ESPECIAL
PASSO FUNDO O futuro depende de todos
ANOS
DIÁRIO DA MANHÃ - PASSO FUNDO, QUARTA-FEIRA, 7 DE AGOSTO DE 2019
DIÁRIO DA MANHÃ - PASSO FUNDO, QUARTA-FEIRA, 7 DE AGOSTO DE 2019
Fundador
Jornalista Túlio Fontoura (1935 1979)
Presidente Janesca Maria Martins Pinto Vice-Presidente Ilânia Pretto Martins Pinto DIRETOR EXECUTIVO Túlio Pretto Martins Pinto
PresidenteS-EméritoS
Dyógenes Auildo Martins Pinto (1972 1998) Vinícius Martins Pinto (1997 2003)
Diretora Comercial: Eliane Maria De Bortoli
Editor: Matheus Moraes - RP 18.498 EDITORA GERAL: Nadja Hartmann www.diariodamanha.com
REPORTAGENS:
Aline Prestes, Ana Cláudia Capellari, Kleiton Vasconcellos, Matheus Moraes, Thaís Viacelli Biolchi, Vinicius Coimbra.
Foto capa: Arte sobre foto Bowie15 | IStock
BIOTRIGO
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Os desafios para seguir crescendo A cidade que vê sua população crescer a cada ano precisa, no mesmo ritmo, se renovar e se estruturar para atender as necessidades essenciais de quem constrói sua riqueza. É o retorno cobrado (e de direito) de seus moradores, que buscam a melhora na qualidade de vida e um horizonte de crescimento. Nestes 162 anos, Passo Fundo se modificou, mas não parou de crescer. A capital do Planalto Médio e a evolução caminham lado a lado, desde o período dos tropeiros, das ferrovias... até se tornar referência médica e educacional. Uma cidade que cresceu no momento de maior crise de um país de tantas riquezas. Mais do que uma atração econômica e de desenvolvimento, o Município carrega a responsabilidade de ser a principal cidade da região Norte do Rio Grande do Sul. Todo o sucesso dessa cidade, em renovação constante, precisa da sustentação do trabalho e da força do povo. Pessoas que não medem o esforço para trabalhar, empreender, fazer Passo Fundo alavancar no cenário nacional. Desafios diários que fazem cada passo-fundense mirar o futuro. Uma responsabilidade que apresenta a necessidade de entender as próximas gerações, o que precisará ser feito e o que pode progredir. Para isso, será primordial pensá-lo e planejálo. Esse é o passo em que as demandas são ouvidas para o melhor direcionamento de recursos para investimentos de atendimento básico ou de lazer. Um povo que cresce, se desenvolve, contribui e envelhece. Características do ser humano em que Passo Fundo também precisará de mudanças, assim como todo o cenário nacional. Seja como comunidade, administração municipal ou com visão empreendedora. As alterações no perfil da comunidade são expostas neste caderno especial produzido pelo Diário da Manhã, com olhar atento a temas de relevância para o futuro. Se futuramente a população de idosos, por exemplo, tende a crescer, segundo o IBGE, a força de trabalho futura está na geração que virá. E assim por diante. Ao mesmo tempo em que Passo Fundo irá apresentar mudanças no perfil da comunidade, os principais setores da comunidade também sofrerão com o reflexo das alterações. Assim, será necessário pensar no futuro da educação, com criação de novas vagas e escolas, a demanda da força de trabalho e também das novas oportunidades. Um futuro com mais ou menos pessoas, mas que impactarão de forma significativa no saldo social e econômico da cidade. É tempo de parar, refletir, ousar e agir (ainda mais). É por Passo Fundo e pelo nosso povo. Boa leitura!
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Foi por meio da mudança que Passo Fundo se desenvolveu e tornou-se referência nacional. O município que se destaca em meio à crise econômica dos últimos anos pensa no futuro. Neste caderno especial, você saberá como a cidade se planeja para as mudanças de perfil da comunidade e as adaptações necessárias que surgem como desafio para os próximos anos.
