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GOIÂNIA, QUARTA-FEIRA, 2 DE MARÇO DE 2016
Diário da Manhã
ESPECIAL — PSICOGRAFIAS
Diário da Manhã
ESPECIAL — PSICOGRAFIAS
GOIÂNIA, QUARTA-FEIRA, 2 DE MARÇO DE 2016
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A razão dos Céus e a insensibilidade nossa Ton Alves Especial para
Diário da Manhã
zProfessor z universitário, advogado e escritor membro da Academia Goiana de Letras, Emílio Vieira, fez uma pesquisa sobre as psicografias enviadas ao jornalista Batista Custódio
Emílio Vieira Especial para Diário da Manhã
C
ada visita a um amigo pode significar a confirmação de nossas afinidades ou nossas diferenças. Às vezes nos ajustamos aos outros para encontrarmos uma medida que não é nossa e só nos reconhecemos a nós mesmos na relação com os outros. De qualquer maneira, é sempre grato ser recebido por um amigo com uma de duas surpresas: ou do lanche na mesa ou do segredo na gaveta. Numa redação de jornal, é claro, a surpresa, neste ato, veio
“Recebi permissão para estar mais próximo pela sensibilidade em que se encontra. / Tudo é captação de energia e é necessário estar mais atento para que a sua saúde esteja regular” Fábio Nasser, 06-08-13
“Batista, meu amigo Batista! Como me esquecer das nossas lutas humanas, onde nossas mentes sempre se elevaram para plagas distantes, tentando fazer com que os outros vissem as manifestações da vida na Terra, de forma clara como nós a víamos sempre.” Alfredo Nasser, 23-04-15
“Sabemos que se encontra acuado e reflexivo, mas o momento é de liberdade, meu pai, por mais estranha essa palavra soe hoje aos seus ouvidos. / A vitória tem sido conquistada lágrima a lágrima, suor a suor, e aqueles que desertaram por algum motivo, sentirão o reflexo em si mesmos” Fábio Nasser, 25-08-15
“Meu pai: Não se preocupe com a demora do ser humano em acordar às verdades eternas: alguns somente as conhecerão aqui deste lado”
zMensagens z revelam as transformações permanentes no Brasil e no planeta Terra, onde a prática do amor ao próximo [em todas as esferas] é a tábua da salvação humana
da gaveta de meu amigo Batista Custódio: as mensagens espirituais ali guardadas. Despertam curiosidade as mensagens psicografadas sempre recebidas por Batista Custódio, principalmente da parte de seu filho Fábio Nasser e de seu amigo Alfredo Nasser, cujas imagens já estão insculpidas na memória coletiva de nosso universo regional. É por via dessas comunicações virtuais dos espíritos que completamos o perfil enigmático desse jornalista inquieto cujo epíteto é “o redemoinho da imprensa goiana”, a ele atribuído pelo poeta Gabriel Nascente. Batista Custódio é o exemplo vivo da resistência e do desafio e foi assim, custodioso, que se fortaleceu como os recifes forma-
dos ao impacto com as ondas voluptuosas da vida. Sempre resistiu, desde os tempos do regime militar, “ao domínio das botas e baionetas” – usando uma expressão do desembargador Itaney Campos em recente artigo publicado no DM a seu respeito – desde quando pensar já era perigoso, no Brasil. Ameaçado em sua própria sobrevivência e dos órgãos de comunicação que sempre manteve, Batista Custódio resiste como um frondoso cedro da floresta em meio às tempestades, com suas raízes profundas fincadas no solo desta existência terrena e desde outras encarnações. Sua vitalidade física e mental é sempre alimentada pela energia do espírito.
“Sua sensibilidade aguarda orientação sobre o futuro de um trabalho de toda uma vida. / Nós dois sabemos o que idealizamos e o que foi possível realizar. / Às vezes ficamos preocupados com ideias nefastas que surgem para impedir a rota do progresso. / Mas você tem ‘olhos para ver’ e ‘ouvidos para ouvir’, porém sofre terrivelmente o açoite invisível que lhe lacera a alma por vir de quem mais poderia ajudá-lo.”
