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GRUPO DIÁRIO GRUPO DIÁRIO DA MANHÃ DA MANHÃJUNHO - 2019 JUNHO - 2019
Desafios com a safra de inverno Produtores já preparam o cultivo dos cereais nas lavouras, que não vivem só de trigo no Estado. Canola e cevada podem ser rentáveis e trazer benefícios vistos além da estação mais fria do ano | Páginas 4 e 5
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COTRIJAL INFORMA
Agenda de eventos Emater/RS - Ascar
Soja voluntária deve ser eliminada As lavouras que apresentam soja voluntária, também conhecida como tiguera devem receber manejo para o controle. O Departamento Técnico da Cotrijal recomenda aos produtores que as áreas que registrarem a ocorrência sejam monitoradas e que se busquem informações para que as plantas não fiquem no campo por um longo período. De acordo com a cooperativa, além de atrapalhar a produção, a soja voluntária tende a deixar focos de doenças como oídio, mofo branco e a ferrugem asiática para a safra de verão.
Machadinho
Foto Alexandre Novicki (Detec)
Departamento técnico da Cotrijal recomenda aos produtores que façam a remoção da ‘tiguera’
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O papel do jovem rural na prática da gestão de suas propriedades Corede: Nordeste Data: 14/06/2019 Horário: 13:30 Promoção: Emater/rs-Ascar e Secretaria Municipal de Agricultura e meio ambiente Local: Sala de Reuniões da EMATER
São Joao Da Urtiga
Reunião Técnica Aproveitamento de Dejetos Suinos Corede: Nordeste Data: 25/06/2019 Período: tarde Horário: 13:30 Promoção: Emater/RS-AScar, Secretaria Municipal Agricultura e Embrapa Suinos e Aves Local: Linha Santo Antonio
Almirante Tamandare Do Sul
O clima favoreceu o desenvolvimento e a presença da invasora, pois ainda não teve formação de geadas.
Oficina: Bovinocultura de leite - Normativa 76/77 - Qualidade do leite Corede: Produção Data: 26/06/2019 Período: manhã e tarde Horário: 09:30 Promoção: Emater/Ascar-RS e Prefeitura Municipal Local: Ginásio Comunitário São João Batista
Caseiros
Feira do meio ambiente Corede: Nordeste Data: 27/06/2019 Horário: 10:00 Promoção: Emater – Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente Local: Praça Municipal de Caseiros
Vera Cruz
2º Café Colonial Data: 15/06/2019 Período: 15/06/2019 Horário: 15:00 Promoção: Grupo de Mulheres Mãos Ativas de Ponete Andréas e EMATER/RS - Ascar Local: Ginásio do Esporte Clube Nacional
Candelaria
Festival da Boia Forte Data: 23/06/2019 Período: 23 de junho Horário: 11:30 Promoção: Emater, Prefeitura Municipal de Candelária Local: Rebentona
Victor Graeff
Jantar Sopa no Pão Corede: Alto da Serra do Botucaraí Data: 28/06/2019 Período: Noite Horário: 20:00 Promoção: Emater-RS/Ascar, Departamento Municipal de Turismo, Associação de Cuqueiras e Associação de Artesãos Local: Salão da Comunidade Católica - sede Diretores Comerciais: Eliane Maria Debortoli Carlos Munhoz
Foto de Capa: Freepik
Editor interino: Kleiton Vasconcellos - RP 10.791
Clélia Fontoura Martins Pinto - ME
jornalista responsável Ana Cláudia Capellari
Matriz: Rua Independência, 917, sala 3 - Passo Fundo Contato: (54) 3316-4800
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“A Emater é o principal braço do governo do estado na extensão rural” Foto: Rogério Fernandes | Divulgação
Em visita ao escritório regional de Passo Fundo, presidente da Emater conversou com o Diário e expôs temas relativos aos desafios da gestão, compliance e cooperativismo no dia a dia
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frente de uma das principais empresas públicas do Rio Grande do Sul há 50 dias, Geraldo Sandri, presidente da Emater/RS-Ascar, esteve em Passo Fundo nessa semana para um encontro com funcionários da entidade. O encontro já é tradicional entre os gestores da estatal, conhecido como “dia de campo saúde do trabalhador”, que ocorre anualmente. Em dois dias, Geraldo ouviu demandas dos funcionários e pôde explicar a sua sistemática de trabalho, que será focada em melhorar os processos de gestão, por meio de técnicas como compliance. Além disso, a posição da Emater é de reafirmar seu compromisso em orientar as famílias do campo. Sandri assumiu a Emater em 17 de abril, após uma sessão ordinária conjunta e sessão extraordinária conjunta. Ele é formado em administração e atuou por 30 anos no Banco do Brasil, na parte de agronegócios do banco, com ênfase nos financiamentos rurais, seguro agrícola e desenvolvimento rural sustentável. Antes de assumir o cargo, atuava como professor nos cursos de administração e ciências contábeis na Faculdade de São Marcos. Durante a cerimônia em que recebeu o cargo do ex-presidente Iberê Mesquita Orsi, Geraldo elencou quatro itens prioritários para serem trabalhados na Emater: eficiência, eficácia, economicidade e valorização.