SUMÁRIO
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Mudanças no perfil da população são desafios para o futuro Ensino fundamental será o foco das demandas Uma cidade de oportunidades Olhar com atenção para os idosos é sinônimo de respeito Um município planejado para as pessoas As melhores lembranças dos Passo-Fundenses
BOM CONSELHO
Foto Alex Borgmann | Divulgação
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Foto Brigada Militar
162 anos
Foto Banco de Imagens AL/RS
Mudanças no perfil da população são desafios para o futuro Caderno especial do Diário da Manhã aborda perspectivas e desafios de Passo Fundo para os próximos anos
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perfil da população brasileira tem mudado nos últimos anos. O Brasil, um país ainda jovem e em crescimento de população, prepara-se para ter mais idosos que crianças e também para o fim do crescimento do número de habitantes. Esse cenário é o previsto para o Brasil nas próximas décadas. O Rio Grande do Sul e Passo Fundo estão também nesse contexto. Ao chegar aos 162 anos, o município passa por uma nova fase de crescimento populacional: recebeu 10 mil novos moradores entre 2010 e 2017. A cidade que cresce experimenta ao mesmo tempo alterações no perfil de sua sociedade, com o aumento ou redução do número de integrantes de um grupo com a mesma faixa etária. Os reflexos serão vistos na faixa educacional, no mercado de trabalho, na demanda por serviços, públicos e privados, no consumo. Haverá impacto social e econômico na rotina do município. O perfil populacional também exige intervenções do poder público para
COLEURB
atender a comunidade, com investimentos em saúde, seja para idosos ou crianças, novas escolas ou creches. As perspectivas e os desafios para esse novo cenário são os temas abordados pelo Diário neste caderno especial de aniversário de Passo Fundo. O Brasil hoje Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2018, há, no Brasil, 208,4 milhões de pessoas. O número representa aumento de 800 mil habitantes em relação ao ano anterior. O IBGE estima que a população crescerá pelos próximos 29 anos, até 2047, quando deverá atingir 233,2 milhões. Nos anos seguintes, estima o instituto, a população cairá gradualmente, até chegar a 228,3 milhões em 2060. O instituto fez uma série de projeções de longo prazo. A expectativa é que até 2060, o número de idosos mais que dobre de tamanho e atinja 32% do total dos brasileiros. Esse indicador em
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2018 estava em 13%. Cenário diferente ocorrerá na população de crianças de até 14 anos, que atualmente representa 21% do total e que, em 2060, representará 15%. O confronto desses dois indicadores mostra o envelhecimento da população. Assim, em 2060, o país terá mais idosos que crianças.
Foto Divulgação PMPF
RS: atenção ao público idoso Conforme o levantamento do IBGE, o Rio Grande do Sul será o primeiro estado a ter proporção maior de idosos em relação a crianças. Isso deve ocorre dentro de 10 anos. O motivo para o envelhecimento geral é que a expectativa de vida teve melhora na última década, enquanto a fecundidade caiu. No Rio Grande do Sul estima-se que os idosos representem 12,67% em 2019. Conforme a Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão do Rio Grande do Sul (Seplag), o número de pessoas com mais de 65 anos deverá mais do que duplicar em 40 anos. O cenário prevê que em 2060 que o número de idosos deva representar quase 30% da população gaúcha. O estudo também indica queda na faixa da população considerada potencialmente ativa, entre os 15 e 64 anos: de 69% atualmente para 57% em 2060. De 0 a 14 anos, o cenário também é de
redução: em 2019, representa 18,3% da população do Estado e em quatro décadas cai para 14%. No Brasil, o cenário é parecido A população brasileira com 65 anos de idade ou mais cresceu 26% entre 2012 e 2018, ao passo que a população de até 13 anos mostrou recuou de 6%, mostram dados da pesquisa Características Gerais dos Domicílios e dos Moradores 2018, divulgada pelo IBGE. A população residente no Brasil no ano passado foi estimada em 207,8 milhões de pessoas, 5,1% a mais do que em 2012. As pessoas com 65 anos ou mais de idade representavam 10,5% desse total, o correspondente a 21,872 milhões de pessoas. A parcela de crianças eram 18,6% do total, o equivalente a 38,602 milhões de pessoas. Passo Fundo se prepara para mudanças A revisão do Plano Diretor de Passo Fundo, feito pela Prefeitura, apresenta três cenários de projeção populacional para o município. No modelo adotado, a estimativa é a de que o município tenha 234 mil habitantes em 2040. O mesmo estudo, que utilizou dados dos Censos do IBGE de 2000 e 2010, aponta também crescimento no núme-
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ro de idosos em uma década: houve um aumento de 4,3 mil; por outro lado, o número de criança diminuiu em 5,3 mil. Desse modo, em 2000 havia 23 idosos a cada 100 crianças; em 2010, o número passou para 37 idosos a cada 100 crianças. Em 1940, o município tinha 80 mil habitantes; esse número chegou a 201,7 mil em 2019. Outra informação mostra a mudança é quanto à demografia. A população que morava na cidade representava 21% em 1940. No último Censo, em 2010, o índice chegou a 97%. Conforme Ana Paula Wickert, secretária de Planejamento de Passo Fundo, a Prefeitura utiliza dados oficiais, especialmente do IBGE, referentes ao censo, mas também com dados de institutos de pesquisa para planejar as ações. “Os dados de crescimento da economia e da população são fundamentais para que possamos pensar o futuro da cidade, necessidades de expansão do território, bem como demanda de equipamentos públicos”, disse. Plano Diretor e o planejamento O plano diretor é a lei que regula a ocupação do território, que estabelece de qual maneira deve ser ocupado o
Os dados de crescimento da economia e da população são fundamentais para que possamos pensar o futuro da cidade, necessidades de expansão do território, bem como demanda de equipamentos públicos
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Ana Paula Wickert secretária de Planejamento de Passo Fundo
HC
espaço da cidade, normatiza índices e usos no chamado zoneamento urbano. “Ele estabelece os limites legais para que tenhamos elementos que buscam sustentabilidade e preservação do meio ambiente, aliados ao desenvolvimento econômico”, explica . O uso dos recursos da Prefeitura também ocorre com base neste estudo. “É a principal lei do município pois conduz ao crescimento e desenvolvimento da cidade e nela estão definidas as diretrizes que a cidade vai tomar nos próximos anos, incluindo mobilidade, equipamentos, uso e ocupação do solo, entre outros”, completou a secretária.