“Aqui tenho aprendido que precisamos ser fortes para vencer os obstáculos que testam a nossa fé. / Ainda hoje necessito me refugiar no meu silêncio para buscar serenidade. E viver com tantas informações e preocupações é uma tarefa exaustiva. / E nesse caminhar ao seu lado, vejo-me aflito com a personalidade dos meus irmãos e dos meus afetos. / Também me entristeço ao ver que ainda vivem a inversão de valores. A conquista espiritual ainda não se acentuou em seus corações.”
Alfredo Nasser, 09-12-14
“Meu pai: vejo que a luta do dia-a-dia tem exigido mais sacrifícios do que poderíamos imaginar” Fábio Nasser, 28-04-15
“Meu saudoso amigo, a que estou me revelando a ti nesta vida de agora, mesmo guardando a certeza de que consegues captar meu pensamento, sentindo-me ao teu lado. / Sei que tua memória espiritual fica a buscar imagens fragmentadas de um tempo de saudosismo. / A solidez de tua fé, amplamente discutida na Le Marais, tua catequese a Dumas e a tantos amigos. / E acompanhamos teus passos nessa tua nova roupagem de agora. / Tua alma aspira liberdade. Teu cansaço beira a exaustão. Mas teu espírito inquebrantável prossegue, ainda procurando o bem no ser humano.”
Fábio Nasser, 27-01-15
“É realmente difícil ver toda uma vida cercada por alheios aos nossos destinos, sem causas e sem ideais. ” Fábio Nasser, 12-05-15
“Meu pai: Somente afirmar que o François pediu a oportunidade para se mostrar ao seu lado, usando as minhas palavras de hoje que a amizade que os une deve permanecer somente ao seu conhecimento. / E o pedido dele é somente de ajudá-lo anonimamente.” Fábio Nasser, 29-09-15
O SEGREDO DAS MENSAGENS
Ilude-se quem acha que estamos sozinhos no universo. Em torno a nós há espíritos benfazejos, assim como os há malfeitores, sempre prontos a agir conforme nossas invocações. Um dos segredos do Batista Custódio, escondidos em sua gaveta, são as mensagens recebidas de seus espíritos familiares, que lhe ditam o onde e o como, o sim e o não, e abrem-lhe as portas por onde vai, entre o passado e o futuro. Por isso Batista sempre lutará iluminado pela chama de seus ideais, certo de que todos os seus atos são um ato contínuo, todos os seus tempos de ontem serão os mesmos de amanhã, pois todas as suas vidas pretéritas se concen-
“Dispersaram-se as anomalias que fizeram parte da minha trajetória e agora, inaugura-se, com inegável beleza, uma era de realizações onde Amor e Amar é a força vital que tenho explorado onde quer que eu esteja” Fábio Nasser, 19-02-15
“Batista, meu bom amigo: Quando poderíamos imaginar, no inicio de nossos ideais, que a luta tornarse-ia tão solitária e árdua, exigindo esforços hercúleos no campo da paciência? / Buscamos a nós mesmos, na retrospectiva fiel de nossas ações e não conseguimos encontrar causas plausíveis para cruzes tão espinhosas. / O povo sofrido e ordeiro não mais será responsabilizado por desatinos de um governo sem ética, sem moral e sem consciência. / Estaremos acompanhando o desnudar das mentiras antes encobertas, para o estarrecimento geral, mas que é necessário para a separação do joio e do trigo. / Não se deixe intimidar pelo silêncio. Vozes ecoam do Além, conclamando-o à luta de libertar a verdade ao conhecimento geral. / Sabemos que nos compreenderá. O jornalismo se imporá nessa nova fase.”
“Peço-lhe que se mantenha vigilante, não permitindo que seus sonhos sejam abalados. / O mundo caminha ao encontro de seu verdadeiro lugar.”
“Pai querido: Quantos passos nós já demos para realizar sonhos e desejos! Não nos cansamos até hoje e a luta há de continuar! / Somos fiéis aos princípios da igualdade e da coerência. / Justiça. Essa toma todo o itinerário do planeta, para passar em cada um, o que deve e pode ser feito pela criatura humana, que não mais tem a oportunidade de gritar e ser ouvida.”