“UM CONTATO MUITO TRANSPARENTE E PRODUTIVO” Passo Fundo foi um dos primeiros escritórios a serem visitados. Desde que assumiu, esse é o contato mais direto com os funcionários do interior. “No encontro, os colegas, se reúnem para fazer o exame periódico de saúde e também ouvir palestras, trocar ideias sobre qualidade de vida. Enquanto diretoria, decidimos aproveitar esses momentos em que os colegas estão reunidos e estar presente para ouvir, falar, nos tornar mais conhecido e conhecer as ideias e vocações. É um contato muito transparente e produtivo e fundamental”, define. A Emater tem 2139 funcionários em 495 escritórios espalhados pelo Estado. O município mais recente a entrar na lista de contemplados com um escritório da empresa foi Rolador, na região noroeste. O escritório será reaberto em julho, para poder, segundo o diretor administrativo Vanderlan Vasconselos,
Presidente da Emater, Geraldo Sandri, em visita ao escritório regional de Passo Fundo
“buscar a integração total do Estado para o desenvolvimento da assistência técnica e extensão rural e social no Rio Grande do Sul”. Para Sandri, o trabalho da Emater é voltado às famílias no campo para proporcionar, por meio de tecnologia e inovação, melhores técnicas de plantio, de aplicação de defensivos e gestão da propriedade. “A emater é uma empresa que trabalha o desenvolvimento rural de forma sustentável do Rio Grande do Sul e é o principal braço do governo do Estado para implementar políticas agrícolas”. Ainda sobre o encontro de terça (11) e quarta (12), o presidente disse ter visto “profissionais com brilho no olho e preparados”.
RIQUEZA NA DIVERSIDADE
Junto aos quatro pilares que Sandri firmou ao assumir a gestão, o presidente inclui a unicidade, ou seja, o foco único. “Cada profissional tem que ter um foco de trabalho, saber o que a diretoria pensa, o que o governo do estado, através da secretaria de agricultura pensa e o que aquele escritório lá na ponta precisa fazer. Para isso, é necessário comunicação da diretoria, das estratégias da organização até chegar à ponta na parte organizacional. É nesse sentido a unicidade, focar no mesmo sentido, naquelas soluções que nos são esperada”, explica. No entanto, a ‘unicidade’ não é o mesmo que deixar de lado a diversi-
dade de opiniões e ideias. Para ele, é através disso que se tem a riqueza. ”Se nós temos diversidade de opiniões e ideias, as decisões são mais maduras e melhores, se qualifica as decisões. Existe respeito a diversidade de ideias. Nisso vem a questão da eficiência e eficácia, palavras e atitudes importantes para fazer um serviço bem feito e necessário”.
