao verdadeiro em seus propósitos, essa é a hora de afastar-se deles.

MARQUETEIRO SEM A LUZ DO PENSADOR É UMA VELA APAGADA E SEM O PAVIO Não há como ser negado, com honestidade, que Antônio Ramos Caiado e Pedro Ludovico Teixeira foram o marco de dois estadistas que dividiram ao meio a liderança política em Goiás no seu tempo. E é ser justo afirmar que Iris Rezende Machado e Marconi Perillo Júnior estão os dois líderes políticos que partem a popularidade eleitoral no Estado em sua época. Totó Caiado manteve-se condizente com as brabezas que povoaram os ermos goianos desde as capitanias à Vila Boa até o batismo como Cidade de Goiás. Pedro Ludovico veio no getulismo governar Goiás e trouxe a capital para Goiânia que construiu e assentou nela o tijolo que viraria muitos nos que o presidente Juscelino Kubitschek buscou a capital do Rio de Janeiro para Brasília. Iris Rezende plantou nas terras interiorizadas em Goiás a semente do

João Bosco Bittencourt, assessoria de Imprensa da Governadoria progresso material nas obras físicas oportunas e indispensáveis para a expansão produtiva do Estado. Marconi Perillo brotou da moci da de po lí ti ca da ge ra ção so nhando nas ideias por mais livros e alu nos nas es co las que bois e peões nas fazendas, para Goiás vir das roças para as biblio te cas e o Es ta do sa ir pa ra a modernidade mundial. Toda fase na história de um povo tem a etapa na progressão do desenvolvimento na civilização. Iris fez mais obras que publicidade porque em seus anos o tempo era de cardumes sobrando nos rios e todos sabiam onde pescar para o próprio sustento, cada um levava para si peixes e enchia suas panelas. Marconi faz mais propaganda que obras porque em seus dias as cevas nos rios estão depredadas e é fun da men tal cri ar nos pescadores a mentalidade de se usarem as pisciculturas. Iris derrapou na teoria do moderno, enganou-se na prática do atraso de uns comendo a fartura e outros sendo comidos pela fome. Marconi acertou na visão de todos terem o mesmo direito à abastança de peixes e equivocou-se no método de que cada qual não tem o dever de contribuir também para aumentar a produção do pescado. Os pensadores criam o pensamento no verdadeiro nas realidades e os marqueteiros geram o ir-

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real na ficção das fantasias. Os marqueteiros iristas iam aos ricos, pescavam calados e enchiam os embornais de peixes. Os marqueteiros marconistas não vão aos rios, dão uma chegada às pisciculturas, tiram fotos com moletes e a linha com a ponta dentro da água, fotografam peixes nadando nas rasuras, as dos jardins com garçons servindo à vontade os frequentadores, e voltam com as sacolas cheias de fotos e vazias de peixes. Os pensadores emitem nas ideias energias que magnetizam as pessoas umas às outras na identidade da mesma comoção nos sentimentos. Os marqueteiros são friezas intransitáveis no aconchego das populações humildes, que são o ninho das vitórias eleitorais, e se atrevem a ensinar popularidades a políticos carismáticos. Marqueteiro sem a luz do pensador é uma vela apagada e sem pavio.

QUANDO AS ALMAS É QUE ESTRANHAM NAS PESSOAS


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Delta do Rio Nilo, encontro com o mar

