Diário da Manhã
ESPECIAL
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GOIÂNIA, SÁBADO, 25 DE OUTUBRO DE 2014
O ABRAÇO DA VIDA EDILSONPELIKANO
RUBERCOUTO
Batista Custódio Editor-geral do Diário da Manhã
O destino é a linha da vida onde está escrito a missão que o espírito foi preparado para vir cumprir na Terra. A pessoa que se desvia do fardo das provações e perverte-se na cupidez das tentações, descerá do alto de seu poder e se queimará no fogo da luz que a iluminara. Abre-se o fado na história da sorte que se fechou. A capina na roça, a terra dura, a enxada cega, as lambadas do calor murcham o milho nascendo nas covas, o sol morna o suor no rosto, livra-se da ferroada das formigas nos pés descalços esfregando a sola de um no peito de outro, o ar treme na reverberação da tarde árida, a água acabou na cabaça. De repente, o menino para. Escora o cabo da enxada no peito magro. Tira da cabeça o chapéu acabanado na aba. Abana os mosquitos-pólvora dos olhos e retira os engastalhados nas pálpebras. Contempla um pássaro no assoalhado azul do céu alisado na claridade metálica. Vadia em pensamento estar indo naquele voo embora da vastidão das pobrezas para o sonho de líder nas asas da vocação política. Nada é mais seco no mundo que o coração da pessoa sem esperança. No sertão bruto, as cercanias do atraso. No arco das lonjuras, nenhum horizonte. Observa a moita viçosa na melancolia do entardecer ressequido. Uma dioneia devora a abelha na colheita do pólen para o mel. Dá uma volta no olhar pelas distâncias encurtadas nas colinas e empenadas nos vales. Volta a carpir. Aos golpes da enxada, o pó rasteja no vácuo, os calos doem nas mãos. Mas o menino não está ali, nele. Voa com aquele pássaro na mente. Onde há paixão, tudo é belo até nas coisas feias do que se ama. No dia, o mormaço enfornalha as sombras ao vapor do solo crespo, as copas das árvores cabisbaixas nas folhas lânguidas, a estridência das cigarras no canto de saudade das chuvas. A enxada raspa devagar no eito. O ar abrasado rege a indolência ambiental. Inesperado, troveja longe. Arde um instante de calma. Súbito, a natureza esbraveja. Ventos retorcem a paisagem. Coroas de folhas secas rodopiam suspensas na crosta dos
Diário da Manhã
Iris Rezende
Marconi Perillo
cerrados, quais auréolas abrindo os festejos da vinda das nuvens aguarem o chão. Relâmpagos riscam luz nas redondezas. Raios estralam nos ermos. A alegria salta no menino. A emoção chora nele. Tira a camisa, roda-a várias vezes desfraldada para o alto, grita “Salve Santa Bárbara!”, o eco responde “Salve Santa Bárbara!” nas furnas. Bebe chuva. Cai a concha do cacho de coco de uma guariroba. Chuta-a no aguaceiro. Ela navega. Ele brinca de canoa. O galho de um cajueiro plantado pelo pai, embarca nela um caju. Saboreia-o. A surpresa deixa nele o gosto da fruta mais doce nas lembranças de sua vida. Quando menos se espera, o sonho panha a pessoa, onde não se sabe em sua sina. A chuva passa. O sol tinge o crepúsculo. O menino olha, extasiado, a imagem de um pássaro no formato de uma nuvem. A noite cobre o ocaso. O menino permanece contemplativo, arrebatado, como se vislumbrasse o pássaro subindo para a estrela vésper no reflexo de sua luz. NA visão daquela apoteose no sideral, a vida abraçou o menino e o guiou no destino político para a estrela do líder. A sorte bafejou-o de glórias tão endeusantes, que Goiás ficou pouco para cabê-lo e que o Brasil quis tê-lo. O chão ajoelhava-se a seus pés ante os céus genuflexos no palco de suas obras. Por um desses mistérios do além-mundo, o encanto dotou-o com a
mística do carisma que enfeitiça as multidões e ele se montou na paixão do povo como redentor dos humildes e restaurador da terra arrasada no jugo dos abastados. Iluminado na inteligência dos prodígios, se bastou dispensado do conhecimento e gastou seus anos fugindo dos livros. O atraso é a escola dos erros nos moços e o templo dos velhos arrependidos. O menino que a estrela de seu destino buscou na roça da Cristianópolis para celebrá-lo na conquista triunfal do sonho político, rendeu-se à cobiça faminta do materialismo avarento que o mancha nas derrotas do líder no sucesso do empresário. Sairá da queda vertiginosa do prestígio em sua última eleição, arrastando nesse domingo, saudades doloridas nos caminhos apagados, tristezas machucadas nos sonhos destruídos e esperanças esmagadas nos horizontes caídos. O líder sem ideal é ave sem asas. A razão da vitória de Marconi Perillo nessa eleição para governador de Goiás está no motivo da derrota de Iris Rezende nas urnas amanhã. O homem dos mutirões tinha o sonho de ser presidente da República. O moço da camisa azul tem a esperança de ser presidente do Brasil. A saída de um do erro e a volta de outro para o errado faz diferença entre os dois candidatos.
A VIDA MANDA-ME DIZER
Marconi foi deixado do lado de fora de seu governo no início do mandato, penou para se livrar dos agrados perniciosos da companheirada guandira, quais morcegos que abanam as asas acalentadoras enquanto sugam o sangue das presas, e chega ao fim da gestão abrindo avenidas nas rodovias, semeando o bem onde nascia ódio, indo para o 4º mandato como candidato único no coração do eleitorado goiano. Iris entrou no tempo das mudanças sem renascer-se na modernidade e acercou-se de convicções matutas vagantes nos bolores de ódio na cabeça, e com voos de baratas nos porões da política, quais ortópteros humanos, e jogou a sua derradeira candidatura onde se amontoa o esquecimento no povo. Ele começou a decadência política ao descer do sonho no menino pobre e subir para o homem rico e não teve a força dos obstinados para libertar-se dos que roem luz na sua estrela. MEDE-SE a grandeza de um líder pela grandiosidade do adversário e se torna imenso no vencedor que não tripudia no vencido, pois, quanto mais exaltar-se o mérito do perdedor, tanto mais ressalta-se o merecimento do vencedor. O coração de Iris e o de Marconi são feitos de duas carnes, divididas ao meio. O de Iris com carne de sogra ranzinza e de madrasta rancorosa. Embirra-se. O de Marconi com carne de mãe dengosa e de namorada manhosa. Emburra-se. Tanto um quanto o outro carecem ouvir esse conselho: “Bendizei os que vos amaldiçoam, orai por aqueles que vos difamam.” (Jesus Cristo) ROBERTO STUCKERT FILHO
Dilma Rousseff
LÉOIRAN
Marconi Perillo
CHEGOU a hora de os pobres começarem a ter medo de ficarem ricos e de os ricos passarem a ter medo de não estarem pobres. Amanhã manterei meu voto para Dilma Rousseff, na esperança de que no segundo mandato na presidência do Brasil, ela tenha coragem de assumir que é brizolista para os lulistas. E repetirei o meu voto para Marconi Perillo, no sonho de que no 4º mandato como governador de Goiás, ele tenha coragem de romper-se com os morcegos e as baratas do poder.
CONTINUA