COMPLIANCE
“Nós precisamos ter um foco de trabalho divido em ações em todo o
estado e é preciso checar se esses processos estão acontecendo da maneira que é esperado e para checar, além das decisões e orientações da gestão, eu preciso que um setor de controle faça essa verificação nos locais, checando se isso realmente está acontecendo ou se é só discurso do presidente, dos gestores”, assim argumenta Sandri sobre a aplicação de compliance. O termo em inglês é difundido no meio corporativo como um conjunto de medidas para fazer cumprir as normas legais e regulamentares, as diretrizes de uma empresa. “Eu preciso que isso chegue à ponta, e checar se isso [aplicação do compliance] efetivamente está dando resultado”. Como justificativa para reforçar o controle interno, Sandri diz que “quem está fazendo sabe que será verificado e sendo verificado, é preciso que o profissional faça bem feito e que isso qualifica o resultado lá para a família do meio rural”. COOPERATIVISMO Sobre a prática do cooperativismo, o presidente destaca que é “fundamental aliar ao trabalho da Emater”. Ele indica que há a ideia de incentivar os produtores, em especial os mais jovens, a se tornarem cooperativados. “Através de treinamentos, capacitações nós chegaremos a um ponto em que os produtores vejam o lado positivo de estar no cooperativismo. Esse é um assunto que tem se falado muito, inclusive no Brasil todo. Devemos investir para melhorar”, finaliza.
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Sustentabilidade e mais renda: os desafios dos agricultores no inverno Emater/RS-Ascar busca fomentar produção dos cereais com foco nos benefícios da rotação de culturas e possibilidade de aumento na renda
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entro e fora da porteira os desafios para a produção agrícola são incontáveis. Seja no verão ou no inverno, o produtor precisa, antes de iniciar o plantio, planejar custos, olhar a previsão do tempo, estar atento ao mercado econômico e aos cenários políticos. As ações de planejamento e gestão, junto ao profissionalismo do agricultor, são para o diretor técnico da Emater/RS -Ascar, Alencar Rugeri, a ‘solução agro’ para alavancar a safra de inverno. Rugeri argumenta que é necessário avançar em um sistema de produção onde o inverno tenha resultado econômico. “Temos máquinas e equipamentos que ficam subutilizados no inverno, porque não se tem uma atividade com tanta rentabilidade como se tem no verão, esse é o desafio que temos”, afirma. Para superar esse desafio, o caminho é relativamente simples: apostar nas rotações de cultura para deixar o solo o mais coberto possível. O diretor explica que a ideia é trabalhar com três safras ao ano, visto que a soja já é colhida “muito cedo”. “O produtor não pode deixar o solo de março, por exemplo, até maio descoberto. Estamos buscando estratégias e fomentando na Emater que o produtor adote um sistema adequado, que insira milho ou qualquer outra coisa”, relata. O milho, conforme explica Rugeri, tem uma raiz “mais agressiva”, o que é importante para o sistema de produção. “A nossa grande preocupação é diminuir o vazio outonal e fazer com que o solo esteja coberto, pois o solo é a base de toda a nossa propriedade”, explica.
A SOJA DO INVERNO
Nem só de trigo vivem as lavouras
gaúchas no inverno. O cultivo da canola, uma planta destinada a produção de óleos, surge como uma alternativa aos produtores rurais que desejam fazer rotações de cultura e, por consequência, aumentar a rentabilidade. A maior parte da produção está concentrada nos três estados da região Sul, mas já há experimentos na região Centro-Oeste, como nos estados de Goiás e Mato Grosso do Sul. De acordo com o pesquisador da Embrapa Trigo de Passo Fundo, Gilberto Omar Tomm, a importância da canola está relacionada a sustentabilidade dos sistemas de produção de grãos, especialmente no Sul do Brasil. O cultivo de uma só espécie, seja soja ou milho, pode tornar o agricultor vulnerável em caso de baixa nos preços. Tomm cita também os constantes custos elevados de produção. “Para otimizar e aumentar a resistência as situações adversas é importante que no inverno o solo seja bem utilizado. Nós temos um parque de máquinas que está entre os melhores do mundo em termos de qualidade, temos solos, chuvas, todas as condições para termos uma segunda safra com rentabilidade no inverno e com grande sustentabilidade. A canola vai reduzir as doenças que ocorrem em trigo e em outros cereais e desta maneira fazer com que esses cultivos sejam mais sadios, dependendo menos de defensivos agrícolas”.