10 mil
aumento populacional em Passo Fundo entre 2010 e 2017
234 mil
número de habitantes em 2040
97%
da população de Passo Fundo mora na cidade Fonte: PMPF
População de Passo Fundo Fonte: IBGE
1940 1950 1960 1970 1980 1991 1996 2000 2010
80.138 101.887 93.179 93.850 121.156 147.318 156.333 168.458 184.826
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Ensino fundamental será o foco das demandas m dos pilares para o futuro, a educação faz parte do presente mas também das próximas gerações. Para planejar uma Passo Fundo que siga suas raízes e evolua por meio do desenvolvimento, o setor educacional vive a expectativa de crescimento que o Município possui na última década. Dessa forma, o Município utilizou do planejamento para trabalhar com uma realidade que tende a ser maior num futuro próximo. De acordo com dados da Secretaria Municipal de Educação, Passo Fundo apresentou um crescimento de demanda nos últimos anos. No caso da etapa pré-escola, o aumento foi de 76,91% na demanda de alunos nos últimos sete anos. A projeção de futuro do Município para a educação geral, do infantil ao fundamental, com o crescimento dessas crianças, é de um aumento anual de 10% na demanda de vagas. Atualmente, a rede municipal atende 5.096 crianças na educação infantil, distribuídas nas 35 escolas municipais de educação infantil (EMEI). No ensino fundamental, a SME atende aproximadamente 11 mil crianças. Ou seja, são 16 mil alunos atendidos pelo Município entre a educação infantil e fundamental. Os resultados dos trabalhos dos últimos anos, com visão ao futuro, são representados com base de números do Plano Nacional de Educação. Conforme previsto no PNE, a educação infantil na pré-escola, com crianças de 4 a 5 anos idade, precisava ser universalizada até 2016. Além disso, o plano prevê a ampliação da oferta de educação infantil em creches para que se atenda 50% das crianças de até três anos ao final da vigência do PNE. Em Passo Fundo, a Secretaria Municipal de Educação atingiu 44% da meta na etapa creche, de acordo com o Conselho
Foto: Alex Wiroski | Diário
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Com investimentos em escolas municipais e base estruturada na educação infantil, rede municipal de Educação tem crescimento anual de 10% na demanda de vagas da educação infantil à fundamental e prevê olhar voltado ao ensino fundamental nos próximos anos
Pensar o ensino fundamental é um desafio para os próximos anos
Municipal de Educação. O objetivo é buscar o atendimento de 50% até 2024. Já na pré-escola, o Município atingiu a meta e criou vantagem sobre ela, com um aproveitamento de 102% nos últimos anos no PNE. De acordo com a secretária adjunta de Educação, Jeanete Basso, os recentes anos foram trabalhados de maneira intensa sobre a educação infantil. Para ela, com o suporte de diversos setores dentro da pasta, a área de crianças de 4 a 5 anos está estabilizado. No futuro, o desafio será com o ensino fundamental, com tendência de crescimento, em razão de fatores como a migração de estudantes da rede privada e estadual para a rede municipal, além
da vitrine que a rede municipal possui com diversos programas oferecidos pela Prefeitura. Jeanete sustenta a opinião conforme os números. Nos últimos sete anos, a Prefeitura de Passo Fundo criou 16 novas escolas de educação infantil, um crescimento que representa 50% em ampliação. “Nós percebemos que não tínhamos demanda para a educação infantil. Era creche, mas sem escolas. Houve um crescimento de demanda, de investimentos, de estrutura. Abrindo mais escolas, aumenta a demanda. Hoje, estamos tranquilas com as vagas de pré-escola. Da mesma forma que entram crianças, saem crianças para o fundamental. Além de acolher as crianças do ensino
PATRIMMONIO
infantil, também acolhemos as crianças do ensino fundamental de séries iniciais do Estado”, afirma a secretária adjunta. A perspectiva que a secretária adjunta enxerga para o futuro é de aumento na demanda de vagas para a educação fundamental. “Acredito que nos próximos dez anos devemos ter crescimento no ensino fundamental, porque a educação infantil estabilizou com a construção de escolas, com as vagas disponíveis”, declara Jeanete. Um dos pontos cruciais para que o ensino fundamental cresça futuramente é quanto ao fechamento de vagas na rede estadual. Há o entendimento no setor de que a rede estadual repassa a obrigatoriedade dos anos iniciais do ensino
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fundamental ao Município. “Existe essa obrigatoriedade que se passa ao Município. Mas eles [Estado] não entendem que são parceiros, que precisam continuar com a obrigatoriedade. Existe o fechamento de anos iniciais, como primeiro, segundo e terceiro ano, sem abertura de novas turnos. Essa demanda cai para o município”, completa. Essa situação faz com que o crescimento, num futuro próximo, seja na demanda do ensino fundamental. “A intenção do Estado é não atender as fases iniciais, mas o segundo nível, que é do sexto ano em diante, além do Ensino Médio. Então, o Município acabaria assumindo os anos iniciais”, projeta Jeanete.