“A vida nos dá o que realmente precisamos, nem mais, nem menos. A dose exata que nos dá a chance maior de saber fazer e o porquê fazer. / Nos prometemos muito e não soubemos realizar o que ainda hoje é motivo de frustrações e dores morais e espirituais que dormitam em nós”
Fábio Nasser, 22-12-15
Fábio Nasser, 18-02-16
Fábio Nasser, 08-10-15
Fábio Nasser, 24-11-15
François-René de Chateaubriand, 22-09-15
ENQUANTO O CÉU FALA, A TERRA TAPA O OUVIDO
Alfredo Nasser, 10-06-15
Além dessas mensagens de espíritos familiares, há outras eventualmente recebidas também por Batista Custódio, como de Pedro Ludovico, Bezerra de Menezes, Teotô-
zAnálise z sugere aos poderosos relembrarem que não têm autoridade alguma perante a consciência coletiva quando não destinam suas ações para a aplicação do bem-comum tram nesta vida voltada para servir ao eu plural de uma sociedade sofrida que depende de sua voz, de sua coragem e de sua atenção concentrada na inteligência coletiva. Por isso seu jornal é um painel de opinião pública, aberto tanto aos intelectuais e beletristas quanto aos aprendizes da dialética existencial, aberto tanto aos situacionistas quanto aos oposicionistas das correntes ideológicas, tanto aos religiosos quanto aos incrédulos, pois é assim que se constrói o saber coletivo. Por isso, ser Custódio (proteger e custodiar) é ser também custoso (trabalhoso e difícil). Se não houvesse um Batista Custódio em Goiás, teríamos que inventar outro jornalista capaz de resistir a tantas intempéries nos embates sociais.
DIAMANTES-LETRAS
“Sei de seus questionamentos de agora. Realmente ante tanta desonestidade e inversão moral, quem tem ética e postura fica só na multidão. / Seus olhos cansaram-se de ver a decadência humana. / Olha o amanhã e não consegue vislumbrar o sol. / Acontece, meu pai, que o tempo da impunidade acabou.”
“Eu que vivi e cresci entre a moral e a honestidade, lastimo até pelo senhor, meu querido pai, estar vivendo de tão perto, tantas turbulências que beiram a um acinte à criatura humana”
Fábio Nasser, 31-03-15
“Venho pedir para que recupere o seu encanto pela vida e a fé pelas pessoas. Esse mundo, meu pai, será um lugar de paz, amor, união, justiça e fraternidade. / Peçolhe que não ceda ao desencanto. Guarde o seu coração na poesia de um reino futuro”
“É sempre assim que o verei: esse gigante com o coração de leão, mas com o sentimento da ternura a reger sua vida. Mas agora, meu pai, é necessário acordar o leão e deixar que ele mostre a que veio. / O que o seu coração sofreu ao guardar verdades não reveladas para poupar A e B, agora precisa ser corrigido e mostrado o lado verdadeiro. Mesmo que as pedras desmoronem. É a sua missão.” Fábio Nasser, 07-07-15
“Meu amigo e irmão: Por estarmos ao seu lado, compreendemos as vacilações e o quase temor. Mas é natural que umas situações se mostrem mais graves do que outras. Só não compreendemos as suas hesitações diante de tantos estímulos que não podem ser mais explícitos, afinal a lei do Livre Arbítrio rege todos nós.” Alfredo Nasser, 03-10-15
ABAIXO, recortes de alguns recados, que garimpamos qual pedras preciosas que constroem um colar brilhante de uma Verdade Maior.