MAIS QUE MATÉRIA PRIMA DA CERVEJA
O pesquisador da Embrapa Trigo, Euclydes Minella diz que a cevada consegue agregar valor para a produção, em especial em Passo Fundo, que possui uma maltaria da Ambev e que é,
Foto: Luiz Magnante/Embrapa
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para o pesquisador “um epicentro da cevada”. Ele argumenta que essa indústria precisa de 50 mil hectares de área, mas que atualmente a região planta menos da metade da capacidade. No entanto, o pesquisador acredita que neste ano a área irá aumentar em cerca de 40% em relação ao ano passado, por causa da demanda crescente pela matéria prima. Além da cerveja, com a cevada é possível fazer ração para os animais, em especial gado leiteiro. “No Brasil, como temos bastante milho, não plantamos cevada pensando em grão para ração, se planta pensando na cerveja, que é a que vale mais, mas a cevada pode ser usada para alimento animal, no gado leiteiro há resultados que mostram que quando se troca o milho por cevada, as vacas aumentam a lactação”.
QUESTÃO CLIMÁTICA
Já indicado por meteorologistas, o inverno de 2019 deve ser mais chuvoso, com índices acima da média e não tão frio. Mesmo com essa condição, Rugeri diz que o clima não deve ser impeditivo do trabalho no campo. “As condições climáticas são inerentes a atividade agrícola. Temos que minimizar os impactos, apenas isso. Por enquanto é só previsão, pode ser que se confirme e pode ser que não”. E complementa: “O produtor tem que olhar as condições climáticas e fazer a sua atividade de forma muito tranquila”.
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Temos máquinas e equipamentos que ficam subutilizados no inverno, porque não se tem uma atividade com tanta rentabilidade como se tem no verão, esse é o desafio que temos
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Alencar Rugeri
diretor técnico da Emater RS
PERSPECTIVA PARA 2019
Conforme levantamento divulgado pela Emater em 30 de maio sobre intenção de plantio da safra 2019/2010, a área de trigo tende a subir 4,12%, passando de 710.158 hectares na safra passada, de acordo com o IBGE, para 739.404 hectares. Dos municípios envolvidos no levantamento, 89% produzem trigo, o que corresponde a 246 municípios. A cevada está presente em 62 municípios e a canola em 139.Apesar do aumento da área encontrado no levantamento e o incremento na tecnologia, a produtividade, conforme divulgou a Emater deve ficar aquém do esperado. “A produtividade nesta safra reduzirá em -11,21%, ficando em 2.192 kg/ha, contra os 2.469 kg/ha na safra de 2018. Nesse sentido, a produção de trigo também diminuirá de 1.753.099 toneladas para 1.620.894 toneladas, registrando um decréscimo -7,54%”.
PRODUÇÃO DOS CEREAIS NO PR E RS Para o Paraná, maior produtor brasileiro, o IBGE estima produção de 3,2 milhões de toneladas. Já para o Rio Grande do Sul, segundo maior produtor brasileiro, que representa 33,9% da produção nacional, foi estimada uma produção de 2,1 milhões de toneladas. Para a aveia, o Instituto crê que a produção deva ficar em 939,1 mil toneladas. Em relação ao ano anterior, a produção de aveia apresenta aumento de 5,5%, apesar de retração de 2,3% na área plantada. Na cevada, principal matéria-prima da cerveja, a produção estimada deve crescer 11,5%, o que deve superar 300 mil toneladas. Em relação ao ano anterior, a estimativa da produção indica crescimento de 22,5%, com acréscimo da a área plantada em 2,5%.