Qualidade e modernização para o futuro A preocupação quando se trata de futuro não é apenas em ofertar vagas e oferecer escolas para a demanda de estudantes que a cidade terá, mas disponibilizar conforto e suporte para que o ensino seja de qualidade. Com esse norte, a Secretaria Municipal de Educação planeja, há cerca de um ano, junto ao governo federal, por meio do Plano de Articulações Elaboradas (PAR), do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), investimentos para o futuro. Por meio do financiamento da educação, a SME solicitou investimentos de infraestrutura para o futuro com o objetivo de qualificar, modernizar e atualizar as escolas municipais.
De acordo com a coordenadora de inovações educacionais da SME, Ivânia Campigotto Aquino, o intuito é oferecer o que há de maior qualidade aos alunos. “Estão analisando todos os nossos pedidos. São laboratórios de informática, inclusão de tablets, notebooks para todas as escolas. Equipamentos para atender o público cego, com a questão de braile, tecnologia com
lousa digital. Tudo isso é necessário porque moderniza e prepara o futuro dos alunos. A Prefeitura visualiza o futuro. Temos a noção clara do que irá acontecer, de que o fundamental irá crescer. Vamos querer oferecer o melhor aos alunos”, declara. Além das questões didáticas, a solicitação por novo mobiliário em todos os educandários também está no pedido do Executivo.
PROJEÇÃO BASEADA EM DADOS DE 2012 A 2019 EDUCAÇÃO INFANTIL
Crescimento anual de alunos de
10% ao ano ETAPA PRÉ-ESCOLA
Crescimento anual de alunos de
Foto: Matheus Moraes | Diário
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aumento de
76,9%
na demanda de alunos nos últimos sete anos
NÚMEROS ATUAIS da REDE MUNICIPAL Educação infantil
5.096
crianças Educação fundamental Quem planeja a educação da rede municipal: Márcia Leida (coordenadora da Universidade Popular), Leocir Thomé (coordenador pedagógico da SME), Jeanete Basso (secretária adjunta de Educação), Angelita Scottá (coordenadora do Núcleo de Ensino Fundamental), Fernando Carlos Bicca (assessor de gabinete da SME), Deisi de Oliveira (coordenadora do Núcleo de Educação Infantil) e Ivânia Campigotto Aquino (coordenadora de Inovações Educacionais)
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11.000 crianças (aproximadamente)
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Uma cidade de oportunidades
Passo Fundo segue com números positivos na geração de empregos
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e acordo com dados oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Passo Fundo possui uma população de 201 mil pessoas. E, destas, 58 mil estão ativas, no mercado de trabalho, com carteira assinada. É um número considerável, ainda mais se for levada em consideração a cri-
se econômica vivida pelo Brasil. Assim sendo, como será o cenário no futuro? Primeiro, ao quadro atual. Embora o histórico das fontes de emprego no município tenha tido, em algum momento, diferentes fases – seja pela chegada de grandes indústrias, força do campo ou mesmo construção civil – há alguns anos o comércio aparece
como principal empregador. “Porém, de uns anos para cá, o que mudou é que a questão do serviço veio com força e às vezes ajuda a apontar a balança positiva de empregos em Passo Fundo”, diz o coordenador da agência Fundação Gaúcha Trabalho e Ação Social (FGTAS/Sine) de Passo Fundo, Sérgio Ferrari. Os números apontados por Ferrari não deixam dúvidas: a cidade soube passar pela crise econômica sem sofrer tanto quanto o Estado ou mesmo o País. “Nos dados do Caged, os setores de serviços, comércio, construção civil e indústria de transformação aparecem como os grandes contratantes. Temos em Passo Fundo 58 mil pessoas com carteira assinada, além de 15,6 mil CNPJ cadastrados”, completa o coordenador. Ainda, segundo Sérgio Ferrari, a média salarial do passo-fundense com carteira assinada gira em torno de R$ 2 mil, que é o piso do comércio. Cidade Polo Antes da crise de 2016, contudo, a cidade de Passo Fundo vinha apresentando picos de crescimento na geração de emprego. Em grande parte, via construção civil, que chegou a ser o carro-chefe. Passada a depressão econômica, fica para a cidade o status de ser um polo regional – e aí está uma das chaves
BS BIOS
para a manutenção das oportunidades no futuro. Ser uma cidade polo ocasiona receber investimentos consideráveis mesmo em tempos de crise. “Foi o caso da inauguração dos Centros de Distribuição das Farmácias São João e da JR Materiais de Construção. Em 2018 teve a inauguração da Havan e do Passo Fundo Shopping, que contrataram muito. Tem atualmente as obras da Avenida Brasil e a expectativa pelas obras no Aeroporto. Mesmo sem ter um grande Foto Divulgação
Foto Matheus Moraes | Diário
Na contramão da crise que assolou o país, Passo Fundo apresentou números positivos na criação de empregos. E a tendência é de manutenção no quadro
Sérgio Ferrari, coordenador da agência FGTAS/Sine de Passo Fundo
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Foto Alex Borgmann | Divulgação
investidor, Passo Fundo tem o balanço positivo no ano de 2019 de 600 vagas”, salienta Sérgio Ferrari. Vale pontuar que, sendo uma cidade polo, Passo Fundo chega a atrair uma população de até 1,2 milhão de pessoas, seja em busca principalmente dos serviços oferecidos ou do comércio pulsante. “Acreditamos numa melhoria do cenário industrial também, com grandes investimentos dentro de 10 anos. Temos de 5 a 7 mil desempregados, mas já chegou a 12 mil. Fazemos projetos de qualificação, principalmente junto à comunidade mais jovem. Focamos naquele que não tem a qualificação e já vem com questões familiares delicadas. Hoje o Sine oferece também vagas técnicas, do graduado ao não-graduado”, acrescenta Ferrari.