Fábio Nasser, 09-04-15
Fábio Nasser, 11-08-15
“Ao acompanhar a solidão de sua luta, acompanhando os bastidores da vida espiritual de nossos políticos, percebi que necessitava ajudá-lo, ajudando a quem o seu coração pede clemência. E desde então estou ao lado dos Amigos Espirituais que agem nas mudanças necessárias à Era da Paz, da Ética e da Verdade.” Fábio Nasser, 29-10-15
“Meu pai: Venho pedir que não permita que tantas decepções ou frustrações firam tão profundamente seu coração. Saiba impor seu respeito em qualquer circunstância. / É necessário que a verdade brilhe nesse novo tempo. Mas compreendemos também o seu receio e seu livre arbítrio. / Esperamos que compreenda o alcance dessas palavras.” Fábio Nasser, 23-02-16
nio Segurado, psicografadas por diversos médiuns, alertando sempre para assuntos de relevante interesse social, o que consagra a missão assumida por esse intrépido baluarte
Esta, a mais recente mensagem psicografada, foi recebida pela médium Mary Alves na noite de 23 de fevereiro de 2016, nas Obras Sociais Mãos Unidas
Passemos ao teor das mensagens que Batista tem recebido, desde as últimas de 2013 até as primeiras de 2016, todas insistindo no sentido de ele cumprir sua missão reformadora de uma sociedade fragmentada e acéfala, que vem perdendo cada dia seu quadro de valores, enquanto os seus mandatários brigam no alto por fatias de poder, esse poder que emana do povo, mas nem sempre é exercido em seu benefício. Nem é mais preciso usar vocábulos como corrupção, que já se encontra até no vocabulário das crianças.
da imprensa goiana, verdadeiro intérprete da opinião pública, sempre na linha de um jornalismo revolucionário alimentado pelos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade.
“Meu pai, abençoe-me. Sei que aguarda essas palavras. Observando todas as diferenças em nossos familiares, é difícil afirmar que algumas doem mais que outras, principalmente quando se julgam superiores à sabedoria do coração. Por isso, venho pedir que não permita que tantas decepções ou frustrações firam tão profundamente seu coração, meu pai. Saiba impor seu respeito em qualquer circunstância. E sabemos que aquele sinal
É
oportuno trazer à tona também uma relevante mensagem de Humberto de Campos, de que recortamos os seguintes trechos: Caro irmão Batista Custódio, que Deus em toda a sua glória toque-o em sabedoria e serenidade. / A ti, meu irmão, foi confiada a parte de estabelecer a ponte entre dois mundos, em um momento tão decisivo da humanidade. / O teu coração compreende a gravidade do momento e sofre a dor moral dos que ainda não creem. / Confia, meu irmão, na serenidade da verdade. / Os acontecimentos atuais há muito estão sendo anunciados pelos Anjos de Deus. E a hora da mudança surge como verdade absoluta. / A tua parceria é benquista por todos nós que necessitamos aclamar os corações brasileiros a confiarem no correto, no justo, na ética, na moralidade. / O olhar de Deus pousa sobre o planeta, sugerindo mudanças necessárias à evolução que se faz esperada. E a nós cabe o trabalho de conduzir almas dormentes no corpo transitório para que cumpram a missão a que vieram. / Hoje o teu espírito compreende o que seja oferecer ‘o miolo do cérebro’ para se adquirir ‘o miolo do pão’. E pedimos que continue firme, ainda que incompreendido. Queiramos ou não, nós vivemos entre dois mundos: dos fatores e dos valores, da materialidade e da espiritualidade e, consequentemente, nos debatemos entre a harmonia e a
esperado não virá da forma desejada, pois o senhor já o recebeu e não se apercebeu. É necessário que a verdade brilhe nesse novo tempo.