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Osvaldo Vasconcellos Vieira Chefe-Geral da Embrapa Trigo
Em 35 anos, o Brasil deixou de ser importador de alimentos para ser exportador usando 9% do território. De 1976 a 2017 a área plantada cresceu 62,5% e a produção 405%. Esse expressivo incremento pode ser debitado ao binômio tecnologia e gestão, isso por que a tecnologia responde, segundo dados da Embrapa, por 60% no incremento de produtividade. O que produzimos hoje de grãos alimenta 1 bilhão de habitantes. Quando esse grão é transformado em ração animal, a estimativa é de que possamos alimentar 2,5 bilhões de habitantes do nosso planeta. Questões como a longevidade (em 1963 o Japão tinha 153 pessoas com mais de 100 anos e em 2017 eram 65.000) e o aumento da renda per capita média no mundo (em 2000 era U$ 2.111, em 2015 era U$ 10.700) são fatores preponderantes para o aumento de consumo de alimentos, sendo o trigo o principal grão produzido no mundo (762 milhões de toneladas). Nesse cenário de contornos desafiantes, a Embrapa Trigo desenvolve atividades de fortalecimento da cadeia produtiva das culturas de inverno (trigo, aveia, cevada, triticale e centeio). O que vislumbramos é que a cultura do trigo está no DNA do produtor, o mesmo tem disponível todas as tecnologias para altas produções. Quando a Embrapa Trigo foi criada, na década de 1970, a produção de trigo era de 600 kg/ha; hoje, com todo conhecimento científico disponível, já atingimos produções em lavouras de 7200 kg/ha. Nós da Embrapa acreditamos que os cereais de inverno, e principalmente o trigo, são fatores determinantes para a otimização do uso do inverno no sentido da sustentabilidade socioeconômica da propriedade agrícola. O trigo e os demais cereais de inverno trazem ao sistema produtivo inúmeras vantagens, possibilitando a melhora química, biológica e física do solo pelo aumento do teor de matéria orgânica, pelos resíduos vegetais, pelo sistema diferenciado de raízes, pela penetração e descompactação biológica do solo, além de contribuir para o controle de pragas, doenças e plantas daninhas. Constata-se, também, que o cultivo de inverno otimiza o uso de mão de obra e o parque de máquinas e implementos da propriedade. O que temos verificado é que uma ótima lavoura de verão inicia com uma ótima lavoura de inverno. Isso já é comprovado com os concursos de produtividade de soja, onde todos os campeões tinham trigo ou algum cereal de inverno na composição do seu sistema de produção. As barreiras que existem para trigo são muito mais comerciais do que técnicas e os produtores, por meio de suas cooperativas, escritórios de planejamento, assessorias, revendas de insumos, cerealistas, associações e sindicatos, estão buscando soluções para a comercialização da produção. A segregação é uma alternativa e isso tem levado à contratação por meio das indústrias alimentícias de farinha específica para diversos mercados, além da exportação. Sim, exportação. No ano passado, numa ação conjunta da Fecoagro/RS e Embrapa Trigo, o Rio Grande do Sul exportou mais de 600 mil toneladas de trigo para o Sudoeste Asiático. Num primeiro momento parece contraditório o Brasil ser um grande importador e estarmos exportando trigo, mas temos que buscar soluções para o sistema produtivo e este é um caminho que foi aberto. O fundamental é que a pesquisa da Embrapa Trigo está presente na mesa do brasileiro na forma de pão, biscoito, cereal matinal, barrinha de cereal, na casquinha do sorvete, no macarrão, croissant, cupcake, bolo, ou mesmo na aveia preta transformada em leite e carne ou na cevada em forma de cerveja. É a pesquisa agropecuária contribuindo para o desenvolvimento da Nação, saúde!