Carlos Eduardo Lopes da Silva, secretário municipal de Desenvolvimento Econômico
Empreendedorismo é o futuro A dupla formada por comércio & serviços, que está na ponta no quesito geração de empregos em Passo Fundo, deve manter-se no posto por mais algum tempo. É o que acredita o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Carlos Eduardo Lopes da Silva. “Trata-se de uma geração rápida de vagas. Acredito que o cenário não vá mudar nos próximos anos, visto que não temos o cenário de crescimento no setor industrial, por exemplo. Essa é uma visão generalista”, comenta. Então, olhando para os próximos 10 anos, a meta da prefeitura vem em duas frentes: qualificar a mão de obra e facilitar o empreendedorismo. “Fizemos, por exemplo, parceria com a Acisa na elaboração de um questionário do setor industrial. Em outra parceria, com o Senai, realizamos uma série de cursos grátis entre 2015 e 2017, qualificando como um todo a mão de obra para este setor”, explica o secretário. Já o empreendedorismo pode ser trabalhado de uma maneira definida. Para Carlos Eduardo Lopes da Silva, facilitar a geração de empregos é um dos pontos para o sucesso. “Estamos sempre atentos e com ações multidisciplinares entre as secretarias. Acreditamos em uma cidade que com economia pulsante gere e ofereça empregos em uma quantidade necessária para nossa população. Para tanto, temos que agir como facilitadores do empreendedorismo, oportunizando a geração desses empregos. Ao mesmo tempo, trabalhar na diminuição da ociosidade. Ou seja, desburocratizar”, finaliza.
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REG. IMOVEIS
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Olhar com atenção para os idosos é sinônimo de respeito Foto Ana Cláudia Capellari | Diário
Com a população brasileira, sobretudo a gaúcha, tendo uma expectativa de vida mais elevada, a atenção das políticas públicas deve se voltar para a qualidade de vida dos mais velhos
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m estudo feito pela Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão do Rio Grande do Sul (Seplag) apontou que em 40 anos o número de idosos no estado deverá mais do que duplicar. O cenário prevê que no ano de 2060 as pessoas com mais de 65 anos serão quase 30% da população. Atualmente, esse percentual está em 12,7%. A consequência do envelhecimento mais rápido da população estará na diminuição da população considerada potencialmente ativa, entre os 15 e 64 anos: cairá de 69% para 57%. O não tão distante ano de 2060, no Rio Grande do Sul, deverá ter um idoso para cada duas pessoas em idade ativa.
Na programação do Dati, os idosos são constantemente estimulados a serem protagonistas de suas histórias. Na foto, o momento da caminhada realizada em junho deste ano contra a violência ao idoso
Com isso, diversos desafios deverão ser enfrentados já na próxima década. Para a professora e coordenadora do programa de pós-graduação em enve-
lhecimento humano da Universidade de Passo Fundo (UPF), Ana Carolina De Marchi, pontua que o aumento das políticas públicas para a proteção e
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cuidado com os idosos, como a criação da Coordenadoria de Atenção ao Idoso, em 1995 e do Departamento de Atenção à Terceira Idade (Dati), em
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2005. “Hoje já existe várias políticas públicas para a proteção da pessoa idosa e isso começou a surgir justamente porque se deram conta que se deve pensar em como cuidar e prevenir questões de doença, por exemplo, para que o idoso tenha qualidade de
vida, já que a expectativa de vida aumentou muito”, diz. A expectativa de vida ao nascer é de 76 anos no Brasil e no Rio Grande do Sul de 78 anos, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “Tem desafios
dizem respeito ao mundo social como um todo, o que a gente precisa é potencializar ou ampliar políticas por exemplo, de acesso a saúde, na preferência ao atendimento de idosos. A questão da mobilidade urbana, a cidade está fazendo muitas
Expectativa de sobrevida, por faixa de idade, no RS (2010-2060) 28
26,6
26 24
22,5
22
Fonte: IBGE. Elaboração DEE | Seplag
20
18,6
18 16 14 12
2010
2015
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70 anos
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obras de adaptação, adaptando muitos locais, mas ainda precisa ser feito mais. A pessoa idosa tem mais dificuldade de locomoção. Cabe também uma conscientização de todos, não só da Prefeitura, de todos os moradores, o que perpassa na educação da sociedade”, explica Ana Carolina. No entanto, o ponto crucial para a professora é sobre a educação da sociedade para que se respeite a velhice. Em um evento recente do Dati, uma caminhada em alusão ao dia Mundial de Combate à Violência Contra o Idoso, o tema era ‘respeitar as pessoas idosas é tratar o próprio futuro com respeito’. “Temos que começar a preparar as nossas crianças nas escolas para que elas, até mesmo os professores, formar professores para respeitar a velhice, a questão intergeracional. Temos que a partir da educação das crianças e da formação dos professores ensinar como conviver melhor com esses idosos”, salienta. Ela cita como exemplo o Japão, país asiático em que as crianças já sabem – desde pequenas – que quando os pais ou até mesmo os avós chegarem na velhice, eles é quem cuidarão para que eles possam viver dignamente.