desarmonia, entre a guerra e a paz, entre o mal e o bem. O terceiro mundo é esse que criamos para nós: o mundo da consciência cósmica, em que nos projetamos como seres individuais, mas nem sempre em sintonia com nosso mundo coletivo. É fácil exemplificar isso com atitudes adversas que às vezes encontramos já dentro de nossa própria família – visões de mundo conflitantes, preferências e escolhas em desencontro – daí se ampliando para a comunidade em que vivemos e aí também nos deparando com novas zonas de conflitos, em que agimos e reagimos diante de cada desafio, num contínuo processo dialético que se estabelece entre nós e os outros. No reino humano tudo é soma de antíteses: macho e fêmea, ódio e amor, luz e treva. É assim também no mundo da natureza, em que, violenta, a paz se faz com a morte, e tudo é contra tudo em luta cruenta: a vida não escapa à própria sorte. Não há amor no reino: a harmonia é síntese de coisas opostas. Não há belo nem feio: há sintonia. O ser do homem foi quem criou o mundo e a angústia do homem é a busca de quem o criou. É preciso que os poderosos saibam que a autoridade não pertence a ninguém que dela é investido. Saibam que todos os crimes, inclusive os que não estão nos códigos, são iguais quando cometidos intencionalmente. É preciso mostrar que os maus subjugam os bons pela ousadia que vence a timidez, mas que os bons pre-
Mas também compreendemos o seu receio e seu livre-arbítrio. Esperamos que compreenda o alcance dessas palavras. Marli, o Alfredo está bem. Está com seus familiares. Obrigado por amar o chefe. Cuide dele com todo seu cuidado e generosidade. Cuide de meus irmãos. Obrigado por tudo. Com minha gratidão, receba o amor do seu filho, sempre seu
Fábio Nasser C. dos Santos”
Nossa expectativa é para que não falhem no meio do caminho, que não se percam com a Lira sedutora de Orfeu, convidando a vaidades absurdas e aos desejos descabidos.” Humberto de Campos,
em psicografia enviada no dia 10/04/2012, recebida pela médium Mary Alves
cisam também de ousadia para vencer os maus. Mostrar que é útil criticar os defeitos de uma sociedade quando a crítica visa beneficiar os indivíduos que a compõem. Que sempre haverá mais sofrimento para as classes menos favorecidas em razão da falta de solidariedade e de justiça social. Acreditem ou não, Batista continuará seu trabalho jornalístico indispensável para quem queira conhecer o mundo criticamente, não se limitando à mera informação manipulada pela mídia dominadora. Enquanto a voz do jornalismo refletir apenas a voz dos poderes ou dos poderosos, já não fará sentido produzir notícias que venham mascarar a re-
alidade para os consumidores virtuais. Continue, pois, Batista, em busca do jornalismo perdido, como conclama Elaine Tavares em seu recente artigo publicado neste mesmo Diário no caderno de opinião pública. Eis que o jornalismo, segundo a articulista, reflete a luta de classes que vem se manifestando no campo da informação midiática. De um lado, os poderosos buscando impor sua visão de mundo e de outro lado, as classes em luta procurando expressar suas ideias críticas para transformar essa sociedade mascarada.
EMÍLIO VIEIRA, professor universitário, advogado e escritor, membro da Academia Goiana de Letras, da União Brasileira de Escritores de Goiás e da Associação Goiana de Imprensa. E-mail: evn_advocacia@hotmail.com
Ao lado, as fotos de Bezerra de Menezes, Pedro Ludovico Teixeira e Teotônio Segurado. Espíritos que se comunicaram psicograficamente com o jornalista Batista Custódio
Por uma curiosidade quase imposta pelo amigo Batista Custódio, nos meados de 2012, enquanto convalescia de uma cirurgia ortopédica, mergulhei, novamente, no universo das ideias do francês Victor Hugo. Deixei meio de lado o gigantismo literário do autor de Os Miseráveis, e O Corcunda de Notre Dame para vasculhar a originalidade de sua Filosofia em outros de seus escritos. E, novamente este verdadeiro monumento de humanidade e compaixão me encantou. Descobri nele o pensador libertário apaixonado pela beleza, pela verdade e pelo amor-justiça. Volto a citar o humanista que lá do Século XIX, ainda ilumina, disseca, denuncia e profetiza a maldade e a indiferença do ser humano: “Que triste é pensar que a Natureza fala e que a espécie humana não a escuta.” E, para mim, esse clamor soa hoje em dia com uma incômoda e triste atualidade. Isto