Tecnologia facilitada na mão do produtor Plataforma atualizada da Bayer permite que o agricultor tome decisões quase que em tempo real e qualifica análise de dados das lavouras Foto Divulgação Bayer
O trigo na vida dos brasileiros
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Plataforma Climate FieldView tem a missão de ‘aumentar, de forma sustentável, a produtividade dos agricultores por meio do uso de ferramentas digitais’
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m 2019 não é mais possível falar de agricultura sem mencionar a tecnologia. Presente desde a semente utilizada no plantio até as máquinas, o agricultor vive a rotina da produção agrícola ligado nas questões tecnológicas dentro e fora da porteira. De olho nas necessidades do agricultor, a Climate, braço de agricultura digital da Bayer, anunciou em Passo Fundo na terça-feira (11) mudanças na ferramenta. Passo Fundo foi a primeira cidade do Rio Grande do Sul a receber o evento, que ocorreu no Gran Palazzo. A tour para que os agricultores conheçam as alterações na plataforma Climate FieldView deve passar por mais 32 cidades em várias regiões do país. De acordo com o engenheiro agrônomo e líder comercial da Climate Bayer,
Alexandre Barioni, a plataforma Climate foi lançada em 2015 nos Estados Unidos, mas no Brasil chegou apenas em 2016. Ele explica que a plataforma chegou “um pouco depois para poder entender como se comportaria no mercado brasileiro. Precisávamos ver como ela se adaptaria, pensando em uma tropicalização”. Há dois anos, a Bayer fez um projeto piloto no sudoeste de Goiás, Bahia e Mato Grosso, com cem agricultores, os chamados ‘líderes Fieldview’. “Eles testaram nas suas máquinas e nos ajudaram trazendo feedbacks de como isso se aplicava a realidade brasileira, quais adequações seria necessário fazer no produto. Vimos a percepção do agricultor e o quanto ele estava avido por esse tipo de tecnologia”, conta Barioni. De uma forma geral, o fieldview per-
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Rentabilidade da lavoura
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Se o agricultor tiver três ou quatro máquinas operando ao mesmo tempo, todas essas informações vão para um lugar só. O produtor vai poder ter seu mapa de produtividade em um único lugar na mão dele
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Alexandre Barioni
engenheiro agrônomo e líder comercial da Climate Bayer
mite que o produtor conecte a diversas máquinas de plantio, pulverização e colheita, independente de marca e modelo. Não precisa, necessariamente, ser uma máquina de última geração para poder ter a tecnologia. Em mãos do drive, conectado nas máquinas, o fieldview consegue capturar as informações que as máquinas geram e transfere os dados coletados via bluetooth. Barioni faz uma alusão as já famosas ‘caixinhas de som’. “Tipo uma caixinha de som no churrasco. Os dados são transmitidos em tempo real na cabine para um ipad ou tablet”. O operador da máquina, ainda explica, pode ver instantaneamente o que acontece no momento do plantio, colheita ou pulverização e pode tomar, se assim desejar, decisões na mesma hora. Para o líder comercial, “a grande sacada é que conseguimos conectar máquinas de qualquer modelo”.
As informações são enviadas por 3g ou Wifi para a ‘nuvem’. “Se o agricultor tiver três ou quatro máquinas operando ao mesmo tempo, todas essas informações vão para um lugar só. O produtor vai poder ter seu mapa de produtividade em um único lugar na mão dele”. O Climate FieldView, define Alexadre, interpreta os dados de campo “de forma simples para que o produtor possa tirar maisde cada hectare”. Em dois anos de atuação da plataforma, mais de seis milhões de hectares no país inteiro já está coberto. “Temos agricultores no Brasil inteiro. O Rio Grande do Sul é um dos estados líderes, quando pensamos em números de agricultores. Se pensar em áreas, tem grandes áreas no Mato Grosso, a estrutura fundiária é diferente. Em número de agricultores, hoje o RS é um estados lideres. A adoção e a pré-disposição do agricultor gaúcho junto aos parceiros é grande”.
Eng. Agr. Claudio Dóro InovAgri – Planejamento Rural
O dólar é a dinâmica dos preços da soja e do milho, mas não é só ele que regula o mercado de grãos. O mercado é regido também pela relação de produção, estoque e consumo dos grandes agentes do mercado, como EUA, China e União Europeia, que por sua vez são influenciados por questões políticas e econômicas com reflexos globais. O acompanhamento do cenário pelo produtor através de consultorias é de grande importância mesmo assim é difícil prever com certeza o que irá acontecer nas safras futuras com os preços, pois há muita especulação, deixando os interessados confusos. A gestão da propriedade através dos cálculos de formação de custos e rentabilidade é fundamental, visando adotar estratégia de redução dos riscos do mercado, para se proteger da volatilidade dos preços. Existem diversas maneiras para se proteger, a mais usada é o Barter, ou troca, onde o produtor realiza a venda antecipada do produto na aquisição dos insumos de produção, travando o custo de produção e sabendo quanto necessita colher para pagar o custo variável. Outra modalidade são os contratos de Opção de Venda, nesta operação existe uma taxa pelo direito, mas não obriga de realizar o contrato de venda do produto num determinado período. O uso destas modalidades dilui os riscos e dão maior segurança na atividade, garantindo pagar as despesas da lavoura com parte da safra e especular preços melhores com o restante do volume produzido. Sabemos que, não basta saber produzir e calcular os custos, mas também, saber vender bem aquilo que se produz.