AMBIENTES DE CONVIVÊNCIA Uma das maneiras de fazer com a velhice não seja tratada de forma ruim, mas sim como algo bom e principalmente natural é realizar atividades que integrem, cada vez mais, os idosos na sociedade. O coordenador do Centro de Referência e Atenção ao Idoso (Creati), ligado a UPF, Diego Piva, explica que há 29 anos o centro realiza ofi-
cinas culturais e sociais com idosos, que promovem saúde e bem-estar. Em média, 700 alunos são atendidos pelo Creati em Passo Fundo, que ainda conta com filiais em Carazinho e Lagoa Vermelha. “Dessa forma fazemos com que o idoso faça parte da família Creati, com oficinas, confraternizações, atividades que têm sempre direção aos temas da qualidade de vida e do envelhecimento”, pontua.
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Foto Divulgação
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Hoje já existem várias políticas públicas para a proteção da pessoa idosa e isso começou a surgir justamente porque se deram conta que se deve pensar em como cuidar e prevenir questões de doença, por exemplo, para que o idoso tenha qualidade de vida, já que a expectativa de vida aumentou muito
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Ana Carolina De Marchi Coordenadora do programa de Pós-graduação em envelhecimento humano da UPF
PETIPA
Ana Carolina diz que iniciativas como o Creati e o Dati são locais onde o idoso é estimulado socialmente. Inclusive, afirma que esses espaços poderiam ser ampliados, para que atendam cada vez mais idosos, ou vovôs e vovós. “Esses ambientes são muito bons para que os idosos mantenham a interação social, se ocupem, pratiquem uma atividade, se mantenham ativos. É um momento de socialização. Essas iniciativas são importantes de se ressaltar, vamos precisar em um curto e médio prazo pensar em como oferecer mais vagas”, acrescenta.
MERCADO DE TRABALHO Segundo dados da Secretaria de Trabalho do Ministério da Economia, o número de pessoas com 65 anos ou mais em vagas com carteira de trabalho assinada cresceu quase 50% em quatro anos: passou de 484 mil em 2013 para 649,4 mil em 2017. Entretanto, o desemprego entre os idosos também cresceu. Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) indicam que o índice foi de 18,5% em 2013 para 40,3% no ano passado.
COORDENADORIA DE ATENÇÃO AO IDOSO O trabalho do órgão tem o objetivo de assegurar a pessoa idosa a liberdade, o respeito, a dignidade do ser humano com seus direitos civis e individuais e entre outros pontos. É atribuição da coordenadoria garantir as pessoas da ‘melhor idade’ políticas que ajudem a combater a discriminação, a violência e o abandono. A coordenadoria foi criada a partir de uma lei do ano de 2004. A coordenadoria organiza e executa atividades que envolvem os programas ‘Grupos de Convivência’, ‘Saber Viver’ e ‘Terceira Idade Digital’.
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Um município planejado para as pessoas Foto Thaís Viacelli Biolchi | Diário
Muito além de considerar aspectos referentes ao transporte, a mobilidade urbana de um município deve ser planejada e pensada para aqueles que vivem a cidade. Saiba os desafios e para onde se direciona Passo Fundo ao longo dos próximos anos
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ão muitas as definições que buscam caracterizar o que é uma cidade inteligente. Contudo, todas elas se direcionam ao mesmo propósito, de proporcionar melhoria da qualidade de vida da população. Seja por meio de ferramentas mais tradicionais ou com utilização de tecnologias modernas e arrojadas, os centros urbanos do amanhã devem se voltar para quem os habita, para quem vive a cidade. Assim, o tema da mobilidade é obrigatório. É necessário, para tanto, colocar o ser humano no foco dessa transformação, já que é ele quem utiliza os meios de transporte, se move pelas cidades, e precisa ter cada vez mais segurança e qualidade no ir e vir. A partir desse conceito, tudo o que influencia na locomoção – e o conceito é muito mais amplo
Avaliar novos modais de transporte e fomentar o transporte público está entre os desafios para os próximos anos
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humana, tem sido aplicada no município de Passo Fundo, que começa a encarar os desafios relacionados aos modais de transporte, vias, sinalizações, leis e acessibilidade. Entre os pontos que precisam ser considerados no processo de transfor-
É sempre importante lembrar que construir uma cidade com qualidade de vida não é papel apenas do poder público. Cada cidadão é parte ativa na construção desta cidade mais limpa, acessível e bonita que todos desejam
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do que unicamente ao que se refere aos meios de transporte - deve ser pensado com o propósito de possibilitar, gradativamente, uma mobilidade mais inteligente e segura, que preze, sobretudo, pelo bem-estar das pessoas. Essa visão de futuro e, acima de tudo,
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Ana Paula Wickert
Secretária municipal de Planejamento
SILVA
mação da cidade, está a gestão técnica e sustentável do município. Segundo a secretaria municipal de Planejamento, Ana Paula Wickert, o processo é irreversível e vai exigir um esforço continuado em relação aos aspectos ambientais e de energias renováveis. Contudo, os municípios necessitarão de suporte em nível federal e estadual, aponta Ana Paula. “Passo Fundo já vem se destacando neste aspecto em relação à política de implantação de parques urbanos, reconhecida em nível internacional, bem como com programas de rearborização urbana, preservação de nascentes e cursos d’Água e preservação de matas nativas. Aliar preservação e desenvolvimento e econômico é um dos preceitos desta gestão”, pontua.