acontece, quando vejo e ouço tantos gemidos da humanidade, e principalmente do povo de país onde nasci, aparentemente cheios de males diversos, como se estivesse sendo atacado pó mil demônios. E o mudo julgamento que lhe vem em resposta. Mais alto que os gemidos que a mídia gosta de ampliar para arrebanhar plateia mais do que para prestar ajuda, é a certeza de que todos os sofrimentos, dores e angústia têm uma só e mesma origem. Não há um exército de demônios a criar doenças, embrutecer as almas, corromper os caracteres e confundir as mentes. O mosquito que transmite doenças, a droga que destrói personalidades, a violência que espanta o sossego, tudo isso, vem de um só berço. Vem da maneira com que o ser humano se posta no mundo, diante do outro, diante das coisas e diante da Natureza, útero de onde todos viemos. Não se violenta uma mãe, sem destruir as raízes e os estofos do que somos feitos. Por que está cada vez mais fragilizada a saúde das pessoas? Por que males e endemias, erradicadas há décadas, voltam a atacar os humanos com poder ampliado? Por que as crianças já nascem com anomalias injustificadas em número cada vez maior? Por que o mais rentável dos negócios da atualidade é o comércio de drogas lícitas – os bares, as farmácias e drogarias – ou ilícitas – a produção e o tráfico de entorpecentes? Outro aspecto dessa aparente crise é a banalização do crime, a criminalidade excessiva e a ausência dos poderes constituídos da vida das sociedades. De uma forma diabólica a corrupção e a impunidade se unem para criar o maior perigo à liberdade humana e à harmonia social. E, à primeira vista, todos esses males parecem ter causas distintas. Engano. Tudo isso tem uma única causa: a destruição do meio ambiente. Nosso egoísmo, indiferença e ambição nos levaram a menosprezar a beleza e o valor do equilíbrio natural do planeta. E ao fazer isto, também nos desvalorizamos e aviltamos todos os demais seres vivos. E o resultado está aí. E por isso é que o poeta e humanista Victor Hugo me vem o tempo todo à mente como um profeta muito atual. Como Jeremias nas ruas de Jerusalém, o nobre escritor francês já havia gritado para uma assembleia de ouvidos moucos e olhos cozidos pelo ego. “É preciso mudar os rumos e os sentidos da educação. Educa-se para civilizar”, discursou na assembleia francesa. E mais, em outro de seus memoráveis discursos explicava: “Até que o homem pudesse se organizar em pátrias e nações, foi preciso ensiná-lo a respeitar o próprio homem. Agora, que já existe o estado e as leis, é necessário e urgente educar o homem em relação a natureza e aos animais.” Victor Hugo compreendia que, agredir o próprio berço e a própria raiz era tirar de si mesmo o poder e a força para existir. E, mesmo que seu recado tenha ecoado alto e bom som naqueles tempos, ficamos cada vez mais imunes a este preceito. Foi, praticamente, na mesma época que a revolução industrial começou a acostumar os povos a sentir o meio ambiente apenas como um imenso cofre, cheio de tesouros que deveriam ser saqueados de forma mais metódica e rentável possível. Para isso, a Bíblia servia de justificativa caída dos céus: “Dominai a Terra” havia dito o Senhor. E para os humanos, dominar é, antes de qualquer coisa, explorar, violentar, espoliar e abandonar os restos. O resultado aí está. A mesma ambição que expulsou o homem dos meios rurais e das pequenas cidades destruiu florestas, empesteou as nascentes, rios e mares, poluiu o ar e construiu o ambiente insalubre onde as doenças pudessem evoluir. Expulsas do campo, incapazes de gerar elas mesmas seu próprio alimento, as famílias se amontoaram nas periferias das cidades, criando uma situação de penúria que o estado em todas as suas esferas, não pode atender. O resultado, além do desespero e da revolta que leva às doenças e à dependência das drogas é o aviltamento da vida, da saúde e da integridade humana. “Que triste. A Natureza fala e a espécie humana não a escuta”, ressoa o discurso do filósofo. E, por esse crime denunciado por Victor Hugo, chegamos um século e meio depois, a perceber que, hoje, é a espécie humana que geme, e mesmo com os brados do Céu a clamar por mudanças, a Terra ensurdeceu-se. (Ton Alves, é jornalista, foi repórter e editor do Diário da Manhã, atualmente coordenador do projeto Casulo de Luz, no portal Somos Todos Um, do UOL www. stum.com.br/ casulodeluz)