As assessorias de imprensa do governo, equipadas de editores, redatores, repórteres do jornalismo burocrático e agrupados ao tecnicismo de marqueteiros que não distinguem a diferença entre promover a venda de eletrodomésticos e o prestígio de pessoas, para construírem a popularidade do governo, estão é conseguindo destruir a imagem de Marconi Perillo como líder político nas redações dos órgãos de comunicação, no descontentamento das lideranças partidárias e na opinião do eleitorado nas ruas. Verbas de propaganda não faltam, sobram. Mas a repercussão negativa é de origem, vem de cima e centraliza-se no triunvirato de uma família e cujos irmãos são inteligentes, cultos, com vasta militância na imprensa e frequentes passagens em diversos governos. Ante o número de grandes jornalistas no Estado, o José Luiz Bittencourt como presidente da Agecom, o Paulo Bittencourt como diretor de Comunicação da Assembleia Legislativa e o João Bosco Bittencourt como Assessor de Imprensa da Governadoria soa nepotismo Bittencourt; assim como existindo tantos médicos notáveis em Goiás, o Paulo Rassi como secretário da Saúde, o Nelson Rassi como diretor do HGG e o Elias Rassi como diretor do HDT daria o tom de oligarquia Rassi. A trinca de irmãos convive comigo desde o pai José Luiz Bittencourt e, por prezá-los, se houvessem me consultado sobre a convocação para os respectivos cargos, teria aconselhado-os a recusarem as nomeações. Não indiquei nenhum deles. Cedi o João Bosco para ajudar no comitê do Marconi Perillo durante as eleições e ele preferiu ir para o gabinete do governador a voltar para a Editoria Executiva, na redação do Diário da Manhã. O José Luiz Bittencourt e o Paulo Bit ten court fo ram in di ca dos pelos deputados estaduais Jardel Sebba, então presidente da Assembleia e atual prefeito de Catalão, e Hélder Valin, então líder do governo na AL e atual presidente da Assembleia Legislativa. O presidente da Agecom é de personalidade metálica no materialismo ressecado no ateísmo, o que faz dele uma pessoa perigosa para o próprio espírito. Gente que não acredita na vida eterna devota-se ao utilitarismo dos proveitos nesse mundo. Na última vez que pedi uma audiência ao Marconi Perillo, ao chegar no Palácio das Esmeraldas, o José Luiz Bittencourt estava na antessala do gabinete do governador, acompanhado por dois senhores e uma senhora. O presidente da Agecom perguntou se eu acreditava em ressurreição. Respondi que sim. Ele disse que não. Questionei-o como explicava a ressurreição de Cristo. Um dos senhores argumentou: “Jesus estava só machucado na cruz e pen sa ram que ele ti nha morrido. Os amigos o levaram e trataram dele até sarar. Depois, Jesus mudou-se para um lugar longe na África e onde viveu isolado o resto de sua vida.” O governador veio e chamou-me. As últimas mensagens enviadas pe-

lo Fá bio Nas ser dei xa ram-me apreensivo com o futuro político de Marconi e fui ler uma delas para ele. Mas ao iniciar a leitura, notei-o desinteressado; desisti ao perceber que estava sendo incômodo e solicitei novo encontro. O governador mostrou-se apressado, disse que tinha de viajar para um contato em São Paulo e no Rio de Janeiro e que ao retornar me chamaria para uma conversa demorada. Vislumbrei em seu olhar àquelas horas que alguém havia posto alguma coisa contra mim em seu sentimento. O Paulo Bittencourt transmite arrogância que não é na pose empertigada, mas de um mal na coluna cervical que o empenou acorcundado para trás e o arfou no peito. Mas a nossa convivência é de rápidos cumprimentos cordiais. O João Bosco Bittencourt é o mais produtivo como jornalista da irmandade, mas é também o mais fraco no feitio do temperamento cediço à dominação da arrogância dos manos, embora ele possua superioridade de talento como jornalista. Doeu-me nas emoções perdê-lo no hino da liberdade para os cantos das sereias de temporadas nas ilhas paradisíacas do poder. E de onde o Bosco já escapou náufrago tantas vezes. São os mis té ri os da vi da. Por mais que alguém seja dissimulado, não creio que haja pessoa tão falsa e capaz ao mesmo tempo de demons trar tan ta sin ce ri da de no apreço ao longo de tantos anos. Toda ausência deixa-me um vazio em sua ausência. Há os que sentem-se bem circulando nos trânsitos do poder. Eu sin to-me me lhor an dan do nos chãos do povo. Quando as almas é que se estranham nas pessoas, o materialismo e o romantismo entraram no corpo a corpo ao dinheiro e ao sonho. Naquele dia em que estive no Palácio das Esmeraldas, saí reflexivo sobre alertas que dera ao Marconi de que ninguém pode falar em meu nome. E desci a Praça Cívica meditativo a respeito de confidências que me fizeram há anos os ex-governadores Irapuan, Iris, Maguito e o ex-prefeito Nion em seus desabafos segredados sobre a melosidade desses alcoviteiros de chefes do poder. E pensei comigo: coitado do Marconi. Ele terá o seu dia neles quando for ex também.

NÃO FICARÁ ÓDIO SOBRE ÓDIO ENCOBERTO NA TERRA Não te nho me do de gover no. Sempre sobrevivi aos trapos das dificuldades no jornalismo e à trincheira da máquina de escrever. O resto está dentro da cabeça. A senhora Célia Câmara disse um dia