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Não vejo como transformar sem escutar. As pessoas devem ser protagonistas dessas transformações
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BAILAR
Foto Arquivo Pessoal
OS DESAFIOS Para a secretária, os desafios para os próximos anos na cidade passofundense são os mesmos de todas as cidades médias brasileiras, que incluem a redução do trânsito de carros, ações voltadas à acessibilidade, valorização de
pedestres e ciclistas, além do fomento ao transporte público. “A qualidade de vida nas cidades está diretamente relacionada a essa transformação urbana, que é um processo lento, mas que já da às caras na nossa cidade. O compartilhamento de bicicletas e a implantação de ciclovias é um exemplo disso”, diz ao acrescentar que tornar a cidade agradável e segura ao pedestre também será fundamental para garantir que as pessoas prefiram fazer percursos curtos a pé e não de carro. “Essa transformação fomenta o comércio, pois pessoas que caminham tendem a consumir mais, dão vivacidade a lugar, garantem melhora no meio ambiente e qualidade do ar, além de atuar como importante ferramenta de saúde preventiva. Caminhar previne depressão e doenças cardiovasculares, além de ampliar o convívio entre as pessoas”, considera. “Mas é sempre importante lembrar que construir uma cidade com qualidade de vida não é papel apenas do poder público. Cada cidadão é parte ativa na construção desta cidade mais limpa, acessível e bonita que todos desejam”.
Daniela dos Santos Professora e coordenadora do Projeto Circulando Cidadania da UPF
VIEIRA
DIÁRIO DA MANHÃ - PASSO FUNDO, QUARTA-FEIRA, 7 DE AGOSTO DE 2019
Um instrumento de gestão que deve ditar o rumo da mobilidade em Passo Fundo ao longo dos próximos 10 anos é o Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado (PDDI). O documento segue sendo revisado em um processo inclusivo que contempla a nova relação entre o cidadão e a cidade. Segundo Ana Paula, para a elaboração é necessário “entender que o perfil do cidadão está mudando e também sua forma de se relacionar com a cidade”. “Vivemos hoje uma cidade multicultural, na qual a movimentação dos grupos sociais é bastante intensa bem como a economia muito vivaz, o que faz com que as pessoas circulem mais pela cidade com diferentes propósitos”, constata. Portanto, destaca ela, a revisão ocorre através de um processo participativo, em que a equipe técnica “busca compreender a visão da sociedade sobre a cidade, seus anseios para o futuro, suas necessidades prioritárias para depois transformar isto em uma legislação que represente o pensamento coletivo sobre Passo Fundo”. “Não vejo como transformar sem escutar” As professoras da Universidade de Passo Fundo Daniela dos Santos e Eliara Riasyk Porto apontam a participação social e a informação como fundamentais no processo de mobilidade para os
municípios. A coordenadora do Projeto Circulando Cidadania, professora Daniela, enfatiza que o Estatuto da Cidade (Lei 10.257/010) e a Lei de Mobilidade Urbana (Lei 12.587/12) preveem a implementação de instrumentos de participação popular. “Não vejo como transformar sem escutar. As pessoas devem ser protagonistas dessas transformações”, destaca. As mudanças relativas à mobilidade urbana passo-fundenses, precisam, segundo ela, serem encaradas, colocando a população a par das necessidades. “Não dá para subjugar a compreensão da população para problemas comuns da cidade que precisamos enfrentar. Somos parte do problema e principalmente da solução”, diz. “Precisamos entender que a cidade é dinâmica, nem tudo que funcionava no passado funciona hoje, e o que está funcionando agora vai continuar sempre assim”, avalia Daniela, que defende a realização de investimentos em espaços compartilhados, “onde todos convivam e aprendam uns com os outros, se educando com, para e na cidade”, completa. Quanto às condições de acessibilidade, Daniela diz que a discussão se origina numa sensibilização social em que o poder público deve ser protagonista, mudando ou dando agilidade às mudanças relativas. “Veja que leis regulatórias e normas de acessibilidade existem, mas incentivadoras não,
Foto Matheus Moraes | Diário
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Entre os pontos que precisam ser considerados no processo de transformação da cidade, está a gestão técnica e sustentável do município
e dada à dificuldade de se fiscalizar acaba por ser moroso o processo de mudanças”, pontua. Em contrapartida, tornar as cidades mais inclusivas, democratizando a vivência no que é público, depende diretamente do profissional que assume essa função e, assim, da educação a que ele foi submetido. Daniela dos Santos questiona, por exemplo, o tipo de formação oferecida em nível superior, quando ocorre a profissionaliza-
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ção de futuros engenheiros, arquitetos, advogados ou, ainda, empresários e empreendedores. “Se há uma compreensão da importância de todos terem acesso a tudo de forma mais independente isso faz com que projetos, ações, produtos sejam visados a serem mais acessíveis, atingindo, talvez, uma parcela da sociedade que é esquecida ou ignorada nos projetos atuais, porém também são potenciais consumidores num futuro próximo”, avalia.