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O saldo da balança é negativo
Luciana Bittencourt
Coordenadora de marketing da Federação Brasileira de Plantio Direto e Irrigação
Segundo a publicação da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), em 2018, a “Balança Comercial Brasileira do Agronegócio” registrou superávit de US$ 87,6 bilhões. Expansão de 7% em relação ao ano anterior. Apesar desse desempenho do agronegócio garantir o resultado positivo na balança comercial total do Brasil, parece que o principal responsável por gerar tamanha riqueza continua com o saldo negativo na balança moral da sociedade brasileira. No ano passado, quando o vencedor da eleição presidencial Jair Bolsonaro confirmou a fusão do Ministério do Meio Ambiente com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, pipocaram comentários negativos que qualificaram a medida como aberração e por isso o presidente representava uma ameaça ao planeta. Um dos argumentos mais sensatos contra essa fusão veio justamente da bancada ruralista da Câmara dos Deputados: “(...) ao se juntar as duas pastas, o responsável pelo ministério teria que cuidar, além de questões do agronegócio, de problemas de lixo e esgoto das cidades, por exemplo,”. Bolso-
naro atendeu o pleito da Frente Parlamentar da Agricultura e recuou da decisão. Até o presidente decidir manter separadas as duas pastas, testemunhamos nas redes sociais e veículos de comunicação diversas acusações contra os produtores rurais brasileiros que estariam apenas interessados em desmatar e destruir o meio ambiente. A maior confirmação dessa imagem negativa foi a declaração “Por favor, permita que não retrocedamos décadas de lutas pelas florestas” da modelo e ativista ambiental Gisele Bündchen. Para quem não vive a realidade brasileira, parece que a expansão da produção agropecuária em propriedades rurais é desenfreada, realizada por irresponsáveis e que aqui não há leis.
Esses acontecimentos mostram a falta de esclarecimentos sobre o verdadeiro trabalho do agricultor brasileiro e a falta de propagação dos seus reais atributos. Ensinam nas escolas que a balança comercial do Brasil é prejudicada porque exportamos poucos produtos manufaturados (que possuem maior valor agregado e maior preço) e porque somos um país agrícola. Porém, no primeiro parágrafo desse artigo constatamos que é possível ser um grande produtor de alimentos e manter um saldo positivo na balança comercial. Afinal de contas podemos viver sem smartphones, mas não podemos viver sem alimentos. O produtor rural brasileiro segue um
dos mais rígidos códigos de leis de conservação do meio ambiente do mundo. O Código Florestal Brasileiro que possui importantes termos como Reserva Legal e APP, que traduzem o trabalho de preservação dos agropecuaristas. Em decorrência do Cadastro Ambiental Rural (CAR), exigência do Código Florestal, a Embrapa Territorial conduziu estudos sobre a utilização de 436,8 milhões de hectares cadastrados e concluiu que: até janeiro de 2018, o setor rural destina à preservação da vegetação nativa mais de 218 milhões de hectares, o equivalente a um quarto do território nacional. Isso precisa ser amplamente divulgado e ecoado em nossos lares. Crimes de toda a natureza ocorrem na sociedade, mas é injusto imputar sobre um setor econômico o fardo de ser nocivo para o todo devido a ações de poucos. A ausência nas diversas mídias do verdadeiro produtor rural, aquele que produz e preserva, contribuiu para que a sociedade construísse a imagem desse importante personagem com as poucas informações que chegavam por meio de obras literárias