para o Omar Souto que se me tomassem tudo e me deixassem com um pedaço de papel, eu faria um jornal. E faço mesmo. Jornal não é construído com a força do dinheiro ou feito com papel, tinta e máquinas. Jornal é produzido com o sonho dos idealistas e trabalhado na vocação dos criadores de liberdade. Redação de jornal é oficina das ideias do romantismo e, quanto mais fica rica a empresa editora, tanto mais se empobrece o jornalismo. Por haver me definido pela candidatura de Marconi Perillo, oferteime ao massacre financeiro nos dois últimos anos do governo passado. Por ter sido solidário ao Marconi e não cúmplice do denuncismo, expus-me, resignado, à asfixia de recursos nos dois primeiros anos do atual governo. Os dois primeiros anos do Alcides foram menos ruins para o Diário da Manhã que os dois primeiros anos de Marconi. Aguentei calado o desgaste público de minha imagem, embora não concordasse com a pistolagem impressa dos ageconianos. Não sou de deixar amigo em suas horas de sofrimento, e o Marconi sofria além do suportável, menos pela fúria revanchista dos adversários e mais pelo fragor burrificado dos escribas palacianos. Os jornalistas oficiais amoitaram-se no pistoleiro da imprensa para atacarem amigos meus na re sis tên cia da di ta du ra mi li tar, como Adib Elias. Escrevi vários editoriais assinados em defesa do gover nador Marconi Perillo. Os da capangagem impressa escreviam para outros assinarem. Os irmãos José Luiz Bittencourt, Paulo Bittencourt e João Bosco Bittencourt não assinaram um só artigo defendendo o governador. Pedro Ludovico pagou injustamente pelo assassinato de Haroldo Gurgel cometido pelos jagunços de seu auxiliar Pedro Arantes. Marconi Perillo corre o mesmo risco. Poderá vir a ser responsabilizado pela tirania dos pistoleiros bittencourtanos da imprensa. Fechei o espaço no Diário da Manhã desde o início do mês de dezembro para os artigos de encomenda. Os três chefes da pistolagem sumiram de mim a partir de então. Jornalista assalariado no governo não tem moral para escre ver con tra o Iris Re zen de, o Paulo Garcia, o Vanderlan Cardoso, o Ronaldo Caiado, o Júnior do Friboi, o Maguito Vilela e outros candidatáveis ao governo em 2014. O brio recomenda que escrevam mostrando as virtudes do governo e não os defeitos dos oposicionistas. Nem os jornalistas engajados a remunerações da oposição merecem respeito ao escrever contra os governistas. Conversem com os jornalistas novos que es tou for man do no Diário da Manhã. Ouvirão deles que a minha orientação é para não escreverem nenhum texto que tenham vergonha de assiná-lo; e jamais dei xem de es cre ver o que acreditam, sob pena de não escreverem, nunca mais, matéria alguma para nenhum jornal. Saiam de trás do toco. Venham para o aberto da coragem.

Estou no largo. O espaço está livre no Diário da Manhã para a manifestação das opiniões respeitosas de todas as lideranças do povo goiano. Deixem de ser maus, pistoleiros da imprensa dos coletes do governo. Tenham dó do governador. Marconi Perillo não merece o rancor que estão criando para ele. Não ficará ódio sobre ódio encoberto na Terra. Sofrerão a dor das próprias feridas que abriram nos outros. As atuais mudanças estão descendo do Céu. E o Céu os marcou. Salvem-se enquanto há tempo de Deus vê-los redimidos vivos.

MARQUETEIROS NAVEGAM O GOVERNO SEM O NORTE DA INTELIGÊNCIA. SÃO BÚSSOLAS SEM AZIMUTE Marconi Perillo é pessoalmente um admirador da comunicação. Está certo. A natureza anuncia antes tudo que faz. Se vai chover, faz propaganda. Troveja para os surdos ouvirem. Relampeja para os cegos enxergarem. Venta para sacudir os cegos e os surdos. Dispara raios para avisar do perigo. Então relâmpagos, trovões, raios e ventanias são publicidade de chuva. Troveja, relampeja, venta e não chove. Podia simplesmente chover. A natureza faz até propaganda enganosa de nuvem. O tempo fica nublado e não chove. Já na natureza dos pistoleiros bittencourtanos na imprensa, os temporais têm apenas raios para os adversários. Estão criando um mormaço no clima político que poderá armar tempestades avassaladoras para o governador. Os raios descem em menor número dos céus que a quantidade dos raios que sobem da terra, às vezes do chão sob os pés das pessoas. O úni co pa ra-rai os ca paz de protegê-los dos coriscos, que são as pedras-de-raio, será passarem a construir abrigos do bem. Adotem a lei da natureza. Comecem a fazer o barulho de divulgação das obras do governo como os rios fazem as pororocas ao entregarem suas águas ao mar. Sou como rios. Eles não param nas águas perdidas debaixo dos barrancos caídos nas curvas. Eu não volto às perdas que se foram na vida. O jornalismo marqueteiro estancado na Agecom parece ter perdido na inteligência o norte nos horizontes da comunicação. E na ve ga o gover no co mo bússola sem azimute.

BATISTA CUSTÓDIO


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