DIÁRIO DA MANHÃ - PASSO FUNDO, QUARTA-FEIRA, 7 DE AGOSTO DE 2019
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As melhores lembranças dos Passo-Fundenses
por Osvandré Lech Médico, escritor, bibliófilo
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ão obstante os entraves econômicos – típicos de todas as épocas e não somente a atual - nossa cidade se prepara a cada dia para o futuro e cresce economicamente. Iniciamos com a tradicional economia do setor primário através do extrativismo das matas nativas, pecuária extensiva e agricultura de minifúndio. Agregamos o setor secundário logo a seguir, com a instalação dos moinhos, das fábricas e mais recentemente da produção de combustível. Mas é o setor terciário – o de prestação de serviços, saúde, educação, comércio, tecnologia – que caracteriza a economia da cidade atualmente e que atrai milhares de pessoas diariamente de uma vasta região do RS e de SC. Desta forma, em cerca de 50 anos observamos a rápida transformação da economia da cidade e também das preferências dos passo-fundenses. Em resumo – e por mais incrível e constrastante que possa parecer - a nossa cidade possui destaque nos
três setores da economia tradicional, pois esta encravada em riquíssima região de produção agrícola, é pioneira nacional na produção de biodiesel, possui 28 instituições de ensino superior e o terceiro melhor polo de saúde da região sul do país de acordo com o IBGE. Méritos e qualidades de poucas cidades... Para celebrar os 150 anos de emancipação política do município, ocorrida em 2007, propus na Academia Passo-Fundense de Letras, na época presidida por Antônio Augusto Meirelles Duarte, a elaboração de um livro comemorativo, que foi apoiado de imediato pelos confrades. O livro teve a participação dos acadêmicos e de um grande número de líderes da cidade, que foram convidados a opinar ou escrever, e da prefeitura municipal, já que o prefeito Airton Dipp alocou verba que possibilitou o pagamento da impressão do livro. Desta forma, o “150 Momentos mais importantes da História de Passo Fundo”, com 409 páginas, trouxe ao conhecimento público as preferências dos passo-fundenses. Com os mesmos trâmites de uma pesquisa científica, selecionamos 150 pessoas de reconhecido envolvimento com a cidade e que identificavam as diferentes idades, raças, religiões, profissões, tendências político-partidárias, locais que residiam na cidade, etc. Afinal, “a verdade de nenhum homem será a final”, ou “Nulis in Verba”. Enviei um envelope com a pergunta – no seu ponto de vista, quais foram os dez momentos mais importantes da história de Passo Fundo? – foi enviado para administradores, comerciantes, políticos, economistas, artistas, advogados, religiosos, médicos, historiadores, tradicionalistas, engenheiros, professores,
produtores rurais, comunicadores, aposentados, taxistas, psicólogos, agrônomos, odontólogos, barbeiros, fisioterapeutas. Enfim, uma qualificada relação de pessoas que movem a atividade da cidade em múltiplas direções. Estas 150 pessoas informaram em média 10 “momentos importantes”. Assim, uma relação de quase 1.500 itens foi tabulada e uma relação de preferências foi obtida. Estes dez “momentos” estão no topo da lista por terem sido os mais lembrados. Porém, a lista impressiona pela diversidade, pois mais de 300 diferentes “momentos” foram citados. Dentre eles, destaco : tráfego de tens na Gare nos anos 40 e 50, Primeira carreta do agasalho promovida pelo CTG Lalau Miranda, Reserva Ecológica Maragatos, garrafadas na sede do PTB, a criação do bispado por Dom Cláudio Colling, construção do chaminé da Brahma, Osvaldir e Carlos Magrão, a compra da Menegaz pela Kuhn, edifício Planalto, o primeiro prédio alto, o pavilhão de madeira do IE, instalação do 3º RPMont, Comitê da Cidadania, Fome e Miséria liderado por Heloisa Almeida, a boate Cacimba, dentre outros, muitos outros “momentos” que marcaram a vida dos passo-fundenses. Cada “momento” foi descrito em duas páginas no livro, independente da importância do fato ou da qualidade literária do autor; desta forma, foi possível exercer um espírito democrático e evitar a monopolização de determinado “momento” . Segundo Houssaye, “devemos ter sempre velhas lembranças e novas esperanças”. Este foi o objetivo deste livro. Segundo Voltaire, “a história é um mito reescrito por cada geração”. Daí, se este livro fosse reeditado em 2019, 12 anos mais tarde da
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sua publicação original, certamente que outras classificações seriam obtidas, pois a vida de uma cidade é dinâmica e a memória dos seus habitantes também. Os dez momentos mais importantes da história de Passo Fundo foram : 1. Fundação da UPF ---- (85 vezes citada) 2. Jornada de Literatura ---------------- (65) 3. Fundação do HSVP -------------------(54) 4. Inauguração da estrada de ferro --- (45) 5. EMBRAPA ------------------------------ (33) 6. Vida e obra de Teixeirinha ---------- (32) 7. Festival Internacional de Folclore -- (31) 8. EFRICA --------------------------------- (29) 9. Batalha do Pulador ------------------- (26) 10. Emancipação do município --------- (23)